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Definiçã o de Calvino sobre predestinaçã o: ‘’Chamamos predestinação o eterno decreto de Deus

pelo qual houve por bem determinar o que acerca de cada homem quis que acontecesse . Pois ele não quis
criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação
eterna. Portanto, como cada um foi criado para um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um
foi predestinado ou para a vida, ou para a morte. Deus, porém atesta esta predestinação não só em cada
pessoa, mas também deu exemplo dela em toda a descendência de Abraão, da qual fizesse manifesto que
está em seu arbítrio de que natureza seja a condição futura de cada nação ’’.

Se bem que já está suficientemente claro que Deus, por seu desígnio secreto escolhe livremente àqueles a
quem quer, rejeitando a outros, contudo, sua eleição gratuita ainda não foi exposta, senão pela metade, até
que se haja vindo às pessoas individualmente, às quais Deus não só oferece a salvação, mas de tal forma a
confere, que a certeza de conseguir seu feito não fica suspensa nem duvidosa.

Portanto, estamos afirmando o que a Escritura mostra claramente: que designou de uma vez para sempre,
em seu eterno e imutável desígnio, àqueles que ele quer que se salvem, e também àqueles que quer que se
percam.320 Este desígnio, no que respeita aos eleitos, afirmamos haver-se fundado em sua graciosa
misericórdia, sem qualquer consideração da dignidade humana; aqueles, porém, aos quais destina à
condenação, a estes de fato por seu justo e irrepreensível juízo, ainda que incompreensível, lhes embarga
o acesso à vida. Da mesma forma ensinamos que a vocação dos eleitos é um testemunho de sua eleição; 321
em seguida, a justificação é outro sinal de seu modo de manifestar-se, até que se chega à glória, na qual
está posta sua consumação. Mas, da mesma forma que pela vocação e pela justificação o Senhor assinala
seus eleitos, assim também ao excluir os réprobos, seja do conhecimento de seu nome, seja da
santificação de seu Espírito, mostra com esses sinais qual será seu fim e que juízo lhes está preparado.
Passarei aqui em silêncio muitas fantasias que, no intento de subverter a predestinação, os homens
estultos imaginaram. Pois não necessitam de refutação as coisas que, tão logo sejam proferidas, elas
próprias sobejamente acusam sua falsidade. Deter-me-ei apenas nessas coisas acerca das quais se debate
entre os doutos, ou que possam trazer dificuldade aos simples, ou que, temerariamente, a impiedade se
interpõe a estigmatizar a justiça de Deus.
Institutas da Religiã o Cristã , volume III, pagina 388-392

Portanto, Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, predestinando-nos para sermos
seus filhos adotivos, não porque seríamos santos e irrepreensíveis por nossos méritos, mas escolheu-nos
e predestinou-nos para o sermos. Assim agiu segundo o seu beneplácito para que ninguém se glorie em
sua vontade, mas na de Deus; agiu assim segundo as riquezas de sua graça, conforme o seu beneplácito,
que se propôs realizar em seu Filho amado, no qual fomos feitos seus herdeiros, predestinados segundo
o beneplácito, e não o nosso, daquele que tudo opera a ponto de operar em nós mesmos o querer (Fl
2,13). Mas opera segundo o conselho de sua vontade, a fim de servir - mas para o seu louvor e glória.

Ele opera conforme a decisão de sua vontade para servirmos para seu louvor e glória, como santos e
irrepreensíveis, motivo pelo qual nos chamou, predestinando-nos antes da fundação do mundo.
Conforme esta decisão de sua vontade efetua-se a vocação dos eleitos, para os quais tudo coopera para
o bem, porque foram chamados segundo o seu desígnio, e os dons e a vocação de Deus são sem
arrependimento.

Mas o Apóstolo não diz que nos escolheu e predestinou porque sabia de antemão que seríamos santos e
irrepreensíveis, mas para que o fôssemos pela eleição de sua graça, com a qual ele nos agraciou no
Amado. Portanto, ao predestinar-nos, conhecia pela presciência a sua obra, pela qual nos torna santos e
irrepreensíveis. Conseqüentemente, com este testemunho fica refutado legitimamente o erro
pelagiano.

Não cremos porque nos escolheu, mas escolheu-nos para crermos, para que não digamos que o
escolhemos antes e sejam falhas — o que não é lícito dizer — as palavras: Não fostes vós que me
escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15,16). Somos chamados para crermos e não porque cremos,
e com a vocação, que é irrevogável, realiza-se e se aperfeiçoa o que é mister para crermos. Não há
necessidade de repetir o muito que dissemos sobre esta questão.

Portanto, Deus atua nos corações humanos com a vocação conforme o seu desígnio, da qual falamos
tanto, a fim de que não ouçam debalde o evangelho, mas, tendo-o escutado, convertam-se e creiam,
recebendo-o não como palavra humana, mas como na verdade é: palavra de Deus.

O Senhor lhe abriu o coração, de sorte que ela aderiu às palavras de Paulo (At 16,14). Era assim
chamada para que tivesse fé, pois Deus atua como quer nos corações humanos ou ajudando ou
julgando, com a finalidade de executar por meio deles o que em seu poder e em sua sabedoria havia
predestinado realizar (At 4,28).

Pensam nesse caso que Deus inclina os corações no tocante aos remos terrenos, mas não inclina as
vontades de quem ele quer quando se trata de alcançar o reino eterno? Mas eu opino que as palavras
que seguem foram ditas com referência ao reino dos Céus e não a um reino terreno: Inclina meu
coração para os teus preceitos (Sl 118,36); ou: Os passos do homem são formados pelo Senhor e é-lhe
grato o seu caminho (Sl 36,23); ou: O Senhor é quem dispõe as vontades (Pr 8 seg. LXX); ou: O Senhor
nosso Deus seja conosco, como foi com nossos pais, não nos desamparando, nem nos afastando de si.
Mas incline os nossos corações, para andarmos em todos os seus caminhos (lRs 8,57-58); ou: Dar-lhes-ei
um (novo) coração e entenderão; ouvidos, e ouvirão (Br 2,31); ou: E eu lhes darei um mesmo coração, e
derramarei nas suas entranhas um novo espírito (Ez 11,19). Ouçam também: E porei o meu coração no
meio de vós, e farei que andeis nos meus preceitos, e que guardeis as minhas leis, e que as pratiqueis
(Ez 36,27). Ouçam ainda: Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; mas que homem pode
compreender seu próprio destino? (Pr 20,24). Continuem ouvindo: Todo o caminho do homem lhe
parece a ele próprio direito; e o Senhor, porém, pesa os corações (Pr 21,2); e também: E todos aqueles
que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé (At 13,48).
Ouçam estes testemunhos e outros que não mencionei, os quais demonstram que Deus prepara e
converte as vontades dos homens também para o reino dos Céus e a vida eterna. Percebei quão
absurdo é acreditar que Deus atua nas vontades humanas para estabelecer remos temporais e que os
próprios homens governam suas vontades quando se trata de conquistar o reino dos Céus.
Predestinaçã o dos Santos, pá gina 62-70

Embora Cristo seja o fundamento da salvação, ele não pode ser com isso chamado o fundamento de o
fundamento da eleição, porque se requerem muito mais causas para a salvação do que para a eleição.
Os meios da eleição se tornam as causas da salvação, e não pode a eleição ser chamada de salvação,
visto que ela, por enquanto, nada põe nos eleitos, mas é apenas o princípio e causa da salvação.

Mas aqui o ato do homem não pode ser separado de seu dever, porque o mesmo Deus que nos ordena
afastar-nos da iniquidade opera isso em nós por seu Espírito. Para guardar-nos sempre de afastar-nos de
Deus, o Espírito nos faz ficar longe, por uma santa apostasia, do mundo e do pecado, mortificando os
feitos do corpo (Rm 8:13) e crucificando a carne com suas paixões (Gl 5:24).

Se os decretos dos reis persas eram irrevogáveis, quanto mais os do Rei dos reis, que não pode ser
acusado de ignorância em decretar nem de impotência em executar. Até o título do livro nos favorece.
Por que seria denominado ‘’o livro da vida’’ naquele os quais estão inscritos ‘’estão inscritos para a vida’’
(Is 4:3), se pudessem perecer eternamente? Finalmente, a condição da própria passagem evidencia isso.
Como a terra é a sede da inconstância e da fragilidade, assim se diz dos perversos (cuja porção está na
terra e com ela perecerão) que ‘’estão inscritos no chão’’ (Jr 17:13). Lemos, porém, que os fieis estão
‘’escritos no céu’’ não apenas porque sua cidadania está no céu (Fp 3:20) e tem direito ao país celestial,
mas também porque uma herança incorruptível (que não podem deixar de obter) lhes está reserva ali
(1Pe 1:4). Daí Cristo em outro lugar prometer ao vitorioso que ‘’seu nome não será apagado do livro da
vida’’ (Ap 3:5). João declara que ninguém que pratica abominação entrará na santa cidade, mas
‘’aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida’’ (Ap 21:27).
Compêndio de Teologia Apologética, pá gina 441, 458

Ora, eleição e predestinação é apenas o exercício da soberania de Deus nos assuntos da salvação, e tudo
o que sabemos sobre elas é o que tem sido revelado a nós nas Escrituras da Verdade. A única razão para
que alguém acredite na eleição é que ela se acha claramente ensinada na Palavra de Deus. Nenhum
homem ou grupo de homens nunca originou esta Doutrina. Como o ensino da punição eterna, ela entra
em conflito com os ditames da mente carnal e é incompatível com os sentimentos do coração não
regenerado. E, como a doutrina da Santíssima Trindade e do nascimento milagroso de nosso Salvador, a
verdade da eleição deve ser recebida com fé simples, inquestionável.

“E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão
inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Apocalipse 21:27). Esta expressão “O livro da vida” é, sem dúvida,
figurativa, pois o Espírito Santo se deleita em representar as coisas espirituais, celestiais e eternas, bem
como a bênção e benefícios destas, sob uma variedade de imagens e metáforas, para que nossas
mentes possam mais facilmente compreender e nossos corações sintam a realidade delas, e assim, nos
tornamos mais capaz de recebê-las. Ainda assim, isto nós sabemos: a similaridade assim empregada
para representá-las à nossa visão espiritual são apenas sombras, mas o que é representado por elas tem
existência real e substancial.

A eleição é o tomar de um e o deixar de outro, e implica a liberdade por parte do eleitor de escolher ou
recusar a escolher. Daí a escolha de um não faz nenhum dano para o outro que não é escolhido. Se eu
escolher um só dentre cem homens para uma posição de honra e proveito, eu faço isso sem prejudicar
os outros noventa e nove que não foram escolhidos. Se eu tomar duas dentre vinte crianças
maltrapilhas e famintas, e adotá-las como meu filho e filha, alimentá-las e vesti-las, dar-lhes uma casa e
educação, e eu faço-lhes um imenso bem; mas enquanto eu distribuo meus bens e escolho fazer aquelas
duas crianças felizes, eu o faço sem prejudicar as outras dezoito crianças que foram deixadas. É verdade,
elas permanecem em trapos, mal alimentadas e sem instrução, mas elas não estão em condição pior
depois que o meu favor foi mostrado às suas duas companheiras, elas somente continuam exatamente
na situação em que elas estavam.

