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A reencarnação é o retorno do espírito a um novo corpo material após a morte física.

É
como as séries de um colégio, onde voltamos ano após ano para estudar coisas novas.

Quando aprendemos a matéria, passamos de ano; caso contrário temos de repeti-lo. Da


mesma forma, se superarmos as provas da vida, avançamos para outras etapas evolutivas; caso
contrário teremos de voltar numa outra encarnação para refazer o que fizemos de errado nesta
vida.

Como todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, todos devem passar por
inúmeras experiências através dos reinos mineral, vegetal, animal e hominal até que consigam
pelos seus próprios esforços ingressarem nos mundos superiores. Mas não é possível alcançar
isto numa única existência. Para que possamos crescer em inteligência e moralidade, Deus nos
concede muitas oportunidades de progresso através das diversas reencarnações; de acordo com
André Luiz esta jornada evolutiva do reino mineral até o início do reino hominal leva em média
1 bilhão e meio de anos. Assim renascemos na dimensão material quantas vezes forem
necessárias, neste planeta e em outros.

No livro A arte de recomeçar, o espírito Leon Tolstói nos traz a seguinte história:

A vida nunca foi fácil para José. A cabeça disforme, os dentes tortos e espaçosos, os
olhos esbugalhados, tudo lhe conferia o aspecto de um monstro, sem falar nos braços e pernas
retorcidos que o obrigavam à movimentação difícil e arrastada. Por onde passava, era
escorraçado. No entanto, a amorosa mãe sabia o quanto ele era bom e amável.

A casinha onde moravam, praticamente no final da aldeia, foi construída pelo pai,
lenhador profissional, já falecido. O rapazinho dele sentia falta, apesar de ter crescido com seus
xingamentos:

- Monstrengo! Ainda te mato, livrando-me de tua feiura!

Mesmo assim, o amava.

Os anos passaram, a criancinha cresceu. Sempre sozinho, tendo somente a mãe para
confortá-lo.

Foi então que ouviu falar do Mestre que operava milagres. Diziam que Ele curava cegos
e aleijados, restituindo-lhes a saúde. Olhando-se, surgiu a esperança de resolver seu problema.

Sentindo-se humilhado, resignando-se da sua triste situação. Se perguntava:

- Por que, Deus de Israel, um corpo tão feio e disforme, braços e pernas que me
impedem de trabalhar e colocar o pão dentro de casa?

Vejam, só através da reencarnação conseguimos explicar tantas diferenças. Por que


alguns nascem ricos e perfeitos, enquanto outros pobres e doentes? Por que a sorte sorri para
algumas pessoas e para outros só há sofrimento e dor?

Na verdade, somos nós mesmos que construímos nosso destino. A cada renascimento
trazemos das vidas passadas, o resultado do nosso trabalho, que se revela nas aptidões, nas
tendências, nos gostos. Conforme nossos méritos ou deméritos, conforme o bem ou o mal
praticado, a nova vida será feliz ou infeliz, dominada pela fortuna ou pela desgraça. Ou seja,
tudo o que plantamos, colhemos, quer seja felicidade ou sofrimento.

Mas, continuemos com a história...


A notícia da existência de alguém como Jesus encheu o pequeno José de esperanças.
Certa noite, sonhou com o Mestre lhe explicando que suas dores eram justas e corretas. Neste
momento começou a relembrar visões de um passado já esquecido.

Via um homem alto e forte, de bela aparência, vestido com uma túnica curta e uma
espada na mão, sequestrando crianças e as levando a um enorme edifício de pedra, silencioso e
assustador para serem sacrificadas ao terrível deus pagão Baal. Ao seu lado, a bela sacerdotisa.

Após anos de crimes cometidos, resolvem fugir juntos e estabelecem moradia em


distante sítio onde viveram até que a morte os surpreende em idade avançada.

José, acordou apavorado, reconhecendo-se como o homem que sequestrava


criancinhas e a sacerdotisa era sua amada mãe. Subitamente, o corpo deformado parecia-lhe
justo! A culpa pesava dolorosamente.

Notem, não existe injustiça! Fios misteriosos ligam todos os seres e todas as coisas. O
amor e o ódio são forças atrativas. Todos que se amam ou que se odeiam se reencontrarão
algum dia, a fim de que a afeição que os une, aumente e a raiva que separa, se termine.

