Você está na página 1de 51

Livro Eletrônico

Aula 08

Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU 2018 (Auditor Federal de Controle


Externo)

Professores: Heber Carvalho, Daniel Saloni


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

AULA 08 – Contas do Sistema Monetário

Sumário
1. TEORIA MONETÁRIA ...................................................................................................................... 2
1.1. Conceito de moeda ................................................................................................................. 2
1.2. Demanda de moeda................................................................................................................ 3
1.3. Oferta de moeda..................................................................................................................... 5
1.3.1. Processo de expansão da moeda pelos bancos comerciais ............................................... 9
1.3.2. Criação e destruição de moeda ...................................................................................... 15
1.4. Instrumentos de política monetária ...................................................................................... 17
1.5. Relação entre a política monetária, renda, inflação e juros ................................................... 20
1.6. Equilíbrio monetário ............................................................................................................. 21
1.6.1. Equilíbrio monetário para os clássicos - Teoria quantitativa da moeda (TQM) ................ 22
1.6.2. Equilíbrio monetário para Keynes ................................................................................... 23
1.7. Taxa real x taxa nominal de juros .......................................................................................... 24
2. POLÍTICA FISCAL .......................................................................................................................... 29
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................................................................. 33
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................................................................. 45
GABARITO ....................................................................................................................................... 49

Olá caros(as) amigos(as),

Hoje nós veremos os assuntos relacionados à moeda, ou teoria


monetária. Ressalto que este assunto, indiretamente, possuirá certa
continuidade quando estudarmos os temas relacionados à política
monetária, nos modelos IS-LM e de oferta e demanda agregada.

E aí, todos prontos?! Aos estudos!

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
1. TEORIA MONETÁRIA

Estudar a teoria monetária significa, em primeiro lugar, estudar os


assuntos atinentes à moeda. A abordagem deste assunto seguirá a
seguinte sequência: primeiro, falaremos do conceito de moeda e de
suas características. Segundo, faremos uma análise de por que as
pessoas demandam moeda. Terceiro, veremos como ocorre o processo
de oferta da moeda, dando atenção especial aos agregados monetários
e à questão do multiplicador monetário, que são as partes mais
cobradas em concursos. Em quarto, veremos os instrumentos de política
monetária, que fazem aumentar ou diminuir a oferta de moeda na
economia. Em quinto, estudaremos a questão do equilíbrio monetário
para os clássicos (a teoria quantitativa da moeda) e para Keynes. Depois,
estudaremos as diferenças entre a taxa de juros nominal e real. Por
fim, faremos algumas considerações envolvendo a política monetária e
também a política fiscal.

1.1. Conceito de moeda

Moeda é tudo aquilo que é aceito para liquidar transações, isto é,


para pagar pelos bens e serviços e para quitar obrigações. Ela é uma
espécie de haver ou direito que o seu detentor tem perante a sociedade.
Este haver ou direito é exercido ou cobrado quando o detentor da moeda
compra bens e serviços.

Veja que, por essa definição, qualquer coisa1 poderia ser moeda,
desde que sirva para comprar bens e serviços, ou seja, desde que aceita
como forma de pagamento. O que é utilizado como moeda varia ao longo
do tempo2 e entre as diferentes comunidades, e requer-se apenas que o
ativo que desempenhe esse papel cumpra as funções básicas atribuídas à
moeda, que são estas:

 Meio de troca  ser intermediária das trocas é sem dúvida a


principal função da moeda e a que a distingue de outros ativos. Esta
função da moeda é decorrência da aceitação geral da sociedade,

1
N os
presos. Favores e outras mercadorias são negociados com seus valores cotados em cigarros e estes
funcionam como meio de troca dentro do sistema.
2
Ao longo da história, tivemos inúmeros tipos de moeda: moeda-mercadoria (sal, metais), moeda-
papel (certificados que atestavam que você tinha determinada quantidade de metais depositada em
-moeda ou moeda fiduciária
(apenas um pedaço de papel, sem lastro, que todos acreditam ter valor, daí o ter

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
que realiza as transações econômicas utilizando este ativo como
meio de troca.

 Unidade de conta  a moeda fornece o referencial para que os


valores das demais mercadorias sejam cotados. Desta forma, os
valores dos bens e serviços transacionados são expressos em
quantidade de moeda, de tal forma que ela seja o denominador
comum de valor.

 Reserva de valor  esta é função decorrente de sua primeira


função – meio de troca. Só há sentido em utilizar a moeda como
meio de troca se, entre uma transação em determinado momento e
outra transação em momento posterior, ela mantiver durante certo
intervalo de tempo o seu valor ou seu poder de compra. Moedas
inseridas em economias altamente inflacionárias têm a sua função
de reserva de valor seriamente comprometida.

Além de desempenhar estas funções, também é aceito que a moeda


deve possuir os seguintes atributos ou características: aceitação geral
(todos tenham fé que o ativo vale alguma coisa), divisibilidade,
durabilidade, baixo custo de carregamento e transferibilidade.

Nota: não confunda atributos (divisibilidade, durabilidade, etc) com


funções da moeda (reserva de valor, unidade de conta e meio de troca).
Para concursos, estes três últimos são os mais importantes.

1.2. Demanda de moeda

Com base nas funções da moeda, podemos começar a entender por


que as pessoas a demandam.

Em primeiro lugar, podemos entender que as pessoas demandam


moeda para realizar as trocas, para poder comprar. Nesse sentido, então,
os indivíduos não demandariam, ou não reteriam moeda por ela mesma,
mas pelos bens que eles podem adquirir. A moeda “em si” não vale nada,
o que vale é o que ela nos permite comprar.

Então, podemos entender que, em primeiro lugar, as pessoas


demandam moeda para realizar transações, para poder adquirir bens e
serviços. Essa é a chamada demanda de moeda pelo motivo
transacional e ela é dependente da renda das pessoas. Isto é,
quanto maior é a renda das pessoas, mais elas realizam transações
econômicas e, por conseguinte, mais demandam moeda por motivos
transacionais.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Os indivíduos, contudo, não recebem renda diariamente na
economia (pelo menos a maioria deles!). Por exemplo, o salário é pago de
mês em mês. Por outro lado, os agentes realizam gastos diariamente
(alimentação, transporte, etc). Assim, os indivíduos devem fazer frente a
essas defasagens entre recebimentos e pagamentos guardando moeda
para poderem fazer frente às transações necessárias. O ato de guardar
moeda visando a usá-la em momentos futuros é a demanda de moeda
por motivo precaucional. Os indivíduos têm incerteza em relação ao
futuro e guardam moeda para se precaver de infortúnios.

Vale ressaltar que a demanda de moeda motivo precaução não é a


quantidade de moeda que colocamos na poupança, mas sim aquela
moeda que guardamos sem render juros, visando tão somente realizar
transações em momentos futuros, caso seja necessário. A demanda por
motivo precaucional, assim como por motivo transacional, é
dependente da renda da pessoa. Quanto maior a renda, maior será a
demanda precaucional (pessoas com maior renda realizam mais
transações, o que também acarreta maior necessidade de guardar moeda
visando a transações em momento futuros – maior precaução). Vale
ressaltar que a guarda de moeda, tanto pelo motivo transação, quanto
pelo motivo precaução, não rende juros ao indivíduo.

Esses dois motivos (transação e precaução) eram os únicos que


alteravam a demanda por moeda, segundo os economistas clássicos. Um
terceiro motivo para demandar moeda, ressaltado por Keynes durante a
década de 1930, é o motivo especulação, também chamado de motivo
portfólio. Os indivíduos, a priori, podem escolher manter sua riqueza na
forma do ativo moeda (que possui liquidez absoluta) ou em títulos
diversos que, apesar de possuírem menor liquidez que a moeda, geram
rendimentos ao seu portador. Quando as pessoas demandam títulos, isso
significa que elas estão abrindo mão de demandar moeda, e vice-versa.
Ter um título significa ter menos moeda e ter mais moeda significa ter
menos títulos. Assim, quando compramos um título (uma ação negociada
na BOVESPA ou um título de renda fixa, por exemplo), abrimos mão de
reter moeda (por motivos transação e precaução).

Quando a taxa de juros é alta, as pessoas tendem a demandar


títulos em vez de moeda, pois o custo de oportunidade3 de reter moeda é
alto. Imagine só: se você sabe que o mercado financeiro possui títulos
que rendem 10% ao mês de juros, você provavelmente terá interesse em
comprar estes títulos. Comprando-os, você estará demandando menos
moeda, pois o custo de oportunidade de retenção deste ativo (o que você
deixa de ganhar retendo moeda em vez de títulos) é alto.

3
Custo de oportunidade é o custo relacionado ao que se deixa de ganhar se o agente econômico
tivesse tomado outra decisão econômica. Assim, reter (guardar) moeda tem um custo de
oportunidade relacionado ao que se deixa de ganhar caso tivesse aplicado o dinheiro no mercado
financeiro, rendendo juros.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

Assim, podemos concluir o seguinte: quanto maior a taxa de juros,


maior será a demanda por títulos e, por conseguinte, menor será a
demanda por moeda. A demanda por moeda visando especificamente à
compra de títulos é a nossa demanda motivo especulação. Assim,
percebemos que a demanda de moda por motivo especulação é
inversamente proporcional à taxa de juros, pois quando esta é alta,
as pessoas geralmente demandam menos moeda e mais títulos.

Fazendo um “mix” entre os três motivos pelos quais os agentes


demandam moeda, temos o seguinte:

Quadro 01:
Variável Relação:
Motivo
determinante Variável X Demanda de moeda
Transação Renda Direta
Precaução Renda Direta
Especulação Taxa de juros Inversa

Pelo exposto, vemos que a demanda por moeda depende tanto


da renda como da taxa de juros. Quanto maior (menor) for a renda,
maior (menor) será a demanda por moeda. Quanto maior (menor) for a
taxa de juros, menor (maior) será a demanda por moeda. As raízes
dessas relações estão nos três motivos pelos quais os agentes demandam
moeda (transação, precaução, especulação).

Por fim, ressalto que os dois primeiros motivos (transação e


precaução) são fruto da teoria clássica. Ou seja, para os economistas
clássicos, a demanda por moeda não dependia, ou não era sensível à taxa
de juros. Agora, em “Economês”: para os clássicos, a demanda por
moeda era completamente inelástica4 à taxa de juros.

Por outro lado, para Keynes, devido ao motivo especulação, a


demanda por moeda era elástica à taxa de juros. Isto é, segundo a teoria
keynesiana, a demanda por moeda sofria a influência da taxa de juros.

1.3. Oferta de moeda

As transações realizadas pelos agentes econômicos podem ser


realizadas na forma de papel-moeda (dinheiro em espécie ou, no linguajar
popular, dinheiro “vivo”) ou mediante moeda bancária (cheques,
transferências bancárias, e/ou cartões de débito).

A moeda bancária é aquela moeda que os agentes (o público)


mantêm depositada nos bancos comerciais (é o nosso saldo em Conta

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Corrente quando tiramos o extrato bancário). Esse tipo de moeda
também é chamada de moeda escritural.

Se somarmos o dinheiro que está com o público na forma de papel-


moeda (dinheiro “vivo”) e o dinheiro que as pessoas têm para
disponibilidade imediata em suas contas bancárias (moeda escritural),
teremos os meios de pagamento da economia (M1), que é o
principal agregado do sistema monetário.

Assim, os meios de pagamento (M1) correspondem aos ativos


com liquidez4 absoluta. Essa liquidez absoluta significa que esses ativos
podem prontamente ser usados como poder de compra. Outra importante
característica dos meios de pagamento (M1) se refere ao fato que eles
não rendem juros ao seu detentor. Assim, para ser M1, o ativo deve
possuir as seguintes características:

i. Liquidez absoluta e
Características dos meios de
pagamento M1
ii. Não rende juros.

Nesse sentido, note que o dinheiro em caderneta de poupança não


pode ser considerado M1, pois rende juros ao seu detentor. Por outro
lado, o dinheiro que possuímos em conta corrente é considerado M1, pois
possui liquidez absoluta e não rende juros.

Desta forma, percebe-se que os ativos que possuirão as


características inerentes ao M1 são somente o dinheiro “vivo”, que
denominamos de papel-moeda em poder do público (PMPP) e o
dinheiro em conta corrente, que denominamos de depósitos à vista
(DV).