“A Escritura nega que Deus faz acepção de pessoas, em um sentido diferente daquele em que eles
entendem; pois a palavra pessoa não significa um homem, mas essas coisas em um homem que, sendo
visíveis aos olhos, geralmente conciliam favor, hon-ra e dignidade, ou atraem o ódio, desprezo e
vergonha. Tais são as riquezas, poder, nobreza, magistratura, país, elegância da forma, por um lado; e,
por outro lado, a po-breza, a necessidade, nascimento ignóbil, desleixo, desprezo, e assim por diante.
Assim, Pedro e Paulo declaram que Deus não faz acepção de pessoas, pois Ele não faz distinção entre
Judeu e Grego, para rejeitar um e receber o outro, apenas por conta de sua nacionalidade (Atos 10:34,
Romanos 2:11). Então, Tiago usa a mesma língua-gem quando afirma que Deus, em Seu julgamento, não
considera riquezas (2:5). Não haverá, portanto, nenhuma contradição em nossa afirmação, a saber, que
de acordo com o que agrada à Sua vontade, Deus escolhe quem Ele quer para ser Seus filhos,
independentemente de todo o mérito, enquanto Ele rejeita e reprova os outros. No entanto, por uma
questão de satisfação adicional, o processo pode ser explicado da seguinte maneira: Eles perguntam
como isso acontece, isto é, que duas pessoas que não se distinguem umas das outras por nenhum
mérito, Deus, em Sua eleição, deixe uma e tome outra. Eu, por outro lado, pergunto a eles, se eles
supõem o que aquele que é levado possui qualquer coisa que possa atrair o favor de Deus? Se eles
confessarem que ele não tem, como de fato deverão fazer, se seguirá, que Deus não se baseia no
homem, mas deriva Seu motivo para favorecê-lo a partir de Sua própria bondade. A eleição de um
homem por Deus, portanto, enquanto Ele rejeita o outro, não procede de qualquer aspecto do homem,
mas somente procede de Sua própria misericórdia; que pode ser demonstrada e livremente exercida
onde e quando Ele quiser”.
Fazer “acepção de pessoas” é considerar e tratá-las de forma diferente por causa de uma suposta ou
real diferença em si ou suas circunstâncias, que não possua base ou razão que seja justificável para tal
tratamento preferencial. As características de uma acepção de pessoas pertencem, sim, àquele que
avalia e reputa as outras pessoas de acordo com as suas características e obras. Acepção de pessoas
acontece quando um juiz justifica e re-compensa um ao invés de outro, porque este é rico e o outro
pobre, ou porque ele lhe deu um suborno, ou é um parente próximo ou um amigo íntimo, enquanto o
caráter e a conduta do outro é mais reta e sua causa mais justa. Mas tal denominação é inaplicável a
uma concessão de caridade, quem concedeu os Seus favores e deu gratuitamente dons imere-cidos para
um e não para outro o faz sem qualquer consideração de mérito pessoal. O ben-feitor tem todo o direito
de fazer o que quiser com o que lhe pertence, e aqueles que são negligenciados por ele não têm
nenhum motivo válido para se queixarem.
Mesmo que esta expressão seja considerada em sua acepção mais popular, nada tão impressionante
evidencia que Deus “não faz acepção de pessoas” do que as características daqueles que Ele escolheu.
Quando os anjos pecaram e caíram Deus não providenciou nenhum Salvador para eles, no entanto,
quando a raça humana pecou e caiu um Salvador foi providenciado para muitos deles. Deixe o crítico
hostil pesar cuidadosamente este fato: se Deus houvesse feito acepção de “acepção de pessoas” Ele não
iria escolher os anjos e deixar os homens? O fato de que Ele fez o inverso O livra desta calúnia.
Considere nova-mente a nação que Deus escolheu para serem os destinatários de seus favores terrenos
e temporais muito mais do que todos os outros povos durante os últimos dois mil anos de história do
Antigo Testamento. Que tipo de pessoas eles eram? Por que, Deus escolheu um povo ingrato e
murmurador, duro de cerviz e coração, rebelde e impenitente, desde o início de sua história até o fim?
Se Deus tivesse sido uma acepção de pessoas Ele certa-mente nunca havia escolhido os judeus para tal
favor e bênção!
O verdadeiro caráter, então, daqueles a quem Deus escolhe refuta essa objeção tola. O mesmo é
igualmente evidente no Novo Testamento. “Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo?”
(Tiago 2:5). Bendito seja o Seu nome, por isso ser assim, pois, tives-se Ele escolhido os ricos, isso
passaria a prejudicar a muitos de nós, não iria? Deus não escolhe magnatas e milionários, financistas e
banqueiros, para serem objetos de Sua graça. Nem os de sangue real ou nobres do reino ou o sábio, o
talentoso, o influente deste mundo, pois poucos deles têm seus nomes escritos no Livro da Vida do
Cordeiro. Não, é o despre-zado, o fraco, a vil, os sem-nome deste mundo, a quem Deus escolheu (1
Coríntios 1:26-29), e isto, a fim de que “nenhuma carne se glorie perante ele”. Os fariseus foram
deixados e os publicanos e as meretrizes foram escolhidas! “Amei a Jacó”: e o que havia nele para Deus
amá-lo!? — E ainda ecoa pergunta: “por que?”. Se Deus fizesse “acepção de pesso-as” Ele certamente
nunca teria escolhido um inútil como eu!

“Porque o nosso Evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder”. Todos os que
fingem pregar o Evangelho, na verdade não o pregam. Admitir que eles o fa-zem, seria admitir que há
muitos evangelhos diferentes, pois há partidos e sentimentos na Cristandade, todos reivindicando ser
deles o verdadeiro Evangelho, com a exclusão de to-dos os outros. É, portanto, uma questão da mais
alta importância que cada um de nós saiba o que o Evangelho de Cristo realmente é, e isso deve ser
aprendido com as Sagradas Escri-turas, sob a orientação de Deus, o Espírito. Existem numerosas
falsificações dele no mundo de hoje, e sua fraudulência só pode ser descoberta através de pesá-los nas
“balan-ças do Santuário”. Igualmente necessário e importante é que nós verifiquemos como o
Evangelho deve ser recebido por nós se a alma deve ser permanentemente beneficiada por ele, pois de
acordo com o apóstolo, há uma dupla recepção do Evangelho.
“Porque o nosso Evangelho não foi a vós somente em palavras”. Pois quando o Evangelho vem a nós
somente em palavras é porque Deus o deixou em sua eficácia natural, ou a força de seus argumentos e
persuasão sobre a mente humana. Multidões, em muitos lugares ouviram o Evangelho, mas continuam
em idolatria e em injustiça, não obstante a profissão que muitos deles fazem. Quando o Evangelho vem
a nós “somente em palavras” ele atinge o intelecto e a compreensão, mas não faz nenhuma impressão
real na consciência e no coração. Consequentemente, ele produz apenas uma fé fingida e presunçosa,
uma fé que é inferior até mesmo a que os demônios têm, pois eles “creem, e estremecem” (Tiago 2:19).
É apenas quando o Evangelho vem a nós “no poder e no Espírito Santo” é que ele é rece-bido com uma
fé verdadeira e salvadora. Quão necessário é, então, testar-nos neste ponto.
Há dois extremos em que os homens caem por falta do correto recebimento da Palavra de Deus. Em
um, supõe que possui tanto a vontade e poder de realizar obras de justiça sufici-entes para recomendar-
lhe ao favor de Deus, e por isso se lê que eles têm “zelo... mas não como convém” (Gálatas 4:17). Ele
jejua, ora, dá esmola, frequenta a igreja e etc.; e onde ele acha que falha ou fica aquém, ele clama aos
méritos de Cristo para suprir a sua defici-ência. Isso é apenas tomar um pedaço de veste nova (expiação
de Cristo) e aplicar em seu manto uma justiça legal, esperando assim apaziguar a consciência pesada. Ele
continua suas performances religiosas durante todo o ano, mas nunca alcança um conhecimento vital e
experimental do Evangelho. Todo o seu serviço são obras, porém mortas.
O outro extremo é o inverso disso, mas igualmente perigoso. Em vez de labutar ao ponto de cansar-se,
estes não se esforçam de maneira alguma. Estando mais ou menos consci-entes, visto que todos os
homens naturais estão conscientes, que são pecadores, e ouvindo sobre a salvação gratuita por Jesus
Cristo, eles prontamente caem nisso, a saber, O rece-bem em suas mentes, mas não em suas
consciências. Uma fé superficial e presunçosa é gerada, e por um único salto eles chegam a uma suposta
garantia do Céu. Mas, diz Salomão: “A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será
abençoada” (Provérbios 20:21). Essas pessoas são grandes oradoras, possuem grande parte de sua
liberdade a partir da Lei, mas são eles mesmos escravos do pecado. Elas estão sempre aprendendo, mas
nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. Elas riem daqueles que têm dúvidas e medos, mas
elas próprias têm os maiores motivos de todos para temer.
Agora, em contraste marcante de ambas essas classes, são os que recebem o Evangelho não somente
em palavras “mas em poder, e no Espírito Santo”. Este é um caminho do meio entre esses dois
extremos, e um caminho que está escondido de todo não-regenerado, pois “o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2:14). Quando Deus começa a “obra da fé com poder” (2
Tessalonicenses 1:11), e leva a alma neste caminho do meio, ela pode, a princípio nem ver nem
compreender isso. Como foi com o pai de todos os que creem, assim é com todos os seus filhos: quando
Abraão foi eficazmente chamado, ele “saiu, sem saber para onde ia” (Hebreus 11:8). Os nascidos do
Espírito são conduzidos por “veredas que não conheceram” (Isaías 42:16), e até que as ter-vas sejam
transformadas em luz perante eles e as coisas tortas sejam endireitadas, eles não conseguem entender
o caminho do Espírito; mas quando isso é feito, então, a estrada é “aplainada” para eles (Isaías 62:10).
Então, a pergunta mais importante é: o Evangelho veio a mim somente em palavras, ou em poder
salvador? Se veio somente em palavras, então, ele foi recebido sem angústia, nem tribulação ou aflição
de consciência, pois estas são as marcas comuns do poder Divino operando na alma do pecador.
Quando a Palavra de Deus vem até nós “em poder”, ela vem como uma “espada de dois gumes”
(Hebreus 4:12), tendo o mesmo efeito sobre o coração como uma espada tem quando é empurrada
para dentro do corpo. Se a ferida for profunda,a dor e os sofrimentos serão muito intensos.
Semelhantemente, quando a Palavra de Deus penetra “até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”, produz angústia real e aflição
profunda. Disse Jó: “Porque as flechas do Todo Poderoso estão em mim, cujo ardente veneno suga o
meu espírito; os terrores de Deus se armam contra mim” (6:4). E assim, também, Davi exclamou:
“Porque as tuas flechas se cravaram em mim, e a tua mão sobre mim desceu” (Salmos 38:2).
Foi assim na experiência de Paulo. Antes que o Espírito aplicasse a Lei ao seu coração, ele estava vivo
aos seus próprios olhos, embora morto aos olhos de Deus; mas quando o mandamento veio a ele no
poder Divino, reviveu o pecado, e ele morreu — em sua própria estima (Romanos 7:9). O fato é que ele,
como qualquer outro fariseu, supunha que a Lei não ia além do que a letra externa, ao passo que ele se
considerava inocente. Mas quando as elevadas demandas da Lei e sua espiritualidade esquadrinhadora
foram reveladas a ele, e que ela abarcava os próprios pensamentos e intenções do coração, e lhe foram
desvela-dasas profundezas terríveis da depravação que nele havia, mas que antes estavam ocul-tas. Ele
descobriu que a Lei era espiritual, mas ele mesmo era carnal, vendido sob o pecado. Ele descobriu —
como pouquíssimos o fazem — que o coração dele estava no mesmo estado descrito por Cristo em
Marcos 7:21-22. Ele foi obrigado a acreditar no que Cristo declarou ali, porque agora ele via e sentia o
mesmo dentro de si mesmo.

O primeiro ato de fé leva um homem a acreditar que ele está no mesmo estado que a Escri-tura declara
que ele está; em inimizade contra Deus (Romanos 8:7), sendo um filho da ira (Efésios 2:3), sob a
maldição de uma Lei violada (Gálatas 3:10), levado cativo pelo Diabo (2 Timóteo 2:26). Um pesado fardo
do pecado reside em sua consciência (Salmos 38:4), sendo uma fonte ativa de iniquidade como o mar
bravo, lançando de si lama e lodo (Isaías 57:20), que confunde todos os esforços de um braço de carne,
trazendo-o em terrível escra-vidão: “as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” (Isaías 64:6).
Ele encontra-se de mãos e pés amarrados com as cordas do seu pecado, e ele clama fervorosamente a
Deus para ter piedade dele, e segundo a Sua grande misericórdia, liberte-o. Ele agora não precisa de
nenhumas formas estabelecidas de oração, mas de dia e de noite ele clama: “Deus, tem misericórdia de
mim, pecador”.
E como é que o Senhor o liberta? Pelo Evangelho vindo até ele “no poder e no Espírito Santo”. Deus
expõe a ele em uma nova luz, os sofrimentos e a morte de Seu Filho, por meio de quem Sua justiça foi
satisfeita, Sua Lei magnificada, Sua ira aplacada, e foi aberto um caminho de reconciliação entre Deus e
os pecadores. É o ofício do Espírito operar a fé no coração e aplicar o sangue expiatório e justiça de
Cristo à consciência, pelo que o peso do pecado e da morte é removido, o amor de Deus é feito
conhecido, a paz é transmitida para a alma e alegria para o coração. Assim, o mesmo instrumento que
feriu, traz a cura. Por isso o apóstolo aqui acrescenta: “Porque o nosso Evangelho não foi a vós somente
em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza”, isso é, garantia de sua
veracidade e autoridade Divina, de sua perfeita adaptabilidade e adequação ao nosso caso, de sua bem-
aventurança inefável.

