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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS

DEGRAVAÇÃO
Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD)

[Sala de Retratos do Edifício Sede do Ministério da Justiça – Brasília/DF | 15/05/2012]

Brasília/DF, 28 de abril de 2012.

DEGRAVAÇÃO: Reunião Ordinária do CONAD em 15/05/2012


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CF/DF 07.537.669/001-30

Quadra 08 Conjunto B, Lote 11, Varjão, Lago Norte, Brasília, DF CEP.: 71.540-400 Tel.: 55 + (61) 3468-2482 / 7816-0909

CONVENÇÕES NO TEXTO:

Palavras ou termos não compreendidos


(ininteligível) =
(Se o locutor resmungar, falar baixo, for incompreensível ou o microfone estiver
com defeito etc.).
Somente se não houver som audível
(inaudível) =

___ = Palavras redigidas por semelhança auditiva


(Palavra ou expressões sublinhadas)

... = Frases não concluídas

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DEGRAVAÇÃO

Sala 404 | MANHÃ – 09h45 às 12h40

[Tempo/Áudio total: 02:17:48]

Pauta

 10h – Abertura pelo Presidente do Conselho Nacional de Políticas sobre


Drogas, Excelentíssimo Ministro José Eduardo Cardozo e apresentação dos novos
conselheiros.
 10h30 – Panorama de Compromissos Internacionais sobre Drogas
Everton Frask Lucero.

PROGRAMA "CRACK, É POSSÍVEL VENCER":

 11h – Eixo Cuidado


Ministério da Saúde, Leon Garcia

 11h30 – Espaço para discussão

Sr. (Mestre de Cerimônias) – (...) Políticas sobre Drogas.

Convidamos para compor a mesa à Senhora Secretária Nacional de


Políticas sobre Drogas, Paulina Vieira Duarte. Com a palavra a Secretária Paulina.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Bom-dia a todos.

Inicialmente eu gostaria de pedir desculpas pelo atraso. Nós estávamos


pontualmente prontos para começar a reunião com o Ministro José Eduardo
Cardozo, mas a Presidenta da República o chamou para uma agenda que não
estava prevista. Como os senhores devem estar acompanhando na mídia, hoje nós
estamos hospedando em Brasília a “Marcha dos Prefeitos”. Então nós temos

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aproximadamente cinco mil prefeitos em Brasília e a Presidenta, nesse momento,
está se deslocando para o seu pronunciamento na “Marcha dos Prefeitos”. E
precisou conversar com o Ministro antes de se deslocar até lá.

Então para que nós não ficássemos esperando mais tempo, eu conversei
com o Ministro agora e decidimos começar a nossa agenda e assim que ele se
desvencilhar lá do compromisso com a Presidenta ele virá aqui dar posse aos novos
conselheiros e trazer a sua mensagem a todos nós. Então mais uma vez eu peço
desculpas em nome do Ministro e em meu nome.

E podemos já dar as boas-vindas aos novos conselheiros que estão


conosco, mas o termo de posse eu prefiro que seja assinado pelo Ministro que virá,
certamente, em pouco tempo nos cumprimentar.

Penso que nós podemos começar a nossa agenda de trabalho, começar


com o que está previsto. E assim que o Ministro chegar, nós interrompemos
momentaneamente para que ele possa fazer o seu pronunciamento em relação aos
novos conselheiros, em relação aos trabalhos do CONAD.

Então para começarmos a agenda de hoje, nós teremos uma apresentação


do conselheiro titular representante do Ministério das Relações Exteriores, o Ministro
Everton Frask Lucero, que vai colocar o CONAD a par de um panorama de
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em relação à questão das
drogas.

Esse tema é um tema muito importante em função de discussões que vêm


ocorrendo no mundo e os senhores vêm acompanhando pela mídia, e que o
CONAD não pode ficar à margem. Então o Ministro Everton Lucero, que é o chefe
da área de Combate a Ilícitos e Crimes Transnacionais do Ministério das Relações
Exteriores, vai nos apresentar um panorama dos compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil em relação a essa questão.

Então, Ministro Everto seja muito bem-vindo. Por favor, a palavra está com o
senhor.

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Ex.mo Sr. Ministro Everton Frask Lucero (Ministério das Relações Exteriores)
– Muito obrigado. Bom-dia, Dra. Paulina. Bom-dia a todas e a todos.

Como nós havíamos conversado, talvez esta minha breve apresentação não
seja novidade para muitas das senhoras e dos senhores, mas nós achamos que
seria interessante, nessa oportunidade, um breve sumário do panorama
internacional de compromissos que o Brasil assumiu e dos foros em que o Brasil
participa sempre que surge a temática da discussão sobre drogas como uma forma
de nivelarmos o conhecimento e a partir daí então podemos fazer um
acompanhamento, talvez, mais específico em temas que nos interessam.

Eu pediria para colocar a apresentação que eu preparei, que não é esta, é


anterior a esta. Bem, acho que ficou pequenino pela distância, então eu peço
desculpas pelo tamanho da letra.

Eu chamei de Política Externa Brasileira sobre Drogas porque, naturalmente


que desde a perspectiva do Itamaraty, nós iremos atuar em total coordenação com a
SENAD, com o Ministério da Justiça e outros órgãos de governo no que se refere à
pauta externa, à nossa interface – seja bilateralmente, com parceiros, países em que
elegemos como prioritários para a nossa relação sobre o assunto e também foros
multilaterais.

A minha ideia é fazer um breve roteiro, apresentando o panorama dos


compromissos internacionais; alguns elementos, para isso que eu chamei de uma
Política Externa Brasileira sobre Drogas; a pauta substantiva dessa política –
sempre com a ideia de trazer algo para reflexão, não algo pronto, acabado aqui.
Acho que é importante e a função justamente, deste Conselho de discutir a respeito
do assunto. Então, por favor, peço que encarem como propostas. E, por final, alguns
debates e tendências atuais nas discussões internacionais em que temos
participado.

Começando então com o panorama dos compromissos internacionais sobre


drogas. Eu queria mencionar, a título de referência histórica, quando teve início o
atual paradigma de que se revestem todos os compromissos e as principais

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convenções internacionais da matéria, que foi exatamente há cem anos quando foi
assinada na Haia a Convenção do Ópio, a Convenção Internacional sobre o Ópio. O
primeiro tratado internacional sobre drogas, extremado em 1912 com um grupo de
doze países e que, de certa forma, deu início a esse paradigma que é válido até os
dias atuais; e que no início, ainda com uma força muito maior na ênfase ao combate
às drogas, na ênfase à repressão da oferta. Paradigma que foi posteriormente
replicado nas convenções das Nações Unidas em 1961, 1972 e de 1988, como nós
veremos.

Enfim, passando então rapidamente as três convenções que são a base


normativa internacional para a matéria:

1. Nós temos a Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961, foi


emendada com Protocolo de 1972;
2. A Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971, a partir de uma
necessidade que se constatou na época já naquele período dos anos 60
e anos 70, em que se popularizou e se difundiu o uso de novas
substâncias psicotrópicas;
3. E em 1988 a Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e
Substâncias Psicotrópicas, que vem a delinear certos novos
compromissos, ampliar um pouco e aprofundar a cooperação
internacional na matéria.

Mas eu fiz um registro apenas inicialmente, das duas primeiras. Na verdade,


são convenções que começaram a codificar medidas de controle para serem
aplicadas pelos Estados no plano internacional; e para assegurar o fornecimento
legal de substâncias narcóticas e psicotrópicas para fins médicos e científicos e ao
mesmo tempo prevenir seu desvio para outros ilícitos, com ênfase na repressão ao
narcotráfico como parte do crime organizado.

A próxima, já em 1988, ela então veio a ampliar o regime de controle de


precursores e também a prever medidas de combate ao tráfico e lavagem de
dinheiro, já considerando crimes conexos ao narcotráfico. Ela fortalece o quadro de
cooperação internacional sempre na vertente do combate ao crime, inclusive, por
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recurso a instrumentos jurídicos como a extradição e assistência jurídica mútua entre
os países. Nós somos parte e temos a obrigação de cumprir com essas três
Convenções.

Gostaria de mencionar que no âmbito das Nações Unidas, o


acompanhamento da implementação desses compromissos – e o debate mais geral
e conceitual a respeito das tendências e políticas sobre drogas no mundo – é feito
no âmbito da CND, a Comissão de Narcóticos das Nações Unidas.

Essa Comissão é integrada por cinquenta e três países que são eleitos no
Conselho Econômico e Social da ONU, que é um dos órgãos diretivos das Nações
Unidas para temas econômicos e sociais, por mandatos de quatro anos. Como eu
falei, ele é o órgão central para a discussão e elaboração de políticas globais
relativas a drogas e também monitoramento de tendências. Ela adota
recomendações, tem reuniões anuais onde são negociadas recomendações ao
Conselho Econômico e Social e à Assembleia Geral da ONU. Também tem a
competência para decidir sobre a inclusão de novas substâncias ou a retirada de
substâncias das tabelas de controle que estão previstas naquelas convenções que
eu mencionei anteriormente.

Também como parte da institucionalidade nas Nações Unidas em paralelo a


essa reunião que é uma reunião mais de debate entre países, existe a Junta
Internacional de Fiscalização de Entorpecentes – JIFE. Ali eu coloquei “Controle de
Narcóticos” por erro de tradução, mas nós chamamos a JIFE – Junta Internacional
de Fiscalização de Entorpecentes, que é um órgão independente, portanto ele não é
uma representação de Estados. São treze membros que são escolhidos para servir
em caráter pessoal, em capacidade pessoal e esses treze integrantes da Junta
monitoram a implementação das Convenções e fazem recomendações aos países.
Eles também mantêm uma base estatística de dados sobre drogas com base nos
dados fornecidos pelos países membros que são parte dessas Convenções.

A Junta tem uma atuação mais executiva de fiscalização mesmo, de


acompanhamento e de recomendação aos países. E nós, naturalmente, mantemos
um diálogo com a Junta e recebemos periodicamente missões aqui no Brasil para
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dar conta de quais as iniciativas, quais as políticas e quais as tendências e
estatísticas que conformam a realidade em nosso país.

Naturalmente que este quadro normativo e institucional, ele não é algo


estanque. É importante ter presente que o tema evolui, está sempre em constante
evolução, em alteração e atualização. Isso é feito por meio, primeiro no debate lá na
CND anual, mas periodicamente também por reuniões específicas de mais alto
nível, de nível ministerial ou sessões especiais da Assembleia Geral, em que se
atualiza essa visão geral de política internacional sobre drogas em declarações
políticas que não têm o mesmo caráter normativo que os acordos, as convenções
que eu mencionei, mas que são referências importantes para que os países, a partir
dessas declarações, incorporem nos seus ordenamentos jurídicos internos, e
elaborem e executem as suas políticas nacionais sobre drogas.

Então eu gostaria de mencionar duas dessas declarações políticas no


âmbito da ONU. A primeira em 1998 quando houve a XX Sessão Especial da
Assembleia Geral da ONU sobre o problema mundial das drogas. E a segunda, em
2009, em Viena, quando houve um seguimento de alto nível da 52ª Sessão da
Comissão de Narcóticos. Foi uma reunião a nível ministerial, da qual participou pelo
Brasil em 2009 o então Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que
era o órgão ao qual estava vinculada a SENAD na época. O importante a ressaltar
dessas declarações políticas é que, embora elas não modifiquem o compromisso
jurídico que foi pactuado naquelas convenções, eles introduzem algumas inovações,
elas introduzem preocupações que estavam ausentes daquele paradigma que eu
mencionei.

A primeira inovação introduzida é esse reconhecimento de que as


responsabilidades pelo enfrentamento do problema mundial das drogas são comuns
e são compartilhadas entre países produtores de trânsito e países que têm mercado
de consumo. Isso foi, digamos, uma grande atualização, um grande avanço a partir
do momento em que se chegou ao entendimento no plano internacional de que não
se devia focar unicamente na culpabilidade de países onde a droga é produzida e a
partir dos quais ela é exportada, mas sim é que existe toda uma cadeia de

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fornecimento e de consumo que precisa ser encarada de forma integral, para buscar
soluções que sejam comuns. Isso exige dos Estados à assunção de
responsabilidades para implementação de políticas que correspondam à essa
necessidade. Isso leva como consequência, traz como consequência a incorporação
nas políticas nacionais de metas mais equilibradas para redução da oferta e da
demanda. Algo que está presente, que está plasmada nessa declaração política, de
1998 e reforçada em 2009. Aliás, a própria noção de problema mundial das drogas
já indica que nós não estamos falando aqui apenas do narcotráfico, apenas na
vertente de repressão. Há já uma consciência plasmada no âmbito internacional de
que existe um problema que é mundial e que precisa ser enfrentado nas suas
diversas vertentes de modo abrangente, integral, de modo equilibrado.

Ainda no campo dos foros e de compromissos internacionais, eu gostaria de


dar uma palavra sobre a Comissão Interamericana de Combate ao Abuso de Drogas
– a CICAD que, de certa forma, é uma comissão que vem a replicar, no âmbito
hemisférico, o debate que acontece no plano das Nações Unidas em âmbito maior.
Desde 1986 que a CICAD é o foro político da OEA para questões relacionadas a
drogas e tem como missão principal o fortalecimento da capacidade dos Estados
para reduzir a produção, o tráfico e o uso de drogas ilícitas e enfrentar as suas
consequências, diversas consequências. Também além de ser o foro político, a
missão da CICAD é promover a pesquisa e atuar como base no conhecimento
científico disponível para fins de intercambio de informações, capacitação e também
assistência técnica àqueles Estados do hemisfério que necessitam. Também a
CICAD desenvolve modelos de legislação nacional e apoia os países que precisam
desse tipo de recurso e promove avaliações periódicas do progresso nos países.

Em 2010, aliás, em maio de 2010 e com forte participação brasileira, a


CICAD aprovou uma estratégia hemisférica sobre drogas, que também está em linha
com aquelas diretrizes gerais de que eu falei das declarações políticas das Nações
Unidas, mas com um foco mais direcionado para as necessidades e para as
prioridades do Hemisfério Ocidental.

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Dito isso, eu gostaria de falar um pouquinho sobre quais seriam os
elementos, então, de uma política externa brasileira sobre drogas. Nós naturalmente
que acompanhamos todas essas iniciativas nos foros em que eu mencionei e em
outros foros, mas nós precisamos manter constantemente aberta a reflexão sobre
quais são as nossas prioridades, porque há muita coisa que se duplica, há muita
proposta que pode não nos interessar. Volta e meia surgem coisas de países que
podem não ter o mesmo avanço institucional que nós já temos no Brasil em matéria
de políticas sobre drogas, em matéria de reconhecimento do conhecimento científico
para a elaboração de políticas na matéria. Então nós temos que estar prontos
sempre a acompanhar, reagir a essas propostas, mas também sermos propositivos,
dizer quais os foros que nos interessam mais, quais os parceiros com os quais nós
precisamos desenvolver as nossas relações nessa matéria, e atuarmos nesse
sentido.

Então eu listei aqui o que eu chamei de sete condicionantes e três vertentes


de atuação. Eu chamei de condicionantes, mas na verdade são determinantes como
os senhores verão:

1. Em primeiro lugar é a geografia. Que dizer, as nossas fronteiras e


também o nosso litoral Atlântico Sul impõem que nós tenhamos
prioridade no relacionamento com os nossos vizinhos, entre os quais nós
temos os três maiores produtores de cocaína do mundo: Peru, Colômbia
e Bolívia. Quanto ao Atlântico Sul é importante ter presente que o
Atlântico Sul acaba sendo uma rota de tráfico que chega à Costa
Ocidental da África normalmente com direção ao mercado europeu, mas
que acaba também passando pelo Brasil e exige de nós uma atenção
especial;
2. Outro condicionante ou determinante também é que há uma constante
mudança nas rotas do tráfico. O crime organizado, o narcotráfico como
outros tipos de crime consegue se organizar independente de fronteiras,
de uma forma muito eficaz e rápida. Às vezes, mais rápida do que a
capacidade dos Estados de reagirem a essa reorganização. Então essa
constante mudança nas rotas é algo que nós temos que ter atenção

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sempre na definição de políticas porque não vamos imaginar que
fechando uma porta, simplesmente vamos estancar o problema. Isso não
acontece;
3. Outro aspecto importante são os interesses extra regionais que estão
presentes aqui e que muitas vezes não são coincidentes com o interesse
brasileiro. Por exemplo, nós podemos, às vezes, notar que existe
interesse de cooperação por parte de países que estão lá adiante como o
mercado de consumo para reprimir a oferta por drogas, à produção de
drogas aqui no nosso subcontinente. E que, naturalmente, o interesse
está em reduzir a oferta de drogas ao seu mercado e não
necessariamente apoiar que as políticas necessárias aqui no Brasil
sejam bem sucedidas. Não é esse o interesse. Pode até ser que haja
uma coincidência de esforços nesse sentido, mas nós temos que ter
presente que às vezes a presença desses interesses extra regionais
precisa ser avaliada conforme necessariamente ao objetivo que tem. É
preciso ter presente que muitos dos nossos países vizinhos ainda têm
uma fragilidade institucional e muitas vezes as instituições não estão
consolidadas e, portanto, são mais permeáveis à ação grupos
criminosos, em particular de corrupção, que pode acabar minando até
mesmo os esforços de cooperação que mantemos;
4. Temos que ter presente a necessidade de garantir a soberania e as
competências nacionais de controle de espaço aéreo, de fronteiras e de
mar territorial e que entra aqui também a competência das nossas Forças
Armadas que tem um papel subsidiário, mas extremamente relevante
para qualquer política que se faça nessa matéria;
5. Um aspecto que eu também considero muito importante, aliás, essencial
porque é parte da nossa tradição diplomática é não buscarmos soluções
que sejam unilaterais. Ou seja, nós identificamos um problema no Brasil
e vamos atrás de uma solução e vamos tentar exportar simplesmente
essa solução ou impor certas políticas aos nossos parceiros. Não. Nós
precisamos conversar. Diplomacia é a construção de consensos, então
nós precisamos conversar e ter em conta as necessidades e também as

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vulnerabilidades dos nossos parceiros com os quais queremos
desenvolver cooperação nessa matéria. E, naturalmente, que toda a
nossa atuação deve pautar-se pelos princípios de compromissos que
foram assumidos em âmbito multilateral e que constam da nossa Política
Nacional sobre Drogas. Por exemplo, responsabilidade comum
compartilhada, redução de danos, equilíbrio entre o combate à oferta e
redução da demanda, na cooperação horizontal integrada às prioridades
desses nossos parceiros, promoção de política de inclusão social como
alternativa à atividade ilícita. Há uma demanda muito grande, em
particular nos nossos vizinhos para conhecer melhor os nossos
programas de inclusão social como uma forma de retirar cidadãos seus
de serem aliciados para atividades ilícitas;
6. O desenvolvimento alternativo de cultivos é outra vertente importante que
vem a reforçar nossa cooperação na medida em que colaboramos para a
busca de cultivos lícitos como, por exemplo, café, cacau etc. que possam
ser alternativas ao cultivo de folha de coca nos países andinos, por
exemplo etc.

Então a partir desses condicionantes, aqui o que nós visualizamos como


importante é mantermos, em paralelo, três vertentes de atuação na nossa política
externa nessa matéria:

1. Primeiro, uma vertente bilateral. Por quê? Como eu falei, os países de


fronteira são o nosso entorno mediato e que exigem, portanto, uma
atenção prioritária. Nós temos com os nossos países acordos bilaterais e
comissões mistas sobre drogas que se reúnem periodicamente para
traçar atividades comuns. Por exemplo: recentemente, a questão de dez
dias atrás, reuniu-se em Lima a Comissão Mista sobre Drogas entre o
Brasil e o Peru em que foram considerados todos os itens de uma pauta
de políticas sobre drogas com toda aquela ênfase – por um lado combate
à oferta, por outro lado, redução da demanda, tratamento, prevenção,
enfim, todos os componentes que fazem parte da nossa política que são
de interesse também dos peruanos. E assim como nós temos com o

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Peru, mantemos essas comissões mistas periódicas com praticamente
todos os nossos vizinhos. Essas comissões mistas, elas fornecem um
foro bilateral para diálogo político. Agora, a execução mesmo ela é feita
por meio de acordos diretos entre as polícias em nível operacional ou por
intermédio da Agência Brasileira de Cooperação que também está
vinculada ao Itamaraty e que faz com os nossos vizinhos, acordos e
cooperação técnica em áreas de interesse identificadas de interesses
conjuntamente. Então esses acordos de cooperação técnica, na verdade,
complementam uma política que é definida bilateralmente nessas
comissões mistas sobre drogas;
2. Outra vertente de atuação é o acompanhamento desses foros
multilaterais. E, aí, existe a necessidade constante de nós escolhermos
quais desses foros é que representa a oportunidade para que nós
possamos buscar resultados para atingir os objetivos de nossa política.
Eu listei alguns. Em primeiro lugar, o que é para nós uma prioridade
consolidar, inclusive porque não se restringe ao problema de drogas a
UNASUL. A UNASUL é um organismo internacional recente, que tem
uma Secretaria sediada em Quito, no Equador. E que dispõe de um
Conselho sul-americano sobre o problema mundial das drogas, do qual
nós participamos na elaboração do estatuto e do plano de ação e agora
estamos na fase de definir ações e projetos conjuntos. A UNASUL seria
essa plataforma regional imediata que acabaria por ser um eixo central
da nossa cooperação nessa matéria e por permitir a criação de uma
maior confiança e de estabelecimento de canais no âmbito regional que
vão reforçar aquela atuação bilateral a que eu me referia anteriormente;
3. Nós temos também a discussão deste assunto no âmbito do
MERCOSUL, numa reunião especializada de drogas, num nível mais
operacional em que se procura tratar de questões como a cooperação
em matéria de laboratórios forenses ou troca de informações sobre
precursores químicos. Agora, no âmbito do MERCOSUL, como há aí
meio que uma superposição geográfica com a UNASUL, em algum
momento nós precisaremos decidir e eleger aqui qual é a nossa

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prioridade. Atualmente, do ponto de vista de política externa, a UNASUL
é um projeto, pode-se dizer, que é um projeto brasileiro e que nós temos
o maior interesse em reforçar para evitar superposição senão nós não
conseguiremos acompanhar tudo; é muito difícil estar em todos os foros
ao mesmo tempo. Então nós teremos que tratar de racionalizar mesmo
no âmbito regional, qual é a nossa ênfase.

Como eu mencionei já a CICAD, e não vou me alongar mais, ela é um foro


que nos permite, quer dizer, é mais difícil no âmbito de um foro que vai do Canadá
até a Argentina nós querermos estabelecer projetos operacionais seja na área que
for. Mas ela oferece uma plataforma que é uma oportunidade ótima para divulgação
de políticas e de boas práticas. E nós temos muito o que mostrar e temos uma
atuação muito boa, graças até ao apoio e a participação da SENAD, da Dra. Paulina,
que faz com que a CICAD sirva a esse propósito – mostrar o que nós fazemos e
eventualmente a partir daí criar novos canais de cooperação com os demais países
do Hemisfério. Precisamos ter atenção aos países africanos e em particular aqueles
de língua portuguesa, que também têm como realidade aquela fragilidade
institucional a que eu me referi e que, portanto, podem contar com um canal. E
demandam cooperação brasileira para o seu fortalecimento e que acaba tendo
reflexo na nossa cooperação sobre drogas.

Com relação às Nações Unidas, além da CND que eu mencionei como o


foro de discussão de políticas globais, do qual participamos, nós temos a estratégia,
por iniciativa e liderança do Ministro Cardozo e da Dra. Paulina, a estratégia de
fortalecer o Escritório de Representação em Brasília do UNODC – o Escritório das
Nações Unidas Contra Drogas e Crime. E dar-lhe uma missão ampliada que venha a
ter uma participação mais regional como um escritório de ligação e parceria na
definição de políticas e na articulação com os nossos vizinhos.

Além disso, uma terceira vertente é a cooperação trilateral. Nós temos muita
demanda por cooperação por parte de países desenvolvidos como, por exemplo, eu
listei aqui a União Europeia e Estados Unidos. Nós precisamos contar com o apoio
desses países, por quê? Nós sabemos que eles também têm o seu próprio histórico

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e a sua própria experiência de como enfrentar o problema que pode não ser
totalmente semelhante à nossa, mas com certeza há elementos de enlace e há
interesse em buscar uma atuação conjunta. Sobretudo, em matéria de cooperação
trilateral. Quando falo em cooperação trilateral, estou me referindo, por exemplo, a
projetos que são importantes para o Brasil, que são identificados como importantes
no diálogo com países da região, por exemplo, Bolívia; por exemplo, Peru; por
exemplo, Paraguai e que podem contar também com apoio institucional e mesmo
financeiro de países desenvolvidos que estão dispostos a oferecer esse apoio.
Então a vertente da cooperação trilateral é importante, por quê? Para o Brasil, e o
Brasil está cada vez mais se tornando um país demandado de assistência e
cooperação técnica, não só na área de drogas, assistência e cooperação técnica de
um modo geral. E nós não temos ainda um arcabouço jurídico nem recursos de
orçamento que permitam ter uma estratégia clara de oferta de cooperação técnica.
Nós sempre fomos um país, ao longo do nosso processo, um país de destino de
recursos provenientes de outros países para a implementação de projetos aqui, para
o nosso próprio fortalecimento institucional, para a elaboração de políticas etc.

Este quadro está se revertendo. Este quadro está, hoje, com essa mudança
histórica que nós estamos percebendo no Brasil na própria projeção internacional do
Brasil, está demandando para o país cada vez mais a cooperação por parte
daqueles países que querem contar com nossa experiência e com nosso apoio.

Então esse é um debate importante, por quê? Como nós ainda não estamos
aparelhados para responder à altura, nós precisamos contar com a construção de
parcerias, seja com organismos internacionais como a UNODC, como a OEA, como
UNASUL ou mesmo MERCOSUL, seja com parceiros selecionados que podem
apoiar esse tipo de demanda que nós temos recebido.

Eu não vou me estender, porque a pauta de política externa, até listei aqui,
vocês reconhecerão, os tópicos que estão aqui são na verdade os tópicos que
constam da nossa política e que estão em constante discussão e atualização no
âmbito deste Conselho. Então o que eu quero dizer com isso é que a nossa pauta
de política externa sobre drogas precisa ser, necessariamente, um reflexo de nossa

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política interna, do que é decidido, do que é proposto e executado no Brasil. Não
adianta nós ficarmos apenas reagindo no plano externo a outras propostas. Nós
temos que ver qual é o nosso interesse em termos de implementação de políticas no
país e qual é a importância que essas políticas têm para a interface externa do país;
não apenas um debate conceitual, mas também em matéria de implementação de
políticas conjuntas onde couber. Por exemplo, estratégias de redução de danos é
uma bandeira que o Brasil tem, mas que não está amplamente aceita no plano
internacional. Nós percebemos uma grande resistência quando surge esse debate,
por exemplo, em Nações Unidas. Países que em qualquer expressão, qualquer
linguagem que possa inserir uma referência à redução de danos já, posiciona-se
contrariamente. Então é todo um trabalho longo, custoso, de discussão, de
convencimento que para ter bom resultado depende de uma capacidade nossa de
demostrar que no Brasil a aplicação dessa política traz resultados. E é, aliás,
fundamental no contexto de uma política maior sobre drogas. Naturalmente que
garantia de Direitos Humanos, equilíbrio etc. são aspectos que nos parecem óbvios,
mas que parecem ser sempre acompanhados, por quê? Como eu falei, nem todos
os países estão no mesmo nível de desenvolvimento institucional e de elaboração
de políticas. Então há diferenças. E a nossa missão ao fazer essa interface com o
exterior é justamente atuar para que a nossa experiência possa ser útil para a
construção de um consenso maior no plano global.

Para terminar, eu apenas listei alguns debates e tendências atuais que estão
surgindo no plano internacional e que eu acho que estão relacionados com a missão
e com o mandato deste Conselho. Agora, justamente neste ano, por iniciativa do
Presidente da Guatemala, Pérez Molina, iniciou-se no âmbito intergovernamental
uma discussão sobre possíveis cenários para liberalização e descriminalização de
drogas. O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, agora na Cúpula de
Cartagena da qual participou a Presidenta Dilma, ele propôs um debate no nível dos
Presidentes de todo o Hemisfério, porque a Cúpula era uma Cúpula das Américas,
sobre a liberalização e descriminalização. Enfim, um estúdio de cenários e a partir
daí estipulou-se um mantado para a OEA que vai passar agora a trabalhar e
elaborar esses tais possíveis cenários não no sentido de rever totalmente os

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compromissos internacionais que existem, mas de estudar alternativas. Isso é um
passo importante, é uma novidade interessante, por quê? Nós sabemos que esse
debate sobre liberalização já acontece há muito tempo na Academia. Já vem
acontecendo também no âmbito daquele Conselho de que participam notáveis e ex-
Presidentes inclusive o Presidente Fernando Henrique Cardoso, e agora nós
estamos vendo surgir entre governos. É uma questão que merece uma atenção e
um Cuidado especial para como iremos participar e como iremos conduzi-lo.

Outras dessas tendências atuais é uma iniciativa boliviana de reconhecer os


usos tradicionais da folha de coca que eles chamam acalico, a mastigação. E, que
desde nosso ponto de vista, nós gostaríamos que fosse sempre acompanhado esse
reconhecimento, por também um compromisso efetivo de redução de cultivos
excedentes. Nós não podemos simplesmente imaginar que por reconhecer os usos
tradicionais vamos então permitir o cultivo que permita também a produção e o
desvio para ilícitos, para a produção de cocaína etc.

E também um debate muito atual sobre novos precursores e sobre drogas


sintéticas que acaba por reverter toda essa lógica de canais de fornecimento de
drogas, que partem dos nossos vizinhos andinos, muitas vezes passando pelo Brasil
em direção aos principais mercados consumidores na Europa e nos Estados Unidos.
E que hoje, com as drogas sintéticas, esses canais muitas vezes acabam se
invertendo, porque são drogas produzidas hoje nos principais mercados
consumidores das drogas mais tradicionais e que acabam sendo exportados para o
nosso mercado. Então isso reverte ou subverte a essa tendência histórica que nós
temos em termos de fluxos internacionais de drogas.

Enfim, com isso, eu quis dar esse breve panorama, passei por esses quatro
pontos do roteiro a que me propus e me coloco à disposição para outros
esclarecimentos.

Deixei aqui ao final o meu contato. E agradeço a oportunidade.

Gostaria de finalizar dizendo que no Ministério das Relações Exteriores a


nossa intenção é sempre apoiar, de forma coordenada e da melhor forma possível,

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os esforços nacionais de implementação da política nacional sobre drogas. E por
isso que estamos sempre em contato – eu e a Dra. Paulina Duarte no Ministério da
Justiça, no SENAD, Polícia Federal e diversos outros órgãos até mesmo aqui
representados – para que a nossa interface externa corresponda de fato às
necessidades que temos quanto à implementação da política brasileira nessa
matéria.

Muito obrigado. Obrigado, Dra. Paulina.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Ministro Everton. Obrigada pela sua apresentação, ela é
extremamente elucidativa e acho que frente aos desafios que nós temos em termos
de participação do Brasil no cenário das políticas internacionais sobre drogas era
uma discussão fundamental no âmbito desse Conselho.

Então em razão do atraso que houve no início da nossa reunião eu gostaria


de fazer uma proposta aos senhores. Nós tínhamos previsto iniciar a apresentação
do Plano Crack com a apresentação do nosso colega o Dr. León García do
Ministério da Saúde. Mas, em razão desse atraso, eu gostaria de propor que
utilizássemos esse tempo que temos até o meio-dia para discutirmos esse tema
apresentado pelo Ministro Everton, e que aí começássemos depois do almoço a
apresentação do Plano Crack.

Leon?

Oi? Mas você não vai ficar na reunião do Conselho? Quem que vai ficar do
Ministério da Saúde?

Bom, então o Leon não vai poder ficar. Vou fazer outra proposta. Então
apresentamos o início do Plano Crack, o “Eixo Cuidado” e à tarde, depois do
almoço, retomamos à discussão desse tema da Política Internacional porque nós
vamos precisar uma participação efetiva do CONAD inclusive em relação aos temas
finais colocados pelo Ministro Everton em relação à posição do Brasil sobre essa
discussão toda que está acontecendo em nível de políticas internacionais.

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Se os senhores concordarem, eu passo então a palavra ao nosso colega,
Dr. Leon García, que é representante do Ministério da Saúde e vai nos apresentar,
talvez só fazendo uma breve introdução.

O Plano "CRACK É POSSÍVEL VENCER" foi lançado pela Presidenta Dilma


no dia 7 de dezembro de 2011. Na verdade, foi uma ampliação do Plano Nacional de
Enfrentamento ao Crack e outras drogas lançado pelo Presidente Lula em 2010 e
com um forte investimento financeiro e a inclusão de temas que não estavam ainda
claramente incluídos no Plano anterior.

O Plano é composto de três eixos. Um eixo “Prevenção”, um eixo “Cuidado’


e um eixo “Autoridade”. E aí nós faremos a apresentação de acordo com o Ministério
responsável pelo eixo fará a apresentação.

Como no caso, o Dr. Leon vai fazer a apresentação do eixo “Cuidado”, que
tem um componente muito forte de saúde, mas também um componente muito forte
de Assistência Social. Nós teremos aí a participação da nossa colega do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

León, por favor.

PROGRAMA "CRACK, É POSSÍVEL VENCER":

 11h – Eixo Cuidado


Ministério da Saúde, Leon Garcia

Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Bom-dia a todos, secretária Paulina,


membros do Conselho.

Eu peço desculpas, por problema de agenda o nosso Coordenador Nacional


de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, Roberto Tykanori, está numa agenda
externa e hoje, como já foi mencionado, tem a “Marcha dos Prefeitos”, tem uma

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Mesa sobre crack à tarde, e o Ministro pediu que nós acompanhássemos essa
Mesa. Por isso a dificuldade de estar aqui à tarde com vocês.

