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TAXA PAGA
N.º 986 • ANO LXII • 31 de JANEIRO de 2020 • DIRETOR: Manuel Augusto Dias • PREÇO: 1,00 Euro (IVA incluído) PORTUGAL
229 757 611 / 938 770 762 • Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde • avozdeermesinde@gmail.com • JORNAL MENSAL 4440 VALONGO
DESTAQUE
Em Ermesinde Tomada de
Ministra
posse dos
órgãos sociais
do Centro
“apadrinhou” Social de
Ermesinde
o Plano
Págs. 4 e 5
Mercadona
Municipal
anuncia
recuperação
da Fábrica
de Saúde
de Sá para ali
instalar este
ano um
supermercado
E inaugurou o consultório
Pág. 19
de saúde oral no Centro de Saúde Págs. 6 e 7
Catarina
ermesinde ANUNCIE
o
desportivo AQUI
CPN é
bi-campeão
distrital de
basquetebol
em sub-19
Pág. 9 Págs. 10 a 13 femininos
2 Destaque A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
Tolerância
ESTATUTO REDATORIAL
MANUEL AUGUSTO DIAS
N
1 - “A Voz de Ermesinde” é um órgão de
comunicação social escrita, de âmbito regional,
propriedade do Centro Social de Ermesinde e
a sua periodicidade é mensal.
2 – “A Voz de Ermesinde” privilegiará a
defesa intransigente dos interesses da cidade
ão deixa de ser A tolerância plena assenta em
onde está sediada, sem prejuízo de alargar
sintomático que, valores que deveriam ser consi- a sua atividade a todo o território concelhio,
quando se evo- derados fundamentais e estrutu- como forma de reforçar a solidariedade e o
ca o centenário rantes da forma de ser e de estar, são entendimento entre todos os residentes
neste espaço.
da Paz sobre a na vida em comunidade.
3 - “A Voz de Ermesinde” assume como
Primeira Guerra Mundial (foi em Nunca é demais lembrar aqui direitos fundamentais ao exercício de funções
1920 que entraram em vigor os aqueles princípios do iluminismo dos seus jornalistas os que estão definidos
Tratados de Versalhes e de Saint- de setecentos que inspiraram os na Constituição da República e no Estatuto
do Jornalista e que se transcrevem a seguir:
-Germain-en-Laye e se fundou, na movimentos revolucionários desse 3.1 - «A liberdade de expressão e de cria-
mesma conjuntura, a Sociedade século e do seguinte, contribuindo ção;
das Nações), no Médio Oriente, e para uma profunda mudança das 3.2 - A liberdade de acesso às fontes de
informação, incluindo o direito de acesso a
noutras partes do mundo, se radi- mentalidades daqueles tempos e
locais públicos e respetiva proteção;
calizem opiniões e se manifestem que sintetizaríamos assim: o Ho- 3.3 - O direito ao sigilo profissional;
intolerâncias contra aqueles que mem é um ser com direitos e deve- 3.4 - A garantia de independência e da
são diferentes. res; as autoridades só podem ser cláusula de consciência; o direito de partici-
pação na orientação do respetivo órgão de
O mundo atual está profun- respeitadas quando agem em fun- informação».
damente marcado por intolerân- ção do bem comum e têm legitimi- 4 - “A Voz de Ermesinde” assenta a sua
cias de toda a espécie, vindas dade para desempenhar os seus atividade em rigorosos critérios de objetivi-
dade, de honestidade e de independência,
de todos os lados, às vezes até cargos (e essa legitimidade assen-
ao serviço de um jornalismo rigoroso, trans-
de onde menos se esperam. É a ta, normalmente, num ato eleitoral); parente e descomprometido, face a todas e
intolerância contra aqueles que os poderes políticos (legislativo, quaisquer formas de poder político, económico
EDITORIAL
| Notícias do Centro |
Órgãos Sociais (para o quadriénio 2020-2023)
do Centro Social de Ermesinde tomaram posse
por si abraçada, esperando bem servido por essa acu- gurada pelos trabalhadores Creche e do Jardim de In-
cumprir com o rigor que mulação de estatutos mas relativamente aos utentes. fância, são então objetivos
merece o lugar que passa separação no que depois diz Esta ligação pessoal marca a cumprir, assim venha o
a ocupar. respeito à vida concreta. E na minha perspetiva mui- financiamento (público) a
frisando essa mesma sepa- to positivamente o trabalho que a instituição se candi-
A intervenção ração de papéis, o de autar- das instituições particula- datou. Isto servirá, segun-
do presidente ca e de membro da institui- res de solidariedade social do o dirigente, de impul-
da Direção ção, acrescentou que nunca (IPSS)». E no capítulo dos so para um outro objetivo
houve qualquer benefício trabalhadores referiu ainda para os próximos quatro
E depois de empossa- ilegítimo para a instituição que se dá uma circunstância anos, e que passa por tra-
dos todos os membros dos devido a ter nos seus órgãos que é desfavorável, nessa balhar em colaboração
órgãos sociais usaria da pa- sociais autarcas, algo que competência que têm os tra- com as autarquias locais
lavra Henrique Rodrigues, «enche de orgulho não só o balhadores na prestação da- na reabilitação do espaço
o presidente (reeleito) da senhor presidente da Câma- quilo o que são os serviços público do largo da feira
Direção, que começou por ra mas também o CSE que prestados aos utentes, e que antiga de Ermesinde. Um
agradecer todo o tempo que não precisa de favores para se prende com as baixas re- espaço, que segundo Hen-
José Manuel Ribeiro pas- se afirmar na vida coletiva munerações, nomeadamente rique Rodrigues, é vital re-
sou na instituição, deixando desta comunidade em que nas carreiras comuns e ain- lativamente às valências,
também uma sentida pala- vive». da ao nível dos recursos hu- às atividades e aos servi-
vra de agradecimento a Joa- De seguida, Henrique manos, que no caso do CSE ços que o CSE presta. No
quim Fernandes da Silva, Rodrigues agradeceu aos são altamente qualificados. fundo, o Centro idealiza
membro do Conselho Fis- novos elementos dos órgãos A este propósito deu conta para o local uma operação
Os órgãos sociais do presidente cessante da AG cal no anterior mandato que sociais e aos que estiveram e de que o Governo e várias de reabilitação urbana que
Centro Social de Ermesin- desejou o melhor aos novos faleceu em 2019. E pegando vão continuar a estar a exer- outras entidades da socie- restitua a este local simbó-
de (CSE) para o quadriénio órgãos sociais. nas palavras de José Manuel cer funções nos três órgãos, dade civil criaram um labo- lico de Ermesinde a vida, a
2020-2023 tomaram posse E seguidamente deu Ribeiro relativamente à se- referindo que é um privilé- ratório colaborativo na área qualidade e a qualificação
na noite de 6 de janeiro pas- posse ao novo presiden- paração de papéis e funções gio contar com um grupo da proteção social e do em- que já teve há uns anos.
sado, numa cerimónia que te deste órgão, Abílio Vi- na coincidência de manda- tão qualificado, tão empe- prego, e cuja Direção Henri- «Acho que é importante
decorreu nas instalações las Boas, que, relembre-se, tos da autarquia e do CSE, nhado, e que tão desinteres- que Rodrigues integra, e que que as IPSS’s para além do
da instituição. Antes de dar passa de vice-presidente lembrou que os órgãos so- sadamente trabalha. definiu que o primeiro eixo que é a sua atividade con-
posse ao novo presidente da Direção (no mandato ciais da instituição já eram Lembrou em seguida que irá trabalhar (e apresen- creta com os utentes, sejam
da Assembleia Geral (AG), anterior) para líder da AG. e continuam a ser integra- que esta é uma instituição tar aos órgãos políticos), a também fatores de desen-
o presidente cessante des- Após ter tomado posse, dos por dirigentes políticos com muitos trabalhadores, primeira prioridade, pas- volvimento local. E nessa
te órgão, José Manuel Ri- Abílio Vilas Boas lembrou autárquicos de vários par- entre 140 a 150, número que sa por uma possível revisão perspetiva estamos não só
beiro, proferiu algumas pa- que o CSE é uma institui- tidos. «Achamos que é de em breve irá ser reforçado da estrutura salarial no setor disponíveis mas empenha-
lavras, lembrando que há ção de solidariedade social grande nobreza representar com a integração no CSE da social e solidário. «Vamos dos em colaborarmos com
já três mandatos está liga- que pratica a ajuda a quem os cidadãos nas instâncias Associação Ermesinde Ci- estar envolvidos na primei- os poderes públicos com-
do ao Centro na qualidade mais precisa, uma institui- do poder democrático, mas dade Aberta. E a propósito ra linha a nível nacional nes- petentes nesta matéria para
de membro dos órgãos so- ção de prestígio, uma ins- achamos que esses valores dos trabalhadores disse que se objetivo e esperamos que trabalharmos numa requa-
ciais, acrescentando ter sido tituição que tenta servir o também se verificam nestas há uma circunstância co- durante este mandato possa- lificação de toda esta zona
uma honra ter desempe- melhor que sabe e pode instituições e concretamente mum em instituições como mos reverter essa injustiça». de Ermesinde que tem sido
nhado funções naquela que em várias vertentes. «Toda no CSE. A ideia do serviço o Centro e que na sua pers- um pouco esquecida relati-
nas suas palavras é uma das a gente sabe que a ativida- público, a ideia da participa- petiva é muito significativa, Metas para vamente ao que é a reabi-
maiores instituições do con- de do CSE é extraordina- ção cívica, a ideia de vivên- isto é, o facto de serem ra- o mandato litação do espaço urbano».
celho. Porém, «não é acon- riamente meritória e para cia democrática, também ros os setores onde a partici- A terminar, e olhando
selhável» ser membro de mim é uma honra ser pre- empregam o nosso modo de pação dos trabalhadores na Relativamente aos pró- para os próximos quatro
uma associação e ser em si- sidente da mesa da AG e estar na sociedade, nas co- produção dos serviços que ximos quatro anos de man- anos, o dirigente referiu
multâneo autarca, referiu espero estar à altura da- munidades, e perante traba- a casa presta seja tão de- dato no CSE, o presidente que este será um proje-
José Manuel Ribeiro, que é quilo que me está destina- lhadores, familiares, uten- terminante para a qualida- da Direção apontou algu- to que terá, para além da
como se sabe presidente da do», disse, não sem antes tes, e todos aqueles que são de desses serviços. «Os nos- mas metas. A reabilitação função da reabilitação, a
Câmara de Valongo. Subli- agradecer à vice-presiden- os destinatários da nossa ati- sos serviços são prestados das instalações do Lar de preocupação de assegurar
nhando que irá continuar a te e ao secretário deste ór- vidade», disse, acrescentan- de pessoa a pessoa, são ser- S. Lourenço, do Serviço fontes alternativas de fi-
ser sócio da instituição, o gão a ajuda nesta missão do que o Centro tem estado viços de proximidade asse- de Apoio Domiciliário, da nanciamento para o CSE,
31 de JANEIRO de 2020 • A VOZ DE ERMESINDE Destaque 5
| Notícias do Centro |
nomeadamente para ga- que na minha perspetiva de visibilidade, e nessa Qualifica Social, na área de solidariedade social, no cação este irá ser também
rantir a sua sustentabili- também tem sido a nota medida deve ser também da formação profissional e sentido de, de alguma for- um projeto que vai marcar
dade independentemente que, mesmo externamente, exemplar». A este propó- do emprego. Ora, o CSE, ma, transmitir a outros tra- os próximos quatro anos
de algumas contingências tem avaliado a nossa ação, sito daria ainda conta de em articulação com o cen- balhadores e dirigentes de a par da expansão da Es-
quanto ao financiamento e que é a qualidade que que o Governo celebrou tro Qualifica a que se can- outras instituições «aquilo cola Segunda Oportunida-
público através da Segu- geralmente é reconheci- com as entidades repre- didatou, quer levar por que fomos aprendendo ao de, que com o seu caráter
rança Social. «Serão qua- da aos serviços prestados sentativas das IPSS’s um diante um projeto onde longo da vida e aquilo que pioneiro merece um relevo
tro anos que terão marca, pelo CSE. E é essa marca compromisso de coope- pretende ter um papel na se vai praticando no CSE. especial nesta fase», fina-
assim nos deem possibili- que queremos manter. Te- ração para o biénio 2019- formação de trabalhado- Se viermos a ter a apro- lizou o dirigente.
dade, vida, saúde e recur- mos a noção de que o CSE 2020, que prevê a criação res e dirigentes de outras vação por parte da Agên-
sos para reforçar aquela é uma entidade de gran- de um programa, chamado instituições particulares cia Nacional da Qualifi- MIGUEL BARROS
EM MEMÓRIA DE
JOSÉ MARIA FERREIRA DOS SANTOS
Apresentou-nos um amigo desde muito novo interveio ac- ao mesmo tempo, fiel e inaba-
comum, António Cardoso do tivamente na vida cívica e nas lável nos princípios e nas con-
Vale, que, durante muitos anos, organizações intermédias onde vicções, era um verdadeiro se-
até ao próprio dia da sua mor- pulsa a vida nas comunidades: nador.
te, fez parte da equipa que tem no Ermesinde Sport Clube, no Parafraseando e adaptan-
dirigido o Centro Social de Er- CPN, nos órgãos autárquicos e, do o António Gedeão, “daque-
mesinde desde o fim do século no que aqui mais importa, no las pessoas que só havia dan-
passado. Centro Social de Ermesinde. tes …”
Foi o Cardoso do Vale que Relator do Conselho Fiscal Amava a vida.
o trouxe para esse grupo, refor- primeiro, entre 1997 e 2000; Fico a dever-lhe muito do
çando a ligação antiga da sua Presidente da Assembleia Geral que tem sido o rumo desta Insti-
Família a esta Instituição: o Pai entre 2000 e 2007 e entre 2010 tuição de Solidariedade – que ele
do Senhor José Maria Ferreira e 2015, ano em que pediu para insistia em designar pelo nome
dos Santos fora fundador e di- não continuar, por razões de mais antigo de Centro de Assis-
rigente da Sopa dos Pobres, ori- saúde, foi nestas funções o ver- tência Social; e, comigo, todo
gem do Centro Social de Erme- dadeiro e imparcial represen- este conjunto de boas vontades,
sinde; e o seu Tio Domingos tante de toda a comunidade de de competências e de entusias-
Santos um dos colaboradores associados na vida desta colec- mos que conformam esta Insti-
mais duradouros e intensos des- tividade. tuição, que se curva respeitosa-
te Jornal. Ia-lhe bem o cargo, quer pe- mente perante a sua memória.
Pertencente a uma Ilustre las características físicas, quer
Família da nossa terra, daquelas morais. Henrique Rodrigues
que desenharam a personalida- Sempre elegantíssimo, cor- – Presidente da Direcção do Centro
de e a identidade de Ermesinde, tês, de porte distinto e erecto; e, Social de Ermesinde
6 Destaque A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
Apresentado em Ermesinde
o Plano Municipal de Saúde de Valongo
A Ministra da Saúde, Marta Temido, esteve a 17 de janeiro passado no concelho de Valongo, onde não só presidiu
à apresentação pública do “Plano Municipal de Saúde 2019/2025 - Valongo: Mais e Melhor Saúde”, como também
inaugurou os consultórios de saúde oral nos centros de saúde de Ermesinde/Bela e de Valongo, bem como o novo
Centro de Saúde de Campo.
tarquias não olharem com ficidades locais, aquilo que é do poder local, os agentes da
a devida atenção para esta a riqueza da região. E é isso atividade governamental, e
questão da prevenção, «que mesmo o que se pretende, é os agentes dos vários níveis
é uma área da máxima im- que estes planos sejam com- de representação daqueles
portância», pois através da pagináveis com aquilo que que têm obrigações perante
prevenção as autarquias po- é a especificidade local sob a comunidade, não formos
dem fazer muito nesta ques- pena de serem apenas exer- capazes de nos centrar na-
tão da saúde, ao contribuir cícios de anúncios que não quilo que são as coisas prá-
para uma melhor qualidade dizem nada à vida das pes- ticas na vida das pessoas,
de vida dos cidadãos. soas. E aquilo que eu penso abriremos as portas a um fu-
é que aqui em Valongo há a turo mais sombrio. Se desis-
Fazer a diferença intenção de fazer a diferença tirmos de fazer coisas práti-
na vida das na vida das pessoas. E diga- cas que tenham tradução em
pessoas do -se a este propósito que é por documentos e que depois se
concelho estar imbuído nesta preocu- materializem em projetos e
pação de fazer a diferença na planos como este que aqui
Por sua vez, a Ministra vida das pessoas que Valon- temos não conseguiremos
da Saúde começaria por elo- go aderiu desde a “primeira fazer aquilo que é esperado
giar este “Plano Municipal hora” ao Programa de Aces- de nós neste início de 2020».