Assim, temos:

Meios de pagamento (M1) = Papel-moeda em poder do público


(PMPP) + Depósitos a vista (DV)

4
Liquidez é a facilidade com que um ativo converte-se em poder de compra, isto é, transforma-se
em outros bens e serviços. O dinheiro em espécie possui alta liquidez pois podemos comprar
qualquer bem ou serviço possuindo dinheiro. Ações da BOVESPA, por outro lado, possuem nível de
liquidez menor que o do dinheiro em espécie, pois não podemos usá-la, de forma imediata, para
comprar bens. Imóveis, por exemplo, possuem baixíssima liquidez. Um carro VW Gol 1.0, flex, novo,
possui liquidez maior que uma Brasília Amarela, ano 1978, com o motor quebrado.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
 Só consideramos os depósitos a vista, pois os depósitos a prazo
(CDBs, títulos de capitalização, etc) rendem juros, não se
enquadrando, portanto, no conceito de M1.

O agregado M1, também chamado de meio circulante, é o


principal agregado do sistema monetário.

O avanço do sistema financeiro e o processo de inovações


financeiras fizeram (e vêm fazendo) com que vários outros ativos
apresentem elevado grau de liquidez, tendo como exemplo os fundos de
aplicação financeira, os certificados de depósitos bancários, poupança,
etc.

Isso dificulta a conceituação de meios de pagamento, pois a


diferença entre os M1 e os outros ativos, no que tange ao grau de
liquidez, é cada vez menor. Para resolver esse problema, desenvolveram-
se novos agregados que buscam incorporar outros ativos com elevada
liquidez. Esses novos ativos são chamados de quase-moeda ou haveres
não-monetários (quando nos referimos genericamente à moeda, estamos
tratando, na verdade, somente de moeda em seu conceito M1):

Meios de pagamento restritos:

M1 = PMPP + DV

Meios de pagamento ampliados:

M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de


poupança + títulos emitidos por instituições depositárias 5

M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa 6 + operações


compromissadas e registradas no sistema SELIC7

Poupança financeira:

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez

Nota: existe ainda o agregado M0, que seria somente o PMPP.

5
Instituições depositárias são aquelas onde o público mantém seus depósitos a vista. Entre estes
títulos emitidos por estas instituições, temos, por exemplo, os títulos de capitalização e os próprios
depósitos remunerados.
6
Os fundos de renda fixa não são classificados como M2, pois tais fundos possuem personalidade
jurídica distinta da instituição que os negocia.
7
SELIC é o sistema especial de liquidação e custódia. É neste sistema que são transacionados, por
exemplo, as ações negociadas em bolsas de valores, debêntures, derivativos, etc.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Há alguns anos (hoje, não é mais assim!), essa divisão entre os
agregados monetários ocorria pela ordem decrescente de liquidez, onde
M1 era o agregado mais líquido e o M4 o agregado menos líquido. Hoje,
essa divisão obedece a um critério que segue a natureza das instituições
financeiras emissoras desses ativos.

Assim, o M2 possui ativos que são emitidos pelas instituições


depositárias e multiplicadoras de crédito (bancos comerciais).

O M3 possui ativos emitidos pelos próprios particulares (empresas)


e que são transacionados no sistema SELIC (ver nota de rodapé 7). Os
fundos de renda fixa são conceituados como M3, e não M2, em
virtude de esses fundos possuírem personalidade jurídica própria,
diferente da instituição financeira que a negocia para o público. Por
exemplo, quando compramos um título de renda fixa, nossa negociação,
na verdade, é com o fundo no qual estamos investindo e não com o banco
comercial. Esse fundo possui personalidade jurídica própria; o banco
comercial que o negocia apenas intermedeia a atividade. Por isso, esses
fundos de renda fixa são considerados M3, e não M2.

O M4 é o agregado em que são conceituados os ativos cujo emissor


é o poder público, logo, neste agregado, teremos os títulos públicos.
Colocamos a observação “de alta liquidez”, pois os agregados M2, M3 e
M4 são todos considerados “quase-moeda”. Ou seja, para isso, eles
devem possuir um razoável grau de liquidez.

Observe que, apesar das diferenças entre eles, nota-se que


qualquer agregado monetário (M1, M2, M3 ou M4) apresentado possui
rápida possibilidade de se transformar em moeda para transação, o que
dificulta o controle monetário do BACEN.

De todos os agregados, conforme já sabemos, o único que não


rende juros é o M1 e, por tal motivo, ele sofre todo o impacto da
inflação. Quando a inflação se acelera, observa-se forte redução de M1
em comparação com outros agregados, o que é chamado de
desmonetização8 da economia. Quando a inflação diminui, ocorre a
monetização, tendo em vista os agentes aumentarem a quantidade de
moeda (M1) em seu poder, já que não existe a perda de valor deste ativo
da mesma maneira que ocorre em regimes altamente inflacionários.

8
Os agentes tentam não reter moeda no conceito M1, devido à perda resultante do processo
inflacionário.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
1.3.1. Processo de expansão da moeda9 pelos bancos comerciais

A participação dos depósitos a vista no conceito de moeda (M1)


leva-nos a analisar o funcionamento do sistema bancário para se
entender o processo de criação (oferta) da moeda e a maneira como os
bancos comerciais o fazem.

Os bancos, de um lado, captam recursos dos depositantes, para, de


outro lado, emprestar estes mesmos recursos como crédito bancário. O
lucro dos bancos (em sua maior parte) vem da diferença entre o que
pagam como remuneração aos depósitos e os juros que recebem dos
empréstimos que concedem. Esta diferença é o chamado spread bancário.

Por isso, é interessante para um banco atrair o maior número de


depositantes, ainda que eles não utilizem e/ou não remunerem pelos
serviços rotineiros da instituição financeira (emissão de DOCs, pagamento
de tarifas, contratação de seguros, utilização de cartão de crédito, etc).
Isso acontece justamente pelo fato de o banco necessitar do dinheiro dos
depositantes para emprestá-lo a outras pessoas. Quanto mais ele tiver,
mais ele poderá emprestar, e quanto mais ele puder emprestar, mais ele
lucrará. Esse procedimento de utilizar o dinheiro de alguns para
emprestar a outros, na prática, “cria moeda”.

Vejamos passo a passo como isso ocorre. Os depósitos a vista são


obrigações dos bancos com seus depositantes e podem ser resgatados a
todo instante. Assim, se o banco emprestar todo o dinheiro que recebeu
como depósito, corre o risco de o depositante requerer seu depósito de
volta, e o banco não o possuir. Mas, o bom senso nos mostra que os
depositantes resgatam apenas uma parte de seus depósitos.

A prática, portanto, nos ensina que não há necessidade de o banco


manter disponíveis para saque todos os recursos captados de seus
correntistas ou depositantes. Assim, há dois destinos para os depósitos
captados pelos bancos: uma parcela forma as reservas (R) e outra parte o
banco empresta a outras pessoas (empréstimos), ou ainda, faz os
investimentos (compra títulos do governo, títulos de outro banco, compra
moeda estrangeira, etc). Assim, temos que:

Depósitos a vista (DV) = Reservas (R) + Empréstimos/Investimentos

Quando o banco utiliza parte dos depósitos à vista para emprestar


para outras pessoas, ele está dando poder de compra para o indivíduo
que obteve o empréstimo. O tomador do empréstimo realizará gastos,
pagando-os com o empréstimo recebido. Este dinheiro deverá retornar,
em boa parte, para o sistema bancário na forma de depósitos daqueles
9
Quando falamos em moeda, genericamente, estamos falando do conceito M1 (meios de
pagamento).

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
que receberam o dinheiro como pagamento das despesas do tomador do
empréstimo. Esses depósitos terão novamente o mesmo destino, uma
parcela será reserva e a outra será emprestada, e assim por diante.

Percebe-se, então, que houve uma multiplicação do depósito inicial


em uma série de novos depósitos com base no processo: depósito 
empréstimo  depósito  empréstimo  assim por diante.

Voltemos nossa atenção agora para as reservas (R) que os bancos


constituem sobre os depósitos a vista. Essas reservas podem ser de dois
tipos:

 Reservas compulsórias: é a parcela dos depósitos que os bancos


são obrigados legalmente a depositar em suas contas junto ao
BACEN10 para poderem fazer frente a suas obrigações;

 Reservas voluntárias: são recursos que os bancos mantêm junto


ao BACEN por opção, ou seja, sem que sejam obrigados a isto.

Nota 1  em livros ou em questões de prova, a palavra reservas


pode aparecer também como encaixes ou depósitos (que é diferente de
depósitos à vista – DV). Assim, reservas compulsórias são o mesmo que
encaixes ou depósitos compulsórios.

Nota 2  estas reservas acima explicadas são as reservas que os


bancos comerciais fazem junto à autoridade monetária (no Brasil, é o
BACEN). Podemos ainda ter reservas em “caixa” no próprio banco. Assim,
de um modo mais completo, nós podemos dizer que os encaixes
bancários ser divididos em:

Reservas compulsórias

Depósitos (encaixes
ou reservas) junto
ao BACEN
Encaixes bancários Reservas voluntárias
(totais) = Reservas
Caixa

10
O BACEN (Banco Central) é a autoridade monetária do país, e ele funciona como uma espécie de
banco dos bancos . Assim, cada banco comercial pos BACEN
deixar uma quantia mínima lá depositada para fazer frente a seus compromissos. Essa quantia
mínima é um percentual dos depósitos a vista de seus correntistas/depositantes. Essa quantia é a
reserva ou depósito compulsório.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Na prática, os bancos podem (veja bem, é apenas uma
possibilidade) emprestar todos os recursos captados menos o volume que
deve ser destinado à formação das reservas compulsórias. Além das
reservas compulsórias, é comum os bancos manterem uma parcela dos
depósitos como reservas voluntárias para fazer frente a qualquer
emergência; como por exemplo, uma corrida dos depositantes para sacar
o seu dinheiro.

Veja que é a existência das reservas (voluntárias e compulsórias)


que permite ao banco criar moeda por meio do empréstimo de parcela
dos depósitos a vista, pois os bancos confiam que essas reservas
garantem o atendimento das demandas de saque dos depositantes. Além
disso, existe ainda o dinheiro que o banco mantém em caixa, e que é não
definido nem como reservas compulsórias, nem voluntárias.

Com base no processo acima descrito, podemos verificar que os


bancos comerciais, por meio de sua capacidade de criar moeda,
multiplicam a injeção de moeda inicial no sistema, o que definimos como
multiplicação monetária.

A injeção monetária inicial (a quantidade “real”, ou “física”, de


moeda) corresponde à soma entre o PMPP e as reservas dos bancos. Ou
seja, “na bucha”, é o que tem no sistema monetário, se todos os agentes
resolverem sacar moeda ao mesmo tempo. A esta injeção monetária
inicial chamamos de base monetária (BM).

BM = PMPP + Disponibilidades em caixa do sistema bancário

Ou

BM = PMPP + Encaixes totais

Nota 1: temos ainda o conceito de “papel moeda em circulação”


(PMC), que significa o papel moeda que está disponível para utilização. O
PMC corresponde à soma do PMPP e dos caixas dos bancos comerciais
(estou falando apenas do caixa dos BC, não incluindo aquilo que os
bancos comerciais deixam depositado no BACEN, que são as reservas
compulsórias e voluntárias). Assim: PMC = PMPP + Caixa dos bancos
comerciais. Ou seja, de modo intuitivo, o PMC é exatamente o que o
nome fala: é o papel moeda que está em circulação; e isto representa o
dinheiro que está com as pessoas (PMPP) e o dinheiro que está no caixa
dos bancos (Caixa dos bancos comerciais) pronto para ser utilizado. Os
depósitos voluntários e compulsórios estão depositados no BACEN e não
estão circulando na economia, logo, não fazem parte do PMC.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Nota 2: nós temos ainda o conceito de “papel moeda emitido”
(PME). Ele seria toda a moeda que é emitida pela autoridade monetária.
No Brasil, podemos entender11 que PME=PMC.