Primeiro, eu só queria contextualizar que eu vou falar, como a secretária já


havia mencionado, do plano lançado pela Presidenta que dá sequência e aprofunda
políticas que já haviam sido iniciadas no governo anterior, e vou falar
especificamente do Eixo do Cuidado na questão da saúde. Lembrando, tendo
consciência de que a questão de drogas envolve outros aspectos, mas eu vou estar
me restringindo ao aspecto Cuidado em Saúde. Nem vou falar de prevenção. Essa é
uma área que a SENAD tem liderado e que envolve a Saúde, também o Ministério
da Educação, mas vou me restringir a isso.

Segundo ponto que eu gostaria de lembrar é que ao falarmos do Eixo


Cuidado, do Cuidado em saúde, precisamos lembrar que o Brasil é o único país do
mundo com mais de 100 milhões de habitantes que se propôs, que aceitou o desafio
de oferecer um Sistema de Saúde universal e gratuito, ou seja, gratuito para todos
os seus cidadãos. É o único país com mais de 100 milhões de habitantes que se
propõe a fazer isso. E isso é importante para nos dar uma dimensão do desafio que
nós temos na Saúde em geral no Brasil e nosso tema é específico aqui na questão
sobre drogas.

A política do SUS é uma política, se nós pensamos na sua institucionalidade,


relativamente jovem, tem 20 anos. Mas que vem se desenvolvendo e tem dentro dos
desafios da sua institucionalização a articulação das três esferas do Poder, ou seja,
o poder municipal, da esfera municipal, dos governos estaduais e do Governo
Federal. Então qualquer ação na Saúde é necessariamente uma ação vinculada
dessas três esferas. Seus municípios hoje que têm a grande responsabilidade e
iniciativa de intentar serviços, de oferecer Cuidado em Saúde, apoiados pelos
estados em geral na atenção de maior complexidade e pelo Governo Federal que é
o grande financiador e que define as diretrizes de atuação do Sistema.

Outra marca do SUS é a marca da participação popular, do controle social


que está presente nos diversos Conselhos, como este, os Conselhos de Saúde em

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todos os âmbitos. E também vai deixar a sua marca de como nós vamos pensar as
políticas com relação ao Cuidado na questão de drogas.

Eu queria dizer que do ponto de vista político o Plano Crack, que a


Presidenta lançou em dezembro do ano passado, traz algumas marcas bastante
fortes naquilo que tange ao Cuidado e à saúde. Ele é marcado por uma defesa
intransigente dos Direitos Humanos das pessoas que têm problemas com o uso
prejudicial de drogas e para a necessidade de se fazer a inclusão social dessas
pessoas em que pese às dificuldades de saúde que elas trazem.

Garantir direitos significa garantir ao usuário de drogas aquilo que ele perde
muitas vezes em função do próprio uso. É o jovem que perde a possibilidade de
estudar, porque não consegue ir à escola; é o adulto que perde a possibilidade de
trabalhar porque não consegue manter os compromissos de trabalho, que perde o
direito ao convívio da família; a mãe que às vezes perde o direito de estar com o seu
filho porque não tem condições de cuidar.

Então cuidar da saúde, num sentido mais amplo, que é o sentido da


definição, inclusive, colocada pela Organização Mundial da Saúde, não é
simplesmente ter a ausência de doença ou a ausência do consumo de drogas, mas
garantir a possibilidade de uma vida com qualidade que inclua o exercício pleno
desses direitos: do direito à educação, ao trabalho, ao convívio familiar, ao lazer, à
cultura etc. Fazer isso significa garantir então a inclusão social. Nós não podemos
ter uma política para as pessoas que têm problemas com drogas que seja marcada
pela exclusão social ou que tenha em formas de exclusão social a solução para
cuidar dessas pessoas. O desafio do Cuidado é fazer Cuidado dentro da
comunidade onde essa pessoa vive.

Nesse sentido, eu gostaria de retomar o que é a herança que nós temos no


campo da Saúde Mental no Brasil, que nos ajuda a ter essa marca da inclusão social
e da garantia de direitos ao lidar com o tema das drogas. O Brasil tem hoje, como
política de Estado, a reforma do seu Sistema de Saúde Mental. Isso foi
desencadeado nos anos 1980, seguiu nos anos 90 por diversas gestões, o governo
Collor, Itamar, culminou em 2001 com a assinatura pelo Presidente Fernando
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Henrique Cardoso da Lei nº 10.216 que garante às pessoas portadoras de
transtornos mentais o direito ao Cuidado de saúde na sua comunidade sem
exclusão, e traça o horizonte claro de extinção do antigo modelo de Cuidado
baseado nos manicômios psiquiátricos que fazia apenas e tão somente a exclusão
dessa pessoa do seu convívio familiar e social.

Então essa herança que o Ministério da Saúde traz no Cuidado à saúde


mental como um todo e que a gente espera que possa alimentar e, certamente
alimenta, às propostas de Cuidado no campo das drogas em específico.

Esse processo da reforma já teve uma institucionalidade mais avançada.


Nos últimos dez anos, se assistiu a um avanço da rede que substitui os manicômios.
Se assistiu ao mesmo tempo um fechamento gradual de leitos em manicômios e
uma abertura de uma Rede de Cuidados.

Um dos pontos que ficou faltando objetivamente nesse avanço foi


justamente o avanço no Cuidado em relação às pessoas com problemas com álcool
e outras drogas. Então é essa dívida que as sucessivas iniciativas, iniciadas em
2010 e agora no final do ano, buscam resgatar, como a injeção de recursos, um
aumento de recursos que esteja a altura do tamanho das necessidades da
população brasileira. E, como lhes dizia, do tamanho do desafio de oferecer isso não
para um pequeno grupo de pessoas, mas para quase 200 milhões de brasileiros na
integralidade das suas necessidades de saúde, do problema das drogas, a
vacinação, os transplantes etc.

Eu queria só retomar o último relatório da JIFE que havia sido mencionado


pelo colega do Itamaraty, e que trouxe no seu primeiro capítulo uma reflexão sobre a
relação entre coesão social e o problema das drogas. E coloca, de forma bem clara,
que o grau de coesão social que ao mesmo tempo é um parâmetro, como se diz, da
saúde da comunidade, mas ele também evidentemente que interfere na saúde da
comunidade.

Então há uma série de ameaças à coesão social que são listadas nesse
relatório e dentre as quais nós podemos reconhecer situações pelas quais nosso

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país vive hoje ainda que numa fase de transição. Então nós somos ainda um país
extremamente desigual e por isso há necessidade de políticas nesse sentido, em
termos de migração, enfim, uma série de aspectos que reforçam isso que é essa
ameaça à coesão social e que tornam o problema das drogas ainda mais dramático.
E particularmente dramático nós sabemos que o problema das drogas apesar de
atingir todos os segmentos sociais, atinge com muito mais força aqueles menos
favorecidos, aqueles para os quais o colchão de apoio, o colchão social é mais
estreito, mais fino, é mais delicado. Quando há uma queda, quando há um
problema, essas pessoas têm menos recursos aos quais recorrerem. Então essas
pessoas devem ser foco da nossa atenção.

Então as ações de Cuidado no âmbito do Plano Crack, eu faço a observação


que nós estamos falando do Plano Crack pela relevância que o tema como o debate
social, cultural e político nos últimos tempos, mas evidentemente as ações desse
Plano são ações voltadas para o problema das drogas em geral. Tenho que
mencionar que do ponto de vista epidemiológico, o grande problema do Brasil hoje é
o álcool, não é o crack. Evidentemente a grande carga de doença que nós
carregamos está relacionada ao álcool. O crack é um tema emergente, muito grave
e por isso vem merecendo essa atenção, mas as iniciativas relativas ao crack são
válidas para a questão das drogas em geral.

Então a primeira iniciativa que eu já havia mencionado é fazer uma grande


expansão da Rede de Cuidados. Então nós partimos dessa constatação. A nossa
Rede atual é insuficiente e nós precisamos ampliá-la muito. Isso vai ser feito. As
projeções que vocês vão ver vão até 2014. Nós vamos com isso oferecer
integralmente Cuidado à todos aqueles que têm necessidades? Não. Ainda não.

O SUS é uma política em construção. Nós estamos fazendo isso em todas


as áreas, na área das drogas não é diferente.

Segundo ponto básico é que nós precisamos lembrar que como se fala em
saúde mental em geral e também especificamente da questão sobre drogas...

Claro. Claro. Eu vou interromper então para o Ministro.

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Sr. (Mestre de Cerimônias) – Senhoras e senhores, anunciamos a presença do
senhor Ministro de Estado da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Neste momento, o Ministro da Justiça e Presidente do CONAD dará posse


aos senhores conselheiros do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas.

Convidamos neste momento os titulares para assinarem o Termo de Posse:

Representando a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da


República, Sra. Ana Paula Diniz.

Representando a Polícia Federal, Sr. César Luiz Bustos.

Representando a ANVISA, convidamos o Sr. Jaime César de Oliveira.

Representando o Ministério da Defesa Sr. Antônio José Silva Faria.

Representando o Conselho Federal de Enfermagem, convidamos a Sra.


Maria do Perpétuo Nóbrega.

Representando o Ministério da Educação, Sra. Sandra Regina Garcia.

Representando o Terceiro Setor, convidamos o Sr. Welinton Antônio Vieira.

Representando a União Nacional dos Estudantes, Sr. Camilo Domingues


Vanir.

Convidamos, neste momento, os senhores suplentes para assinarem o


Termo de Posse:

Representando a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Sra.


Ana Cecília Petta Marques.

Representando a Secretaria da Receita Federal, convidamos o Sr. César


Hermílio Vasconcelos.

E, por fim, representando o Conselho Federal de Psicologia, convidamos o


Sr. Marcelo Magalhães Andrade.

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Convidamos neste momento para fazer uso da palavra, o Senhor Ministro de
Estado da Justiça e Presidente do CONAD, Sr. José Eduardo Cardozo.

Ex.mo José Eduardo Cardozo (Presidente/CONAD) – Meu bom-dia a todos e a


todas.

Saudar a Secretária Paulina, todos os conselheiros que aqui estão, titulares


e suplentes.

Primeiro, pedindo desculpas. Eu queria estar logo na abertura para não


interromper o trabalho de vocês, mas essa agenda ela nem sempre permite que a
gente atenda às nossas intenções.

É muito importante frisar o papel que esse Conselho tem nesse contexto,
neste momento histórico que nós usamos.

A Presidenta Dilma Rousseff traçou, como diretriz de governo, a questão do


enfrentamento às drogas e, obviamente, isso exige um conjunto de ações e de
operações por parte do Governo Federal que são de grande monta e
verdadeiramente desafiadoras.

Nós ainda temos, quando se fala de enfrentamento às drogas, muito


preconceito no Brasil. Muitas vezes há os que falam que o enfrentamento às drogas
deve se fazer exclusivamente com a política penal. Que todos, pouco importa se
traficantes, pouco importa se usuários, devem ser colocados atrás das grades.

Essa visão, e infelizmente ainda predomina, ela gradativamente começa a


ceder espaço a uma formulação que está muito mais adequada àquilo que nós
pensamos. É aquilo que é a orientação que o Ministério da Justiça tem buscado
adotar a partir das prioridades estabelecidas pela Presidente Dilma Rousseff.

Não tenho dúvida de que quando se fala em enfrentamento das drogas, o


combate ao crime organizado, aos traficantes, é algo que efetivamente se coloca no
plano da segurança pública e da política penal. Ou seja, com traficantes, com
organizações criminosas, nós temos que ser intransigentes e não podemos ser

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românticos, porque nós conhecemos como funcionam, quais são os seus métodos e
até onde podem chegar essas organizações. Então, portanto, quando se fala em
tráfico, em organizações criminosas, nós devemos tratar sim como uma questão de
segurança pública. E essa vem sendo a orientação que a Secretaria Nacional de
Segurança Pública, que a Polícia Federal, que a Polícia Rodoviária Federal vem
tendo. Nós temos uma ação destacada na perspectiva do combate às organizações
criminosas, às organizações do narcotráfico. E, para isso, nós contamos com uma
estreita relação com muitos órgãos do Governo Federal – com a Receita Federal
que está aqui representada, com o Ministério da Defesa que está aqui representado.
Nós temos articulado políticas de fiscalização de fronteiras e outras que têm por
objetivo cada vez mais potencializar os recursos federais para a questão do
enfrentamento à organização criminosa que atua no plano do narcotráfico. Mas isto
é uma realidade.

Outra muito distinta é a realidade do usuário, o dependente em si. Não se


pode imaginar que se pode tratar um dependente químico com sansão penal. Não
se deve imaginar que se deve tratar com cadeia àquele que se encontra numa
situação de dependência aqui. Aí nós temos uma questão que é de saúde pública e
de reinserção social. Essa é a perspectiva que nós temos através da SENAD,
buscado implementar nas ações que nós temos na área.

A Presidenta lançou o Plano de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas.


Esse plano consumirá de recursos do Governo Federal, até 2014, aproximadamente
4 bilhões de reais. É um plano que, embora coordenado pelo Ministério da Justiça,
ele tem a forte presença e decisiva presença do Ministério da Saúde e do Ministério
do Desenvolvimento Social. A ideia é que justamente nós possamos atuar em zonas
de forte concentração do uso do crack e de outras drogas, tratando, claro, os
traficantes como uma questão de segurança pública. Mas o usuário como sendo
alguém que deve ter um tratamento feito por pessoas especializadas, por pessoas
bem treinadas, por Postos e Unidades de Saúde que possam efetivamente atender
àquela situação. Tudo isso dentro de um plano de reinserção social, dentro de um
plano em que, obviamente, aspectos multidisciplinares como cultural, como o
esportivo, devem entrar numa dimensão em que nós possamos colocar uma

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reinserção social do usuário de drogas na forma em que hoje nós entendemos como
correta.

É grande o desafio. Não é simples. E nisso o papel desse Conselho. Aqui


estão representados diferentes em segmentos, em diferentes segmentos que a partir
de suas compreensões, das suas percepções têm condições de auxiliar
imensamente a produção de políticas nessa área.

Então por isso, embora com o tumulto da agenda do dia de hoje que está
bastante confusa, Paulina, mas eu não poderia deixar de passar aqui e agradecer a
vocês pela predisposição e energia que vão trazer e pela colaboração. A
colaboração ela não é com o Governo Federal, não é com a Presidenta Dilma, não é
com o ministro da Justiça ou da Saúde. A colaboração é com a sociedade brasileira
e com o Estado Brasileiro.

A questão das drogas hoje é uma questão de Estado, não é apenas uma
questão de governo. E nós temos que aproveitar, portanto, a sociedade brasileira
nas suas diversas perspectivas, nas suas diversas inserções para que possa estar
junto conosco nesse momento.

Então agradeço a vocês, faço uma saudação muito especial. Não vou
interromper mais o trabalho de vocês, vocês têm uma pauta aí, é um trabalho
pesado.

Então deixo um abraço forte a vocês e a esperança de que quando terminar


o governo da Presidenta Dilma Rousseff em 2014, nós possamos ter resultados
muito positivos porque vontade não falta, energia não falta. Nos resta agora ter
integração suficiente para materializar aquilo que nós achamos correto.

Um grande abraço a vocês. Paulina, você assume aqui o comando.

Obrigado.

Sr. (Mestre de cerimônias) – Em virtude de compromissos constantes em sua


agenda, o Ministro José Eduardo Cardozo precisará se ausentar neste momento.

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Na sequência continuaremos ouvindo a palestra do Sr. Leon García.

Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Retomando então essas ações do Plano
Crack, eu já havia falado da expansão da Rede, como o Ministro ilustrou, isso vai
envolver uma quantidade de recursos, boa parte desses 4 bilhões é destinado ao
Eixo Cuidado.

O segundo ponto que nós gostaríamos de enfatizar é que o Cuidado é tanto


para o usuário quanto para a sua família. Nós temos plena consciência de que a
experiência do uso prejudicial das drogas, a dependência é uma experiência que é
vivida, às vezes, com tanta intensidade pelo o usuário em si quanto pelos seus
familiares. Então a Rede precisa estar desenhada para dar esse apoio aos familiares
também.

E, por fim, reforçando aquilo que eu já havia falado, da inclusão social que
deve ser feita na integração com outros setores governamentais e não
governamentais. Daí o desenho do Plano Crack ser um desenho de integração não
só entre esferas de governo, municípios estados e Governo Federal, mas também
entre os entes, os diferentes entes desse governo e a sociedade civil, as políticas da
Assistência Social, da Educação, Saúde, Segurança etc.

Eu coloquei algumas diretrizes, algumas características que nós


gostaríamos de ver nessa Rede de Cuidados de Saúde que está em construção. E a
gente acha que são características que valem para a Saúde Mental como um todo e
especificamente para a questão das drogas.

Primeiro, essa Rede precisa ser aberta, ela precisa ter a capacidade de
receber o usuário a qualquer momento desde aquele usuário que se acidenta
fazendo uso de drogas ou de álcool e vai parar no Pronto Socorro e tem um
atendimento traumatológico, mas precisa sair desse atendimento com alguma
conversa e algum tipo de Cuidado voltado para a questão da droga, algum
encaminhamento com relação a isso; até aquele que vem espontaneamente – o que
infelizmente não é o mais comum, procurar à Rede; aquele que não vem ao serviço,
mas vem à sua família desesperada com a situação que ele vem oferecendo. Então

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essa Rede precisa estar o mais aberta possível. Nós não podemos ter travas de
entrada, exigências de encaminhamento de passar por aqui ou por ali, pela Atenção
Básica, antes de chegar à Atenção Especializada. É preciso estar de portas abertas.

Segundo, essa Rede tem que ter responsabilidade, o que nós chamamos de
responsabilidade ética e sanitária. Como isso se traduz na prática? Os serviços de
Saúde assumem a responsabilidade pela saúde daquelas pessoas que estão no seu
território de abrangência. Por isso que o esforço de que os Serviços de Saúde sejam
sempre territorializados, ou seja, assumam claramente o compromisso de Cuidado
de um determinado grupo de pessoas, no seu entorno; na região geográfica do seu
entorno. A consequência disso é que, às vezes, será necessário de que o Serviço vá
atrás daquele usuário que a princípio não está procurando o Serviço. E vá oferecer,
não vá lá para prendê-lo, ou para obrigá-lo a um tratamento, porque isso é
contraproducente e fere os direitos desse cidadão, mas que vá oferecer essa
possibilidade de Cuidado.

Então nós temos pontos de atenção da Rede, os Consultórios na Rua, que


vou falar em breve, que explicitam mais claramente esse princípio. Nós vamos até o
onde os usuários estão concentrados para oferece-lhes a possibilidade de Cuidado,
assumindo assim a responsabilidade por aquelas pessoas que estão em nosso
território.

A questão da vacinação é um exemplo semelhante. Quer dizer, o governo


tem políticas ativas de completar o calendário vacinal das crianças nesse País. Nós
queremos ter alguma coisa semelhante a isso.

A Rede ela precisa ser diversa, ou seja, ela precisa ter uma variedade de
serviços que atenda à diversidade de momentos de vida daquela pessoa que tem
problema com a droga; ela passa por momentos diferentes na sua vida em relação
com a droga e pessoas diferentes. Então ela precisa ser capaz de atender pessoas
diferentes em momentos de vida diferentes. Cada um vai ter um ponto de entrada e
um ponto de sequencia, um caminho a ser traçado dentro dessa Rede de Cuidados.
E vai ser diferente.

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Essa Rede precisa ser flexível, ou seja, os serviços precisam ser flexíveis.
Eles precisam se adequar à necessidade dos usuários e não ao contrário. Isso
parece óbvio, mas não é um consenso sequer técnico nessa área. Nós temos que
abrir a possibilidade de atender aquele usuário da maneira como ele chegar a nós.
Se alguém chega embriagado no CAPS – no Centro de Atenção Psicossocial,
evidente que aquilo que será oferecido não é o mesmo que vai ser oferecido à
pessoa que chega sóbrio. Mas alguma coisa tem que ser oferecido. Não é possível
dizer simplesmente: “Volte aqui quando você estiver sóbrio”. Essa experiência do
“Volte aqui depois”, “Não venha aqui nesse estado”, nós não queremos fazer com
que os usuários vivam na nossa Rede.

E nós precisamos uma Rede Integrada. Integrada significa que essa Rede
não pode ser um amontoado, uma sobreposição de serviços e pontos de Atenção,
de locais de Cuidado. Ela precisa efetivamente ser uma roda, uma Rede de pontos
que se conversam, que se comunicam porque os usuários necessariamente vão
circular por essa Rede. Num momento vão estar num lugar, vão estar em outro, vão
estar em mais de um lugar. E nós precisamos manter essa conversa e essa ligação,
porque senão o usuário fica no meio do caminho. É um desafio na questão das
drogas manter essa continuidade, essa longitudinalidade do Cuidado.

Esses são os princípios gerais.

Ali em cima, naquela faixa vermelha vocês veem alguns, como a gente
chama, componentes da Rede ou Pontos de Atenção.

Então o primeiro que vou falar é a Atenção Básica, mais especificamente os


Consultórios na Rua que são o equipamento específico dentro da Atenção Básica,
para o Cuidado da saúde da população em situação de rua. O que inclui um grande
número de pessoas que têm problemas com álcool e drogas; e para cuidar também
da saúde das pessoas que fazem uso constante e frequente das drogas em lugares
públicos e podem então ser abordadas, contatadas, e se iniciar algum tipo de
vinculação por esses serviços de Consultórios na Rua. Então, são equipes de
profissionais que são itinerantes, ligadas à Atenção Básica com profissionais de

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saúde e que vão se responsabilizar por um determinado território, conhecer esse
território e oferecer Cuidados às pessoas que encontrarem nesse território.

Oferecer Cuidados significa essencialmente estabelecer vínculo. A


experiência de Consultório na Rua já existe há alguns anos no Brasil, muito
influenciada pela estratégia da Saúde da Família, e onde deu certo. Ela deu por
quê? Porque o que se oferece não é uma saída para a droga, de cara – não se
chega dizendo: “Olha, você quer ou você precisa parar de usar droga. Eu estou aqui
para cuidar da sua saúde e eu venho hoje, amanhã, depois, semana que vem, mês
que vem, até que você tope e peça algum tipo de ajuda”. A experiência mostra que
esses vínculos que se constroem. Eu tive a oportunidade de trabalhar bastante com
equipes desse tipo. As equipes andam na rua e quase, para andar 100 metros num
lugar como era a Crackolândia de São Paulo, se leva horas porque sempre têm
demandas que chegam. Na maioria das vezes, por questões outras que não a droga
e que aí acabam levando uma conversa, há um reforço da necessidade de
autocuidado, de Cuidado com a saúde, de valorização dessa pessoa, que abre a
porta para se pensar na saída da droga.

Então essa é a aposta que nós queremos reforçar com o financiamento


federal.

O Consultório na Rua, como eu disse, é específico para a população que


está na rua – seja em situação de rua, seja fazendo uso na rua. Nós teremos que ter
ações na Atenção Básica como um todo.

A Atenção Básica, as Unidades Básicas de Saúde são a linha de frente do


Sistema de Saúde. O Brasil vem fazendo a opção pela estratégia de Saúde da
Família que coloca um membro da família e uma equipe de outros profissionais
responsáveis por um número de famílias e cuidando da família, de todos seus
integrantes. E é nesse Cuidado que inclui visita domiciliar, que inclui consulta de
promoção de saúde – como um homem de 50 anos hipertenso e que, aí, se
descobre que faz uso de álcool que está relacionado à hipertensão dele. Quer dizer,
são nesses espaços que nós temos que inserir o olhar, a detecção do problema com
a droga e as intervenções que são possíveis de fazer com a Atenção Básica. E há
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uma larga experiência científica nisso, com estudos inclusive no Brasil, mostrando
que há o quê fazer. Isso vai depender essencialmente do esforço de formação
desses profissionais que nós vamos fazer.

Esse slide ele mostra, na verdade, a Rede de Saúde Mental do Brasil em


2010 e 2011, os Centros de Atenção Psicossocial para mostrar como essa Rede se
ampliou. Agora, se a gente olha o próximo slide, a gente compara o que a cobertura
da Rede CAPS, da Rede de Saúde Mental com o que é a cobertura da Estratégia do
Saúde da Família. E aí fica fácil entender por que nós temos que apostar no Saúde
da Família e na Atenção Básica se nós queremos ter algum impacto em nível
populacional na questão das drogas. Porque a cobertura é incomparável. Hoje são
mais de 100 milhões de brasileiros que estão cobertos pela estratégia da Saúde da
Família, tanto os outros que estão cobertos por outras formas de Cuidado na
Atenção Básica. É um projeto prioritário desse governo, é uma política de Estado já
há 20 anos também. Então é destino desse país fazer da estratégia de Saúde da
Família a base do seu sistema de saúde. E nós queremos que o Cuidado as drogas
esteja fortemente inserido aí.

No campo mais Especializado, nós temos aquilo que a gente chama de


Centro de Atenção Psicossocial, específico para álcool e drogas.

A direção que foi dada nesse governo com forte determinação da Presidenta
Dilma, inclusive, pede que o Centro de Atenção Psicossocial, em sua maioria, eles
terão que ser capazes de oferecer o acolhimento aos usuários de drogas, inclusive
com acolhimento noturno. Eu falo ‘acolhimento’ diferenciando claramente de
‘internação’. Aquilo que é oferecido pelo CAPS AD 24 Horas, é acolhimento. Não é
internação médica, não é internação hospitalar. O que é esse acolhimento? É o
usuário que chega às cinco e meia da tarde, após uma briga com a família, saiu de
casa, foi expulso e resolve então que vai iniciar o tratamento naquela hora. Vocês
imaginem a situação de uma equipe que atende às cinco e meia, e às sete horas
quando o serviço fecha, você dizer: “Olha, infelizmente você vai precisar voltar aqui
no dia seguinte”, se não há uma indicação de internação ou coisa assim.

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Então a ideia de se oferecer um número restrito de leitos nesses Centros de
Atenção Psicossocial, de acolhimento, de vagas de acolhimento, é lidar com esse
tipo de situação e poder dizer a esse usuário: “Essa noite você fica aqui com a
gente”. É mais, a imagem que o Dr. Tykanori utiliza é um sofá amigo, é um sofá de
um amigo. É a rede de solidariedade que, às vezes, falta para aquela pessoa, que
seria o amigo que hospeda a pessoa num momento de dificuldade. E ter o Cuidado
de saúde segue durante do dia na necessidade, na intensidade que for precisa, o
tratamento com grupos, com junta médica, psiquiátrica, clínica etc.

Então esse é o desafio que nós estamos nos colocando de transformar a


Rede de Assistente de CAPS-AD, em uma rede de CAPS-AD com essas vagas de
acolhimento. Os períodos de acolhimento são curtos, a ideia é que se fique uma
semana, dez dias. Se há necessidade de mais tempo, se há uma complicação, vai
para o hospital. Se há necessidade de mais tempo de acolhimento, vai para outros
equipamentos que vou falar em seguida.

A Unidade de Acolhimento Adulto ela tem a estrutura mais semelhante a


uma casa, a uma república – vamos dizer assim, que está vinculada
necessariamente a um Centro de Atenção Psicossocial, que tem uma equipe de
Saúde mais reduzida e está vinculada a um Centro de Atenção Psicossocial; e irá
indicar quais são os seus usuários que necessitam ficar por meses, até seis meses
ou o número que, a princípio foi colocado, abrigados, acompanhados com mais
intensidade, dia e noite, ou em um local que não é um hospital porque não há
intervenção médica que precise ser realizada. Quer dizer, não há exames, não é
uma cirurgia, não é um tratamento que necessite do ambiente hospitalar, mas há
necessidade de proteção social, de acolhimento, de proteção às vezes do ambiente,
do meio, da comunidade de uso que essa pessoa fazia. O exemplo que nós temos
no país mostra que são muitos os adolescentes que estão ameaçados pelo tráfico,
inclusive, que buscam refúgio nesses serviços. E nós estamos nos propondo a
ampliar esses serviços até 430 unidades para adultos em 2014.

Há uma versão desse serviço para adolescentes, crianças adolescentes que


tem mais ou menos a mesma estrutura com uma equipe um pouco mais reforçada,

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um número menor de lotação máxima de dez, porque essa é uma população que
precisa de mais Cuidados, que precisa de mais atenção. De novo, necessariamente
vinculado ao Centro de Atenção Psicossocial com a supervisão técnica clara,
presente. Mas, de novo, não são ambientes de internação. A gente não chama isso
de internação, a gente chama de ‘vaga de acolhimento’.

Nessa mesma linha, semelhante a isso, nós temos as chamadas


Comunidades Terapêuticas, que são entidades do Terceiro Setor que nos últimos
anos no Brasil foram, de certa forma, ocupando o espaço deixado pelo Estado no
Cuidado às pessoas com problemas com drogas.

Há uma variedade, é um número extremamente heterogêneo, nós temos de


tudo – temos comunidades de entidades de excelente qualidade e tem outras que
não são de boa qualidade, que têm denúncias graves de violação de Direitos
Humanos. Nós estamos escolhendo duas modalidades de financiamento para
aquelas que têm um funcionamento exemplar do ponto de vista de Direitos
Humanos, como qualquer outra política financiada pelo Governo Federal tem que ter
e que deseja se incorporar ao esforço de Cuidado intersetorial que o governo está
fazendo.

A primeira modalidade de financiamento, nós vamos financiar vagas de


acolhimento em Comunidades Terapêuticas que queiram se inserir como Serviço de
Saúde na Rede do SUS. Então o governo repassa os recursos para os municípios e
os municípios fazem convênios com essas entidades para financiar vagas de
acolhimento em entidades de porte pequeno a médio, sem perder a conexão com a
Rede. Porque eu vinha insistindo que nós não podemos ter pontos isolados de
tratamento, pontos autossuficientes de tratamento no Cuidado com as pessoas com
problema com droga. Nós precisamos ter articulação de serviço necessariamente.
Quem está hoje numa Comunidade Terapêutica precisa manter o Cuidado de saúde
mais especializado que essa Comunidade não necessariamente vai oferecer, então
os CAPS estarão nessa retaguarda e precisa ter pensado qual é o seu projeto
terapêutico para o próximo ano, dois anos, três anos de tratamento.

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A estada nas Comunidades está, a princípio, limitada a nove meses. E nós
precisamos pensar o quê vai ser feito depois. E por isso a participação fundamental
do CAPS ou da Atenção Básica que são outros Pontos de Atenção.

Outra modalidade de financiamento é o Edital de Chamamento Público que


foi publicado no início desse ano; teve alguns ajustes recentemente e que oferece
financiamento para as entidades que não irão caracterizar como Serviço de Saúde,
mas fazem, têm pessoas acolhidas nessas entidades e querem melhorar a
qualidade do serviço que ofertam do ponto de vista de iniciativas de reinserção
social. Então nós oferecemos um financiamento para projetos que têm como fim o
último, a reinserção social, seja através da cultura, da educação, da prática
esportiva, da resolução de conflitos. Essas entidades recebem o recurso, executam
no período de um ano e há a perspectiva de que esse Edital seja renovado ano a
ano para manter esse apoio.

Então são duas modalidades diferentes, aquelas comunidades que entram


na Rede de Saúde; aquelas que não entram como Serviço de Saúde, mas também
precisam se articular à Rede e desenvolvem projetos para o público que já tem, que
já está abrigado nessas entidades.

E, finalmente, como um serviço mais especializado e mais oneroso, nós


temos as Enfermarias Especializadas em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas
dentro dos hospitais gerais. Então o governo está mudando o financiamento,
aumentando significativamente o financiamento dos leitos para álcool e drogas em
hospital geral. A diária passou para R$ 300,00, passou de R$ 50,00 e poucos para
R$ 300,00 nos primeiros sete dias de internação. A maioria das internações têm
essa duração mesmo e depois cai gradativamente. Então é um grande estímulo à
implantação de novos leitos e à qualificação dos leitos já existentes, ou seja, com
esse recurso adicional esse hospital passa a ter uma equipe mais completa, uma
ambiência mais adequada para esses locais.

Qual é a função da internação?

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1. Cuidar das comorbidades clínicas muito frequentes naqueles que têm
quadro grave de dependência a drogas. Tem a tuberculose, tem
HIV/AIDS, necessita de internação, às vezes essa é a porta de entrada e
esse Cuidado é melhor feito em um hospital geral. É uma comorbidade
clínica, e aproveita-se para avançar o Cuidado do ponto de vista da
saúde mental e da dependência também;
2. Algumas situações de abstinência e de uso mais intenso que vão
necessitar de um ambiente hospitalar mais receptivo para essas
pessoas.

Nós estamos trabalhando aqui sempre com internações de curta duração,


porque é isso que é mais ou menos consensuado na literatura internacional. E nos
casos em que há necessidade de maior tempo de acolhimento assistido, a gente
trabalha com as Unidades de Acolhimento e as Comunidades Terapêuticas.

Então esse é o desejo da nossa Rede. Se a gente passar o próximo, a gente


vê a Rede materializada, vamos dizer assim. Essa figura mostra os equipamentos,
mas ela não mostra o que é principal que é o que eu falava da interação entre esses
equipamentos.

Evidente que é o CAPS, como é o serviço que concentra o maior número de


profissionais especializados no tema, caberá um papel de circulação na própria rede
para auxiliar os Pontos de Atenção da Rede no seu Cuidado. Auxiliar na Atenção
Básica; a fazer a ponte já com o hospital; auxiliar Unidades de Acolhimento; fazer
uma aproximação com as Comunidades Terapêuticas. Isso é possível ainda, a gente
sabe que há divergências, às vezes, de condução de linhas de tratamento, mas nós
estamos apostando nessa conversa e nesse diálogo, nessa convergência em torno
da causa do Cuidado às pessoas com dependência.