MIGUEL BARROS próximos anos, a sua posi- soas possam mudar com- de Saúde 2019/2025 - Va- so a Consultas de Medici-
ção no pelotão da frente dos portamentos». Sublinhou longo: Mais e Melhor Saú- na Dentária nos cuidados O dedo da
A visita começou no municípios saudáveis». pois que este plano tem de”, acrescentando que saú- de saúde primários, inves- academia
Fórum Cultural de Erme- Na sua alocução duran- como foco imediato a mu- de era precisamente aquilo tindo na instalação de cadei- no Plano
sinde, onde foi então apre- te esta apresentação públi- dança de comportamentos que ali se estava a ver, ou ras de saúde oral nos centros
sentado o Plano Municipal ca, o edil valonguense su- com o intuito de obter resul- seja, uma rede, «hoje fazer de Saúde de Ermesinde/Bela Já o Diretor do ISPUP,
de Saúde de Valongo, o qual blinhou que a saúde é uma tados na redução de doen- saúde exige uma visão in- e de Valongo. E o ponto co- Henrique Barros, um dos
visa a promoção da quali- área à qual o Município dá ças a longo prazo, acrescen- tegrada», disse, agradecen- mum de tudo isto são as pes- responsáveis pelo desenvol-
dade de vida dos muníci- muita atenção e importân- tando que «se mudarmos os do por isso a todas as indi- soas, o seu bem estar, as pes- vimento deste plano, come-
pes envolvendo governan- cia, recordando que Valon- çou por destacar que «estas
tes e responsáveis políticos go foi dos primeiros muni- quatro décadas foram mar-
na promoção de várias ati- cípios a aderir, em 2014, à cadas por milhões de pes-
vidades. Este plano está, se- Rede Europeia das Cida- soas/ano que foram conquis-
gundo a autarquia, alinhado des Sustentáveis. Frisaria tadas e adicionadas à nossa
com os objetivos da Organi- mais à frente que este proje- sociedade permitindo au-
zação Mundial de Saúde até to foi construído com mui- mentar os nossos recursos e,
2025, sendo um documen- ta paixão, tratando-se de um sobretudo, diminuir o sofri-
to estratégico elaborado em projeto que não só irá pro- mento e o desperdício de vi-
parceria com o Instituto de mover condições de vida das», sublinhando, contudo,
Saúde Pública da Universi- saudável para todos em Va- que «permanecem desigual-
dade do Porto (ISPUP) e que longo, como tornará a saú- dades regionais, assimetrias
aposta na inovação, na dina- de um desígnio presente em das mais pequenas divisões
mização de sinergias territo- todas as atividades munici- geográficas e é também nos-
riais, na articulação de orga- pais. Disse ainda que este sa função ajudar a combatê-
nizações e ações, bem como plano resultou de um tra- -las, a diminui-las, a mitiga-
no envolvimento da comu- balho que envolveu toda a -las». Henrique Barros disse
nidade. rede social e que represen- hábitos alimentares ou os vidualidades ligadas à saúde soas são a riqueza de uma ainda que quando este pla-
Para o presidente da Câ- ta a forma como «queremos comportamentos do ponto presentes por «serem um terra, de um concelho, de no foi construído «pensa-
mara Municipal de Valon- ser atores na área da saúde, de vista de atividade física parceiro alinhado no cum- um país. E o que nos preo- mos que devíamos dar uma
go (CMV), José Manuel Ri- mesmo os municípios não vamos ter uma consequên- primento das metas do Pla- cupa é que as pessoas pos- centralidade absoluta à par-
beiro, «o nosso propósito é tendo competências na área cia. E nós já fazemos isso no Nacional de Saúde». sam ter vidas mais saudá- ticipação pública. Sabemos
adequar as respostas públi- da saúde», ressalvando que há muitos anos e agora com Marta Temido felicitou Va- veis, mais produtivas, mais que cada vez mais se acre-
cas às reais necessidades as competências dos mu- a chancela do ISPUP, que longo por ter aderido des- felizes», frisou a Ministra, dita que as pessoas devem
da população. A qualidade nicípios são sim na área da sabe muito disto, estamos de a “primeira hora” à Rede acrescentando que tem sido estar representadas nas de-
de um município mede-se, prevenção, uma área «onde a trabalhar com mais certe- Europeia das Cidades Sus- aposta do Governo melhorar cisões e essas decisões de-
cada vez mais, por índices podemos fazer muito. Po- zas», disse o autarca. No se- tentáveis, «tendo agora esta a qualidade de vida e a saúde vem ser aquelas que deter-
de desenvolvimento huma- demos capacitar as pessoas, guimento da importância da capacidade de levar o plano das pessoas. «Temos procu- minam as políticas de saúde
no. O que estamos a lançar envolver os atores, e com prevenção, José Manuel Ri- nacional de saúde para um rado centrar a nossa ação go- para serem mais eficazes.
agora são as condições para isso também quebrar barrei- beiro ressalvou ainda o fac- nível municipal incorporan- vernativa nas pessoas. Creio Mas o mais importante é
que Valongo consolide, nos ras e fazer com que as pes- to de na sua opinião as au- do nele o que são as especi- que se todos nós, os agentes que as pessoas estejam pre-
31 de JANEIRO de 2020 • A VOZ DE ERMESINDE Destaque 7
FOTOS CMV
sentes em todos os níveis para que todas as políticas
das decisões, e, por isso, se do Município tenham a saú-
consiga um dos desígnios de na sua essência aos di-
do desenvolvimento susten- ferentes níveis de atuação,
tável, que é não deixar nin- permitindo que a escolha e
guém para trás. Essa centra- os pontos relevantes para a
lidade afirma-se e está neste saúde sejam o mais partici-
plano não só na sua produ- pados possível». Explicaria
ção como seguramente na que as prioridades que fo-
sua implementação e na sua ram definidas para este pla-
avaliação». no partiram do diagnósti-
O Diretor do ISPUP sa- co local e tiveram em conta
lientou ainda o facto de a as estratégias nacionais e in-
CMV ter «corrido o risco ternacionais, nomeadamen-
de se aliar a académicos que te para a escolha e redução
acreditam que as univer- das patologias com maior
sidades são as instituições impacto na perda de vidas
que a sociedade decidiu dar precoces, e na perda de qua-
tempo e espaço para serem lidade de vida e bem-estar.
livres, para pensarem cria- Acrescentaria que este pla- e Prestação e Acesso. Para de saúde oral. Na sua bre- dois gabinetes de saúde oral hoje passa a estar, e isto faz
tivamente, para refletirem e no está estruturado em dois cada um destes grupos fo- ve alocução à comunica- no concelho, um em Er- toda a diferença na vida das
sobretudo para não estarem grandes eixos, um designa- ram definidas metas a alcan- ção social após esta inau- mesinde e outro em Valon- pessoas. Só quem anda na
dependentes de uma lógi- do por “Melhor Saúde”, o çar até 2025, sendo que o guração, Marta Temido go, representam um inves- rua percebe a quantidade de
ca mercantilista que infeliz- qual descreve as estratégias grupo de Comportamentos começou por agradecer o timento de 90.000 euros do gente que não ia ao dentista,
mente em Portugal nos ten- e as atividades que visam e Estilos tem como metas, esforço do ACES Maia/Va- erário público, das pessoas o que é assustador. São este
ta exigir a ideia inútil de que melhorar os indicadores de por exemplo, reduzir em 10 longo e da CMV por aju- que pagam impostos. «Às tipo de parcerias, de acor-
devemos servir as empresas. saúde nesta população; ao por cento o consumo noci- dar a concretizar uma das vezes não se tem esta noção dos justos, que fazem a di-
A empresa que servimos são passo que o segundo eixo vo de álcool, reduzir em 30 metas que o Governo tra- de como é a função redistri- ferença no dia a dia das pes-
as pessoas e é o acreditar de é designado por “Mais Go- por cento o uso de tabaco, çou desde a anterior legis- butiva dos órgãos públicos. soas mais carenciadas que
que é possível combater as vernança” e descreve as es- ou reduzir em 10 por cento latura, que era dar aos por- Nós, quando há dois anos agora podem vir a uma sim-
desigualdades de que fa- tratégias delineadas para a inatividade física. No gru- tugueses mais saúde oral. A fizemos uma atualização ples consulta de dentista».
lamos, garantir os melho- que a execução deste pla- po Saúde Mental encontra- governante lembrou que no do IMI, foi um valor médio De seguida a Minis-
res resultados e asseguran- no seja o mais efetiva pos- mos metas como reduzir em início da anterior legislatura de 45 euros por ano, o que tra da Saúde deslocar-se-
do que o serviço nacional de sível, incluindo nele a mo- 10 por cento o sentimento o Governo traçou a meta de significa que 2000 famílias -ia a Valongo onde inau-
que a saúde oral integrasse ajudaram a pagar este in- gurou o outro gabinete
os cuidados de saúde primá- vestimento que faz hoje a de saúde oral do conce-
rios. «Esta era uma área que diferença na vida das pes- lho, localizado no Cen-
só estava coberta no nosso soas. Às vezes não temos tro de Saúde de Valongo.
país através do cheque den- este cuidado de explicar às Diga-se em nota de roda-
tista, que era uma resposta pessoas de onde vem o di- pé que estes dois consul-
que abrangia apenas algu- nheiro e como ele é redis- tórios vão servir cerca de
mas partes da população. E tribuído de forma prática, 95.000 utentes inscritos
aquilo que queremos é uma sem ser com aquela lingua- do concelho de Valongo e
saúde oral integrada, e uma gem redonda que ninguém resultam então de um in-
saúde oral integrada começa entende. Aqui, estes 90.000 vestimento conjunto do
nos cuidados de saúde pri- correspondem ao esforço de Município de Valongo e
mários. Temos vindo a fazer 2000 famílias que pagam do Governo. A visita ter-
este esforço nesse sentido e um bocadinho mais (de minou em Campo, com
hoje estamos aqui a inaugu- IMI), e às vezes não se tem a inauguração das novas
rar mais um gabinete de saú- noção disto, mas o impac- instalações da Unidade de
de oral. Vale a pena subli- to é brutal». O autarca dis- Saúde de Campo. Diga-se
nhar que atualmente dos 55 se ainda que ao inaugurar que este novo equipamen-
saúde chega a todo o lado». nitorização e avaliação de de isolamento, reduzir em agrupamentos de saúde que estes consultórios de saúde to de saúde serve aproxi-
Henrique Barros afir- tudo aquilo que for delinea- 10 por cento a sintomatolo- o país tem, 47 já têm respos- oral o Ministério da Saúde madamente 9.000 utentes
mou ainda que o principal do e implementado. O Pla- gia depressiva, ou aumentar tas de saúde oral. Tem sido estava a fazer algo que ele e veio substituir as ante-
desígnio é serem capazes de no Municipal de Saúde de em 10 por cento a qualidade um esforço enorme de ar- nunca entendeu, e que é o riores instalações em pré-
alinhar com a Organização Valongo assume oito obje- de vida. No que concerne ao ticulação entre os municí- facto de a medicina dentá- -fabricado, assegurando
Mundial de Saúde e com a tivos estratégicos, nomea- grupo Comunicação e Li- pios, das pessoas que traba- ria não estar integrada (até à assim mais qualidade e
Assembleia Extraordiná- damente, reduzir o consu- teracia encontramos como lham nos cuidados de saúde bem pouco tempo) no Ser- humanização nos cuida-
ria das Nações Unidas, que mo nocivo de álcool e o uso uma das metas: garantir a primários, e dos presidentes viço Nacional de Saúde. «E dos de saúde primários.
marcaram os objetivos em de tabaco; reduzir a inativi- divulgação mensal de novas das Administrações Regio-
relação ao combate às doen- dade física e melhorar a in- informações de saúde atra- nais de Saúde, para concreti-
ças crónicas não transmis- gestão alimentar; inverter vés dos meios de comuni- zar esta resposta. Vale ainda
síveis. «Espero que dentro a tendência na evolução da cação e divulgação da edili- a pena sublinhar que dos 24
dos anos previstos esteja- prevalência de obesidade, dade; ao passo que no grupo agrupamentos de saúde que
mos aqui a dizer que cum- particularmente de obesida- Prestação e Acesso uma das integram a Administração
primos as metas e que é pos- de infantil; diminuir fatores metas passa por aumentar Regional de Saúde do Nor-
sível haver mais parcerias de isolamento da população; em 25 por cento a adesão te, 23 já têm este tipo de res-
criativas entre as academias melhorar a saúde mental; di- aos rastreios nacionais. posta. A nível nacional, dos
e o poder local», finalizou. minuir e prevenir a violên- 308 concelhos que o país
Isabel Ramos, docente cia interpessoal; melhorar Centro de Saúde tem, 111 já têm esta resposta
e investigadora do ISPUP, a comunicação e a litera- de Ermesinde e aquilo que nós queremos é
falou mais pormenorizada- cia em saúde; e melhorar o já tem dentista que até final desta legislatu-
mente sobre este Plano Mu- acesso aos cuidados de saú- ra todos os concelhos sejam
nicipal de Saúde de Valon- de. Estes objetivos foram Após esta apresentação abrangidos por esta respos-
go, começando por dizer estruturados em quatro gru- a Ministra da Saúde deslo- ta», disse Marta Temido.
que «planeamos um docu- pos: Comportamentos e Es- cou-se ao Centro de Saú- Também José Manuel
mento que visa essencial- tilos de Vida; Saúde Mental; de de Ermesinde/Bela onde Ribeiro proferiu algumas
mente ser o primeiro passo Comunicação e Literacia, ali inaugurou o consultório palavras, referindo estes
8 Local A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
FOTO JFE
Excelente concerto
“Cantares ao Menino” na Santa Rita
Foi no passado dia 10 sente por motivos de saúde, o be de Valongo e da Associa- aos seus alunos um envelhe- neste Concerto dividiu-se zembro”, de David Mourão-
de janeiro, na Igreja da San- presidente da Direção, Carlos ção Académica e Cultural de cimento ativo. em 3 capítulos: o primei- -Ferreira” tendo-se seguido
ta Rita, em Ermesinde, que Faria. Manuel Augusto Dias Ermesinde. Em palavras bre- Com um reportório de ro teve por título “Natal” e as últimas canções: “Janei-
o Coral da Universidade Sé- saudou todos os presentes, ves apresentou o grupo co- matriz bem popular, que foi introduzido pela leitu- ras de Guimarães”(Minho),
nior de Ermesinde (USE) destacando os convidados, ral que ia atuar (que, em anos reproduziu cantares que ra do poema “Ladainha dos “Cantiga dos Reis” (Madei-
– CANTIGAS D’OUVI- nomeadamente a vice-pre- anteriores, já realizou con- vão do Minho, aos Aço- Póstumos Natais” de David ra), “As Estrelas” (Açores)
DO, superiormente dirigido Mourão-Ferreira a que se e “Reis” (Minho). Nesta úl-
pelo maestro Manuel Friães, seguiram os seguintes can- tima, o Maestro pediu que a
atuou e encantou uma assis- tares: “Bersos ao Menino” plateia também cantasse o
tência que encheu por com- (Minho), “Nasceu, já nas- refrão e, depois de um breve
pleto aquele belo templo e ceu”(Baixo Alentejo - can- ensaio, todos o entoaram em
que, com os seus aplausos, te), “Nana, nana, meu Me- uníssono – “Alegres Festas,
muito acarinhou os setenta nino”(Minho) e “Beijai o nós vimos dar, com o Deus
seniores que, entre tocata e Menino”(Trás-os-Montes); Menino a acompanhar!”
cantores, fazem parte deste o segundo capítulo intitu- (bis)–e foi, assim, em apo-
grupo. lou-se “Natal, Boas Festas e teose, que terminou o mag-
As boas vindas a todos os Reis”, foi precedido da leitu- nífico concerto dado pelo-
presentes foram dadas pelo ra do poema de Natália Cor- Coral “Cantigas d’Ouvido”,
padre Avelino, vice-reitor do reia “Falavam-me de Amor” grupo fundado dentro da
Santuário de Nossa Senho- e constou das seguintes can- USE, em outubro de 2014.
ra do Bom Despacho e Mão tigas: “Pastores que andais No fim do Concerto, a Ágo-
Poderosa e da Santa Rita, na na serra”(Douro), “Inda rate, foi agraciada pelo vice-
ausência do reitor, padre Sa- sidente da Câmara Muni- certos semelhantes na Igre- res, passando pela Madeira, agora aqui cheguei”(Bei- -reitor do Santuário, visivel-
muel Guedes, que por moti- cipal de Valongo, Ana Ma- ja do Bom Pastor e na Igre- pelo Alto Douro, pela Bei- ra Baixa - adufes), “Olha a mente bem impressionado
vos pessoais não pôde estar ria Rodrigues, a vereadora, ja Matriz de S. Lourenço) e ra e pelo Alentejo, Cantigas barca brasileira”(Douro) e com o espetáculo a que ti-
presente. No início da ses- Manuela Duarte, o tesourei- falou de outras grupos mu- d’Ouvido fez jus ao mereci- “Reis”(Trás-os-Montes); ao nha acabado de assistir, com
são interveio também o vice- ro da Junta de Freguesia de sicais que são valências da do prestígio de que já goza terceiro capítulo deram o tí- a oferta de uma Imagem de
-presidente da Ágorarte, Ma- Ermesinde, Miguel de Oli- USE e da Ágorarte, referin- na cidade e na região. tulo de “Janeiras, Reis e Es- Santa Rita de Cássia, que é
nuel Augusto Dias, devido à veira e ainda representantes do ainda que o principal ob- O programa que o “Can- trelas” e foi antecedido do venerada neste Santuário de
impossibilidade de estar pre- da Direção do Rotary Clu- jetivo da USE é proporcionar tigas d’Ouvido” apresentou poema “Natal, e não De- Ermesinde, há largos anos.
