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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS EM
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O CURSO
NORMAL DE FORMAÇÃO DE DOCENTES.

Maristela Muzzolon Kitor1


Isabel Cristina Neves2

Resumo: O presente artigo tem como objetivos contribuir com futuros docentes em sua prática em
sala de aula, refletindo em torno da importância da formação inicial e continuada para que o trabalho
por eles realizado seja significativo tanto para o aluno quanto para o professor, além do foco na
disciplina de Matemática num contexto mais globalizado, analisando a importância de incorporar
novas metodologias ao seu ensino, como o uso das tendências contemporâneas em Educação
Matemática nas séries iniciais do ensino fundamental, com o objetivo de dar maior significado ao
processo de ensino-aprendizagem, contribuindo para que os alunos possam participar mais
ativamente, num processo dinâmico, tornando as aulas mais interessantes e contextualizadas com a
realidade vivenciada.

Palavras-chaves: Formação inicial. Formação Contínua. Matemática. Educação Matemática.

Abstract: This article aims to contribute to future teachers in their practice in the classroom, reflecting
on the importance of initial and continuing training for the work they accomplished is significant for
both the student and the teacher , in addition to focus in Mathematics in a globalized context ,
analyzing the importance of incorporating new approaches to their teaching , such as the use of
contemporary trends in mathematics education in the early grades of elementary school, in order to
give greater meaning to the learning process contributing to allow students to participate more actively
in a dynamic process making the lessons more interesting and contextualized with the reality
experienced.

Key words: Initial training. Continuous formation. Mathematics. Education Mathematics.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a proposta pedagógica na disciplina de Matemática


para alunos do 3° ano do curso Formação Docente do Colégio Estadual Santa Clara
Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Normal do município de Candói - PR, a
qual consiste em enfatizar a importância da formação inicial e da formação
continuada dos educadores, fazendo com que eles conheçam e reflitam a respeito
das práticas pedagógicas significativas como meio de articular a construção do
conhecimento dos educandos na disciplina de Matemática.

1
Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2014, especialista em Ensino da
Matemática.
2
Professora orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2014, Mestre em
Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR.
Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico baseada na reflexão em
torno da Matemática, levando em consideração as estratégias didáticas e
pedagógicas destacadas nas DCEs do Paraná (Diretrizes Curriculares da Educação
Básica), fornecendo subsídios para reflexões e discussões sobre práticas
pedagógicas, vivenciadas no cotidiano escolar.
Busca-se analisar a importância do conhecimento e aplicação na prática
docente das Tendências Contemporâneas em Educação Matemática como História
da Matemática, Resolução de Problemas, Investigações Matemáticas, Modelagem
Matemática, Etnomatemática e Mídias Tecnológicas, para aprimoramento e
desmistificação do modo como ocorre o processo de ensino-aprendizagem da
Matemática nas séries iniciais do ensino fundamental.

Vemos a importância de uma base matemática sólida e instigante para


formação de educandos na área da Matemática, pois muitas dificuldades podem ser
trabalhadas por meio de metodologias diversificadas e esse trabalho deve ter início
nas primeiras séries, com uma boa fundamentação teórica por parte dos docentes
aliada com uma prática de ensino que estimule o raciocínio lógico/matemático.

Percebe-se que não podemos trabalhar uma boa teoria sem ter uma prática
que esteja em sintonia com ela e nem uma prática sem base teórica, então, a
formação continuada entra em ação, pois com as mudanças universais e
educacionais que estamos vivenciando, o uso de tecnologias cada dia mais
enfatizados em nossas ações, traz à reflexão de que devemos sempre aprimorar
nosso conhecimento para que consigamos formar cidadãos críticos e reflexivos.

Justifica-se a abordagem da necessidade em discutir o ensino da matemática


pelas dificuldades apresentadas pelos alunos no decorrer dos anos escolares, sendo
que o surgimento das tendências proporciona levar ao conhecimento dos alunos
maneiras diversificadas de abordar os temas propostos na disciplina de Matemática,
principalmente quando se trata das noções básicas que contemplam a base para
que se possa realizar um trabalho dentro do processo educativo com qualidade.

Contudo, o processo de ensino aprendizagem da Matemática depende muito


da forma como ela é apresentada ao aluno. Dinamizar esse ensino fazendo uso das
tendências em Educação Matemática é uma forma de conseguir alcançar os
objetivos necessários à formação de alunos com capacidade de uma atuação
cidadã.