Finalmente, eu havia mencionado a questão da formação e da qualificação


que é fundamental, principalmente na Atenção Básica e na Urgência/Emergência,
que às vezes, são o primeiro ponto de contato dos usuários. Nesses âmbitos,
nessas esferas da Rede do SUS, os profissionais não especializados em Saúde
Mental, e vão precisar ser formados. A SENAD tem muitas iniciativas nessa área,
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voltadas não só aos profissionais de saúde, mas também os profissionais de saúde.
O Ministério também tem algumas iniciativas. E nós estamos articulando essas
iniciativas para não repetir, não duplicar esforços e aprender com aquilo que já foi
feito até aqui, acho que supera, é um exemplo bastante bem sucedido que todos
devem lembrar.

Então aí têm listadas as iniciativas. Vocês veem que os números são


grandes. É um desafio bastante grande, mas que até 2014 a gente pretende
cumprir. Aí está a previsão de investimento. Então o Cuidado leva, daqueles quatro
bilhões, dois bilhões, quase dois bilhões e duzentos. E eu gostaria de lembrar, de
recursos federais, toda a Rede de Saúde ela é cofinanciada. O que o Governo
Federal está fazendo no caso dessa Rede voltada para as drogas, é cofinanciar uma
parte bem maior do que aquela que ele normalmente ele cofinancia em outras redes
e outros serviços. Então nós estamos cobrindo para essa Rede, bem mais do que
aquilo que o governo cobre para a estratégia do Saúde da Família, por exemplo. É
isso que da uma dimensão da prioridade que está sendo dada pelo Governo
Federal. Sem a parceria principalmente dos municípios nada disso vai ocorrer. Então
isso tudo será construído em parceria com os municípios e com os estados que
vocês acompanharam. Muitos casos têm ainda uma participação tímida no
financiamento dos recursos da Saúde que precisa ser aumentado entre outras
coisas, para o Cuidado em Saúde Mental e as drogas em específico.

Então era isso. Eu agradeço.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Muito obrigada, Leon.

Agora acho que nós abrimos a palavra então para perguntas, discussão,
esclarecimentos que o Leon pode nos fazer como representante do Ministério da
Saúde.

Só pediria a cada um dos senhores que fosse falar que se identificasse,


porque nós para fazer a Ata, essa reunião será degravada e é importante que fique
registrado.

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Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Enquanto as pessoas se preparam, eu
queria convidar para a Mesa a minha colega Andrea Galassi, que trabalha também
lá na Coordenação Nacional de Saúde Mental e Outras Drogas, e pode com a sua
experiência ajudar a responder algumas das questões.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Andrea que até há pouco tempo era da SENAD. Professora da
UNB.

Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Isso mostra o alinhamento que nós temos.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Professora da UNB que agora está no Ministério da Saúde.

Pastor Wellington, por favor.

Pastor Wellington Antônio Vieira (Organizações Terceiro Setor/FETEB) – Eu


represento o Terceiro Setor, as Comunidades Terapêuticas, que estão ligadas ao
Terceiro Setor apesar de ter áreas de prevenção.

Preocupa-me muito a apresentação do Ministério, porque eu já acompanhei


quatro pré-apresentações e cada local que eu vou o Ministério apresenta de uma
forma. Eu gostaria de sugerir para o Ministério para que reunisse os apresentadores.
Em Minas mesmo, a semana passada, a apresentação foi totalmente diferente do
que foi proposto. Preocupa-me muito a forma que tem sido conduzido, porque desde
o começo quando nós estivemos com a Presidente Dilma a gente tem tentado
colocar para o Ministério da Saúde, que nós não somos um equipamento de Saúde.
Somos um equipamento de assistência e não tem como a gente aderir aos editais
que têm sido propostos, por mais que a gente tenha visto o esforço do Ministro, mas
a gente tem visto que têm remendado as coisas. E, de pronto, lá na ponta, para
completar agora, quando eu vi ali o valor que o senhor colocou para 2012 na
questão do Cuidado, lá no final, a gente vê que as CTs quando começar os editais,
no final, só em novembro terminam os editais. Só em novembro. Então o senhor vê
que 2012 foi embora. Então quando a gente fala do valor. E a gente vem batendo na
tecla desde quando o lançamento do Plano Crack, a gente precisa de entender,
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porque senão nós não vamos avançar. As Comunidades Terapêuticas e o Terceiro
Setor não querem alugar cama para o Ministério da Saúde. Isso é a fala para todos
os lugares.

No final da sua fala o senhor coloca – aí a gente precisa de entender que os


municípios não aderem; porque é algo, quando o senhor começou a apresentação,
deixou de falar da questão histórica da luta antimanicomial. E desde quando a gente
esteve com a Presidente Dilma, a gente viu que começou-se um discurso de que a
Comunidade Terapêutica está querendo financiamento do SUS. Nunca quisemos
financiamento e têm pessoas que estão aqui, sempre as Comunidades Terapêuticas
historicamente desde 1952, nós estamos no Brasil fazendo o tratamento da
dependência química. E a gente vê que cada momento tem embolado mais, porque
a gente sempre fica de fora, mas nós é que estamos efetivamente dando o
resultado. 80% do tratamento da dependência química hoje têm sido feito pelo
Terceiro Setor, as Comunidades Terapêuticas. Quando o senhor fala e aí é que eu
queria que os conselheiros tomassem de pronto, que realmente a gente criasse uma
comissão no CONAD para a gente poder ver a execução do Plano, porque a gente
viu o fracasso do primeiro Plano. A execução foi péssima. Para quem acompanhou,
não houve execução do plano de enfrentamento do crack, principalmente para os
leitos de Comunidades Terapêuticas. Por quê? Fomos, na verdade, meio que ali,
incrementados na última hora; depois a gente tentou conversar várias vezes com o
Ministério. E eu queria que o CONAD se posicionasse nessa questão de ver de
pronto, esse plano que não vai funcionar. Efetivamente o Terceiro Setor não tem
como aderir através do Ministério da Saúde nos Editais. A gente está na ponta, a
gente tem visto lá, a gente tem tentado construir.

Na última vez que nos reunimos aqui em Brasília, antes de lançar, aquilo
que nós tivemos com o Ministro Padilha que nós pontuamos quase 20 itens. Uma
coisa foi o ministro, senhores Conselheiros, falar que realmente a gente ia construir
a quatro mãos ali. De pronto, foi o que não foi construído. Então foi de novo para a
rua todo remendado. Então quando se apresenta, eu até faria uma sugestão para o
Ministério da Saúde de tirar as Comunidades Terapêuticas, porque é isso que a
gente, de pronto, porque nós temos primeiro... O ato terrorista que tem sido feito

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com as Comunidades Terapêuticas no Brasil, falando que nós somos, na verdade,
desorganizados, a gente sabe que a gente precisa avançar muito, mas efetivamente
nós é que estamos lá na favela tirando o povo da droga. Estamos internando nas
Comunidades Terapêuticas católicos, evangélicos e espíritas. E a gente, na
verdade, não aguenta mais, por exemplo, esse ato de terrorismo que os Conselhos
têm feito com a gente. E a gente precisa de um posicionamento do CONAD. Porque
da forma que vocês apresentam, eu fico muito preocupado porque o papel aceita
tudo, mas a efetividade lá na ponta de quem precisa aderir... Nós em Minas temos
vários CAPS-AD que não funcionam. Então a gente vai ter que fazer uma viagem
pelo Brasil para ver os CAPS-AD em funcionamento.

A gente sabe que há um sistema, mundialmente. Acho que isso não tem
discussão. Mas a gente trabalha com o fenômeno do crack e nós não estamos
conseguindo dar resposta mesmo que a 1%. Nós não conseguimos dar resposta. E
nas Comunidades Terapêuticas a largas penas, nós temos dado. Então a gente
gostaria que o CONAD se posicionasse, se estudasse a questão dos Editais, porque
realmente apresenta-se... A gente vê que a Presidente tem vontade, mas nós não
queremos financiamento. Primeiro que nós, foi o mesmo discurso das quatro
federações. Nós precisamos ser, primeiro respeitados, para depois ser financiados.
E hoje o que tem acontecido conosco, que tem sido um desrespeito que tem feito
conosco. E a gente gostaria que o CONAD se posicionasse neste momento sobre
realmente, a funcionabilidade das Comunidades Terapêuticas.

Muito obrigado.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada Pastor Wellington.

Marcelo, do Conselho Federal de Psicologia. Por favor, Marcelo.

Dr. Marcelo Magalhães Andrade (Conselho Federal de Psicologia) – O Conselho


Federal de Psicologia tem uma tradição de participar de outros Conselhos de
controle social e entende também, atualmente, a posição dele no CONAD nesse
sentido.

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Eu gostaria de parabenizar a forma e o conteúdo também da apresentação
do Ministério da Saúde, que eu acho que nessa conjuntura atual, então tenta cumprir
a Lei. Tenta, na verdade, seguir as diretrizes que estão na Lei nº 11.343. E também
na Lei nº 10.216 no sentido de que a gente possa aproveitar esse espaço
democrático, para que a gente possa cuidar do risco da possibilidade de um
retrocesso no nosso cenário, quando a gente vê atualmente essa possibilidade de
uma remanicomialização, de abertura de espaços. E nesses espaços então, o
Conselho Federal fez esse ano um conjunto de vistorias em várias instituições,
inclusive também nas Comunidades Terapêuticas.

O Conselho Federal de Psicologia também entende que a gente não pode


colocar todas essas instituições no mesmo patamar, então a gente não pode dividir
entre “todas são boas ou todas são ruins”, mas eu acho que o poder público deve
zelar por isso.

E nesse sentido, também, fico pensando que um outro acerto na


apresentação do pessoal do Ministério da Saúde é no sentido de a gente
compreender a questão de álcool e outras drogas relacionadas à também diretrizes
da Organização Mundial de Saúde, quando vai apontar para os fatores de risco, os
fatores de proteção. Na verdade, quando a gente lê os fatores de risco e proteção da
Organização Mundial de Saúde colocando em relação à possibilidade de
desenvolvimento de quadros de dependência química a gente então pensa que
realmente parece que “’Deus é brasileiro”. Porque senão a gente teria um quadro
muito mais alarmante e, de fato, se epidemiológico, talvez até mais grave do que o
que o Ministério assina em relação a álcool e outras drogas.

Então acho que nesse sentido o papel do CONAD e o Conselho Federal de


Psicologia também têm essa compreensão, de provocar um posicionamento e uma
reflexão nesse processo todo, como é que tem sido desde a construção do Plano
Crack. Se esse espaço realmente tem valido o que reza a Lei nº 11.343 de, de fato,
definir e construir a Política Pública de Álcool e Outras Drogas.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Marcelo.
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Roberta Uchôa, representante do Conselho Federal de Serviço Social.

Dra. Roberta Salazar Uchoa (Conselho Federal de Serviço Social) – Eu vou no


caminho inverso da fala do Senhor, mas não no sentido da fala do representante do
Conselho Federal de Psicologia. Eu acho que elogiar a apresentação, o Cuidado
com que se tenta articular a Rede de Saúde desde a Atenção Básica à unidade mais
complexa como as Enfermarias Especializadas é algo assim que é muito importante
que a gente de fato constitua isso no Brasil.

Agora eu tenho, a lógica e o modelo, para mim me parece bastante


adequado e é isso que a gente deve, de fato, incentivar. Inclusive, eu fiz aqui alguma
anotações, a forma em que o Ministério da Saúde está se referindo às Comunidades
Terapêuticas. Acho muito importante do que está posto aqui que, na realidade, esse
serviço de apoio para paciente estável, na realidade as Comunidades Terapêuticas
não devem mesmo fazer a desintoxicação, isso deve ser feito no Serviço Público
para que os Cuidados clínicos sejam garantidos. O que está posto aqui das
Comunidades Terapêuticas é isso e inclusive associando equipes de Atenção
Básica de Saúde para dar apoio às Comunidades Terapêuticas. Essa é uma das
grandes preocupações que a gente tem em relação ao Cuidado que se faz nas
Comunidades Terapêuticas. Então se você está associando que um paciente é
estável e que mesmo assim você vai ter uma equipe externa de apoio à saúde, acho
isso um acréscimo, um adendo muito importante para que a Comunidade
Terapêutica seja parte desse equipamento, desse tratamento na questão das
drogas.

Agora, queria pontuar duas questões que acho que a gente precisa investir,
e investir muito, e estão propostas aqui. Mas ainda acho que é uma coisa que
mesmo que a gente tente correr mais, a gente ainda não vai dar conta dela. A
questão das próprias Enfermarias. Pelo menos há 20 anos que se tenta abrir
unidades de desintoxicação, pelo menos em Recife, e a gente não consegue abrir. A
gente fica sempre dependendo de um técnico ou de um profissional que se
responsabilize pela equipe. Acho que a medida de que você estar financiando com
um valor maior a unidades de desintoxicação talvez a gente consiga agora ter mais

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leitos em hospitais. Mas assim, mas de 20 anos que eu venho trabalhando na área
de álcool e outras drogas, a gente nunca conseguiu ter mais de dez leitos de
desintoxicação em Recife, está sempre dependendo de algum profissional que
queira estar trabalhando com isso. Sair do serviço, a unidade termina fechando e a
gente passa para outra.

Acho que hoje o maior nó crítico da política de drogas no Brasil se chama,


de fato, “formação e qualificação profissional”. O que a gente precisa, embora
tenhamos tido um Edital em 2010 no Centro de Formadores, a gente ainda precisa
ampliar, e ampliar muito isso. E o que foi listado aqui da escola técnica do SUS,
Universidade Aberta, o Pro-Saúde, CT, ainda acho que são iniciativas muito
modestas. E até mesmo considerar, assim, como parte do Pro- Saúde na
Universidade Federal de Pernambuco, a gente acabou agora no PET-Saúde, dentro
do Pro-Saúde, assim, tem uma quebra de continuidade. Acabou desde fevereiro, já
estamos com três meses esperando que um novo financiamento chegue, já foram
aprovados os projetos, mas a gente não consegue dar conta. Isso a nível de
graduação, fora a qualificação das pessoas que estão em serviço. Isso, para mim,
essa questão da qualificação, da formação e qualificação profissional e a questão
das unidades de desintoxicação eu considero como o grande nó crítico da política de
drogas hoje no Brasil. E a gente precisa fazer um investimento muito grande, muito
esforço para que essas coisas aconteçam para ontem, o mais rapidamente possível.
Os editais precisam ser mais ágeis e mais rápidos, não demorar tanto tempo para
que eles aconteçam.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Roberta.

Agora com a palavra Maria Perpétua, representante do Conselho Federal de


Enfermagem.

Dra. Maria do Perpetuo Socorro S. Nóbrega (Conselho Federal de Enfermagem)


– Obrigada. Bom-dia, gente.

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Também gostei muito da apresentação, muito otimista, mas eu também
venho junto com a fala da Roberta.

Hoje me preocupa muito a capacitação profissional, especialmente porque a


gente tem se deparado nos CAPS com ausência de médicos, com ausência de
enfermeiros, e da equipe de Enfermagem. Hoje temos um link, em relação, por
exemplo, à formação, especialização em faculdades particulares, por exemplo, e
também públicas, claro.

Então queria saber que caminhos vamos seguir, o que tem sido pensado a
respeito de capacitar esses profissionais, porque não adianta os CAPS hoje, chegar
e não ter profissionais à noite trabalhando. Fica bastante complicado.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Perpétua.

Com a palavra Emmanuel, representante do Conselho Federal de Medicina.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Emmanuel


Fortes.

Olha, essa discussão ela teima já há tantos anos e nós temos uma efetiva
preocupação com as estratégias governamentais que não têm surtido o efeito
desejado. Isso é efetivamente uma realidade. Mas existem coisas basilares para se
compreender nessa discussão. É preciso que se compreenda que o seu
estabelecimento de assistência médica e a hospitalização que a lei brasileira
defende de locais onde se presta assistência médica e se hospitaliza. E quais são os
outros equipamentos de apoio social, para que a gente então defina as estratégias?

A exposição ela é muito bonita, ela realmente é agradável e a gente compra,


de imediato, a tese. Mas quando nós olhamos para coisas básicas como, por
exemplo, a Lei nº 10.216 diz que você pode internar involuntariamente e pode
internar compulsoriamente. E a abertura e as abordagens todas são construídas
para sedução da aproximação. Então não é possível prever que um médico esteja
em qualquer local onde uma pessoa esteja correndo risco de vida, sem que o

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médico intervenha fazendo a prescrição. É prescrição médica. Internar alguém
involuntariamente é uma prescrição médica. Internar compulsoriamente é uma
prescrição médica através do juiz. O governo precisa retirar o manto da satanização
dos atos que possam intervir no direito do cidadão – porque temporariamente ele
perdeu essa condição – para poder então se pacificar as formas de internar, porque
não só a sedução leva às pessoas para o tratamento. Então é necessário que se
tenha esse entendimento.

E quando se fala na questão da remanicomialização através das


Comunidades Terapêuticas, isso daí é uma coisa que mostra o quanto a gente
precisa caminhar para entender o que são estabelecimentos que vão se prestar a
um papel social, que não têm um perfil médico, dentro da própria estratégia do
governo. Aquela casa de acolhimento onde a pessoa passa seis meses não é
médica não. Ela é uma casa. Agora, o CAPS-AD 24 Horas e o CAPS III 24 Horas é
médico. E lá não se acolhe não. Lá se interna. Por quê? Porque se essas pessoas
passarem por alguma dificuldade, se precisarem de uma sedação, o equipamento a
ser utilizado é o equipamento médico, porque nenhum outro profissional vai fazer
injeção na veia, botar a pessoa para dormir sem a segurança necessária. Nem
também o médico que está na Santa Casa de Belo Horizonte pode dizer:
“Enfermeiro, faça uma Amplictil com Fenergan na veia e mantenha esse paciente
aí”. Não pode. Uma intervenção dessas pode matar a pessoa porque os níveis de
sedação a que cada organismo responde, é muito diverso. Um Diazepan na veia
pode matar alguém e um Amplictil com Fenergan na veia mais um Gardenal no
músculo pode não fazer nada e a pessoa continuar numa agitação tremenda.

Outro ponto que eu considero sempre uma atitude hostil à Medicina é de


desconhecer o Hospital Psiquiátrico e tratar todos os estabelecimentos de
hospitalização psiquiátrica com o infame nome de manicômio, que gera uma
aversão na sociedade e essa não é a realidade. A realidade é que os hospitais
psiquiátricos estão sendo perseguidos pela ideia geral de que todos os leitos que se
oferecem no hospital psiquiátrico é um leito de manicomialização. Não. O hospital
psiquiátrico ele interna por semanas, meses, dentro de uma estratégia médica e
esse ato é um ato digno e precisa ser respeitado. Tanto quanto os leitos e hospitais

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psiquiátricos precisam voltar a serem ativados, porque perder 90 a 100 mil leitos
nesses últimos 20 anos gerou, sim, um impacto na assistência médica brasileira sem
precedentes. As pessoas estão nas ruas, não estão sendo abordadas corretamente
e os CAPS não vão dar cabo, tendo tanta gente necessitando. Hoje estão nos
presídios mais pessoas com doença mental do que esteve qualquer outra época da
história desse país.

Essas são as minhas ponderações iniciais.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Emmanuel.

A Darcy Izel Moreno, representante dos Conselhos Estaduais sobre Drogas.

Dra. Darcy Izel Moreno (Conselhos Estaduais de Entorpecentes) – (ininteligível) do


Amazonas. Ele apoia essa iniciativa do trabalho, de como foi articulada a Rede
dentro do Plano Crack. O que falta é realmente a capacitação. Nós estamos agora
fazendo, acatando a capacitação através dos Centros Regionais de Referências, e
o que nós sentimos é uma aproximação muito grande entre os profissionais da
Atenção Básica e os psiquiatras, que no nosso estado, Dra. Paulina, foi assim uma
surpresa. Nós abrimos a capacitação no Conselho Regional de Medicina e lá
tivemos momentos felizes entre a aproximação da Atenção Básica com os
psiquiatras e o que deu para perceber nesses dias de capacitação foi uma busca de
parceria espontânea. A partir do fechamento dos leitos do Hospital Psiquiátrico
Eduardo Ribeiro em Manaus, os psiquiatras passaram a atender nas policlínicas,
mas eles estão dispostos a trabalho em Rede junto com a Atenção Básica.

Então acredito, Dra. Paulina, que essa nova realidade da formação, repetir
os editais que nós estamos concluindo agora na capacitação da Atenção Básica que
é um outro Curso do Centro Regional de Referência, vamos ter uma ampliação
realmente do SUS no atendimento ao dependente químico.

Também temos dificuldade na implantação das Enfermarias. É difícil. Não


que não haja espaço nos hospitais gerais, mas pela capacitação desses

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profissionais e pela dificuldade realmente de espaço físico dentro das unidades de
hospitais gerais.

Nós estamos tendo uma visão também diferenciada em níveis de


Comunidades Terapêuticas. Nós sabemos que as Comunidades Terapêuticas
ficaram um pouco sentidas, ressentidas com a formação e o relatório apresentado
pelo Conselho Federal de Psicologia, mas houve realmente um divisor de águas.
Porque o que nos percebemos? Que as Comunidades que estão caminhando dentro
de uma estrutura estável, de um atendimento melhorado, conseguiram, sim, adesão
aos leitos hospitalares. E os editais estão levando os leitos às Comunidades
Terapêuticas, eles são direcionados ao gestor de saúde. E o gestor de saúde visita
as Comunidades Terapêuticas, avalia os seus serviços e nós temos três
Comunidades Terapêuticas em Manaus já recebendo os recursos do SUS. As que
não conseguiram adesão, realmente tinham precariedade, inclusive estão sob a
fiscalização do Ministério Público Federal, que encaminhou ao Estadual com o
acompanhamento do CONEN. E eu acredito que em outros estados também esteja
acontecendo isso. Nós estamos atentos, acompanhamos essa fiscalização com o
sentido educativo de orientar para que eles possam se ajustar à Rede.

A Rede é necessária, o atendimento ao dependente de álcool e outras


drogas ele precisa sim do serviço, do dispositivo do SUS como também das
Comunidades Terapêuticas, como também das demais ONGs ligadas ao Terceiro
Setor e à Igreja. Nós achamos que é importante a participação de abrigos. Os
abrigos no interior do estado – eu tenho visitado o interior do estado – temos
percebido que as igrejas têm um papel importante nesse abrigamento para que eles
possam recolher também naqueles estados que faltam os Consultórios na Rua. A
Igreja está desenvolvendo esse papel, e percebemos que há sim uma interação e
uma integração de todos os setores no atendimento ao dependente de álcool e
outras drogas.

Parabéns pela apresentação. Obrigada.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Darcy.
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Então a palavra agora com Marcelo, do Conselho Federal de Psicologia.

Dr. Marcelo Magalhães Andrade (Conselho Federal de Psicologia) – Só fazer um


complemento.

Talvez falte aos Conselheiros do CONAD também algum esclarecimento em


relação à Lei nº 10.216. Ou então tenha passado um pouco rápido a parte que o
Ministério da Saúde, então coloca de que não existe aplicação da Rede de Saúde
Mental prevista na 10.216 tal como a Lei prevê. Então quando a gente então para
atualmente para ouvir algumas críticas de determinados em relação à reforma
psiquiátrica brasileira, parece que as pessoas então esquecem ou elas olvidam de
que a Lei não está sendo cumprida na forma como ela deveria ser. Porque, de fato,
a apresentação que foi feita coloca essa ideia de Rede e essa ideia de que você não
tem um sofrimento humano sendo assistido e sendo gerenciado somente através de
uma porta, ou somente através de um determinado aparelho, mas que toda a
aparelhagem da Rede de Saúde, inclusive da intersetorialidade, da Rede de
Assistência Social que ela deveria estar implementada.

Então eu acho que para a gente colocar também as coisas no seu devido
lugar, que quando se coloca críticas em relação à Lei, que não está sendo
implementada como deveria se implementar, e aí o Ministério da Saúde vem: “A
gente quer implementar, a gente quer fazer como a Lei coloca, a gente quer seguir o
modelo que tem uma cobertura maior como o da Atenção Básica” e também aí a
ideia dos Consultórios de Rua e inclusive também procedimentos como o
procedimento de internação.

O Conselho Federal de Psicologia com o relatório, com as relações de


Direitos Humanos de algumas instituições relacionadas como Comunidades
Terapêuticas, vem apontar um pouco para esse risco. Como é que nós vamos,
primeiro, fazer um deslocamento da força democrática e dos recursos que deveriam
ser colocados unicamente no SUS e esses recursos a gente também poder ver ele
sendo colocado em aparelhagem que não seja aparelhagem do SUS. Claro que eu
acho que na hora de ajudar, na hora de a gente poder pensar que essa é uma forma

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de receber o sofrimento da população brasileira, a gente deve lembrar também que
a população é cidadã e que a população deveria ter a Rede que a Lei promete.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigado, Marcelo.

Vou passar a palavra ao Wellington novamente que solicitou. E depois a


minha sugestão é devolver a palavra ao Leon para fazer os esclarecimentos, enfim,
falar pelo Ministério da Saúde.

E, aí, nos teríamos que interromper porque nós teríamos uma questão
prática, que o restaurante a partir de uma hora fica muito complicado porque muitas
pessoas de outros Ministérios almoçam aqui e aí nós teríamos dificuldade em
conseguir lugares.

Então a minha proposta seria o seguinte: fala o Wellington, o Leon responde,


ou enfim, faz as considerações que desejar. Mas acho que deixar claro que esse é
um assunto que não se esgota. Nós podemos voltar hoje à tarde a debater e
quantas vezes forem necessárias. Acho que assim podemos prosseguir?

Por favor, Wellington.

Dr. Wellington Antônio Vieira (Organizações Terceiro Setor/FETEB) – Só


referendando sobre o que a Darcy falou sobre a questão das visitas às
Comunidades Terapêuticas, há algumas controvérsias graves, principalmente em
três estados, Alagoas, Minas e no Piauí; as visitas do que foi constatado e que foi
relatado de pronto já foram ao Juizado até algumas ações. E a forma de fiscalizar
nós sabemos que nós temos os Conselhos nos estados e tem a Vigilância Sanitária
que de pronto já tem que visitar, tem que certificar e tem que fazer todos os critérios;
porque nós já temos a RDC 101 há muito tempo.

Então o que nos deixou muito chateados, na verdade e que foi colocado pelo
Conselho, de que nós nunca, nas Comunidades, o Conselho se chegou para perto
para perguntar se tinha profissional lá dentro. E a forma que foi feita a coisa, eu acho
que tem um critério para a gente poder fazer a efetividade de o serviço funcionar.

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A gente então gostaria que se houvesse alguma outra fiscalização, nos
chamasse. Os Conselhos do Estado chamassem a Vigilância Sanitária junto, o
Ministério Público, porque a gente já previa em Lei essas fiscalizações que
acontecem. Então não é que a gente é contra não. Agora, tem que visitar as boas e
fazer um relatório das boas práticas que existem no Brasil de Comunidade
Terapêutica. Não é arcar essas brechas, o que foi feito no negócio de fiscalização
específica foi arcar essas brechas.

Também gostaria que o contraponto fosse que o CRP fizesse das boas
práticas, das visitas nas Comunidades Terapêuticas no Brasil, que vêm realmente
prestando nossos serviços.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Wellington.

Passo a palavra então ao Leon, do Ministério da Saúde.

Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Obrigado. Eu vou tentar dar conta de todo
o que foi dito aqui.

Primeiro a questão da formação. A formação como vários mencionaram aqui


é um desafio mesmo, é um desafio em vários aspectos. Nós precisamos, nós temos
alguns dos problemas que são os bons problemas do progresso. Nós estamos
ampliando muito o SUS, então nós estamos começando a ter falta de profissionais
qualificados. Isso se manifesta particularmente entre médicos, e há diversas
iniciativas do Governo nesse sentido. Nós temos uma má distribuição de recursos,
principalmente dos médicos. Os médicos querem ficar nos grandes centros. E o
Governo tomou uma iniciativa corajosa de incentivar a interiorização dos médicos
recém-formados, com todo apoio e dando a esses médicos que têm essa iniciativa e
essa coragem e resolvem contribuir para a construção do país, o devido benefício na
hora de concorrer às vagas da Residência Médica. Então isso é um grande
benefício. A minha escola, que foi a USP, foi uma das que mais protestou contra
isso. Até o Centro Acadêmico protestou, fiquei envergonhado no Centro Acadêmico,
mas o CFM me apoiou. Então estivemos em juntos nessa e em outras brigas.

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Há um desafio então de recursos para se conseguir dar conta de toda essa
necessidade de formação e aí eu acho fundamental que a SENAD fale porque as
iniciativas são muito fortes e têm história. E há uma dificuldade também de gestão,
como você exemplificou como no caso do Pro-Saúde. Quer dizer, a descontinuidade
das iniciativas por conta desses problemas da administração pública, nos deixa a
todos desconsolados, é um banho de agua fria diante de tanto esforço do Governo,
mas principalmente dos parceiros que levam essas iniciativas adiante. Então acho
que é um tanto crucial.

Agora, no que diz respeito a conjunto da sociedade que esse Conselho


representa, uma das questões na formação dos profissionais de Saúde é que os
temas de saúde mental e de drogas ainda são marginalizados, principalmente nos
currículos de graduação. Isso tem a ver, evidentemente, com o espaço que ocupa a
questão das drogas dentro da nossa sociedade, o espaço cultural e político que
ocupa essa questão. Então nós temos uma barreira de preconceito que precisa ser
vencida e que à medida que for vencida, também vai contribuir para que se exija dos
cursos de formação – que não é possível alguém chegar a ser médico de família
sem saber como lidar com o alcoolismo. Ninguém imagina um médico de família que
não saiba lidar com diabetes ou com asma ou com hipertensão. Bom, o alcoolismo é
um problema de saúde tão prevalente quanto, tão letal quanto, associado inclusive à
hipertensão e ao diabetes. Então nós precisamos ter essa pressão da sociedade
também ajudando a colocar esses temas mais fortes na formação dos profissionais.

A mesma coisa na questão dos hospitais gerais, dos leitos de


desintoxicação, dos leitos de Saúde Mental em hospital geral. É verdade, nós temos
um histórico de estímulo a essas iniciativas com um histórico ruim de estímulos. A
resposta dos gestores locais às iniciativas do Governo Federal é baixa, é pequena.
Uma das razões também é a questão do preconceito, quer dizer, é impossível
admitir que um hospital geral de porte não tenha uma Enfermaria de Saúde Mental.
O que contribui para que isso aconteça? É preconceito dos próprios médicos? Mas
também a sociedade tem um papel em pressionar, porque quando se abre, quando
se inaugura um novo hospital, é preciso perguntar se esse hospital vai ter uma
Enfermaria de Saúde Mental? Uma Enfermaria onde se possam acolher os

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dependentes químicos, ou não vai ter? Ou a gente acha que isso não é um
problema de saúde, ou vai ter que ficar segregado em algum outro lugar?

É preciso fazer esse tipo de cobrança e de questionamento. E nisso os


Conselhos, profissionais e a sociedade civil como um todo, têm um papel para
ajudar o Governo que faz esse estímulo financeiro, que faz as conversas, que
propõe inclusive que hospitais psiquiátricos que estão em processo de fechamento
se transformem em hospitais gerais e tenham lá os seus leitos de Saúde Mental
também, seus leitos para drogas, mas sejam hospitais gerais. Há uma demanda de
leitos hospitalares no Brasil. Então esses equipamentos podem fazer essa transição.

Com relação à questão das Comunidades Terapêuticas, Pastor Wellington,


o Ministério da Saúde, como o senhor mesmo disse, tem feito esforços para oferecer
aquilo que de melhor o Ministério da Saúde pode oferecer no sentido de
cooperação, de trabalho, de inclusão das Comunidades Terapêuticas como uma
possibilidade dentro da Rede de Cuidados.

Agora, nós somos o Ministério da Saúde; nós temos alguns princípios de


funcionamento dos serviços de saúde que têm que valer para uma Unidade Básica,
para uma Unidade de Acolhimento, para um Ambulatório de Especialidades, para
uma Enfermaria, para os serviços que entrarem como Serviços de Saúde dentro da
Portaria, financiados pelo Ministério da Saúde. E nós acreditamos que há diversas
Comunidades Terapêuticas que desejam essa inclusão. É um universo muito
heterogêneo, o senhor sabe disso. As quatro Federações que existem não
representam a totalidade das Comunidades Terapêuticas No Brasil. Os nomes
inclusive são variados. Não estou colocando isso para desautorizar a sua fala, é só
para contextualizar de que há um enorme universo que precisa ser contemplado.
Então nós temos pessoas que querem trabalhar junto. Eu, particularmente, em São
Paulo, tive algumas experiências muito positivas de trabalho da Rede de CAPS com
Comunidades Terapêuticas; de encaminhamento mútuo de pacientes, de trabalho
em cooperação, de planejamento conjunto das estratégias terapêuticas, e esse
modelo que nós queremos levar. Esse modelo que bebe da experiência, do que foi e
é ainda o processo da Reforma Psiquiátrica, de interação, de garantia da inserção

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da comunidade e de recurso do SUS da comunidade, dos quais a Comunidade
Terapêutica é uma das mais belas expressões naqueles lugares onde se cumpre o
que é a garantia dos Direitos Humanos. Existem alguns lugares que não cumprem
isso, como existiram muitos hospitais psiquiátricos.

