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GOMES, Paulo César da Costa. Quadros Geográficos: uma forma de ver, uma forma de pensar.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017, 160p.

 OBJETIVO: identificar as maneiras de pensar e fazer aquilo que chamamos de Geografia (p.
17);

 3 formas de compreensão geográfica:

◦ Capacidade de se situar e se orientar no espaço, entendido este como algo apartado de


nós (Kant);

◦ Conhecimento articulado culturalmente do ambiente, como as geografias vernaculares


(Claval, 2001);

◦ Ramo científico “[...] diríamos que a Geografia é o campo de estudos que interpreta as
razões pelas quais coisas diversas estão situadas em posições diferentes ou porque as
situações espaciais diversas podem explicar qualidades diferentes de objetos, coisas,
pessoas e fenômenos” (p. 20);

 HIPÓTESE: a Geografia é uma forma original de estruturação do pensamento? (4ª forma)?

 Para Kant (1802) pode se classificar um conjunto de coisas por meio da lógica [Lineu]-
individualmente, por unidades – e da física [Humboldt]- pela intenção, seja nas relações e
posições;

 “O acesso ao conhecimento não nos é dado diretamente pela sensibilidade. Tampouco surge
da simples atividade mental desligada de qualquer experiência. A sensibilidade nos informa
e nos guia, mas já é conformada por categorias, as quais, embora fruto do entendimento, são
elaboradas, pensadas e testadas pela experiência no mundo. Assim, pensamos com
categorias definidas pelo reconhecimento da variedade das coisas existentes, dependemos
delas para pensar” (p.33);

 Naturgemälde de Humboldt, 'pintura da natureza', um sistema original de informações


geográficas (Geografia das plantas equinociais);

 “[...] a escolha dos intervalos de variação da delimitação arbitrada, das escalas de tamanho
da representação, da seleção dos outros fenômenos que merecem notação, tudo isso são
opções definitivas para permitir a visão das coisas diversas. Ao mudarmos alguns desses
elementos, mudamos as condições de visibilidade dos fenômenos, são, por assim dizer,
variações de pontos de vista […] construímos 'quadros' para que ele nos deixem ver – não
aquilo que já sabemos, mas aquilo que justamente que nos é revelado pela análise das
formas e das composições que se delineiam pelas infinitas escolhas que podemos proceder”
(p. 57) (ex. Mapas temáticos);

 “Caso seja acolhido que Ptolomeu e Estrabão tinham projetos semelhantes para a Geografia,
que ambos propuseram instrumentos composicionais ordenadamente estruturados e
seguindo uma rigorosa grade locacional, fossem eles pictóricos, gráficos ou textuais,
aquiesceremos ao cabo que, embora com ênfase em procedimentos diferentes, ambos
desenharam quadros, quadros geográficos. As consequências disso são grandes, sobretudo
para a estabilizada história da Geografia que, por comodidade ou preguiça, se acomodou
com as apresentações desses dois autores como vértices de duas concorrentes tradições na
Geografia […] Estrabão constituiu o pilar da Geografia descritiva, regional e empiricista e
Ptolomeu, o bastião da Geografia matemática, abstrata e geral” (p. 79);
 “Para Foucault, organizar dados científicos, políticos e econômicos é uma atividade
intimamente ligada à da distribuição e à ordem das coisas no espaço. Mais do que isso, o
quadro constitui um instrumento que permite compilar, organizar e analisar. A eficácia desse
instrumento talvez advenha do fato de o termo quadro nos obrigar a considerar coisas em
conjunto. É preciso também que aquilo reunido dentro do mesmo enquadramento tenha um
equivalente marco referencial, compartilhe um mesmo universo de significação ou, em uma
palavra, componha um sistema” (p. 94);

 “Ver coisas que não veríamos em separado!” (p. 103);

 Raciocínio cronológico usado de modo indiscriminado. É preciso reconhecer o mesmo com


o raciocínio geográfico (p. 104-5).

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