2. FORMAÇÃO DOCENTE

2.1 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

A formação inicial é de responsabilidade do Governo Federal através do


Ministério da Educação em cursos de licenciatura que são avaliados regularmente
para reconhecimento e autorização de funcionamento, dependendo de uma série de
critérios e fatores para que esse processo seja aprovado, mas o que se percebe é
que nem todos os cursos possuem qualificação adequada.

Muitos acadêmicos pensam que ao acabar um curso de licenciatura estão


prontos para atuar no mercado de trabalho, porém, enganam-se, pois, nem só de
teorias e fórmulas se consegue realizar um bom trabalho. Dependemos muito da
prática docente para reflexão e reorganização de ideias a fim de aprimorar as
metodologias a serem aplicadas.

Nesse contexto de aprimoramento é que entra a questão da formação


continuada de nossos educadores, pois a formação inicial e continuada constituem
os ambientes onde saberes e práticas são contextualizadas de maneira a abrir
espaços para a produção de novos conhecimentos e trocas de experiências com
objetivos de repensar e de aperfeiçoar a prática docente por meio de novas e
significativas competências.

Percebemos que, se o ensino apresentar uma ordem programada, a prática


será o ponto inicial do trabalho, tornando-se um instrumento facilitador de todo o
processo, como nos relata Dockrell e McShane:

Através da prática, o processo de reconhecimento das condições e a


seleção de componentes adequados para a performance se tornam
automáticos. Na realização de novas tarefas, a execução de novos
componentes de processamento de informações pode ser esperada como
uma função controladora conscientemente pela criança. (DOCKRELL,
MCSHANE, 2000, p.175).
A formação continuada acontece de diversas formas, seja por meio de cursos
de especializações, de formação continuada oferecidos pelas instituições de ensino
e, no caso do Estado do Paraná, como incentivo à pesquisa e implementação das
propostas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, mas a formação
continuada muito depende do profissional querer melhorar sua prática.

Conforme nos traz a reflexão de Sousa:

Ser professor, hoje, significa não somente ensinar determinados conteúdos,


mas, sobretudo um ser educador comprometido com as transformações da
sociedade, oportunizando aos alunos o exercício dos direitos básicos à
cidadania. (SOUSA, 2008, p.42).

Como profissionais comprometidos com o desenvolvimento de nossos


educandos, devemos sempre levar em consideração que o futuro deles depende de
uma boa bagagem teórica e de vida, mas temos que ensiná-los a serem cidadãos
que contribuam com o espaço social onde vivem, sendo sujeitos críticos e ativos que
elaborem estratégias para melhorar a vida em sociedade.

Existem inúmeras modificações decorrentes da sociedade que passam a


transparecer em sala de aula, a modernização dos canais de comunicação e a
tecnologia cada vez mais avançada, faz com que nossos alunos passem a achar
que o método de ensino está obsoleto, com isso surge à antipatia pelo modo de
ensino de determinadas disciplinas, inclusive da matemática, levantando barreiras
na aprendizagem.
Portanto, não faz sentido o profissional pensar que ao acabar sua formação
escolar, estará licenciado e pronto para atuar. No processo de formação, há a
vivência e a troca de experiências com o objetivo de colaborar com a mediação da
educação, como afirma Freire:

Não posso entender os homens e as mulheres, a não ser mais do que


simplesmente vivendo, histórico, cultural e socialmente existindo como
seres fazedores do seu caminho que, ao fazê-lo, se expõem ou se
entregam aos caminhos que estão fazendo e que assim os refazem
também. (FREIRE, 1999, p.97).

Dessa forma, é extrema a necessidade de uma boa formação, de leituras e


reflexões contínuas para a apreensão do conhecimento, o qual lhe dará maior
segurança para o desenvolvimento do trabalho educativo e proporcionará motivos a
mais pela incessante busca pelo saber.
A prática possibilita mudanças significativas na maneira de atuação do
docente que, por sua vez, imprime nos alunos do curso de formação docente uma
nova forma de reflexão e discussão de temas para solucionar problemáticas, ensinar
disciplinas do currículo, em específico neste estudo, a disciplina de Matemática,
podendo dar significação num sentido mais complexo e globalizado.

Portanto, por meio das tendências contemporâneas em Educação Matemática


podemos realizar uma reflexão em torno de um trabalho diferenciado com os alunos,
principalmente os das séries iniciais do ensino fundamental, para que eles comecem
a olhar a Matemática como ferramenta para melhor compreender a sociedade onde
vivem.

3. TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS EM EDUCAÇÃO


MATEMÁTICA

A Educação Matemática se dedica a estudar questões relativas ao


ensino/aprendizagem da matemática. É um campo interdisciplinar que faz uso de
teorias de outras áreas, como a sociologia, a psicologia e a filosofia, etc., para a
construção de seu conhecimento, além de contribuir para a consolidação de suas
próprias teorias. A Educação Matemática não de restringe a apenas estudar meios
de fazer os alunos alcançarem um conhecimento previamente estabelecido, mas
também problematiza e reflete sobre o próprio conhecimento matemático.

Analisando formas de melhorar o processo de ensino podemos verificar os


critérios que devem ser focados, segundo a percepção de Moysés, quando afirma:

1° contextualizar o ensino da matemática, fazendo com que o aluno perceba


o significado de cada operação mental que faz;
2° levar o aluno a relacionar significados particulares com o sentido geral da
situação envolvida;
3° que nesse processo, se avance para a compreensão dos algoritmos
envolvidos;
4° propiciar meios para que o aluno perceba, na prática, possibilidades de
aplicação desses algoritmos. (MOYSÉS, 1997, p.73).
A contextualização do ensino dar-se-á por meio de práticas manipuláveis,
para melhor percepção dos algoritmos apresentados, sempre salientando a utilidade
destes em situações corriqueiras. Serão apresentadas as seis tendências
contemporâneas em Educação Matemática, para melhor visualização do potencial
que elas trazem para o processo educacional.
O interesse sobre as tendências metodológicas em educação matemática na
atualidade é de extrema importância para aperfeiçoar a atuação pedagógica e deve
ser um desafio constante para que se efetivem, de fato, a construção de novos
conceitos em relação à prática docente. Desta forma, entende-se que mudanças não
acontecem somente pela incorporação de novos paradigmas de comportamento da
sociedade, mas é necessário, acima de tudo, que se pesquise o que motivou essas
mudanças.

3.1 HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

A História da Matemática é uma tendência metodológica que permite estudar


e compreender as ideias que motivaram e que deram forma à cultura, ao
desenvolvimento dos seres humanos e da sociedade, identificando os criadores das
ideias e explorando as necessidades da época que fizeram aflorar tais teorias.
Sabemos que a Matemática surgiu das necessidades humanas ao longo do
tempo e, ao relatarmos fatos da História da Matemática referentes aos motivos que
levaram ao surgimento dos algoritmos, época e finalidade, aguçaremos a
curiosidade dos alunos, fazendo com que façam analogias com a
contemporaneidade, segundo Vinício de Macedo Santos:

(...) cada aluno aprende e se relaciona com a matemática mediante um


processo singular, individual, mas marcado por elementos provenientes da
coletividade externa ou interna à sala de aula. A sala de aula é um ambiente
propício ao trabalho cooperativo (...) relações entre alunos e entre estes e o
professor, manifestam-se diferentes interesses e diferentes pontos de vista,
os sujeitos, ao participarem das atividades, trazem diferentes contribuições
e, mediante a comunicação, podem partilhar compreensões e significados.
(SANTOS, 2008, p.33).

A História da Matemática tem como função contextualizar os conhecimentos


matemáticos adquiridos e registrados ao longo do tempo pelas civilizações ao redor
do mundo para que sirvam de subsídio aos alunos para que tenham uma
consciência histórica baseada nos conhecimentos sobre o passado e que na
atualidade servem de elemento motivador para consolidar o ensino e a
aprendizagem da Matemática.

3.2 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Em termos matemáticos, um problema é questão de objetos e estruturas que


requerem explicação e demonstração através de um cálculo, seja ele geométrico ou
algébrico, ou por um não algoritmo, mas que satisfaça e esclareça a questão.

De acordo com os PCNs (1997, p.44) “um problema matemático é uma


situação que demanda a realização de uma sequência de ações ou operações para
obter um resultado. Ou seja, a solução não está disponível no início, no entanto, é
possível construí-la.”

As Tendências visam assegurar uma melhor fundamentação dos conteúdos


para a prática docente e melhor compreensão por parte dos alunos, na Resolução
de Problemas podemos destacar que ela baseia-se nas etapas apresentadas por
Polya (2006):

As etapas da resolução de problemas são: compreender o problema;


destacar informações, dados importantes do problema, para a sua
resolução; elaborar um plano de resolução; executar o plano; conferir
resultados; estabelecer nova estratégia, se necessário, até chegar a uma
solução aceitável (POLYA, 2006, p.38).