A base monetária (BM) é multiplicada pelos bancos através do


“empresta-deposita-empresta-deposita”, fazendo com que o valor de M1
circulante na economia seja muito maior que a base monetária. Assim,
temos o seguinte:

M1 = K . BM

Onde:

M1 = meios de pagamento = PMPP + DV


K = multiplicador monetário (termo que mede a multiplicação monetária)
==9e8c==

BM = base monetária = PMPP + R12

A relação entre a BM e M1 corresponde ao multiplicador monetário


(K) dos meios de pagamento. Isto significa que a quantidade de meio de
pagamento circulante (M1) é muito maior que aquilo que realmente está
de posse dos agentes (PMPP + os encaixes totais ou reservas totais13).

O multiplicador monetário apresenta a(s) seguinte(s)


formulação(ões):

Onde c, d e r são coeficientes de comportamento:

c = PMPP/M1
d = DV / M1
r = R / DV

O coeficiente c (coeficiente do público) indica qual é a porcentagem


dos meios de pagamento que fica na forma de dinheiro “vivo” na mão do
público. É a proporção de encaixes (depósitos) que fica com o público,
sob a forma “manual” (proporção de moeda manual). Como é um meio de
pagamento que não poderá ser multiplicado, pois não está depositado nos

11
Do ponto de vista teórico, o PMC seria o PME menos o caixa da autoridade monetária (caixa do
BACEN), de forma que: PMC = PME Caixa do BACEN. Acontece que, no Brasil, o caixa do BACEN é
sempre igual a zero. Então, podemos entender que, no Brasil, PME=PMC.
12
Estas reservas incluem todos os encaixes bancários (reservas compulsórias e voluntárias, mais o
caixa dos bancos).
13
O que está em poder do público é o PMPP, o que está em poder dos bancos são as reservas. A
soma PMPP + R é a base monetária (BM).

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
bancos comerciais, nós temos que, quanto maior for o c, menor será o
multiplicador monetário K.

O coeficiente d indica qual é a porcentagem dos meios de


pagamento que fica depositada nos bancos comerciais. É a percentagem
de meios de pagamento sob a forma “escritural” (moeda escritural, que é
diferente da moeda manual – PMPP). Como é um meio de pagamento que
fica em poder do setor bancário (dos bancos comerciais), nós temos que,
quanto maior for o d, maior será o multiplicador monetário K.

Os coeficientes “c” e “d” dependem basicamente do


comportamento das pessoas. Ou seja, dependem das decisões do
público quanto a manter o dinheiro em forma de moeda manual (PMPP),
ou na forma de moeda escritural (DV).

É importante mencionar que (c+d) sempre será igual a 1. Se


somarmos c e d chegaremos a (PMPP + DV)/M1. Como PMPP+DV=M1,
então, c+d=M1/M1=1. Podemos chegar a essa conclusão intuitivamente.
As pessoas têm duas opções para guardar seus meios de pagamento. Ou
elas põem no banco (na forma de DV), ou elas põem no bolso (na forma
de PMPP). Logicamente, todo o dinheiro que não é posto sob a forma de
PMPP, deverá ser colocado sob a forma de DV, e vice-versa.

O coeficiente r (coeficiente de reservas) indica qual a porcentagem


de depósitos à vista que ficam sob a forma de encaixes bancários
(reservas bancárias=reservas voluntárias + reservas compulsórias +
caixa do banco). Como é uma parte dos depósitos a vista que não será
emprestada para outros indivíduos, nós temos que, quanto maior for o
r, menor será o K.

Vale destacar que esse coeficiente r depende tanto da política


interna dos bancos (quantidade de reservas voluntárias e caixa), quanto
do BACEN, que define a exigência de reservas compulsórias. Se uma
questão de prova afirmar que os bancos estão obrigados a formar
reservas compulsórias sobre 15% dos depósitos à vista e, ao mesmo
tempo, estes bancos formam 20% de reservas voluntárias e 5% dos
depósitos ficam no caixa, então, o coeficiente r será igual a 40% (15% +
20% + 5%). Ou seja, este coeficiente “r” depende das decisões dos
bancos comerciais e também das decisões do BACEN.

Podemos resumir assim as relações entre os coeficientes de


comportamento e o multiplicador monetário:

 Quanto maior o “c”, menor o K;


 Quanto maior o “d”, maior o K;
 Quanto maior o “r”, menor o K.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Além destes coeficientes, deve-se ter cuidado com outros que
possivelmente a banca examinadora pode “apresentar”. Para esta
situação, é interessante que você saiba uma fórmula adicional para o
multiplicador no caso da banca lhe falar sobre a relação entre moeda
manual em poder do público (PMPP) e os depósitos à vista (DV). Esta
seria uma maneira alternativa de apresentar a taxa de retenção de
moeda pelo público, é uma outra forma de enxergar o coeficiente “c”.

c = PMPP/DV

Caso esta forma alternativa de coeficiente apareça, você deverá


utilizar esta fórmula para o multiplicador monetário:

Mas, na maioria dos casos, a taxa de retenção de moeda pelo


público é dada pelo coeficiente c=PMPP/M1, de tal forma que, em mais de
90% das questões, a fórmula do multiplicador a ser utilizada por você
será a que foi apresentada primeiro, na página 11.

Multiplicador monetário X multiplicador bancário

O multiplicador que aprendemos nas últimas páginas é multiplicador


monetário. É o cobrado em provas de concursos, geralmente.

Mas existe também o multiplicador bancário, que possui um conceito


um pouco diferente, não se confundindo com o multiplicador monetário. O
multiplicador bancário diz respeito especificamente à capacidade do
sistema bancário criar moeda escritural, dado que ele dispõe de apenas
um certo valor de moeda manual em suas reservas.

Isto é, o multiplicador bancário, de certa forma, procura isolar o setor


bancário, considerando somente o que os bancos conseguem multiplicar a
partir daquilo que eles possuem como reservas bancárias. Assim, no
multiplicador bancário, não temos os coeficientes dependentes do
comportamento do público (coeficientes “c” e “d”). Temos somente o
coeficiente “r”. A fórmula do multiplicador bancário (KB) é bem simples:

Observamos, portanto, que o valor do multiplicador bancário independe


da parcela de moeda manual mantida em poder do público, pois ele é
obtido apenas entre a relação entre depósitos à vista e reservas bancárias
(KB=1/r ou KB=DV/R).

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
O multiplicador bancário, conforme podemos notar, por só considerar o
coeficiente “r”, acaba sendo um dos componentes que determinam o
multiplicador monetário, mas não se confunde com ele. Quanto maior o
multiplicador bancário, maior também será o multiplicador monetário.

1.3.2. Criação e destruição de moeda

Além da criação de moeda por meio do sistema de depósitos e


empréstimos, há também outras transações que têm a particularidade de
aumentar ou reduzir a quantidade de meio circulante (M1) na economia.

Deve-se entender criação ou destruição de moeda como sendo a


mesma coisa que criação ou destruição de meios de pagamento (no
conceito tradicional, ou seja, M1). Sabendo-se que este último é
constituído por todos os ativos de liquidez imediata possuídos pelo setor
não-bancário da economia, conclui-se que a criação ou destruição da
moeda envolve uma transação entre o setor bancário e o setor
não-bancário da economia (1ª. condição).

Há criação de moeda quando o público recebe do setor bancário


haveres monetários (papel-moeda em poder do público + depósitos à
vista) e, em contrapartida, entrega haveres não-monetários ao setor
bancário.

Por outro lado, a destruição de moeda ocorre quando o setor não


bancário entrega haveres monetários ao setor bancário e, em
contrapartida, recebe do setor bancário haveres não monetários.

Assim, note que, para que haja criação ou destruição de


moeda, é necessária a troca de haveres monetários e não
monetários (2ª. condição). Se houver satisfação das duas condições
simultaneamente, teremos uma operação de criação ou destruição de
moeda.

Para o raciocínio ficar mais fácil, pense sempre em termos do M1. E


pense sempre que quem possui é o público (pessoas e empresas). Então,
para haver criação ou destruição de M1, deve haver:

(1º) uma transação entre o público e os bancos (ou governo);


(2º) uma transação em que seja trocado M1 com alguma outra coisa

Raciocinando como eu expliquei acima, você mata facilmente todas


as questões sobre este assunto. Seguem exemplos abaixo para você
exercitar o raciocínio:

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
 Exemplos de criação de moeda:

- uma pessoa faz um saque de seu depósito a prazo: há transação entre o


uma pessoa (setor não bancário) e o banco (setor bancário). Ao mesmo
tempo, o banco entrega para a pessoa um haver monetário (M1) e a
pessoa entrega para o banco o título do depósito a prazo (haver não
monetário – não M1).

- uma empresa desconta uma duplicata em um banco: há transação entre


a empresa (setor não bancário) e o banco (setor bancário). Ao mesmo
tempo, a empresa entrega para o banco um haver não monetário (a
duplicata) e recebe um haver monetário (M1).

- um exportador recebe em reais o valor correspondente a uma venda ao


exterior: o exportador (setor não bancário) recebe um haver monetário
(M1) e entrega um haver monetário ao banco (o exportador receberá um
valor em moeda estrangeira pela venda. Essa moeda estrangeira, que não
é considerada M1, deve ser trocada em um banco, sendo, portanto, um
haver não monetário).

- um banco adquire títulos governamentais do público, creditando suas


contas correntes: o banco (setor bancário) entrega um haver monetário
(M1) para o setor não bancário (governo) e recebe, em troca, um haver
não monetário (títulos públicos).

 Exemplos de destruição de moeda:

- uma pessoa faz um depósito em sua caderneta de poupança: a pessoa


(setor não bancário) entrega M1 (haver monetário) para o setor bancário
e recebe em troca um haver não monetário (título de caderneta de
poupança, que, não sendo depósito à vista, também não pode ser
considerada M1).

- um banco vende títulos governamentais ao público: o setor bancário


entrega haveres não monetários (títulos públicos) ao setor não bancário
(público), recebendo em troca haveres monetários (estamos supondo que
o público esteja pagando com M1).

- um importador paga ao banco o valor correspondente a uma compra no


exterior: o importador (setor não bancário) entrega ao banco um haver
monetário (M1) e recebe do setor bancário um haver não monetário (o
valor correspondente em moeda estrangeira para realizar o pagamento da
compra).

- um banco vende um imóvel a uma empresa, recebendo o pagamento


em dinheiro: o setor bancário entrega um haver não monetário (imóvel)
ao setor não bancário, recebendo em troca um haver monetário.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

- uma pessoa paga um empréstimo bancário, sendo debitado em sua


conta corrente: o setor não bancário (a pessoa) entrega um haver
monetário (ela é debitada em conta corrente) ao setor bancário e, em
troca, tem sua dívida, exigibilidade, ou título a pagar (haver não
monetário) cancelados.

 Exemplos em que não há criação nem destruição de moeda:

- uma pessoa efetua um depósito à vista em sua conta corrente: não há


operação havendo troca de haver monetário e não monetário. O dinheiro
que entra na conta da pessoa é M1 (DV) e o que sai da pessoa também é
M1 (PMPP). Ademais, a transação não envolve setor bancário e não
bancário.

- um banco comercial realiza um empréstimo (redesconto) junto ao


BACEN: não há criação ou destruição de moeda, pois a operação não
ocorre entre setor bancário e não bancário. Neste caso, os dois lados
representam o setor bancário.

- União solicita empréstimo ao FMI e o valor recebido é depositado no


BACEN: neste caso, ocorre transação entre setor não bancário (União) e
setor bancário (aqui, o FMI é como se fosse um banco emprestador). No
entanto, o FMI emprestará o valor em moeda estrangeira (dólares) que
não é considerada M1 (para ser M1, tem que ser moeda nacional, que
pode ser utilizada para fazer transações no país). Logo, a transação não
envolve haver monetário (M1).

1.4. Instrumentos de política monetária

Por política monetária, entende-se a atuação do Banco Central 14


para definir as condições de liquidez da economia: quantidade ofertada de
moeda e nível de taxa de juros. Para exercer o seu papel, o BACEN dispõe
dos seguintes instrumentos:

 Emissões monetárias
O BACEN tem o monopólio das emissões e deve colocar em
circulação o volume de notas necessárias ao bom desempenho da

14
O Banco Central (BACEN) é o órgão que controla a oferta monetária no país e os assuntos a ela
relacionados. Entre outras, são funções do BACEN: ser o banco dos bancos, ser o banqueiro do
Tesouro Nacional, controlar a oferta de moeda, possuir o monopólio da emissão de moeda nacional,
zelar pelo valor da moeda nacional (controlar a inflação), regular e fiscalizar o sistema financeiro.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
economia. Caso queira aumentar a quantidade de meio circulante,
basta emitir mais moeda.