Os hospitais psiquiátricos, esses sim, os maus hospitais psiquiátricos são


uma ofensa a nós que somos médicos. Eu particularmente fico ofendido, deprimido
e entristecido de compartilhar a minha especialidade médica com lugares que
abrigavam 4 ou 5 mil pessoas internadas durante 30 ou 40 anos, ou em lugares
como hoje, em Sorocaba, tem uma mortalidade de pacientes em torno de 45 anos
inexplicável sob qualquer ponto de vista da Saúde, mas que se deve – a não ser
pelo descuido que as pessoas recebem. Pelo descuido ou pela desatenção que é
prestada em alguns hospitais psiquiátricos, que infelizmente eram maioria. Não sei
se ainda são, mas ainda há muitos. Os que funcionam, o Ministério da Saúde
financia os hospitais psiquiátricos. Então nós não podemos dizer que estamos
excluindo. Nós continuamos financiando, agora, nós indicamos o norte claro de que
a nossa política que é financiar com mais força, com mais potência, outras
iniciativas. Vão continuar existindo os hospitais psiquiátricos daqui a cinco, dez anos
bons, com que características? Eu não sei, isso o futuro vai nos dizer. E a qualidade
e o engajamento daqueles profissionais que trabalham nos hospitais psiquiátricos é
que vai possibilitar isso ou não. Mas é uma trajetória que nós estamos cursando.

Sobre a questão da internação involuntária, que o senhor mencionou. Eu já


internei pacientes contra a vontade deles, com apoio da família. Eu considero isso
um fracasso terapêutico. Essas ocasiões, para mim, foram um momento de reflexão
para pensar onde foi que eu errei. Então é esse princípio que eu acho que a gente
poderia guardar aqui.

Eu não falei da internação involuntária antes porque, curiosamente, a


internação involuntária ela ganhou no Brasil um destaque que ela não tem em
nenhum outro país do mundo quando se fala da questão de drogas. Ela não é um
tema na Europa; talvez nos Estados Unidos sobre algum viés. Mas na Europa de
onde nós tentamos beber as melhores experiências, ela não é um tema. Aqui é. Por

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quê? Eu acho, que por várias razões. Eu vou falar daquilo que é nossa
responsabilidade para não botar a culpa nos outros. Uma das razões é que uma
rede deficiente deixou uma responsabilidade injusta nos ombros das famílias de ter
que desesperadamente pedir para a Rede de Saúde fazer alguma coisa pelo seu
familiar que está dependente. Nós estamos otimisticamente, com belas palavras,
mas acho que com ideias fortes e com disposição é construir uma Rede que vá tirar
da responsabilidade das famílias esse fardo. Que vá poder chegar antes que chegue
ao ponto de discutir uma internação involuntária. Então é isso que nós queremos.

Agora, quando ela for necessária, ela será feita. Todo psiquiatra passou por
isso, mas nós queremos que isso assuma, no contexto do debate nacional, a
dimensão que realmente deve ter. Isso é colocado, às vezes, em primeiro lugar, e a
gente deixa de falar, dentro das complexidades que é, por exemplo, fazer integração
da própria Rede de Saúde ou da Rede de Saúde com a Assistência Social, que acho
que hoje à tarde vai ser tema de debate aqui.

Com o CFM, o Ministério recentemente enviou a todos os médicos


brasileiros, as diretrizes que o CFM fez sobre o tratamento do crack. Então nós
estamos plenamente de acordo com as diretrizes que lá estão colocadas e
apostamos nessa Rede que está aqui apresentada, como aquilo que de melhor nós
podemos oferecer e aquilo que é a direção que a gente quer dar para o futuro.

Acho que para respeitar a questão, o tempo eu vou mencionar rapidamente


a questão do CAPS que o senhor mencionou, só porque também é necessário um
esclarecimento.

Então o CAPS 24 Horas nós não consideramos que são leitos de internação.
São vagas de acolhimento. É uma outra coisa, é algo diferente. Nós estamos
criando alguma coisa diferente. Então os princípios antigos que se aplicam aos
hospitais, não podem se aplicar a isso. Nós precisamos ter abertura e descobrir
quais são. E o processo mundial que é a desospitalização, não da Saúde Mental, da
Saúde em geral, da possibilidade de poder fazer cirurgia ambulatorial, hospitais dia.
Enfim, uma série de iniciativas que tentam manter a pessoa na sua casa o mais
possível ou num ambiente mais parecido com uma casa – porque aqui eu não
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conheço ninguém que goste de ficar em hospital. Acho que todos nós entendemos
os esforços que possam ser feitos para se evitar a ida ao ambiente hospitalar.

Então o CAPS 24 Horas ele está nesse contexto, ele está colocado nesse
contexto. É uma criação que nós estamos fazendo. Nós vamos experimentar. Nós
temos já alguns anos de experiência muito bem sucedida. Não tivemos tragédias, eu
não vou entrar nos detalhes da discussão para não aborrecer os colegas aqui que
não são médicos, e todo o mundo está esperando o almoço, mas é uma aposta que
a gente precisa fazer.

Eu queria passar para a Andrea para complementar um pouco mais sobre


formação antes de encerrar, mas desde já eu agradeço a oportunidade de estar
aqui, a participação de todos vocês. Eu tenho certeza que tenho em consideração
tudo o que é dito; evidentemente que o Ministério não concorde com tudo. O
Ministério está num processo de aproximação com setores que tradicionalmente não
estavam ao seu lado, mas nós queremos iniciar esse diálogo por acredita que é
única forma de progredir em um desafio tão grande quando esse.

Obrigado.

Dra. Andrea Galassi (Coordenação Nacional de Saúde Mental) – Bom-dia. Vou


falar bem rapidinho.

Queria dar um oi bem especial para a Paulina. Para mim é um prazer estar
aqui, Paulina, de volta a essa casa, rever os colegas e participar dessa discussão.

Brevemente, pelo almoço que eu estou tremendo de frio, literalmente, acho


que tanto a Roberta quanto a Maria Nóbrega colocou a questão da capacitação, da
formação. Dentro do Ministério da Saúde, da Coordenação Nacional a gente vem
discutindo isso amplamente na esteira do Plano do Crack, mas também por conta da
implementação da Rede de Atenção Psicossocial que é a formação.

Então nós estamos numa ampla discussão com a Secretaria de Gestão de


trabalhos em Saúde, que é dentro, uma Secretaria específica do Ministério da Saúde

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que trata da formação dos profissionais que trabalham em Saúde além da discussão
dos currículos por meio desses programas, do PET, Pro-Saúde e das Residências.

Então a notícia que eu trago é que a gente está nessa discussão grande,
inclusive nessa perspectiva que o Leon colocou, que é de interiorização da
Residência Multiprofissional e da Residência em Psiquiatria. Então isso é uma
discussão que está sendo feita e será, de fato, implementada em função do Plano
Crack, mas também para a implementação da Rede de Atenção Psicossocial.

Então eram essas informações. Então você vai ter, com certeza, a notícia do
recurso do PET e Pro-Saúde muito em breve.

Obrigada.

Dr. Wellington Antônio Vieira (Organizações Terceiro Setor/FETEB) – Leon, só


fazendo uma consideração. Eu fico meio triste de o Ministério da Saúde nos cobrar a
legitimidade, da forma como foi colocado. Mas eu quero na verdade só colocar que...

Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Eu não fiz essa cobrança. Eu só quis
dizer que é um universo diverso. E todos nós sabemos disso.

Dr. Wellington Antônio Vieira (Organizações Terceiro Setor/FETEB) – Mas hoje


as quatro Federação são uma Confederação, talvez, só para você saber.

Dr. Leon García (Ministério da Saúde) – Vocês são sempre recebidos com essa
legitimidade. Isso é uma inverdade.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Eu vou, em dois minutos, colocar algumas informações que acho
que complementam, que ajudam na discussão que depois nós podemos continuar,
enfim.

Em relação às Comunidades Terapêuticas, acho que tem uma questão que


é importante colocar para o Conselho, que nós estamos fazendo um grande
mapeamento, porque é uma realidade, as Federações sabem disso, o Ministério da

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Saúde sabe disso. É uma realidade que ninguém sabe no Brasil hoje quantas são as
Comunidades Terapêuticas, o que fazem e como fazem.

Então existe efetivamente o que o Pastor Wellington fala, que existem muito
boas práticas, como o próprio Leon reconhece que trabalhou articulado, enfim, como
muito bem existem situações que o Marcelo coloca de absurdos que nós sabemos
que o Ministério Público tem tomado diversas medidas em relação a isso.

Então nesse sentido e dentro do papel da SENAD, que é o órgão articulador


dessa política, nós estamos realizando um grande mapeamento nacional, feito de
forma absolutamente técnica. Está sendo feito pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul com todo rigor metodológico. Nós vamos ter as Comunidades
mapeadas, com informações em relação à natureza do serviço, às condições, à
articulação com a Rede, enfim, até o preciosismo quase de termos o
georreferenciamento para fazer a articulação com os Serviços de Saúde.

Desse mapeamento que está sobre a responsabilidade do Vladimir, que é o


nosso diretor da SENAD com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estão
participando ativamente as quatro Federações de Comunidade Terapêutica – nos
ajudando na coleta de dados e na indicação junto com as Secretarias Municipais de
Assistência Social e de Saúde. Então eu acredito que muito em breve nós
poderemos estar trazendo aqui no CONAD um resultado desse mapeamento, que
acho que vai ser fundamental para o Ministério da Saúde e fundamental também,
evidentemente, para que a gente tenha a noção e perspectiva da SENAD discutir
junto com a Anvisa, com o Ministério da Saúde um processo de avaliação a partir
desse mapeamento.

Porque hoje nós nem podemos falar em avaliação, porque nós nem
sabemos onde estão, o que são e o que fazem. Nós conhecemos algumas, mas nós
não sabemos efetivamente onde estão.

Então, provavelmente, ontem nós prorrogamos a Portaria do grupo


coordenador desse processo em mais 90 dias. Então o prazo, Vladimir sabe disso, é
90 dias para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul nos apresentar esse

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mapeamento. Raquel Barros está participando como consultora também desse
projeto. E eu acho que vai ser muito importante, muito valioso na evolução e nessa
aproximação que deve acontecer, que tem que acontecer e que eu acho que a pesar
das dificuldades que são naturais também, evidentemente, eu acho que nós já
caminhamos muito nesse sentido. Muito, muito em todos os lados.

Então era essa informação. E à tarde nós vamos estar falando,


complementando muito do que Leon falou e Andrea, sobre a parte de capacitação.
Essa parte de capacitação do Plano Crack, afora a capacitação específica de
programas de Residência, de formação, que o Leon já mencionou. Mas nós temos, a
SENAD tem a responsabilidade determinada pela presidenta de efetivamente tornar
realidade dentro das universidades públicas do Brasil, centros para a formação de
profissionais na área de drogas. E nós temos muito boas notícias que vamos trazer
hoje à tarde para vocês.

Então, sem querer alongar mais, porque já passamos bastante do horário,


eu agradeço essa primeira parte da reunião, a participação de vocês todos. E nós
temos o restaurante aqui do Ministério da Justiça para aqueles que quiserem
almoçar conosco, que os nossos colegas, a Giselle e o Gilberto vão acompanhar
aqueles que tiverem interesse em almoçar aqui no Ministério.

Nesse momento, agora é uma hora da tarde, eu penso que nós poderíamos
voltar às 2h15, dar uma tolerância de 15 minutos para a gente não almoçar tão
correndo, pode ser?

Então mais uma vez muito obrigada e até daqui a pouco.

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DEGRAVAÇÃO

Sala 404 | TARDE – 14h às 17h

[Tempo/Áudio total: 03:20:13]

Pauta

PROGRAMA "CRACK, É POSSÍVEL VENCER":

 14h – Eixo Cuidado


Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza
Sachet

 14h25 – Eixo Autoridade


Secretaria Nacional de Segurança Pública, Catia Emanuelli

 14h50 – Eixo Prevenção


Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Carla Dalbosco

 14h50 às 15h20 – Espaço para discussão

 15h20 às 15h40 – Definição de agenda de trabalho

 15h40 às 16h50 – Palavra Livre

 17h – Encerramento

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Antes voltaram ainda do almoço, mas como nós temos horário, e
os nossos convidados também têm compromissos, vamos, então, retomar a reunião
com a apresentação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A
nossa colega Teresa que vai apresentar as ações de reinserção social do Plano do
Crack.

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Dra. Tereza Sachet (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)
– Isso.

Possivelmente, pelo fato de está chegando agora, possivelmente muita coisa


aí não tenha acompanhado a parte da manhã, eu peço desculpas, mas eu tinha uma
outra atividade, possivelmente eu vá repetir algumas coisas que foram faladas na
parte da manhã pela Saúde e Segurança. Principalmente, porque a nossa parte de
Assistência Social tem uma relação muito próxima com a Saúde.

Pode começar a apresentação, então.

A Assistência Social historicamente tem atendido essa população, a


população que vive em situação de vulnerabilidade ou riscos sociais, então é o foco
da nossa política.

Para além da questão da saúde, que é central nesse programa de combate


ao crack, o uso do crack e de outras drogas impacta na dimensão individual, familiar
e social dos sujeitos. Assim como essa questão familiar tem um peso muito
importante, ou a falta de vínculos familiares pode ser um dos motivos que
encaminha o indivíduo para uma situação de uso e abuso de drogas ou de álcool.

A associação entre o uso de drogas e vulnerabilidade social, ou risco social,


pode levar agravamentos na condição de saúde das vulnerabilidades ou risco social.

Então a visão da Assistência Social é que o usuário deve ser entendido sob
a perspectiva da integralidade, com atenção aos aspectos da saúde e fortalecimento
de outros campos de sua vida, como eu falei. Então enquanto a saúde lida com as
questões da doença e tudo mais, nós lidamos basicamente com a questão do
rompimento dos vínculos. Então, a ação, a tentativa de restabelecimento de vínculos
sociais e familiares é para a Assistência Social a essência do nosso trabalho.

A partir de 2012, com o programa Crack é Possível Vencer, então há no


Brasil, é criado no Brasil um Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras
Drogas. Como vocês já viram hoje pela manhã, com esses três eixos

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predominantes, que é uma atenção à questão da prevenção, ao Cuidado e à
autoridade através da ação do Ministério da Justiça.

Nós entramos, então, com a Saúde no segundo eixos, no primeiro eixo


também da prevenção, através dos CRAS, mas nós basicamente entramos,
particularmente a nossa antecipação está voltada para a questão do Cuidado do
usuário. Então há, a partir dessa nova visão das recentes leis e programas, uma
visão diferenciada do que é lidar com o problema da droga, na visão de que não
precisa só combater o tráfico, mas, sim, também olhar para as pessoas com uma
visão de que é possível reintegrá-la na sociedade, como é que é possível cuidá-la,
para que ela possa se restabelecer os seus vínculos e voltar a um convívio social
mais adequado, se pode falar assim.

Bom, vocês já sabem o que tem lá embaixo, que esse que esse programa,
ele é coordenado pelo Ministério da Justiça. Enfim, e a Saúde e Assistência Social
entram, então, na questão do Cuidado, como eu acabei de falar.

Alguns destaques deste programa Crack é Possível Vencer. Um importante


destaque deste programa é a questão da intersetorialidade. Então a gente não ver o
problema e não ver como sendo apenas uma questão de polícia, não sendo apenas
uma questão de saúde, mas é ou de Assistência Social, mas que é importante
integrar as diferentes áreas, diferentes setores para poder combater ou lutar contra
esse favor da reintegração das pessoas.

Em termos do MDS e da Assistência Social, como eu falei, para nós o que


houve a partir da nossa entrada mais efetiva neste plano, da nossa convocação para
a entrada nesse plano foi um fortalecimento da Rede de Atendimento aos Usuários
de Drogas e a suas famílias através do SUS e do SUAS.

Eu vou mostrar um pouco, eu vou mostrar um pouco mais a diante que


houve estatisticamente um grande aumento na extensão das redes nossas de
CRAS, e CREAS, e Centro POP, a partir da nossa entrada neste programa.

O fortalecimento da intersetorialidade entre os Eixos Cuidado e Autoridade,


a articulação das ações da saúde e Assistência Social com a segurança pública, que
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é o que a gente tem reforçado o tempo inteiro, que nós temos que trabalhar de
forma integrada e particularmente a Assistência Social e a Saúde, através das
equipes de abordagem dos Consultórios na Rua tem trabalhado, planejado a suas
ações, e atuado de forma bastante integrada.

E, por último, a adoção de um modelo intersetorial e interfederativo. Aí


certamente eu vou estar repetindo também isso novamente, mas antes de irmos
para o município ou para o estado nos a gente faz todo em contato de articulação
com o estado e com o município. As nossas reuniões de pactuação, as nossas
primeiras reuniões são reuniões onde nós temos que a presente Assistência Social
do estado, do município. E nós nesse trabalho tentamos contribuir também para
essa articulação. Às vezes, há uma completa desarticulação entre estado e
município. E a gente tenta, então às vezes é ali naquela primeira reunião que a
gente estabelece, onde lá existe, onde é estabelecido um primeiro contato ou um
contato mais verdadeiro, mais próximo, digamos assim, entre o estado e município.
Então a gente enfrenta às vezes nesse processo de pactuação, a gente se depara
com situações de grande fragilidade na relação entre entes federados. Mas há um
objetivo. E a nossa ação visa fortalecer essa ação e a gente, na medida do possível,
a gente tem conseguido com alguns estabelecer essa relação entre os diferentes
entes federados.

O próximo, então, é onde apresenta um pouco de como se deu a expansão


nos últimos anos a partir do programa da expansão do serviços socioassistenciais a
partir de 2010, particularmente para a gente poder entrar ou proceder com esse
programa, a gente teve que fazer antes uma expansão de diferentes serviços. Então
se a gente olha ali antes, o número de antes da expansão, o número de CREAS que
nós tínhamos era de 1014, após a expansão esse número de CREAS passou para
2.124. O número de municípios com serviço de medida socioeducativa nos CREAS
passou de 388 para 906. A capacidade de atendimento e adolescentes, e nos
CREAS, antes da expansão passou de 32.920 para 73.360. O número de municípios
com Centro de Referência Especializado para a População de Rua, que é um
serviço bem recente da Assistência Social, passou, nós não tínhamos nada antes, e

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passamos, então, para 88. Aí o número de referência especializada para a
população de rua passou o de zero para 101.

Sobre a questão do Cuidado. Aquilo um pouco sobre a questão dos


princípios e diretrizes que norteiam, então, a prática da Assistência Social.

A proteção, princípios e diretrizes. A proteção social nas situações de


vulnerabilidade ou risco pessoal e social, com violação de direitos associadas ao uso
de crack e outras drogas.

Um outro princípio importante é o alinhamento entre os trabalhos sociais do


SUAS e da saúde do SUS. Como eu falei, todo o trabalho nossa planejado, e
quando a gente for ver um pouquinho mais sobre o trabalho realizado em CRAS,
CREAS e Centros POP, a gente vai ver isso um pouco mais detalhado, mas é
sempre feito, planejado e a atuação é pensada e executada junto com a Saúde.
Então há um grande trabalho de integração entre o MDS e o Ministério da Saúde
para essas ações do SUAS.

A visão é uma visão de ética e respeito, e dignidade à diversidade, e não


discriminação ao usuário. Então a gente trabalha com a pessoa tentando respeitar a
sua dignidade, a sua individualidade. E a contextualização das situações e uma
determinada realidade familiar, social, cultural e econômica. Então a gente tenta
partir da realidade do usuário como ela é, entender o usuário na sua especificidade,
nas suas necessidades e condições.

Sobre princípios e diretrizes. As ações são norteadas pelo princípio do


fortalecimento das relações familiares, como eu falei anteriormente, comunitárias e
redes sociais de apoio. Então o entendimento aqui é de que pessoas que são
usuárias de crack possivelmente já perderam muito os vínculos ou eram pessoas
que já vinham de uma situação de vínculos sociais e familiares muito fracos, débeis.
E a intenção, então, a visão é que para as pessoas possam se restituir socialmente,
ou enfim, que o uso da droga, que é o não uso da droga, passa também por essa
vinculação, esse estreitamento de laços sociais e familiares.

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Respeito da autonomia eu já falei disso, o emponderamento na reconstrução
das trajetórias de vidas. E fora disso, a redução da vulnerabilidade e riscos sociais,
pessoais e sociais através dessa construção de vínculos. Isso é um pouco do que
norteia, então, a prática da nossa ação. Nós passamos agora um pouco para o
programa em si, para como é que a gente...

Esse fluxo, então, mostra... Esse fluxo é um fluxo que a gente tem que
mostrado nos municípios e que onde a gente entende, por exemplo, que a gente
entende que a primeira que existem vários espaços onde...

Por que ele está demorando tanto?

[Ininteligível – interlocução sem uso do microfone]

Onde é feita a identificação do uso da droga, que pode ser feito do usuário
da droga, que pode ser feito através do Centro POP, segurança pública, escolas,
CRAS, CREAS, órgãos de defesa de direitos, Conselhos tutelares, saúde,
consultório de rua, enfim. E a partir daí isso o tratamento e a internação é feito
através... Passa esse o usuário por uma avaliação da saúde, que pode, então,
encaminhar para o órgão gestor da Assistência Social, então o atendimento à
família, do CAPS AD ou para alguns outros serviços da área da saúde, SAMU,
hospitais, ou comunidades terapêuticas. A intenção é que o pós-tratamento, o
acompanhamento, o indivíduo tenha um retorno ao convívio familiar, e esse retorno
do indivíduo ao convívio familiar, ele é estabelecido através dos CRAS e dos
CREAS, que é feito esse serviço de construção de vínculos.

E aqueles indivíduos que não tem condições do retorno familiar, então eles
seriam, então, colocados no serviço de abrigamento ou, então, no Centro POP, onde
também tem um serviço de acolhimento. Mas particularmente, então, passando
agora aos serviços que nós temos dentro da nossa rede.

Os CRAS. Dentro da Assistência Social nós trabalhamos com... Nós temos


aqui a chamada Baixa, a Média e Alta Complexidade. Então nos CRAS são feitas as
ações de prevenção, é para onde vão os indivíduos, aqueles que têm, ou em busca
de assistência ou qualquer forma, em busca de informação sobre serviços, então

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eles se dirigem ao CRAS, é o serviço que atende a população carente como um
todo. Através dos CRAS são desenvolvidas ações preventivas nos territórios,
identificações, através da identificação nas ações desenvolvidas nos CRAS e nos
serviços de proteção social básica de situação do uso do crack ou de outras drogas,
sensibilização, com sensibilização e encaminhamento para a saúde.

Então o CRAS também é um espaço onde os assistentes sociais identificam


a necessidade de encaminhar, para aonde encaminhar. E muitas vezes, então, este
usuário é encaminhado para a saúde. Nos CRAS são desenvolvidos ações
integradas com a saúde, na atenção às famílias em situação de vulnerabilidade
social e uso do crack e outras drogas, com planos de acompanhamento
compartilhados e reuniões periódicas para a discussão de casos. Então esse aqui é
um trabalho que é feito com a saúde de prevenção ao uso de drogas nos CRAS.

Após, então, acompanhamento do trabalho social com famílias, após o


desligamento da internação para o tratamento da dependência química. Então após
as pessoas saem do hospital, também o CRAS faz, então, esse trabalho de tentativa
de reinserção com a família, como eu falei antes.

Uma outra importância dos CRAS, porque muitas vezes a questão, como a
gente tem discutido, às vezes a questão não passa por simplesmente construção de
vínculos familiares ou a questão de remédio, mas a pessoa precisa de uma rede
inserção social e uma forma de reinserção social é através dos programas que nós
temos no nosso Ministério. Então o programa Bolsa Família, por exemplo, têm os
indivíduos que precisam e são cadastrados no cadastro único e podem receber o
benefício do Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada, eles também
indivíduos que não têm documentação dos pessoal, isso é facilitado, então, através
do serviço do CRAS.

Então, como eu falei, a ação visa viabilizar a inclusão do social para o meio
da articulação intersetorial. Então o CRAS essa avaliação do que o indivíduo
precisa, de quais os serviços que são necessários para a reintegração social do
mesmo.

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Os CREAS, é onde são atendidos, é o que está dentro da Assistência Social
no que é chamado os serviços de Média Complexidade. E nós CREAS são onde
estão aqueles indivíduos em situação de maior risco. Então são que necessitam de
ações de atenção mais específica. E é onde os usuários de drogas são mais
atendidos nos CRAS, nos CREAS e no Centro POP.

Então aqui é feita a identificação de situações de uso de crack e outras


drogas, com sensibilização também e encaminhamento para a saúde,
encaminhamento para os serviços de CAPS e UBS.

Acompanhamento de famílias com situações de risco pessoal e social por


violação de direitos e uso do crack e outras drogas, articulado com a Saúde. Então
acaba acontecendo é que a gente acaba se repetindo, porque é isso que acontece,
a nossa ação é muito articulada, tanta a ação preventiva, quanto a ação mais de
atenção, mais específicas ao usuário, aos que já tem os direitos violados é feito
através de uma ação conjunta com a Saúde.

Há também, eu acho que as outras coisas aqui do CREAS eu acabei,


trabalho social após processo de internação para tratamento da dependência
química, quando observada a situação de risco pessoal e social por violação de
direito, a criação de vínculo e inclusão social novamente.

Uma abordagem de ruas. São equipes que funcionam nos CRAS e nos
CREAS, e o objetivo é atender as populações, essas populações mais vulneráveis,
que se encontram nos territórios de uso de crack. Então a equipe se dirige até esses
espaços, esses territórios de abuso de álcool e drogas, e atua com os consultórios
de rua, tentando encaminhá-los para os serviços de saúde ou para os serviços da
Assistência Social, que tratem, que cuidem, então, especificamente da questão de
álcool e droga.

No caso de crianças e adolescentes há uma busca ativa para tentar tirá-las


dessa situação de rua ou de abuso. Então há uma ação mais efetiva, juntamente
com essa de interação às vezes dessa criança. E quando couber, no caso da
pessoa adulta ou idosa também, Nesse caso é mais observada motivação ou a

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intenção da pessoa a atendida. Às vezes, quando é uma criança que está em uma
situação de grande risco e de vulnerabilidade, há em alguns casos a internação
compulsória, mas no caso do adulto isso é evitado, a orientação é que seja evitado.

Também quando necessário é feita uma comunicação com o Conselho


Tutelar, no caso de crianças e adolescentes, ou no caso de trabalho infantil, então
encaminhamento para inclusão no PET.

O Centro POP, que é um outro tipo de serviço, que são os Centros


Específicos para a População em Situação de Rua, que são chamados os Centros
POPs.

Aqui também é feito um trabalho articulado com a saúde para


acompanhamentos, com planos compartilhados e discussão nos casos de
atendimento, inclusive após período de tratamento e a internação de dependência
química.

Encaminhamentos para serviços de abrigo, então quando necessário.


Quando a retomada, por exemplo, com o convívio familiar não é possível, então as
pessoas, há uma tentativa, então, de contato com a família, de restabelecer o
contato com a família, mas se isso não for possível, então as pessoas são abrigos
específicos para essa população.

Aqui, como eu falei, às vezes há a necessidade de que há o


encaminhamento para o cadastro único e acesso aos serviços do nosso Ministério,
que é o Bolsa Família de Benefício de Prestação Continuada.

Por último, então, que eu já falei um pouco, nós temos os serviços de


Acolhimento de Alta Complexidade, que é particularmente um serviço que atende a
população, a pessoas em situação de rua ou em situação de abandono, ou sem
referência familiar e de moradia convencional. Então nos casos que demandam,
então, o Cuidado intensivo.

Os serviços de acolhimento não devem, é importante salientar isso. E


confundir com as unidades de saúde e tratamento 24 Horas, o hospital e

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comunidades terapêuticas. Então aqui é um serviço dentro do âmbito do SUS e da
Assistência Social, apesar de que em alguns estados é feito ali mesmo um
tratamento, a intenção aqui é de que não seja, esse serviço no seja confundido com
os serviços, os CAPS AD, os serviços da saúde.

Eu acho que é isso. Obrigada.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Teresa.

Então a gente vai abrir agora para dúvidas, perguntas, questionamentos,


que a Tereza possa estar respondendo em relação à parte do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, no que Plano Crack é Possível Vencer.

Dra. Tereza Sachet (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)


– Eu tenho aqui o Carlos, também, desculpe, eu apresento. Eu sou da Secretaria
Executiva, e o Carlos está diretamente ligado a essas... Você trabalha com especial,
não é? Proteção social especial, então da Secretaria de Assistência Social, então
algumas possivelmente ele vai poder responder melhor algumas questões mais
específicas do que eu que sou da Secretaria Executiva.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Tereza. A Raquel Barros.

Dra. Raquel Silva Barros (Organização do Terceiro Setor) – Eu, na verdade, sou
fã do SUAS, e acho o CREAS, POP um máximo.

A única questão, hoje junto com a SENAD, também a gente viu hoje de
manhã o Ministério da Saúde, já está existindo um movimento enorme de integrar o
SUS e SUAS, a gente tem os CRRs que já formaram o SUS e SUAS. A gente
percebe essa integração grande entre os técnicos, não essa é uma Brastemp, mas
está começando a funcionar. Eu acho que isso é uma proposta a longo prazo e a
gente está conseguindo já ver alguns resultados.

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O problema que a gente vê lá na ponta são os gestores, os gestores não
estão conseguindo acompanhar esse movimento de integração. Então, por exemplo,
eu não vou nem falar o prefeito, eu vou falar lá a Secretária da Assistência e
Desenvolvimento Social, ele não consegue nem integrar, e a gente tem visto muito
isso, os próprios serviços da própria Assistência Social. Por exemplo, a questão de
você fazer alguma oficina de geração de renda dentro do CRAS, não é só para você
só ocupar o tempo de uma senhora, é para você poder ir dando a condicionalidade
do Bolsa Família. Então o que a gente tem percebido na ponta é que até os
profissionais estão conseguindo, lógico, com o seu tempo e tudo isso ainda vai
demandar, mas não está existindo nada e talvez seja interessante, pelo menos eu
não conheço, que esses gestores se formem também ou comecem a conhecer esse
avanço. Eu queria saber do MDS, porque a gente ver que nos municípios o recurso
que vem do federal é aonde você vai em município pequeno e município grande,
sempre tem essa ilusão do recurso do federal. Então eu queria saber um pouco se
tem alguma ação para esses gestores, para os Secretários se integrarem, ainda
mais agora que eles são para prefeitos, se tem algum programa, alguma proposta
nesse sentido, porque eu acho que o CONAD deveria estar acompanhando mais
isso.

Dra. Tereza Sachet (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)


– Quer fazer um bloco? Talvez fosse melhor, então, a gente fazer um bloco de
perguntas.

Sra. Roberta – É só um esclarecimento, Tereza.

Você falou que na abordagem de criança e adolescente o usuário de drogas


há indicação de internamento compulsório. Quando, mas assim, para onde vocês
estão fazendo isso? Porque, qual é a estrutura da Assistência Social ou da Saúde,
que esteja fazendo o acolhimento, mesmo que compulsório, para criança e
adolescente? Porque isso é um grande nó também na rede de saúde.

Então Recife é um município que tem uma vasta rede de CAPS de


transtorno mental, de álcool e drogas, Casas no Meio do Caminho, nós temos casas
de acolhimento do SUAS, casas de acolhimento do SUS. Mas a criança e o
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adolescente ficam um pouco perdidos nessa rede, porque a gente de fato tem, para
a criança eu diria que em Recife e em Pernambuco a gente não tem nenhum serviço
que faça, para adolescente a gente tem um em Recife, mas compulsório a gente não
está fazendo não.

Dra. Tereza Sachet (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)


– O Carlos está me corrigindo aqui, falando que não há indicação da Assistência
Social para fazer a internação compulsória.

O que eu havia entendido é que em situação, na verdade, é aquele, na


verdade, eu estava me referindo no PowerPoint, eu sei que eu acabei falando da
internação compulsória, mas era o contato, a busca de vínculos familiares. Você faz,
no caso da criança, eu estava pensando na internação e falei, acabei falando outra
coisa.

De toda maneira, então a busca de vínculos familiares, ela não precisa


passar pelo consentimento da criança, quando ela, quando é criança, e, no entanto,
quando é adulto é outra coisa. No entanto, em conversas com as assistentes
sociais, SNAS, há sempre essa dúvida quando crianças estão em situação de risco.
E, até por isso, da confusão na apresentação, se é devido, se é que ela seja
acolhida, que o estado, então, tenha uma obrigação de recolher uma criança que
está em grande risco de vulnerabilidade em um espaço público. Se não é obrigação
do estado, então, acolher essa criança. O problema é como você coloca, não é? É
para aonde?

Sra. Roberta – Então, só para esclarecer.

Dra. Tereza Sachet (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)


– Então falou a Roberta, a Darcy apresentando os Conselhos Estaduais Sobre
Drogas.

Dra. Darcy (Conselhos Estaduais sobre Drogas) – É uma informação para


complementar o que a Roberta abordou com relação ao encaminhamento de
crianças e adolescentes.

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Há um dispositivo do SUS, que é o CAPS I, e o CAPS I-2, ele pode ser
especializado em AB, CAPS I AB. Nós estamos treinando a equipe CAPS I em
álcool e outras drogas com o CRR, e já estamos oferecendo, porque é uma lacuna
muito grande no atendimento à criança e ao adolescente com o transtorno de álcool
e outras drogas. E a outra informação é que a fase da criança e do adolescente,
essa fase da vida não há grandes transtornos, eles vão acentuar mais a partir de 16,
17 anos. Então, a criança que usa nessa fase – oito, nove, dez anos – ela é bem
atendida em uma unidade de escola, de reinserção social, voltada para o esporte, o
amparo à família. E que o CRAS faz muito bem trazer esse convívio familiar, esse
resgate familiar, aí vamos ter um ambiente acolhedor da família dando conta desse
transtorno inicial da criança e do adolescente.

Obrigada.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Darcy.

