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Gregorio F. Baremblitt*
Abril de 2013
Por efeitos favoráveis entendemos a intensificação das potências e dos atos dionisíacos de
pensamento, inteligência, desejo, sensibilidade, imaginação, intuição, expressividade, ações
e paixões alegres propriamente ditas. Em outros termos, denominamos esses efeitos como
“individuações por hacceidade” ( pela forma e não da forma), compostas de diferenças,
acontecimentos e devires, atualizações do virtual que alteram uma condição vigente do real,
do possível e impossível. Tais processos e efeitos não têm, teoricamente considerados, um
sujeito ou agente específico, ainda que possam, em algumas ocasiões, constituir sujeitos
como peças da produção de subjetivações e outras produções que formam parte de seus
funcionamentos.
As faculdades mencionadas são virtualidades e atualizações dos dispositivos, e se
agenciam segundo suas diferenças por sínteses conectivas e sínteses disjuntivas inclusas,
que se pode conceituar de várias maneiras. Entre as mesmas é interessante entendê-las
como cromatismos, especialmente se os mesmos são musicais (atonias, distonias,
arritmias, disritmias, assonância, dissonância, discordância, desarmonia) a- melodia.
Uma vez mais sintetizado e para mostrar a transversalidade das klínicas, digamos que as
quatro klínicas de passagem ou cruciais procuram: desmontar as formações cósmicas, sua
destrutividade, resistência e captura para fazer com que as caósmicas sirvam de
precursoras e atratoras seletivas, estranhas, de virtualidades caóticas, que funcionem como
diferenças absolutas, componentes de individuações por hacceidade, integradas por
acontecimentos e devires que fluam livremente por multiplicidades rizomáticas, gerando
efeitos produtivos, desejantes, revolucionários. Segundo uma fórmula já “clássica”, “trata-se
de estudar os coeficientes de afinidade entre realidade e realteridade e intensificar o que
funciona”.
10) Cabe transcluir (não concluir) afirmando que consideramos o esquizodrama aplicável a
“todos” os domínios e campos teóricos da realidade e de seus interstícios, atuando sempre
segundo o lema esquizoanalítico de “infinita audácia e prudência”. Pode-se fazer
esquizodrama nas práxis de convivência, militância, saúde, educação, indústria, comércio,
justiça, comunicação de massas, esportes, artes, religião, cultura, pesquisa e
experimentação etc. - ditos em sentido amplo.
Cabe ainda recordar que cada um desses campos compõe com os outros um rizoma
transversal e heterogêneo, sendo possível e desejável dramatizá-los em conjunto porque,
no campo imanente da realteridade, todos são inerentes entre si.
Finalmente, não nos esqueçamos de que o esquizodrama não é nem uma profissão nem
uma especialidade formalizada, ou seja, instituída, organizada, estabelecida
(epistemológica, tecno - burocrática, jurídica ou economicamente).
Os dispositivos esquizodramáticos requerem (ou não), cada um deles, a invenção de uma
institucionalização e organização singulares que sejam próprias de sua Utopia Ativa. O
esquizodrama, dito em sentido purista, não se ensina, nem se transmite: se multiplicta e se
“contagia”, cada vez em condições mais apropriadas.
Em suma esquizodramatizar consiste em desmontar o que não funciona (para a Vida de
todos), e intensificar o que funciona com essa finalidade.