Na rubrica “Gente da Nossa Terra” estivemos à conversa com duas atletas que apesar da sua juventude, carre-
gam consigo o (agradável) peso da glória. Duas jovens com ligações à nossa Cidade que se têm destacado a nível
nacional e internacional na sequência da conquista de inúmeros e pomposos títulos e distinções no âmbito de uma
modalidade que, de acordo com elas, ainda carece de um maior apoio em Portugal. Para orgulho da nossa freguesia
elas são duas campeãs do Mundo, elas são Beatriz Mendonça e Teresa Silva, que nos receberam na antecâmara de
mais um dia de treino nos seus respetivos clubes/ginásios. (Nota: nestas páginas apresentamos a entrevista com
Beatriz Mendonça e nas duas páginas seguintes a entrevista com Teresa Silva).
Serão provavelmente pouco(a)s o(a)s atletas que aos 15 anos de idade se po-
dem orgulhar de ostentar no seu palmarés dois títulos mundiais, seja qual for a
modalidade e/ou categoria. Beatriz Mendonça é uma dessas exceções no Mundo do
desporto, e foi com ela que estivemos à conversa no também jovem – em termos
de existência – Ermesinde Clube de Karaté, o emblema que esta jovem estudante
da Escola Secundária de Ermesinde representa. Numa conversa descontraída abor-
damos os contornos da sua gloriosa carreira, o seu dia a dia fora da competição
e do meio escolar, entre muitas outras curiosidades da jovem que em setembro
passado alcançou o ceptro mundial em kumite, por equipas, no escalão de cadetes
femininos, e que encara o karaté como muito mais do que uma atividade extracurri-
cular, digamos assim. Sem mais demoras, passamos a palavra a Beatriz Mendonça.
A Voz de Ermesinde (AVE): Como e para o Ermesinde Clube de Karaté, onde nesse sentido como encaras o desporto mais especial, porque acaba por ser tudo
quando começaste a praticar a modali- comecei a treinar mais a sério para as na tua vida? diferente! Tive mais satisfação na Malásia
dade? competições. Até chegar às competições BM: Sim, acho que o desporto além e guardo até hoje amizades que fiz com
Beatriz Mendonça (BM): Comecei a foi um processo um pouco lento. O Jor- de fazer bem à saúde alivia-me o stress de alguns atletas.
praticar a modalidade com 5 anos. Inicial- ge Sousa (o meu sensei) começou por me certo modo, pois eu estou num ano (es-
mente, no meu colégio tinham atividades levar a torneios mais pequenos para ad- colar) complicado e tenho
extracurriculares como o karaté e o ballet quirir mais experiência e com o passar do sempre muitos testes e tra-
e como os meus pais me incentivavam a tempo fui subindo, aos poucos, até chegar balhos para fazer. Então, o
praticar uma atividade eu escolhi o kara- onde estou hoje. facto de vir treinar ao final
té porque o ballet não me despertava mui- do dia é um alívio, esqueço
to interesse. Depois abriu um clube perto AVE: Em setembro passado con- o que está lá fora e foco-me
desse colégio e foi aí que conheci o meu seguiste alcançar, na Malásia, o título só no treino!
sensei e a partir de então comecei a fa- mundial de kumite, por equipas, em ca-
zer exames de graduação. Porém, nunca detes femininos. Qual foi a sensação de AVE: No princípio de
te teres consagrado cam- novembro último partici-
peã do mundo na modali- paste no prestigiado “Maia
dade que praticas e ainda International Karate Open
por cima tão nova? 2019”, de onde saíste com
BM: No ano anterior já um 1.º lugar em kumite no
tinha participado no Cam- escalão de cadetes femini-
peonato do Mundo e gan- nos. Como foi essa expe-
ho o título (nota: de juve- riência?
nis, também por equipas), BM: Foi uma expe-
algo que eu não estava à es- riência boa, normalmente
pera de, passado um ano, os torneios realizados cá são sempre in- AVE: Olhando para trás, e apesar de
voltar a conseguir. Alcan- ternacionais, porém no meu escalão não seres ainda muito nova, tens já um cur-
çar pela segunda vez o títu- costuma ter atletas internacionais e aca- rículo invejável em termos desportivos.
lo foi algo indescritível! Foi bei por ter o privilégio de competir com Quais foram, ou qual é, a prova mais
um grande marco para mim, uma atleta de nacionalidade francesa! Foi importante da tua carreira, aquela que
uma motivação! uma grande sensação de felicidade ir para guardas na memória por alguma razão,
aquele palco gigante e ganhar. Acabou a que deu mais gozo conquistar…
pensei em entrar em competições. Acabei AVE: Achas que o desporto é essen- por ser uma experiência diferente! Con- BM: … A prova em que participei na
por mudar algumas vezes de clube até vir cial na vida de qualquer indivíduo, e tudo na Malásia, acabou por ter um gosto Roménia há dois anos atrás, país onde foi
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realizado o campeonato do mundo de Go- ma para todas as modalidades, porque te- AVE: Neste teu trajeto desportivo nos? O que gostas mais de fazer quan-
ju-Ryo! Foi a primeira vez que estive num mos muitos campeões do mundo em di- certamente que tens o apoio de pessoas do tens tempo livre?
campeonato desse estilo e acabei por ser versas modalidades e ninguém sabe! que te são próximas, além dos teus pais, BM: Gosto de sair com os meus ami-
condecorada com duas medalhas, uma de e nesse sentido pergunto-te quem são os gos que são maioritariamente do karaté,
bronze na categoria individual e outra de AVE: Como relacionas a tua vida teus pilares? acabamos por fazer várias coisas, como
ouro na categoria de equipas! Destaco so- académica com os treinos e as compe- BM: Os meus pilares são os meus pais ir ao cinema, ou então, no verão, acaba-
bretudo a equipa fantástica que fez par- tições? Já agora, em que mos por ir todos à praia!
te desse campeonato e até hoje damo-nos ano estás e onde estudas?
muito bem, acabando por ser uma sensa- BM: Estudo na Escola AVE: Achas que o
ção extraordinária pelo apoio da equipa Secundária de Ermesinde desporto de certa forma
toda. Foi muito bom. e estou no 10.º ano na área se unifica/concilia com
de Ciências e Tecnologias! a educação?
AVE: Sentes que, de certo modo, as Conciliar os treinos com a BM: Sim sinto que
entidades responsáveis pelo karaté em escola é um pouco difícil, acaba por se unificar.
Portugal te deviam apoiar mais nas com- porque muitas vezes eu Por exemplo, no karaté é
petições fora do país? chego ao clube por volta preciso muita disciplina
BM: Sim, de certo modo sim, porque das 18H00 e tenho de estar e respeito pelo adversá-
tudo acaba por ser financiado por mim, pe- a estudar antes dos treinos. rio, bem como respeitar
los meus pais e por dois patrocínios que te- Aproveito sempre todos as outras pessoas, como
nho, que são o Bar Vila e a empresa José os momentos para estudar, os nossos colegas, por
Fonseca (empresa de construção civil que porque se eu não aprovei- exemplo.
tem o nome do dono) e, mesmo assim, tar acaba por ser impossí-
com o auxílio deles, as viagens acabam vel conciliar as duas coi- AVE: Como lidas
por ser muito caras, bem como as partici- sas! com a pressão nas com-
pações nas provas. Acho que a Associação petições?
de Karaté poderia desenvolver um contra- AVE: A relação com BM: Antes lidava
to com os atletas onde pudesse contribuir os teus colegas e restan- muito mal com a pres-
com metade (do financiamento), pelo me- te comunidade escolar é positiva? Isto e o meu treinador, o Jorge Sousa! Sempre são, acabava por ficar muito ansiosa e
nos, pois já era uma grande ajuda! é, como é que os teus colegas se relacio- que algo corre mal, sempre que eu preciso dormia muito mal nos dias anteriores às
nam contigo sabendo que tu és campeã eles estão cá para mim e ajudam-me sem- competições. Contudo, acabei por ga-
AVE: Já que falamos em apoios do Mundo de uma modalidade? pre! Acabo por guardar para mim algu- nhar experiência e sinto que agora é mui-
(monetários), sentes que devias ter mais BM: É positiva, embora alguns deles mas frustrações que tenha de alguns gol- to mais tranquilo para mim!
apoios? não saibam desse título. Por isso, eu ser pes que correm menos bem!
BM: As idas que eu faço são pagas campeã mundial acaba por não ter muita AVE: Qual a chave para progredir
por mim e pelos meus pais, com o auxílio influência na relação com os meus cole- AVE: E o teu clube, o Ermesinde sempre de forma positiva?
dos dois patrocinadores que tenho comi- gas, porque o karaté não é um desporto Clube de Karaté, o quão tem sido impor- BM: O esforço e a dedicação que
go, como já referi! Acho que por ser mui- muito comentado, como referi. Contu- tante neste teu percurso? apostei em cada treino, porque sem os
to nova os possíveis apoios que eu pode- do, os meus colegas mais próximos de BM: O clube formou-se relativamente treinos não se consegue nada!
ria ter não me veem como um futuro para mim, que sempre estiveram comigo, já há pouco tempo, mas tem sido um gran-
a modalidade e, também, pelo facto do se interessam e perguntam como correm de apoio neste meu percurso! Para já, sou AVE: Com que palavra/adjetivo te
karaté não ser uma modalidade muito fa- as provas. Porém, eu estou numa turma a única que faço competições de forma caraterizas?
mais regular, mas espero passar aos mais BM: Caraterizo-me como lutadora,
pequeninos a vontade de quererem fazer o porque nesta modalidade há muita gente
tipo de karaté que eu faço, bem como par- que já cresceu no karaté e, eu não cres-
ticipar em competições e provas! ci no karaté! Tudo o que tenho é porque
trabalhei muito para conquistar, enquan-
AVE: No futuro o que pensas seguir to existem atletas que já lá estão porque
profissionalmente, já tens um caminho cresceram no seio do karaté! Dou va-
delineado? lor a todos os torneios em que partici-
BM: Eu querer queria seguir profis- po e a todos os prémios que conquisto,
sionalmente o karaté, mesmo até dar au- por mais pequeninos que sejam, é sem-
las, o que seja! Acho que o karaté é o foco pre uma motivação para manter o objeti-
a nível profissional! Contudo queria tirar vo que pretendo.
o curso de fisioterapia, porque acho que
dá para conciliar com o karaté e dá sem- AVE: Ao olhares para Ermesinde,
pre jeito caso haja alguma lesão! qual a tua opinião sobre a cidade? Vives
aqui, já agora?
AVE: Então esse futuro passa tam- BM: Vivo em Baguim do Monte, mas
bém pela continuidade ao nível da passo a maior parte do tempo em Erme-
competição, isto é, pretendes conti- sinde porque estudo aqui e treino tam-
nuar a competir no futuro em paralelo bém! Acho que Ermesinde é uma cidade
com a tua profissão. Assim sendo, até mais mexida, estão sempre a passar pes-
lada! Embora, na minha ótica, eu e outros nova agora, onde ninguém me conhe- onde queres ir em termos de competi- soas na rua, há muito mais trânsito com-
atletas podemos fazer do karaté uma gran- ce ainda muito bem e não sabem que eu ção, qual é a tua ambição em termos parando com Baguim! As pessoas de Er-
de modalidade! pratico karaté! desportivos? mesinde são muito afáveis também.
BM: Quero estar sempre no meu máxi-
AVE: Já agora como vês/analisas AVE: E em casa… mo, pretendo estar sempre no auge porque AVE: Por fim, o que fazias para me-
o estado da modalidade em Portugal, BM: Os meus pais ajudam-me chegar lá em cima todos conseguem, conti- lhorar a cidade ou então que sugestão
ou seja, se está bem ou mal, e o que na imenso em casa, ajudam-me sempre a nuar lá em cima é que é para poucos! Nem gostarias de deixar?
tua opinião falta para ela crescer ainda tentar conciliar as coisas e a canali- sempre tudo corre bem, mas sinto que por BM: Podiam incentivar mais a prá-
mais? zar o meu tempo para todas elas, por- parte de treinadores e atletas já têm algum tica do desporto, seja qual modalidade
BM: Aqui em Portugal está muito in- que sem eles eu não conseguia fazer respeito por mim, pelo que consegui e não for, mas claro como eu pratico karaté,
cutido o futebol e esquecem-se de outras tudo o que faço! Sei que sentem mui- ligam muito à minha idade. acho que podiam apoiar mais esta mo-
modalidades, como o atletismo, o karaté, to orgulho em mim e em qualquer coi- dalidade!
entre outras! Acho que podiam distribuir sa que eu faça de positivo estão sem- AVE: Como é o teu quotidiano fora
melhor os fundos monetários de igual for- pre lá para mim. do contexto académico e fora dos trei- JOANA OLIVEIRA
12 Local A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
A Voz de Ermesinde (AVE): Como e Nos da Federação eu participei com 15, 19 pouca duração, que fazíamos a vários locais, mos toda a gente, sabemos como os atletas
quando é que que o karaté surge na tua e 20 anos e nunca consegui um título, pois como por exemplo, ao shopping que se si- irão atuar, conhecemos os seus métodos, en-
vida? E já agora qual a vertente desta mo- esses campeonatos englobam todos os esti- tuava nas “Petronas Tower”, ou as visitas quanto que fora é totalmente diferente, aca-
dalidade que praticas e porquê? los de karaté, ou seja, todas as vertentes. A às caves onde tinham macacos e onde aca- ba sempre por ser uma surpresa.