Emmanuel, do Conselho Federal de Medicina e depois o Marcelo, do


Conselho Federal de Psicologia.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – As


estratégias são realmente interessantes. Cuidar da sociedade, cuidar da família é
realmente algo decisivo para que a gente traga a saúde e a sanidade para a
sociedade. Mas tem sempre uma vertente das discussões que me deixa com uma
interrogação. Todas as vezes que se fala, diz que as família têm as suas
vulnerabilidades, e daí a pessoa começar a usar drogas. E eu não acredito que
todas as pessoas que consomem ou criam dependência, tem alguma dependência
de drogas venha de famílias desestruturadas. Têm muitas famílias estruturadas que
tem pessoas que têm problemas de drogas, e ela passa a se desestruturar em
função da negação da drogadição. Eu achei uma correção no discurso, para que a
gente fale uma linguagem mais razoável para o entendimento das estratégias. Acho
que o plano é interessante, nesse aspecto e em relação ao que o Ministério da
Saúde está fazendo, nós temos mais concordâncias do que discordâncias. Com
Ministério da Saúde temos muitas discordâncias. Mas eu acredito que essa
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integração do sistema Suas que com o Sistema Único de Saúde, ela precisa
caminhar a passos mais largos. Afinal de contas, a questão da miséria, da pobreza e
das consequências da miséria e da pobreza sobre a saúde da população e a
questão das drogas e do álcool, isso sim, precisa de uma demanda exaustiva. Eu
acho que aí a gente pode gastar muita energia.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada Emmanuel. Marcelo.

Dr. Marcelo Magalhães Andrade (Conselho Federal de Psicologia) – É só para


registrar também. Eu achei e estranhei um pouco na hora da fala, porque tem uma
moção de repúdio do Conselho Nacional de Assistência Social de 17/08/2011, que
faz, então, uma moção de repúdio sobre o recolhimento e a internação compulsória,
então por isso que eu achei um pouco estranho quando você falou. Eu acho que
também alguma coisa que a gente podia também é um momento ou outro se
debruçar, se houver tempo, é a ação dessas comunicações que têm chegado para o
próprio CONAD, uma delas do CONASP, com uma recomendação ao 009 de 20 de
abril, assim como também aí causou mais espécies ainda da discussão é uma outra
carta de recomendação, que a ANCED – Associação Nacional de Centros de
Defesas de Crianças e Adolescentes da Seção DCI Brasil, que ela, então, se
posicionar contra esses procedimentos de recolhimento, inclusive, então, de
crianças e adolescentes também. Eu acho que eu vejo mais convergências e
possíveis congruências felizes se a gente pudesse sobrepor as estratégias, que a
senhora vem apresenta nesse momento, com as convergências apresentadas pelo
próprio Ministério da Saúde. Tem levado a gente para discutir, de fato, e também
qual é o papel do CONAD nessa história toda, desse gerenciamento dessas políticas
intersetoriais. Porque parece que com a boa vontade todo mundo opera através de
uma pasta, ou de outra pasta, mas de fato fica faltando é uma integração entre todas
essas ações que vêm acontecendo.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Marcelo.

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Ninguém inscrito. Eu devolvo a palavra à Teresa, então, e ao Carlos, se
vocês quiserem agora fazer os comentários.

Dra. Tereza Sachet (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)


– Sobre a questão da falta de habilidade dos próprios assistentes sociais, enfim, a
capacitação das assistentes sociais que você falou, existe. E o Carlos aí
possivelmente vai poder falar um pouco mais sobre isso, todo um trabalho da SNAS
agora pelo Capacita SUAS, que visa agora já para esse ano capacitar em torno de
35.000 trabalhadores de CRAS e CREAS. E aí é uma capacitação bastante
abrangente, que envolvem diferentes temas. Inclusive nós tivemos há pouco tempo
uma reunião com a, por exemplo, com a Secretaria Nacional de Mulheres, para
discutir a questão de gênero dentro desses cursos de capacitação. Então, existe
toda uma proposta do governo e do MDS, para que as ações das assistentes sociais
sejam capacitadas em diferentes, e que possa, então, haver uma maior integração e
conhecimento maior dos diferentes serviços que existem dentro da rede SUAS.

Eu vou colocar, então, novamente, até seria interessante que a gente


voltasse naquele slide, porque no slide onde eu falei da questão da orientação para
a internação de crianças em situação de risco. E gostaria de novamente de frisar
que isso, na hora que eu estava lendo o slide, eu lembrei da discussão que é feita,
mas que o slide fala, se referia à questão da construção de vínculos familiares.
Então, o restabelecimento de vínculos familiares, quando se trata de uma criança ou
de uma adolescente, há uma orientação para que isso seja feito. Então eu estava
me referindo aos vínculos familiares, e na hora que eu falei eu lembrei da questão
da internação compulsória e acabei falando, voltei ao assunto, mas enfim, então
estava me referindo à questão da construção de vínculos. Tendo dito isso, então é
isso que é a proposta, de que quando se trate de crianças e adolescentes, que haja,
que a Assistente Social tente restabelecer os vínculos com a família, e no caso de
adulto, então, isso tem de passar, o adulto tem que tomar a decisão se quer ou não
retomar os vínculos com a família. Então, era isso que eu me referia no slide. No
entanto, aí é uma questão que você sabe, há um debate, e foi isso que eu mencionei
na hora, que há um debate sobre até que ponto uma criança em situação de risco e
de vulnerabilidade deve ou não ser assistida. Mas país tem toda essas questões que

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são muito polêmicas, mas não é a proposta da Assistência Social. Então, eu quero
corrigir aqui que foi um equívoco.

A questão das drogas pode conduzir a quebra de vínculos. Eu acho que a


questão que você colocou é que os vínculos familiares, que o problema de uma
família desestruturada pode levar à droga. A colocação. A minha colocação foi que,
às vezes, que isso é possível, às vezes, os vínculos familiares podem ser um fator
causador, que mais que tudo, o uso da droga faz com que você tenha, conduz a
uma quebra de vínculos, e, portanto, a Assistência Social tem um trabalho de buscar
o restabelecimento de vínculos quebrados pelo uso da droga.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Carlos, você quer?

Dr. Carlos (Departamento de Proteção Social Especial, da Secretaria Nacional


de Assistência Social) – Boa-tarde a todas e todos. Meu nome é Carlos, eu sou do
Departamento de Proteção Social Especial, da Secretaria Nacional de Assistência
Social.

Só vou complementar, então, algumas coisas, que a Tereza já respondeu.

Quando a Raquel falou da dificuldade dos gestores em assimilar os próprios


serviços que já estão tipificados desde de 2009, por exemplo, sim, realmente isso é
uma coisa que, principalmente o movimento social nos cobra muito, eles falam:
“Olha, o discurso do governo federal está ótimo, tem as coisas garantidas no papel,
na legislação, nas orientações técnicas e tudo, mas quando chega lá na ponta coisa
não acontece.” Bom, a gente vem em uma sequência de esforços, e não só nós do
Ministério, mas também a representação dos gestores municipais e estaduais, que
estão em constante diálogo conosco, que nós temos uma comissão intergestores
tripartite, que é representada pelos gestores municipais e estaduais. Eles estão
nesse processo de discussão e é uma preocupação também da CIT, também da
representação dos gestores municipais através do CONGEMAS, e do FONSEAS
dos gestores estaduais, de que isso chegue não só aos gestores, como a todo o
nosso corpo de profissionais da assistência. E aí para isso nós temos, como a

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Teresa já citou, um programa nacional de capacitação, que inclui os gestores, sobre
a temática específica da droga, isso está incluído nesse programa, nós estamos com
uma consultoria elaborando orientações técnicas sobre os serviços da proteção
social especial específico na temática de crack e outras drogas. Porque nós já temos
orientações para os nossos serviços, algumas ainda em construção, mas nós
estamos dando um foco agora, fazendo esse recorte do álcool e outras drogas,
crack e outras drogas, para capacitar gestores e técnicos. No último encontro do
CONGEMAS já teve uma oficina voltado para essa temática, voltado para o
programa Crack é Possível Vencer, inclusive essa oficina, pois feita em conjunto
com a saúde por causa dessa integração do SUS e dos SUAS. Então, têm alguns
esforços, mas a gente sabe que isso não tem o tempo. Que a gente gostaria, mas as
coisas estão caminhando e muitos gestores estão se apropriando disso.

Em relação à internação compulsória eu acho que já foi bem respondido,


isso realmente não é o papel da assistência, a Assistência Social. No caso dos
nossos serviços de acolhimento, a gente não trabalha o acolhimento para tratamento
de drogas. E o nosso acolhimento é em função da falta de vínculos familiares, tanto
para crianças e adolescentes, quanto para adultos. Na falta de vínculos familiares,
na falta de uma moradia, pessoas que necessitam de uma proteção integral, não
ligado ao tratamento, porque esse isso se faz na saúde, e não na assistência.

E em relação aí ao comentário do Emmanuel, do Conselho Federal de


Medicina, queria só fazer um destaque. A gente não associa a vulnerabilidade como
causador da dependência química. A gente reconhece na assistência que quando a
dependência química, quando associado à dependência química têm também os
fatores de vulnerabilidade social, isso é um agravo. São fatores que agravam a
situação da dependência, porque, além da pessoa ser dependente químico, ela tem
uma situação que vai agravar a situação dela, que demanda um olhar especial da
assistência para essas pessoas. E aí já tem toda a nossa rede, que foi apresentado
de forma rápida aqui, e que, pelos comentários, eu já vi que grande parte vocês já
conhecem. E aí vai ter um olhar específico para as vulnerabilidades, os riscos
sociais, que aí com esse acréscimo da dependência química, vai ter um olhar
especializado.

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Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas) – Obrigada, Carlos.

O Emmanuel quer fazer mais um comentário pontos e o Marcelo, e a Darcy.


E aí a gente passa para as outras apresentações, que ainda temos três
apresentações.

Sr. Emmanuel (Conselho Federal de Medicina) – Perfeito. A minha intervenção é


breve, como eu costumo tentar ser. Eu gostei desse esclarecimento, porque essa
percepção é a percepção que eu acredito que seja correta, e ela vai demandar
estratégias que efetivamente podem funcionar.

A segunda questão é para fazer um contraponto com o colega do Conselho


Federal de Psicologia. A gente está levando ao extremo um conceito de liberdade e
de garantia de direitos, que se contrapõem ao direito à vida. Eu não posso
vulnerabilizar tanto a condição da liberdade que o indivíduo coloca em risco a sua
própria vida a vida de outrem. Um organismo doente, efetivamente, não tem
liberdade, basta você ter uma febre para você saber o que é o adoecer. Eu acredito
que a gente precisa ter um discurso menos radical nesse aspecto para efetivamente
construir uma rede de proteção à criança e ao adolescente, e dentro dessas
estratégias estar a, de fato, retirá-lo da rua, numa situação de rua. O que pode
pensar e o que pensa uma criança de oito ou nove anos fumando crack, fumando
maconha, cheirando cola? É a liberdade dele ou é a prisão que ele vai carregar ao
longo da vida, em função das drogas? Então, é um contraponto e o Conselho
Federal de Medicina pensa como eu estou externando aqui.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Emmanuel. Marcelo.

Sr. Marcelo (Conselho Federal de Psicologia) – É só para fazer um complemento


mesmo.

A Psicologia brasileira, enquanto ciência e profissão, historicamente ela tem


feito uma mea-culpa até mesmo por inconsciência a gente ter começado de uma
forma muito individualista. E sempre pensando que a etiologia ou a questão que
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envolve o sofrimento humano, se resolve no indivíduo, depois a gente cresceu um
pouco e a gente foi para a família. E aí depois a gente entendeu, de outras formas,
que a própria família, enquanto um esteio, enquanto a possibilidade de orientar,
reorientar, e também de orientar a vida dos indivíduos, que ela também vive em uma
sociedade.

Eu acho que é nesse ponto que eu queria também chegar aí para ajudar, até
na reflexão que o MDS traz é que os vínculos intrafamiliares dependem da coesão
social. Então não dá para a gente ficava brincando de resolver o problema, às
vezes, focando muito, não que não vá ser de serventia, não que não possa de
alguma forma minorar o sofrimento do ser humano. Mas se a gente quer de fato
resolver o problema do cidadão, que aí tem como uma liberdade constitucional como
direito e garantia do mesmo, é a gente também ter essa compreensão que as
famílias não vivem no vácuo, as famílias vivem em uma sociedade e que eu acho
que é isso um pouco que o Ministério da Saúde mostrou pela manhã com aquela
questão da coesão social. Cuidando da coesão social de que estamos cuidando
também das famílias, estamos cuidando de outras dimensões também do sofrimento
humano.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada Marcelo. Darcy.

Dra. Darcy Izel Moreno (Conselhos Estaduais Entorpecentes) – É uma dúvida


para tirar com o Carlos. Ele falou que a criança, a função da Assistente Social seria
resgatar esse vínculo familiar e não encaminhar, e após a capacitação de gestores e
do técnico em álcool e outras drogas, aí sim o Assistente Social vai ter essa
atribuição de encaminhamento para tratamento, no caso da população adulta?
Porque no Amazonas nós estamos, no treinamento que nós estamos dirigindo
através do CRR, nós estamos aplicando as triagens recomendadas pela SENAD e
pela Organização Mundial de Saúde, o DUT, o DUZ, o ASSISTE. E que a Assistente
Social também pode aplicar no seu atendimento, caso ela detecte que o seu
paciente, o seu usuário, ou o cidadão que ela está atendendo, tenha algum indício
de estar sobre o efeito de substâncias ou sendo já dentro de uma dependência.

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Como ficaria para o Ministério do Desenvolvimento Social a questão do
encaminhamento do serviço social, do CRAS e dos CREAS?

Sr. Carlos – Bom, talvez eu não tenha sido muito claro na forma de falar, mas eu
não quis dizer que esse trabalho é feito separado, primeiro momento e depois outro.
O trabalho do SUS com o SUAS, que ele é um trabalho conjunto desde o início. Os
nossos fluxos não são lineares, a apresentação ali é uma apresentação mais
didática, gráfica, mas aquelas setas vão e vêm a todo tempo.

Então, assim, desde o momento da identificação, da abordagem, no nosso


caso, o serviço de abordagem social, quando no caso da saúde dos Consultórios na
Rua, que estão ali na rua identificando aquelas pessoas ou quando é identificado
dentro dos próprios serviços, esse trabalho é o conjunto. E apesar de não ser a
nossa especificidade da Assistência Social identificar o uso ou dependência química,
os nossos profissionais acabam identificando. Isso aparece, quem já trabalhou na
ponta sabe disso, quando você está aprendendo isso aparece, isso pode aparecer
no relato ou isso pode ser percebido de várias formas. Então, há sim, há
encaminhamentos ao fluxo contínuo com a saúde. E mesmo que identifique a
necessidade de um tratamento, isso não impede que enquanto a pessoa esteja em
tratamento, ele continue com o nosso atendimento no serviço da assistência, porque
uma coisa não exclui a outra. A não ser que esse tratamento implique em uma
internação onde ele precise ficar em um espaço isolado, mas ainda assim continua o
diálogo, até mesmo para localizar a família, fazer trabalho com a família e por aí vai.
E quando ele não precisa ficar isolado em uma internação ou alguma coisa assim,
ele continua frequentando os serviços e o trabalho da assistência continua.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Carlos.

Eu vou pedir licença para os colegas da Assistência Social, só fazer alguns


comentários em relação a toda essa questão, porque eu venho acompanhando esse
processo, na verdade, eu coordenei a implantação do Plano Crack, o primeiro Plano
Crack, o primeiro Decreto do Presidente Lula e é quase como um testemunho para
dizer para vocês de que talvez uma das grandes vitórias desse Plano Crack, mesmo
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com todas as debilidades e ainda fragilidades, foi a inclusão da Assistência Social. E
foi, eu não diria obrigação, porque sempre houve uma vontade, mas eu acho que foi
a materialização de uma articulação real entre saúde e Assistência Social. E eu me
lembro que quando a gente discutiu com o Presidente Lula, que ele liberou o
dinheiro, à época, para a ampliação da rede de CRAS e CREAS, que era uma rede
muito limitada, uma rede em início de implantação. Nós discutimos com a, então,
Ministra Márcia Lopes, justamente essa questão, que estava naquele momento se
materializando um desejo, uma necessidade de articulação real entre a saúde e a
Assistência Social. Porque para quem trabalha na área de drogas há anos, a gente
sabe, não há tratamentos sem reinserção social, não há. E não adianta, pode ir para
o melhor especialista, pode ser o melhor médico, o melhor hospital, o melhor
ambulatório, se não houver a reinserção social, o redesenho do projeto de vida,
como a Teresa falava, repensar as perspectivas de vida, nós sabemos, a
dependência de drogas é uma doença crônica, é uma doença que tem que ter a
manutenção, como a diabetes, como a hipertensão, precisa ter a manutenção, não
tem como.

Então, na verdade, eu sou suspeita, mas eu sou uma das maiores


admiradoras dessa articulação e dessa ampliação do SUAS em relação à questão
das drogas, eu acho que nós estamos vendo no Brasil é um momento histórico, tem
sim ainda muitas fragilidades, nós sabemos, não somos do governo, nós temos a
noção exata. Estamos investindo, em estamos procurando diminuir essas distâncias,
não só distâncias de articulação, mas distâncias também em relação à cobertura,
em relação à capacitação. E cada vez eu acho que dá uma satisfação para quem
está trabalhando nisso ver como vai acontecendo. Por exemplo, a Darcy estava
falando ali: “Ah, nós em Manaus fazemos no CRR.” Os senhores ainda não sabem o
que é CRR, que nós vamos está apresentando na parte da SENAD em relação à
capacitação, mas CRRs são os Centros Regionais de Referência nas Universidades,
que são os responsáveis por capacitar lá na ponta os profissionais dos CRAS, dos
CREAS, dos Centros POPs, do SUAS, do SUS, enfim. Então, está havendo um
movimento que é óbvio, não é ainda perceptível na sua totalidade, mas não há
dúvida que nós estamos caminhando para isso. Ainda há fragilidades? Sim, muitas.

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Ainda há deficiências de coberturas? Sim, grandes. Ainda há necessidade de
capacitação dos profissionais? Sim, muita. Mas eu acho que, assim, é a primeira vez
que o tema drogas é tratado no governo de forma integral, articulando prevenção,
ensino, pesquisa, capacitação com reinserção social, tratamento e enfrentamento ao
tráfico. É a primeira vez na história do Brasil que isso vem acontecendo.

Então eu acho assim, esse Conselho tem um papel fundamental. E nós não
estamos aqui só mostrando para os senhores, porque cada um de vocês, cada fala
que vocês fazem, com crítica, com observação, com elogio, é um elemento para
nós, que estamos aqui, melhorarmos essa política. E eu acho que esse Conselho
tem um papel fundamental. É talvez o Conselho, é talvez o Conselho não, esse é o
Conselho que têm a legitimidade para cobrar do governo, como vocês estão
cobrando. E eu acho que é isso que a gente quer. É a intenção do plano certamente
é essa, é de uma vez por todas dar um tratamento adequado para essa questão da
droga. Não só um tratamento, como já houve em outras épocas, de trabalhar uma
área e achar que é só internamento e que resolve, ou só redução de danos, ou só
pesquisa, ou só a capacitação, ou só o enfrentamento ao tráfico. Não é, está
provado. Se nós não conseguirmos fazer essa grande ação, nós não vamos ter
resultado. E os resultados nós estamos sentindo, a gente já vê uma série de
resultados, a gente vê o educador, que é capacitado pela SENAD e pelo MEC,
buscando, se informando para implantar um projeto, para articular com o CRAS, com
o CREAS. Então, eu acho que é o caminho gente, esse Conselheiro tem um papel
muito importante, importante, inclusive em apontar situações de diminuição de
vulnerabilidades, de diminuição de riscos do próprio programa.

Então, eu acho que, pessoalmente, eu dizia para a Teresa antes da


apresentação: eu sou a maior admiradora do SUAS, acho que com a implantação do
SUAS em alguns anos talvez seja um dos maiores legados dessa época de governo
para a sociedade brasileira a implantação do SUAS. Eu acho que o nosso papel é
esse mesmo, trabalhar no acompanhamento do fortalecimento dessa implantação.

Era só um pouco de falação aí de quem está nesse dia a dia.

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Então, agora nós vamos passar a um outro eixo do programa. Nós vimos,
então, o Eixo Autoridade com as ações de tratamento, de Atenção e Reinserção
Social.

Agora nós vamos falar do eixo Autoridade. O eixo Autoridade é


representado pelas ações da Secretaria Nacional de Segurança Pública, que
trabalha basicamente em uma série de programas e projetos estruturantes de
prevenção da violência, enfim, e também de enfrentamento ao tráfico, numa
complementação ao trabalho da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. E
as ações de enfrentamento ao tráfico, que estão constitucionalmente garantidas e
subordinadas ao departamento de Polícia Federal.

Então, nós vamos ter uma apresentação da Cátia, que representa Diretora
da Secretaria Nacional de Segurança Pública. E de depois do César, que é o
Coordenador-Geral de Repressão a Drogas da Polícia Federal. E depois nós vamos
fazer uma discussão em relação a isso. E no final a Carla, que é a nossa Diretora da
SENAD, vai apresentar as ações de prevenção que estão ao cargo da SENAD e que
perpassam todos os eixos de Prevenção, do Cuidado e da Autoridade.

Então, Cátia, por favor.

Dra. Cátia Simone Gonçalves Emanuelle (Diretora Substituta do Departamento


de Políticas, Programas e Projetos da SENASP) – Boa-tarde a todos e todas. Meu
nome é Cátia Emanuelle. Sou Diretora Substituta do Departamento de Políticas,
Programas e Projetos da SENASP. Estou representando a Secretária Regina Miki, é
a minha Diretora. A Secretária está em agenda fora de Brasília. E eu acompanho o
plano nas nossas reuniões temáticas que a gente faz com os estados nessa adesão
desses estados ao programa Crack é Possível Vencer.

Então, apresentar o eixo Autoridade. Qual é a função policial no plano?


Então, eu acredito que já pelas apresentações anteriores dá para se perceber que o
mote do plano não é a autoridade, não é um problema de polícia. O Eixo Autoridade
é o eixo que tem a maior atuação e eu acho que é a maior responsabilidade nesse
sentido, porque a gente está tratando o usuário e não reprimindo tão-somente o uso

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ou tráfico de drogas. Então, um problema que geralmente é pela sociedade
relacionado a um problema de polícia. Existe essa preocupação com uma conotação
diferenciada nesse programa.

Então, quais são as diretrizes desse Eixo Autoridade? Primeiro, a diretriz


geral, que engloba todo o programa, que é essa integração de vários ministérios na
tentativa de minimizar essa problemática, que assola aí o país. Então, as diretrizes
são:

1. A articulação, organização da ação das três esferas de governo,


promovendo a comunicação entre as diferentes áreas – como saúde,
segurança pública, educação, Assistência Social, que é o Eixo
Governança. Ou seja, é um esforço muito grande de se integrar, não só
os ministérios, a ação do governo federal, mas também dos estados e
municípios. Então, a gente tem hoje um grande desafio, que é promover
essa integração. Eu acho que não tem mais como se pensar políticas
isoladas e cada um trabalhando a sua maneira sem se pensar em um
resultado global. Eu acho que essa é a nova ordem do Brasil, que é
trabalhar a parte de governança e gestão para o resultado. Não basta eu
implementar política, eu preciso saber se ela está dando resultados lá na
ponta;
2. Aumento da oferta de tratamento e atenção ao usuário, conforme os
diferentes graus de comprometimento. Isso é a parte mais do Eixo
Autoridade;
3. Diminuição do ritmo do crescimento da quantidade de novos usuários,
que é o Eixo Prevenção, nós vamos trabalhar a Prevenção, o Cuidado e
a Autoridade subsidiando aí as demais ações;
4. Redução da oferta de drogas por meio do enfrentamento às
organizações criminosas do tráfico de drogas, que é o Eixo Autoridade,
que aí eu vou falar das abordagens diferenciadas que nós vamos fazer
nesse Eixo;
5. E a avaliação da situação atual e monitoramento de sua evolução, um
diagnóstico e indicadores.

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O Eixo Autoridade vai possuir uma matriz de responsabilidade, que nela é:

a) Manter o diálogo com as agências de segurança pública estaduais e


municipais;
b) Repasse de recursos para aquisição de equipamentos, voltados para o
policiamento de proximidades, então com bases comunitárias, móveis e
videomonitoramento;
c) E apoiar a realização de cursos de formação e oferecer cursos de
capacitação para a atuação no enfrentamento ao crack, que essa
capacitação desses policiais que vão atuar nessas cenas de uso;
d) E apresentar indicadores de monitoramento dessas intervenções, que
seriam os acompanhamentos. Dentro desse plano a gente tem um Eixo
Governança, que a Casa Civil da Presidência da República faz
quinzenalmente e mensalmente reuniões para verificar a evolução da
renda negação do plano;
e) Nos estados e municípios e eles tem os comitês gestores. E esses
comitês participam também de oficinas de nivelamento para que eles
possam estar preparados para essa atuação mais na ponta.

Enfrentamento ao tráfico e outras drogas...

Ações prioritárias:

a) Enfrentamento ao tráfico de drogas;


b) E as organizações criminosas. Então, a gente vai atuar em atuação em
cracolândias com o policiamento ostensivo de proximidade,
enfrentamento às organizações criminosas, que aí é a Polícia Federal
com todo o seu aparato policial e as ações que já vêm efetuando no
Brasil;
c) E a adequação da legislação, para que a gente possa, também, dar mais
celeridade. Por exemplo, no caso da lavagem de dinheiro e do uso de
bens apreendidos de grandes traficantes, para que a gente possa utilizar
na investigação e na repressão ao tráfico de drogas.

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Dentro da atuação em cracolândias, que está mais afeta à área da SENASP,
qual é a proposta?

a) Acolher e tratar usuários;


b) E identificar e prender traficantes, garantindo espaços urbanos seguros.

Além das ações da Polícia Federal, as ações ordinárias das polícias


estaduais, elas vão continuar ocorrendo, mas quando se tratar dessa intervenção
em cenas de uso, ela vai ser diferenciada, respeitando toda essa integração e essa
articulação com a saúde e com Assistência Social. Não queremos que aconteça nos
estados e nos municípios a atuação de repressão nessas cracolândias, que a polícia
entre e faça aquela intervenção mais contundente, mas que o policial se depare com
a situação que ele não sabe o que fazer. O que eu faço com o usuário de drogas
que está ali? Para quem eu encaminho? O que eu vou fazer? Vou só levar para a
delegacia, autuar e mandar ele para casa? Assina termo de compromisso e vai
embora? Vou encher as cadeias? O que a gente vai fazer com isso? Então, a ideia
do plano é essa, é preparar esse policial para ele ter um olhar diferenciado, tanto o
policial militar quanto o policial civil, é óbvio, que faz a parte de atuação, e autuação,
inquérito, o termo circunstanciado dessas delegacias. Então a atuação é articulada
entre as áreas de saúde, Assistência Social e segurança, ações integradas de
inteligência entre a Polícia Federal e polícias estaduais. Então, tem que ter um breve
diagnóstico daquela cena de uso para verificar quem entra primeiro, como vai se dá
essa atuação conjunta com os outros, com os demais ministérios – porque você têm
estados onde você tem áreas conflagradas, que aí os profissionais de saúde e da
assistência sofrem riscos de entrar para fazer a intervenção. Podemos citar o caso
do Rio de Janeiro, que tem algumas áreas, então eles precisam de uma preparação
mais específica para aquele caso. Mas nós temos estados, como Alagoas, que a
gente já visitou, que aderiu plano, que ele já tem uma área pacificada com o
policiamento comunitário, que a gente precisa para parar aquele policial e preparar a
rede de acolhimento, e fazer essa integração daquele serviço de ponta.

Policiamento ostensivo com o videomonitoramento e revitalização desses


espaços urbanos degradados. Ou seja, preparar aquele espaço para que a

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comunidade retome aquele local como área de lazer, enfim, para que aquilo se torne
uma área degradada e de consumo concentrado de drogas.

Dentro dessa atuação nós temos aí uma composição desse grupo de


trabalho, como que vai ser atuação nessas cracolândias. Então nós temos um
coordenador na área de segurança pública, em nível federal SENASP, a Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal e SENAD. O trabalho da segurança pública, ele
vai sempre ser compartilhado e vai está sempre andando junto com as ações da
SENAD, porque a gente além prevenção, a gente fala em capacitação desse policial,
então a gente precisa da expertise dos profissionais que saibam, que tem a
linguagem e conhecimento para poder preparar e desenhar esses cursos de
capacitação, para que esse policial tenha o entendimento também.

Existe um senso comum, que eu sou policial, então eu trabalhei na ponta e,


às vezes, é extremamente difícil você não ter rede e você, para poder atuar e
demandar, eu trabalhei com o idoso, mulher vítima de violência, com criança vítima
de exploração sexual. E aí você faz todo o trabalho policial. E aí? Para quem você
vai mandar aquela criança? ou o idoso, principalmente era muito difícil você fazia
toda a parte policial e não tinha como mandar aquele idoso para casa, ele estava
voltando para um meio de agressão, sofria agressão de filhos, enfim, as pessoas
que conviviam com ele. Então, dá uma ânsia muito grande, porque você pode ser:
“Não, eu lavo as minhas mãos, eu fiz um o trabalho policial, atuei e tal, isso não é o
mais problema meu, é problema do juiz e do Promotor”. Mas não, você fica com
aquela pessoa, é ser humano. Você precisa ter a rede para poder fazer os
encaminhamentos adequados.

Então, o governo do estado você tem a Secretaria de segurança pública,


que seria a gestora, a polícia militar, a Polícia Civil. E no âmbito municipal as
Secretarias Municipais de Defesa Social ou equivalente, ou Secretarias municipais
de segurança, que quase todos os municípios hoje já têm; ou de defesa social ou de
direitos humanos. E as guardas municipais, que são o órgão que acabam, em
determinados municípios, atuando mais como polícia pela falta mesmo de efetivo.

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Então, esses profissionais também serão capacitados, para ele ter esse aliar e para
saber fazer esse acompanhamento e, principalmente, ter o conhecimento da rede.

O que é um CAPS? O que é um CREAS? O que são essas nomenclaturas


da saúde, da assistência? Às vezes você não tem a noção de que existe, você não
sabe que existe uma rede, ou pelo menos que existe um ou outro órgão que possa
auxiliar no atendimento desse usuário.

Principais competências desse grupo de trabalho. Então, sempre focando aí


nesse Eixo Autoridade. Então, na área federal inteligência e apoio às operações de
prisão de traficantes. Então a gente vai ter as operações normais, rotineiras para a
prisão de grandes traficantes, de quem traz a droga. Nós temos o ENAFRON, que é
a Estratégia Nacional de Fronteiras, que é fortalecer as fronteiras brasileiras para
barrar a entrada de drogas e armas no Brasil, e contrabando, e descaminhos, enfim.

Para os estados e municípios a gente vai trabalhar em um aporte de


recursos para apoiar ações do plano dentro dessas metas que a gente aprovou para
as cenas de uso.

Para o estado, eles têm que:

a) Realizar as operações prisão de traficantes;


b) Garantir a infraestrutura, principalmente de efetivo, porque a gente pode
dar dinheiro, a gente pode ofertar a parte material, mas a parte de efetivo
infelizmente foge ao escopo do governo federal de fazer isso. Mas o que
a gente tem é apoiado, solicitado, conversado com os estados para que
eles façam concursos públicos, porque até os concursos públicos, ele
traz um novo olhar. As pessoas que hoje integram as polícias estão vindo
já com uma formação, garantir os seus direitos humanos, os concursos
hoje tem atraído os profissionais que tenham uma capacitação, que
estudaram mais, ou seja, você já tem uma oxigenação e uma visão
diferenciada dos profissionais que estão entrando no meio policial. Então,
isso é importante também, o concurso público traz sempre essa
oxigenação e faz com que o pessoal que tira da acomodação aquele

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pessoal que já está há muito tempo. Isso a gente vê, assim, eu peguei
três turmas na minha polícia, a turma antiga, a minha e a nova, e a gente
já vê que você movimenta, todo mundo se movimenta quando os novatos
chegam, porque você quer aprender, e você não quer ficar ali naquele
ostracismo, que o cotidiano acaba te impondo;
c) E alocar equipamentos, as cenas de uso. Fazer com que essas cenas de
uso não tenham um policiamento ostensivo priorizado;
d) E monitorar também essas cenas de uso. Dentro das reuniões que a
gente faz, as reuniões técnicas nos estados, a gente pede sempre a
presença das Ouvidorias de Polícia e dos canais externos de controle da
atividade policial, até mesmo o Ministério Público. A gente pede ao
estado e município que eles mobilizem o maior número de pessoas
possíveis, de todos os setores da sociedade, principalmente o Ministério
Público, o judiciário, para que eles incorporem, também, e se incorpore
nessa discussão e também assumam papel que é seu, que não é só da
saúde, da assistência e da polícia, você tem Ministério Público, você tem
Judiciário, você tem Conselhos Tutelares, você tem a sociedade, ela
precisa participar, entender, e acreditar que a gente estar em uma junção
de esforços para melhorar a qualidade de vida da população;
e) Na área municipal garantia da infraestrutura e pessoal, quando
necessário;
f) E intensificar as atividades de fiscalização de posturas municipais, que é
um grande problema hoje. Então, a gente acaba vendo aí nos municípios
e estados que há sempre uma, só fiscaliza depois que a coisa está
grande, que a pessoa está ali instalada. Você não tem alvará de
funcionamento, casa que foi construída de maneira irregular, então,
assim precisa se intensificar isso, coleta de lixo, iluminação pública, toda
essa parte de infraestrutura urbana a prefeitura precisa também garantir.

Então, não adianta você colocar polícia, não adianta você ter uma rede, se
você não tem os espaços onde a população possa se valer daquele espaço,
trabalhar a questão do pertencimento, tirar as pessoas da clausura e colocá-las na

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rua para elas poderem se libertar novamente, de viver essa vida mais em
comunidade. Resgatar os laços sociais é isso. A gente está cada vez mais
individualista, por conta dessa sensação de insegurança que existe no país. Então,
você acaba se enclausurado, você não conhece o seu vizinho, você não participa da
sua comunidade, o problema não é meu, o problema é do outro até acontecer com a
gente. Então, o problema só passa a ser nosso quando ele acontece com a gente.
Então é essa a ideia que se tem desse esforço para a gente começa a exercer a
cidadania e a democracia nesse país.