E agora, em resumo. Como pode um crente verdadeiro saber se ele é um dos eleitos de Deus? Ora, o
próprio fato de que ele é um Cristão genuíno o evidencia, pois uma crença em Cristo é a consequência
segura de Deus tê-lo ordenado para a vida eterna (Atos 13:48). Porém, para ser mais específico. Como
posso conhecer a minha eleição? Em primeiro lugar, pela Palavra de Deus tendo chegado em poder
Divino à alma, de forma que a minha auto-complacência é quebrada e minha justiça própria renunciada.
Em segundo lugar, pelo Espírito ter me convencido de minha condição lamentável, de culpado e
perdido. Em terceiro lugar, por ter me revelado a adequação e suficiência de Cristo para atender o meu
caso desesperado, e por uma concessão Divina de fé, levando-me a lançar mão de e descansar sobre Ele
como minha única esperança. Em quarto lugar, pelas marcas da nova natureza dentro de mim: o amor a
Deus, um apetite pelas coisas espirituais, um anelo por santidade, uma busca por conformidade com
Cristo. Em quinto lugar, pela resistência que a nova natureza faz à velha natureza, levando-me a odiar o
pecado e abominar-me por isso. Em sexto lugar, por diligentemente evitar tudo o que é condenado pela
Palavra de Deus, e porsinceramente arrepender-me e humildemente confessar cada transgressão. A
falha neste ponto mui certa e rapidamente trará uma nuvem escura sobre a nossa segurança, fazendo
com que o Espírito retenha o Seu testemunho. Em sétimo lugar, empregando toda a diligência para
cultivar as graças Cristãs, e usando todos os meios legítimos para essa finalidade. Assim, o conhecimento
da eleição é cumulativo.

Em quarto lugar, a bem-aventurança dessa doutrina aparece em que uma verdadeira apreensão da
mesma é um grande promotor da santidade. De acordo com o propósito Divino, os eleitos são
destinados a uma santa vocação (2 Timóteo 1:9). Na realização dessepropó-sito, eles são real e
efetivamente trazidos à santidade. Deus os separa de um mundo ímpio. Ele escreve no coração deles a
Sua Lei e afixa neles o Seu selo. Eles são feitos partici-pantes da natureza Divina, sendo renovados à
imagem dAquele que os criou. Eles são uma habitação de Deus, seus corpos se tornam o templo do
Espírito Santo, e eles são condu-zidos por Ele. Uma mudança gloriosa é, portanto, neles operada,
transformando seu caráter e conduta. Eles lavam as suas vestiduras e as branqueiam no sangue do
Cordeiro. Para eles, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo. Esquecendo-se das coisas que atrás
ficam, eles prosseguem para as coisas que estão diante. Eles são reis e sacerdotes para Deus e, ainda
serão adornados com coroas de glória.
Há aqueles que, em sua ignorância, dizem que a doutrina da eleição é uma doutrina licenci-osa, que a
crença nela é avaliada como algo que leva a produzir descuido e uma sensação de segurança enquanto
se vive em pecado. Essa acusação é uma reflexão blasfema sobre o seu autor Divino. Esta verdade, como
nós mostramos longamente, ocupa um lugar de destaque na Palavra de Deus, e esta Palavra é santa, e
toda ela útil para a instrução na justiça (2 Timóteo 3:16). Todos e cada um dos apóstolos criam e
ensinavam essa doutrina, e eles foram os promotores de piedade e não incentivadores da vida relaxada.
É verdade que esta doutrina, como todas as outras Escrituras, pode ser pervertida por homens ímpios e
colocada em mau uso, mas até agora, enquanto militando contra a verdade, isso apenas serve para
demonstrar a temível extensão da depravação humana. Nós também admitimos que homens não-
regenerados podem intelectualmente defender essa doutrina e, em então, firmarem-se em uma inércia
fatal. Mas nós enfaticamente negamos que uma recepção dela, de coração, produzirá qualquer efeito
tal como este.
Que fé, obediência, santidade são as consequências inseparáveis e frutos da eleição é ine-quivocamente
claro a partir das Escrituras (Atos 13:48; Efésios 1:4; 1 Tessalonicenses 1:4-7, Tito 1:1), e tem sido
totalmente estabelecido por nós nos capítulos anteriores. Como pode ser de outra forma? A eleição
sempre envolve regeneração e santificação, e quando uma alma regenerada e santificada descobre que
ela deve a sua renovação espiritual unicamente à soberana predestinação de Deus, o que ela pode ser,
senão verdadeiramente agradecida e profundamente grata? E de que outra maneira ela pode expressar
sua gratidão, do que em um santo caminhar de obediência frutífera? Uma apreensão do amor eterno de
Deus por ela necessariamente despertará nela um amor sensível a Deus, e onde quer que este exista,
haverá um esforço sincero para agradá-lO em todas as coisas. O fato é que um sentido espiritual da
distintiva graça de Deus é o mais poderoso motivo de constrangimento para a piedade genuína.

Em sexto lugar, a eleição deve ser pregada, porque incita à santidade. O que pode ser um incentivo mais
poderoso à piedade do que um coração que está dominado por um sentimento da soberana e
maravilhosa graça de Deus!? A percepção de que Ele estabeleceu Seu coração sobre mim desde toda a
eternidade, que Ele me escolheu dentre muitos, quando eu não tinha mais direito sobre Sua atenção do
que eles tinham, que Ele me escolheu para ser um objeto de Seu favor distintivo, dando-me a Cristo,
escrevendo o meu nome no livro da vida, e em Seu tempo determinado trazendo-me da morte para a
vida e dando-me a união vital com o Seu Filho amado; este fato me encherá de gratidão e fará com que
eu busque honrar e agradar a Deus. O amor eletivo de Deus por nós gera em nós um amor sem fim por
Ele. Nenhuns motivos tão doces ou tão poderosos quanto o amor de Deus nos constrangem.

A Doutrina da Eleição, página 22, 45, 70, 72-73, 139-140, 141-142, 148-149, 155, 182

Pesquisar sobre predestinação na Suma Teológica, de Tomás de Aquino nos volumes e páginas:
Volume 1: 435 – 456
Volume 2: 225, 226
Volume 4: 853
Volume 8: 59 – 66, 116, 184, 362, 369 – 377

Lista em ordem de leitura e a marcaçã o das pá ginas dos principais e-books sobre a eleiçã o:
Enciclopédia Histó rico-Teoló gica da Igreja Cristã : 546 – 548
Institutas da Religiã o Cristã (Joã o Calvino): 390 – 444
Dogmá tica Reformada (Herman Bavinck): 401 – 407
Compêndio de Teologia Apologética (François Turrettini): 418 – 473
Teologia Sistemá tica (Charles Hodge): 738 – 767
Breve Catecismo Comentado (Thomas Watson): 80 – 124
Confissã o de Fé Comentada (A. A. Hodge): 94 – 110
Catecismo Maior Comentado (Johannes Geerhardus Vos): 50 – 57
A Predestinaçã o dos Santos (Agostinho de Hipona): 5 – 74
A Doutrina da Eleiçã o (Arthur W. Pink): 5 – 190
A Bíblia e a Predestinaçã o (John Gresham Machen): 6 – 48
A Doutrina da Salvaçã o (Steve Dawson): 3 – 19

Rascunho para montar o tó pico ‘’A Eleiçã o e os Seus Aspectos’’


Definiçã o teoló gica da eleiçã o divina;
Abordagem dos aspectos da eleiçã o divina

Sobre a definiçã o da eleiçã o, é importante incluir os Câ nones de Dort, a Confissã o de Fé de


Westminster e algum teó logo (Agostinho de Hipona e Charles Hodge)

Enciclopédia Histó rico-Teoló gica da Igreja Cristã


Segundo o beneplácito de Deus; O objeto da eleiçã o é a raça humana caída; A eleiçã o divina é em
Cristo; A eleiçã o divina envolve tanto a salvaçã o dos eleitos quanto os meios para este fim; A eleiçã o
divina é individual, pessoal, específica e particular; A eleiçã o divina é para o louvor e gló ria da graça
e misericó rdia de Deus

Institutas da Religiã o Cristã


Segundo o beneplácito de Deus (387 – 390); Individual e particular (391); incondicional (393 – 395,
396 – 399); A eleiçã o leva à santificaçã o (396); A eleiçã o é concretizada pela evangelizaçã o; A
eleiçã o é para o louvor da Sua misericó rdia; Como a Eleiçã o deve ser pregada; Os eleitos sã o
chamados eficaz e infalivelmente (424 – 427); A garantia e a certeza da eleiçã o (427); Cristo o
fundamento da eleiçã o; O eleito jamais perde a salvaçã o (432);
As Institutas possuem tó picos muito repetitivos, porém, todos eles sã o importantes. Ao escrever
cada aspecto, é necessá rio ler todos os tó picos das Institutas

Dogmá tica Reformada


Significado e definiçã o teoló gica da eleiçã o

Compêndio de Teologia Apologética


Cristo nã o é a causa e o fundamento da eleiçã o (438 – 443), A causa e o fundamento da eleiçã o está
no beneplá cito de Deus e é incondicional (446 – 455), A imutabilidade e a infalibilidade da eleiçã o
(455 – 464), A segurança e a certeza da eleiçã o (465 – 473)

Teologia Sistemá tica (Charles Hodge)


Deus desenvolveu seu plano na eternidade (738 – 740), Definiçã o teoló gica da eleiçã o (751 – 753),
A coerência da eleiçã o (754), A eleiçã o e a providência (755 – 756), A eleiçã o e a soberania de Deus
(756 – 757), Os fatos bíblicos provam a eleiçã o (757 – 759), A eleiçã o leva à santificaçã o (759), A
salvaçã o pela graça evidencia a eleiçã o (760 – 761), A eleiçã o explicada nas Escrituras (761 – 763),
A obra de Cristo e a eleiçã o (763 – 764)
É importantíssimo e imprescindível ler todos os tó picos, especialmente os da pá gina 738 – 757,
para formular o significado e a definiçã o teoló gica da doutrina da eleiçã o

Breve Catecismo Comentado


Eternidade (80 – 85), Imutabilidade (85 – 91), Soberania (98 – 104), Santidade (104 – 111), Justiça
(111 – 116), Misericó rdia (116 – 124)

Confissã o de Fé Comentada
Eternidade e imutabilidade (94 – 95), A responsabilidade humana (95 – 96), A eleiçã o é absoluta e
incondicional (96 – 98), A eleiçã o é infalível (98 – 100), A eleiçã o baseia-se no beneplá cito divino
(100 – 103), Deus também determinou os meios para a salvaçã o, incluindo o sacrifício de Cristo, a
evangelizaçã o e a regeneraçã o (104 – 107)
Catecismo Maior Comentado
Eternidade e imutabilidade (50 – 51), Responsabilidade humana (52), A eleiçã o baseia-se no
beneplácito divino (53 – 57)

A Predestinaçã o dos Santos


A eleiçã o torna efeito a evangelizaçã o, vocaçã o e conversã o (7 – 11, 26 – 30, 35 – 39, 54 – 57, 58 –
59, 64 – 66, 67 – 70), incondicional (22 – 23), A eleiçã o leva à santificaçã o (38 – 39, 60 – 63)
Em todo o livro, Agostinho ressalta que a eleiçã o divina nã o ocorreu pela presciência das obras
humanas ou mesmo da fé, mas tã o somente por Sua vontade soberana. O segundo ponto que o
teó logo ressalta é que a predestinaçã o é pela graça, jamais por merecimento humano, e para a
gló ria de Deus. Terceiro ponto: a eleiçã o divina torna efeito a vocaçã o eficaz, a conversã o e a
santificaçã o. Ou seja, Deus nos escolheu para nó s crermos n’Ele, nã o porque previu que iríamos
crer, o Senhor nos escolheu para tornar santos e irrepreensíveis, nã o porque previu que iríamos
tornar santos. Até mesmo a fé inicial, bem como a preservaçã o dos eleitos para a vida eterna é dom
de Deus.

A Bíblia e a Predestinaçã o
Definiçã o teoló gica da eleiçã o (6 – 17, 28 – 31, 33 – 35), Refutaçã o da acusaçã o de injustiça por
parte de Deus (38 – 39), A eleiçã o torna efeito a evangelizaçã o (40 – 41)

A Doutrina da Salvaçã o
Segundo o beneplácito de Deus (3 – 4, 10), O conhecimento de antemã o (4 – 5), A soberania de Deus
(5-6), Definiçã o teoló gica da eleiçã o (10), Incondicional (11), Pessoal e individual (11 – 12),
Particular e preferencial (12 – 13), Graciosa (13), Justiça (14 – 15), Eternidade e imutabilidade (15),
A base da eleiçã o é o amor de Deus (16)

A Doutrina da Eleiçã o
Segundo o beneplácito de Deus (28 – 35), Cristo o objeto da predestinaçã o (36 – 47), Seletividade
(48 – 60), Incondicional (75-77), Supralapsarianismo X Infralapsarianismo (77 – 79), Eleitos em
Cristo (82 – 87), A eleiçã o leva à regeneraçã o, conversã o, santidade, perseverança e glorificaçã o (88
– 102), Os efeitos da eleiçã o (102 – 124), A certeza da eleiçã o (125 – 150)
Devido à falta de tempo, ficou impossibilitada a leitura e a aná lise deste livro. Porém, este livro será
consultado quando cada etapa da eleiçã o for escrita detalhadamente, ou durante a revisã o do
artigo.