Neste aspecto, o professor tem o papel de mediador, já o aluno torna-se


sujeito ativo do processo, pois deverá fazer a análise das informações para que se
possa chegar à solução correta. O caminho a ser utilizado não precisa ser
necessariamente o mesmo para todos, isso irá depender da compreensão e do nível
de facilidade em expor os argumentos.

A Resolução de Problemas representa um desafio no ensino da matemática


na atualidade. Segundo Dante (2003), trata-se de uma metodologia que oportuniza
ao aluno aplicar os conhecimentos matemáticos adquiridos em novas maneiras de
resolver as questões propostas.
Por meio da Resolução de Problemas torna-se possível compreender os
conceitos e os princípios matemáticos que serão adquiridos e investigados de modo
ativo e significativo através de apropriação compreensiva do conteúdo por ser uma
matemática qualitativa. Esta metodologia auxilia na representação e expressão do
raciocínio utilizado na resolução do problema proposto.

O papel do educador é de propor bons problemas, orientar e acompanhar a


busca por soluções, mediar discussões sobre as diferentes soluções, valorizar os
caminhos que o estudante utilizou para chegar a determinado resultado, mostrando
situações em que um determinado raciocínio utilizado pode ou não funcionar.

Portanto, na Resolução de Problemas a postura do professor deve ser a de


problematizar os conteúdos, pois eles podem, até mesmo em um simples exercício,
transformá-lo em um problema para os estudantes ao solicitar que eles o resolvam
de várias formas e as justifiquem.

3.3 INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA

A metodologia de Investigação Matemática é importante por auxiliar no


desenvolvimento de trabalhos em equipe, onde se utilizam os argumentos da
comunicação matemática e da elaboração de relatórios dando oportunidade para
que os alunos produzam significados para a Matemática.
A Investigação Matemática está presente nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, sendo que um de seus objetivos é:

[...] identificar os conhecimentos matemáticos como meios para


compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de
jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o
interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da
capacidade para resolver problemas. (BRASIL, 2001, p.47).

Na Investigação Matemática o estudante é sujeito ativo de todo o processo,


pois é ele quem irá investigar e delimitar estratégias para determinada situação, com
a finalidade de encontrar a solução mais adequada, tendo a capacidade de elaborar
um relato dos procedimentos utilizados para chegar a determinada solução.
A Investigação pode ser utilizada para que o professor possa refletir e analisar
potencialidades ou dificuldades em sua utilização em sala de aula.

As competências para argumentar e provar esses argumentos são os grandes


objetivos da Educação Matemática e estes podem e devem ser destacados nas
atividades de investigação, uma vez que essas atividades se caracterizam por
situações ou mecanismos que propiciam aos alunos a compreender, descobrir
padrões, relações, semelhanças e diferenças, dando condição para se chegar a
generalizações que podem ser confrontadas, bem como suas diferentes conjecturas
e justificativas, sendo importantes para o trabalho desenvolvido, independente do
nível de desenvolvimento matemático que o aluno se encontra.

3.4 MODELAGEM MATEMÁTICA

A modelagem matemática está sendo estudada desde a década de 80 e, nas


orientações contidas nos PCNs também está mencionada a Modelagem como um
ambiente de aprendizagem no qual os alunos têm a possibilidade de utilizar a
Matemática para indagar e/ou investigar situações oriundas de outras áreas da
realidade.

Segundo Burak, um dos primeiros estudiosos sobre o tema:

(...)a adoção da Modelagem Matemática, como uma alternativa


Metodológica para o ensino de Matemática, pretende contribuir para que
gradativamente se vá superando o tratamento estanque e
compartimentalizado que tem caracterizado o seu ensino, pois, na aplicação
dessa metodologia ,um conteúdo matemático pode se repetir várias vezes
no transcorrer do conjunto das atividades em momentos e situações
distintas. A oportunidade de um mesmo conteúdo poder ser abordado
diversas vezes, no contexto de um tema e em situações distintas,
favorecendo significativamente a compreensão das ideias fundamentais,
pode contribuir de forma significativa para a percepção da importância da
Matemática no cotidiano da vida de cada cidadão, seja ele ou não um
matemático. (BURAK, p.04/05).