Tem um fluxo de rotação, lógico, esse fluxo, ele vem aos poucos sendo
construídos com todos os Ministérios, os estados e os municípios, Mas, por
exemplo, está a inteligência e o reconhecimento, qual é o objetivo disso? Quem vai
fazer? Quando que é interessante que se faça? A parte de governança, quais os
objetivos da governança? Quem vai atuar nisso? Quando se antecede, se é antes
ou se é depois? Isso tudo vai ser trabalhado com cada estado. Então, nós temos
diretrizes nacionais do plano, mas nós temos realidades muito distintas para cada
estado da federação, outros mais conflagrados, outros nem tanto, outros que
precisam mais uma articulação até mesmo nem entanto recursos de capitais, precisa
apenas de estruturar rede, fazer com que a coisa aconteça. Temos estados mais
avançados também nessa área, e a gente já pega essa expertise também para fazer
essa reprodução.

E a parte de polícia comunitária: garantir e preservar condições de


provimento aos usuários, de Cuidado aos usuários; o emprego das bases
comunitárias móveis e divide o videomonitoramento; e a permanência limitada nas
cenas de usos de policiais que já tenham curso e essa sensibilização da parte de
polícia comunitária, para poder tratar com a população. Quando? Configura atuação
no território em si durante aproximadamente 12 meses. Segundo o que a gente tem
escutado nessas reuniões que a gente faz com os estados, sempre existe uma
migração. Quando você tem uma grande concentração de cenas de uso, você faz
uma intervenção e acaba migrando. Então, a ideia desse videomonitoramento móvel
e desse policiamento comunitário móvel é que ele vá tendo essa mobilidade também
para garantir isso. E o espaço degradado recuperado, ele vai ser apropriado pela

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própria sociedade e comunidade daquele local. Então, a base móvel migraria junto,
se essa cena de uso migrar.

Existem também protocolos de atuação, onde como, por exemplo, o


momento que pode ser encontrado aquela pessoa que está atendida, consultório na
rua, a abordagem social na rua. Ou seja, são protocolos, procedimentos padrões
que a gente pretende desenhar para que essa atuação conjunta tenha pelo menos
um padrão mínimo de rotina para que, principalmente para o policial, ele não pode
estar perdido naquele momento que ele está atuando, para ele poder saber o que
fazer no momento em que ele se depara com uma situação, principalmente de
crianças, como a Secretária Regina foi em uma cena de uso, ela disse que o menino
estava desmaiado em cima de um monte de lixo, tinha oito anos de idade, ou seja,
ele estava desfalecendo. Então, que fazer? Quem você chama? Como é que você
faz? O que é que você faz com isso? Então, a ideia é de se criar um protocolo,
porque o policial sempre tem os o POPs, que eles chamam, Procedimento
Operacional Padrão, geralmente é tudo escrito e a ideia é se criar protocolos de
atendimento para que ele tenha uma visão ampla de como vai se dar esse
atendimento.

Continuidade desses protocolos.

Policiamento ostensivo nas cenas de maior concentração de uso, ou seja,


base móvel por meio da implantação de base móvel com videomonitoramento;
implantação de câmeras de videomonitoramento fixa nas cenas de uso; implantação
e readequação das centrais de monitoramento nos estados. Esse policiamento
ostensivo objetiva a manutenção da segurança no território com a promoção de
ações conjuntas e sistêmicas de prevenção, enfrentamento da violência e da
criminalidade, aumentando a percepção de segurança por parte da população.
Prever fortalecimento institucional ou a implantação de gabinetes de gestão
integrada municipal, reunindo um conjunto de instituições envolvidas na política de
segurança do município. Desde 2007 a gente vem promovendo, nos municípios
principalmente, em que eles criem os gabinetes de gestão integrada municipais para
que eles passem a promover discussões com os Conselhos Comunitários de

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Segurança daquele município, preparando planos de ação de intervenção nos
problemas de segurança pública. Então, esse seria um canal também para o
monitoramento do plano, para a verificação se esse plano está ou não sendo
realizado de maneira correta, principalmente por parte dos órgãos de segurança
pública. E a parte de policiamento comunitário sempre prever, desde já 2003 que a
SENASP vem investindo maciçamente na questão dessa filosofia de policiamento
comunitário, e que envolve principalmente essa mobilização comunitária, então não
existe policiamento comunitário sem a mobilização comunitária. Então, a gente tem
várias ações que a gente desenvolve, principalmente de desenvolvimento desses
Conselhos Comunitários de Segurança.

Aí tem a descrição dos equipamentos. É uma base móvel, que é constituída


de um trailer, um veículo grande, motos, câmeras de videomonitoramento,
tecnologia de menor potencial ofensivo, são aquelas pistolas de condutividade
elétrica, espargidores de pimenta. Então são equipamentos de menor potencial
ofensivo, isso não quer dizer, que antes se chamava de não letal, porque diziam que
eles não matavam, e não é verdade, ele é de menor potencial lesivo, porque entre
uma arma de condutividade elétrica e uma arma de fogo, é óbvio. Pode acontecer
de alguém virar óbito, como a gente viu veiculado? Pode, mas aí, o sujeito foi...
Dispararam cinco, seis, seis policiais disparando, é óbvio que poderia acontecer uma
coisa mais grave. E a instalação da parte de videomonitoramento, que lhe dar essa
percepção, principalmente para quem vai atuar: “Bom, eu estou sendo monitorado,
então eu não vou agir, porque alguém está me vendo e eu posso ser autuado nesse
momento.” Principalmente para os traficantes, nesse caso.

A Central de Videomonitoramento, como é que funciona. Têm as pessoas


que ficam monitorando as imagens, e aí a depender do grau e eles chamam e
acionam os canais responsáveis ali, principalmente a polícia militar, que está na rua,
ostensiva.

Esse é o orçamento previsto inicial para essas ações. Então formação


policial: são livros, pastas, canetas, certificados, pagamento de hora/aula,
coordenações de cursos, passagens e diárias para docentes. A princípio, são 150

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capacitações, lógico, por estado, três bases móveis de polícia, a depender do estado
e do tamanho, e da concentração e das cenas de uso; mobilidade, que são as
viaturas e as motos, para o pessoal poder fazer, no momento de uma ocorrência,
fazer abordagens se for necessário; e os equipamentos de tecnologia menos letal e
as câmeras de vídeo monitoramento.

Fluxos de atuação. Então é a qualificação dessa atuação policial. Dentro


dessa formação temos os tópicos especiais, que aí são cursos direcionados
exclusivamente para quem vai atuar nessas cenas de uso, eles são desenhados
com a SENAD, com o MDS, com o Ministério da Saúde, para que aquele policial
possa ter esse olhar diferenciado. Vai ter esse eixo, a parte de inteligência e
reconhecimento, vai ser feito, tanto pela Polícia Federal, quanto pelas polícias
estaduais, que é esse diagnóstico prévio daquele local para combinar com a saúde e
Assistência Social: quem vai entrar? Como é que a polícia vai agir? Junto com eles,
se entra antes, se entra depois? Se não entra, pode acontecer que não precisa.
Esse eixo governança são esses comitês de gestão local do estado e do município,
que tem que trabalhar integrado, que tem que ter as reuniões, e que tem que ter
desse monitoramento. E na parte de policiamento ostensivo, a parte de polícia
comunitária. Então, a partir daí, teremos esse monitoramento com esses indicadores
para a gente verificar como é que está política em cada estado.

Então capacitações previstas até 2014: qualificar a atuação dos operadores


para o enfrentamento ao crack, destacando a abordagem segundo o prisma da
saúde pública; capacitação sobre regras de engajamento da Força para a proteção
dos direitos humanos de pessoas em situação de vulnerabilidade; sobre
funcionamento das redes de atenção e cuidado ao usuário de crack; e sobre
funcionamento das bases comunitárias de segurança, na parte de
videomonitoramento; e sobre tecnologias não letais e também menos letais, e a de
videomonitoramento; e oficinas integradas com a saúde, assistência, nesses locais,
com os profissionais de ponta, para preparar esses profissionais para fazer essa
atuação integrada. Então, são as oficinas de livramento, elas são coordenadas pelos
gestores do governo federal, que vão até o estado, os estados fazem toda essa

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mobilização desses profissionais. E esses gestores vão explicar o plano, vão tirar
dúvidas, vão fazer todo um fluxo e um novo cronograma para essa atuação.

Então tem esses tópicos especiais, que eu não vou entrar em detalhes, que
seriam todas essas capacitações. Isso trata mais do pormenorizado de cada tópico
de capacitação.

E os espaços urbanos seguros seriam a parte municipal, que é: recuperar o


espaço degradado. Então com uma infraestrutura pública e limpeza urbana,
iluminação, coleta de lixo, recuperação de prédios públicos, a parte de
ajardinamento, implantação de equipamentos públicos, quadras, espaços culturais,
realização de atividades lúdicas nesses espaços reformulados, dentro dessas cenas
de uso.

Avaliação e a pactuação, como criar esses indicadores, e a realização de


diagnósticos, também isso já é feito pela Casa Civil juntamente com os demais
ministérios.

É isso o Eixo Autoridade. Acabou. A gente está nesse exercício, não é


Paulina, de integração, é um exercício para nós, é um exercício para os estados,
para os municípios. E é óbvio que a gente conta sempre com a sociedade para nos
dar um norte de dizer: eu acho que vocês podem assim... A gente precisa deste
olhar crítico também da comunidade, mas vejam também com sensibilidade à
questão policial, porque a polícia sempre... Se torce o nariz para a atuação policial, e
a gente vem ao longo dos anos tentando melhorar essa imagem, capacitar, melhorar
os estados e municípios com equipamentos, com infraestrutura para que eles
possam oferecer um serviço melhor à população. Então, a polícia está muito feliz
com esse plano, porque tira a responsabilidade também do direito penal, que
deveria ser mínimo, é o primeiro utilizado para todas as questões, quando a gente
não consegue resolver.

Então a ideia de você é a de cuidar do usuário e de trazer à baila essas


discussões. Eu acho que é fundamental nesse plano.

Muito obrigada.
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Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas) – Obrigada, Cátia.

Eu vou passar imediatamente a palavra ao nosso colega César; depois vou


passar para a Carla, porque são as três áreas do Ministério da Justiça. Então aqui
os senhores estão vendo as áreas de responsabilidade do Ministério da Justiça. E aí
ao final, depois da apresentação na Carla, a gente abre uma rodada para terminar
as discussões.

Dr. César – Boa-tarde a todos.

Inicialmente eu gostaria de agradecer a Dra. Paulina por ter possibilitado aí o


encaixe da nossa apresentação, que não estava prevista. Mas após eu ter chegado
aqui, devendo a alertar a todos também que sou um iniciante do Conselho, tomei
posse hoje, como os senhores viram.

Eu reparei que seria uma ótima oportunidade de trazer à sociedade, porque


nós aqui somos realmente a melhor representação da sociedade nesse Conselho.
Então trazer uma breve notícia do que a Polícia Federal está fazendo e pretende
fazer com relação ao Plano de Enfrentamento ao Crack, o programa Crack é
Possível Vencer.

Como bem já começou dizendo, aliás, finalizando a Cátia, é muito


interessante o formato do Plano de Enfrentamento ao Crack, principalmente quando
se vê que todas as esferas de estado estão envolvidas no combate à droga. Não é
ao tráfico, não é nada, é o combate à droga em todas as suas nuances: a nuance do
usuário, da assistência à saúde, Assistência Social, os Cuidados, a prevenção, e
também a repressão. E coube à Polícia Federal, nesse caso, na formatação do
plano, as ações de combate às organizações criminosas. São ações que a Polícia
Federal já está rotineiramente acostumada a fazer e que, graças ao Plano de
Enfrentamento ao Crack, nós recebemos um suporte financeiro e até mesmo um
norte governamental do que nós podemos fazer e como podemos agir.

Então eu peço a ajuda do nosso colega operador aí dos slides que coloque a
nossa apresentação, para que eu possa ser mais objetivo e também ser o mais
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breve possível, tendo em vista que não temos nem tanto tempo assim e também
interessante o próprio diálogo e conversa sobre o que seria, e também as nossas
ideias.

Eu vou tentar trazer um panorama bem rápido, falando sobre tecnologia, a


cooperação nacional e internacional, controle de químicos e o nosso Programa
GISE, que é o nosso principal programa, que abrange o Plano de Enfrentamento ao
Crack.

Tendo em vista o nosso público aqui, eu achei muito interessante trazer esse
mapa, e toda vez que eu vou a fazer a apresentação eu coloco esse mapa logo que
começo. É para todo mundo ter a noção de onde o Brasil está colocado no contexto
de recebedor de drogas, principalmente quando falamos de cocaína e maconha. Só
a fronteira com a Colômbia, Peru e Bolívia nós temos algo em torno de 10 mil
quilômetros. Isso é a fronteira fluvial, é a fronteira em plena selva, e é fronteira às
vezes, com mera as ruas, cruzando uma rua você está em outro país. Juntando com
o Paraguai, que temos mais mil trezentos e sessenta e seis quilômetros. O Paraguai,
além de ser o fornecedor da maconha, é uma grande rota de tráfico de drogas.
Então a Colômbia, Peru e Bolívia são os três modos produtores de folha de coca,
sendo já informado por órgãos internacionais de controle de drogas que o Peru
atualmente é o maior produtor de folha de coca, e o país que está muito mais
próximo ao Brasil, propicia grandes rotas de tráfico de drogas, tanto para uso
interno, como também para o mercado internacional, através dos nossos portos e
aeroportos. Sem contar, os senhores podem ver ao final lá, a costa marítima de só
sete mil quatrocentos e oito quilômetros.

Só para comentar, a Polícia Federal têm algo em torno de 11.500 a 12.000


homens.

Diante desse aspecto de estratégia de repressão ao tráfico de drogas, a


Polícia Federal, desde 2006, tem vestido a concursos públicos, graças a um
fortalecimento desde o governo Lula até o atual governo de concursos públicos, para
poder atuar mais nas fronteiras. Então em 2006 éramos 553 nas fronteiras, hoje
estamos nessa faixa de 980 policiais, e subindo, com o novo concurso, dos novos
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concursos, ainda esse ano, provavelmente esse ano o segundo concurso, para
contratar 1200 policiais, todos irão para a área de fronteira. E isso tem um motivo: os
principais crimes que a Polícia Federal investiga, inclusive e principalmente o tráfico
de drogas, está na fronteira. Eu costumo dizer que a fronteira é a casa da Polícia
Federal. E com isso, não só no recrutamento de policiais, mas também o
investimento em recursos materiais, têm sido destinado às fronteiras e outras
regiões também muito estratégicas, citando o caso do estado de São Paulo, que é o
nosso maior mercado consumidor, e também ponto estratégico de grandes
organizações criminosas do tráfico de drogas. Em tecnologia, além de equipamentos
de última geração, que nós realmente conseguimos utilizar no combate ao tráfico.
Nós também estamos com um projeto muito interessante, que é um projeto de
estado previsto no próprio Decreto que trata do enfrentamento ao crack, que é o
Projeto VANT. VANT são: Veículos Aéreos Não Tripuláveis. É um projeto ainda em
andamento na Polícia Federal. Nós estamos com algumas dificuldades, porque é
uma logística muito pesada, ela supera a nossa capacidade, mas é um instrumento
que nós entendemos que é essencial para o monitoramento de fronteiras. Não há
como nós pensarmos em colocarmos policiais em cada quilômetro quadrado ou um
em cada faixa de fronteira, precisamos de tecnologia. E aí entra situações, como o
próprio Projeto VANT, que temos a previsão de cinco bases colocadas em regiões
estratégicas, para operar em cada uma com três VANTs. Hoje já temos na região de
Foz do Iguaçu tríplices fronteiras esse equipamento operando, ainda em testes,
como eu estava dizendo, com dificuldades, mas esse é um dos passos para o futuro
da atividade de controle fronteiriço da Polícia Federal. E aí nós contamos também
com um intercâmbio e participação das Forças Armadas, e também algumas outras
polícias internacionais, que já atuam com essa ferramenta.

Ainda na questão de tecnologia e agora do que se tange à cooperação em


nível nacional, nós temos aí grandes participações com as Forças Armadas.
Entrando aí uma grande ferramenta, que é a utilização de um sistema de
monitoramento de radares da fronteira amazônica, e também com aeronaves que
fazem o monitoramento de radar. Graças a esse tipo de ação com a Força Aérea
Brasileira, nós conseguimos, só em dois anos, como os senhores podem ver, a

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apreensão de quase duas toneladas de cocaína. São ações muito simbólicas e que
o principal disso é a comprovação da integralização, da integração de atividades
entre polícia e Forças Armadas. É muito difícil imaginar em atividade de fronteira ser
um apoio logístico e operacional das Forças Armadas, e, nesse sentido, as coisas
têm dado resultado e assim continuam.

Além disso, a Marinha do Brasil também atua ativamente com a Polícia


Federal. Temos ações, principalmente na região amazônica, com o destaque a essa
ação que aprendeu 352 quilos de pasta base de cocaína na região do estado da
Amazonas e Rio Solimões. E outras ações são realizadas rotineiramente, só que
não tem como nós trazermos aqui para os senhores, levando o pouco tempo que
nós temos.

No contexto do Plano de Enfrentamento ao Crack também entra, como foi


comentada pela Cátia, o ENAFRON e também a Operação Sentinela. A Operação
Sentinela é uma oportunidade de ter a presença policial mais ostensiva em área de
fronteira, e a Polícia Federal por si só não tem condições de fazer isso, o nosso
efetivo reduzido, por isso a união de esforços com a Polícia Rodoviária Federal,
polícias militares e também a Força Nacional de Segurança Pública, que é uma
força especial criada por força de Decreto, que soma policiais militares de várias e
estados para atuarem em como apoio à atividade da União, patrulhamento policial
da União. E a Polícia Federal, nessa operação, entra com a parte de inteligência
policial totalmente integrada com a parte ostensiva. Só de policiais federais estamos
treinando hoje 300 policiais na área de inteligência na área de fronteira,
principalmente nas áreas de produção de folha de coca.

E, além disso, temos ações de erradicação de drogas em solo nacional.


Não sei se os senhores sabem, mas o Brasil também é produtor de drogas, e
especialmente maconha, semana passada iniciamos a operação de erradicação de
maconha nos estados da Bahia e Pernambuco, conseguimos um grande sucesso
nessa operação, erradicamos algo em torno de trezentos mil pés de maconha. O
que são trezentos mil pés de maconha? Equivalem a 100 tonelada de maconha,
então é muito significativo. Para os senhores terem uma ideia, a Polícia Federal

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rotineiramente, por ano, apreende algo em torno de 150 a 120 toneladas de
maconha em ações de inteligência. Em uma são apenas de erradicação
conseguimos erradicar 100 toneladas de maconha, é muito significativo e
novamente com os esforços e integração de ações com outras polícias e redes
segurança pública também.

Nesse contexto de enfrentamento ao crack é muito importante, como


senhores viram, os acordo os bilaterais com países produtores. Hoje tivemos uma
apresentação aqui do Everton Frask, do Ministério das Relações Exteriores, que
trouxe a perspectiva do MRE com relação à tratativa internacional no âmbito do
tráfico de drogas. Felizmente, esses resultados realmente têm sido concretos para
nós da Polícia Federal, graças aos esforços do Ministério das Relações Exteriores e
da Polícia Federal conseguimos acordos bilaterais com o país, como a Bolívia, peru,
Paraguai e Colômbia. Isso nos possibilita ações até em solo estrangeiro na área de
inteligência, e também trazendo os policiais dessas áreas para cá. Promovemos
capacitação de policiais e ações ostensivas conjuntas, além da possibilidade de
ações de erradicação de folha de coca. Isso é um projeto que está em andamento e
tem grandes resultados, se for levado a efeito.

Também no controle de produtos químicos nós temos um foco muito forte,


principalmente no tráfico de cocaína. A cocaína é produzida através da folha de coca
e mistura de produtos químicos, os quais temos o controle de 146 substâncias em
solo nacional. E quem é o encarregado desse controle é a Polícia Federal, o que
facilita muito a parte de inteligência e também de controle fiscalizatório. Assim, é
possível nós identificarmos eventuais desvios de empresas, que estão fornecendo
substâncias para o tráfico de drogas.

A criação de unidades especiais é o principal ponto que a Polícia Federal


tem se empenhado no plano de combate ao crack. Com a criação de unidades
especiais, a qual nós almejamos alcançar 30 em 2014, nós temos 390 policiais
federais, totalmente especializados, e com a melhor doutrina de emprego ao tráfico
de droga, principalmente com o enfoque a ataque a grandes organizações
criminosas, e também ao patrimônio delas. Hoje estamos em curso na Academia

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Nacional de Polícia em um curso de formação de policiais especializados no tráfico
de drogas. É um grande esforço trazer uma doutrina policial nesse assunto, mas que
é para nós tem sido muito satisfatório, porque a gente pôde ver que realmente é um
momento muito interessante, porque é uma ação de estado, como bem lembrou o
nosso Ministro, como teve aqui a sua primeira apresentação hoje. Não é mais uma
ação isolada da Polícia Federal, da Polícia Civil, da ação de saúde, é realmente o
estado brasileiro se posicionar para o enfrentamento à droga. E com isso fica muito
mais fácil você criar uma doutrina e ter um trabalho muito mais estável no que se
refere às nossas previsões e ações operacionais, que terão respaldo não só na
União, mas também nos estados e municípios.

Tentei ser o mais rápido possível, trazendo esse último quadro, que
demonstra a ações somente da Polícia Federal no tráfico de drogas de 2008 a 2011.
Como os senhores podem ver, a nossa média de apreensão é algo em torno de 24 a
25 toneladas de cocaína. E isso é só o que a Polícia Federal faz. Infelizmente eu
não tenho os dados dos estados, o que também eu acredito que nós devemos
avançar nisso nos próximos anos. O que nós podemos ter uma real percepção do
que a repressão está fazendo. Mas é muito bom ter a seguinte percepção, nós
temos hoje, tem muitos anos nós atuamos e sem ter uma outra sensação, sem ser
sensível o que faziam as outras áreas. Agora, com a formatação do plano único, que
envolve todas as esferas do estado, como eu estava dizendo: saúde, educação,
Assistência Social, justiça, é possível realmente que nós tenhamos um melhor
panorama de combater o tráfico de drogas, e que não seja apenas ações isoladas,
ser ter um feedback de outras áreas também. Então com isso traz muito mais
estabilidade e segurança nas ações da Polícia Federal, que assim estamos
amparados em ações realmente de estado. e como nós sempre pretendemos atuar,
como uma polícia de estado, com projetos mais prolongados e com objetivos mais
claros e que fica muito bem evidenciado no plano de enfrentamento ao crack.

Tentei ser rápido, para não tomar muito tempo dos senhores, e estarei à
disposição também para eventuais perguntas na sequência. Muito obrigado.

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Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas) – Obrigada César. Então nós passamos agora para a apresentação
das ações de responsabilidade da SENAD, que serão apresentadas pela Carla
Dalbosco, que é a nossa Diretora de Coordenação e Articulação de Políticas sobre
Drogas.

Dra. Carla Dalbosco (Diretora de Coordenação e Articulação de Políticas sobre


Drogas) – OK. Uma boa-tarde. Eu prometo que vou ser breve, vou tentar resumir ao
máximo a apresentação. Mas a gente entende que é importante também trazer as
questões da prevenção nesse Fórum, até porque, apesar dele estar estruturado
como um eixo em separado, na verdade, conforme a Dra. Paulina já colocou, ele é
um eixo que perpassa os outros dois eixos do plano, sendo um eixo estruturante
também.

Então dentro das ações de prevenção, o principal foco, que foi eleito no
âmbito do plano do Crack é Possível Vencer, foi a prevenção nas escolas e a
estruturação de uma rede bem informada, para atuar nas questões relacionadas ao
uso de crack e outras drogas, que eu acho que já ficou evidente hoje na fala dos
conselheiros a importância de a gente ter uma rede preparada para acolher essas
demandas. Porque não adianta a gente criar novos equipamentos, se não tiver
pessoas que saibam aportar de uma forma adequada. E, por isso, assim, estão
previstas então várias capacitações presenciais no âmbito dos Centros Regionais de
Referência e também capacitações à distância, que é uma expertise que a SENAD
já desenvolveu há vários anos, mas que estão sendo fortalecidas no escopo da sua
nova fase do plano; além de ações de informação, comunicação e publicidade para
a gente trabalhar essa prevenção no âmbito mais o universal mesmo.

Então, assim, em relação à estratégia dos CRRs, eu acredito que a Dra.


Paulina possa complementar depois, mas, na verdade, a ideia foi consolidar polos
disseminadores de informações e de realmente formação e articulação de uma rede
local. Então ainda no âmbito do Plano do Crack, lançado em 2010 pelo Presidente
Lula, houve alocação de recursos para a implantação de 49 CRRs. Acredito que
amanhã a SENAD estará lançando um novo edital para a implantação de mais 16

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desses CRRs, além de haver recurso no plano, então, previsto para a manutenção
desses CRRs, que já foram implantados. Entendendo cada um desses centros como
um polo de referência, que pode atingir às vezes até profissionais de 50 municípios
de uma mesma região. Então aí vocês veem o desenho dos quatro cursos que estão
sendo ofertados, no âmbito do novo edital há uma ideia de redesenhar também
esses cursos, inclusive pensando na ampliação para outros públicos, como os
profissionais de segurança pública e também operadores do direito. E aí
basicamente ele atua com o foco em profissionais de saúde e Assistência Social,
além de agentes comunitários de saúde, redutores de danos, enfim, tem um escopo
bastante amplo. Aqui, só para vocês terem uma ideia de como estão configuradas
as universidades em cada região, a Dra. Paulina falou hoje de manhã que nós
tivemos um problema com a Universidade Federal de Rondônia, que houve um
desvio de recurso. Mas em relação às outras, a maioria delas, os cursos, a gente já
está com vários cursos sendo finalizados no âmbito do CRRs, sempre com a
perspectiva, então, de uma ampliação. Inclusive foi previsto, que era mais para
vocês terem uma ideia, que está tapando lá, de quanto os municípios chegam a
serem atendidos. Então no Sudeste e no Sul é que nós temos o maior número de
municípios. Na região o Sul chega a 385 municípios, com a ideia, então, de a gente
poder realmente ter a articulação e a formação de uma rede, que se configure de
uma forma permanente para poder realmente formar profissionais que estejam
habilitados para trabalhar com essas questões.

Aí, além dos cursos presidenciais no âmbito dos CRRs, um outro eixo muito
importante é fortalecer ainda mais as ações de capacitação à distância que a
SENAD já vem realizando desde 2004, principalmente por ser a forma de, com o
menor recurso, a gente conseguir atingir um grande número de profissionais em
todo o Brasil. Porque dificilmente a gente teria recursos para capacitar 20.000
pessoas em uma única capacitação. Então, nesse sentido, é bastante confortável
esse trabalho, e apesar de ser em educação à distância, a gente tem retornos muito
positivos de articulação da rede, de identificação de boas práticas, que tem servido
também para fortalecer ainda mais esse trabalho.

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Aí eu vou falar rapidamente dos cursos estão previstos. Então o primeiro
eixo, que é a prevenção das escolas, que o governo federal entende que é uma
ação estratégica, o curso de formação para educadores, ele é o carro-chefe, é uma
parceria bastante exitosas que as SENAD já estabeleceu com Ministério da
Educação. E na edição anterior nós tivemos como um piloto já a ampliação dessa
capacitação 120 horas para 180 horas de extensão universitária, o que também é
um estímulo para esse educador na sua carreira. Como um pré-requisito essa
capacitação tem a necessidade de que forme um núcleo, cada escola forme um
núcleo de educação, ou seja, no mínimo cinco educadores por escola devem fazer o
curso, porque ao final da capacitação a eles devem apresentar um projeto de
prevenção, a ser implementado na sua escola, levando em conta o seu contexto, a
sua realidade local, o protagonismo juvenil, a articulação com as demais redes de
saúde e assistência. Porque a gente percebe que às vezes a escola de fica muito
solitária e não se articula bem às vezes com o próprio território escolar.

Além disso, não está aqui no slide, mas nós temos a previsão também de
fortalecer as ações de PROERD, articulando melhor a ação desse policial que entra
em sala de aula, com a ação que educador realiza. Então, assim, colocando de novo
o educador como maior protagonista e entendendo, então, o tema drogas como um
tema que tem que ser trabalhado de uma forma transversal na escola, e não como
uma disciplina independente.

Aí, naquelas 60 horas adicionais para a supervisão dos projetos, nós


estaremos trabalhando com as séries iniciais do ensino fundamental um material
que SENAD desenvolveu, em parceria com a Maurício de Sousa Produções, ainda
em 2006, voltado, então, para crianças dessa faixa etária, justamente com a ideia de
trabalhar a prevenção nessa perspectiva com um pouco mais o universal,
trabalhando a questão do projeto de vida, da autoestima, das relações familiares. E
esse material é todo articulado. Então a criança recebe uma cartilha, o educador
também e os pais ou responsáveis também, com a ideia de que o mesmo esteja,
então, sendo abordado na escola, na família ao mesmo tempo, para estimular o
programa.

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Aí focando um pouco mais nas séries finais do ensino fundamental e do
ensino médio, isso é um trabalho inédito, que está sendo finalizado às próximas
semanas. Mas uma nova parceria com a Maurício de Souza, então a gente está
utilizando os personagens da Turma da Mônica e da Turma da Tina, a Turma da
Mônica jovem e, na verdade, são adolescentes, ou seja, é a turminha da Mônica que
cresceu. Então já é trabalhado a temática do consumo do crack e outras drogas, e
também a questão específica do álcool. A turma da Tina, como se trata já de
estudantes universitários, permite que a gente aborda a questão do consumo do
álcool a partir de uma outra perspectiva. Está muito legal, então assim, vai ter o
material impresso e também dois filmes, que a ideia é veicular nas escolas ou em
cinemas, para fortalecer ainda mais essas ações integradas, porque a gente
entende que o apelo desses personagens é muito importante também. Além disso,
então a gente já conta com uma rede de 60.000 lideranças comunitárias e
Conselheiros Municipais formados, mas a ideia é, até 2014, a gente capacitar mais
135 mil. Então, assim, não só aquela as pessoas que já atuam em algum Conselho,
seja de drogas, criança e adolescente, Conselho Tutelar, Conselho de Educação,
mas também aquela pessoa que já tem um destaque na sua comunidade e no seu
município por ter em potencial, enquanto liderança comunitária, e que às vezes
carece também de uma formação mais específica na temática de drogas.

Bom, o curso supera, que também foi citado hoje de manhã pelo Leon, que é
outra parceria exitosa que SENAD de já vem realizando há vários anos, inclusive
com um amplo reconhecimento internacional dessa metodologia. Inicialmente esse
curso era focado apenas em profissionais de saúde que atuavam no CAPS, CAPS
AD. Na segunda edição a gente já fez uma parceria com a Estratégia Saúde da
Família, que, inclusive foi produzido um módulo específico sobre a atenção básica. E
agora na edição que finaliza depois de amanhã, com uma teleconferência lá em
Florianópolis, nós já inovamos, incluindo as 5000 vagas; 2000 foram destinadas para
os profissionais de Assistência Social, entendendo que é importante que esses
profissionais também se apropriem desses instrumentos de decretação precoce e
também dessas técnicas de intervenção prévia, que podem ajudar e complementar a
sua atuação no âmbito da Assistência Social. Então a ideia é capacitar mais 35.000

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profissionais até 2014, sendo que, dessas vagas, 21.000 delas serão destinadas a
ainda a profissionais de saúde, e 14.000 aos profissionais de Assistência Social.

Além disso, também a SENAD adotou, como filosofia e como estratégia,


formar profissionais e lideranças nas diferentes redes. Então reconhecendo o
trabalho realizado por lideranças religiosas, que muitas vezes atuam de uma forma
intuitiva, com uma experiência prática, mas que carecem de informações mais
qualificadas sobre o tema droga.

Nós já estamos finalizando também a segunda edição do curso Fé na


Prevenção, que ele é focado em lideranças religiosas e também naquelas pessoas
que atuam em movimentos afins, como alcoólicos anônimos, narcóticos anônimos
levando, então, informações qualificadas sobre drogas. A ideia não é entrar na
questão dogmática de cada religião, tanto que nós temos a participação de espíritas,
de judeus, de católicos, evangélicos, umbandistas. Então é uma experiência também
bastante interessante e que tem rendido bons frutos e bons retornos para SENAD
também.

Além disso, um projeto que finalmente foi para a rua é o projeto de


integração de competências no desempenho da atuação, no âmbito do Judiciário. É
importante falar que esse projeto foi gerado de uma forma que vai muito além só da
capacitação, porque também nós teremos nos seminários de boas práticas. A ideia é
uma avaliação de metodologias já exitosas identificadas no Brasil, para que possam
ser disseminadas também para outros municípios, com a ideia de que muitas vezes
esses profissionais que atuam no âmbito do Judiciário desconhecem a
implementação da nova Lei de drogas. Então a ideia é trabalhar, principalmente com
juízes e promotores, mas também com aqueles profissionais que atuam no
psicossocial do Judiciário. Esse curso, a primeira edição já está na metade, nós
teremos uma teleconferência na próxima segunda-feira e tem sido também uma
experiência muito interessante, um alto nível de participação desses alunos e o
retorno também tem sido bastante positivo. E a ideia é até 2014, então, nós
formarmos uma rede de 45.000 desses profissionais.