Dicioná rio Bíblico Wycliffe


Definiçã o teoló gica da eleiçã o (623), Seletividade (624), Soberania (624), Eternidade (624),
Individual e particular (624 – 625), A infalibilidade ou a segurança da eleiçã o (625), Os meios que
concretizam a eleiçã o (625), A certeza da eleiçã o (625), Os efeitos ou os resultados da eleiçã o (626)

Bíblia de Estudo de Genebra


Definiçã o teoló gica da eleiçã o (1488)

Teologia Sistemá tica (Franklin Ferreira)


Suporte bíblico da eleiçã o (726 – 736), A eleiçã o leva efeito à evangelizaçã o (753 – 755)

Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof)


Segundo o beneplácito divino (107), Imutabilidade (108), Eternidade (108), Incondicional (108),
Irresistível (108), Justiça (108)

Teologia Sistemá tica (Wayne Grudem)


Suporte bíblico (561 – 562), Para a gló ria de Deus (563), A eleiçã o leva efeito à evangelizaçã o (563),
Nã o se baseia na previsã o de obras ou fé das pessoas (565 – 568), Incondicional (568 – 569)
Teologia Sistemá tica (Robert Culver)
Suporte bíblico (891 – 893), Segundo o beneplá cito de Deus (893 – 896), Para a gló ria de Deus
(896-897), A soberania divina na eleiçã o (896 – 897)

Tó picos que faltam acrescentar aos aspectos da eleiçã o:


Graciosa (talvez)
A obra redentora de Cristo
Cristo nã o é o fundamento da eleiçã o
A obra do Espírito Santo (falta escrever sobre uniã o com Cristo e glorificaçã o)

Lista em ordem de leitura e a marcaçã o das pá ginas dos principais e-books sobre a reprovaçã o:
Enciclopédia Histó rico-Teoló gica da Igreja Cristã : 1424 (ver também as pá ginas 558 – 559, 1317)
Institutas da Religiã o Cristã (Joã o Calvino): 408 – 419, 437 – 444
Dogmá tica Reformada (Herman Bavinck): 395 – 401
Compêndio de Teologia Apologética (François Turrettini): 473 – 517
Confissã o de Fé Comentada (A. A. Hodge): 94 – 110
Catecismo Maior Comentado (Johannes Geerhardus Vos): 54 – 57
A Doutrina da Salvaçã o (Steve Dawson): 16 – 17
Dicioná rio Bíblico Wycliffe: 1683 (ver também 603 – 604)
Escolhidos em Cristo (Samuel Falcã o): 158 – 174
Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof): 108 – 110

Rascunho para montar o tó pico ‘’A Reprovaçã o e os Seus Aspectos’’


Definiçã o teoló gica da reprovaçã o divina;
Abordagem dos aspectos da reprovaçã o divina

Sobre a definiçã o da eleiçã o, é importante incluir os Câ nones de Dort, a Confissã o de Fé de


Westminster e algum teó logo (Agostinho de Hipona, Joã o Calvino, Charles Hodge, Herman Bavinck)

Enciclopédia Histó rico-Teoló gica da Igreja Cristã


Definiçã o teoló gica (1424), endurecimento do coraçã o (557 – 558), preteriçã o (1316)

Institutas da Religiã o Cristã


A afirmaçã o da eleiçã o implica na realidade da reprovaçã o (408 – 409), A reprovaçã o nã o é injusta,
se baseia na vontade de Deus e é misteriosa (409 – 411), A reprovaçã o é justa e merecida para os
réprobos (411 – 412, 414), A vontade de Deus é inescrutá vel, profunda e misteriosa (412 – 413), A
Queda de Adã o e seus descendentes foi preordenada por Deus (415 – 416), Embora tenha sido
preordenado, a causa e a responsabilidade da condenaçã o está no homem (417 – 418, 439 – 440), A
Reprovaçã o é para o louvor da gloriosa justiça divina (418 – 419), Endurecimento do coraçã o (437
– 439), Resposta aos supostos trechos que contradizem a reprovaçã o (440 – 442), Consideraçõ es
finais (442 – 444)
Ao escrever sobre a reprovaçã o, Joã o Calvino preocupa-se primeiramente em defender a doutrina e
refutar as falsas acusaçõ es, para depois expressar a formulaçã o e afirmaçã o teoló gica da doutrina.
Das pá ginas 408 – 418 e 440 – 444 dizem respeito as refutaçõ es das acusaçõ es dos inimigos da
doutrina, das pá ginas 418 – 419 e 437 – 439 tratam sobre a formulaçã o teoló gica da doutrina

Dogmá tica Reformada


Suporte bíblico da reprovaçã o (395 – 396), A soberania divina na reprovaçã o (396 – 398), O
decreto da reprovaçã o é distinto do ato divino da condenaçã o (398 – 399), Deus nã o obriga ou
impulsiona ninguém a pecar (399 – 400), Embora a graça salvífica lhes seja negada, os réprobos
recebem muitos dons e bênçã os temporais de Deus (400), A reprovaçã o é para a gloriosa justiça de
Deus (400 – 401)
Compêndio de Teologia Apologética
Esclarecimento acerca do assunto (uma espécie de introduçã o, 473 – 474), A reprovaçã o inclui os
aspectos negativo (negaçã o da graça e deixar no estado de corrupçã o) e positivo (puniçã o dos
pecados, ato de endurecer o coraçã o, condenaçã o, 474 – 476), O decreto da reprovaçã o depende tã o
somente da vontade soberana de Deus e é absoluto (476 – 480), Embora a incredulidade seja
consequência da reprovaçã o, a causa e a responsabilidade do pecado está no homem (480 – 485), A
incredulidade é consequência da reprovaçã o, nã o a antecede, mas a segue (enquanto que a eleiçã o
nã o é meritó ria, a reprovaçã o é meritó ria, enquanto que o decreto de reprovaçã o se baseia na
vontade soberana de Deus, o ato de condenar se baseia na incredulidade do Evangelho e da violaçã o
e rebeldia contra a Lei de Deus, 485 – 488), Deus jamais intencionou salvar toda a raça humana
(491 – 517)

Confissã o de Fé Comentada
A soberania de Deus em Seus decretos (94 – 101), A Reprovaçã o inclui os aspectos negativo e
positivo (107 – 108)

A Doutrina da Salvaçã o
Introduçã o (16 – 17)

Dicioná rio Bíblico Wycliffe


Definiçã o teoló gica (1883), endurecimento de coraçã o (603 – 604)

Escolhidos em Cristo
Introduçã o (157 – 158), Definiçã o teoló gica (159 – 161), Suporte bíblico (161 – 169), A reprovaçã o
é justa (169 – 172), Os resultados prá ticos da reprovaçã o (172 – 174)
Samuel Falcã o faz ó tima introduçã o, esclarecimentos, suporte bíblico e uma excelente defesa da
doutrina

Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof)


Introduçã o e definiçã o teoló gica (108 – 110)

Tó picos sobre a reprovaçã o:


Introduçã o (a dificuldade de se crer na doutrina entre os cristã os até mesmo aqueles que crêem na
eleiçã o; os esclarecimentos quanto à doutrina; a forte ligaçã o entre a eleiçã o e a reprovaçã o, ou seja,
a eleiçã o implica na reprovaçã o; todas as coisas dependem exclusivamente da vontade divina até
mesmo a reprovaçã o e nã o é injusto; a soberania de Deus na salvaçã o ou para derramar sua graça e
na providência; Deus nã o trata a todos igualmente e isto evidencia que Ele jamais intencionou
salvar a todos; o suporte bíblico da doutrina; conceito e definiçã o teoló gica da reprovaçã o. A
negaçã o desta doutrina da parte de muitos cristã os nã o anula ou apaga este importante
ensinamento, tampouco muda alguma coisa. Assim como a luz do sol nã o se apaga ou é anulada
pelo fato do cego de nascença nã o conseguir enxergar, da mesma forma é com aqueles que se
recusam a crer nesta doutrina a todo custo)
O decreto da reprovaçã o tem como causa fundamental a vontade soberana de Deus (o decreto da
reprovaçã o é absoluto, a razã o pela qual Deus escolhe um e rejeita ou pretere outro é baseado tã o
somente na vontade de Deus. Nossa mente falha e limitada nã o pode e nã o consegue ir além desta
resposta, pois se nos indagarmos a respeito se há algo além da vontade divina, nossa resposta é que
nã o sabemos. Porém, devemos sempre aceitar que a vontade de Deus é boa, sá bia, justa e santa.
Devemos aceitar que nem sempre compreenderemos a vontade de Deus, devemos confiar que tudo
aquilo que o Senhor faz é bom e devemos parar de tentar descobrir os mistérios que Deus nã o
permitiu revelar pela Sua Palavra. A causa fundamental do decreto da reprovaçã o nã o pode ser o
pecado, pois como toda a humanidade é pecadora, logo ninguém seria salvo. Diferenciar entre
decreto da reprovaçã o e o ato de condenaçã o em si. Ao contrá rio do decreto de reprovaçã o, o ato de
condenaçã o tem como causa fundamental o pecado. Em outras palavras, o ato de condenaçã o
consiste na puniçã o eterna dos pecados. Portanto, o ato de condenaçã o leva em conta a puniçã o de
pecados, enquanto que no primeiro caso nã o. Embora o pecado tenha surgido depois do decreto da
reprovaçã o, e que a sua entrada no mundo estivesse de acordo com a vontade de Deus, ninguém
pense que Deus impulsionou ou provocou alguém a pecar, pois Deus é santo e odeia o pecado. O
pecado surgiu no coraçã o do homem, o qual pecou por sua pró pria vontade e sem a intervençã o de
ninguém, colocou-se debaixo da maldiçã o e da condenaçã o eterna. Ninguém forçou o homem a
pecar, pelo contrá rio, ele pró prio quis pecar. Enquanto que na eleiçã o o Senhor concede aquilo que
o homem nã o merece, a saber, a graça salvadora, no decreto da reprovaçã o e do ato da condenaçã o
Deus concede aquilo que o homem merece, a saber, a puniçã o eterna pelos pecados)
O aspecto negativo da reprovaçã o (na eternidade Deus rejeitou ou preteriu uma parte da
humanidade, determinou nã o salvá -la, negando-lhe ou omitindo-lhe a graça, deixando-a
permanecida no estado corrupto e seguir o curso de sua natureza pecadora. Embora o decreto da
reprovaçã o preceda ao pecado, a causa do pecado nã o se encontra em Deus, mas no homem, visto
que Deus nã o impele ou incentive alguém a pecar, Ele é santo, mas o pecado é resultado do estado
de corrupçã o da sua natureza, o homem peca por meio da sua vontade e por isso é responsá vel por
seus atos)
O aspecto positivo da reprovaçã o (aquelas pessoas que Deus deixou seguir o curso da natureza
pecadora, permitindo que a vontade corrupta do homem fazer o seu querer, decretou na eternidade
punir o pecado destas pessoas e condená -las eternamente, que na Bíblia refere-se a expressõ es
como ‘’vasos de ira preparados para a condenaçã o’’, ‘’destinados à condenaçã o’’. Este aspecto
positivo da reprovaçã o também é chamado de pré-condenaçã o (realizado na eternidade). Enquanto
que o aspecto negativo resume-se no fato que Deus decidiu nã o usar de misericó rdia com os
réprobos, negar ou omitir a graça e deixá-los permanecer e seguir sua vontade corrupta, o ato
positivo resume-se no fato em que Deus determinou agir com puniçã o aos pecados dos homens e
condená-los. Por isso, o decreto da reprovaçã o é distinto e mais extenso ou amplo que o ato da
condenaçã o (realizado no tempo).
A chamada do evangelho é universal (enquanto que os eleitos atendem a esta chamada com o
auxílio divino para a gló ria da graça e misericó rdia de Deus, os réprobos rejeitam o chamado e
endurecem ainda mais o coraçã o para a gló ria da justiça de Deus. A chamada do evangelho em
relaçã o aos eleitos e aos réprobos funciona da seguinte forma: enquanto que a luz do sol derrete a
cera, é esta mesma luz que endurece o barro. Este tó pico está relacionado com a dureza do coraçã o,
que também é importante explicar. Porém, em nada de especial ou de maior valor possuem os
eleitos, a distinçã o entre os eleitos e réprobos está baseado na vontade divina. Apó s escrever sobre
a descrença natural do reprovado em relaçã o ao Evangelho, escrever também sobre a revelaçã o
geral de Deus manifesta nas obras da Sua criaçã o, na natureza, na mente e no coraçã o do homem e
pela histó ria e que é visível e conhecida por todos os homens, a qual também é igualmente rejeitada
pelos reprovados, até mesmo por aqueles que jamais conheceram o Evangelho)
Os réprobos sã o alvos da graça comum de Deus (embora o Senhor nã o os queira salvar e nã o os
ame a ponto de desejar a salvaçã o destes, contudo Deus concede misericó rdia a estes pelas bênçã os
terrestres a fim de atender Seus propó sitos e abençoar a vida dos eleitos, muitas vezes os réprobos
sã o mais abençoados na vida terrena que os eleitos)
Deus nã o tem prazer na morte do ímpio (embora Deus nã o queira salvar a todos e nã o tem prazer
na condenaçã o do ímpio, contudo assim o faz porque ao salvar a uns e condenar a outros, Sua gló ria
é ainda mais claramente manifestada, assim como também Deus manifesta Sua misericó rdia e
justiça por meio da eleiçã o)
A incredulidade nã o é a causa fundamental do decreto da reprovaçã o (ESCREVER no tó pico da
vontade de Deus como fundamento do decreto da reprovaçã o e no tó pico da chamada universal do
Evangelho. Esta idéia da incredulidade como fundamento do decreto da reprovaçã o será refutada e
servirá para reafirmar ainda mais a vontade de Deus como o fundamento do decreto da
reprovaçã o)
Assim como a eleiçã o, a reprovaçã o também comprova que Deus jamais intencionou salvar toda a
humanidade (ESTUDAR)
O decreto da reprovaçã o tem como alvo maior e final manifestar a gló ria da justiça de Deus
(escrever também que este decreto tem como objetivo punir os pecados dos réprobos. ESTUDAR
MAIS)
Apó s ler todos os livros, ler novamente As Institutas e Louis Berkhof para escrever e construir mais
tó picos sobre o decreto da reprovaçã o
Ler os comentá rios bíblicos de Joã o Calvino, William Hendriksen, John Murray, William Barclay,
Robert Charles Sproul, Matthew Henry e a Dogmá tica Reformada de Herman Bavinck para explicar
as passagens em favor do decreto da reprovaçã o, os demais trechos que parecem contradizer a
reprovaçã o e para melhorar e aprimorar o tó pico sobre o decreto da reprovaçã o
Estudar as passagens relacionadas à reprovaçã o com os comentá rios bíblicos já mencionados
anteriormente
Saber equilibrar as duas teses presentes na reprovaçã o: a soberania de Deus em rejeitar a quem
quer e a o estado pecaminoso do homem que o leva livremente a escolher rejeitar a Cristo. Primeiro
escrever minuciosamente sobre a soberania de Deus, para depois escrever minuciosamente sobre a
vontade corrupta do homem

