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Por efeitos favoráveis entendemos a intensificação das potências e dos atos dionisíacos de
pensamento, inteligência, desejo, sensibilidade, imaginação, intuição, expressividade, ações e
paixões alegres propriamente ditas. Em outros termos, denominamos esses efeitos como
“individuações por hacceidade” ( pela forma e não da forma), compostas de diferenças,
acontecimentos e devires, atualizações do virtual que alteram uma condição vigente do real, do
possível e impossível. Tais processos e efeitos não têm, teoricamente considerados, um sujeito ou
agente específico, ainda que possam, em algumas ocasiões, constituir sujeitos como peças da
produção de subjetivações e outras produções que formam parte de seus funcionamentos.
As faculdades mencionadas são virtualidades e atualizações dos dispositivos, e se agenciam
segundo suas diferenças por sínteses conectivas e sínteses disjuntivas inclusas, que se pode
conceituar de várias maneiras. Entre as mesmas é interessante entendê-las como cromatismos,
especialmente se os mesmos são musicais (atonias, distonias, arritmias, disritmias, assonância,
dissonância, discordância, desarmonia) a- melodia.
7) Parece-nos possível afirmar que a esquizoanálise é um procedimento nômade, que, ainda que
tenha um começo, um transcurso e um final empírico real institucionalizado, organizado,
contratuado etc. na realteridade imanente a seus dispositivos, agenciamentos, devires etc., a
esquizoanálise não tem começo nem final, não tem um mapa pré-traçado, nem transcorre de um
ponto prefixado ao outro, senão que é intempestiva, entreacional e cartográfica.
O campo de análise é sempre empiricamente muito maior que seu campo de intervenção, mas
este, por sua vez, se multiplica, se estende e se difunde entre objetos e campos que nem sequer
consegue predizer, detectar e controlar. O esquizodrama assumido com tal tem suas
potencialidades e seus limites, mas tais potencialidades se ampliam quando estão incluídas nas
situações e circunstâncias em que o esquizodrama acontece não ostensiva ou contratualmente.
Os esquizodramáticos (“agentes” e “destinatários”) de um processo esquizodramático devem
trabalhar, em cada situação, a crítica da dimensão especifista e profissionalista que sempre afeta,
em maior ou menor proporção, a fecundidade de suas atuações e cartografias.
Uma vez mais sintetizado e para mostrar a transversalidade das klínicas, digamos que as quatro
klínicas de passagem ou cruciais procuram: desmontar as formações cósmicas, sua
destrutividade, resistência e captura para fazer com que as caósmicas sirvam de precursoras e
atratoras seletivas, estranhas, de virtualidades caóticas, que funcionem como diferenças
absolutas, componentes de individuações por hacceidade, integradas por acontecimentos e
devires que fluam livremente por multiplicidades rizomáticas, gerando efeitos produtivos,
desejantes, revolucionários. Segundo uma fórmula já “clássica”, “trata-se de estudar os
coeficientes de afinidade entre realidade e realteridade e intensificar o que funciona”.
10) Cabe transcluir (não concluir) afirmando que consideramos o esquizodrama aplicável a “todos”
os domínios e campos teóricos da realidade e de seus interstícios, atuando sempre segundo o
lema esquizoanalítico de “infinita audácia e prudência”. Pode-se fazer esquizodrama nas práxis de
convivência, militância, saúde, educação, indústria, comércio, justiça, comunicação de massas,
esportes, artes, religião, cultura, pesquisa e experimentação etc. - ditos em sentido amplo.
Cabe ainda recordar que cada um desses campos compõe com os outros um rizoma transversal e
heterogêneo, sendo possível e desejável dramatizá-los em conjunto porque, no campo imanente da
realteridade, todos são inerentes entre si.
Finalmente, não nos esqueçamos de que o esquizodrama não é nem uma profissão nem uma
especialidade formalizada, ou seja, instituída, organizada, estabelecida (epistemológica, tecno -
burocrática, jurídica ou economicamente).
Os dispositivos esquizodramáticos requerem (ou não), cada um deles, a invenção de uma
institucionalização e organização singulares que sejam próprias de sua Utopia Ativa. O
esquizodrama, dito em sentido purista, não se ensina, nem se transmite: se multiplicta e se
“contagia”, cada vez em condições mais apropriadas.
Em suma esquizodramatizar consiste em desmontar o que não funciona (para a Vida de todos), e
intensificar o que funciona com essa finalidade
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