 Reservas obrigatórias dos bancos comerciais


Representam importante instrumento de política econômica. Um
aumento dessa taxa de reservas representará uma diminuição dos
meios de pagamento, dado que os bancos comerciais emprestarão
menos ao público e o farão com juros maiores (como há menos
dinheiro disponível para emprestar, as taxas de juros sobem).
Nesse sentido, se o governo opta por uma política de crescimento
da demanda agregada (aumento do nível de emprego), poderá,
para isso, reduzir a taxa de compulsório; por outro lado, numa
política restritiva, anti-inflacionária, poderá aumentá-la.

 Redescontos
Em suma, são empréstimos que o BACEN realiza para os bancos
comerciais. Como todo empréstimo, possui taxas de juros. Se a
taxa de juros do redesconto for baixa, haverá incentivo para os
bancos comerciais tomarem dinheiro emprestado, logo, haverá
melhores possibilidades para a expansão dos meios de pagamento,
pois os bancos poderão utilizar o dinheiro do empréstimo tomado
junto ao BACEN para emprestá-lo ao público. Vale ressaltar que
redesconto é uma coisa e taxa de redesconto é outra. Por exemplo,
se a questão falar que o redesconto é elevado, devemos entender
que há mais expansão monetária, pois os bancos tomaram mais
empréstimos junto ao BACEN. Por outro lado, se a questão fala que
a taxa de redesconto é elevada, devemos entender que há
desincentivo à expansão monetária e há elevação das taxas de
juros (se os juros que o BACEN cobra dos bancos comerciais for
aumentado, haverá também elevação dos juros que os bancos
comerciais cobram da população). Assim, fique atento! Preste
atenção ao que está sendo falado: redesconto ou taxa de
redesconto. Atenção redobrada no caso de aparecer “taxa de
redesconto”. Quando ela é reduzida, por exemplo, temos uma
possibilidade de haver expansão dos meios de pagamento. Assim,
resumidamente, temos:
Aumento do redesconto  haverá expansão dos meios de
pagamento; e poderá haver redução das taxas de juros.
Redução da taxa de redesconto  pode haver expansão dos meios
de pagamento; e haverá redução das taxas de juros.

 Operações de mercado aberto (open market)


São compras e vendas de títulos públicos no mercado de capitais.
Quando o BACEN compra títulos no mercado, aumentam os
depósitos no sistema bancário e, com isso, o volume de reservas,
permitindo a ampliação da oferta de moeda pelos bancos. Isto
acontece porque o governo, neste caso, entrega moeda ao mercado

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
e retira os títulos. Quando o BACEN vende títulos, ele enxuga a
quantidade de moeda, pois estará recebendo moeda (reduzindo os
depósitos no sistema bancário) e entregando títulos.

 Regulamentação e controle de crédito


O BACEN também afeta o M1 via regulamentação e controle de
crédito. Isso pode ser feito via política de juros, controle de prazos,
regras para financiamentos, etc. Por exemplo, se o BACEN
determinar que os financiamentos para automóveis poderão ser
feitos em, no máximo, 12 meses, isso, com certeza, desincentivará
a oferta de moeda, pois haverá forte redução nos financiamentos
(menor expansão do M1).

 Utilização das reservas internacionais


Reservas internacionais representam
9 a quantidade de meios de
pagamento aceitos internacionalmente (geralmente moeda
estrangeira) no caixa do BACEN. Quando o BACEN compra moeda
estrangeira, visando aumentar as reservas internacionais, isto
significa aumento de M1 (política monetária expansiva). Isto
acontece porque o BACEN, ao comprar moeda estrangeira, despeja
R$ na economia, aumentando a quantidade de moeda M1, e recolhe
moeda estrangeira, que não é considerada meio de pagamento (não
é considerada M1). Por outro lado, quando o BACEN vende moeda
estrangeira e diminui o seu estoque de reservas internacionais, ele
provoca o enxugamento da liquidez na economia (diminui a
quantidade de M1). Isto acontece porque ele despeja moeda
estrangeira (não é M1) e recebe R$ em troca, reduzindo a
quantidade de M1.

A alteração da taxa de juros do COPOM

Quando assistimos ao noticiário na TV, é comum ouvirmos a seguinte


afirmação: “o COPOM (Comitê de Política Monetária) decidiu
elevar/reduzir a taxa de juros em X%”. Por meio disso, somos instados a
pensar que a alteração da taxa de juros ocorre por meio de uma simples
decisão administrativa.

Na verdade, o governo não decide a taxa de juros em uma “canetada” do


COPOM. O governo se compromete a buscar aquela taxa de juros que foi
acordada na reunião. A taxa de juros é o preço do “bem” moeda. Assim,
se o governo quiser reduzir a taxa de juros, ele pode aumentar a oferta
de moeda na economia (quando aumentamos a oferta de um bem, seu
preço cai). Se ele quiser aumentar a taxa de juros, ele pode reduzir a
oferta de moeda na economia (quando reduzimos a oferta de um bem,

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
seu preço aumenta). Neste caso, o BACEN utilizará os instrumentos que
foram aprendidos logo acima para variar a oferta de moeda e garantir a
taxa de juros que ele deseja.

Quando isto acontece, ou seja, quando o governo visa determinar a taxa


de juros e deixa a oferta de moeda variar, para garantir o nível da taxa
de juros que ele quer, nós dizemos que a política monetária é
passiva.

Quando o governo controla a oferta de moeda, e a taxa de juros pode


variar livremente, nós dizemos que a política monetária é ativa. Não é
possível ao governo adotar, ao mesmo tempo, política monetária ativa e
passiva. Deve-se escolher uma das duas (ou se controla a oferta de
moeda, ou se controla a taxa de juros).
e
Veja que os conceitos de política monetária ativa e passiva levam em
conta o controle da quantidade de moeda na economia. Se o governo
quiser controlar a oferta monetária, e deixar a taxa de juros variar, a
política monetária é ativa. Se o governo quiser controlar os juros (é o
caso do Brasil, hoje), e deixar a oferta de moeda variar, a política
monetária é passiva.

1.5. Relação entre a política monetária, renda, inflação e juros

Primeiramente, devemos entender que política monetária


expansionista, inflacionária, ou expansiva é aquela voltada para o
aumento da quantidade de meio circulante (M1) na economia. Por outro
lado, quando o governo adota medidas para reduzir a quantidade de M1,
estará utilizando política monetária restritiva, ou anti-inflacionária.

Também podemos entender que qualquer política do governo no


sentido de aumentar o multiplicador monetário é considerada política
monetária expansiva, assim como qualquer ato do governo no sentido
reduzir o multiplicador monetário é política monetária restritiva.

o Política monetária  renda: vários modelos econômicos


demonstram que o aumento na quantidade de M1 na economia
(política monetária expansiva) provoca aumento da renda ou
demanda agregada, aumentando os níveis de emprego. Neste caso,
os efeitos da política fiscal e monetária são semelhantes sobre a
renda ou produto da economia.

o Política monetária  nível geral de preços: políticas


expansivas, tal qual ocorre com a política fiscal, provocam pressões
inflacionárias (aumento de preços).

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

o Política monetária  taxas de juros: a taxa de juros é o preço


do dinheiro. Quando há política monetária expansiva, há mais
dinheiro circulando. Mais dinheiro circulando indica que ele está
mais barato (tudo em excesso fica mais barato: é mera aplicação
dos mecanismos de oferta e demanda). Como maior quantidade de
M1 indica que a moeda está mais barata, as taxas de juros estarão
mais baixas. Assim, caso o governo queira reduzir as taxas de
juros, poderá praticar política monetária expansionista. Por outro
lado, quando os meios de pagamento ficam mais escassos (política
monetária restritiva), a moeda fica mais cara, ou seja, a taxa de
juros (preço da moeda) aumenta.

Segue um resumo sobre os efeitos e instrumentos da política


monetária: 8
Quadro 02:
Política
Instrumentos Consequências
monetária
Redução da exigência de
depósito compulsório Aumenta a renda/emprego

EXPANSIVA Redução da taxa de Aumento da inflação


redesconto
Redução das taxas de juros
Compra de títulos

Aumento da exigência
de depósito compulsório Reduz a renda/emprego
Aumento da taxa de Redução da inflação
RESTRITIVA
redesconto
Aumento das taxas de juros
Venda de títulos

Nota  as consequências da política monetária sobre a inflação,


renda e taxas de juros ficarão mais claras quando estudarmos os modelos
IS-LM e oferta/demanda agregada nas próximas aulas.

1.6. Equilíbrio monetário

O equilíbrio monetário pode ser visto sob duas óticas: segundo a


teoria clássica e segundo a teoria Keynesiana. Pela teoria clássica,
utilizamos a teoria quantitativa da moeda; comecemos nossa análise por
ela.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
1.6.1. Equilíbrio monetário para os clássicos - Teoria quantitativa da moeda (TQM)

A TQM é basicamente um modo de se enxergar o papel na


economia que se coaduna com a teoria clássica. A TQM é fundamentada
basicamente sobre a seguinte formulação:

MV = PT

Onde: M = oferta de moeda (base monetária), V = velocidade de


circulação da moeda, P = nível geral de preços e T = quantidade de
transações ocorrida no sistema econômico.

A equação nos diz que o volume de moeda multiplicado por sua


velocidade (número de transações financiado pela mesma unidade
monetária) é igual ao volume monetário das transações realizadas na
c
economia. Esse volume monetário é a quantidade de transações
multiplicada pelos preços destas transações (PxT).

Assumindo-se que a economia esteja no pleno emprego, que é um


pressuposto da economia clássica (a quantidade de transações – T –
esteja em seu máximo), e a velocidade de circulação da moeda seja
constante; aumentos da oferta de moeda – M – tenderão a aumentar os
preços – P – para que se mantenha a igualdade. Na verdade, a equação
nos afirma que, na teoria clássica, coeteris paribus, aumentos da oferta
monetária provocarão somente aumento dos preços. Assim, quando a
oferta monetária é aumentada, isto acabará provocando inflação.

Ao mesmo tempo, a quantidade de moeda determina o nível de


geral de preços. Se a quantidade de moeda na economia é alta, o nível
geral de preços estará alto. Se a quantidade de moeda na economia é
baixa, o nível geral de preços estará baixo. O aumento da quantidade de
moeda faz surgir a inflação (aumento do nível geral de preços).

Esta teoria não é amplamente aceita por todos os economistas, pelo


fato de existirem duas suposições que são difíceis de serem verificadas na
prática: a economia deve estar em pleno emprego e a velocidade de
circulação da moeda deve permanecer constante. Outro fator importante
na TQM é fato de que ela desconsidera totalmente o papel da taxa de
juros sobre a renda. Para os clássicos, a demanda por moeda depende
somente da renda e não da taxa de juros.

A dependência da demanda por moeda em relação à taxa de juros


devido ao motivo especulação foi ressaltada por Keynes, em crítica à
teoria clássica.

Por fim, devo fazer um breve comentário sobre a questão da


velocidade de circulação da moeda, ou velocidade-renda da moeda. Ela

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
significa a quantidade de "giros" que uma unidade monetária dá, criando
renda durante certo período de tempo.

É aceito que a demanda por moeda depende desta velocidade-renda


da moeda. É algo menos visto nos livros em geral, mas que já apareceu
em prova. A demanda por moeda é inversamente relacionada com a
velocidade-renda da moeda. Isto é, quanto maior a velocidade com que a
moeda circula na economia, menor será a demanda das pessoas por
moeda.

Isto é explicado pelo fato de a moeda chegar na mão das pessoas


com mais rapidez, fazendo com que haja menos necessidade de mais
moeda. Assim, quanto mais velozes são os giros que a moeda dá, menor
é a demanda por moeda das pessoas.

Maneira alternativa de apresentar a TQM

A Teoria Quantitativa da Moeda ainda pode ser expressa pela Equação de


Trocas a seguir:

MV = PY

Onde M representa os meios de pagamento, V a velocidade de circulação


da moeda, P o nível de preços e Y o produto (ou renda) real da
economia, e PY é o produto nominal da economia.