O decreto da reprovaçã o é um ato divino feito na eternidade, de forma livre, imutá vel e soberana e
baseada unicamente na vontade de Deus, em que determinou nã o salvar o restante da humanidade,
deixar a massa corrupta permanecer no pecado e seguir seu pró prio curso e condenar ou punir os
ímpios por causa de seus pecados, com o objetivo manifestar a gló ria da Sua justiça. Fazer distinçã o
entre o decreto da reprovaçã o (realizado na eternidade) e o ato da condenaçã o (realizado no
tempo). A estas pessoas que Deus determinou nã o salvá -las, também nã o foram redimidas por
Cristo e por isso nã o sã o regeneradas, convertidas, santificadas e glorificadas pelo Espírito Santo.
Todas as coisas sã o feitas segundo a vontade soberana de Deus, para atender aos Seus propó sitos e
desígnios, de modo que venha a glorificar o Seu nome, até mesmo o ímpio foi feito para o dia do
mal. Embora nossa mente falha e limitada nã o consiga entender todos os propó sitos divinos, jamais
podemos acusar o Senhor de ser injusto ou mal, apenas devemos crer que tudo aquilo que o Senhor
é bom, reto, justo e sá bio. Assim como a eleiçã o, o decreto da reprovaçã o faz parte da
predestinaçã o. Como vimos, a predestinaçã o possui dois aspectos opostos entre si, em que na
eleiçã o Deus determina a salvaçã o, já na reprovaçã o Deus determina nã o salvar outros, deixar os
ímpios seguirem seu pró prio caminho e condená -los por seus pecados. A reprovaçã o é o lado
oposto da eleiçã o, porém, intrinsecamente ligada e dependente da eleiçã o, pois nenhum dos dois
aspectos da predestinaçã o pode existir sem o outro. Embora sejam dois decretos opostos, sã o
intimamente ligados, tal como a moeda que possui dois lados opostos e insepará veis.

ESCREVER SOBRE O QUE É ENDURECIMENTO HUMANO E DIVINO E DE QUE FORMA


ATUAM. DEPOIS DE ESCREVER TUDO SOBRE O ENDURECIMENTO, DIVIDIR EM TRÊ S
TÓ PICOS: O ENDURECIMENTO DIVINO NO ASPECTO POSITIVO, O ENDURECIMENTO
HUMANO E DIVINO, A FUNÇÃ O DO EVANGELHO: SALVAR OS ELEITOS E ENDURECER OS
REPROVADOS. ESCREVER SOBRE A FUNÇÃ O E PROPÓ SITO DAS PARÁ BOLAS. ESCREVER
SOBRE A REVELAÇÃ O NATURAL E ESPECIAL. ESCREVER SOBRE O QUE É O
ENDURECIMENTO HUMANO E DIVINO, NO QUE CONSISTE E COMO ATUA. ESCREVER NA
SEGUINTE ORDEM: REVELAÇÃ O NATURAL, REJEIÇÃ O E ENDURECIMENTO HUMANO
(DESVIO PARA A IDOLATRIA, ATEÍSMO E IMORALIDADE), ENDURECIMENTO DIVINO
(ENTREGA AOS PECADOS DO CORAÇÃ O, PREGAÇÃ O DO EVANGELHO PARA ENDURECER O
CORAÇÃ O). ESCREVER ASSIM, ANOTAÇÕ ES: QUANDO DEUS OS REJEITA, SÃ O ORDENADOS
PARA A PERDIÇÃ O, AUTOMATICAMENTE OS ÍMPIOS SE LANÇAM À PERDIÇÃ O. UMA VEZ
QUE OS ÍMPIOS SE LANÇARAM À PERDIÇÃ O, ELES REJEITAM A REVELAÇÃ O NATURAL DE
DEUS... O PROPÓ SITO DAS PARÁ BOLAS DE JESUS TAMBÉ M ILUSTRA A FUNÇÃ O DO
EVANGELHO DE DEUS: SALVAÇÃ O AOS ELEITOS E JUSTIÇA AOS REPROVADOS. O
PROPÓ SITO DAS PARÁ BOLAS DE JESUS MOSTRA COMO DEUS ATUA NO CORAÇÃ O DOS
ÍMPIOS: DEUS OBSCURECE, DIFICULTA O ENTENDIMENTO DOS ÍMPIOS PARA A SALVAÇÃ O,
PERMITE AOS INCRÉ DULOS ENTENDEREM A MENSAGEM PARA A CONDENAÇÃ O, POIS
DEUS NÃ O QUER SALVÁ -LOS, ELE QUER CONDENAR E JULGAR SEUS ATOS PECAMINOSOS.
QUANDO DEUS DIFICULTA O ENTENDIMENTO DA MENSAGEM DA SALVAÇÃ O, OS ÍMPIOS
TAMBÉ M ENDURECEM A SI MESMOS. NINGUÉ M PODE CULPAR E RESPONSABILIZAR A
DEUS PELA CONDENAÇÃ O DOS ÍMPIOS, POIS LIVREMENTE E SEM COERÇÃ O REJEITAM A
DEUS E A SUA PALAVRA E DESEJAM DE TODO O CORAÇÃ O CONTINUAR NO CAMINHO DA
IMPIEDADE. EMBORA NOSSA MENTE FALHA E IMPERFEITA NÃ O POSSA COMPREENDER
TOTALMENTE ESTE MISTÉ RIO, É DESTE MODO QUE A BÍBLIA EXPLICA A
PECAMINOSIDADE HUMANA. QUANDO DEUS ENTREGA UMA PESSOA, UMA SOCIEDADE,
UMA NAÇÃ O OU UMA GERAÇÃ O INTEIRA AO PECADO, PODEMOS ENTENDER O ATUAL
ESTADO DAS COISAS: POLÍTICOS CORRUPTOS E QUE APROVAM LEIS INFAMES, JUÍZES QUE
NÃ O PUNEM E ATÉ RECOMPENSAM OS CRIMINOSOS, SOCIEDADE CADA VEZ MAIS HOSTIL
A PALAVRA DE DEUS E QUE AO MESMO TEMPO APROVA ABERTAMENTE A IMORALIDADE.
QUANDO DEUS ENTREGA OS ÍMPIOS PARA PRATICAR OS DESEJOS PECAMINOSOS DO
CORAÇÃ O E ESTES TAMBÉ M SE ENTREGAM CADA VEZ MAIS A IMORALIDADE, A IRA DE
DEUS SE ACUMULA CADA VEZ MAIS SOBRE ELES, DE TAL FORMA QUE A JUSTIÇA DE DEUS
É MAIS CLARAMENTE MANIFESTA QUANDO OS ÍMPIOS PRATICAM O QUE DESEJAM. O
PROPÓ SITO DE DEUS DE ENTREGAR OS ÍMPIOS À CORRUPÇÃ O É JULGÁ -LOS PARA A
CONDENAÇÃ O... O ENDURECIMENTO DIVINO É POSTERIOR AO ENDURECIMENTO
HUMANO, É UM ATO JUDUCIAL, RETRIBUITIVO... O ENDURECIMENTO HUMANO E DIVINO
TAMBÉ M TEM OUTROS PROPÓ SITOS, TAMBÉ M SERVE PARA ABENÇOAR O POVO DE DEUS,
POIS É ATRAVÉ S DA JUSTIÇA DE DEUS SENDO CLARAMENTE MANIFESTA NA VIDA DOS
ÍMPIOS É QUE GERA TEMOR NOS FILHOS DO SENHOR, ATRAVÉ S DA JUSTIÇA DE DEUS
PODE VER MAIS CLARAMENTE A MISERICÓ RDIA DE DEUS MANIFESTADA SOBRE SEU
POVO, VEJA OS EXEMPLOS DE FARAÓ , DO REI DE SEOM E DOS REIS CANANEUS NA É POCA
DE JOSUÉ . AO VERMOS A JUSTIÇA DE DEUS SENDO APLICADA NOS ÍMPIOS, PODEMOS
ENTENDER MAIS CLARAMENTE A MISERICÓ RDIA DE DEUS SOBRE OS ELEITOS.
PODERÍAMOS SER CONTADOS ENTRE OS REPROVADOS, MAS DEUS QUIS EXERCER
MISERICÓ RDIA SOBRE NÓ S, AINDA QUE NÃ O MERECEMOS O FAVOR DE DEUS, TÃ O
SOMENTE A IRA. OU SEJA, A SALVAÇÃ O É UM ATO DE GRAÇA, FAVOR IMERECIDO, NÃ O
VEM DAS OBRAS OU DE NÓ S MESMOS. A CONSEQUÊ NCIA DISSO É QUE GERA TEMOR DE
DEUS E HUMILDADE EM NÓ S NESTE TÓ PICO LER: AS INSTITUTAS E OUTROS LIVROS DE
TEOLOGIA E COMENTÁ RIOS BÍBLICOS... NOS DEMAIS TÓ PICOS SOBRE O ENDURECIMENTO
LER OS LIVROS: AS INSTITUTAS, DOGMÁ TICA REFORMADA, COMENTÁ RIOS BÍBLICOS DE
JOÃ O CALVINO E JOHN MURRAY
VERSÍCULOS SOBRE ENDURECIMENTO HUMANO: EX 8:3, EX 33:5, MC 3:5, MC 16:14, EF
4:17-19, 2CR 36:11-20, SL 81, 119:65-71, JR 5:20-31, JR 7:1-27, JR 19:1-15, EZ 2:3-7, EZ 3:4-
10, (JO 12:37-40), AT 7:41-42,51-53, RM 1:18-23, RM 3:9-18, RM 10:21

VERSÍCULOS SOBRE O ENDURECIMENTO DIVINO: EX 4:21, EX 7:3, DT 2:30-31, JS 11:16-20,


IS 6:9-12, IS 63:16-17, JR 19:1-15, EZ 14:4-5 (MT 13:10-15, MC 4:10-12, LC 8:9-11, JO 12:37-
40), AT 28:19-28, RM 1:24-32, RM 9:18, RM 11:7, 2TS 2:9-11

Comentá rios bíblicos sobre o endurecimento humano e divino:

