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Problemas ambientais na Baía de Guanabara: um massacre contra a


natureza

A Baía de Guanabara é conhecida mundialmente por ser um dos mais


bonitos cartões postais do Brasil, porém há um imenso descaso com a beleza
natural deste lugar que vem a muito tempo, décadas e séculos, sendo destruída
pela poluição. Os fatores que têm influenciado neste aumento de degradação
ambiental são: a falta de planejamento da ocupação urbana no entorno da baía,
desmatamento da flora ciliar, assoreamento e canalização dos rios que
desaguam nela e ainda a falta de investimentos eficientes para um tratamento e
descarte correto destes resíduos líquidos e sólidos.
Quando nos referimos a ocupação desordenada na região, onde está
localizada a baía, estamos falando dos 9 milhões de habitantes, de acordo com
o censo 2010 do IBGE, que residem em situação de precariedade, pois muitas
destas residências, localizadas em favelas, não são canalizadas e seu esgoto é
descartado diretamente em valões, ao céu aberto, que percorrem o trajeto rumo
a baía. Existe também como contribuição a este problema a falta de
investimentos governamental para um saneamento básico de qualidade e coleta
de lixo com tratamento/reciclagem adequados.
Segundo a EBC-Agência Brasil.2017, calcula-se que quinze mil litros de
esgoto não tratados (in natura) são jogados por segundo nas águas da baía, e
fazendo um cálculo estimado, sobre este valor, são: 900 mil litros por hora;
21.600 milhões por dia; 151.200 milhões por semana; 4.536 bilhões por mês,
equivalendo ao total de 54.432 bilhões de litros despejados por mês, um
verdadeiro massacre contra o meio ambiente. Apesar da baía estar ligada
diretamente ao Oceano Atlântico, a renovação natural das águas não está
acontecendo e o motivo principal é a grande contaminação da água provocada
por todo este esgoto que nela caem.
Uma das consequências deste descaso é a pouca balneabilidade das
águas, pois as bactérias, protozoários e vírus estão em um volume tão alto que
podem/causam riscos à saúde, provocando várias doenças. Apesar de possuir
oito estações de tratamento, na Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara,
apenas 51 % do esgoto doméstico produzido pela população é tratado, o
restante vai parar nas águas sem nenhum tratamento, sendo o principal agente
poluidor das águas da baía.
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro se desenvolveu ao entorno da
Baía de Guanabara, dessa forma, a construção de um porto foi fundamental para
o crescimento econômico e o desenvolvimento industrial (1930), sendo o
considerado o segundo maior parque industrial do país, na atualidade. Todo este
progresso cobrou o seu preço, pois mais de cinco quilômetros de extensão do
litoral foram aterrados, destruindo praias, falésias, enseadas e pontões,
causando um desastre ambiental sem retorno.
Outra questão que influencia na degradação ambiental são as situações
em que se encontram os rios e riachos, sendo cinquenta e cinco ao todo, que
desembocam aproximadamente 200 mil litros de água por segundo na Baía de
Guanabara. Eles vêm sofrendo com o assoreamento das margens,
desmatamento da mata ciliar e intervenções que fizeram com que alguns deles
desaparecem. A poluição dos mesmos faz parte de uma construção/interferência
histórica entre o homem e a natureza, e seria necessário no mínimo vinte anos,
a partir de projetos eficientes, para que pudesse retornar os níveis bons de
qualidade da água.
No período anterior as Olimpíadas do Rio 2016, houve um compromisso
assumido pelo Governo da época de despoluir 80% da baía, porém, mesmo que
houvesse investimento suficiente e disposições para tal, segundo Mario
Moscatelli, a uma entrevista realizada para a revista Pré Univesp (N°61,
2016/17), ainda assim não seria possível resolver o problema. O que se seguiu
foi a desistência, por parte do governo, do presente acordo, apesar da pressão
internacional e do próprio evento.
Em 2017, segundo o site EBC-Agência Brasil, haviam dois projetos em
andamento que tinham em vista expandir o acesso ao saneamento básico para
os municípios de São Gonçalo e Cidade Nova. “Porém, as mesmas corriam o
risco de serem interrompidas, informou a Secretaria Estadual do Ambiente
(SEA). De acordo com que foi analisado, o site do SEA não informa o andamento
da destas obras, porém sabe-se que na época já estavam, em média, 45% já
concluídas.
Há também projetos em andamentos, ecobarreiras e ecoboats, que visam
a despoluição de lixos sólidos, que ajudam a diminuir o impacto do meio
ambiente. Ambas têm como objetivo captar o lixo que fica boiando na superfície
da baía. De acordo com o SEA, é recolhido cerca de 40 toneladas de lixo por
mês pelos ecoboats, enquanto as ecobarreiras retêm em torno de 230 toneladas
por mês.
Para que algum projeto atinja o objetivo esperado, e se possa de fato
restaurar e equilibrar o uso consciente do recurso hídrico da Baía de Guanabara,
símbolo natural do país, será necessário o envolvimento de uma gestão
compartilhada entre diversos setores, abrangendo tanto o poder público quanto
a população envolvida. São ações de projetos políticos que devem se manter
como prioridade, independentemente dos governos que sucedem os cargos de
cada eleição.

Referências:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-08/despoluicao-da-baia-de-
guanabara-ainda-e-desafio-apos-um-ano-da-olimpiada, acesso 14/05.
http://pre.univesp.br/poluicao-na-baia-de-guanabara#.WxbjdkgvzIU, acesso
14/05.
http://www.inea.rj.gov.br/Portal/Agendas/GESTAODEAGUAS/InstrumentosdeG
estodeRecHid/PlanodeRecursosHidricos/BaiadeGuanabaraAgendaAzul/index.h
tm, acesso 10/05.
http://www.sea.sc.gov.br/, acesso 20/05.
https://marsemfim.com.br/baia-de-guanabara-entenda-poluicao/, acesso 20/05.

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