Observe que se descontarmos o nível de preços do produto nominal


(PY/P), chegaremos ao produto real (Y).

1.6.2. Equilíbrio monetário para Keynes

Na visão keynesiana, o equilíbrio monetário é atingido quando a


oferta é igual à demanda de moeda.

Segundo Keynes, a oferta e a demanda de moeda exercem um


papel importante sobre a taxa de juros, e esta exerce um papel
importante sobre a renda. Para Keynes, uma expansão monetária
causaria o seguinte, se a economia estiver abaixo do pleno emprego:

 Com mais moeda, a taxa de juros fica mais barata, incentivando os


investimentos das empresas;

 Os investimentos das empresas é um dos elementos da demanda


agregada. Havendo mais investimentos, haverá mais renda,
aumentando, assim, o nível de emprego.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

Conforme eu coloquei, isto acontecerá se a economia estiver abaixo


do pleno emprego. Se, por outro lado, a economia estiver em pleno
emprego, o aumento da oferta de moeda provocará somente inflação
(aumento de preços), exatamente como apregoa a TQM.

Veja, então, que Keynes não contraria totalmente a TQM, mas, para
ele, ela só se aplica se a economia estiver no pleno emprego.

Nota  estas questões das relações entre juros, renda, emprego,


inflação, Keynes, clássicos; enfim, tudo isso ficará mais claro na próxima
aula. Portanto, se você teve dificuldades em entender essa parte final da
aula, não se preocupe, pois mais à frente tudo ficará mais claro. Apenas
coloquei nesta aula, pois são assuntos dentro do assunto “moeda”.
Quando você ler as aulas pela segunda vez (e eu espero que isso seja
feito!), tudo se encaixará perfeitamente.

1.7. Taxa real x taxa nominal de juros

A taxa de juros nominal corresponde ao ganho monetário obtido por


determinada aplicação, independente do comportamento do valor da
moeda (independente da inflação). Por exemplo, se eu aplico hoje R$
100,00 e resgato daqui a 01 mês R$ 130,00, a taxa de juros nominal foi
de 30% a.m., ou seja, os R$ 30,00 que eu ganhei em relação aos R$
100,00 que apliquei. Se eu tivesse resgatasse R$ 300,00, a taxa de juros
nominal teria sido de 200% a.m.

A taxa de juros real corresponde ao ganho que se obtém em termos


de poder de compra. Ou seja, ela corresponde à taxa de juros nominal
recebida, descontada a perda de valor da moeda, isto é, descontada a
inflação no período da aplicação. Ou seja, a taxa de juros real é igual à
taxa de juros nominal menos a taxa de inflação.

Suponha que eu tenha aplicado R$ 100,00 e resgatado R$ 130,00;


mas a inflação no período tenha sido de 30%. Neste caso, percebemos
claramente que os 30% que eu ganhei nominalmente foram totalmente
corroídos pela inflação. Do ponto de vista real, descontada a inflação, o
ganho da aplicação foi de 0%.

Assim, podemos definir que a taxa de juros nominal corresponde à


soma entre a taxa de juros real e a taxa de inflação:

n=r+i  r=n–i

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Onde “n” é a taxa nominal, “r” é a taxa real e “i” é a inflação. Essa
equação acima reflete o chamado efeito Fisher, e mostra que a taxa de
juros real depende, além da remuneração nominal, da taxa de inflação.

Além da formulação acima, existe esta também:

(1 + n) = (1 + r).(1 + i)  (1 + r) = (1 + n)/(1 + i)

A expressão acima tem o mesmo significado da equação de Fisher


(n = r + i). A diferença é que estamos trabalhando com índices, e não
com taxas. Nos dois casos, você pode perceber que se a taxa de inflação
é 0% (i=0), então, as taxas de juros nominal e real serão iguais. Se a
taxa de inflação for maior que a taxa nominal de juros, os juros reais
indicarão perda de rendimento da aplicação.

1.8. Contas do sistema monetário

As contas do sistema monetário são estruturadas como em toda


contabilidade, existindo operações ativas e operações passivas. Em
provas de concursos, o que é cobrado nesta parte da matéria é o
conhecimento do que configura uma conta do ativo ou passivo do balanço
dos bancos comerciais, BACEN ou sistema monetário como um todo.

A princípio, pode nos parecer que o assunto é totalmente


“decoreba”, mas isso não é (totalmente) verdade. Existe uma lógica de
aprendizado, um bizú.

BIZÚ  De acordo com a Contabilidade, no lado do passivo existem


as contas que identificam as origens/fontes dos recursos, as obrigações
(exigibilidades) e os recursos próprios (semelhante ao patrimônio líquido).
De forma contrária, as contas pertencentes ao ativo referem-se às
aplicações dos recursos, disponibilidades e direitos. Por esse raciocínio,
também podemos entender a divisão das contas do sistema monetário.
Independentemente se estamos tratando do balanço dos bancos
comerciais, do BACEN ou do sistema monetário total, esta lógica será
obedecida. Observe as contas tentando entender esta lógica e a
memorização ficará mais fácil.

O BALANÇO CONSOLIDADO DOS BANCOS COMERCIAS

Os bancos comerciais representam um dos lados do sistema


monetário, já que são estes que promovem a interligação do Banco
Central, em nome do governo, com o público em geral. O balanço
consolidado (simplificado) dos bancos comerciais é assim dividido:

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

Balancete consolidado dos BANCOS COMERCIAIS


Ativo Passivo
 Encaixes  Depósitos à vista
- Caixa  Depósitos a prazo
- Depósitos no BACEN  Redescontos e outros recursos
- Depósitos voluntários do BACEN
- Depósitos compulsórios  Empréstimos externos
 Empréstimos ao setor privado e  Outras exigibilidades
público  Recursos próprios (Patrimônio
 Títulos públicos e privados líquido)
 Imobilizado
 Outras aplicações

ATIVO:

• Encaixes: Trata-se da parcela dos depósitos à vista que o sistema


bancário comercial não emprestou ao público. São os chamados
depósitos compulsórios e voluntários mais o saldo em caixa;

• Empréstimos ao setor privado e ao setor público: São os


empréstimos feitos ao sistema não bancário, tais como o governo,
as famílias e etc;

• Títulos Públicos e Privados: São os haveres não monetários na


forma de títulos encarteirados pelos bancos;

• Imobilizado: É a contabilização dos recursos das estruturas físicas


de funcionamento dos bancos;

• Outras Aplicações: São as aplicações em moeda estrangeira dos


bancos.

PASSIVO:

• Depósitos à vista: São os depósitos captados pelo sistema bancário


do público em geral e disponíveis em conta-corrente;

• Depósitos a prazo: São os depósitos captados pelo sistema


bancário do público em geral e disponíveis em outras contas
(poupança, títulos de renda fixa (CDB, RDB);

• Redescontos: São os recursos tomados a título de empréstimo


pelos bancos via Banco Central;

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
• Empréstimos Externos: São recursos tomados pelos bancos para
financiamento de suas linhas de concessão de crédito ao público
em geral;

 Outras exigibilidades;

• Recursos Próprios: São os recursos de propriedade dos próprios


bancos comerciais.

Podemos verificar que as operações ativas são aquelas provenientes


da destinação dada pelos bancos para o volume de depósitos vista feitos
pelo público. O passivo é representado em sua maior parte, pelos próprios
depósitos realizados pelo público.

O BALANÇO CONSOLIDADO DO BANCO CENTRAL

Balancete consolidado do BACEN


Ativo Passivo
 Reservas internacionais  Papel-moeda emitido
 Empréstimos ao Tesouro  Depósitos do Tesouro Nacional
Nacional e a outros órgãos  Depósitos dos bancos comerciais
públicos - Voluntários
 Redescontos15 - Compulsórios
 Títulos públicos federais  Empréstimos externos
 Caixa (encaixes)  Recursos especiais
 Empréstimos ao setor privado  Outras exigibilidades
 Outras aplicações  Recursos próprios (Patrimônio
líquido)

ATIVO:

• Encaixes em moeda corrente (caixa): Trata-se da parte do papel


moeda emitido (PME) que não se encontra em circulação;

• Títulos Públicos Federais: O BACEN é chamado de agente financeiro


do Tesouro Nacional. Ele realiza as chamadas operações de Mercado
Aberto, que se caracterizam pela colocação e retirada de dinheiro
de circulação por meio dos títulos emitidos pelo Tesouro. Na sua
contabilidade entra como ativo, constando como passivo do Tesouro
Nacional;

15
Observe que o redesconto é um ativo (direito) no balanço do BACEN, mas, no balanço dos
bancos, ele é uma obrigação (passivo).

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
• Operações de Redesconto: São os empréstimos feitos a bancos
comerciais. Fica localizado do lado esquerdo do seu balanço, ficando
do lado direito no balanço dos bancos comerciais;

• Reservas Internacionais: O estoque de moeda estrangeira


pertencente ao país fica sob guarda do Banco Central. Ele a tem
como ativo por necessidade de utilizar estes recursos para fazer
frente às demandas de divisas estrangeiras por bancos e pelo
público em geral;

 Empréstimos ao setor privado e ao setor público: São os


empréstimos feitos ao sistema não bancário, tais como o governo,
as famílias e etc;

 Outras Aplicações: São as aplicações em moeda estrangeira dos


bancos.

PASSIVO:

• Papel Moeda Emitido: Trata-se do total de moeda emitida que pode


ou não estar circulando.

• Depósitos do Tesouro: São os depósitos feitos pelo Tesouro como


cobrir as operações realizadas pelo BACEN;

• Recursos/empréstimos Externos: São representados pela


reestruturação da dívida externa (FMI e organismos internacionais);

• Depósitos dos bancos comerciais: São os recursos depositados


pelos bancos comerciais no Bacen, podendo ser, como o próprio
nome diz, obrigatórios ou voluntários.

 Outras exigibilidades;

• Recursos Próprios: São os recursos de propriedade dos próprios


bancos comerciais.

 Recursos especiais: são outros recursos não enquadrados nos itens


acima.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

O BALANÇO CONSOLIDADO DO SISTEMA MONETÁRIO

Balancete consolidado do SISTEMA MONETÁRIO


Ativo Passivo
 Aplicações dos bancos  Agregados monetários
comerciais - PMPP
- Empréstimos ao setor privado - Depósitos à vista
- Títulos públicos e privados  Recursos não monetários
 Aplicações do BACEN - Depósitos à prazo
- Reservas internacionais - Depósitos do Tesouro Nacional
- Títulos públicos federais - Títulos do BACEN

Este balanço representa uma espécie de “soma” dos balanços do


BACEN e dos bancos comerciais.

2. POLÍTICA FISCAL

Nota: neste tópico, procurarei dar uma resumida na política fiscal. Se


parecer confuso, lembre-se de que esse assunto será visto com maior riqueza de
detalhes e demonstrado graficamente nas próximas aulas, quando estudaremos
os modelos econômicos que tratam das políticas do governo.

Por política fiscal entende-se a atuação do governo no que diz


respeito à arrecadação de impostos e aos gastos. A arrecadação afeta o
nível de demanda agregada ao influir na renda disponível que os
indivíduos poderão destinar para consumo e poupança. Se os impostos
forem altos, sobrará menos renda para o consumo (menor renda
disponível). Assim, altos impostos estão relacionados à baixa renda da
economia, devido à redução na demanda agregada provocada pela
redução no consumo (devido à menor renda disponível).

Conforme, estudamos nas aulas passadas, a demanda agregada DA


é igual a (C + I + G + X – M). Veja que os gastos públicos (G) são
elementos diretos da demanda agregada. Ao decidir gastar, o governo
aumenta a demanda agregada de forma direta, ao contrário do que
ocorre no caso da arrecadação de impostos, onde a influência sobre a
demanda agregada é indireta (ocorre porque há redução na renda
disponível, que reduz o consumo, que, por sua vez, aí sim, reduz a
demanda agregada).