Teresa Silva (TS): Experimentei a mo- prova mundial onde eu conquistei o título é bei por descobrir que não gosto muito deles
dalidade quando tinha 4 anos, mas a prin- um campeonato de karaté goju-ryo, onde só (risos) pois, não são animais muito amigá- AVE: Quando competes fora do país
cípio não me agradou. Aos 6 anos, voltei a participam os atletas desta vertente. Quan- veis, porque gostam de nos levar os nos- costumas criar laços de amizade com ou-
experimentar e desde então tem sido a mo- to ao título conquistado na Malásia, claro sos pertences (risos). Kuala Lampur é uma tros atletas?
dalidade que pratico. Até hoje mudei de clu- que fiquei extremamente feliz, pois é um tí- cidade espetacular, de onde guardo muitas TS: Honestamente não tenho muita ten-
be duas vezes, ou seja, dos 6 anos aos 12 tulo muito importante e ainda por cima ser experiências, como as gastronómicas, por dência de conviver ou criar laços com os
anos estive num clube, e dos 12 anos até aos conquistado num país onde eu nem sequer exemplo. atletas estrangeiros. Já com o meu treina-
19 anos estive noutro, sendo que agora en- imaginava ir. Foi uma sensação completa- dor acontece o contrário, ele possui vários
contro-me ao serviço do Clu- AVE: Também participaste (em novem- conhecimentos e muitas amizades com pes-
be de Karaté da Maia. Quanto bro último) no “Maia International Kara- soas de outros clubes e de outras naciona-
às vertentes kata e kumite eu té Open 2019”, onde também conquistaste lidades. Exemplo disso foi uma prova em
pratiquei as duas desde cedo, um título! Em termos de emoções, é mui- que participei na China, mais concretamente
embora sempre tivesse gosta- to diferente uma competição realizada em em Shanghai, onde convivemos com vários
do mais de kata, porque em Portugal, neste caso na Maia, do que uma atletas de outras nacionalidades e foi espe-
pequena eu era receosa, não competição ocorrida fora do país, como por tacular, ainda hoje mantenho contacto com
gostava de combater, porém exemplo na Malásia? eles e passou um ano desde a prova. A maior
sempre progredi positivamen- TS: Comparando a experiência da Malá- parte das pessoas ligadas à modalidade é
te nas duas. Quando cheguei sia com os campeonatos aprovados pela Fe- muito convidativa, todos têm uma boa rela-
aos 15 anos e frequentava os deração, a pressão é maior nas provas da Fe- ção entre si, porém eu não costumo ter essa
treinos de seleção os selecio- deração. No da Malásia, senti menos pressão iniciativa por ser um pouco tímida. Contu-
nadores a certa altura tiveram pois estava acompanhada com o meu treina- do, nas redes sociais, por exemplo no ins-
de escolher quem iriam levar dor pessoal e pelos colegas com quem trei- tagram, as pessoas acabam por me seguir e
com eles para representar o no, enquanto que nas provas da Federação dar as felicitações em algumas publicações
país no Campeonato do Mun- que faço referentes às minhas
do e, então, o selecionador provas. Porém, pessoalmen-
perguntou-me qual das duas te, são sempre elas que to-
(vertentes) eu gostava mais. mam a iniciativa de me “vir”
Como eu gostava das duas a conhecer.
escolha foi do próprio selecio-
nador, e a partir desse momento pratico ku- mente diferente das que tinha vivido até ao AVE: És uma atleta bas-
mite. momento. Sinto que me superei, mesmo du- tante vivida em termos de
rante a competição era a versão que eu tinha competições nacionais e in-
AVE: Recentemente (em setembro) vi- idealizado de mim como atleta. A cada com- ternacionais, qual foi o título
veste um capítulo importante na tua carreira, bate desafiei-me e competi com atletas exce- mais importante da tua car-
que foi teres sido campeã do Mundo. Qual lentes, o que foi motivador para mim. E por reira e porquê?
o sentimento que vivenciaste ao representar fim ganhar um título, foi a sensação de mais TS: Já tive alguns que
Portugal na Malásia, e posteriormente teres um feito, mais um motivo para continuar a me marcaram, pois estão to-
sido campeã do mundo? lutar e insistir na modalidade. dos equiparados. Porém, o
TS: Antes, devo dizer que existem dois primeiro que eu ganhei foi o
tipos de campeonatos, os que são aprova- AVE: Tens alguma história/momento são pessoas doutros países, doutros clubes de campeã nacional quando tinha 14 anos.
dos pela Federação (Nacional de Karaté), curioso ou especial que tivesses vivido nes- e vários treinadores, sendo que a intimidade Foi como que um começo de algo. Senti que
nomeadamente os campeonatos do Mundo ta viagem à Malásia (e à cidade de Kua- não é a mesma e a pressão é elevada. Com- isto tinha passado para um patamar mais
e da Europa da “WKF” (Federação Mun- la Lampur, em concreto) e que guardas na parando com os campeonatos de Portugal sério. Quanto aos outros, foi o Campeona-
dial de Karaté) e os outros que são aque- memória? (que não são chancelados pela Federação), a to Nacional Sénior, que só consegui aos 20
les em que eu participo por livre vontade, TS: Penso que o que mais se tornou es- pressão é maior na Malásia, porque no nos- anos. Com 17 anos consegui o título de vi-
como foi o caso do campeonato na Malásia. pecial foram todos os passeios, embora de so país, neste caso na Maia, nós conhece- ce-campeã, com 18 e 19 anos fiquei em ter-
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ceiro, portanto aos 20 conseguir esse prémio sim a carga de trabalhos e frequências (exa- são provas em que participo por minha von- dias que gosto de estar mais relaxada, a des-
foi algo espetacular para mim, porque que- mes) é grande! Qualquer tempo disponível tade, não sou convocada, e posto isto faz sen- cansar, a ouvir música. Contudo, nos meus
ro sempre mais, e tê-lo conseguido foi uma que tenha adianto os trabalhos, estudo, nem tido ser eu pagar, porque fui eu que quis par- tempos livres, aproveito sempre para fazer
sensação de outro mundo. Destaco ainda o que seja um bocadinho de cada vez, porém ticipar por livre vontade e fiz todas as provas algo completamente diferente e novo do que
Campeonato da Europa e o Campeonato do tudo fica finalizado a tempo e a horas. Os precisas para entrar, enquanto que na Fede- já faço diariamente.
Mundo de Goju-Ryo, onde fiquei em pri- finais dos dias estão sempre ocupados com ração nós vamos a uma seleção e somos es-
meiro lugar e isso foi motivador. os meus treinos e os treinos que dou, então colhidos por eles! Se eu sou escolhida para AVE: Como te caraterizas no teu dia a
quando chego a casa, dá ainda, depois de ir representar a seleção, porque é que eu te- dia e como pessoa?
nho de pagar? Acaba por ser a parte mais ma- TS: Sou muito tranquila, dependen-
drasta da minha modalidade. Eu já só peço do das pessoas com quem estou acabo por
mesmo apoios financeiros, porque todas es- ser mais introvertida ou extrovertida. Ten-
tas competições ficam muito caras. Mesmo to sempre proteger-me, vejo em quem é
a nível do concelho de Valongo, eu pedi um que posso confiar ou não, e tenho o meu
apoio monetário (à Câmara), porém, foi-me pequeno grupo de amigos, que são poucos
negado porque não apoiam atletas a título in- mas bons, e sei que nas horas más eu pos-
dividual! so confiar neles. Deixo sempre que os ou-
tros se abram comigo, para eu ver se posso
AVE: Qual a chave para progredir confiar ou não nessa pessoa. Sou muito pro-
sempre de forma positiva? tetora com os meus (amigos e familiares), se
TS: É o trabalho sem dúvida! É o acredi- eles estiverem bem, eu também estou bem!
tar que somos capazes, porque efetivamente
somos mesmo tendo mais ou menos capaci- AVE: No meio de tudo pelo que passas,
dades! Se nós trabalharmos cada uma des-desde os treinos, as aulas com os mais pe-
sas partes, seja a parte psicológica, física, ou
quenos, a tua vida académica, qual é o teu
emocional e nos aplicarmos a 100 por cento
maior pilar? Quem são as pessoas que mais
te apoiam?
FOTOS ALBERTO BLANQUET
TS: As pessoas que es-
tão sempre lá são os meus
pais e o meu namorado. São
as pessoas em quem mais
confio e são os meus pilares.
Nos meus altos e baixos, são
eles. Eu quando vou abaixo,
vou mesmo abaixo, inclusive
AVE: Tens ligações com o Studio AF jantar, para estudar um pouco tendo sempre tive uma fase da minha vida
104, ginásio/clube sediado em Ermesin- em atenção o descanso porque este é funda- em que fui operada ao joelho
de, mais concretamente no facto de seres mental para qualquer atividade física! e pensei em desistir do kara-
treinadora das faixas etárias mais jovens. té. Contudo, foram essas três
Como é treinar os mais pequenos, sendo AVE: És muito exigente e/ou perfecio- pessoas que estiveram ao
que já passaste por essa fase? Que princí- nista contigo própria nos treinos? meu lado e não me deixaram
pios, valores e noções tentas incutir-lhes? TS: Sou demasiado perfecionista comi- baixar os braços!
TS: É muito gratificante quando eles ex- go! Nos meus treinos se tiver um exercício
perimentam pela primeira vez a modalidade. que não está a sair como eu queria fico bas- AVE: Sabemos que vi-
Ficam empolgados e vêm a semana inteira, e tante frustrada, mas nunca desisto dele, até vir ves em Sobrado. Como vês
para mim isso é espetacular. Contudo, quan- outro exercício, embora fique sempre a pen- o concelho de Valongo em
do eu vejo que eles começam a evoluir, ain- sar naquele (que correu menos bem). No final, termos gerais, a Cidade de
da é melhor! Uma das coisas que eu mais acabo por voltar ao que correu mal para ver o Ermesinde e a tua freguesia
exijo é o respeito, porque é um dos valo- que está a falhar! Já tive treinos que correram em concreto?
res do karaté, exijo não só respeito por mim menos bem e quando saí fiquei a pensar neles, conseguimos qualquer coisa. TS: Eu passo muito pouco tempo em Er-
como também tento que eles se respeitem apesar de fisicamente eles até terem seguido a mesinde, não tenho muita opinião, mas do
uns aos outros, porque foi assim que eu fui norma, mas acho sempre que falta mais. Pen- AVE: Focando mais a tua vida acadé- pouco que tenho sinto que as pessoas são
ensinada. Na minha ótica não faria sentido so sempre que amanhã vou compensar o que mica, que curso segues? E já agora, o que muito calorosas e a cidade é muito pacata tal
doutra forma! Acho que para se ensinar, tem falhou hoje, e dou sempre a volta por cima! pretendes fazer no futuro, e se esse futu- como Sobrado, que é uma boa zona para vi-
de se ter vivenciado certas coisas e eu prin- ro profissional passa por uma conciliação ver pois é muito tranquila.
cipalmente passei por três instrutores dife- AVE: Que tipo de apoios tens, sejam com a atividade desportiva?
rentes, com métodos distintos. Porém, com eles de âmbito financeiro ou de qualquer TS: Eu estou no primeiro ano do mes- AVE: Tens algumas sugestões que gos-
cada um deles aprendi diversas coisas, mas outro tipo, para praticar a modalidade? trado de Psicologia da Justiça e a escolha foi tarias de ver mudadas na Cidade de Erme-
todas elas úteis e, por isso, tento sempre in- Por exemplo, na tua viagem à Malásia, que engraçada, pois eu não fazia a mínima ideia sinde ou no concelho de Valongo de uma
cutir isso nos meus alunos, porque o que eu apoios tiveste, e de onde vieram, para parti- do que queria seguir, estava à espera que as forma geral? Ou então alguma mensagem
quero é que eles sejam melhores do que eu, cipares na competição? notas dos exames saíssem! Procurei na inter- que queiras transmitir a Ermesinde?
esse é sempre o objetivo. Adoro dar aulas às TS: Todas as saídas internacionais que net as opções dos cursos bem como as suas TS: Acho que deviam apoiar mais o
classes mais jovens, tenho uma aluna de 14 eu tenha são pagas por mim e pelos meus saídas e especificidades, e então encontrei a desporto individual, pois o Município ten-
anos que é muito esforçada nos treinos. De- pais! Modalidades como o karaté deviam ter Psicologia da Justiça, pois tudo o que seja de a apostar mais na formação dos atle-
pois, tenho meninos mais novos, com 9, 11, mais apoio, mas a questão passa por muito fora do normal eu acho interessante! Nunca tas, ou seja, se um clube pedir apoio eles
12 anos e dois meninos ainda mais jovens, mais do que isso! Por exemplo, pela Fede- me interessou desporto a nível profissional dão, porém se for um atleta (a título in-
de 6 e 7 anos. Trabalhar com estas idades é ração, todas as provas que fiz em represen- e também por conselhos incutidos pelo meu dividual) a pedir apoio para as competi-
fantástico, o que se torna vantajoso porque tação da seleção nacional foram todas pagas pai já me basta o karaté! Eu não quero fazer ções o Município nega essa ajuda, o que
os mais jovens aprendem muito sobre as ati- por mim, algo que não devia acontecer pois do desporto o foco da minha vida, eu que- eu acho um pouco ingrato! Dá mais nome
tudes, o respeito a ter com os mais velhos, e é uma federação que acaba por receber sem- ro que ele seja um hobbie! Quero sim uma à cidade ter sempre um destaque de um(a)
mesmo que não estejam todos ao mesmo ní- pre apoios! No entanto, foi-me dito que não conciliação entre o karaté e, no futuro, a mi- atleta que vive no concelho, por isso de-
vel (competitivo) conseguem crescer juntos! tinham dinheiro para pagar esses custos, o nha profissão. viam sentir-se orgulhosos e apoiar mais
que nós sempre compreendemos e os meus estes jovens, porque eu não sou a única
AVE: Como consegues conciliar os pais acabaram por gastar em cinco anos mi- AVE: Quando tens mais tempo para ti, certamente! Além de ficar bem para a ci-
teus treinos, com os teus estudos e, ainda lhares de euros para que eu pudesse partici- o que te dá mais prazer fazer nos tempos li- dade, dava consequentemente mais visi-
com as aulas que dás aos mais pequenos? par em campeonatos promovidos pela Fede- vres? bilidade a esta!
TS: A vantagem é que o meu horário ração! Quanto às outras competições, como TS: Adoro passear, ir ao cinema, experi-
académico não é pesado, mas mesmo as- as da Malásia, de Shanghai, ou de Istambul, mentar um restaurante novo. No entanto, há JOANA OLIVEIRA
14 Local A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
ermesinde ANUNCIE
o
desportivo AQUI
BASQUETEBOL:
polo aquÁtico
O
CPN deu um passo atrás na luta pelos lugares Uma semana antes o CPN iniciou a segunda volta do to será bastante exigente para o CPN, já que das 7 jornadas,
que dão acesso à fase de apuramento de cam- campeonato na piscina do Leixões. Foi um jogo fácil ante 5 serão disputadas fora de casa, sendo que os próximos 4
peão no Campeonato A2 masculino/1.ª Fase/ o último classificado, facilidades essas que se saldaram por jogos serão realizados na condição de visitante.
Norte após ter sido derrotado na sua piscina um resultado de 5-22 (com os parciais de 3-9/0-3/1-3/1-7) Nota: Todos os resultados e classificações destas com-
diante do líder da prova, o Fluvial Portuense a favor dos ermesindenses. No primeiro período o CPN petições podem ser consultados no nosso site, acedendo
“B” por 9-15 (com os parciais de 0-1/2-3/4-5/3-6). O re- fez 9 golos, o que desde logo permitiu gerir o resto do jogo ao link “Resultados Desportivos”.
sultado não exprime, contudo, o que se passou na piscina e ainda dar tempo de jogo a toda os jogadores e mesmo
cepeenista, neste jogo (disputado no dia 26 de janeiro) assim ir dilatando a vantagem. Marcaram neste encontro
inserido na 9.ª jornada da competição, visto que de uma para o conjunto da nossa freguesia os atletas David Silva
forma geral o equilíbrio foi a nota dominante, pese embora (4 golos), João Lopes (1 golo), João Neves (2 golos), Filipe Resultados Desportivos
na finalização os portuenses tivessem estado melhores. Fernandes (2 golos), Mário Lisboa (1 golo), Gonçalo Torres
Essa foi talvez a explicação para a derrota cepeenista, visto (3 golos), Nuno Mota (1 golo), Gonçalo Moura (4 golos), ANDEBOL
que em certos momentos do jogo - como no início do 3.º João Machado (3 golos) e Diogo Sabino (1 golo). (seniores masculinos)
período, por exemplo - os locais até estiveram melhores No primeiro jogo do novo ano civil, realizado no dia 5, o
que o líder do campeonato, dando mostras de que poderiam CPN deslocou-se à piscina do CDUP para aí disputar o último Campeonato Nacional da 3ª Divisão / 1.ª Fase-Zona 1
inverter o rumo do marcador. Tal não aconteceu, num en- jogo da primeira volta. 8-16 (com parciais de 2-3/1-5/3-3/2-5)
contro marcado ainda por algumas polémicas em termos a favor dos ermesindenses. O resultado podia ter sido mais 11.ª Jornada: CPN - Macieira: 34-23
de arbitragem que, a nosso ver, prejudicaram a equipa da dilatado, se o CPN tivesse entrado mais forte logo no 1.º 12.ª Jornada: A.C. Fafe “B” - CPN: 36-37
casa. Neste jogo os autores dos golos do CPN foram os período, mas mesmo assim deu para cumprir os objetivos que 13.ª Jornada: CPN - Altis Paredes: 36-25
seguintes: João Machado (3 golos), David Silva (2 golos), tinha traçado para esta partida, que passavam por ganhar e 14.ª Jornada: C.A. Póvoa “B” - CPN: 26-25
Filipe Fernandes, Mário Lisboa, Gonçalo Torres e Gonçalo terminar a primeira volta do campeonato numa das 3 posições Classificação: 1.º Santana: 34 pontos (...) 3.º CPN: 31 pontos
Moura, todos eles com um golo. de acesso à fase de apuramento de campeão, bem como dar
tempo de jogo aos jogadores
até agora menos utilizados HÓQUEI EM PATINS
e ainda estrear o seu guarda (seniores masculinos)
redes mais jovem (sub-16)
em jogos da equipa sénior. Campeonato Nacional da 1.ª Divisão
Marcaram neste jogo para o
CPN: Bruno Martins (1 golo), 12.ª Jornada: Valongo - Sanjoanense: 5-2
Rúben Relva (2 golos), Filipe 13.ª Jornada: Física - Valongo: 2-1
Fernandes (2 golos), Gonça- 14.ª Jornada: Tigres - Valongo: 1-7
lo Torres (4 golos), Gonçalo Classificação: 1.º Benfica: 34 pontos (...) 7.º Valongo: 16 pontos
Moura (1 golo), João Macha-
do (4 golos), Tomás Ramos (1 Taça de Portugal / 2.ª Eliminatória
golo) e Diogo Sabino (1 golo). Carvalhos - Valongo: 5-9
Na classificação, e após o
desaire caseiro ante o Fluvial Nota: Todos os resultados e classificações destas competições po-
“B”, o CPN caiu para o 4.º lu- dem ser consultados no nosso site, acedendo ao link “resultados
gar, sendo ultrapassado pelo desportivos”. A presente edição fechou antes do fim-de-semana de
Vitória Sport Clube “B”. Os 14 e 15 de dezembro, pelo que os resultados desportivos ocorridos
cepeenistas somam 18 pontos. nestes dias não são publicados neste número.