Em Micotti (1999), é possível compreender que os baixos rendimentos e as


dificuldades que os alunos encontram para compreender os saberes matemáticos,
são consequências de práticas pedagógicas que não levam em consideração a
problematização e a investigação. E, dentro deste contexto, a Modelagem
Matemática contribui de forma significativa para o Ensino da Matemática.

A Modelagem Matemática, segundo estudos, é reconhecida como


fundamental para que docentes dos anos iniciais a utilizem, pois possibilita o
desenvolvimento de habilidades para a construção de conhecimentos posteriores,
pois quando se trata de especificamente da Matemática, o educador precisa se
sentir provocado a inovar suas ações.

Os autores Maab (2005) apud Luna, Souza e Santiago (2009), deixam


evidente que a Modelagem Matemática pode ser inserida já nos anos iniciais da
escolarização, por se tratar da base para que novas aprendizagens sejam
assentadas para a vida estudantil.

Portanto a modelagem matemática é uma metodologia que pode e deve ser


utilizada em todos os níveis da Educação Matemática por possibilitar conexões de
conteúdos matemáticos com outras áreas do conhecimento, possibilitando ao aluno
a ampliação e a estruturação de seu modo de pensar e agir.

3.5 ETNOMATEMÁTICA

A Etnomatemática é uma tendência Metodológica surgida na década de 1970


pela contribuição dos estudos de Ubiratan D’Ambrósio, o qual propôs que os
programas educacionais dessem ênfase as matemáticas produzidas pelas diferentes
culturas, valorizando a diversidade cultural, bem como suas diferentes formas de
conhecimento, permitindo compreender o pensamento matemático circunscrito em
cada cultura, promovendo assim, o contato com outras formas de pensar e resolver
as situações matemática.

Sebastiani Ferreira (1991) defende as colocações de Thomas Kuhn, onde a


etnomatemática pode ser considerada como um acento, movimento e até mesmo
uma filosofia, o que garante sua caracterização como um paradigma, ou seja, um
exemplo que serve como modelo a ser seguido e aplicado.
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná apontam a Etnomatemática
como uma metodologia que serve como uma vasta fonte de investigação da
educação Matemática, por respeitar o histórico de vida do aluno, reconhecendo e
valorizando suas raízes culturais, pois, “reconhecer e respeitar as raízes de um
indivíduo não significa ignorar e rejeitar as raízes do outro, mas, num processo de
síntese, reforçar suas próprias raízes” (D’AMBRÓSIO, 2001, p.42), levando em
consideração: “memória cultural, códigos, símbolos, mitos e até maneiras
específicas de raciocinar e inferir” (D’AMBRÓSIO, 1998, p. 18).

Como afirma D’Ambrosio:

Isso significa desenvolver a capacidade do aluno para manejar situações


reais, que apresentam a cada momento de maneiras distintas. Não se
obtém isso com simples capacidade de fazer contas nem mesmo com a
habilidade de solucionar problemas que são apresentados aos alunos de
maneira adrede preparada. (D’AMBROSIO, 1998, p.16).

O educador que deseja trabalhar dentro da perspectiva da Etnomatemática


necessita estar em contato constante com o conhecimento, pois precisa pesquisar e
conhecer outras culturas, para saber como trabalhar de forma coerente diante de
certas situações.

O professor deve ser reflexivo, observando e internalizando as ações dos


alunos em sala para refletir sobre sua prática e essa reflexão dá condições ao
professor para reordenar seu trabalho a fim de atender as necessidades de ensino-
aprendizagem em contextos reais, diversos e, por vezes, imprevisíveis,
compreendendo então o significado da reflexão na ação, sempre atento à
valorização da matemática presente no cotidiano dos alunos.

3.6 MÍDIAS TECNOLÓGICAS

As mídias podem ser classificadas em impressa, eletrônica e digital. As


mídias impressas e eletrônicas têm caráter informativo, enquanto as mídias digitais
tem sua especificidade na interatividade.

Na educação, tanto as mídias podem servir como ferramentas pedagógicas,


quanto as informações divulgadas por meio de seus aparelhos como a televisão, o
rádio, o jornal impresso, etc., de modo a melhorar a educação nos aspectos
qualitativos e quantitativos, para acessar ou veicular informação para a
comunicação, como ferramenta para cursos de ensino ou educação à distância, ou
para campanhas educativas. As mídias podem ser percebidas como:

Fenômeno de interatividade que está acontecendo e do qual se é


participante neófito, buscando compreender e inventando utilizações
inovadoras. É incontestável o poder das mídias, tanto para promover a
cultura contemporânea como sua utilização na promoção da participação
ativa do cidadão na sociedade. (CARMO, 2012).

