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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Especialização em Produção de Documentário


Teorias do Documentário
Docente: Adriano Cruz
Discente: Lissiany Oliveira

“Elena”: Uma visita ao passado para construir o futuro


Revisitar o passado, para compreender o presente e construir o futuro é uma
premissa básica do estudo da História, mas você já pensou em aplicar essa
premissa em sua vida? Foi exatamente isso o que a diretora Petra Costa fez em
“Elena”, filme de 2012.
O longa narra a busca de Petra por aquela que dá nome ao filme. Nessa busca,
Petra embarca no trem que Elena pegou, bate na porta de seus amigos, percorre
os mesmos caminhos, esperando encontrar sua irmã caminhando pelas ruas.
Ao narrar a busca pela irmã, a cineasta também busca o entendimento de um
passado que está intrinsicamente ligado ao seu presente e a quem ela é,
vislumbrando talvez um futuro em que o seu luto seja superado.
Pelas ruas de Nova York, Petra refaz a trajetória de Elena, uma trajetória que,
de certo modo, se confunde com a sua. Ambas tinham o sonho de ser atriz,
sonho esse também compartilhado por sua mãe.
O fato de a trajetória das irmãs se confundirem transparece na tela, ao ponto de
nós, expectadores, ficarmos em dúvida se Petra fala dela ou de Elena. Assim, a
cineasta assume os mesmos medos e angústias antes vividos pela sua irmã e
que culminaram em um desfecho trágico.
Aos 20 anos, Elena, desiludida por não ter alcançado o sonho que almejava,
chegou a conclusão que sem a arte não valeria a pena viver e cometeu suicídio.
Petra, então com 7 anos, viu o seu mundo abalado pela perda, tendo sua vida e
de sua família marcada por memórias que por muito tempo trouxeram tristeza e
melancolia.
Entender os motivos que levaram Elena a tirar a própria vida é, para Petra, se
desprender da irmã, seguir em frente. “Depois, como tudo, o medo desapareceu.
E você (Elena) também foi desaparecendo com ele”, diz a cineasta em dado
momento da narrativa.
Se desprender da irmã usando arte é também, de certa forma, fechar um ciclo,
afinal Petra foi a única das três mulheres da família a chegar o mais perto do que
foi almejado por elas: viver de arte. Assim, a busca por sua irmã a permitiu
também viver o que ela não viveu e alcançar aquilo o que ela não conseguiu
alcançar.

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