A segunda volta do campeona-
Basquetebol
N
FOTO MARY BASKET
ão se pode dizer que 44-38. Na 2.ª parte, pese embora a tha Burse (19 pontos, 9 ressaltos, 2
2020 esteja a ser um excelente réplica dada, com parciais assistências e 4 roubos de bola) e
“conto de fadas” pa- de 15-12 e 22-22, o CPN não conse- da internacional portuguesa Tamara
ra a equipa do CPN guiu dar a volta ao marcador, tendo Milovac (14 pontos, 11 ressaltos).
(na imagem) na Liga o Carnide vencido por 81-72. Neste No dia seguinte, as seniores ce-
Feminina de basquetebol. Em três encontro destaque para a atleta ce- peenistas deslocaram-se à Madeira
jogos disputados a turma de Er- peenista que fez parte do 5 ideal da para ali disputar um jogo a contar
mesinde perdeu todos! O primeiro jornada, a jovem internacional Eva para os oitavos de final da Taça de
desaire aconteceu no dia 5 na des- Carregosa, com 24 pontos (10/13 de Portugal. Deslocação que se saldou
locação a Lisboa, onde aí defrontou lançamentos de campo), 4 ressaltos, por uma derrota ante o CAB Ma- só perto do intervalo o Guifões Martha Burse, com 20 pontos e 8
o Carnide em jogo da 13.ª jornada 5 assistências e 3 roubos de bola. deira, por 70-58, com Martha Burse igualado o marcador (28-28). Na ressaltos e Eva Carregosa, com 15
da principal competição do basket Sensivelmente uma semana e Eva Carregosa a destacarem-se na 2.ª parte, as alternâncias no marca- pontos, 7 ressaltos e 4 assistências.
português a nível feminino. Com mais tarde, no dia 11, o CPN partida e com a nota negativa a re- dor foram-se sucedendo, com as Apesar desta onda de maus
uma entrada forte nos dois lados do recebeu as campeãs em título da sidir no facto de a equipa ter ficado visitantes a alcançarem a diferença resultados o CPN continua no 8.º
campo, a equipa cepeenista alcan- Liga, o Olivais de Coimbra. Numa retida na Madeira entre domingo e máxima de 10 pontos no último lugar na tabela classificativa, em
çou uma vantagem de 10 pontos no partida pautada pelo equilíbrio du- quinta feira (!), devido a uma greve quarto. A equipa cepeenista reagiu, zona de acesso ao play-off, com 20
final do 1.º quarto (13-23). Contudo, rante 36 minutos, o CPN quebrou nas transportadoras aéreas. e a faltar 25 segundos colocou o pontos e menos um jogo do que a
um segundo período pouco agres- a 4 minutos do fim, altura em que No dia 22, o CPN recebeu o marcador a 2 pontos de diferença, maioria das suas oponentes.
sivo ofensivamente - onde o CPN adversário vencia por 4 pontos, Guifões, em jogo em atraso refe- não sendo no entanto o esforço final
provocou zero faltas ao adversário! tendo as cepeenistas claudicado e rente à 12.ª jornada. Não foi uma suficiente para levar de vencida a Nota: Todos os resultados e classi-
- e onde o Carnide apostou mais no permitido que o Olivais levasse de partida muito bem jogada, sendo partida, acabando por perder por ficações destas competições podem ser
seu poderio físico, as propogandistas Ermesinde um triunfo por 51-67. que a 1.ª parte foi marcada pelo 57-62. Destaque para Tamara Mi- consultados no nosso site, acedendo
foram para intervalo a perder por Destaque para as exibições de Mar- ascendente da equipa local, tendo lovac, com 17 pontos e 12 ressaltos, ao link “Resultados Desportivos”.
31 de JANEIRO de 2020 • A VOZ DE ERMESINDE Desporto 17
Basquetebol
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desportivo Coordenação: MIGUEL BARROS | Fotografia: MANUEL VALDREZ | Maquetagem e Imagem: Matilde Branco
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31 de JANEIRO de 2020 • A VOZ DE ERMESINDE Local 19
Os insetos e a sua
importância no Planeta
LUÍS DIAS
N
as espécies de seres vivos água doce e água salgada, Estes pequenos ani- pas, borboletas, etc.) pa- Tradicionalmente, os
descritos até aos nossos desertos, dentro de frutos e mais são essenciais para ra a sua polinização. Estes insetos são associados a
dias. Embora não exis- até mesmo como parasitas o funcionamento equili- organismos também têm algo negativo, sujo e cau-
esta pri- ta um consenso na ento- de outros animais inverte- brado de diversos ecos- um papel fundamental do sador de doenças. Há inse-
m e i r a mologia (especialidade da brados e vertebrados). sistemas. Estão presen- ponto de vista económico, tos que são transmissores
edição do biologia que estuda os in- Os insetos são animais tes em quase todos os ní- pois é através da poliniza- de doenças, como a malá-
ano ire- setos), estima-se que exis- invertebrados que possuem veis da cadeia alimentar, ção que se torna possível ria, a febre amarela, e tam-
mos abordar os insetos e tam entre 5 a 15 milhões um esqueleto externo, cha- com exceção dos produ- a existência de vários pro- bém são importantes cau-
a sua importância para o de espécies de insetos, das mado exosqueleto, formado tores (algas e plantas), e dutos agrícolas. São res- sadores de danos agrícolas
nosso planeta Terra. Es- quais cerca de um milhão de quitina. Possuem um cor- estão no regime alimen- ponsáveis pela produção em diversos tipos de cul-
tes pequenos seres vivos destas já foram cataloga- po dividido em três partes tar de pássaros, peixes, de mel e da seda, e tam- turas. Estes atos negativos
constituem o maior grupo das. O que podemos garan- (cabeça, tórax e abdómen) répteis, anfíbios, mamí- bém podem ser excelentes sob a nossa visão humana,
de animais do planeta e, tir é que os insetos podem e possuem três pares de per- feros e outros invertebra- modelos para estudos rea- de certo modo, rotulam os
por muito que não se gos- ser encontrados em quase nas inseridas na região do dos. Têm um papel funda- lizados na ciência. Outra insetos com seres prejudi-
te deles pelas mais varia- todos os ecossistemas do tórax. A sua reprodução po- mental na polinização, o função muito importante, ciais, no entanto, é funda-
das razões, são essenciais planeta. A sua resistência de ocorrer de formas distin- que ajuda a possibilitar a economicamente, é a dos mental relembrar que sem
para o equilíbrio de inú- pode ser comprovada pelo tas, embora a mais comum produção agrícola e mes- insetos entomófagos (que os mesmos insetos a vida
meros ecossistemas. Co- facto de conseguirem so- seja a sexuada. São, na sua mo o surgimento de mui- se alimentam de outros in- não existiria como a co-
mo o maior e mais larga- breviver em quase todas as maioria, ovíparos (quando tas plantas. É conhecido setos), que são aqueles que nhecemos. São fundamen-
mente distribuído grupo de condições e tipos de habi- os ovos fertilizados comple- que de todas as plantas ajudam a controlar as po- tais para o equilíbrio eco-
animais artrópodes do pla- tats (possuem adaptações tam o seu desenvolvimento que possuem flor, cerca pulações de outros inse- lógico e contribuíram pa-
neta, os insetos represen- que lhes permitem viver embrionário fora do corpo de dois terços dependem tos, ou seja, trata-se de um ra tornar a sociedade e o
tam mais de 70% de todas em cavernas, ambientes de da fêmea). dos insetos (abelhas, ves- controle natural de pragas. planeta como ele é hoje!
Diversos estudos científicos têm demonstrado que a universidades; e, a longo prazo, o lançamento de parcerias -se demasiado tarde”, conclui Paulo Borges.
abundância e a diversidade de insetos está a reduzir drasti- público-privadas e iniciativas de financiamento sustentável Este estudo é coordenado por Jeffrey Harvey, investi-
camente a nível mundial. Este declínio tem origem na ação com o objetivo de restaurar, proteger e criar novos habitats gador do Instituto Holandês de Ecologia, envolvendo uma
humana – causadora da perda e fragmentação de habitats, vitais para os insetos. equipa internacional de mais de 70 investigadores.
da introdução de espécies invasoras e das alterações climá- “É preciso agir já. As evidências que já existem sobre al- Referência do artigo publicado: Harvey, J.A. et al.
ticas, entre outros – e constitui uma séria ameaça que a hu- gumas das principais causas do declínio de insetos são sufi- (2020), International scientists formulate a roadmap for in-
manidade deve enfrentar com urgência. cientes para nos permitir formular medidas imediatas. E os sect conservation and recovery. Nature Ecology and Evolu-
Face à urgência em tomar medidas, uma equipa interna- resultados da investigação que continua a ser desenvolvida, tion. https://doi.org/10.1038/s41559-019-1079-8
cional de investigadores, da qual fazem parte Paulo Borges sobre espécies e regiões menos conhecidas, vai permitir mo-
e António Onofre Soares do Centro de Ecologia, Evolução dificar e melhorar as medidas já implementadas se necessá- Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c
e Alterações Ambientais – cE3c, na Universidade dos Aço- rio. Mas é fundamental agir já, caso contrário pode tornar- Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva”
res, apela aos governos de cada país para a implementação
imediata de várias medidas no sentido de travar o declínio
de insetos. Reduzir de forma imediata e significativa a emis-
são de gases com efeitos de estufa, eliminar gradualmente o
uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos substituindo-os por
medidas ecológicas, e reduzir a poluição luminosa e sonora
são algumas das recomendações.
“Torna-se urgente manter a diversidade da paisagem,
construir corredores ecológicos e evitar a proliferação de
espécies invasoras que alteram os habitats. Com as alte-
rações climáticas também é necessário redesenhar muitas
áreas protegidas. Finalmente, é necessário manter a moni-
torização da abundância e diversidade dos insetos nas áreas
naturais e nos ecossistemas agrícolas e florestais”, explica
Paulo Borges.
Estas medidas surgem integradas num roteiro que pro-
põe também medidas a médio e longo prazo. Entre estas
medidas estão a aposta em mais investigação para com-
preender qual a contribuição de diferentes fatores de ori-
gem humana no declínio de insetos; a análise dos dados já
existentes em coleções de insetos particulares e de museus e
22 Educação A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
Página EsCOLas
Nota: A página das Escolas é um espaço destinado à publicação de notícias referentes às atividades desenvolvidas pelos vários
das estabelecimentos de ensino da freguesia de Ermesinde, sendo a autoria dos textos e fotografias da responsabilidade dos mesmos.
Página ESCOLAS
Nota: A página das Escolas é um espaço destinado à publicação de notícias referentes às atividades desenvolvidas pelos vários
das estabelecimentos de ensino da freguesia de Ermesinde, sendo a autoria dos textos e fotografias da responsabilidade dos mesmos.
1º ciclo
Beatriz Pereira Soares (4.ºA da Bela)
Carolina Magalhães Alves (4.ºB da Bela)
Beatriz Portelinha Costa (4.ºA da Gandra)
Matilde Franco Barbosa (4.ºB da Gandra)
Isabel Cristina Gonçalves (4.ºA de Sampaio)
em Movimento . . .
Camboja, que tem como missão educar crianças e jovens de mundo melhor.
famílias desfavorecidas, com o objetivo de lhes ensinar uma No dia 7 de janeiro procedeu-se à entrega sim-
profissão e de os integrar no mercado de trabalho. bólica deste material à principal organizadora desta
Respondendo ao repto da jovem Catarina Morais e ação, na presença de alguns docentes, delegados de
Na Escola Básica do Carvalhal, os meses de de- enquadrada na Educação para a Cidadania, a comunidade turma e equipa de coordenação da DAFG, de duas
zembro e janeiro foram recheados de bons momen- escolar angariou variado material escolar (cadernos, lápis, alunas da ESE e do seu Encarregado de Educação,
tos. Tivemos a visita do museu mineiro na nossa canetas, …) e 5 computadores portáteis para enviar para da Direção do Agrupamento, bem como da Direção
escola, proporcionando aos grupos participantes esta escola, envolvendo também a empresa Oriente 2000. do Clube de Ténis de Ermesinde.
atividades muito divertidas. Fomos ao Natal En-
cantado da Lipor porque precisamos de trabalhar
a consciência ecológica com as nossas crianças, de
forma a torná-las cidadãos protetores de um Plane-
ta que é de todos!
E a época natalícia acabou da melhor manei-
ra! Os grupos OA e OB cantaram pelas ruas, esta-
belecimentos públicos e comerciais de Ermesinde,
na companhia de alguns familiares que aderiram à
iniciativa.
Fez no passado dia 16 de janeiro, cem anos, que reuniu, em Paris, pela primeira vez, o Conselho da Sociedade das Nações,
marcando, assim, oficialmente o início de atividade desta importante instituição internacional que nasceu no contexto da
Conferência de Paris, quando foram elaborados os Tratados de Paz, no final da Primeira Guerra Mundial, com o principal
objetivo de evitar novas guerras. A Sociedade das Nações nasceu seis dias antes, a 10 de janeiro de 1920, quando entrou
em vigor o Tratado de Versalhes, com que terminou formalmente a I Guerra Mundial.
A
Alemão, Austro-húngaro, Paz recebeu as “Instruções
Russo e Otomano que da- Gerais” do seu governo.
riam origem a novos paí- Três dias depois, Portugal
ideia de cons- ses independentes, sobre- foi eleito para a Comissão
tituição de tudo no centro e no leste da Sociedade das Nações.
uma tal orga- Europeu. Deste modo, a No dia 12 de mar-
nização sur- realidade política e étnica ço de 1919 Afonso Costa
giu há 102 anos, mais con- foi substancialmente mo- vai substituir o Professor
cretamente no dia 8 de dificada, criando novos Egas Moniz como chefe
janeiro de 1918, e perten- problemas no relaciona- da Delegação Portugue-
ceu ao Presidente Woo- mento entre as nações. sa à Conferência de Paz.
drow Wilson, dos Esta- Efetivamente, duran- Desta nova delegação fa-
dos Unidos da América, te a “Conferência de Pa- ziam parte, também, des-
que, tendo em vista a pre- ris”, reunida na primeira tacadas figuras políticas
servação da paz mundial, metade do ano 1919, seria da República Portugue-
dado que o mundo se en- fundada a Sociedade das sa, como Augusto Soa-
contrava ainda em plena Nações, com o objetivo res, Norton de Matos, Jai-
1.ª Guerra Mundial, apre- prioritário de estabelecer me Batalha Reis, Freire
sentou, em mensagem que uma nova ordem mundial, de Andrade, João Chagas,
enviou ao Congresso nor- em que as relações entre Primeira Reunião do Conselho da Sociedade das Nações em Genebra (in “umapaginadehistoria. Augusto de Vasconcelos,
te-americano, 14 medidas blogs.sapo.pt”) no dia 14 de novembro de 1920, estando presentes (da esquerda para a direita) os
estados seriam reguladas Teixeira Gomes, Vieira da
representantes do Brasil, Espanha, Itália, França, Bélgica, Sir Eric Drummond (diplomata britâ-
uma das quais apontava pelo direito internacional, nico e Secretário Geral da SDN), Grã-Bretanha, Japão e Grécia Rocha, Botelho de Sousa
precisamente para uma or- evitando-se assim o recur- e Álvaro de Castro. Afon-
ganização supranacional, so à guerra para resolução so Costa insurge-se contra
no pós-Guerra, que pro- dos conflitos. A sua sede tes: Argentina, Austrália, tempo depois, da SDN) e definitivamente em causa a pouca importância que é
curasse resolver de forma foi temporariamente em Bélgica, Bolívia, Bra- membros não permanen- com o eclodir da 2.ª Guer- atribuída a Portugal e ba-
arbitral e justa os confli- Londres, passando a fun- sil, Canadá, Chile, China, tes que iam sendo nomea- ra Mundial, em 1939, vin- te-se pelo reconhecimen-
tos entre nações, evitando cionar, a partir de 1 de no- Colômbia, Cuba, Checos- dos periodicamente pela do a ser dissolvida no fi- to do esforço que Portugal
o recurso à Guerra. vembro de 1920, no Palá- lováquia, Dinamarca, El Assembleia da SDN. nal da 2.ª Guerra Mundial fez nesta guerra e pela sua
Contudo, fundada a cio Wilson, em Genebra. Salvador, França, Grécia, A Sociedade das Na- com a fundação da Orga- condição de país vencedor.