Como os gastos públicos agem de forma direta na demanda


agregada (renda) e a arrecadação age de forma indireta, dizemos que a
política fiscal via gastos é mais eficaz (intensa) que política fiscal
executada via arrecadação de impostos (tributação). Assim,
podemos concluir que se, por exemplo, o governo quiser aumentar a

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
renda da economia (diminuir o desemprego), o aumento de gastos
públicos, coeteris paribus, será mais eficaz que a redução de impostos,
visto que aquele age diretamente na renda ao passo que esta age
indiretamente. Vale ressaltar que estamos analisando sob a condição do
coeteris paribus (tudo o mais permanecendo constante). Há outras
implicações que não estão sendo levadas em conta como: possível
aumento do déficit público, influência sobre a taxa de juros, etc.

Se o governo quiser reduzir o nível de renda (reduzir a demanda


agregada), ele fará o inverso: ou reduzirá os gastos públicos e/ou
aumentará os impostos. Aí você perguntará: mas aumentar impostos não
significar aumentar gasto público? Não, não significa. O governo poderá
utilizar o excedente arrecadado (a poupança pública) para outros fins:
emprestar para outros países, pagar dívidas realizadas no passado,
comprar moeda estrangeira para se precaver de possíveis problemas nas
contas externas16, etc.

Quando a política é realizada no sentido de aumentar a renda


(demanda agregada) da economia, dizemos que ela é expansionista,
expansiva, ou ainda, inflacionária (como ela aumenta a demanda
agregada, há incentivo para aumento generalizado dos preços). Quando a
política é realizada no sentido de reduzir a renda agregada, dizemos que
ela é restritiva, contracionista, pró-cíclica ou anti-inflacionária (como ela
reduz a demanda agregada, como resposta, os preços tendem a baixar).
Veja que o raciocínio é igual àquele que apresentamos no estudo da
política monetária.

Outra consequência da política fiscal é a alteração das taxas de


juros. Considerando a oferta de moeda sendo constante, um aumento da
renda (política fiscal expansiva) fará com que os agentes demandem mais
moeda para realizar mais transações econômicas. O estudo da demanda e
oferta nos diz que quando a demanda de um bem aumenta, o preço deste
bem também aumenta. Neste caso, houve aumento da demanda do bem
“moeda”. O preço do bem “moeda” são os “juros”. Assim, temos o
seguinte encadeamento:

Política fiscal expansiva  aumenta renda  aumenta demanda por


moeda  aumenta o preço da moeda  aumenta as taxas de juros

A política fiscal restritiva provocará o caminho inverso, ou seja,


redução das taxas de juros, considerando que a oferta de moeda é
constante.

Assim, temos o seguinte, resumindo os efeitos da política fiscal:

16
Quando o governo aumenta o estoque de moeda estrangeira, dizemos que ele aumentou o nível
de reservas internacionais.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Quadro 03:
Política fiscal Instrumentos Consequências
Aumenta a renda/emprego
Aumento de gastos públicos
EXPANSIVA Aumento da inflação
Redução de impostos Aumento das taxas de juros
Reduz a renda/emprego
Redução de gastos públicos
RESTRITIVA Redução da inflação
Aumento de impostos Redução das taxas de juros

Conforme estudamos na aula passada, o uso da política fiscal como


instrumento eficaz de intervenção na economia surgiu na década de
1930, por intermédio das ideias de John Maynard Keynes, que deram
origem ao Keynesianismo ou ao modelo keynesiano. Segundo este
modelo, uma política fiscal expansionista gera aumentos de renda em
proporções muito superiores ao que foi gasto pelo governo.

Por exemplo, se o governo decide gastar R$ 10 bilhões em obras ou


em programas de transferência de renda (o Bolsa Família por exemplo), o
impacto sobre a renda agregada da economia será muito maior que os R$
10 bilhões injetados pelo governo na economia. Imagine que o governo
decidiu fazer estradas com esse dinheiro. Ao decidir fazer estradas, ele
terá que pagar as empreiteiras, que terão que pagar aos seus
funcionários, que, por sua vez, aumentarão o consumo de alimentos,
roupas, e outros bens. O dinheiro, então, chegará à mão dos donos das
lojas de roupas, mercados e outros estabelecimentos comerciais nos quais
os empregados das empreiteiras terão gasto o seu salário, que, em última
instância, originou-se do gasto público. Os donos destes estabelecimentos
pagarão aos seus funcionários, que comprarão mais em outros
estabelecimentos, e assim por diante.

Keynes foi um grande defensor da política fiscal como forma de


evitar as flutuações econômicas do capitalismo, no sentido de se precaver
dos efeitos negativos decorrentes dos períodos de estagnação econômica
(níveis de renda e demanda agregada baixas). Foi através de suas ideias
que países como os EUA conseguiram reerguer as suas economias
durante a depressão da década de 1930.

Na crise financeira internacional de 2008/2009, os governos agiram


rapidamente no intuito de evitar efeitos ainda piores sobre os níveis de
renda e emprego. Aqui no Brasil, foram adotadas várias medidas de
política fiscal puramente expansiva: redução do IPI para automóveis,
eletrodomésticos e materiais de construção; aumento dos gastos públicos
por intermédio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento);
aumento do salário do funcionalismo público (os aumentos já haviam sido

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
acordados antes da crise, mas acabaram funcionando como medidas
fiscais expansivas); em alguns estados, houve postergação dos prazos
para pagamentos de impostos estaduais.

Além dos efeitos expostos no quadro 03, podemos também


apresentar alguns instrumentos de política fiscal compensatória, como os
impostos progressivos e algumas políticas assistenciais, como o seguro-
desemprego17.

Em relação a estes instrumentos, também os chamamos de


estabilizadores automáticos, pois quando a renda e o emprego da
economia diminuem, eles atuam no sentido de aumentar a renda; e
quando a renda aumenta, eles atuam no sentido de frear esse aumento.

Pegue, por exemplo, o seguro-desemprego. Em uma situação de


desemprego, com muita gente desempregada, ele funciona como um
impulso para que a economia volte a ter renda circulando, evitando,
assim, que haja mais redução nos níveis de emprego.

Já o imposto progressivo atua como freio ao crescimento excessivo


da renda, uma vez que a renda adicional é taxada mais pesadamente. Ou
seja, assim como o seguro-desemprego, ele funciona como um
estabilizador automático. Se a renda das pessoas diminui, elas passam a
ser tributadas menos pesadamente, impulsionando novamente a renda da
economia. Se a renda aumenta, elas passam a ser tributadas mais
pesadamente, freando o aumento excessivo de renda18.

 POLÍTICA MONETÁRIA X POLÍTICA FISCAL

Conforme vimos nesta e na última aula, e será aprimorado mais à


frente, as políticas monetária e fiscal representam meios alternativos para
se conseguir as mesmas finalidades: alteração do nível de emprego,
inflação e juros. Assim, pode nos parecer que essas duas políticas
possuem a mesma eficácia e efeito sobre a economia, o que não é
verdade. Na realidade, é aconselhável que a política econômica seja
executada mediante uma combinação adequada de instrumentos fiscais e
monetários.

Pode-se dizer que a política fiscal apresenta maior eficácia


quando o objetivo é a melhoria da distribuição de renda; isso pode
ser obtido via taxação das rendas mais altas (tributação progressiva) e

17
O seguro-desemprego é uma quantia financeira que o desempregado recém demitido recebe do
governo, durante um curto período de tempo, com o objetivo de se manter financeiramente até que
arrume outro emprego.
18
O aumento excessivo da renda nem sempre é desejável pois pode trazer inflação.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
aumento dos gastos do governo com destinação a setores menos
favorecidos (obras públicas em locais mais necessitados). A política
monetária é mais difusa e genérica, sendo mais difícil direcioná-la a um
ou outro setor, sendo, portanto, menos eficaz no que se refere a aspectos
distributivos.

No entanto, a política monetária apresenta resultados mais


imediatos, dado que depende apenas de decisões diretas das
autoridades monetárias, enquanto a implementação de políticas fiscais
depende da votação do congresso (mais especificamente, a votação do
orçamento), o que causa uma defasagem de tempo entre a tomada de
decisão e a adoção na prática das medidas fiscais. As medidas fiscais
ainda são sujeitas a maiores restrições de ordem institucional ou legal (só
podem ser efetivadas no exercício fiscal seguinte, tem que estar previsto
na lei do orçamento, às vezes, deve constar ainda no Plano Plurianual,
etc).

Bem pessoal, por hoje é só!

Na próxima aula, nós veremos o modelo IS-LM, onde se estuda a


influência das políticas fiscal e monetária sobre o nível de renda e sobre a
taxa de juros da economia.

Seguem agora alguns exercícios para fixação dos conteúdos.

Abraços a todos e bons estudos!

Heber Carvalho e Daniel Saloni


hebercarvalho@estrategiaconcursos.com.br
daniel_saloni@hotmail.com

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário) - 2016) - A respeito


de teoria monetária e política monetária, julgue o item a seguir.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

A expansão de meios de pagamento é realizada exclusivamente


pela autoridade monetária, uma vez que depende da impressão de
mais papel-moeda.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, os bancos comerciais, por meio de sua capacidade de criar
moeda, multiplicam a injeção de moeda inicial no sistema, o que
definimos como multiplicação monetária. A criação de moeda se dá por
meio do empréstimo de parcela dos depósitos a vista.

O Bacen possui controle sobre a base monetária que é expandida via


multiplicador monetário.

GABARITO: ERRADO

2. (CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário) - 2016) -A respeito


de teoria monetária e política monetária, julgue o item a seguir.

As três funções principais de uma moeda em um sistema


econômico são a de meio de troca, a de unidade de conta e a de
reserva de valor.

COMENTÁRIOS:
As funções básicas atribuídas à moeda são estas:

- Meio de troca  Esta função da moeda é decorrência da aceitação


geral da sociedade, que realiza as transações econômicas utilizando este
ativo como meio de troca.

- Unidade de conta  a moeda fornece o referencial para que os valores


das demais mercadorias sejam cotados. Desta forma, os valores dos bens
e serviços transacionados são expressos em quantidade de moeda, de tal
forma que ela seja o denominador comum de valor.

- Reserva de valor  esta é função decorrente de sua primeira função –


meio de troca. Só há sentido em utilizar a moeda como meio de troca se,
entre uma transação em determinado momento e outra transação em
momento posterior, ela mantiver durante certo intervalo de tempo o seu
valor ou seu poder de compra.

GABARITO: CERTO

3. (CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário) - 2016) - A respeito


de teoria monetária e política monetária, julgue o item a seguir.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Em um sistema econômico, a taxa de juros é um importante
determinante da demanda de moeda; ela influencia as decisões de
investimento dos agentes e, por conseguinte, o volume de moeda
que será destinado à especulação.

COMENTÁRIOS:
Uma das razões pelas quais os agentes demandam moeda é o motivo
especulação, este motivo faz parte da teoria keynesiana, sendo a taxa de
juros seu principal determinante. A demanda de moda por motivo
especulação é inversamente proporcional à taxa de juros, pois quando
esta é alta, as pessoas geralmente demandam menos moeda e mais
títulos.

GABARITO: CERTO

4. (CESPE - Economista - CADE - 2014) - Acerca da teoria


keynesiana, das políticas fiscal e monetária e do mercado de
trabalho, julgue o item subsequente.

Base monetária indica o volume da oferta de dinheiro na economia


e é composta pelo papel moeda em circulação, pelas reservas
bancárias e pelo papel moeda em poder do público.

COMENTÁRIOS:
A injeção monetária inicial (a quantidade “real”, ou “física”, de moeda)
corresponde à soma entre o PMPP e as reservas dos bancos, sendo que o
papel moeda em circulação não faz parte desta composição. Ou seja, “na
bucha”, é o que tem no sistema monetário, se todos os agentes
resolverem sacar moeda ao mesmo tempo. A esta injeção monetária
inicial chamamos de base monetária (BM).

A base monetária (BM) é multiplicada pelos bancos através do “empresta-


deposita-empresta-deposita”, fazendo com que o valor de M1 circulante
na economia seja muito maior que a base monetária.

GABARITO: ERRADO

5. (CESPE - Analista Legislativo - Consultor de Orçamento e


Fiscalização Financeira - 2014) -A base monetária é definida como
a soma do papel-moeda em poder do público com os encaixes
voluntários e obrigatórios dos bancos comerciais. Os meios de
pagamento no conceito restrito (M1) são definidos pela soma do
papel moeda em poder do público com os depósitos a vista nos
bancos comerciais. Com relação a esse tema e ao
desenvolvimento da teoria monetária, julgue o item seguinte.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
Se o BCB determinar um aumento nos encaixes compulsórios dos
bancos comerciais, haverá aumento da base monetária.