Assim sendo, é possível compreender as mídias como canais que auxiliam


nos princípios éticos e de cidadania. São meios de comunicação, de expressão da
opinião e da criatividade pessoal que está ao fácil acesso de todos os indivíduos.

O uso de mídias tecnológicas como computadores, calculadoras, tablets,


celulares e outras, traz para dentro da escola o que anseiam e necessitam as
gerações da atualidade, que é nascida em meio a este mundo de tecnologias.

Entretanto, como afirma Barbosa (1999), as habilidades matemáticas não


podem ser esquecidas e precisam fazer parte do cotidiano dos alunos em conjunto
com as mídias.

O avanço tecnológico requer cada vez mais o domínio de habilidades


matemáticas para o exercício da cidadania. Assim, o domínio de
determinadas habilidades matemáticas pelo cidadão constitui-se num dos
requisitos para mover-se na sociedade. (BARBOSA. 1999, p.68).

Por este motivo o uso das mídias torna as aulas mais interessantes e permite
a interação entre professor e aluno, possibilitando a ligação destes com a escola e
com o mundo.

A importância das mídias tecnológicas na Educação Matemática, tendo em


vista que:

Uma de suas funções é contribuir para compensar as desigualdades que


tendem a afastar a escola dos jovens e, por consequência, a dificultar que a
instituição escolar cumpra efetivamente sua missão de formar o cidadão e o
indivíduo competente. Por isso, é importante considerar esta integração, na
perspectiva da mídia-educação, em suas duas dimensões inseparáveis:
objeto de estudo e ferramenta pedagógica, ou seja, como educação para as
mídias, com as mídias, sobre as mídias e pelas mídias. Somente assim a
escola poderá cumprir sua missão de formar as novas gerações para a
apropriação crítica e criativa das mídias, o que significa ensinar a aprender
a ser um cidadão capaz de usar as TICs como meios de participação e
expressão de suas próprias opiniões, saberes e criatividade”, (Belloni, 2002,
2001a e 2001b; Gonnet, 2004; Jacquinot, 2002; Bévort, 2002).

A utilização das mídias tecnológicas na escola é fundamental pelo fato de


elas já estarem presentes na vida de todas as crianças e adolescentes e funcionam
– de modo desigual, real ou virtual – como agências de socialização, concorrendo
com a escola e a família.

Portanto para que a sociedade da informação seja uma sociedade plural,


inclusiva e participativa, é necessário oferecer a todos os cidadãos, principalmente
aos jovens e as crianças, as competências para saber compreender a informação,
ter o distanciamento necessário à análise crítica, utilizar e produzir informações e
todo tipo de mensagens.
Como expusemos, as tendências contemporâneas para a educação
matemática objetivam a superação de um ensino matemático que causou, ao longo
de várias décadas, o desinteresse e a reprovação de alunos que não suportaram
sua rigidez e inflexibilidade e foram ficando à margem do processo de escolarização.
Quando se oportunizou os estudos das diferentes tendências contemporâneas nos
cursos de formação pedagógica, abriram-se caminhos com diferentes possibilidades
de ensino e aprendizagem e, com isso, derrubaram-se as barreiras que persistiram
por tanto tempo nas escolas de educação básica. [I1] Comentário: Achei que devíamos
fazer um “acabamento” na discussão das
tendências antes de entrar na
implementação. Se achar alguma ideia “um
pouco torta ou equivocada” pode
modificar.
4. IMPLEMENTAÇÃO

A proposta pedagógica elaborada para os alunos do 3° ano do Curso de


Formação de Docentes foi aplicada em sete encontros realizados entre as datas de
02/10/2015 a 12/11/2015 nas dependências do Colégio Estadual Santa Clara, onde
foram realizadas as seguintes atividades:
Como ponto de partida, refletimos sobre a escolha do curso e realizamos
discussões em torno da importância da formação inicial e continuada.
Apresentamos, de modo geral, as Tendências Contemporâneas em Educação
Matemática, especificando suas aplicabilidades em atividades matemáticas que
englobem essas tendências para aprimorar e dinamizar as aulas.