SDN, os Estados Unidos Os seus órgãos, retomados Guatemala, Haiti, Hon- ções não deixou de re- nização das Nações Uni- A sua determinação e
acabariam por não fazer mais tarde pela Organiza- duras, Índia, Itália, Japão, presentar uma excelen- das (ONU). força argumentativa aca-
parte da organização, uma ção das Nações Unidas fo- Libéria, Noruega, Panamá, te e revolucionária ideia bam por ter frutos diplo-
vez que o Congresso Nor- Paraguai, Pérsia, Peru, Po- da diplomacia internacio- Afonso Costa eleito máticos. No dia 18 de
te-americano não deu o seu lónia, Portugal, Roménia, nal pelo facto de criar uma presidente da As- novembro de 1920, em
aval, porque não concor- Sião, Espanha, Suécia, plataforma de negociação sembleia da Socie- Genebra, o chefe da dele-
dou com todo o clausula- Suíça, África do Sul, Rei- onde todas as nações deve- dade das Nações gação portuguesa, Afon-
do do Tratado de Versalhes no Unido, Uruguai, Ve- riam estar representadas e so Costa, é nomeado para
e também não se mostrou nezuela, Jugoslávia. onde se procurava, de uma Há 94 anos, Afonso o cargo de Vice-Presiden-
disponível para assumir to- A primeira sessão do forma legítima e o mais Costa, o prestigiado po- te da Comissão de Organi-
dos os compromissos que a Conselho da Liga teria lu- imparcial possível, pro- lítico republicano portu- zação Jurídica da Liga das
integração na SDN impu- gar, em Paris, no dia 16 de mover a manutenção da guês (deputado, ministro Nações.
nha aos estados-membros, janeiro de 1920. Tal como paz a nível mundial. E, na e, várias vezes, chefe de E, já nos finais da Pri-
uma vez que, segundo o acontece com o Conselho verdade, ao longo da sua governo) foi eleito para o meira República, mais
Congresso, esta adesão de Segurança da ONU, o primeira década de exis- importante cargo de Presi- concretamente a 8 de mar-
obrigava os Estados Uni- Conselho tinha membros tência conseguiu resolver dente da Assembleia Ex- ço de 1926, Afonso Cos-
dos a alterarem os princí- permanentes (os grandes vários conflitos e tensões traordinária da Sociedade ta seria mesmo eleito Pre-
pios tradicionais da sua po- vencedores da Primei- territoriais. Mas na década das Nações (SDN). sidente da Assembleia
Afonso Costa, Presidente da As-
lítica externa. sembleia Geral da SDN em 1926 ra Guerra Mundial, no- seguinte (1930), a Grande Recorde-se que Afon- Extraordinária da SDN.
De facto, uma vez ter- meadamente a Grã-Bre- Depressão e o surgimento so Costa liderou a delega- Contudo, o triunfo da Re-
minada a Primeira Grande ram: o Secretariado, Con- tanha, França, Itália e de diversos regimes auto- ção portuguesa nas Con- volução Nacional de 28
Guerra foi necessário reor- selho, Assembleia Geral, Japão; mais tarde juntar- ritários na Europa, como o ferências de Paris, a partir de Maio de 1926, em Por-
ganizar todo o mapa polí- Tribunal Internacional de -se-lhe iam a União Sovié- Fascismo Italiano e o Na- de março de 1919, quan- tugal, retirou-lhe o po-
tico da Europa e estabe- Justiça e Comissões espe- tica e a Alemanha. O Bra- zismo Alemão, minaram do na capital francesa se der de representar o nosso
lecer-se uma nova ordem cializadas. sil também reivindicou a completamente o seu cam- tratava de negociar a Paz país naquela organização,
internacional. Os Tratados Os 39 Estados-mem- sua inclusão nos membros po de atuação. com os principais derrota- que, apesar de ter fracas-
de Paz assinados em 1919 bros originais da Socie- permanentes, mas não foi O facto ainda dos EUA dos, a Alemanha e o Impé- sado, haveria de inspirar
e 1920 alteraram profun- dade das Nações que no aceite; quando se tratou não a integrarem e de ser rio Austro-Húngaro. o nascimento da ONU,
damente o mapa políti- dia 10 de janeiro de 1920 da entrada da Alemanha, obrigatória a unanimida- No dia 24 de janeiro cujo Secretário-Geral é,
co europeu, com a desin- fundaram esta novel orga- votou contra, acabando de de decisões limitou a de 1919 a Delegação Por- atualmente, o português
tegração dos impérios: nização foram os seguin- por se isolar e sair, pouco sua eficácia que foi posta tuguesa à Conferência de António Guterres.
31 de JANEIRO de 2020 • A VOZ DE ERMESINDE História 25
Os Reiseiros
JACINTO SOARES 1
Actualmente, um pouco por todo o país, ainda é tradição, neste mês de Janeiro, cantar os “Reis”. Mas há quase dois séculos, quando S. Lou-
renço de Asmes ainda integrava o concelho da Maia, existiam os “Reseiros”. Uma manifestação teatral antiga, que teve como berço as terras da
Maia e sobre a qual muito se tem escrito e investigado. Sobre a sua origem, querem alguns que ela se vá buscar ao teatro primitivo da penínsu-
la, nomeadamente ao território português, outros ao período seiscentista, enquanto o Professor António Cruz refere que este auto foi composto
em 1815, por um padre de Nogueira e representado pela primeira vez em Milheirós.
Não há dúvidas que foi nas outras freguesias foram te, comparando a estrutura do quatro actos, contrariamente portantes dessa zona, como a 1
Este artigo (texto e foto)
nas «Terras do Lidador» que amados e perseguidos pelas auto transcrito nos «Temas a este que tem cinco; Hero- do «Caixa», do «Vicente» e baseia-se na publicação do
estas representações culturais, autoridades, por motivos re- Maiatos», que o seu autor diz des, no da Maia, morre preci- algumas vezes na do «Caeta- autor, “Ermesinde: Memó-
que têm como tema central o ligiosos e de ordem pública. ser fruto de uma reconstitui- samente no fim, enquanto nos no». A eira e o carro de bois rias da Nossa Gente”.
nascimento de Cristo, se ma- Pelo que conseguimos ção, feita a partir de um es- representados aqui, este figu- funcionavam como palco, ha- 2
Publicações, de carác-
nifestaram, se expandiram e apurar, sempre se represen- tudo de vários exemplares e rante com voz de trovão, per- vendo necessidade, por vezes, ter histórico, publicadas pela
enriqueceram. A este enredo tou na nossa terra o auto do como aconteceu em algumas Câmara da Maia. «Os reisei-
de carácter religioso foram-se nascimento do Menino Deus, a que assistimos nos anos ses- ros» são o tema sete.
acrescentando, contudo bu- quer com grupos aqui consti- senta6, na eira do Vicente, de 3
Um ermesindense, já fa-
chas e ditos brejeiros, mesmo tuídos, quer com outros vin- se construir, em madeira, uma lecido, muito ligado à cultura
apartes, dirigidos ao público, dos das freguesias vizinhas. bancada para o público. e ao associativismo da nossa
acrescentamentos estes, que Os cenários e o espaço eram, Os ensaios faziam-se na cidade sobretudo aos Escutei-
tanta polémica geraram, em- também, os mesmos: a eira, casa de Manuel Almeida, «O ros, que muito nos ajudou na
bora, valha a verdade, tornan- o quinteiro, a casa da eira, de Pisco», ali perto, frente à ac- realização deste trabalho.
do estas representações mui- onde saíam os actores, o car- tual PSP e a cuja família per- 4
Segundo Álvaro Oliveira
to mais atractivas e singulares ro de bois sem fueiros e por tenciam alguns actores. Um (1983), casco é o nome popu-
aos olhos da população. vezes uma colcha a servir deles fazia de Bambalho. lar dado a uma comédia ligei-
No Porto, são vários os de pano de fundo, neste pal- Na memória do público ra, ou entremez, representada
relatos a dar-nos conta da sua co tão singelo. Segundo Fer- ficaram não só o nome dos na Maia, por alturas do En-
passagem, no século XIX, pe- nando César Vale3 um dos grandes intérpretes e das figu- trudo. Aqui, a palavra casco
los seus teatros e até dos inci- requisitos para a escolha das ras que representavam, como refere-se a um esqueleto de
dentes que, amiudadas vezes, casas agrícolas era ter «uma algumas cantilenas e frases obra, escrita à mão. Esta ter-
provocavam. Na memória eira com três entradas». Os célebres. Quem não se lembra minologia usa-se muito quan-
destes citadinos ficaram, até actores representavam figuras de um «Martelo», com o seu do se fala dos reiseiros.
hoje, as histórias jocosas e hi- como Herodes, Bambalho, a aspecto imponente e a sua voz 5
Para o Professor Antó-
lariantes e as anedotas pican- Fama Ligeira. S. José, Pila- de trovão na pele de Herodes? nio Cruz (1989) foi o padre
tes associadas à passagem tos, Virgem, etc. Uma mistura E que bem encarnava e Lamas, abade de Nogueira,
destes actores populares. agradável como afirmamos, representava esse rei judeu quem compôs este auto, em
Álvaro Aurélio Oliveira, entre o religioso e o profano. que queria degolar todos os 1815, tendo o mesmo sido,
nos «Temas Maiatos»2 defen- O auto original, que teria inocentes, o conhecido mo- depois, acrescentado e re-
de que os reiseiros são oriun- sido «Os Três Reis Do Orien- Os reiseiros em actuação, numa casa de lavoura da Cancela leiro de Ermesinde - O Car- formado, pelo abade de Mi-
dos de Nogueira da Maia e te» foi assim adaptado, acres- valhal (Panelas), com aquelas lheirós, João Vieira Neves da
que daí se propagaram às fre- centado, conforme o gosto, palavras terríveis de Herodes7, Cruz. Foi representado, se-
guesias de Barreiros, Moreira ou o interesse das várias com- fragmentos, recolhidos em lo- manece vivo. Para um melhor que amedrontavam os cora- gundo o mesmo autor, pela
e a outras freguesias vizinhas. panhias ou grupos, pelo que, cais dispersos, mas com inci- e mais cabal conhecimento ções mais sensíveis, como es- primeira vez, nesta última fre-
como diz Álvaro Oliveira no dência no auto dos «Três Reis desta actividade cultural nesta tas: «Por estas barbas te juro, guesia da Maia, em1867.
Aqui, cedo já citado livro, «se torna im- Do Oriente», depois das mo- terra vamos falar de três dos quem nasceu há-de morrer...». 6
Os «Reis» de 1966/68,
surgiram possível fazer a reconstituição dificações que lhe introduzi- mais importantes centros de Outros personagens que aqui, realizados tiveram como
os reiseiros fiel dos autos, dramas e cascos4 ram os padres Costa Lamas e difusão, pelo menos no que integravam este auto, relacio- ensaiador o Sr. Nogueira, um
do repertório dos «Reiseiros». Neves Da Cruz5, detectamos toca ao período em que o seu nado com a natividade, eram, homem ligado, desde há mui-
A nossa terra, com raízes A época de ouro dos rei- algumas diferenças signifi- desenvolvimento foi maior. para além de Herodes e da to, ao teatro ermesindense e
culturais muito profundas a seiros ermesindenses, se é cativas: Assim, pela análise Rainha, o príncipe, o Bamba- os fundos conseguidos eram
estas povoações maiatas e so- que assim os podemos cha- que fizemos aos que nos pas- Os reiseiros lho, os dois capitães, a Fama destinados a subsidiar as fes-
bretudo pela sua proximida- mar, foram os finais dos anos saram pelas mãos, concluí- da Cancela Ligeira, o Anjo e o Juiz-de-Fo- tas do Menino Deus.
de e ligação a Nogueira, que trinta, e as décadas de quaren- mos que o que mais se pare- ra. Figuras histórico-religio- 7
Agradecemos à D. Emí-
se julga foi seu berço, teve ta e cinquenta. Neste perío- ce, em termos de estrutura e Neste antigo lugar de Er- sas, como se vê, à mistura com lia Bento que, na época a que
igualmente, durante anos, a do, pelo que conseguimos sa- número de personagens, com mesinde representaram-se, protagonistas representativos nos reportamos, desempenha-
existência dos seus reiseiros ber, existiam dois cascos: um o atrás referido auto transcri- durante anos, as «reisadas». do povo e de carácter profano. va o papel de rainha, todo o
e a convivência com grupos na parte norte e outro na par- to nos «Temas Maiatos», é Estes eventos realizavam-se apoio que nos deu, para a
das imediações. Aqui, como te sul da cidade. Curiosamen- o do Palmilheira. Todos têm nas casas agrícolas mais im- (continua) elaboração deste capítulo.
CASA VERDE Ga
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ENTREGA DE GARRAFAS DE GÁS AO DOMICÍLIO
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26 Crónica A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
C
resposta, chama o emprega- ta obrigatória o Núcleo Mu- lavras de Português. Despe- sigo para o parque de cam- em madeira para os turis-
do e sou convidado para os seológico do Mercado dos ço-me. Recebo no meio de pismo que fica a meio cami- tas tirarem a foto da pra-
acompanhar. Já estavam no Escravos. Visito a Praia de um sorriso “Que os santos nho do Cabo de São Vicente. xe. De tão alta que é, al-
om a manhã fim da refeição e, assim, po- D.ª Ana e a Ponta da Pieda- te acompanhem!”. Fui ver a Depois do banho e já guns têm que ter ajuda pa-
dormida es- deria lá continuar. Casal Es- de, Praia da Luz e Burgau. praia. Praia pequena, encon- sem o fato de ciclismo, vou ra a subir. E eis que todos
tava na altu- panhol de Bilbau. Amavam Volto para a N125. A trada no fim de um caminho até ao Cabo de S. Vicente. correm para o exterior. Es-
ra de visitar a o Porto. Estavam a percor- paisagem vai mudando. As por entre canavial e vegeta- Pelo meio do percurso pá- tava a acontecer o ocaso do
aldeia do Alvor. rer a nossa costa. Contei-lhes terras ainda são mais secas. ção rasteira. A linha de água ro para admirar as falésias rei astro. Um silêncio re-
Sendo as suas raízes de das minhas andanças e eles Quase nem erva cresce. Após já não leva quantidade sufi- e o mar, a fortaleza de Be- cortado pelo vento. No seu
origem moura e seu domínio das suas, com que fizeram subir uma elevação o ar tor- ciente para romper as dunas liche e a sua praia. Chego términos entoou uma ova-
durante vários séculos, o seu que usufruísse da sua ótima na-se mais fresco. Deixo de de areia que bloquearam a sua por fim ao cabo. A estrada ção de palmas, como se tra-
nome deriva do antigo nome companhia toda a refeição. sentir calor. O vento é mais foz. Não há bares, nem salva- ladeada por bancas de rou- tasse do fim de uma peça
árabe“Al-Bûr”. O seu caste- Despedimo-nos. forte, a cor do terreno muda -vidas, mas também não está pas, pelas roulottes de co- de teatro, ou de uma ópe-
lo é conquistado pelos exér- No dia seguinte a rota para um vermelho ocre e o concessionada. Meio selva- mes e bebes. Muita gente. ra. Voltei na bicicleta, ora
citos do rei D. Sancho I em seria até Sagres. Saio por verde que se vê é de canaviais gem, meio familiar. Voltei pa- Quais formigas, desbravan- indo pela direita ou saltan-
1189. Hoje é uma aldeia pis- volta das 8 h rumo à EN onde correm pequenas linhas ra a estrada para chegar a Vi- do caminhos para a melhor do para o meio da via. Re-
catória e turística. Com a sua 125 seguindo pela M531-1. de água. Páro em Budens. O la do Bispo e desta a Sagres. foto ou selfies. No extre- cordei-me das palavras do
Igreja Matriz do século XVI, Passo pelo Penina Hotel & Intermarché está cheio de es- De Vila do Bispo a Sagres a mo do promontório rocho- amigo da Fuzeta. “Amigo,
com três morabitos (Altares Golf Resort. Hotel onde foi trangeiros, alguns vestidos à N268 tem um piso excelen- so, o Farol, situado no inte- vais ao contrário, quando
Islâmicos) anexos à mesma. assinado a 15 janeiro 1975 moda tradicional das suas ori- te. Uma reta enorme, ladeada rior de um forte. A praça foi virares para norte vais apa-
Foi aqui que D.João II fale- com os três movimentos de gens. Parece que entrei pa- pela antiga estrada. Depois da tomada por um bar/restau- nhar o vento de frente. Vais
ceu em 1495. D. Manuel ele- libertação de Angola o acor- ra um cenário de um qual- visita à Fortaleza de Sagres, rante. Uma grande cadeira sofrer”.