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Uma última capacitação, que é inédita, e que é focada especificamente para
aqueles profissionais que atuam em comunidades terapêuticas. A gente acredita que
no próximo mês deva abrir as inscrições para essa primeira edição. Mas há uma
projeção de capacitação de 15.000 profissionais, e gestores e voluntários que atuam
nessas CTs, é uma parceria com a UNESP de Botucatu, com a ideia, então, de
capacitar principalmente também essas pessoas que vão participar desses editais
lançados pelo Ministério da Saúde, mas não só, de novo, com esse foco então de
levar algumas informações mais qualificadas e técnicas sobre a questão drogas.
Basicamente os cursos de capacitação são esses, é importante frisar que a parceria
que a SENAD realiza com diversas universidades no Brasil inteiro, ela é fundamental
para a gente garantir a qualidade técnica dessas capacitações.

Então a gente entende a importância de que a política pública esteja


também alinhada com o que o meio acadêmico vem produzindo. E nesse sentido, a
gente acredita por perto fortalecer ainda mais uma rede de acolhimento sobre a
temática do crack, é claro que os cursos não tocam apenas a temática do crack,
porque não haveria sentido, então o álcool continua sendo uma droga também
bastante enfatizada.

Aí só para finalizar, gente, que talvez muito dos senhores já saibam, que o
serviço Viva-Voz, que operava até o início desse ano como o número 0800, ele foi
transformado em serviço de utilidade pública. Então desde fevereiro ele já está
operando através de um número 132, que é um serviço para ser um número de
melhor e mais fácil memorização. E desde o dia dois de janeiro ele passou a operar
24 horas, sete dias por semana, porque se percebe que também a madrugada e os
finais de semana são momentos às vezes uma maior vulnerabilidade, sensibilidade,
então é importante haver essa disponibilidade do serviço. Já está se estudando uma
ampliação também das ações do Viva-Voz para atender uma demanda, que
certamente irá crescer com esse número. Mas a gente está bastante otimista e feliz,
que finalmente conquistamos o serviço 24 horas.

E aí só para finalizar, que vocês devem saber também, que desde 2010 foi
criado, no âmbito do sítio principal do governo federal, que é o Portal Brasil, um site

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específico sobre o crack, com a ideia, então, de ser um lugar que reúna informações
qualificadas sobre o tema. Mas não só isso, também exemplos de boas práticas, ou
seja, mostrar que o crack é uma droga que gera muitas vulnerabilidades sociais
também, mas que a gente tem várias experiências bem-sucedidas Brasil afora, e
que precisam ser disseminadas. A ideia é, ainda esse ano, trabalhar numa
reestruturação dessa situação, e para que ele se torne ainda mais palatável, mais
atrativo, mais interativo. Então eu acredito que até o final do ano a gente também
terá a reestruturação desse site.

E, além disso, já houve uma primeira onda da campanha de mídia televisiva,


que foi casada com o calendário escolar, que trabalhava a questão da prevenção
entre os adolescentes e na família, e a ideia é sistematicamente também a gente
poder investir nessas campanhas um pouco mais amplas.

Eu acho que era isso.

Eu só queria aproveitar, Dra. Paulina para dizer, para lembrar que aqui a
gente apresentou as ações que estão no âmbito do Plano do Crack de 2011, mas
existem algumas ações, ainda decorrentes do plano anterior, e que estão sendo
efetivadas. Eu acho que um exemplo são os dois centros colaboradores que estão
sendo implantados como espaços de testar novas metodologias de acolhimento de
usuários, ou seja, um espaço de pesquisa, mas também um espaço de formação.
Nós temos realizado já algumas capacitações preferenciais da rede SUS e SUAS, e
também desses operadores de segurança pública. Então nesse momento são
capacitações no Rio de Janeiro, Espírito Santo, aqui no Distrito Federal, Rio Grande
do Sul e Bahia, mas a ideia é ampliar ainda um pouco mais. Já finalizamos um curso
de especialização em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e
agora no dia 28 de junho iniciará um curso com a Universidade Federal da Bahia
também com essa ideia de a gente focar ainda mais a questão álcool e outras
drogas.

Obrigada. Era isso.

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Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas) – Faltou os “Policiais Rodoviários Federais”.

Dra. Carla Dalbosco (Diretora de Coordenação e Articulação de Políticas sobre


Drogas) – Então, também é importante frisar que numa parceria com a Polícia
Rodoviária Federal, a gente já capacitou todo o efetivo da Polícia Federal desses
cinco estados aqui que eu falei: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Distrito Federal, Rio
Grande do Sul e Bahia. Ele entrou também como uma ação prioritária dessa nova
fase do Plano Crack. Então a partir do segundo semestre o efetivo das outras
regiões estará sendo capacitadas não só para a questão da abordagem relacionada
ao álcool, mas cada vez mais a questão da discussão em relação a outras drogas,
inclusive com amplo material de distribuição de material informativo, educativo. Eu
acho que vai ser bem legal a parceria.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Carla.

Então, agora abrimos a palavra aos comentários em relação às ações do


Ministério da Justiça.

Emmanuel.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Muito


bem.

Primeiro, para dizer que essa é a parte, mas palpável porque a gente sente
que tem uma rota, tem comando e não há muita consagração no desencadear dos
fatos. Acho que a parte mais vulnerável é lá na Saúde. Ela, sim, ela tem muitos
conflitos e a gente vai ter, de uma forma ou de outra, trabalhar para superar esse
Conselho Federal de Medicina.

Mas eu pedir para falar porque fiquei muito preocupado com a exposição no
que diz respeito aos Gibis, aquelas revistas. Nós temos uma sensação de que sub-
repticialmente (sub-reptício) existe uma anuência para a liberação da maconha. Sub-
repticialmente existe uma satanização do crack, e a maconha uma droga leve não

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vai causar muito problema. E por incrível que pareça, não tem maconha naquele
livreto, tem álcool, êxtase, crack e tal, mas não tem maconha. A maconha não foi
liberada.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Tem. Tem sim.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Ela está


lá? Não aparece.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Vários materiais. Tem um exclusivo de maconha.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Ah, sim.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – São vários materiais. A SENAD uma série de materiais.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Porque


apareceu ali todos, menos a maconha. Digo: “Não, vou externar logo a minha
preocupação porque isso aí vai merecer um protesto formal do Conselho Federal de
Medicina”.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Você tem razão, porque a maconha é uma das drogas de
preferência de adolescentes.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Perfeito.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Nós temos a preocupação sim de prevenir uso da maconha.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Perfeito.


Então era essa a minha intervenção. Eu fiquei muito satisfeito, viu, delegada.
Realmente está aí. A senhora é da SENASP também. Uma ideia assim muito
articulada.

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Então isso, realmente, tem muito mais possibilidade de ter eficácia pela
articulação porque ela não está dizendo assim: “Vamos atacar o traficante, vamos
matar o traficante”, não, “Vamos com inteligência impedir que ele se organize, se
estruture, vamos destruir a organização”.

E a outra coisa que eu achei interessante. Eu estava em uma outra lá que o


companheiro César em uma das reuniões precedentes a essa. Nós tínhamos falado
sobre a questão dos produtos químicos. Esse era muito pouco focalizado na
observação para controlar, porque o Brasil fornece esses produtos químicos para
toda América, é um produtor. E fiquei muito satisfeito porque a inteligência também
está trabalhando para conter. Se agente não denunciá-los para preparar os produtos
com certeza a oferta vai diminuir.

Era só isso.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada Emmanuel.

Passo a palavra então a Darcy, representante dos Conselhos Estaduais


sobre Drogas.

Dra. Darcy Izel Moreno (Conselhos Estaduais Entorpecentes) – Parabenizar a


Polícia Federal. Tenho um filho Policial Federal. E sou assim particularmente muito
admiradora do trabalho principalmente o que realiza na região Amazônia e na
fronteira. E parabenizar a Carla pelos nossos cursos que também nós somos
divulgadores.

E a minha pergunta vai à Cátia.

Eu observei no grupo de trabalho de enfrentamento às cracolândias incluir a


presença dos Conselhos municipais, estaduais, saúde Assistência Social e
Conselho Tutelar na formatação da ação e não só chamar no final. Eu acho que é
importante que participem. Inclusive têm acontecido algumas ações em Manaus e
algumas são chamadas e outras não. Eu acho que os Conselhos eles vão contribuir
muito porque eles vão está na frente na ação efetiva.

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Obrigada.

Dra. Cátia Simone Gonçalves Emanuelle (Diretora Substituta do Departamento


de Políticas, Programas e Projetos da SENASP) – Eles estão incluídos sim. É
porque como o tempo é curto eu não pude esmiuçar toda... Isso também está em
construção. Todo esse protocolo toda essa atuação está em construção permanente
com cada estado, com cada município, e com as contribuições da sociedade. Os
Conselhos, enfim.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – E os Conselhos de drogas são parceiros prioritários.

Dra. Darcy Izel Moreno (Conselhos Estaduais Entorpecentes) – Isso. E que ao


iniciar uma ação eles divulguem mais o trabalho no âmbito estadual, municipal.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Darcy.

Eu passo a palavra então ao Marcelo do Conselho Federal de Psicologia.

Dr. Marcelo Magalhães Andrade (Conselho Federal de Psicologia) – Acho que


para o final, para concluir também, que eu acho que talvez essa seja última rodada.

O Conselho Federal de Psicologia já tinha então tido ciência dessa


recomendação de 009 de 20 de abril de 2012 que o CONASP então endereça para
o Ministério da Justiça. O ponto dois, o ponto quatro e o ponto sete eu acho que
também eles são reforçados pelo sistema do Conselho de Psicologia.

O que a gente entende? A gente entende de que alguns aspectos do Plano


de Enfrentamento de Crack e Outras Drogas eles tendem a dar certo. Pela forma, ao
contrário do que a gente viu e a gente parabeniza e eu acho que todo mundo sabe
que o ganho dos últimos 30 anos no Brasil foi a nossa redemocratização. Então a
gente sabe que o SUS é fruto da democracia, a gente sabe que o Sistema de
Assistência Social também é fruto da democracia. Mas o próprio CONASPS também
no seu ponto dois vai dizer: “Que o Ministério da justiça explicite o compromisso do

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plano com mecanismo de participação social tendo em vista a ausência dos
Conselhos das deliberações de conferência na formulação inicial do plano”. Então
eu acho que o Sistema Conselho de Psicologia coloca isso como ponto fundamental
– a transparência. E também a ideia e o entendimento de que o que vai reforçar
essa união – que eu acho que todas essas instâncias apresentadas nesse
Conselho, no CONAD – de que para dar certo tem que vir também das bases; tem
que implicar a população brasileira. Então a gente tem esse modelo congressual. A
gente tem vários mecanismos de monitoramento e trazê-lo da democracia e para
que as coisas aconteçam da melhor forma possível.

A gente então coloca nesses termos. Mas eu acho que também otimista com
as boas iniciativas que foram colocadas aqui. Mas definitivamente colocando o ponto
fundamental e até mesmo como encaminhamento para o Conselho de Políticas
Públicas sobre Drogas que deve haver um zelo explícito em relação a esse controle
social, nesse Conselho. E também, além disso, o que pode aí eu acho que os outros
conselheiros e a própria SENAD pode ajudar o Conselho a pensar no sentido como
é que a gente poderia está criando mecanismos que pudesse zelar e de forma
efetiva implementar essa intersetoriedade. Que eu acho que todos aqui
concordamos sem a qual o Plano Crack não vai dar certo.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Marcelo.

Só fazendo um comentário em relação. Eu acho fundamental as tuas


colocações. Mas eu acho interessante pontuar uma coisa em relação ao Conselho
de Drogas. Esse é talvez o Conselho que buscou a representação mais qualificada.
Quando houve o realinhamento da Política Nacional sobre Drogas, que era a Política
Nacional Antidrogas, e aqui nós temos pessoas – a Roberta Uchoa participou, a
Raquel Barros, enfim – eu lembro que nós, uma das discussões no realinhamento
da política que ela deixou de ser “antidrogas” e passou a ser “sobre drogas”, era que
o Conselho então Antidrogas passe também a ser um Conselho sobre Droga, que
fosse paritário e que trouxesse a participação da sociedade civil de forma
qualificada. O que nós fizemos então à época? Nós chamamos muita gente que

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participou dos fóruns regionais, foi um processo de realinhamento totalmente
descentralizado e se chegou à conclusão de que não adiantaria se chamar de forma
aleatória a sociedade civil, mas que tinha que chamar a sociedade civil para que
pudesse vir falar, com propriedade, a respeito da questão drogas e não naquela
história que a gente sempre ver falar, no emocional, de uma forma polarizada entre
o fundamentalismo e a banalização. E aí se chegou à conclusão com a participação
de que nós deveríamos chamar, como o fizemos à época, o Presidente Lula ficou
super contente, super orgulhoso de poder trazer. Trazer então os Conselhos que
representavam as determinadas categorias que estavam diretamente ligadas à
questão. E aí que a gente trouxe então psicologia, medicina, educação, serviço
social, enfermagem, a UNE que era impensável. E eu brincava, que foi uma coisa
que nós conseguimos que o CONAD estava todas as pessoas dizendo: “Ah, mas
ainda está vinculado aos militares e a gente brincava que talvez um pouco da minha
rebeldia de militante estudantil foi que eu conseguir trazer a UNE para o Conselho
de Drogas e tal. Então, assim, conseguimos trazer o meio artístico, conseguimos
trazer a imprensa, conseguimos trazer a sociedade civil, mas de forma qualificada.
Então eu acho que esse Conselho, na verdade, você não estava na outra reunião,
mas a gente colocou a mudança da SENAD. O ano passado foi um ano difícil, uma
modificação estrutural da passagem da SENAD da Presidência para Ministério da
Justiça que exigiu, além de toda demanda do Plano Crack, exigiu muito esforço em
termos administrativos, porque você mudar uma estrutura de governo requer uma
série de questões. Então eu acho que esse é um Conselho que tem uma grande
legitimidade. Eu acho que aquilo que eu falei anteriormente e que nós vamos falar já
na sequência junto com o Ministro Everton é assim: é a hora desse Conselho se
posicionar mais. E por isso que nós chamamos a essa reunião o Ministro José
Eduardo Cardozo decidiu, como coordenador do Plano Nacional Crack é Preciso
Vencer, de a gente fazer uma reunião longa. E vocês viram que foi uma reunião que
nós ficamos aqui, todo mundo podendo falar discutir sem o controle de... Justamente
por quê? Porque nós estendemos, a Presidenta Dilma entende que esse é o
Conselho legítimo para fazer com que haja o controle em relação à discussão das
políticas sobre drogas.

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Então, assim, pode ter certeza que da parte do Governo, não só da SENAD,
da SENASPS e da Polícia Federal, são órgãos do Ministério da Justiça, mas dos
outros Ministérios que estão presentes. Vocês viram que tudo o que foi apresentado
aqui, foi apresentado de forma muito transparente sem nenhuma intenção de
minimizar ou de, enfim, colorir qualquer coisa. E aí a expectativa de que
efetivamente o Conselho demande, e demande mesmo, de forma real.

Então só para esclarecer.

Bom, aí temos o Marcos Frota que representa o meio artístico aqui no


Conselho Nacional.

Sr. Marcos Magano Frota (Conselheiro do Suplente do Conselho Nacional de


Politicas sobre Drogas) – Bom, sou apenas o suplente.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Bastante atuante, diga-se de passagem.

Sr. Marcos Magano Frota (Conselheiro do Suplente do Conselho Nacional de


Politicas sobre Drogas) – A titular é a Gloria Peres. Muito bem lembrada pela
SENAD em função do que ela, as preocupações delas dentro da dramaturgia, ciente
da teledramaturgia e ciente do espaço que a televisão ocupa na vida cotidiana de
uma nação inteira. Ela sempre tem dedicado a temas sociais, por exemplo, a
próxima novela que ela está escrevendo ela vai tratar de um assunto muito
pertinente aqui ao Ministério da Justiça que é o tráfico de pessoas, tráfico de
criança. Mas aquela novela o Clone, que eu tive a oportunidade de participar, ela
tratava efetivamente daquela questão das drogas no seio de uma família de classe
média-alta causou tanta repercussão.

Eu pedir para falar um minuto, já está daqui a pouco terminando. Eu não


queria deixar de dar minha contribuição aqui.

Primeiro eu lamento, Paulina, a ausência tanto do Pastor quanto do


representante do Ministério da Saúde. Pareceu-me uma questão muito polêmica
pela primeira vez no Conselho público, eu presencie uma contestação frontal,

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pública. Ele disse, de uma maneira clara e extensa, expôs o raciocínio dele, que ele
não acreditava na eficácia, na eficiência do plano apresentado pelo Ministério da
Saúde. Eu achei até que, pena que ele não está aqui, estou falando na ausência
dele. Mas o jeito que ele colocou talvez não seja um jeito construtor de diálogo.
Pareceu-me um pouco, um áspero ao contrário do representante do Ministério da
Saúde, mas as colocações dele foram bastantes polêmicas e corajosas. Pena que a
gente não teve tempo aqui de ouvir um pouco mais os dois lados aqui. Eu despertei
aqui com a curiosidade de aprofundar, eu acho que a gente não pode se recusar a
temas polêmicos e contestações nesse nível. Ficou clara aqui que uma grande
parcela da opinião pública representada pelas confederações não acredita em
nenhuma questão colocada pelo Ministério da Saúde. E ainda apontou uma coisa
muito grave, que era contraditória no próprio Ministério a expansão feita aqui, a
expansão feita em Minas Gerais – que também é um estado, enfim, com bastante
evidência. Então imagine em outros cantos do país, enfim, com menos. E de lá veio
então uma posição, enfim. Eu estou só lamentando aqui a ausência e a
profundidade porque é um tema que a mim interessa. Eu até perguntei, no almoço,
um pouco a divisão entre a Saúde, não é a divisão, é de que maneira que essas
coisas todas comungam na Saúde a questão das drogas.

Em todas explanações tanto textuais aqui quanto colocadas em plano não


ouvi a palavra cultura, em nenhum momento a palavra cultura foi colocada. Quando
fala em transversal, em políticas transversais, em colocações, em Governo de vários
Ministérios. Em nenhum momento foi falado a respeito do Ministério da Cultura. Me
estranha a ausência do Ministério da Cultura na reflexão de um plano nacional
lançado com todo pompa e importância pela Presidente Dilma. Eu acho até que
subestima a capacidade de contribuição que a cultura tem para um tema como esse.
E daí que a gente vê o quanto de desperdício que a gente tem de recursos e de
oportunidades que justamente a cultura não é chamada ou não convocada ou não é
despertada para está assentada à mesa. Basta lembrar que a marca brasileira no
mundo inteiro, agora reconhecida com a questão econômica, com a questão da
democracia brasileira sempre foi a manifestação da cultura brasileira. A cultura
brasileira é respeitada no mundo inteiro, por quê? Pela diversidade. Então de

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Manaus da minha companheira aqui até a minha cidadezinha Guachupé, a
efervescência cultural brasileira é muito grande. É impressionante como se
desperdiça oportunidades e possibilidades de discussão e de colocação de políticas
principalmente na questão da prevenção ao uso de drogas. Em qualquer cidade
brasileira hoje, de segunda a segunda, há manifestações, encontros celebrações
culturais. E até, com todo Cuidado eu digo isso, regada à droga, ou seja, fumando
baseado, bebendo acima de qualquer limite etc. tal. E lonas culturais, e praças com
palcos culturais. Nos morros agora na cidade do Rio de Janeiro é comum encontrar
ao lado das UPP’s, que tem tanta repercussão, um palco para música, para teatro,
para dança, para capoeira etc. tal. Eu acho que a cultura pode ser um grande
instrumento, sabe, de fazer um pouquinho – pelo o que eu entendi aqui do
representante ali da Federação – fazer um movimento ao contrário um pouco.

Importantíssimo para mim, está aqui hoje é uma honra representando a


minha querida Glória Peres. Estou de aprendizado, estou aqui quietinho, calado. E
aprendizado de muito respeito com todas as áreas da Polícia Federal, do Ministério
Justiça como pai e como gestor de um programa de arte e educação. Me sinto
amparado, me sinto acolhido, me sinto com liderança. Mas eu acho que, tenho a
impressão, Paulina e amigos, que isso não basta. Tem que haver um movimento.
Principalmente em um país como o nosso de duzentos milhões de pessoas, e com
uma juventude completamente diferente da juventude do resto do mundo, um
movimento de baixo para cima, um movimento de dentro para fora e isso a cultura é
capaz de provocar – um despertar de consciência.

Com alguns amigos na hora do almoço falamos um pouquinho sobre a


questão da espiritualidade. O consumo de drogas está um pouco associado a um
encantamento, a tirar a vida do cotidiano uma coisa chata ou de sem oportunidade,
ou de sem sonho. A pessoa vai lá e consome drogas para ter aquela famosa
viagem, out insides equivocados etc. tal, e que provoca consequências graves,
dependência, etc. etc. Mas isso tudo está associado, na minha maneira de
entender, a uma questão interna pessoal, silenciosa e até espiritual. Então a parte
da cultura, quer dizer, a maneira que a cultura pode contribuir é justamente aí. Eu
tenho experimentado no programa, que eu coordeno lá no Rio de Janeiro,

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impressionante índices instantâneos de viciados em drogas deixar instantaneamente
a droga por descobrir um outro caminho, instantaneamente. Então é destinado
recursos gigantescos à questão de todos os eixos que foram colocados, e aí, talvez,
o Eixo Cultura tenha sido um pouquinho subestimado na sua capacidade e na sua
força de transformar um bandido ou um menino aviãozinho ou um consumidor de
drogas leves ou pesadas e instantaneamente esse menino, esse jovem, essa moça
é capaz de largar esse caminho e descobrir e pegar um outro se for uma descoberta
dela, se uma exigência da sua espiritualidade, do seu despertar.

Então eu queria deixar bem claro. Gostaria de que em uma próxima reunião
de Conselho pudesse ser convocado alguém do Ministério da Cultura. A gente tem
hoje criado no Governo do Presidente Lula uma coisa espalhada pelo país inteiro e
que hoje está perdendo força, infelizmente, que são os pontos de cultura, ponto de
cultura no país inteiro e que poderia ter uma questão de discussão do plano e de
execução de meta etc. tal.

Dentro dessa área, Paulina, nós dois juntos lutamos juntos muito para que o
Rock in Rio pudesse ter ali uma questão sobre as drogas. Lembro-me de artistas
que se recusaram a participar do vídeo. Até porque não queriam pactuar com uma
certa hipocrisia porque era público e notório que eles consumiam ou consumiram
drogas e, portanto, se recusaram a fazer a campanha. O fato é que a campanha foi
ao ar. Mas depois do Rock in Rio, antes durante e depois muitos outros eventos
aconteceram nesse país, aglutinando centenas e milhares de jovens com show
internacionais, com festivais de músicas eletrônicas, com festas raves, reggaes no
país afora. Eu ao vejo nenhum movimento para que não sejam utilizados,
transformar esses encontros que arrebatam centenas e milhares de jovens de todas
as classes sociais. Transformar esse evento em instrumento de conscientização ou
de pontuar a questão das drogas. Mas uma vez eu aponto aqui um desperdício de
oportunidade. Pois se você exige que o Corpo de Bombeiros faça a liberação disso,
se a Polícia Federal está lá não sei para quer, é histórico de todos os motivos do
mundo, se a Guarda Municipal está se a não sei quem está, por que não tem
também uma exigência qualquer? Ou pelo menos uma conversa uma reunião não
sobre lei? Mas que esses festivais de músicas, principalmente os festivais de música

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abertos envolvendo centenas de jovens possam, de uma maneira ou de outra,
pontuar essa questão das drogas. Com a mesma eficiência e ênfase, por exemplo,
que se combate a questão do cigarro. Hoje você vê uma propaganda de cigarro
nessas coisas, você tem até medo, porque aparecem aqueles caras tudo
machucado com câncer corroendo tudo e tal. Entendeu. Já proibiram a campanha
de cigarro etc. tal. E, lamentavelmente, nós somos frouxos na questão da Lei Geral
da Copa. O Brasil poderia ter dado uma demonstração de responsabilidade sobre o
futuro de país e do planeta, batendo o pé. Como é que pode proibir que o povo
brasileiro não consuma droga e agora vem um evento internacional e nos engole,
nos coloca goela abaixo a questão da coisa? Se nós tivéssemos força política de
proíbe à venda do consumo de álcool, nós teríamos, com certeza, um
desdobramento muito forte na questão do enfrentamento ao crack etc. tal. O fato de
sermos frouxos, ninguém está pondo a mão na consciência, sabe, de ver quantas
crianças e jovens nós estamos perdendo para essas ruas brasileiras consumido
crack e álcool e todas as coisas. Perdemos uma grande bandeira, sabe?

Então queria colocar, só para encerrar aqui, o que foi colocado no finalzinho
ali da exposição da SENAD. Acho também que deveria está aqui nesse Conselho a
SECON – Secretaria de Comunicação e a Casa Civil. Porque investe-se
quantidades, eu não vou falar absurdo, meu pai, mas gigantesca de dinheiro para
vários tipos de campanha. Será que não estava na hora de o Governo brasileiro, do
Ministério da Justiça e da SENAD planejar uma campanha gigantesca, sabe, com
dinheiro investido nos três veículos de comunicação desse país para falar claro
transparente e com ênfase a respeito das drogas. Como foi feito, por exemplo, com
o cigarro, como foi feito com a questão da AIDS. Há muito preconceito, há muita
timidez, há muita vontade de colocar de baixo do pano esse assunto sobre drogas.
Há uma tendência de discutir tecnicamente com todas as instituições, mas essa
conversa esse diálogo tem que ir para ruas, tem que ir para ruas. Nós temos uma
televisão que arrebata o maior nível de audiência do mundo inteiro. Você não tem
nenhuma televisão americana ou europeia que consegue nível de audiência que a
televisão brasileira consegue. Porque então não colocar um assunto que nos é tão
caro, tão importante, tão vital para formação do caráter e da personalidade da nossa

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nação, que é a questão aí das drogas. E nós sabemos que é uma questão difícil,
ampla, complexa. Eu não vou dizer aqui que eu estou perdendo essa guerra, essa
palavra até já gastar já, mas pelo tamanho do desafio que a SENAD tem, que a
Polícia Federal tem, que o Ministério da Justiça como um todo. Então por que não
utilizar efetivamente recursos que nós temos e investir uma campanha maciça de
diálogo de debate com a sociedade sobre a questão das drogas? Então, portanto, a
SECON deveria está sendo convidada para vir aqui e a Casa Civil também, porque é
por ali que se articula, é por ali que a SENAD vai ganhar força para levar essa
discussão para rua. Por que não chamar representantes dos institutos? Porque hoje
em dia, todos os grandes aglomerados de comunicação e todos grandes
aglomerados empresariais têm o seu instituto, OSCIP ou não, Instituto Fundação
Roberto Marinho, Instituto RBS, Instituto Correio Brasilienze, todo mundo tem o seu
instituto. Então por que também não chamar para vê qual é a posição deles? O que
eles tem feito de que maneira o instituto tem força para interferir junto aos seus
órgãos, às suas empresas para que a mídia espontânea também aconteça. Porque
uma coisa é você ter autoridade e lá e comprar a mídia e colocar essa questão nas
ruas. A outra questão são o seus institutos força política para poder a mídia
espontânea.

Então a última coisa que eu quero colocar aqui, Paulina, é um pouco


polêmico, mas eu acho que eu não poderia deixar de colocar. Com todo respeito.
Porque a gente que luta tanto a gente está sempre atrás de uma oportunidade,
sabe? E nado de oportunismo, é você abrir uma brecha e... Eu acho que a gente
perdeu uma oportunidade de discutir sobre a questão das drogas de uma maneira
aberta, nacional, que foi, com todo respeito eu falo isso, a posição que nosso ex-
presidente Fernando Henrique tomou. Presidente da República Fernando Henrique,
ao lado do Presidente Lula é responsável por todo esse momento maravilhoso ou
até mesmo de grande responsabilidade que esse país está vivendo. O Presidente
Fernando Henrique foi objeto de um gesto da Presidente Dilma, a Presidente Dilma
fez questão de convidá-lo para eventos importantíssimos. O presidente Fernando
Henrique visitou o Presidente Lula no hospital, num gesto também. O Presidente
Fernando Henrique, de uma estatura intelectual de reconhecimento no mundo todo,

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uma liderança incontestável, de uma ponderação, uma grande entrada dentro da
comunidade intelectual universitária, uma forte presença na imprensa e colunista
dos grandes jornais, ele levantou uma questão. Ele representa um colegiado de ex-
presidentes, de ex-líderes que propõem ou pelo menos têm uma posição, têm uma
proposta. Isso foi colocado em vídeo em cinema. As grandes capitais do país
fizeram lançamento sobre o caso, envolvendo página de todos grandes jornais. Eu,
particularmente, fui ver o documentário. Por que o presidente não é convocado pelo
Congresso para se colocar claramente qual é a posição? E aí então a Comunidade
Terapêutica e todos outros entes contestam e se discute. Por que perder essa
oportunidade? Chama um homem com essa representatividade, com essa
autoridade moral até, que traz uma questão absolutamente polêmica e perigosa e
isso e aquilo. Eu não tenho autoridade nenhuma para discutir isso, mas justamente
porque é vindo dele que isso deveria vir átona e ser colocado claramente qual é. E
se a sociedade brasileira está ou não preparada para uma discussão como essa.
Então fica aqui também essa minha lembrança. Parece que não se discutiu
oficialmente, eu falo, discutiu sobre o âmbito do lançamento do documentário, do
livro, as pessoas que ele teve etc. tal. Mas oficialmente, o Governo brasileiro, o
Congresso brasileiro colocou isso meio que por debaixo do pano, quer dizer: Opa,
abafou! É o contrário. São justamente essas oportunidades que devem vir átona
para fortalecer ainda mais uma posição da SENAD, um trabalho árduo que é feito de
conscientização que está vendo aqui a exposição frente a um plano lançado pela
presidente com tanto esforço e com tantos recursos.

Eu acho que fica aí também essa colocação, sabe, a gente não ter medo. É
coragem, Paulina, é aquilo que você tem me ensinado nesse convívio que eu tenho
tido. É agir com o coração, mas agir.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Marcos.

Bom, eu acho que você catalisou uma série de assuntos que são assuntos
que efetivamente são os assuntos de fechamento da nossa reunião. Então vamos
por ordem. Primeiro, a questão da saúde e das comunidades terapêuticas.

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Só colocando, a título de informação, nem o Pastor e nem Dr. Leon então
aqui nesse momento, porque como eu falei, hoje de manhã está acontecendo a
Marcha dos Prefeitos. E foi uma coincidência infeliz de calendário. Na verdade, eu
deveria está lá com o Ministro também, porque o Ministro também está lá. Está o
Ministro da Saúde e o Ministro da Justiça. Mas hoje o Ministro da Justiça falou: “Não,
eu tenho que ir porque tem que acompanhar a presidenta, você toca a reunião do
CONAD”. Então, na verdade, o Pastor estava na programação oficial da Marcha dos
Prefeitos em uma mesa redonda, assim como o Leon foi convocado pelo Ministro da
Saúde para assessorá-lo.

Agora, eu concordo com você são assuntos que não se esgotou que é o que
eu falei anteriormente. E esse Conselho é o espaço legítimo qualificado para
retomar. Na próxima reunião certamente esse tema retornará.

Em relação à cultura, Marcos, aí eu vou fazer um esclarecimento para você:


a cultura está, sim, dentro do Plano. É claro que aqui...

Sr. Marcos Magano Frota (Conselheiro do Suplente do Conselho Nacional de


Politicas sobre Drogas) – Mas não aparece.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Não, não aparece. Como não aparecem direitos humano, que
estava aqui a Ana Paula que teve que sair. A educação que estava aqui, a Sandra
que teve que sair; uma série de outros Ministérios.

Na verdade, a Presidenta Dilma tomou uma decisão. E eu acho que foi uma
decisão feliz. Os colegas que participam do Plano com a gente desde o início, ela
tomou a seguinte decisão: chamou todos os Ministros e disse: “Todos irão trabalhar.
Agora, eu quero quatro Ministérios que vão ter a responsabilidade de tocar o Plano”.
Então assim. E ela foi muito objetiva e muito clara, ela disse: “Eu não quero fazer
reuniões de Congresso. Eu quero chamar e quero saber: “Justiça, você fez isso;
Saúde, isso; Desenvolvimento Social, isso”. Na verdade, foi essa decisão.

Agora nós trabalhamos, sim, desde o início. Quando a Cátia apresenta


recuperação de espaços urbanos, grandes partes dos projetos de recuperação dos
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espaços urbanos – é como ela disse aqui hoje, não era o caso, não deu tempo. Mas,
assim, grande parte são projetos de cultura de lazer de esporte. Pontos de cultura,
grande partes do que você se referiu foram financiados pela Secretaria Nacional de
Segurança Pública por meio do PRONASF. Então, assim, a cultura está sim
inserida. Parte do projeto todo de educação, quando a Carla fala que 60 horas do
curso de educadores agora é para fazer a parte de extensão, ali estão ações de
protagonismo juvenil, basicamente, vinculados a ações culturais – de teatro, enfim,
um monte de coisas. Os concursos que...

[Ininteligível – interlocução simultânea sem uso do microfone]

Exatamente. E o próprio fato de está nesse Conselho. Você como uma


pessoa, a Gloria Peres e os outros que representam também. Nós temos, sim,
clareza tanto que o projeto que você desenvolve de educação e arte por meio do
circo já foi financiado por ações da SENAD também, disso. Então, na verdade, não
só cultura como muito outros Ministérios estão transversalmente trabalhando e
participado conosco.

Bom, a SECON, a SECON está firmemente envolvida em todas essas


ações. E nós estamos trabalhando, sim, em campanha, como a Carla falou, e virão
outras aí, virão outras campanhas. Mas nós temos prioridades também. O fato de ter
o dinheiro, nesse momento é mais importante poder financiar a contração de novos
policiais federais, a abertura de novos leitos, enfim, os equipamentos de
policiamento e fazer a parte estruturante. Porque nós não tínhamos, vocês sabem
disso. Hoje foi apresentado aqui, acho que todo mundo viu. Então não há o
esquecimento. Todas essas ações estão presentes e estão devidamente já estão
vindo e virão com mais intensidade.