 Ê xodo: Cultura Bíblica (74-75), Bíblia de Genebra


 Deuteronô mio: Cultura Bíblica (91-92), Bíblia de Genebra
 Josué: Cultura Bíblica (185-186), Bíblia de Genebra
 2 Crô nicas: Cultura Bíblica (434-436), Bíblia de Genebra
 Salmos: Comentá rio de Agostinho (211-213), Joã o Calvino (223-227), Bíblia de Genebra
 Isaías: Cultura Bíblica (94-95), Bíblia de Genebra
 Jeremias: Cultura Bíblica (62-63, 67-69, 88-89), Bíblia de Genebra
 Ezequiel: Cultura Bíblica (58-60, 61-63), Bíblia de Genebra
 Mateus: D. A. Carson (362-368), William Hendriksen (70-76), Bíblia de Genebra
 Marcos: William Hendriksen (193-197), Bíblia de Genebra
 Lucas: William Hendriksen (560-562), Bíblia de Genebra
 Joã o: D. A. Carson (447-451), Joã o Calvino (44-48), Cultura Bíblica (232-234), William
Hendriksen (587-590), Bíblia de Genebra
 Atos: William Hendriksen (363-366), William Hendriksen (615-622), Bíblia de Genebra
 Romanos: Joã o Calvino (57-73, 116-119, 342-344, 386-387, 397-398), John Murray (62-81,
127-133, 388-391, 423-425, 432-436), William Hendriksen (90-112, 164-168, 468-469),
Martyn Lloyd-Jones (414-477), Martyn Lloyd-Jones (209-226), Martyn Lloyd-Jones (53-65),
Bíblia de Genebra
 Efésios: Martyn Lloyd-Jones (32-67), William Hendriksen (248-251), Joã o Calvino (108-112),
Bíblia de Genebra

Aspecto positivo da reprovação: como já foi estudado anteriormente, o aspecto negativo