vou-a a sede de concelho, só do para a independência da quer filme. Dizem-me que
perdendo o seu estatuto nos mesma. Achei o Hotel e os estão nas Villas da praia da FOTO MANUEL FERNANDES
inícios do século XIX. A par- seus campos de golfe des- Salema, mas para visitar an-
te antiga, com as suas ruas leixados. Não sei se foi por tes a aldeia da Figueira e a sua
estreitas e de piso empedra- ter visto outros mais atuais. praia. Assim fiz. Aldeia típica
do, viu a maior parte dos pi- Por castigo, voltei a furar. Algarvia, quase já em extin-
sos térreos das habitações se- Era a última câmara de ar ção. Casas térreas, nas solei-
rem transformados em esta- que tinha. E logo num do- ras das janelas com cortina-
belecimentos comerciais. À mingo. Em Lagos tinha uma dos rendados, pendem vasos
noite as suas ruas estão api- loja Sport-Zone. Passo por de flores. Ruas estreitas. Não
nhadas de gente onde o lin- Odiáxere e rumo a Lagos. há bares nem cafés. Meio tas-
guajar de português é dimi- Vou direto ao supermerca- cos meias mercearias. Mesas
nuto. Os antigos pescadores do Continente. A Sport-Zo- e bancos de madeira não tra-
são agora proprietários ou ne já não vendia qualquer ar- tada. Turistas de copo na mão
empregados dos restauran- tigo de ciclismo. Consulto sentados nos degraus das ca-
tes onde imperam os pratos o mapa e só tinha em Por- sas. Entro e peço um sumo.
de peixe. As filas de espera timão. Voltar para trás esta- Ouço um pedido “Errrme-
para o jantar cruzam-se umas va fora de questão mas fa- linda um caneco de vim …
nas outras, perdendo-se a no- zer quilómetros sem contar please”. A indomável D. Er-
ção de qual é para determi- com um furo era meio idio- melinda responde-lhe. “por-
nado restaurante. Às 20 h cá ta. Vou para o centro da ci- faa…vor ” Lá recebe vin-
estou eu numa das filas, nem dade. Encontro uma oficina do da rua “per fuvor” e uma
escolhi o restaurante. Esta fi- aberta, que por sorte aluga- sonora gargalhada. Olho es-
la levar-me-á a algum. São va bicicletas e contei-lhes o pantado, com um sorriso pa-
22 h 18 m, quando me per- meu problema. Simpatica- ra a D.ª Ermelinda. Diz-me
guntam quantos somos. À mente cedem-me uma câ- ela “Sabes, não me preocu-
resposta de que só sou eu, mara de ar. Percorro a cida- po em saber a língua deles,
torce-me o nariz. Um casal de já descansado. Para além mas eles quando daqui se vão
numa mesa, que ao ouvir a do castelo temos como visi- embora já sabem algumas pa-
A
comandante-chefe Magui- pe ronga Matibejana que, res africanos). Durante os Aqui chegados, os homens conselheiro daquele, Mahu-
guana, valente régulo da et- perseguido pelas forças lu- três dias de marcha força- dos régulos dissidentes recu- ne, e Queto, tio do mesmo,
nia Khosa, à frente de cerca sas, se havia acolhido sob a da até ao objectivo foram- sam-se a avançar no terreno, por os considerar os prin-
de 10.000 homens equipa- sua protecção. Tal gesto de -se-lhe juntando vários ré- tal o terror que Gungunha- cipais instigadores da rebe-
partir da- dos com cerca de 2.000 es- fraqueza levou a que uma gulos dispostos a comba- na ainda lhes inspira. Pelas lião. Não satisfeito com o
qui (Ma- pingardas. Dada a táctica do boa parte dos seus súb- ter o seu ex-líder. 7 horas da manhã, o major fuzilamento, ainda manda
gul), as quadrado utilizada pelas tro- ditos, ainda aliados, não Tentando evitar a sua Mouzinho de Albuquerque que os seus corações sejam
tropas pas portuguesas e a superior se sentindo seguros sob a captura e desmobilizar a co- e os seus combatentes bran- trespassados por uma espa-
portugue- qualidade do seu armamen- sua protecção, tenha deci- luna cuja dimensão ele pró- cos, decidem entrar na cer- da. Pelas 10 horas, Chaimite
sas lançam-se numa verda- to, as forças de Gungunhana dido apresentar-se e pres- prio desconhece, Gungunha- ca ou paliçada que rodeava estava completamente des-
deira campanha de terror, saem derrotadas de mais este tar vassalagem aos portu- na ainda chega a enviar, por a aldeia, por uma porta onde truída e a coluna regressou,
incendiando e saqueando confronto. Distinguiu-se na gueses. Face a todos estes duas ocasiões, emissários só cabia um homem de ca- com os prisioneiros, à lan-
tudo o que era aldeamen- preparação desta coluna, tal insucessos, o Leão de Ga- seus ao encontro de Mou- da vez. Surpreendidos e ate- cha-canhoneira Campelo,
to indígena circunvizinho como já o havia feito na de za, imperador Gungunha- zinho de Albuquerque, com morizados os cerca de 300 comandada pelo tenente Ál-
e suas culturas, levando a Marracuene, o tenente Aires varo José de Sousa Soares
que alguns dos seus che- de Ornelas, tendo, “com ga- de Andrea, ancorada no rio
fes, intimidados, se tives- lhardia”, participado, igual- Limpopo.
sem apresentado a prestar mente, nos combates. Este episódio de Chai-
vassalagem. No dia 11 de Novem- mite, pela crueldade de que
Gungunhana, que es- bro, a mesma coluna, ago- se revestiu, acaba por man-
perava poder contar com o ra reforçada com mais uma char aquela aura de heroi-
apoio dos ingleses, de quem, centena de homens, atinge cidade com que o Estado
aliás, noutras ocasiões, até Manjacaze, sem qualquer Novo a vinha apresentando,
chegara a receber armamen- oposição, encontrando a realçando a perfídia vátua.
to variado, e não lhe sendo residência (Kraal) de Gun- Ora, num relatório intitula-
este disponibilizado, contra- gunhana completamente do “A Marinha de Guerra
riedade a que se aliava ago- abandonada e a população na Campanha de Louren-
ra a deserção de alguns dos quase toda em fuga. O co- ço Marques contra o Gun-
seus régulos que, assustados, ronel Galhardo ordena, en- gunhana 1894-1895”, pu-
como se disse, se apresenta- tão, às suas tropas auxilia- blicado nos “Anais do Clu-
ram a prestar vassalagem aos res africanas a pilhagem be Naval de 1897-1898”,
representantes do governo da povoação, seguida de Soares Andrea apelida o
português, começou a sen- incêndio e destruição das evento de “Chaimitada” e
tir o seu poder enfraquecido, culturas agrícolas. tenta desmascarar a heroi-
considerando-os traidores. Todo este clima de ter- cidade de Mouzinho de Al-
Como se isto não bastasse, ror e devastação levou a buquerque como uma me-
a fome que então grassava que mais uns quantos ré- ra operação temerária pe-
e a necessidade de proceder gulos (chefes de tribo) ain- rante um adversário que já
às sementeiras agrícolas pa- da renitentes, até aí fiéis a se tinha efectivamente ren-
ra sustento dos combatentes Gungunhana, se apresen- dido. É este mesmo Soares
e suas famílias fizeram com tassem a prestar vassala- de Andrea que, em artigo
que muitos dos seus homens gem. Vendo-se este cada publicado no jornal “O Li-
desmobilizassem, abando- vez mais isolado e enfra- beral” de 27 de Dezembro
nando as fileiras, levando a quecido, decidiu refugiar- de 1908, escreve sobre os
que o seu anterior exército -se em Chaimite, aldeia sa- fuzilados Mahune e Queto:
cifrado em cerca de 40.000 grada para os vátuas, onde “morreram heróica e cora-
homens, não passasse ago- se encontrava a campa do josamente e, ao caírem fu-
ra dos 13.000. seu avô, Manicusse, fun- zilados, a cada um por sua
Depois de Magul, e já dador do Império Gaza. vez foi-se a eles o tenente
em confronto directo com Tomada e destruída de artilharia Aníbal Miranda
Gungunhana e as forças de Manjacaze, o Comissário e espetou-lhes uma espada
Gaza, o comissário régio Régio António Enes orde- no coração, praticando as-
António Enes manda o co- na a perseguição, captu- sim em frente aos soldados
ronel António Galhardo, à ra ou morte de Gungunha- sevícias sobre moribundos
frente de uma nova coluna na. Para o efeito, confere indefesos, facto que consti-
militar composta por 600 plenos poderes ao major tui grave infracção das leis
oficiais e soldados europeus de cavalaria Mouzinho de da guerra, punível com pe-
e 500 auxiliares africanos Albuquerque, a quem no- na de morte pelas leis mili-
equipados com 38 carros de meia, em 10 de Dezembro tares”. E prossegue, dizen-
combate e 6 canhões, atacar desse mesmo ano de 1895, na, terá mesmo decidido presentes, juras de amiza- homens armados de espin- do que “os fuzilados mere-
a capital do império de Ga- governador do recém-cria- render-se, notícia que che- de e arrependimento. Da gardas do regimento (man- ciam ter uma estátua erguida
za, Manjacaze, local sagra- do distrito militar de Ga- gou ao conhecimento do primeira vez, manda entre- ga) Zinhone Muchope (Aves pelos partidários da causa
do para os vátuas (ngunis) za. Ora, Gungunhana pres- governador Mouzinho de gar 560 libras de ouro e al- Brancas), que constituíam o por que lutaram sem virar
e onde, oficialmente, resi- sentindo a derrota iminen- Albuquerque, nas véspe- guns dentes de marfim; da último reduto da defesa de a casaca, vátuas de têmpe-
dia o seu imperador. Antes, te, ainda tenta aplacar os ras do Natal de 1895. Po- segunda cujo emissário é o Gungunhana, não esboçam ra que souberam morrer no
porém, de ali chegarem, a ânimos dos portugueses, rém, como este estava de- seu próprio filho primogé- qualquer resistência e, sa- seu posto e aos quais o co-
cerca de 7 km de Manjaca- entregando-lhes, em 13 de terminado a capturá-lo ou nito, Godide, 510 libras de bendo que o seu líder se iria mandante da Capelo tributa
ze, mais precisamente no va- Dezembro, em Chissano, a executá-lo, decidiu, no ouro e 63 búfalos. Porém, entregar, fogem. a mais sincera admiração”.
le de Coolela, no dia 7 de Gaza, um dos seus coman- dia de Natal, avançar pa- o major Mouzinho de Al- Detido e humilhado o (continua)
Novembro de 1895, dá-se dantes militares mais pro- ra Chaimite, à frente dum buquerque não se detém e, imperador Gungunhana,
o confronto com as forças curados por aqueles pelo pequeno grupo de comba- na madrugada de 28 de De- Mouzinho de Albuquer- Nota: o autor opta por
de Gungunhana, sob o co- já referido ataque a Lou- tentes (2 tenentes, 1 médi- zembro, alcança, finalmen- que manda fuzilar imedia- utilizar a grafia anterior ao
mando do seu prestigiado renço Marques, o prínci- co, 49 praças e 200 auxilia- te, as paliçadas de Chaimite. tamente e sem julgamento o Novo Acordo Ortográfico.
28 Crónica A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
A Dama do Violoncelo
GLÓRIA LEITÃO
“T
sem lágrimas, que foi ela música requeria muita, outros sonhos e o maior de so guardando dentro de si be foi construído em cima
que teve que os lavar, que mas muita coragem soma- todos: que as suas filhas e das suas entranhas histó- da amizade que se transfor-
os vestir e ver enterrar. da a outra tanta determina- tivessem um lugar segu- rias de aventuras maravi- mou em amor.
Cumpriu a promes- ção para enfrentar (acima ro para assentar e ramifi- lhosas e desventuras trági- Numa das quadras de
o q u e i sa que fez a seu pai e cui- de tudo) estigmas de uma car das raízes que lhes de- cas mas que em nada lhe um Livro de Curso de 1955
violonce- dou da mãe no tempo de sociedade burguesa, der- ram origem, construindo tira a beleza, a força e o pode ler-se o que escreveu
lo na Or- vida que lhe pertenceu até a então jovem do violonce-
questra que fosse repousar jun- lo, ao companheiro que es-
Sinfónica to dos que “já lá estavam” colheu para a acompanhar
do Porto”, foi das primei- só que a par disso (e se ca- na sua caminhada:
ras coisas que disse quan- lhar sem disso se dar con-
do me foi apresentada esta ta), os desgostos serviram «Mas fora de brinca-
senhora de estatura fran- para lhe solidificar a cora- deira
zina mas de porte eleva- gem em que alicerçou tudo Melhor moço não há.
do. Senti que por ali have- aquilo que haveria de ser, Amigo certo e seguro
ria história, muita história e é: uma dama com pul- Pronto para tudo está.»
de vida, ao longo dos seus so de ferro, dentro de um
já 91 anos. E fiquei assim coração que só agora dei- É gratificante perce-
ligada a um desafio que xa que lho invadam no seu ber que ainda assim é. O
nunca pensava voltar a sentir mais profundo. dia não começa sem um
abraçar: fazer companhia Sir Alex Huxley di- “bom dia amor”. Cuidam
a dois seres encantadora- zia que “Se calhar é bom do bem-estar um do outro
mente madurinhos a quem sofrer. O artista pode fa- e um só fica bem, quan-
posso levar e adicionar zer alguma coisa se for fe- do o outro está bem. Ape-
alegria e até esperança no liz? Ele vai querer fazer? sar de gostos distintos, um
despertar para alguns dos O que é arte, afinal, senão dos que lhes é comum é a
momentos em que junti- um protesto contra a hor- paixão pela música, visí-
nhos têm completado dias rível crueldade da vida”. A vel no êxtase que lhes per-
de calendário e de vida. arte terá sido um dos cami- cebemos quando ouvem o
Assim se transformava nhos que a menina e depois som de uma orquestra.
serviço em aprendizagem moça, encontrou para ame- Nos momentos de es-
que me devolveu a von- nizar a dor e a crueldade cuta, até no calar de cada
tade de colocar em textos, das suas perdas – primei- um, dei por mim a sentir-
com rostos encriptados ro na pintura, exposta em -me grata por ter encontra-
na escrita de aventuras, quadros que se espalham do o sentido de que preci-
que também não existem pelo charme de uma casa sava para o meu tempo sem
sem desventuras e estas, a cheia de história e depois sentido e onde cabe tanto
dama do violoncelo tinha- na música, com a formação dos outros e de mim. Grata
-as gravado na sua alma feita em conservatório em também fiquei por ter vol-
desde tenra idade – os seus tempos em que “meninas” rubando paradigmas, con- as suas próprias famílias, respeito por tudo aquilo tado a encontrar a vontade
6 aninhos quando foi en- seriam só meninas e depois ceitos e valores que foram seguindo os seus sonhos que é e representa. de teclar texto como se fos-
viada para um colégio in- senhoras, dedicadas à famí- sendo enraizados ao longo e também as suas espe- Por trás de uma gran- se um piano por onde dedi-
terno, de consolidada re- lia e ao lar. dos séculos e que não ha- ranças. Conseguiu-o e isso de mulher se estiver um lharia a música que de for-
putação (que ainda em Concordo com o que veriam de desaparecer de acalenta-lhe a alma como grande homem então aí a ma silenciosa acompanha a
tempos de hoje se man- um dia li: a coragem não um momento para o outro. é fácil vislumbrar no seu fórmula é perfeita. Assim minha escrita.
tém). Haveria de sair aos é ausência do medo, é sim A par disso e enquan- semblante quando da sua aconteceu em 1953 quan- Com uma atitude eclé-
15 anos para apoiar a sua a persistência apesar do to se movia com o seu janela olha para todas es- do a dama do violoncelo tica perante a vida e pe-
mãe que emocionalmente medo. Em meados dos violoncelo entre palcos e tas conquistas, banhadas e o apaixonado pela arte rante a música adoto uma
sucumbia ao desgosto de anos cinquenta de um sé- festas onde a música era por um mar que não lhe cénica formalizam uma frase que li algures: “uma
em 3 dias ter perdido dois culo que já passou, agar- soberana, ia cuidando do fica distante e em que tam- união que dura até aos tem- coisa boa sobre a música é
filhos, os irmãos queridos rar num violoncelo e es- seu lar, do seu jardim, da bém ele está ora apazigua- pos de hoje. Está assente que quando ela bate, você
desta menina que conta, já colher como profissão ser sua horta, concretizando do, ora revolto e tumultuo- num respeito que se perce- não sente dor”.