COMENTÁRIOS:
Com um aumento dos encaixes compulsórios, os bancos comerciais
diminuirão o volume de recursos que poderão ser emprestados, o que
representará uma diminuição dos meios de pagamentos.
de pagamento.

GABARITO: ERRADO

6. (CESPE – Economista - PGCE – Especial - MPOG - 2015) -


Com relação ao modelo IS-LM e às políticas econômicas, julgue o
item seguinte.

Os meios de pagamento, que podem ser definidos como o


somatório do papel moeda em poder do público e os depósitos à
vista realizados no sistema bancário, correspondem aos ativos de
liquidez imediata em posse do setor não bancário, o qual pode
utilizá-los a qualquer momento para liquidar dívidas em moeda
nacional.

COMENTÁRIOS:
Não há muito a acrescentar à questão, pois apresenta corretamente o
conceito de meios de pagamento.

GABARITO: CERTO

7. (CESPE - Auditor de Controle Externo- Administrativa –


Economia - TCE-PA - 2016)

Com relação a agregados macroeconômicos e a políticas fiscais e


monetárias, julgue o item subsecutivo.

Para se determinar a taxa de juros no mercado monetário em


equilíbrio, é essencial observar o conceito de base monetária, que
corresponde ao somatório do montante de papel moeda em
circulação com o montante dos encaixes bancários.

COMENTÁRIOS:
A base monetária é definida como a soma do papel-moeda em poder do
público com os encaixes voluntários e obrigatórios dos bancos comerciais.

GABARITO: ERRADO

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
8. (CESPE - Auditor de Controle Externo - Fiscalização -
Economia - TCE-PA - 2016) - A respeito de agregados monetários e
do modelo IS–LM, julgue o item a seguir.

Com a reforma dos meios de pagamento na metodologia de


cálculo dos agregados monetários em 2001, o conceito de M2
passou a corresponder ao total de M1 mais os depósitos em
poupança e os títulos emitidos por instituições depositárias.

COMENTÁRIOS:
M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança +
títulos emitidos por instituições depositárias, ou seja, faltaram os
depósitos especiais remunerados na assertiva.

As instituições depositárias são aquelas onde o público mantém seus


depósitos a vista. Entre estes títulos emitidos por estas instituições,
temos, por exemplo, os títulos de capitalização e os próprios depósitos
remunerados.

GABARITO: ERRADO

9. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC 2009) - Políticas monetárias restritivas
elevam as taxas de juros e contribuem para aumentar as taxas de
inflação.

COMENTÁRIOS:
Políticas monetárias restritivas realmente elevam as taxas de juros, no
entanto, contribuem para reduzir a inflação (política anti-inflacionária).

GABARITO: ERRADO

10. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC 2009 - Adaptada) - Reduções no
coeficiente de reservas “r” bem como as vendas de títulos
públicos no mercado aberto atenuam as pressões inflacionárias.

COMENTÁRIOS:
Redução no coeficiente de reservas (r) aumenta o multiplicador monetário
(K), logo, tem os mesmos efeitos de política monetária expansiva. Entre
esses efeitos, há a ocorrência de pressões inflacionárias e não a sua
atenuação. Se a questão falasse somente da venda de títulos públicos, ela
estaria correta, pois isso representa política monetária restritiva,
atenuando a inflação.

GABARITO: ERRADO

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
11. (CESPE - ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO –
ECONOMIA - SEGER 2009) - A ideia de que, no longo prazo, as
políticas monetárias expansionistas contribuem apenas para
elevar o nível de preços, é consistente com a teoria quantitativa
da moeda.

COMENTÁRIOS:
É exatamente o que prega a teoria quantitativa da moeda (TQM). Vale
ressaltar que esta teoria não é amplamente aceita pelos economistas,
mas, como a assertiva fez clara alusão à TQM, está correta.

GABARITO: CERTO

12. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC 2008) - Aumentos da taxa de redesconto e
do coeficiente de reservas são consistentes com a adoção de
políticas monetárias restritivas.

COMENTÁRIOS:
Foram dados dois exemplos de ações que são consistentes com a adoção
de políticas monetárias restritivas. O aumento da taxa de redesconto
reduz a possibilidade do setor bancário oferecer mais empréstimos ao
público, pois fica mais caro para os bancos comerciais tomarem
empréstimos junto ao BACEN. O aumento do coeficiente de reservas (r)
também é política monetária restritiva pois indica que um percentual
maior do dinheiro que o banco possui ficará provisionado na forma de
reservas, sem pode ser emprestado ao público.

GABARITO: CERTO

13. (CESPE – MIN. SAÚDE – TÉCNICO SUPERIOR – 2008) – A


política fiscal é dividida em dois segmentos: a política tributária,
cujo objetivo é captar os recursos necessários ao atendimento das
funções da administração pública, e a política orçamentária, que
trata da aplicação destes recursos.

COMENTÁRIOS:
Correta a assertiva. No caso, a política de gastos do governo foi tratada
como “política orçamentária”, o que é a mesma coisa, tendo em vista que
o Orçamento Público é o instrumento de que dispõe o Estado para realizar
os seus gastos.

GABARITO: CERTO

14. (CESPE – IPAJM/ES – 2010) – Foi particularmente a partir da


revolução Keynesiana que o orçamento passou a ser concebido

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
como instrumento de política fiscal, com vistas à estabilização, à
expansão ou à retração da atividade econômica.

COMENTÁRIOS:
Correta, pois foi Keynes o primeiro economista a demonstrar e convencer
os governos da importância da política fiscal em relação às flutuações
econômicas.

GABARITO: CERTO

15. (CESPE - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – UEPA 2008) - Políticas


fiscais expansionistas financiadas mediante o uso de criação
monetária conduzem a níveis mais elevados de produção, porém,
são potencialmente mais inflacionárias.

COMENTÁRIOS:
Políticas fiscais expansaionistas aumentam o nível de emprego e o nível
geral de preços como qualquer outra política expansionista. Se ela for
financiada através da criação monetária (isto é, o governo emite moeda
para realizar os seus gastos), nós temos, além da política fiscal
expansiva, política monetária expansiva, o que aumentará ainda mais o
efeito inflacionário.

GABARITO: CERTO

16. (FUNIVERSA – ECONOMISTA – CEB – 2010) - As diferenças


entre as taxas de juros nominais e taxas de juros reais têm
implicações nas decisões de investimentos. O empresário deverá
sempre ter a noção de quanto realmente está ganhando (ou
perdendo) em seus negócios e aplicações financeiras. Dessa
forma, é importante distinguir o conceito e a aplicação entre a
taxa de juros real e a taxa de juros nominal. Acerca desse
assunto, assinale a alternativa correta.
(A) A taxa nominal mede de maneira eficaz os ganhos da empresa.
(B) Se houver deflação no período, a taxa de juros nominal será maior
que a taxa de juros real.
(C) A taxa de juros nominal não mede o valor pago ao poupador por suas
decisões de poupar, pois desconta a inflação.
(D) A taxa de juros real mede o retorno de uma aplicação em termos de
quantidade de bens, sem descontar a inflação.
(E) Se não houver inflação no período, a taxa de juros nominal será igual
à taxa de juros real desse mesmo período de tempo.

COMENTÁRIOS:
Segue uma questaozinha de outra banca. Decidi colocá-la, pois mede
muito bem o conhecimento sobre a diferenciação envolvendo a taxa
nominal e real de juros.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

a) Incorreta. É a taxa real que mede de maneira eficaz os ganhos.

b) Incorreta. Se houver deflação no período (i<0), então, a taxa real será


maior que a nominal. Pela equação de Fisher, r = n – i. Se i<0, então,
teremos que “r” será igual a “n” mais algum valor, indicando que “r” será
maior que “n”.

c) Incorreta. Quem desconta a inflação é a taxa de juros real.

d) Incorreta. A taxa real desconta a inflação.

e) Correta. Pela equação de Fisher, se i=0, então r=n.

GABARITO: E

17. (CESPE – ECONOMISTA – MPU – 2010) - Efeito Fisher é o


ajuste da taxa de juros real à taxa de inflação.

COMENTÁRIOS:
O efeito Fisher é o ajuste da taxa de juros NOMINAL à taxa de inflação.

GABARITO: ERRADO

(CESPE - ANALISTA DE COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC - 2008) A


teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes
agregados econômicos. Com base nessa teoria, julgue os itens a
seguir.

18. O crescimento substancial do agregado monetário M1, após a


implantação do Plano Real, é consistente com a recuperação da
credibilidade da moeda nacional como reserva de valor.

COMENTÁRIOS:
Antes da implantação do Plano Real, o Brasil conseguiu um dos principais
problemas de sua economia: a inflação. Por sua vez, em economias
inflacionárias, a função “reserva de valor” da moeda fica seriamente
comprometida. Isto faz com que os agentes econômicos queiram cada vez
menos guardar sua riqueza na forma de moeda (M1). Nestas situações, é
melhor guardar a riqueza sob a forma de ativos reais (imóveis,
mercadorias, etc).

Desta forma, o controle da inflação após a implantação do Plano Real fez


com que a função reserva de valor da moeda fosse novamente
preservada, aumentando, assim, a demanda por ativos monetários (M1).

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
O raciocínio é simples: com inflação baixa, os agentes podem guardar
suas riquezas na forma de moeda. Com inflação alta, os agentes vão
procurar fugir da moeda, pois ela perde valor rapidamente com o passar
do tempo.

GABARITO: CERTO

19. O fato de que aumentos nas taxas de juros podem conduzir a


reduções do coeficiente de reservas é compatível com a adoção de
um comportamento que vise minimizar os excessos de reservas
por parte do setor bancário.

COMENTÁRIOS:
Aumentos na taxa de juros são oriundas da adoção de política monetária
restritiva, que, por sua vez, é consistente com reduções do coeficiente de
reservas, visando minimizar os excessos de reservas bancárias.

GABARITO: CERTO

(CESPE/Unb - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS


ECONÔMICAS – TCE/AC - 2008) Considerando os princípios
básicos da teoria monetária e da inflação, julgue os itens.

20. Quando um indivíduo transfere fundos de sua conta de


poupança para a sua conta-corrente, a redução decorrente do
agregado monetário M1 é compensada exatamente pelo aumento
do agregado M2.

COMENTÁRIOS:
Os recursos que ficam guardados na poupança fazm parte do agregado
monetário M2. Assim, quando o indivíduo transfere fundos de sua
poupança para a sua conta-corrente (depósitos à vista), a redução
decorrente do agregado monetário M2 é compensada extamente pelo
aumento do agregado M1. Ou seja, a assertiva inverteu a sequência.
Onde era M2, ela colocou M1, e vice-versa.

GABARITO: ERRADO

21. Na presença de excesso de reservas, o multiplicador


monetário se eleva, aumentando, assim, as possibilidades de
expansão monetária.

COMENTÁRIOS:
Na presença de excesso de reservas (coeficiente “r” alto), o multiplicador
monetário se reduz, diminuindo, assim, as possibilidades de expansão
monetária.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
GABARITO: ERRADO

22. Retiradas em espécie da conta-corrente para financiar as


despesas de consumo dos correntistas de um banco comercial não
alteram as reservas do sistema bancário como um todo.

COMENTÁRIOS:
Esta questão é bem simples. Se o dinheiro sai do banco e vai para o
pagamento de despesas dos correntistas, então, é natural que os recursos
que ficam depositados nos bancos (as reservas do sistema bancário)
diminuam.

Se a questão falasse em destruição ou criação de moeda, aí sim


poderíamos falar que uma operação como esta não destruiria nem criaria
moeda (M1), já que ocorreria redução de DV e aumento de PMPP.

GABARITO: ERRADO

(CESPE/Unb - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS


ECONÔMICAS – TCE/AC - 2008) As políticas monetárias
influenciam, significativamente, o desempenho da economia. A
respeito desse assunto, assinale a opção correta.

23. Quanto maior for o custo de oportunidade de detenção de


moeda, mais elevada será a demanda monetária.

COMENTÁRIOS:
Um alto custo de oportunidade de detenção de moeda significa que os
agentes perdem muita coisa ao escolher deter a moeda (M1).