da reprovaçã o consiste em que Deus nã o atua com Sua graça salvadora sobre os reprovados,
deixando-os permanecer em seu estado corrupto e a seguir seu pró prio caminho, em que Deus
determina nã o atuar de forma favorá vel sobre os reprovados, nã o os liberta de seu estado
corrupto em que eles mesmos se colocaram, ou seja, o aspecto negativo da reprovaçã o é um ato
passivo. Enquanto isso, o aspecto positivo da reprovaçã o é ativo, há a atuaçã o divina neste
aspecto. Enquanto que no aspecto negativo a atuaçã o é indireta, no aspecto positivo a açã o é
direta. Estas pessoas que Deus deixou seguir o curso de sua pró pria natureza, a estas que foram
permitidas pela vontade soberana de Deus fazerem o que lhe agradam, conforme o desejo mau e
corrupto de seus coraçõ es. Estas pessoas nã o sã o coagidas ou forçadas por Deus a continuarem
vivendo em pecado, suas vidas sã o marcadas pelo pecado por meio de sua pró pria vontade, por
desejarem seguirem os desejos e anseios maus e corruptos de seus coraçõ es. Ou seja, por meio de
sua pró pria vontade, se nã o haver a atuaçã o da graça salvadora, estas pessoas jamais desejam se
libertar deste estado, estas pessoas nã o querem entregar e confiar suas vidas nas mã os do Deus
Todo-Poderoso, mas preferem continuar vivendo em pecado como se nã o houvesse a Autoridade
Má xima e Juiz Supremo para julgar seus atos. Por causa da recusa natural dos reprovados para se
sujeitar a Deus, o Senhor decretou na eternidade punir os pecados destas pessoas e condená -las
eternamente (Rm 2:2-10, 9:22-23; 1Pe 2:7-8; Jd 1:4; Ap 11:15-18). O aspecto positivo resume-se
no fato em que Deus determinou agir de forma ativa e direta em punir e condenar os homens por
causa de seus pecados. Esta é outra diferença entre o aspecto negativo e positivo na reprovaçã o:
no primeiro, Deus escolhe uns e rejeita outros com base tã o somente na Sua soberana vontade,
enquanto que no segundo, Deus julga e condena os reprovados na eternidade com base no pecado
destes. Este julgamento feito na eternidade é expresso na Bíblia como ‘’vasos de ira preparados
para a condenaçã o’’, ‘’destinados à condenaçã o’’, ‘’destinados ao juízo’’. Embora o julgamento de
Deus na eternidade e o ato da condenaçã o têm como base a puniçã o dos pecados dos reprovados,
sã o distintos porque o primeiro é realizado na eternidade, enquanto o segundo é realizado no
tempo. O primeiro caso também é chamado de pré-condenaçã o ou destinaçã o à condenaçã o (Rm
9:22-23, 1Pe 2:7-8, Jd 1:4) e o segundo caso de Dia do Senhor ou Dia do Juízo (Mt 10:15, 11:20-24,
12:33-37; Rm 2:1-5; 2Pe 2:9; Jd 1:5-7; Ap 11:18). Uma vez que Cristo veio ao mundo sem pecado,
tentado em todas as coisas e que jamais pecou, adquiriu justiça perfeita diante do Pai e se tornou
representante federal de todos aqueles que entregaram suas vidas ao Redentor. Para que Cristo
pudesse fazer a reconciliaçã o dos eleitos com o Pai, assumiu o lugar de todos os eleitos, tornou-se
culpado no lugar destes e pagou a penalidade dos pecados que é a morte. Porém, como os
reprovados naturalmente rejeitam a Cristo, nã o estã o revestidos pela perfeita justiça de Cristo,
nã o há outro como Jesus que pague a penalidade dos pecados para conduzir à vida eterna, por isso
permanecem no pacto de obras e seus pecados sã o levados em conta no julgamento divino. Desta
forma, por causa da sua rejeiçã o natural a Cristo, permanecem sob o juízo de Deus, sã o chamados
de ‘’filhos da desobediência’’, ‘’filhos da ira’’, ‘’inimigos de Deus’’, ainda estã o escravos do pecado e
que por causa da sua rebeldia contra Deus irã o prestar contas diante do tribunal de Deus e o justo
juízo será a condenaçã o para a morte eterna. O meio, recurso ou instrumento para cumprir o
decreto da condenaçã o que o Senhor utiliza é o endurecimento (Jo 12:39-40, Rm 9:18) e a
cegueira espiritual ou judicial dos réprobos (Is 6:9-12, 44:9-20; Sl 69:23-28; Mt 13:10-15; Mc
4:10-12; Lc 8:9-11; Jo 12:37-40; Rm 11:7-10; 2Co 3:14-18, 4:4-5; Ef 4:17-19; 1Jo 2:9-11), os quais
também sã o determinados na eternidade e cumpridos na histó ria. Quanto ao endurecimento, há
muitas dú vidas, controvérsias e polêmicas entre os cristã os. Assim como ocorre no caso da eleiçã o
e da reprovaçã o, há muita dificuldade em entender esta doutrina por causa do sentimentalismo
humano, do temor que causa este ensinamento e por causa do raciocínio imperfeito do homem
que além de nã o entender o que foi revelado da parte do Senhor ainda especula os mistérios nã o
revelados na Palavra de Deus. Muitos preferem negar ou distorcer sobre a doutrina do
endurecimento, porém devemos ser sinceros e verdadeiramente dispostos a entender o assunto
da perspectiva bíblica. O conceito ou definiçã o teoló gica da palavra endurecimento ou dureza do
coraçã o é a teimosia inflexível, constante e irreversível do homem quanto as coisas espirituais de
Deus. Significa resistência impenitente e persistente à Palavra de Deus, tanto em crer quanto em
se sujeitar aos mandamentos de Deus. Um homem endurecido resiste com todas as suas forças em
crer na Palavra e se sujeitar a Deus, sua teimosia é inflexível e irreversível, é insensível a açã o do
Espírito Santo. Em outras palavras, um coraçã o endurecido resiste, de forma obstinada, com todas
as forças ao chamado do Evangelho, é hostil quanto a tudo que se relaciona a Deus. O
endurecimento consiste em resistir em corresponder com fé e obediência ao chamado do
Evangelho e ao que diz na Palavra. Uma pessoa endurecida nã o deseja crer na Palavra e também
nã o quer se submeter a Deus. Segundo as Escrituras, o agente ou o autor do endurecimento é
atribuído tanto ao homem (Ê x 8:3, 33:5; 2Cr 36:11-20; Jr 5:20-31, 7:1-27, 19:1-15; Ez 2:3-7, 3:4-
10; Mc 3:1-5, 16:14; At 7:51-54; Rm 1:18-23, 3:9-18, 10:21; Ef 4:17-19), quanto a Deus (Ê x 4:21,
7:3; Dt 2:30-31; Js 11:16-20; Sl 81:11-12; Is 6:9-12, 63:16-17; Jr 19:1-15; Ez 14:4-5; At 7:41-42;
Rm 1:24-32; Rm 9:18, 11:7-8; 2Ts 2:7-12; 1Pe 2:7-8). Na Bíblia, o endurecimento pode se
direcionar a uma pessoa, como também pode se estender a uma geraçã o ou à s naçõ es inteiras (Ê x
4:21, 7:3; Js 11:20; Is 6:10-11, 29:9-14; Rm 11:7-25; 2Co 3:14; Ef 4:18). Para aqueles que ainda se
recusam a crer que o Senhor endurece o coraçã o do homem, a Palavra de Deus diz: ‘’Eu, porém,
endurecerei o coraçã o do Faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas
maravilhas’’ (Ê x 7:3), ‘’Torna insensível o coraçã o deste povo e fecha-lhe os olhos; para que nã o
venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coraçã o, e se converta e
seja salvo’’ (Is 6:10), ‘’Logo, tem ele misericó rdia de quem quer e também endurece a quem lhe
apraz’’ (Rm 9:18). As Escrituras também afirmam que o Senhor cria os ímpios para o dia do mal
(Pv 16:4), Ele envia a operaçã o do erro para julgar aqueles que nã o creram na verdade (2Ts 2:7-
12), aqueles que rejeitam a Cristo é porque foram destinados à desobediência (1Pe 2:7-8). Há
muita discussã o sobre como atua o endurecimento divino e a sua relaçã o com a parte humana. As
discussõ es se concentram principalmente em dois pontos: se é anterior ou posterior à dureza
humana, se é positivo ou negativo. Sobre o assunto, a Bíblia afirma que Deus decretou o
endurecimento dos réprobos na eternidade (1Pe 2:7-8), porém este endurecimento só é cumprido
na histó ria apó s a dureza humana. Quando o homem endurece a si mesmo, Deus endurece seu
coraçã o de forma ativa e direta, como uma resposta à parte humana, uma retribuiçã o. O
endurecimento divino é no sentido judicial e retribuitivo, quando o homem endurece a si mesmo,
Deus literalmente endurece seu coraçã o, torna-o ainda mais resistente, teimoso e rebelde para o
chamado do Evangelho. Como uma resposta e retribuiçã o judicial ao endurecimento humano, o
Senhor dificulta, obstrui e cega o entendimento humano quanto à s coisas espirituais. O Senhor
torna o coraçã o do ímpio ainda mais resistente para manifestar mais claramente Sua justiça para a
condenaçã o destes. Quando o Senhor endurece uma pessoa, esta responde a Deus endurecendo-se
ainda mais a si mesmo, de tal forma que quando o Dia do Juízo chegar, nenhum ímpio terá queixas
ou desculpas para se apresentar diante do Julgamento de Deus, de tal forma que é impossível o
pecador impenitente escapar do justo julgamento e condenaçã o de Deus. Muitos cristã os
respondem que Deus nã o precisa endurecer literalmente os reprovados porque os seus pró prios
pecados os levam à condenaçã o, bastando apenas um simples abandono ou uma mera permissã o
de Sua vontade para que os reprovados pequem sem limites, porém, as Escrituras comprovam o
contrá rio. No estudo do contexto histó rico-teoló gico do livro de Ê xodo, no trecho de Ê x 1:8-14
declara que os israelitas viviam sob rígida servidã o aos egípcios, de tal forma que o povo escravo
era muito aflito e o sofrimento era severo demais para suportar, ou seja, o coraçã o do faraó já era
mal, duro, obstinado e teimoso. Como resultado, nos versículos de Ê x 4:21-23 e 7:1-6 declaram
que Deus endureceu o coraçã o de faraó de forma positiva, isto é, tornou-o mais resistente contra
Moisés. As dez pragas contra o Egito demonstraram os propó sitos deste endurecimento:
julgamento divino contra faraó por ser ímpio e impor dura escravidã o aos hebreus, demonstraçã o
e manifestaçã o de Seu poder para que Suas grandezas fossem conhecidas por toda a terra, libertar
Seu povo da opressã o egípcia e levá -lo para a terra prometida. Em Dt 2:30-36 e Js 11:16-23, a
promessa divina da terra prometida para os filhos de Abraã o em Gn 15:1-21 começa a se cumprir.
Apesar de o Senhor ter sido fiel à s promessas para o Seu povo, todavia a naçã o de Israel desde o
início foi ímpia e infiel para com Deus. Dois trechos bíblicos que percorrem todo o AT e
caracterizam a grande maioria ímpia da naçã o: ‘’dura cerviz’’ e ‘’fazia o que era mal perante os
olhos do Senhor’’. Nos tempos de Moisés, quando logo apó s a Aliança que fez com Deus (Ê x 24:3-
8), o povo se corrompeu e idolatrou um bezerro de ouro (Ê x 32:1-9); no período de Juízes em que
a falta de empenho para ensinar sobre o ser de Deus, Sua Aliança e Sua Lei de uma geraçã o mais
antiga para a mais nova resultou em falta de conhecimento do Senhor, incredulidade e idolatria à
Baal (Jz 2:10-23); nos tempos em que Judá e Israel eram dois reinos separados e independentes,
onde o povo era ímpio, imitava o que havia de pior nas naçõ es pagã s e ainda perseguia os profetas
levantados por Deus. Por causa da dureza e da rebeldia do povo (Jr 5:20-31), Deus julgou os
pecados da naçã o judaica, decidiu endurecer o povo por meio da pregaçã o do profeta Isaías (Is
6:9-12, 63:16-17), em que diz: ‘’Torna insensível o coraçã o deste povo’’ para entregar Judá para o
cativeiro babilô nico (2Rs 25:1-22, 2Cr 36:17-21, Jr 25:8-12, Hb 1:5-11). O trecho bíblico mais
conhecido dos cristã os e que traz mais detalhes sobre o endurecimento divino é o de Rm 1:18-32.
Quando o apó stolo Paulo escreveu este trecho, estava se referindo aos gentios, especialmente aos
gregos e romanos. O argumento do apó stolo é que apesar dos gentios nã o conhecerem a Lei de
Moisés e os Profetas, também sã o indesculpá veis como os judeus por pecarem contra o Santo
Deus, por isso merecem a justa ira de Deus. Apesar dos gentios nã o terem acesso ao Antigo
Testamento, o Senhor claramente Se tornou conhecido deles ao revelar Seu ser, Seus atributos
invisíveis e Seu eterno poder ‘’desde o princípio do mundo’’ por meio das coisas criadas, da
natureza e dos fenô menos naturais (Rm 1:19-20). Apesar dos gentios terem conhecido a Deus por
meio da revelaçã o natural, e que por isso sã o indesculpá veis, ‘’nã o o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças’’. Ou seja, os gentios rejeitaram a revelaçã o natural dada por Deus, em vez de
prestarem culto ao verdadeiro Deus, endureceram-se a si mesmos (‘’obscurecendo-se-lhes o
coraçã o insensato’’), especularam em seus vã os pensamentos para formar ídolos em semelhança
de homens e animais para adorar-lhes, adorando a criatura no lugar do Criador (Rm 1:21-23). Por
haverem desprezado a revelaçã o natural, o Senhor julgou a rebeldia dos gentios e decidiu punir
seus pecados (Rm 1:24-32). A expressã o ‘’entregar’’ (Rm 1:24,26,28) significa mais que um mero
abandono ou permissã o para os gentios pecarem ainda mais. O verbo deve ser entendido no
sentido positivo, em que Deus ordenou os gentios a praticarem coisas inconvenientes, o Senhor
obscureceu suas mentes para praticarem ainda mais a iniquidade. A palavra ‘’entregar’’ nas
Escrituras sempre se refere no sentido positivo, nã o no negativo (Gn 14:20; Dt 2:33; 1Sm 28:19;
2Cr 13:16; Sl 31:5, 37:5, 106:14; Mt 11:27, 27:2, 27:50; Mc 10:33; Lc 23:46; 1Co 5:5; Gl 1:4, 2:20).
Apesar de estarem entregues ao pecado, os gentios conhecem a sentença de Deus contra seus
maus atos, mas por estarem profundamente imersos nas trevas do pecado, nã o apenas continuam
em sua rebeldia contra o Criador e ignorando o julgamento de Deus, mas também aprovam
quando os demais praticam a perversã o e a depravaçã o (Rm 1:32). O trecho bíblico de 2Ts 2:9-12
trata sobre o que consiste o endurecimento divino de forma mais clara e dogmá tica que Rm 1:18-
32. O contexto da passagem bíblica de 2Ts 2:9-12 é sobre a segunda vinda de Jesus Cristo e os
sinais que antecedem esta vinda. O apó stolo Paulo tratou deste assunto porque os tessalonicenses
pensavam que Cristo já chegou, chamado de o ‘’Dia do Senhor’’. Logo no início o apó stolo nega a
hipó tese de que há duas fases na segunda vinda, pelo contrá rio, o apó stolo afirma que quando
Cristo voltar já irá arrebatar a sua Igreja, a comunidade de santos fieis em Cristo, indicado pela
expressã o ‘’à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reuniã o com ele’’, note que nã o há um
intervalo entre a vinda de Jesus e o arrebatamento da Igreja. Ou seja, o arrebatamento da Igreja é
simultâ neo à segunda vinda de Cristo (1Co 15:23, 1Ts 2:19). A segunda vinda de Cristo é sinô nima
da expressã o ‘’Dia do Senhor’’, que no AT é usada para indicar o dia em que Deus destró i
definitivamente todos os seus inimigos. Ou seja, quando Cristo voltar, destruirá todos os inimigos
do Senhor e de Seu povo (2Ts 2:8). Há inú meras passagens bíblicas que indicam que o Dia do
Senhor é simultâ neo ao arrebatamento da Igreja (1Ts 5:2 cf. 1Co 1:7-8, 2Co 1:14, Fp 2:16). Ou seja,
enquanto Cristo volta e destró i todos os inimigos do povo de Deus, ao mesmo tempo a Igreja será
arrebatada. Porém, Paulo indica dois sinais que antecedem a volta de Cristo: a apostasia e a
apariçã o do ‘’homem da iniquidade’’, também chamado de anticristo (2Ts 2:3). A apostasia nada
mais é que o abandono da fé de muitos que professaram na vida a fé cristã (1Tm 4:1, 2Tm 3:1-9, Jd
1:17-19), o que por isso só já indica que tais pessoas fazem parte dos reprovados, pois se fossem
eleitas seriam compelidas pelo Espírito a perseverarem na fé em Cristo (2Ts 2:13-15). Quando o
anticristo vier, irá perseguir tudo relacionado à Deus, incluindo a Igreja, infiltrará no meio dela
para ser adorado como um deus, levando muitos ao engano e à perdiçã o (2Ts 2:9-12), infiltraçã o
que é indicada pela expressã o ‘’assentar-se no santuá rio de Deus’’ (2Ts 2:4). A expressã o
‘’santuá rio de Deus’’ diz respeito aos crentes, pois sã o considerados como o templo e a habitaçã o
do Espírito Santo (Rm 8:11, 1Co 6:19-20, Ef 2:19-22, 1Pe 2:5). O motivo para a vinda do anticristo
é para enganar apenas os reprovados (‘’aos que perecem’’), já que estes primeiramente rejeitaram
a chamada do Evangelho (‘’nã o acolheram o amor da verdade para serem salvos’’), antes
preferiram continuar na iniquidade (‘’deleitaram-se com a injustiça’’). Como os reprovados nã o
acolheram a verdade e ainda se entregaram ao pecado, Deus obstrui o entendimento destes ao
enviar o anticristo para enganá -los e serem julgados por suas má s obras (2Ts 2:11-12). Portanto,
em todos os trechos bíblicos sobre o assunto, o endurecimento divino é no sentido positivo e
retribuitivo, ato de justiça divina, uma resposta ao endurecimento humano. Quando uma pessoa é
endurecida pelo Senhor e seu coraçã o se torna cada vez mais teimoso e resistente, Deus também
conduz o reprovado à cegueira espiritual (Is 6:9-12, 44:9-20; Sl 69:23-28; Mt 13:10-15; Mc 4:10-
12; Lc 8:9-11; Jo 12:37-40; Rm 11:7-10; 2Co 3:14-18, 4:3-5; Ef 4:17-19; 1Jo 2:9-11). O conceito e
definiçã o teoló gica de cegueira espiritual é um estado em que, quando uma pessoa se torna
insensível ao chamado do Evangelho, neste estado a mente do reprovado fica obscurecida ou
entenebrecida e que por isso nã o consegue entender ou perceber com clareza as coisas espirituais.
Uma pessoa que está cega para as coisas espirituais rejeita a chamada do Evangelho. Esta
incapacidade de entender as coisas espirituais faz com que a pessoa nã o dê importâ ncia à Palavra
de Deus, nã o atribui o devido valor, julga como perda de tempo entregar sua vida ao Senhor e por
isso deseja com todas as suas forças atender aos anseios pecaminosos de seu coraçã o. Quando
Deus endurece e cega espiritualmente uma pessoa, esta se fez merecedora deste juízo porque
escolheu deliberadamente e sem coerçã o se entregar ao pecado e rejeitar de forma impenitente ao
Senhor. Quando Deus conduz uma pessoa à cegueira espiritual é porque o Senhor quer julgar e
condenar esta por causa de sua rebeldia aos padrõ es divinos da Lei e à constante entrega ao
pecado. A estas pessoas entregues à cegueira, o Senhor nã o quer exercer misericó rdia, nã o deseja
conceder a salvaçã o, mas quer exercer a justiça por causa de seus pecados, quer condená -las por
causa de sua rebeliã o (Mt 13:11-15, Mc 4:10-12, Rm 1:28-32). Esta cegueira faz com que a pessoa
consiga no má ximo entender que está sob o juízo de Deus, mas nã o consegue entender de forma
clara e cristalina a mensagem da salvaçã o, por isso nã o consegue crer na Palavra, muito menos em
corresponder com fé e submissã o ao Senhor. A Bíblia registra que o homem natural, se a graça de
Deus nã o atuar sobre ele, nã o consegue entender as coisas do Espírito, por isso nã o aceita o
chamado do Evangelho (1Co 2:14) e considera a mensagem da cruz uma loucura (1Co 1:18-25).
Assim como no caso do endurecimento, a cegueira é um ato positivo da parte de Deus e
retribuitivo. Ou seja, o Senhor literalmente tira a capacidade da pessoa de entender a mensagem
da salvaçã o e é uma resposta à rebeliã o e ao endurecimento humano. Como uma resposta e
retribuiçã o judicial ao endurecimento humano, o Senhor dificulta, obstrui e cega o entendimento
humano quanto à s coisas espirituais. Assim como no caso do endurecimento, para aqueles que
negam a atuaçã o divina na cegueira espiritual, ao estudarmos porque a maioria dos israelitas
rejeitou o Senhor é ‘’Porque o Senhor derramou sobre vó s o espírito de profundo sono, e fechou os
vossos olhos’’ (Is 29:9-13 cf. Is 6:9-12), ‘’Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para nã o
ver, ouvidos para nã o ouvir’’ (Rm 11:1-10). O Senhor também cegou o entendimento dos gentios
pelo mesmo motivo que os judeus, a rebeldia contra Deus: ‘’E, por haverem desprezado o
conhecimento de Deus, o pró prio Deus os entregou a uma disposiçã o mental reprová vel, para
praticarem coisas inconvenientes’’ (Rm 1:28-32). O motivo porque Jesus explicou muitas coisas
por pará bolas é porque enquanto aos eleitos é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus (Mt
13:11, Mc 4:11, Lc 8:10), aos reprovados nã o lhes foi permitido conhecer estes mistérios (Mc 4:11,
Mt 13:11-14, Jo 12:37-39), ‘’para que, vendo, vejam e nã o percebam; e, ouvindo, ouçam e nã o
entendam’’ (Mt 13:13-14, Mc 4:12, Lc 8:10, Jo 12:40), ‘’Porque o coraçã o deste povo está
endurecido’’ (Mt 13:15), ‘’para que nã o venham a converter-se’’ (Mt 13:15, Mc 4:12, Jo 12:40).
Assim como Cristo relatou em suas pará bolas, o apó stolo Paulo também relaciona a incapacidade
de crer dos judeus em At 28:23-27 à profecia de Is 6:9-12. Paulo também registra que assim como
o véu que cobriu o rosto de Moisés para nã o ver sua gló ria, este mesmo véu está posto no coraçã o
dos judeus que os impedem de ver a gló ria de Cristo no AT (2Co 3:13-18), ou seja, compara esta
incapacidade de crer com o véu que cobriu o rosto de Moisés. Segundo o apó stolo, esta cegueira
também está sobre os gentios, os quais estã o ‘’obscurecidos de entendimento, alheios à vida de
Deus por causa da ignorâ ncia em que vivem, pela dureza do seu coraçã o’’ (Ef 4:18-19). Desta
forma, o homem é conduzido ao juízo e condenado de forma mais claramente manifesto. Este é o
pedido do rei Davi sobre os ímpios, em que ele diz: ‘’Obscureçam-se-lhes os olhos, para que nã o
vejam; e faze que sempre lhes vacile o dorso. Derrama sobre eles a tua indignaçã o, e que o ardor
da tua ira os alcance. Pois perseguem a quem tu feristes e acrescentam dores à quele que
golpeaste. Soma-lhes iniquidade sobre iniquidade, e nã o gozem da tua absolviçã o. Sejam riscados
do Livro dos Vivos e nã o tenham registro com os justos’’ (Sl 69:23-28).
DAR A DEFINIÇÃ O TEOLÓ GICA SOBRE O QUE É REVELAÇÃ O NATURAL OU CONHECIMENTO
UNIVERSAL DE DEUS. ESQUEMA SOBRE A REVELAÇÃ O NATURAL OU GERAL OU CONHECIMENTO
UNIVERSAL DE DEUS: INTRODUÇÃ O, O QUE É REVELAÇÃ O EM SI, O QUE É REVELAÇÃ O GERAL,
EXPLICAR COMO SE DÁ A REVELAÇÃ O GERAL E DEPOIS ENTRAR EM DETALHES EM CADA FORMA
DE SE CONHECER A DEUS, A INSUFICIÊ NCIA DESTA REVELAÇÃ O PARA A SALVAÇÃ O E A SUA
FINALIDADE PRINCIPAL, A REJEIÇÃ O DOS HOMENS A REVELAÇÃ O NATURAL, E PORQUE TODOS OS
HOMENS SÃ O INDESCULPÁ VEIS DIANTE DE DEUS. MANIFESTAÇÃ O DO CONHECIMENTO DE DEUS,
DOIS MEIOS QUE DEUS SE DÁ A CONHECER AOS HOMENS: INTERNO (IMAGEM DE DEUS, SENSO DE
DIVINDADE, LEI MORAL DIVINA IMPLANTADA NA CONSCIÊ NCIA HUMANA), EXTERNO (POR MEIO
DOS FENÔ MENOS NATURAIS E DA OBRA DA NATUREZA, A ORGANIZAÇÃ O HARMONIOSA E DA
CRIAÇÃ O DE LEIS HUMANAS E A JUSTIÇA HUMANA, A SABEDORIA HUMANA COMO REFLEXO DA
SABEDORIA DIVINA, O CUIDADO PROVIDENCIAL DE DEUS, O GOVERNO E O JUÍZO DE DEUS SOBRE
O MUNDO E OUTROS EXEMPLOS). LIVROS PRINCIPAIS SOBRE A REVELAÇÃ O GERAL:
ENCICLOPÉ DIA HISTÓ RICO-TEOLÓ GICA,