GAZELA
CAFÉ • SNACK • RESTAURANTE
Rua José Joaquim Ribeiro Teles , 2 • 4445-310 Ermesinde • 229 711 488
31 de JANEIRO de 2020 • A VOZ DE ERMESINDE Opinião 29
A
procedentes de vários con- des, com a realização do seu valer a presença da Confe- Para quem faz deste pro- ciativo como um todo, re-
celhos e freguesias do dis- Congresso Nacional, desig- deração das Coletividades cesso de crescimento, a cria- forçando-o nos mais varia-
trito, evidenciando opiniões nado então como um “Con- em espaços importantes da ção de uma força social or- dos aspetos, definindo todo
realiza- diversas, quanto a esse fu- gresso de Mudança” realiza- nossa economia, enquanto ganizada, com o objetivo de um processo de parcerias,
ção de uma turo em discussão, comuni- do em Almada em 1993. realidade concreta de Eco- levar longe essa afirmação com as mais diversas enti-
Conferência cando projetos de trabalho Faz sentido chamar a nomia Social justamente re- social, com dirigentes volun- dades da economia social,
sobre Asso- já em desenvolvimento, to- atenção para o Congres- conhecida, ainda que, a nos- tários e benévolos, que tra- e principalmente com o po-
ciativismo, realizada no pas- dos com vontade de encon- so seguinte, realizado em so ver, insuficientemente. balham gratuitamente e vo- der local autárquico, nos-
sado dia 18, no Porto, sob a trar caminhos para este sé- Loures, em 2001, com um Ao marcar presença em luntariamente, porque assim sos parceiros privilegiados,
responsabilidade da Acade- culo que já leva 20 anos de objetivo fundamental de todos os órgãos nacionais entendem que deve ser, evi- sem a necessidade de qual-
mia das Coletividades do existência. afirmação do movimento as- da economia social, não po- dencia a existência de valores quer princípio de submis-
Distrito, permitiu um deba- sociativo, a nível nacional. demos deixar de salientar a positivos, mas também trans- são de inferioridade. Funda-
te extremamente importante O tempo de tra- Recordar tal realidade integração mais recente no porta dificuldades que esse mental, na nossa opinião, a
para o movimento associati- balho de organi- e porque entretanto se rea- CES, Conselho Económico pequeno período temporal participação do Movimento
vo popular. zação nacional lizaram várias outras ações e Social, que nos tem per- não resolve com facilidade. Associativo na definição de
Discutir temas como o ainda é curto que nos têm vindo a projetar mitido levar à discussão em É longo o processo de políticas públicas para o As-
Associativismo – Desafios para outros patamares orga- sede de debate deste impor- organizar esta, como qual- sociativismo.
do Século XXI e Associati- A pertinência dos temas nizativos, tem o sentido cla- tante organismo nacional, o quer outra força social, com Estimulando a reflexão
vismo no Feminino de uma obriga-nos a recuar cerca de ro, de que para se chegar ao movimento associativo po- todas as normas necessárias em todos os dirigentes as-
forma aberta, responsável e 30 anos, a um tempo em que ponto onde estamos, não po- pular, que até então, muitos para preparar uma estrutura sociativos. Façam ou não,
participada quanto às ques- se desencadeou todo um tra- demos deixar de evidenciar dos seus componentes de nacional, que corresponda às as suas coletividades, par-
tões sugeridas e outras que balho mais apurado quanto à a ideia de que, em tão pou- outros grupos sociais, desco- necessidades mais imediatas. te do coletivo nacional que
Vale sempre como ate- é a Confederação; gostem
nuante altamente positi- ou não gostem dos mé-
va, a valorização das várias todos de funcionamento
experiências adquiridas por deste ou daquele coletivo;
dirigentes, que as transpor- deste ou daquele estilo de
tam das suas coletividades atuação; percebam ou não
no exercício das suas diver- as orientações definidas
sas atividades e responsa- em Congressos, ou outros
bilidades, onde tarimbaram eventos decisórios para
processos de aprendizagem o nosso caminhar. Cons-
ao longo de décadas de ati- ciencializar os dirigentes
vidade, conseguindo assim e amigos que o Associati-
mostrar ser possível sus- vismo existe, é um poder
tentar uma grande força so- fundamental na sociedade
cial organizada. e tem futuro!
…e o século XXI? O caminho é claramen-
Aqui chegados, preten- te o de reforço de toda a es-
demos muito mais para a trutura nacional. Participan-
necessidade de prestar aju- co tempo, se conseguiram nheciam esta outra realidade defesa do movimento as- do nas decisões, discutindo
se juntaram ao leque de da à organização nacional alcançar patamares de re- de organização popular. sociativo, no seu caminhar e aceitando democratica-
abordagem, foi o início de das colectividades, um movi- presentação muito para além no século XXI. Pretende- mente a definição de objeti-
um projeto de debate que se mento existente mas, naquele do que seria imaginável, pe- 20 anos é muito mos, como verdadeiro po- vos, e a execução das medi-
pretende desenvolver conti- espaço de tempo, com pou- los promotores do Congres- tempo. Mas… der que somos, ser parceiros das aprovadas.
nuamente. ca definição de ação conjun- so de Almada, mas que re- nas medidas de intervenção Na medida em que va-
É importante salientar, ta. Uma força nacional, real, fletiam já e positivamente, o Se nos cingirmos a este e mudança social. mos avançando a cada
também, a representação as- que não se via como tal, mas pensamento de então, proje- pequeno período do século Somos de facto uma momento vamos também
sociativa nesta Conferência, a trabalhar numa grande par- tado na capacidade em acre- em que estamos, até pode força social e nacional, dis- acertando nas propostas e
que envolveu a presença de ceria nacional. ditar à época, de que era pos- fazer sentido, para uma so não restam dúvidas. Mas nas respostas necessárias a
várias experiências de di- Para chegar aos tempos sível chegar mais longe. realidade individual. Mas para que tal ideia ganhe esse reforço.
rigentes representativos de atuais, com mais preparação, Repare-se que já é den- numa outra perspetiva de cada vez mais força, neces- .
estruturas associativas, con- contribuiu a afirmação da tro deste século XXI que tal realidade coletiva, é um sitamos de, continuamente, *Confederação Portuguesa
tando também com autarcas organização das coletivida- ação acontece, e que se faz tempo muito curto. pensar o movimento asso- das Coletividades
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30 Direito A VOZ DE ERMESINDE • 31 de JANEIRO de 2020
O
Ora, consta da supra funde com os crimes de para o apuramento dos fac- nal. Consequentemente, o minação da pena a aplicar
aludida norma que atua furto e roubo (art. 203.º, tos alegadamente praticados MP promove a acusação do ao agente, o juiz deve sem-
com abuso de confiança 204.º e 210.º do C.P.), por- pelo agente (cfr. art. 205.º, agente, caso se verifiquem pre optar pela medida não
Código Pe- quem “ilegitimamente se quanto nestes verifica-se nº 3 e 113.º, nº 1, ambos do fortes indícios da prática de privativa da liberdade, des-
nal Portu- apropriar de coisa móvel uma efetiva subtração de C.P.). Nestes casos, o Mi- um ou mais crimes, ainda de que a considere suficien-
guês é cons- que lhe tenha sido entre- coisa alheia contra a vonta- nistério Público encontra- que diversos do(s) enuncia- te e adequada ao restabele-
tituído pela cimento da paz jurídica e
Parte Geral, que integra as reintegração da norma vio-
normas gerais de aplica- lada no ordenamento jurí-
ção da lei penal, e a Parte dico, bem como à reinser-
Especial, que consagra os ção social do delinquente.
factos ilícitos passíveis de Além da responsabili-
responsabilização penal. dade penal do arguido pe-
Os crimes encontram- los factos praticados é, de
-se tipificados em seis igual modo, permitido ao
grandes categorias, quais ofendido deduzir o respeti-
sejam os crimes contra as vo pedido de indemnização
pessoas (ex.: homicídio – cível, com fundamento nos
art. 131.º do Código Pe- danos patrimoniais e mo-
nal), contra o património rais causados pela conduta
(ex.: furto – art. 203.º), do agente, nos termos dos
contra a identidade cultu- artigos 71.º e seguintes do
ral e integridade pessoal Código de Processo Penal.
(ex.: tortura – arts. 243.º Em boa verdade, a re-
e 244.º), contra a vida em ferida possibilidade de
sociedade (ex.: bigamia – dedução do pedido de in-
art. 247.º), contra o Esta- demnização pelos lesa-
do (ex.: traição à pátria – dos é transversal a todo o
art. 308.º) e contra animais tipo de crimes, indepen-
de companhia (ex.: maus dentemente da categoria
tratos a animais de com- que integram e da sua na-
panhia – art. 387.º). gue por título não transla- de do ofendido, sem o seu -se obrigado à abertura de do(s) pelo ofendido na res- tureza particular, semipú-
O crime de abuso de tivo da propriedade” (nº 1), conhecimento, ou mesmo Inquérito apenas median- petiva queixa. blica ou pública, uma vez
confiança encontra-se pre- isto é, o sujeito que se com- com violência. te a participação à autori- De facto, o abuso de que o mesmo facto prati-
visto e punido pelo artigo porta como proprietário de O crime de abuso de dade judiciária, pelo ofen- confiança é punível com pe- cado por determinado su-
205.º do Código Penal, in- uma coisa da qual não é le- confiança tem natureza dido, das circunstâncias de na de prisão até três anos, ou jeito sempre pode gerar, si-
tegrando a categoria dos gítimo dono, sendo apenas semipública. Como tal, a tempo, modo e lugar em que de multa, sem prejuízo do multaneamente, responsa-
crimes contra o patrimó- mero detentor da mesma. apresentação de queixa pe- ocorreram os factos pratica- agravamento da pena consa- bilidade penal e civil.
nio, mais concretamente O crime de abuso de lo ofendido configura o ver- dos pelo denunciado, puní- grado no nº 4 do artigo 205.º
contra a propriedade. confiança jamais se con- dadeiro impulso processual veis nos termos da lei pe- do Código Penal. Na deter- *Advogado
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Contactos Farmácias
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(Creche, Creche Familiar, Jardim de Infância)
De 01/02/2020 a 29/02/2020
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(Fátima Brochado)
(ATL e Apoio ao Estudo)
Dias Farmácia de Serviço
• Gestão da Qualidade Farmácia Confiança 229 710 101 08 Sab Confiança (Ermesinde)
Auxílio e Emergência Farmácia Garcês (Cabeda) 229 670 593
(Sérgio Garcia) Águas de Valongo 224 227 390
Tel. 22 975 8774 Águas de Valongo (Avarias) 808 202 362
Farmácia MAG 229 710 228 09 Dom Alfena (Alfena)
Farmácia de Sampaio 229 741 060
Largo António Silva Moreira, 921 Águas de Valongo (Comunicação de Leituras) 800 205 484 Farmácia Sá da Bandeira 222 074 040
4445-280 Ermesinde B. Voluntários de Ermesinde 229 710 029 Farmácia Sousa Torres 229 722 122 10 Seg Valongo (Valongo)
Polícia de Segurança Pública de Ermesinde 229 774 340 Farmácia da Palmilheira 229 722 617
• Jornal “A Voz de Ermesinde” Polícia de Segurança Pública de Valongo 224 221 795
Tel.s 229 757 611; 229 758 526; Polícia Judiciária - Piquete 225 088 644
Farmácia da Travagem 229 740 328 11 Ter Formiga (Ermesinde)
Farmácia da Formiga 229 759 750
Fax. 229 759 006 Guarda Nacional Republicana - Alfena 229 698 540 Hospital Valongo 224 220 019 / 224 222 804 / 224 222 812
Largo António da Silva Moreira, Casa 2 Guarda Nacional Republicana - Campo 224 119 280 Hospital de S. João 225 512 100 12 Qua Sobrado (Sobrado)
4445-280 Ermesinde Número Nacional de Socorro (grátis) 112 Hospital de S. António 222 077 500
SOS Criança (9.30-18.30h) 800 202 651
13 Qui Villardel (Campo)
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Centro Monit. e Interpret. Ambiental. (VilaBeatriz) 229 774 440
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Secção da CMV (Ermesinde) 229 774 590 15 Sab Marquês da Cunha (Valongo)
Loja do Cidadão de Ermesinde 707 241 107
Gabinete do Munícipe (Linha Verde) 800 232 001
Sede Depart. Educ., Ação Social, Juventude e Desporto 224 219 210 16 Dom Nova de Alfena (Alfena)
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4445-280 Ermesinde Estação da CP Ermesinde 229 712 811 Ecocentro de Ermesinde 229 751 109 17 Seg Palmilheira (Ermesinde)
Evaristo Marques de Ascensão e Marques, Lda 229 736 384 Junta de Freguesia de Ermesinde 229 737 973
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Junta de Freguesia de Alfena......................229 672 650 18 Ter Outeiro Linho (Valongo)
(Manuela Martins) Centro Veterinário Municipal 224 223 040
Tel. 22 973 4943; 22 975 9945; Fax. 22 975 9944 19 Qua Sampaio (Ermesinde)
Travessa João de Deus, s/n
Desporto Ensino e Formação
Clube Desportivo da Palmilheira 229 735 352 Cenfim 229 783 170
4445-475 Ermesinde
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Ermesinde Sport Clube 1936 229 719 259 Escola EB 2/3 D. António Ferreira Gomes 229 733 703/4
• Centro de Ocupação Juvenil Pavilhão Municipal de Ermesinde 222 425 956
(Manuela Martins) Escola EB2/3 de S. Lourenço 229 710 035 / 229 721 494 21 Sex Bemmequer (Alfena)
Piscina Municipal de Ermesinde 222 425 952 Escola Básica da Bela 229 670 491
Tel. 22 978 9923; 22 978 9924; Fax. 22 978 9925
Escola Básica do Carvalhal 229 716 356
Rua José Joaquim Ribeiro Teles, 201 Cultura 22 Sab Travagem (Ermesinde)
Escola Básica da Costa 229 722 884
4445-485 Ermesinde Arq. Hist./Museu Munic. Valongo/Posto Turismo 222 426 490 Escola Básica da Gandra 229 718 719
Biblioteca Municipal de Valongo 224 219 270 Escola Básica Montes da Costa 229 751 757
Fórum Cultural de Ermesinde 229 783 320 Escola Básica das Saibreiras 229 720 791
23 Dom Bessa (Sobrado)
Nova Vila Beatriz (Biblioteca/CMIA) 229 774 440 Escola Básica de Sampaio 229 750 110
Locais Museu da Lousa 224 211 565 Escola Secundária Alfena 229 698 860 24 Seg Ascensão (Ermesinde)
Escola Secundária Ermesinde 229 783 710
de venda Saúde Externato Maria Droste 229 710 004 25 Ter Central (Valongo)
Centro Saúde de Ermesinde 229 732 057 Externato de Santa Joana 229 732 043
• Papelaria Central da Cancela Centro de Saúde de Alfena 229 673 349 Instituto Bom Pastor 229 710 558
- R. Elias Garcia, 638; Centro de Saúde de Ermesinde (Bela) 229 698 520 Academia de Ensino Particular Lda 229 717 666 26 Qua Confiança (Ermesinde)
Clínica Médica Central de Ermesinde 229 752 420 Academia APPAM 20 9 24 4 75 / 918 963 100 / 918 963 393
Clínica de Alfena 229 670 896 Universidade Sénior de Ermesinde 914 670 339 27 Qui Alfena (Alfena)
• Papelaria Cruzeiro 2
Clínica Médica da Bela 229 689 338
- R. D. António Castro Meireles, 21; Clinigandra 229 789 169 / 229 789 170 Emprego
Delegação de Saúde de Valongo 229 732 057 Centro de Emprego de Valongo 224 219 230 28 Sex Valongo (Valongo)
• Papelaria Monteiro Farmácia de Alfena 229 670 041 Gabin. Inserção Prof. do Centro Social Ermesinde 229 758 774
- R. 5 de Outubro, 1225.
Farmácia Nova de Alfena 229 670 705 Gabin. Inserção Prof. Ermesinde Cidade Aberta 229 773 943 29 Sab Formiga (Ermesinde)
Farmácia Ascensão (Gandra) 229 783 550 ADICE 224 219 570
Circuito
dos Trilhos
de Valongo
O Circuito dos Trilhos de Valongo
é constituído por 5 Trails, que decorrem anualmente
nas Serras do Concelho de Valongo
14 e 15 de março
Trilhos do Paleozóico
6 e 7 de junho
2020
* Datas anunciadas no calendário da APTR
Trail dos 4 Caminhos e nos sites das entidades organizadoras
*
25 e 26 de julho
Trail Santa Justa
29 de novembro
Trail Quinta das Arcas
12 de dezembro
Trail Noturno de Valongo