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FAORO, Raimundo.

Os donos do poder: formação do patronato político


brasileiro. 3 ed rev. São Paulo: Globo,2001.

 “Não impera a burocracia, a camada profissional que assegura o


funcionamento do governo e da administração, mas o estamento político.
A burocracia, como burocracia, é um aparelhamento neutro, em qualquer
tipo de Estado, ou sob qualquer forma de poder […] A autonomia da
esfera política, que se manifesta com objetivos próprios, organizando a
nação a partir de uma unidade centralizadora, desenvolve mecanismos
de controle e regulamentação específicos. O estamento burocrático
comanda o ramo civil e militar da administração e, dessa base, com
aparelhamento próprio, invade e dirige a esfera econômica, política e
financeira […] No âmbito especificamente político, interno à estrutura, o
quadro de comando se centraliza, aspirando, senão à coesão monolítica,
ao menos à homogeneidade de consciência, identificando-se as forças de
sustentação do sistema” (p. 825-6);
 “A autocrítica autoritária, pode operar sem que o povo perceba seu
caráter ditatorial, só emergente nos conflitos e nas tensões, quando os
órgãos estatais e a carta constitucional cedem ao real, verdadeiro e
atuante centro de poder político. Em última análise, a soberania popular
não existe, senão como farsa escamoteação ou engodo” (p. 829);
 ESTAMENTO ≠ SOCIEDADE;
 “A permanência da estrutura exige o movimento, a incorporação
contínua de contribuições de fora, adquiridas intelectualmente, ou no
contato com as civilizações mais desenvolvidas. Favorece a mudança,
aliás, a separação de uma camada minoritária da sociedade sensível às
influências externas e internas, mais rápida em adquirir novas atitudes
do que se a alteração atingisse o conjunto, em impacto indiferenciado”
(p. 833).

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