Como recursos pedagógicos, utilizamos trechos de filmes para reflexão e


discussão, os quais podem ser utilizados nas práticas de sala de aula como
complementação. Mini oficinas também foram oferecidas para que os alunos
pudessem colocar em prática as teorias estudadas, refletidas e discutidas durante os
encontros, sendo que os futuros docentes elaboraram materiais lúdicos relativos as
tendências em Educação Matemática. Finalizamos as atividades com uma
exposição e confraternização entre os participantes.

Segundo relatos contidos nas fichas de avaliação da implementação do


Projeto de Desenvolvimento Educacional – PDE pudemos constatar que os futuros
docentes relataram a importância de ter um curso voltado à área da matemática,
pois este foi o primeiro que focou sobre o conhecimento das Tendências em
Educação Matemática. Apontaram também que as atividades realizadas os
ajudaram a se reconhecer como futuros profissionais que saberão aliar a criatividade
aos conhecimentos teóricos e práticos, contribuindo para utilizar novas metodologias
de ensino para as séries iniciais do ensino fundamental e que o uso de materiais
lúdicos auxilia a quebrar as barreiras com a disciplina de Matemática. A elaboração
de estratégias para melhorar o modo de como ensinar foi reconhecido por sua
importância.

Há que se considerar, como um dos pontos negativos, o pouco tempo para


realizar o projeto proposto por causa do longo período de greve que afetou a maioria
das escolas estaduais. Entretanto, conseguimos alcançar os objetivos que foram
traçados, alcançando resultados surpreendentes, principalmente quando se trata de
educação matemática para os que irão assumir as salas de aula no ensino
fundamental.

Portanto, podemos perceber que muitos dos futuros docentes desconheciam


a aplicabilidade da Matemática de forma diferenciada, lúdica, dinâmica e que prende
a atenção do aluno na aula, que contribui para que o aluno consiga se expressar
durante o processo de ensino aprendizagem, sendo que assim a aprendizagem será
significativa para o aluno que conseguiu compreender os conceitos e para o
professor que conseguiu alcançar seus objetivos da aula.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desta pesquisa procuramos demonstrar algumas perspectivas para


que os futuros profissionais da área da docência reflitam e abram discussão a cerca
dos temas abordados.

Constatamos que a somente a formação inicial não é capaz de suprir as [I2] Comentário: Não havia me
apercebido que, ao usar o termo
necessidades educacionais vigentes, pois estamos vivenciando uma época em que “percebemos” não damos o cunho
científico ao texto. O “constatar” tem o
a tecnologia e a informação estão acessíveis e mais rápidas. Com isso, devemos sentido de um processo que passou por
observações que validam a pesquisa.
estar sempre atualizados sobre as mudanças que ocorrem no setor educacional
bem como aprimorar e reorganizar nossa prática.

A formação continuada fornece os subsídios necessários para que o docente


reflita em torno de sua postura e deseje melhorar sua prática enquanto profissional
comprometido, sendo um sujeito ativo, propício a encarar desafios e mudanças,
servindo-se das novas metodologias em seu processo de ensino, para que a
próxima geração de professores faça a diferença no ensino de matemática para as
crianças.

As Tendências Contemporâneas em Educação Matemática objetivam auxiliar


os professores dos anos iniciais e finais do ensino fundamental e médio, a ruptura
na forma de ensina matemática, ou seja, o modelo tradicional, aplicando o
conhecimento das diversas tendências de educação matemática que os auxiliam a
desenvolver suas práticas de forma contextualizadas com a realidade dos conteúdos
pelos alunos.
Essas inovações surgem pela necessidade de manter alunos dentro da
escola, evitando assim os altos índices de evasão e reprovação principalmente na
disciplina de Matemática.

O futuro educador deve ter consciência que a articulação entre a prática e a


teoria é primordial para um trabalho de qualidade e que, na disciplina da
Matemática, as tendências podem promover essa articulação, além da
interdisciplinaridade que faz parte da essência de todas as tendências apresentadas.

Portanto, é (de suma importância) elementar para uma educação de


excelência a formação inicial de boa qualidade e uma formação continuada que se
caracterize crítica e reflexiva, que demonstre caminhos a serem explorados para que
a prática docente e todo o processo educativo que envolve o ensino e a
aprendizagem sejam significativos e atendam às especificidades de cada turma, e
que na disciplina de Matemática sejam incorporadas novas metodologias para que
os alunos possam reconhecer sua importância para todas as áreas do
conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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