E os dois últimos temas, quando você fala, eu concordo inteiramente com


você, você sabe disso, trabalhamos juntos no Rock in Rio de forma muito intensa. E
eu acho que é uma boa oportunidade. Nós temos dois assuntos para finalizar. O
assunto da área internacional e o assunto do grupo que nós montamos na última
reunião do CONAD para discutir diretrizes para as campanhas de prevenção. E eu
fiquei feliz com a sua fala, sua fala sempre muito contundente, mas me trouxe de

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imediato aqui uma ideia. Por quê? Porque nós montamos um grupo para definir
diretrizes para campanhas de prevenção. Então a televisão vai apresentar alguma
coisa ela tem que seguir aquelas diretrizes. Por que nós não podemos, nesse grupo,
trabalhar alguma coisa que os grandes eventos onde reúnem jovens, crianças
tenham ação de prevenção ao uso de drogas? Nós podemos fazer isso como uma
resolução desse Conselho. Esse Conselho tem autoridade para emitir uma
resolução. Então se vocês concordarem, nós usaríamos essa sua colocação com
essa sugestão de que: além das diretrizes de prevenção, que a mensagem deve ser
educativa, a mensagem deve ser isso, isso e aquilo. Nós poderemos ter uma
resolução do CONAD relacionada a essa questão de que os grandes eventos,
eventos para juventude, tivessem ações de prevenção ao uso de drogas. Como
tivemos no Rock in Rio pelo interesse seu, principalmente, de um empresário
visionário como era o Roberto Medina e podemos ter nos outros como você disse.
Assim, como a Polícia Federal vai lá vê determinadas questões, o Bombeiro vai lá
ver, pode dizer: “Olha, para ter esse evento vai ter que ter ação de prevenção.
Vamos discutir que tipo de ação”. Depende de público, depende da faixa etária,
depende do evento, não é? Sempre baseado na...

Sr. Marcos Magano Frota (Conselheiro do Suplente do Conselho Nacional de


Politicas sobre Drogas) – Depende da organização...

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Exato.

Então se vocês concordarem, esse pode ser também um tema para nossa
próxima reunião para a gente já discutir, que eu acho que é bem possível e que eu
tenho certeza que o Ministro José Eduardo vai gostar e vai aceitar com
tranquilidade.

O último tema, aí o Ministro Everton teve que sair, ele foi correndo em uma
outra reunião lá. Mas felizmente ele conseguiu voltar. Que é a parte que o Ministro
apresentou hoje que a gente não conseguiu discutir. Mas que eu devolveria a
palavra para o Ministro. E se alguém tiver alguma pergunta em relação ao que foi
discutido, também colocando a seguinte questão: o Ministro apresentou, também foi
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levantado pelo Marcos a questão do movimento liderado pelo ex-presidente
Fernando Henrique, que esse movimento de modificação de políticas de drogas é
um movimento mundial que está acontecendo. Não é um movimento só do
Presidente Fernando Henrique e de determinados grupos no Brasil. Então há muitos
grupos em muitas partes do mundo discutindo isso. E como o Ministro falou, na
última reunião da Cúpula que teve Cartagena, que a Presidenta Dilma estava, o
presidente colombiano levantou essa questão de que deveria se pensar uma nova
forma para as políticas de drogas, independente do que seja. Não foi uma questão
de dizer legaliza, descriminaliza. Não. Ele colocou que em função do que vem
acontecendo no mundo deveria, sim, se pensar algumas questões e novas
perspectivas. Os presidentes presentes, à reunião, decidiram então dar esse
mandato para o OEA por meio da Comissão de Drogas da SICAD da qual a o Brasil
tem uma posição, um tema participação muito intensa. Aliás, eu voltei de lá, da
reunião dessa semana inteira agora.

E essa mandato para a OEA ele tem um prazo. A OEA deve apresentar uma
proposta disso tudo dizendo como estão as políticas, as estratégicas de drogas e
quais são as possibilidades em uma visão técnica. Não foi pedido e foi frisado, o
Ministro Everton pode me ajudar, de que esse estudo apresentado pela a OEA aos
presidentes para a próxima cúpula seja um estudo técnico em relação à
flexibilização ou não das políticas de drogas. Então conversando com o Ministro, nós
pensamos também na seguinte questão: que nós poderíamos, aqui no CONAD,
formar um grupo – claro que nós não podemos fazer todas as reuniões do CONAD
nem todas as pessoas estarão disponíveis – mas nós poderíamos formar um grupo
aqui no CONAD para discutir essa questão para que esse grupo apresentasse ao
plenário do CONAD uma proposta em relação a esse mandato porque certamente
nós seremos chamados. O Brasil vai ter que opinar lá no OEA. Aliás, nós já fomos
convidados a participar. Nós devemos ter uma participação ativa nesse grupo lá da
OEA. Então nenhum lugar é mais legítimo do que nesse Conselho para a gente tirar
daqui uma opinião, uma posição saída do Conselho para ser apresentada pelo
Ministro José Eduardo e pelo Ministro Patriota à Presidenta Dilma para que aí ela
decida se é essa posição que o Brasil quer adotar nessa discussão. Então essa é a

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sugestão que eu faço de que a gente monte um grupo para que a gente possa se
reunir algumas vezes. Esse grupo coordenado pela SENAD e pelo Itamaraty para
que a gente possa tirar, enfim, uma posição, trazer a esse plenário e aí entregar o
Ministro da Justiça junto como o Ministro das Relações Exteriores e entregar a
presidenta. Porque aqui, efetivamente, foi o que eu falei anteriormente: é a
apresentação qualificada do tema drogas. Nós temos todas as áreas, temos a
sociedade civil. Então essa é a sugestão em função da colocação do Ministro
Everton hoje de manhã.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Gostaria


de saber o prazo. Porque dependendo do prazo eu posso utilizar o Congresso
Brasileiro de Psiquiatria para colocar essa discussão com os psiquiatras lá no
congresso em Natal.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Ótimo.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – É em


outubro o congresso.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Então, na verdade, é assim, Emanuel, a próxima reunião dos
presidentes é no próximo ano, não tem ainda uma data certa.

Esse trabalho da OEA vai ocorrer durante todo esse ano. Eles pretendem
que esteja pronto lá para abril ou maio de 2013. Então eu acho que pode, sim, ser
levado aos grupos. Cada um de nós aqui que pertence – o Marcos que é meio
artístico; Raquel tem Terceiro Setor, a UNE, todos nós podemos discutir isso. Os
Conselhos cada um com o seu grupo. Nós podemos, sim, está discutindo isso. Mas
a ideia seria assim: nós formamos um grupo aqui nosso de alguns representantes
desse Conselho e, independente disso, cada membro do Conselho pode buscar e
trazer informações de fora dos seus representados aqui. Eu acho excelente buscar...

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Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Eu queria
saber desse prazo porque naturalmente esse assunto já está na pauta do Conselho
Federal de Medicina para outubro ou novembro.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Ótimo.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – E nós


tínhamos uma ideia de levar a discussão para o Congresso Brasileiro de Psiquiatria
porque a Psiquiatria tem interesse direto nesse assunto.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Claro.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Então eu


fico tranquilo de que eu vou ter tempo de trabalhar e organizar os grupos para a
gente ter uma boa discussão.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Ótimo.

Então se os senhores concordam poderíamos montar esse grupo. O Ministro


Everton e eu coordenaríamos pessoalmente essas reuniões, não é?

[Ininteligível – Interlocuções simultâneas sem uso do microfone]

Então espera aí, vamos fazer o seguinte: vamos montar esse grupo primeiro
e depois nós voltamos.

Dra. Débora – Mas aí eu não me sinto confortável em colocar o meu nome para
esse grupo já estando no outro.

Dra. – Na verdade...

Dra. Débora – Não chegou a se reunir. Exatamente.

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Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas) – Não, Débora, o outro o grupo não foi instalado ainda. Mas existe.
As pessoas estão inscritas. Está aqui, nós temos que substituir, mas obviamente nós
vamos consultar os dois Ministérios que foram substituídos, que é o Ministério da
Saúde – o Francisco Cordeiro não está, mas está o Leon, certamente vai querer
continuar representado; e a Secretaria Especial de Direitos Humanos, que o Aldo
não está, mas estava a Ana Paula até agora aqui.

Então o Grupo de Prevenção é composto: pela Secretaria Especial de Direitos


humano, Ministério da Saúde, Raquel Barros, Marcos Vinicius do Conselho Federal
de Psicologia e a Darcy que é representante dos Conselhos estaduais e o Ministério
da Educação. Então esse é o outro grupo, que aí depois a gente vê.

Agora eu não vejo problema, depende da disponibilidade. Claro que todos


nós temos muito trabalhos. Mas eu não vejo nenhum problema se quem está nesse
grupo poder participar do outro e quiser eu pessoalmente SENAD não tem nenhuma
objeção.

[Ininteligível – Interlocuções simultâneas sem uso do microfone]

Então, gente, estão abertas as inscrições para esse grupo.

Ministro Everton, por favor.

Ex.mo Sr. Ministro Everton Frask Lucero (Ministério das Relações Exteriores) –
Obrigado.

Só um esclarecimento com relação a este assunto. Eu acredito que nós


estamos, sim, diante de uma oportunidade. Eu recebo de uma forma muito
respeitosa o comentário de Marcos Frota e acolho inteiramente as percepções aqui
externadas. E, na verdade, eu acredito que sempre se pode pensar que uma
oportunidade foi perdida, mas sempre há momentos para retomar e há momento
para engaja na discussão.

Eu concordo inteiramente com o que disse a Doutora Paulina a respeito da


legitimidade que tem este Conselho na medida em que aqui nós temos uma
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representação multi-setorial. E esse tipo de debate, o que nós pretendemos fazer é
um debate que não pode ficar restrito a órgãos de governo. É um debate
essencialmente da sociedade. E quanto mais nós podermos envolver o Legislativo,
as organizações sociais, a sociedade civil, de um modo geral, tanto melhor.
Naturalmente que agora nós estamos sendo demandados a oferecer no plano
internacional em um processo de negociação qual a oposição brasileira e teremos
muito mais legitimidade para fazê-lo na medida em que essa posição for de fato o
reflexo de um debate da sociedade. Então nós estamos aqui com um cenário muito
favorável para nós para levar adiante essa discussão com a participação dos setores
aqui representados.

E gostaria de circunscrever um pouco o objetivo que nós não estamos aqui


partindo de nenhum pressuposto com relação à liberalização ou à descriminalização
ou qualquer que seja. Nós estamos aqui dispostos a estudar cenários. Essa foi,
aliás, a proposta inicial que veio da Colômbia e é muito significativo que tenha vindo
do presidente da Colômbia, por quê? Porque a Colômbia, ao longo da última década
ou mais, investiu fortemente e continua investindo em repressão.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Exatamente.

Ex.mo Sr. Ministro Everton Frask Lucero (Ministério das Relações Exteriores) –
Em combate. E talvez agora em um processo de autorreflexão, quer dizer o
presidente da Colômbia chega à conclusão de que é preciso estudar alternativas a
esse viés repressivo. Nós temos uma experiência própria que é distinta dá
colombiana. E nós temos elementos que podem ajudar nessa reflexão que não será
só brasileira, que neste nível inicial será hemisférica, envolve todos os países do
Hemisfério Ocidental, envolverá.

Então o fato de nós termos aqui um grupo de trabalho circunscrito a ideias


de estudar a cenários, significa que entre nós, nós poderemos listar, objetivamente,
quais seriam prós e contras de diferentes cenários, de diferentes possibilidades. E
se conseguimos fazer isso, isso já será um avanço extraordinário e uma contribuição
extraordinária que nós poderemos apontar. Nós não devemos agora já imaginar que
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teremos um grupo de trabalho que vai chegar alguma conclusão a respeito de um
debate dessa natureza, que por ser uma natureza é polêmica exigirá muito mais
participação e discussão. Mas nós podemos dar início a esse debate apresentando
de uma forma técnica, de uma forma clara, com embasamento que cada um tem dos
respectivos setores. Quais seriam os prós e os contras de cada um dos possíveis
cenários alternativos à via tradicional de unicamente focar na repressão ao uso e ao
tráfico de drogas.

Eu acho que isso apenas para poder limitar um pouco qual é o espírito
desse trabalho, que para nós, enfim, como representante do país nos fóruns de
negociações internacionais é extremamente importante, que possamos contar com a
contribuição de todos.

Obrigado.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Ministro.

E a gente teve nesse sentido uma experiência muito interessante quando


houve a sessão de alto nível da Comissão das Nações Unidas em relação a um
gasto, que foi a Declaração que aconteceu em 2009. E nós fizemos exatamente
isso. Nós discutimos no âmbito do CONAD o documento, o discurso que o Ministro –
era o Ministro Felix, à época, que era o presidente do CONAD – o discurso que o
Ministro Felix fez em Viena, nos dez anos da UNGAS teve uma repercussão tão
positiva que até hoje ele é mencionado em uma série de fóruns. E foi um discurso
que foi inscrito a partir de uma articulação no CONAD também. Foi um discurso que
saiu aprovado do CONAD. Então eu acho que é bem bacana isso.

Podemos nos...

Dra. Roberta Salazar Uchôa (Conselho Federal de Serviço Social) – Agora. Tá.
São duas coisa só.

Primeiro, eu pensava que eu estava no Grupo de Prevenção, eu não estou.


Eu não tinha me candidatado para um grupo da outra vez? Então, tá. Então eu me

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candidato para fazer parte desse grupo, assim, com a clareza que eu acho que a
gente não vai está definindo aqui legalização, mas assim pelo menos nos últimos
três anos no grupo de estudo que eu coordeno lá na Universidade Federal de
Pernambuco tem sido uma discussão recorrente. Eu estou tentando acompanhar
também a discussão internacional. Inclusive o que está acontecendo na Europa, a
Holanda recentemente se colocou algumas restrições, o Chile. Tem inclusive até um
artigo que eu estou terminando de finalizar discutindo sobre legalização,
criminalização, que é uma questão que eu de fato me interessa bastante. Tenho
uma posição em relação a isso. Mas me interessa muito essa discussão, por isso
estaria me candidatando. Mas eu queria voltar um pouco para discussão geral do dia
posso?

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Do quer?

Dra. Roberta Salazar Uchôa (Conselho Federal de Serviço Social) – Do geral da


discussão, posso colocar? Assim, porque, na realidade, eu acho que o Brasil já faz
algum tempo não está exclusivamente na estratégia de redução de oferta. A nossa
política não é mais redução de oferta há algum tempo.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – É também redução de oferta.

Dra. Roberta Salazar Uchôa (Conselho Federal de Serviço Social) – É também.

Eu acho que tem que ser. Aí, assim, a minha fala é um pouco nisso, porque
hoje a gente escutou, a gente viu os projetos intersetoriais, interministeriais, relações
exteriores, saúde, assistencial social e justiça. Quer dizer claramente, pelo menos
quatro dos cincos eixos que estão na SENAD, eu, pelo menos, nesses vinte anos
que eu venho trabalhando nessa área de droga, é a primeira vez que eu vejo
claramente princípios compartilhados, projetos compartilhados. E, assim, eu tenho
uma satisfação muito grande de está vendo isso acontecendo. Os Ministérios, não
só o Ministério da Saúde e da Assistência que está se integrando, eu acho que os
outros Ministérios também estão se integrando.

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E, aí, vou um pouco na fala de Marcos Frota em duas situações que ele
colocou. Embora tenham os Ministérios que sejam prioritários, mas eu acho que a
educação, a cultura e o esporte devem ter claramente projetos integrados como
estes que estão aqui sendo colocados. Eu acho que isso precisa está muito claro.
Eu acho que precisam está muito claro, sabe, Paulina. Não é simplesmente a gente
desenvolver algumas ações com os outros. Todos os Ministérios precisam se
comprometer, com clareza, da forma com que a Saúde as Relações Exteriores o
Ministério da Justiça e da Assistência Social estão se comprometendo com a
questão do crack.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Então só pontuando, assim. A Carla lembrou bem, na verdade são,
como eu disse, é que houve uma decisão. E aí existem decisões. É como, nós
vamos fazer aqui um trabalho como o Ministro falou: “Nós vamos levar a presidente
e a presidenta vai dizer: ‘concordo e essa será a posição do Brasil’” ou ela pode
dizer: “Não, não concordo. E essa será a posição do Brasil”. Então houve uma
decisão gerencial de que esses Ministérios tomassem à frente. Mas, por exemplo,
como a Carla apresentou que teremos a capacitação de duzentos e quarenta mil
educadores até 2014, têm milhões de reais do orçamento do Ministério da
Educação. Então não é... Está aqui, sim, o Ministério da Educação.

Dra. Roberta Salazar Uchôa (Conselho Federal de Serviço Social) – Eu sei que
ele está, mas assim eu acho que precisa ter ação por dentro do Ministério fazendo
com que as coisas aconteçam.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Mas tem.

Dra. Roberta Salazar Uchôa (Conselho Federal de Serviço Social) – Por


exemplo, os centros de referências são centros que estão funcionando nas
universidades, junto como os Ministérios. Mas tem que haver algo que passe pela
questão da governabilidade por dentro das universidades. Porque, assim, as
iniciativas que a gente termina tomando, a gente fica assumindo novas
responsabilidades e não muda nada dentro das universidades a gente continua... É
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assim, tem uma série de pesos que se acumulam no trabalho que precisaria ver algo
passando por dentro das universidades. E, aí, uma discussão dentro das
universidades – aí falar muito em relação à Universidade Federal de Pernambuco –
eu acho que nos últimos anos o departamento de serviço social vem conseguido
construir algumas coisas de capacitação e qualificação de pessoal. Mas a gente
precisa trazer os outros departamentos. Porque não é uma questão só da Saúde e
da Assistência. Tem muita gente da química, da farmácia, da educação que quer se
comprometer e não consegue se comprometer. Então precisaria ter algum estímulo
dentro da área de educação, de cultura, e, aí, assim de esporte. Eu não estou
pegando carona não, eu tinha escrito aqui. E eu gostaria de deixar registrado. Acho
um horror essa Lei Geral da Copa ter sido aprovada, é uma contradição dentro
desse Governo que está encaminhando um projeto integrado, intersetorial, garantido
recurso. Quer dizer, aprova uma Lei Geral liberando bebidas alcoólicas durante os
eventos da Copa. E nós vamos ter que nos submeter aos interesses econômicos,
porque é isso que está em jogo – que é muito difícil, você faz evento cultural, evento
esportivo tudo financiando por bebida alcoólica – que é a droga que causa mais
dano na sociedade brasileira e no mundo. Aí, assim, eu não sei se é o caso, mas
este sendo um Conselho de controle social deliberativo. A gente pode tirar uma
indicação de que nós não concordamos com isso. Porque afinal de contas, o
Congresso é um instrumento de controle. Eles representam o povo. Mas nós aqui
enquanto órgão de controle social, nós também estamos representando a sociedade
civil. Então esse projeto foi aprovado no Congresso, ele vem para cá para a
presidente assinar. Então a presidente da mesma forma que pode vetar lá o Código
Florestal, ela também pode vetar a Lei Geral da Copa na liberação de bebida
alcoólica. Eu acho que de fato é uma contradição enorme o Governo ter toda essa
proposta em relação ao Plano do Enfrentamento do Crack e a gente vir com está
questão de abrir bebida alcoólica quando a gente sabe que desde que se proibiu
bebidas alcoólicas nos estádios se diminuiu a violência. (ininteligível) em Pernambuco
você só tem violência fora dos estádios, porque dentro não tem mais. Eu não sei se
nos outros estados acontece isso, mas em Pernambuco isso não acontece.

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Então eu queria deixar isso registrado, porque eu acho assim uma tremenda
contradição.

E dizer o seguinte: eu acho que está de parabéns o trabalho que está sendo
feito, eu acho fantástico. Tenho um orgulho enorme de está participando disso, pelo
menos, assim, nesses vinte anos está vendo isso. E, assim, ainda espero vê todas
essas propostas efetivamente acontecendo lá na ponta desde que se garanta
financiamento, capacitação e a qualificação. Eu tenho certeza que a gente tem
competência para fazer a coisa bem feita.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Roberta.

Então eu perguntaria quem mais se propõe a participar desse grupo?

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Conselho


Federal de Medicina, Paulina.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Tá.

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – O meu


suplente, porque eu vou ter alguns impedimentos.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Conselho Federal de Medicina, Conselho...

Dr. Darcy Izel Moreno (Conselhos Estaduais Entorpecentes) – (ininteligível).

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Não. Desculpe, Darcy. São as pessoas que estão aqui. Também
não é legítimo. Nós estamos... São as pessoas que estão aqui.

Dr. Marcelo Magalhães Andrade (Conselho Federal de Psicologia) – Paulina, eu


queria só um esclarecimento então o Ministro Everton. É cogitado ou como
possibilidade que esse grupo também, já que vai então pensar sobre o
funcionamento do Brasil de que haja espaço para pesquisa? Ou então até mesmo
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há entendimento sobre as iniciativas terapêuticas usando a substância hora
criminalizada tal como o Plano?

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Não. Nesse momento não. Esse grupo...

Dr. Marcelo Magalhães Andrade (Conselho Federal de Psicologia) – É só para


instruir.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Ele vai ter um mandato bem claro e bem específico. É como o
Ministro falou. Nem é o grupo que vai concluir, nada é um grupo que vai estudar
cenários, não é? Então nesse momento não.

Então: o Conselho Federal de Medicina, Conselho Federal de Psicologia,


UNE.

OK, gente. Então...

Sr. Marcos Magano Frota (Conselheiro do Suplente do Conselho Nacional de


Politicas sobre Drogas) – (ininteligível).

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Pode. Você está... Hoje você não é suplente, hoje você é titular.

Marcos, você está aqui na condição de Conselheiro. Claro. Marcos, nós


estamos nesse momento discutindo a questão dos cenários.

Camilo, por favor.

Dr. Camilo Domingues Vanni (União Nacional dos Estudantes) – Boa-noite a


todos e a todas.

Primeiro, pedir desculpas pela minha ausência no período da tarde. Mas tive
alguns problemas de ordem pessoal para resolver. Infelizmente acabei perdendo
boa parte do debate, mas eu acho que cheguei a tempo para fazer algumas
considerações. Principalmente, no que dez respeita, acho que são algumas críticas
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do caráter construtivo, e é a primeira vez participando do Conselho, espero
conseguir contribuir ativamente para o Conselho no próximo período. Estou
substituindo o companheiro Sérgio Vidal, que exerceu um excelente trabalho no
último período aqui perante o Conselho. Acho que é uma perda muito grande que o
Conselho tem, a saída dele, mas por alguns entendimentos da União Nacional dos
Estudantes a gente acha que espaço tem que ser um espaço também protagonizado
pela juventude. E isso é uma das primeiras críticas que eu quero trazer aqui ao
Conselho porque é difícil a gente debater a política sobre drogas sem trazer aquela
faixa etária que hoje mais sofre com problema das drogas, que é a juventude. Então
a gente está com pessoas adultas para debater um problema que interfere
diretamente na questão da juventude.

E acharia importante também como estão fazendo várias sugestões em


chamar entidades ligadas ao debate de juventude e também à Secretaria Nacional
de Juventude do Governo. Hoje é composta pela (ininteligível). E acho que teria
condição de a gente acumular muito mais com esses atores e atrizes da juventude.

Segunda coisa referente ao Conselho e ao funcionamento dele, que para me


não ficou muito claro ainda, porque eu só tive acesso à pauta no dia da reunião.
Cobrei isso diversas vezes às secretárias do Conselho. Fui até chato com a Luciana,
por diversas vezes liguei para ela pedido a pauta se ela já tinha acesso à pauta, mas
ela falou que estava em processo de construção. Eu acho muito ruim a gente chegar
para uma reunião sem saber qual é a pauta sem a gente conseguir estudar, formular
sobre esse tema.

E a seguinte questão é referente ao que foi o foco da discussão de hoje, que


foi o Programa Crack é Possível Vencer e o programa que entrou em exercício no
final do ano passado, mês de dezembro. E acho que o Conselho ele provavelmente
muitas das coisas aplicadas pelo programa é fruto do que foi discutido pelo
Conselho. Mas eu acho que existe uma relação muito distante ainda entre o
Conselho e entre o programa. Eu acho que se o Conselho hoje cumpre um papel de
debater a problemática das drogas e, em alguns momentos ser um órgão não só
consultivo, mas ser de caráter deliberativo, que diz respeito a diversos programas,

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inclusive do Sistema Nacional de Política de Droga, eu acho que é muito ruim a
gente ter só uma apresentação. Se é para gente fazer uma apresentação do
programa a gente convoca uma audiência pública, que eu acho que a gente
consegue ter muito mais acesso pessoas e não limita aqui essa apresentação aos
conselheiros e conselheiras. Eu acho que o Conselho precisa conseguir ter uma
periodicidade maior, precisa se reunir com maior frequência para que o Conselho de
fato consiga produzir síntese para que a gente melhore qualquer programa na
política de droga que venha ser implementado pelo Governo Federal. Eu acho que é
isso daí.

Minha primeira participação aqui. Espero que, os relatos que eu tenho é que
o Conselho não tem uma periodicidade muito grande de se reunir. Essa última
reunião do Conselho foi realizada dezembro, novembro do ano passado e antes
disso fazia mais de um ano que ele já não se reunia, não é? Então eu acho que isso
são coisas que a gente não pode tolerar.

E quero me solidarizar também ao que a Roberta e ao que o Marcos


colocaram, que é importante que o Conselho tenha um posicionamento sim
referente à legalização da venda de bebidas alcoólicas nos estádios brasileiros.
Primeiro, que a gente está ferindo, graças ao interesse econômico, como bem
colocado pela Professora Roberta, a gente está priorizando a venda de bebidas
alcoólicas e infringindo diretamente uma lei nossa. Então a gente está ferindo
diretamente a soberania do estado brasileiro. Então, justamente porque existe
interesse das grandes empresas, das cooperações, da Heineck em conseguir
vender o seu produto aqui dentro dos nossos estádios. Então eu acho que o
Conselho minimamente precisa emitir a opinião dele, uma opinião pública. E acredito
eu que isso deve ser consenso entre todos e todas presentes.

E acho que é isso, pessoal. Agradecer pela presença. E fazer com que
estabeleça o compromisso aqui, garantir com que a UNE consiga intervir de maneira
qualificada, de maneira compromissada com o combate das políticas de drogas.
Temos nossas opiniões já bem claras no centro da nossa entidade. A gente
defende, a credita, a gente tem a certeza que as políticas proibicionistas não são a

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melhor forma de enfrentamento às políticas de drogas, não é do debate da
repressão, não é estabelecendo uma guerra ao tráfico que a gente vai fazer com
que as pessoas deixem de utilizar drogas. E isso me deixou muito feliz por ver que
esse viés é um viés que cada vez vem tendo menos destaque, inclusive, como bem
colocou o Ministro aqui durante a sua fala.

Muito obrigado.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Camilo.

Eu acho, assim, você tem razão. Eu acho importante a gente dar esse
retorno em relação à agenda. Não é uma justificativa, mas nós tivemos dificuldades
em relação à agenda do Ministro de fechar a agenda. Essa é uma questão
realmente que foi, esses dias aí não foram dias muito fácies. Mas você tem razão
nessa questão em relação à periodicidade do Conselho.

Você não estava presente na última reunião, mas foi colocado inclusive
quando o Ministro abriu a reunião que ele disse que ele estava então instalando o
Conselho de Drogas no Ministério da Justiça. Como eu falei no início, da reunião o
ano passado a SENAD passou grande parte do tempo se estabelecendo de forma
administrativamente no Ministério da Justiça. Mas você tem razão sim. E em razão
disso, nós estamos aqui, inclusive era o último assunto, o calendário para gente
estabelecer a pauta de reuniões. Há sim, interesse total da SENAD, eu sou a
Secretária Executiva do Conselho, interesse total do Ministro, que é o Presidente do
Conselho, de que nós tenhamos uma periodicidade que nos permita responder e
opinar, em tempo, a esses assuntos todos que vêm acontecendo. Então você tem
razão, enfim. Podemos inclusive se ninguém mais quiser fazer uso da palavra
podemos definir a nossa pauta de reuniões.

Perpétua, pode...

Dra. Perpétua – Como é a minha primeira participação aqui no CONAD, eu não sei
como é que fica o vínculo com os demais, se a gente se articula, recebe e-mail dos
colegas.
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Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas) – Veja, aí é individual...

Dra. Perpétua – Como que é isso?

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Cada um...

Dra. Perpétua – É livre?

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – A ação do Conselho ela funciona nas reuniões e nos grupos de
trabalho. O Conselho funciona nas reuniões e nos grupos de trabalho, mas
independente disso cada um pode se articular, não é?

Dra. Perpétua – Bom, OK. Obrigada. A gente vai conversar.

Sra. – Eu só queria dizer que no postal do BID tem o nome da cada Conselheiro e-
mail, telefone para contato de todos no nosso portal.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – César quer fazer um comentário. Por favor.

César Luiz Busto de Souza (Ministério da Justiça/ Departamento de Polícia


Federal) – É sobre o grupo de trabalho, a discussão sobre a legalização ou
descriminalização nesse sentido. A Polícia Federal se coloca à disposição do grupo
para trazer informações específicas sobre o crime organizado, o tráfico. Eu julgo não
ser interessante à participação da Polícia Federal mesmo porque é óbvia nossa
posição.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Boa! Ótimo!

[risos]

César Luiz Busto de Souza (Ministério da Justiça/ Departamento de Polícia


Federal) – E então, mas de qualquer maneira, sem...

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[risos]

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Desculpe. Mas a Polícia Federal nas discussões, assim, me
permita até para descontrair, eu participei evidentemente de todas as discussões da
modernização da Lei de Drogas desde 2003 até 2006 quando foi aprovada no
Congresso. E foram riquíssimos os debates com Polícia Federal, a Secretaria de
Direitos Humanos que tinha sido acabado de ser criada pelo Presidente Lula.
Então assim, eu acho que a participação da Polícia Federal é fundamental. É como
você falou mesmo, a Polícia tem uma posição. Mas eu acho que em muitos
momentos a Polícia traz informações que são extremamente importantes para o
debate, nós não podemos desconsiderar o fato, não é?

César Luiz Busto de Souza (Ministério da Justiça/ Departamento de Polícia


Federal) – Bem, mas nesse ponto mesmo nós nos colocamos à disposição para
apresentar alguns estudos que vocês solicitarem. Mas é muito difícil fazer parte do
grupo, não que eu estou entendendo que o grupo tem uma vertente. Mas é muito
clara a nossa posição. E eu acho que fica mais tranquilo a discussão sem a nossa
presença, vamos colocar assim. Tudo bem?

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – (...).

Dr. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Conselho Federal de Medicina) – Penso que


não. Eu acho que é importante participar, porque é sabido também que o Conselho
Federal de Medicina tem uma posição contrária. O que a gente está se predispondo
a fazer é discutir que esses vieses – quais são os cenários possíveis. E acho que é
importante que todos nós coloquemos as nossas percepções.

Eu pedi a palavras apenas para dizer algo, para finalizar. Eu estou muito
satisfeito hoje. Eu vim, da primeira vez, e fiz muitas críticas às estruturas. Mas
acredito que agora está restando apenas poucas críticas na estrutura do serviço
social, do apoio social e muitas críticas ainda às estratégias de saúde pública. Acho
que a gente precisa dar uma repaginada, re-estudar as questões para colocar o

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assunto de um modo que, como a gente entende, ela tenha consequências efetivas,
e sob o prisma da medicina.

Dra. Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretaria Nacional de Políticas


sobre Drogas) – Obrigada, Emmanuel.

Bom, se não temos mais nenhuma colocação, eu gostaria de, em nome do


Ministro, em meu nome, em nome do Governo agradecer imensamente a
participação dos senhores. Eu posso dizer que eu fico muito feliz cada vez que a
gente consegue reunir as diferentes representações e discutir um tema e conseguir
falar as diferentes opiniões, enfim, espaço para que realmente possa o tema evoluir
e com isso, certamente, as políticas de drogas no Brasil também evoluir. Para quem
está na área, como eu, há mais de trinta anos, vocês não têm noção do quanto é
importante um momento como esse. Eu sou de um tempo em que se discutia
simplesmente o alcoolismo e casos de alcoolismo crônico porque não se podia
discutir caso de dependência de drogas porque você como profissional era chamado
a denunciar o usuário de drogas, ele ia para cadeia e tal. Então, na verdade, eu
acho que a evolução das políticas elas se dão à medida que a sociedade está
madura para que elas aconteçam. E é com esses debates em locais qualificados
que a gente vai conseguir.

Então mais uma vez, muito obrigada. Nós vamos estar entrando em contato
com o grupo com o grupo para marcar já uma primeira reunião. Mas independente
disso, já podemos então marcar agenda de reunião que eu já estava me
esquecendo.

Nós estamos hoje no mês de maio. Nossa proposta, proposta da SENAD


seria de que tivéssemos uma reunião em julho. A ideia é de que nós tenhamos pelo
menos quatro reuniões anuais, duas em cada semestre. Então que tivéssemos,
estamos tendo essa em maio, tivéssemos uma em julho e duas no segundo
semestre. Então se vocês concordarem, aí poderia já vê uma data de acordo com
agenda do Ministro e comunicá-los já dessa reunião de julho, certo? Independente
disso, nós faremos contato com os dois grupos de trabalho, que aí, em julho, já
devem trazer informações sobre o andamento do que está acontecendo. Está certo?
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Então mais uma vez, muito obrigada. O bom retorno para aqueles que são
de fora. E até qualquer dia por aí ou em julho na nossa reunião, não é?

A Débora está avisando que tem um café servido ali para que a gente possa
encerrar a reunião.

[Fim da degravação – 139 páginas, contadas a partir da capa]

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