Na maioria das vezes, não lembramos das nossas encarnações passadas, pois ao
renascer, Deus nos dá uma nova oportunidade de progresso onde somos colocados nas mesmas
situações, frente a frente com as mesmas pessoas e locais, para podermos corrigir os erros e
aprender a não comete-los mais. Se lembrássemos de todas as existências anteriores, faríamos
as coisas não porque aprendemos, mas apenas porque lembramos do erro. Por exemplo, no 1º
caso, uma mãe manda o filho dividir seu lanche com outra criança que está com fome e no 2º
caso, sem ninguém dizer nada, uma criança sensibilizada com o estado da coleguinha, oferece
parte da sua comida. Obviamente que a ação da 2ª criança tem muito mais valor. Da mesma
forma, há muito mais mérito na boa ação, quando agimos por conta própria, sem lembrar de
nada.

Além do mais, a lembrança de vidas passadas faria com que a gente reconhecesse todos
que estão ao nosso redor. Assim, a convivência com pessoas que nos fizeram algum mal seria
difícil. Sem falar no remorso que sentiríamos ao lembrar dos erros cometidos.

Continuemos com a história...

Mesmo com a culpa pesando, José desejava a cura e se perguntava: - Poderá Jesus me
curar, ainda que eu não mereça, pois muito errei?

Finalmente, notícias do Mestre! Ele estará na aldeia vizinha. Ainda não amanhecera
quando o menino tratou de silenciosamente deixar a casa e ir ao encontro do seu Salvador.
Arrastando-se pela estrada, caía constantemente, todavia levantava e prosseguia, implorando
mentalmente o auxílio de Jesus.

A estrada se encheu de gente vinda dos mais variados lugares, todos em busca do
Mestre. Caridosa alma, vendo-o arrastar-se dolorosamente, carregou-o em seus fortes braços.
Lágrimas de gratidão caíam dos olhos de José.

- Deixa disso, menino! Sabe, já ouvi o Messias uma vez. E hoje vou ao encontro dEle
novamente. Como lá chegaria eu, se te deixasse caído ali? Como ouvi-lo em paz com minha
consciência, senão cumprir contigo o meu dever de amor ao próximo?
Olha só: Deus não castiga ninguém, é a nossa própria consciência que nos aponta os
erros cometidos e exige a devida reparação. É verdade que há pessoas tão presas à matéria que
a consciência fica adormecida, mas para tudo existe seu momento de despertar.

Imaginemos alguém trabalhando no chão de uma fábrica, todo suado e sujo. Ali neste
ambiente, ele não sentirá vergonha da sua roupa ou do seu estado, pois é normal a todos
trabalhadores daquele local. Mas, se for levado a uma grande festa, se sentirá mal, já que as
outras pessoas estarão bem vestidas e ela não. Da mesma forma, se desprezarmos nossa
consciência durante a vida, ela despertará após a morte física ao entrarmos em contato com
espíritos mais evoluídos, nos apontando cada erro, cada falha cometida e obviamente
pediremos para sair dali, suplicando uma nova encarnação.

E como podemos saber se estamos agindo corretamente? Nos observando....


Comparando as nossas ações com as de Jesus, se Ele estivesse em nosso lugar. Ou seja, será que
as nossas atitudes são compativeis com as do Divino Mestre?

Por hora, voltemos a história de José...

Quando finalmente chegam, o rapazinho é deixado embaixo da sombra de uma árvore.


No momento em que vê a chegada do Mestre, impossibilitado de se levantar em virtude das
pernas tortas e cansadas, arrasta-se por entre as pernas da multidão.

A poeira o sufoca. Uma tristeza infinita toma conta de sua alma, sentindo-se rastejante
verme sobre o solo. Revolta e dor dominaram-no! Não seria ele um ser humano, como os outros
que ali estavam?

Eis que mãos gentis o levantam, lábios sorriram-lhe bondosamente. Sim, era Ele, o
instrutor amigo que lhe relembrou os acontecimentos do passado! Tentando acabar com o
remorso dos crimes cometidos, escolheu nascer num corpo deformado; a companheira de
outras vidas, cumplice nestas maldades, recebe-o como filho.