O custo de opotunidade de detenção da moeda é alto quando as taxas de


juros são elevadas. Neste caso, os agentes perdem dinheiro ao reter a
moeda (M1), em vez de, por exemplo, adquirir títulos que rendem juros.

Por sua vez, altas taxas de juros são inversamente relacionadas à


demanda por moeda. Assim, deve-se entender que:

Juros elevados  Alto custo de oportunidade de reter moeda  Demanda


por moeda diminui

GABARITO: ERRADO

24. Aumentos da taxa de redesconto e do coeficiente de reservas


são consistentes com a adoção de políticas monetárias restritivas.

COMENTÁRIOS:

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
A assertiva está perfeita. Não há muito o que comentar, depois do que
explanamos na parte teórica da aula.

GABARITO: CERTO

25. O Banco Central pode utilizar a política monetária para


estabilizar, simultaneamente, as taxas de juros e a oferta
monetária.

COMENTÁRIOS:
Ao conduzir a política monetária, o BACEN pode adotar política monetária
ativa (quando controla a oferta monetária e deixa a taxa de juros flutuar)
ou política monetária passiva (quando controla a taxa de juros e deixa a
oferta monetária flutuar).

Veja que não é possível controlar simultaneamente a taxa de juros e a


oferta monetária. A regra é: controla-se um dos dois, deixando o outro
flutuar.

GABARITO: ERRADO

(CESPE – ECONOMISTA – DFTRANS - 2008) Pesquisa acerca dos


agregados monetários nacionais, divulgada recentemente, pelo
Banco Central do Brasil (BACEN), mostra que, nos últimos anos, os
brasileiros têm utilizado mais moeda corrente nas suas
transações. Com relação aos agregados monetários, julgue os
itens que se seguem

26. Títulos públicos estaduais e municipais não fazem parte dos


meios de pagamento no Brasil.

COMENTÁRIOS:
De um ponto de vista mais amplo, os títulos públicos (sejam estaduais,
municipais ou federais) fazem parte dos meios de pagamento no Brasil.
Eles integram o agregado M4.

* geralmente, em questões envolvendo temas de política monetária,


criação ou destruição de moeda, quando se fala genericamente em meios
de pagamento, considera-se apenas o M1. Mas o fato é que a banca,
nesta questão, levou em conta – corretamente – que os meios de
pagamento englobam M1, M2, M3 e M4. Assim, a banca considerou a
assertiva correta.

GABARITO: CERTO

27. O aumento da taxa de compulsório, pelo BACEN pode ser


considerado uma política monetária restritiva.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

COMENTÁRIOS:
Mais uma questaozinha bem simples sobre instrumento de política
monetária. Conforme explicamos na aula, o aumento da taxa de
compulsório é política monetária restritiva.

* quando se fala em compulsório, o aumento do compulsório ou da “taxa”


compulsório significam a mesma coisa: política monetária restritiva.

GABARITO: CERTO

(CESPE/Unb - CONTROLADOR DE RECURSOS MUNICIPAIS –


ECONOMIA – PMV – SEMAD/ES - 2008) A teoria macroeconômica
analisa o comportamento dos grandes agregados econômicos.
Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue os itens que
se seguem.

28. As quotas de fundos de renda fixa, a exemplo dos depósitos


de poupança, fazem parte do agregado monetário M2.

COMENTÁRIOS:
Os fundos de renda fixa fazem parte do agregado monetário M3 (não
fazem parte do M2).

GABARITO: ERRADO

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
EXERCÍCIOS COMENTADOS

01. (CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário) - 2016) - A respeito


de teoria monetária e política monetária, julgue o item a seguir.

A expansão de meios de pagamento é realizada exclusivamente


pela autoridade monetária, uma vez que depende da impressão de
mais papel-moeda.

02. (CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário) - 2016) -A respeito


de teoria monetária e política monetária, julgue o item a seguir.

As três funções principais de uma moeda em um sistema


econômico são a de meio de troca, a de unidade de conta e a de
reserva de valor.

03. (CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário) - 2016) -A respeito


de teoria monetária e política monetária, julgue o item a seguir.

Em um sistema econômico, a taxa de juros é um importante


determinante da demanda de moeda; ela influencia as decisões de
investimento dos agentes e, por conseguinte, o volume de moeda
que será destinado à especulação.

04. (CESPE - Economista - CADE - 2014) - Acerca da teoria


keynesiana, das políticas fiscal e monetária e do mercado de
trabalho, julgue o item subsequente.

Base monetária indica o volume da oferta de dinheiro na economia


e é composta pelo papel moeda em circulação, pelas reservas
bancárias e pelo papel moeda em poder do público.

05. (CESPE - Analista Legislativo - Consultor de Orçamento e


Fiscalização Financeira - 2014) -A base monetária é definida como
a soma do papel-moeda em poder do público com os encaixes
voluntários e obrigatórios dos bancos comerciais. Os meios de
pagamento no conceito restrito (M1) são definidos pela soma do
papel moeda em poder do público com os depósitos a vista nos
bancos comerciais. Com relação a esse tema e ao
desenvolvimento da teoria monetária, julgue o item seguinte.

Se o BCB determinar um aumento nos encaixes compulsórios dos


bancos comerciais, haverá aumento da base monetária.

06. (CESPE – Economista - PGCE – Especial - MPOG - 2015) -


Com relação ao modelo IS-LM e às políticas econômicas, julgue o
item seguinte.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

Os meios de pagamento, que podem ser definidos como o


somatório do papel moeda em poder do público e os depósitos à
vista realizados no sistema bancário, correspondem aos ativos de
liquidez imediata em posse do setor não bancário, o qual pode
utilizá-los a qualquer momento para liquidar dívidas em moeda
nacional.

07. (CESPE - Auditor de Controle Externo- Administrativa –


Economia - TCE-PA - 2016)

Com relação a agregados macroeconômicos e a políticas fiscais e


monetárias, julgue o item subsecutivo.

Para se determinar a taxa de juros no mercado monetário em


equilíbrio, é essencial observar o conceito de base monetária, que
corresponde ao somatório do montante de papel moeda em
circulação com o montante dos encaixes bancários.

08. (CESPE - Auditor de Controle Externo - Fiscalização -


Economia - TCE-PA - 2016) - A respeito de agregados monetários e
do modelo IS–LM, julgue o item a seguir.

Com a reforma dos meios de pagamento na metodologia de


cálculo dos agregados monetários em 2001, o conceito de M2
passou a corresponder ao total de M1 mais os depósitos em
poupança e os títulos emitidos por instituições depositárias.

09. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC 2009) - Políticas monetárias restritivas
elevam as taxas de juros e contribuem para aumentar as taxas de
inflação.

10. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC 2009 - Adaptada) - Reduções no
coeficiente de reservas “r” bem como as vendas de títulos
públicos no mercado aberto atenuam as pressões inflacionárias.

11. (CESPE - ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO –


ECONOMIA - SEGER 2009) - A ideia de que, no longo prazo, as
políticas monetárias expansionistas contribuem apenas para
elevar o nível de preços, é consistente com a teoria quantitativa
da moeda.

12. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC 2008) - Aumentos da taxa de redesconto e

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
do coeficiente de reservas são consistentes com a adoção de
políticas monetárias restritivas.

13. (CESPE – MIN. SAÚDE – TÉCNICO SUPERIOR – 2008) – A


política fiscal é dividida em dois segmentos: a política tributária,
cujo objetivo é captar os recursos necessários ao atendimento das
funções da administração pública, e a política orçamentária, que
trata da aplicação destes recursos.

14. (CESPE – IPAJM/ES – 2010) – Foi particularmente a partir da


revolução Keynesiana que o orçamento passou a ser concebido
como instrumento de política fiscal, com vistas à estabilização, à
expansão ou à retração da atividade econômica.

15. (CESPE - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – UEPA 2008) - Políticas


fiscais expansionistas financiadas mediante o uso de criação
monetária conduzem a níveis mais elevados de produção, porém,
são potencialmente mais inflacionárias.

16. (FUNIVERSA – ECONOMISTA – CEB – 2010) - As diferenças


entre as taxas de juros nominais e taxas de juros reais têm
implicações nas decisões de investimentos. O empresário deverá
sempre ter a noção de quanto realmente está ganhando (ou
perdendo) em seus negócios e aplicações financeiras. Dessa
forma, é importante distinguir o conceito e a aplicação entre a
taxa de juros real e a taxa de juros nominal. Acerca desse
assunto, assinale a alternativa correta.
(A) A taxa nominal mede de maneira eficaz os ganhos da empresa.
(B) Se houver deflação no período, a taxa de juros nominal será maior
que a taxa de juros real.
(C) A taxa de juros nominal não mede o valor pago ao poupador por suas
decisões de poupar, pois desconta a inflação.
(D) A taxa de juros real mede o retorno de uma aplicação em termos de
quantidade de bens, sem descontar a inflação.
(E) Se não houver inflação no período, a taxa de juros nominal será igual
à taxa de juros real desse mesmo período de tempo.

17. (CESPE – ECONOMISTA – MPU – 2010) - Efeito Fisher é o


ajuste da taxa de juros real à taxa de inflação.

(CESPE - ANALISTA DE COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC - 2008) A


teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes
agregados econômicos. Com base nessa teoria, julgue os itens a
seguir.

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
18. O crescimento substancial do agregado monetário M1, após a
implantação do Plano Real, é consistente com a recuperação da
credibilidade da moeda nacional como reserva de valor.

19. O fato de que aumentos nas taxas de juros podem conduzir a


reduções do coeficiente de reservas é compatível com a adoção de
um comportamento que vise minimizar os excessos de reservas
por parte do setor bancário.

(CESPE/Unb - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS


ECONÔMICAS – TCE/AC - 2008) Considerando os princípios
básicos da teoria monetária e da inflação, julgue os itens.

20. Quando um indivíduo transfere fundos de sua conta de


poupança para a sua conta-corrente, a redução decorrente do
agregado monetário M1 é compensada exatamente pelo aumento
do agregado M2.

21. Na presença de excesso de reservas, o multiplicador


monetário se eleva, aumentando, assim, as possibilidades de
expansão monetária.

22. Retiradas em espécie da conta-corrente para financiar as


despesas de consumo dos correntistas de um banco comercial não
alteram as reservas do sistema bancário como um todo.

(CESPE/Unb - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS


ECONÔMICAS – TCE/AC - 2008) As políticas monetárias
influenciam, significativamente, o desempenho da economia. A
respeito desse assunto, assinale a opção correta.

23. Quanto maior for o custo de oportunidade de detenção de


moeda, mais elevada será a demanda monetária.

24. Aumentos da taxa de redesconto e do coeficiente de reservas


são consistentes com a adoção de políticas monetárias restritivas.

25. O Banco Central pode utilizar a política monetária para


estabilizar, simultaneamente, as taxas de juros e a oferta
monetária.

(CESPE – ECONOMISTA – DFTRANS - 2008) Pesquisa acerca dos


agregados monetários nacionais, divulgada recentemente, pelo
Banco Central do Brasil (BACEN), mostra que, nos últimos anos, os
brasileiros têm utilizado mais moeda corrente nas suas
transações. Com relação aos agregados monetários, julgue os
itens que se seguem

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08

26. Títulos públicos estaduais e municipais não fazem parte dos


meios de pagamento no Brasil.

27. O aumento da taxa de compulsório, pelo BACEN pode ser


considerado uma política monetária restritiva.

(CESPE/Unb - CONTROLADOR DE RECURSOS MUNICIPAIS –


ECONOMIA – PMV – SEMAD/ES - 2008) A teoria macroeconômica
analisa o comportamento dos grandes agregados econômicos.
Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue os itens que
se seguem.

28. As quotas de fundos de renda fixa, a exemplo dos depósitos


de poupança, fazem parte do agregado monetário M2.

GABARITO

1 E
2 C
3 C
4 E
5 E
6 C
7 E
8 E
09 E
10 E
11 C
12 C
13 C
14 C
15 C
16 E
17 E
18 C
19 C
20 E
21 E
22 E
23 E

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 50


Economia do Setor Público e da Regulação p/ TCU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Heber Carvalho e Daniel Saloni Aula 08
24 C
25 E
26 C
27 C
28 E

Prof Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 50

Você também pode gostar