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Planejamento reencarnatório. O que é e como funciona.

É sobre isto que veremos


hoje.

Antes, porém, precisamos entender que todos os espíritos são criados simples e
ignorantes. E para evoluir necessitam, pelo menos no seu início, encarnar em corpos materiais.

Então, a cada encarnação passamos por certas experiências necessárias ao nosso


desenvolvimento espiritual. E como a vida material é limitada, encarnamos e desencarnamos,
encarnamos e desencarnamos inúmeras vezes. Iniciamos nossa caminhada aqui, no reino
mineral, passamos pelo reino vegetal, animal, elemental até chegarmos ao hominal e vamos
seguindo rumo a perfeição, é uma evolução de bilhões de anos.

O processo é lento, principalmente nos reinos mineral, vegetal e animal, pois durante
este período a evolução acontece de fora pra dentro, pela força da matéria. Ao ingressarmos
no reino hominal, passamos a ter consciência da nossa realidade e a partir daí, pelo nosso
esforço e vontade, podemos apressar esta caminhada.

É aí que entra o planejamento reencarnatório. Para aumentar as chances de sucesso


na próxima encarnação, antes de nascer, no mundo espiritual, o espírito escolhe as
experiências que precisa passar para o seu desenvolvimento espiritual.

Neste momento, são analisadas as experiências que ele já teve, o que fez de certo e o
que fez de errado, o que aprendeu e o que ainda precisa aprender. Com bases nestas
informações, será elaborado o planejamento reencarnatório, o qual precisará ser aprovado
pelos instrutores da colônia espiritual em que o espírito estiver hospedado.

Irmão X, através da mediunidade de Chico Xavier nos conta no livro Reportagens de


além-túmulo a história de Januário Pedroso.

Não era mau companheiro, mas, em matéria de serviço, era de uma negação absoluta.
Assinava o livro de ponto regularmente, sentava-se à mesa de trabalho rodeado de
documentos e fichários volumosos; todavia, assim que o superior se ausentava, procurava o
primeiro colega disponível para conversas inúteis. Visitava as diversas seções de serviço,
criticava os que trabalhavam, distribuía piadas bobas, e, quando o chefe aparecia, retomava ao
seu escritório.

E assim, Januário passava os dias, entre desculpas e atrasos, procurando sempre fugir
do serviço.

O tempo passou e Januário se manteve no mesmo lugar. Mas, a morte do corpo


chegou e no mundo dos espíritos, após muito perambular sem entender o que estava
acontecendo, foi socorrido por entidades caridosas e conduzido à presença de antigo
orientador espiritual que lhe falou:

- Januário Pedroso, te esperava há muito tempo e vejo que se demorou, pois fica se
escorando no trabalho dos outros.

Januário chorando, sentia-se azarado. Implorou uma nova reencarnação. Queria


trabalhar, entendia agora o valor do trabalho. O instrutor, porém, depois de ouvi-lo,
esclareceu serenamente:
– Vejo que suas lágrimas de arrependimento são dolorosas e sinceras. Mas, a
ociosidade invadiu sua vida. E contra a preguiça devo receitar a imobilidade. Para que aprenda
a valorizar o trabalho, irá desejar trabalhar, mas não vai conseguir, pois renascerá paralítico.

Neste caso, o instrutor não aprovou o planejamento reencarnatório de Januário, pois


além dele nunca ter feito nada de bom, a possibilidade de fracassar novamente era muito
grande. Assim seria necessário primeiro desenvolver certos sentimentos e desejos para então
enfrentar novamente a mesma prova com mais chances de vitória.

E mesmo planejado e aprovado, isto não significa que tudo dará certo. Pois cada um é
livre para escolher o caminho que quiser. Alguém pode ter escolhido seguir um determinado
trajeto, mas depois de encarnado opta por ir em outra direção.

No livro Asas da Liberdade, Jerônimo Mendonça, através da mediunidade de Célia


Xavier de Camargo, conta várias de suas encarnações.

Em algumas destas encarnações, ele saia tão mal, com tantos débitos que em certa
ocasião, chegou a dizer para o seu guia espiritual desistir dele, pois ele não tinha salvação.
Mas, de encarnação em encarnação, foi-se modificando e se melhorando. Até que, para
liquidar seus débitos, solicitou uma nova encarnação, onde se tornaria paralítico, cego, mudo e
surdo.

Os benfeitores espirituais acharam justa a solicitação, mas por acharem que ele
poderia fazer mais, propõem que ele nasça no Brasil, ficaria paralítico sim, em virtude das
muitas maldades que praticou, mas poderia falar e ouvir, para assim utilizar a fala a serviço do
bem.

E assim, em 1º de novembro de 1939 nasce Jerônimo Mendonça Ribeiro na cidade


mineira de Ituitaba. Àquele que ficou conhecido como o “gigante deitado”, palestrante espírita
e benfeitor de várias causas assistenciais.

E não é a vida toda que é planejada, mas só os maiores acontecimentos. Onde


nasceremos, a família que nos receberá e aquela que constituiremos, além do gênero das
provas que devemos sofrer e o propósito da nossa vida.

Como disse Chico Xavier:

Nasceste no lar de que precisavas.

Vestiste o corpo físico que merecias.

Moras no melhor lugar que Deus poderia te proporcionar, de acordo com teu
adiantamento.

Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades; nem mais nem
menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.

Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.

Teus parentes e amigos são as almas que atraíste com tuas próprias afinidades.

Em essência o planejamento reencarnatório é uma linha mestra indicando para onde


devemos ir. Mas, somos nós, durante a vida corporal que escolhemos se vamos ou não seguir
este caminho.
Podemos nos desviar completamente do caminho traçado, podemos ir mais pra cá,
mais pra lá, podemos acelerar o passo ou não, podemos fazer tudo certo, como também
podemos fazer tudo errado. Quando viemos para cá, temos toda a liberdade para fazermos da
nossa vida o que a gente quiser. Só lembrando que aquilo que a gente plantar, vamos colher.

Mas, por que alguém iria escolher uma vida de dificuldades?

Pela esperança de ser feliz no futuro. É como alguém que se mata de tanto trabalhar
para um dia alcançar um certo nível financeiro ou um outro que sacrifica as folgas a fim de
estudar para uma prova. Da mesma forma, o espírito aceita passar por certos sofrimentos,
tendo como objetivo liquidar débitos e desenvolver qualidades espirituais que necessita.

Como disse Muhammad Ali, o grande boxeador norte-americano: "Eu odiava cada
minuto dos treinos, mas dizia para mim mesmo: Não desista! Sofra agora e viva o resto de sua
vida como um campeão."

É bem isto que o espírito pensa quando está no mundo espiritual. Ele aceita uma
encarnação difícil, que é temporária; pois ele sabe que se vencer estas provas, poderá
ingressar nos mundos felizes, ou pelo menos, dar mais alguns passos rumo a felicidade eterna.

Ok, mas eu não lembro do meu planejamento reencarnatório. Neste caso, como saber
se estou no caminho certo?

A reforma íntima é a melhor opção neste caso. Procurando nos conhecer,


identificando o que temos de bom, o que precisamos melhorar, quais pessoas precisamos nos
reconciliar.

É verdade que isto exige esforço, disciplina e uma certa dose de renúncia. Mas, é algo
que tem de ser feito, se não for agora será numa outra encarnação. Então, vamos aproveitar
este tempo que nos foi dado para nos tornar melhores e darmos nossa contribuição para um
mundo melhor.

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