Docemente, o Mestre acomoda o jovem sob a sombra de alguns arbustos. Ao longo do


dia, Jesus ensinou, curou e ao anoitecer todos se foram.

Calmamente Jesus se aproxima do rapazinho e diz: - Queres a troca, eu o sei. Antes,


porém, gostaria de saber: tem consciência da responsabilidade que isto envolve? Haverá
momentos em que precisará ser muito forte para não cair na tentação de repetir os antigos
hábitos. Quando isto acontecer, lembra-te de mim e certamente receberá o auxílio.

Se cair, nunca deixe de se levantar e prosseguir, fazendo das quedas o estímulo para
tentar novamente, tirando valiosos ensinamentos destas experiências.

Vemos aí outra importante lição. Nenhum de nós conquistará a felicidade eterna sem
antes ter enfrentado inúmeras dificuldades, superado muitos sofrimentos. E é justamente
nestes momentos que necessitamos de todas as nossas forças, tendo na oração um auxílio e a
vigilância sobre os pensamentos para nos conhecermos melhor. Pois, acreditem: somos muito
mais fortes do que pensamos!

Vamos, então, ao final desta bela história...

O Divino Amigo coloca as mãos sobre a cabeça do jovem e delas saem uma luz brilhante
que percorre todo o corpo de José. As deformidades desaparecem, a voz torna-se clara e sonora.

Rindo e chorando, José se apalpava, temendo despertar de um sonho muito bom.


Sorrindo, Jesus acrescentou:

- Voltará ao lar, abandonará a aldeia que te rejeitou, levando consigo a mãe que sempre
te amou. Seguirá teu caminho sem medo, pois não caminhará só. Confia sempre, mesmo nas
horas mais difíceis, pois receberá auxílio e forças para prosseguir.

José ao chegar em casa, estava tão diferente que a própria mãe nem o reconheceu.
Naquele mesmo dia abandonaram a aldeia seguindo pela estrada até que chegaram a uma
grande cidade. Em uma das esquinas, foram surpreendidos com ladrões tentando roubar um
homem; ao que José foi em seu auxílio, afugentando os bandidos.

Ainda confuso, o rico senhor convidou os dois para se hospedarem na sua casa. Após a
ceia, o proprietário, homem muito rico, em forma de retribuição, insistiu para que aceitassem
uma pequena área de terras para poderem viver tranquilamente.

No dia seguinte, percorreram uma imensidão de terras até que encontraram um lugar a
beira do caminho de viajantes e andarilhos. Ali com a ajuda do rico senhor construíram uma casa
com inúmeros e simples quartos, alinhados todos para um belo jardim.

Ao anoitecer de um certo dia, começaram a aparecer andarilhos. Muitos buscavam


agasalho e alimento, partindo depois; outros, doentes e estropiados, ficavam ocupando os leitos
que se multiplicavam pelos quartos...

Mãe e filho nunca reclamavam de nada. Aceitavam com alegria todas as tarefas e
agradecendo o momento em que Jesus entrou em suas vidas. À noite, o jovem percorria os
quartos daqueles que não podiam andar e lhes falava de Jesus. José abraçava-os, consolando-
os e prometendo nunca desampará-los.

Realmente o amor cobre uma multidão de pecados. A caridade é o meio mais eficaz para
pagarmos pelos nossos erros e contribuirmos para um mundo melhor.

Temos de entender que nos momentos mais difíceis da nossa vida, na hora das
provações, quando perdemos um ente querido, ou quando estivermos nos aproximando do
momento de deixarmos este planeta, lembremos que a vida é eterna. Sim, a morte não existe,
reencontraremos todos que amamos em outros planos, em outros mundos.

Dos nossos sofrimentos, trabalhos e lágrimas nada se perde. Nenhuma dificuldade é


inútil, nenhuma tarefa sem proveito, nenhuma dor sem compensação... Tenhamos confiança
em nós mesmos, confiança na felicidade eterna que nos está reservada. Tenhamos fé em Deus,
que tudo cria com ordem, justiça, sabedoria e amor. E finalmente, avancemos com coragem
pela estrada infinita, pois ao final dela, o Cristo nos espera.

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