ESCREVER QUE O CONHECIMENTO DE DEUS, A SABER, A EXISTÊ NCIA DE DEUS, É


DEMONSTRADA UNIVERSALMENTE, EM TODA A HUMANIDADE. A EXISTÊ NCIA DE DEUS É
DEMONSTRADA ATRAVÉ S DO SENSO DE DIVINDADE QUE HÁ EM CADA HOMEM (ECLESIASTES), DO
SENSO DE MORALIDADE NA CONSCIÊ NCIA (A QUAL APONTA O QUE É CERTO E ERRADO). NÃ O SÓ
NO INTERIOR DO HOMEM, MAS NO MEIO EXTERNO, ATRAVÉ S DA OBRA DE DEUS NA NATUREZA,
ELE MANIFESTA SUA DIVINDADE, SEUS ATRIBUTOS E SEU ETERNO PODER. TODA A HUMANIDADE
POSSUI O CONHECIMENTO DE DEUS, MESMO ENTRE OS POVOS MAIS PRIMITIVOS E SEM
CONHECIMENTO DO EVANGELHO. PORÉ M, ESTE CONHECIMENTO DE DEUS, MANIFESTADO NO
MEIO INTERNO E EXTERNO, QUE CHAMAMOS DE REVELAÇÃ O NATURAL, É SUFOCADO E
REJEITADO PELO HOMEM, QUE PREFERE SE ENTREGAR À S VÃ S ESPECULAÇÕ ES, A IDOLATRIA, AO
ATEÍSMO E A IMORALIDADE. É PORQUE TODOS OS HOMENS POSSUEM O CONHECIMENTO DE DEUS
É SÃ O INDESCULPÁ VEIS NO DIA DO JULGAMENTO E PORQUE REJEITAM A DEUS É QUE SÃ O
CONDENADOS. ESCREVER SOBRE A REVELAÇÃ O NATURAL, A REJEIÇÃ O NATURAL DO HOMEM E
QUE É INDESCULPÁ VEL DIANTE DE DEUS, A FUNÇÃ O DO EVANGELHO NO ENDURECIMENTO DE
UNS E SALVAÇÃ O DE OUTROS.

SOBRE A REVELAÇÃ O NATURAL, LER OS SEGUINTES LIVROS: AS INSTITUTAS, WAYNE


GRUDEM, CHARLES HODGE, FRANÇOIS TURRETTINI, HERMAN BAVINCK, LOUIS BERKHOF,
ANTHONY HOEKEMA, HEBER CARLOS DE CAMPOS, DICIONÁ RIOS BÍBLICOS

Livros sobre o conhecimento universal de Deus:

 Institutas da Religiã o Cristã (Joã o Calvino): 44 – 67


 Enciclopédia Histó rico-Teoló gica (Walter Orwell): 462 – 463, 956, 1440 – 1442
 O Ser de Deus e os Seus Atributos (Heber Carlos de Campos): 28 – 34, 56 – 63
 Dogmá tica Reformada (Herman Bavinck): 60 – 71
 Criados à Imagem de Deus (Anthony Hoekema): 20 – 42, 78 – 115
 Antropologia Bíblica (Heber Carlos de Campos): 48 – 60
 Teologia Sistemá tica (Wayne Grudem): 97 – 104
 Teologia Sistemá tica (Franklin Ferreira): 53 – 85
 Teologia Sistemá tica (Robert Culver): 58 – 66, 78 – 88
 Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof): 33 – 36

O conhecimento de Deus é universal e por isso todos os homens são indesculpáveis:


quando Deus escolheu soberanamente na eternidade para reprovar pessoas que um dia ouviriam o
evangelho de Cristo pregado pela igreja, podemos concluir que a reprovaçã o foi justa porque tais
pessoas tiveram vidas marcadas pela entrega ao pecado, em rebeldia e oposiçã o a Deus e que sempre
rejeitaram a chamada do evangelho. Mas, quanto aos povos nã o-alcançados pela pregaçã o, pelas
pessoas que jamais ouviram o nome de Cristo, como a reprovaçã o se aplica? É sobre a situaçã o destas
pessoas que o presente tó pico trata. Em primeiro lugar, deve-se admitir que as Escrituras nã o tentam
comprovar a existência de Deus por meio de argumentos ló gicos, filosó ficos e científicos. O Livro
Sagrado simplesmente afirma que Deus existe, este é o ponto de partida e o primeiro pressuposto ou
fundamento da teologia cristã . Os escritores bíblicos jamais se preocuparam em comprovar a
existência de Deus, mas em descrever quem é Ele, a Sua essência, o Seu Ser, os Seus atributos, as Suas
obras por meio da criaçã o, da providência e do Seu soberano governo. O primeiro versículo da Bíblia
descreve as obras divinas: ‘’No princípio, criou Deus os céus e a terra’’ (Gn 1:1). Nã o se pode
comprovar a existência de Deus jamais pode ser testado por métodos científicos. É inú til e
desperdício de tempo tentar conhecer a essência divina por meras especulaçõ es filosó ficas ou pela
curiosidade humana. Deus nã o se submete aos padrõ es humanos, Ele nã o pode ser testado ou
experimentado pelo homem, nã o é objeto de estudo a ser descoberto pelo homem. É impossível ao
homem construir uma escada em direçã o ao céu para questionar o Ser de Deus. Até porque, pela
estrutura do homem, um ser limitado e pecador, jamais pode conhecer a Deus pelo uso do raciocínio,
pois o Senhor é infinitamente perfeito em todas as Suas obras, transcende ao entendimento humano.
Assim está escrito em 1Co 1:20-21: ‘’Onde está o sá bio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste
século? Porventura, nã o tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como, na sabedoria de
Deus, o mundo nã o o conheceu por sua pró pria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela
loucura da pregaçã o’’. Visto que o homem jamais compreender plenamente a Deus pelo uso de seus
métodos, Deus se tornou conhecido e compreendido ao entendimento humano de tal maneira que
toda a raça humana tem noçã o que Ele existe. Ou seja, Deus se manifestou ao homem de uma forma
compreensível, o que era desconhecido para o homem se tornou conhecido porque o Senhor
manifestou acerca de Seu Ser, Seu cará ter e padrã o moral, Suas obras, Sua vontade e Seu governo.
Portanto, o homem só pô de conhecer o Criador à medida que Ele revelou acerca de Si mesmo para
toda a raça humana. Este ato divino de Se tornar conhecido ao homem de uma forma compreensível
é chamado de revelaçã o. O trecho de Rm 1:18-32 registra sobre a necessidade da revelaçã o do Ser de
Deus para toda a raça humana, a inutilidade em tentar descrever o Senhor pelo raciocínio e
especulaçõ es filosó ficas que levam o homem a corromper o conhecimento do Ser de Deus e que por
fim traz a ira e o juízo de Deus sobre si mesmo: ‘’A ira de Deus se revela do céu contra toda
impiedade e perversã o dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se
pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de
Deus, assim o seu eterno poder como também a pró pria divindade, claramente se reconhecem, desde
o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens sã o, por
isso, indesculpá veis; porquanto tendo conhecimento de Deus, nã o o glorificaram como Deus, nem lhe
deram graças; antes, se tornaram nulos em seus raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coraçã o
insensato’’. Por causa da revelaçã o divina, toda a raça humana possui conhecimento de Deus, possui
a noçã o que Ele existe, que é o Criador e o Governador sobre todas as coisas e que também é o Justo
Juiz que possui um padrã o moral e cobrará de cada homem com base na Sua Lei, o que inclui tanto os
povos que tiveram contato com a Bíblia e também os que jamais ouviram o nome de Cristo. É por
causa do conhecimento universal sobre o Ser de Deus é que a evangelizaçã o se torna possível de ser
compreendida pelo homem. Por exemplo, o apó stolo Paulo diz aos gentios, que na época somente os
judeus tinham acesso a Escritura, que Deus ‘’nã o se deixou ficar sem testemunho de si mesmo,
fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estaçõ es frutíferas, enchendo o vosso coraçã o de alegria’’
(At 14:17). Aos atenienses, Paulo também disse: ‘’encontrei também um altar no qual está escrito: AO
DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos
anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra’’ (At
17:22-28). Embora muitas pessoas jamais ouviram o nome de Cristo, estas possuem discernimento
entre o certo e o errado, porque Deus implantou em cada homem Seus padrõ es morais que levam a
cada pessoa reconhecer por estes que há um Legislador Moral Supremo que irá julgar todos os
homens com base na Sua Lei: ‘’Quando, pois, os gentios, que nã o tem lei, procedem, por natureza, de
acordo com a conformidade com a lei, nã o tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes
mostram a norma da lei gravada no seu coraçã o, testemunhando-lhes também a consciência e os
seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de
Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho’’ (Rm 2:14-16). A
revelaçã o divina para toda a raça humana se deu e se dá de duas formas: natural (por meio das coisas
criadas e da estrutura humana) e especial (por meio das Escrituras). Como o assunto abordado é
sobre os povos nã o-alcançados pelo evangelho, trataremos apenas sobre a revelaçã o natural e de que
maneira ou como o homem recebe e interpreta o conhecimento de Deus.

A noçã o de que Deus existe, que há um Ser superior sobre todos é uma crença generalizada
de toda a raça humana, todos os homens já nascem com esta ideia, embora nã o saibam formular
conceitos corretos sobre Ele. Isto nã o significa que todos os povos do mundo conhecem exatamente o
Deus que se revelou nas Escrituras, mas acreditam que há um Ser superior que é bondoso, amoroso,
justo, poderoso, santo e que um dia exigirá prestaçã o de contas dos atos morais destes povos com
base na Lei divina no Tribunal divino (Rm 2:11-16). Por mais distante e isolada que seja alguma tribo
dos demais povos, possui certas noçõ es de Deus que é comum para todos os povos, como também
possui certos padrõ es morais do que é certo e errado que também é comum para todas as pessoas do
mundo e que um dia Deus julgará estes povos pela Lei que implantou em cada pessoa (Rm 2:11-16).
Isto é possível porque quando Deus criou o homem, estampou nele a Sua imagem e semelhança (Gn
2:7-8). Adã o tinha forte noçã o da existência e da presença de Deus, porque o Senhor se revelou para
Adã o e se relacionava com ele no jardim do É den. Mesmo apó s a Queda, a consciência de que Deus
existe ainda está no interior do homem, embora este fato tenha causado a quebra do relacionamento
do homem com Deus e que por isso é considerado morto espiritualmente. Esta noçã o da existência
de Deus se dá porque Deus implantou no homem duas propriedades de forma inapagá vel, que nem a
Queda conseguiu destruir: senso de divindade e a semente da religiã o. O senso de divindade diz
respeito que todo ser humano tem noçã o ou consciência que existe um Ser superior acima de todos,
que criou todas as coisas, possui seus padrõ es morais e julga a humanidade com base neles, que é
Todo-Poderoso, Eterno, que governa o universo, que regula o tempo e as estaçõ es do ano. Estas
noçõ es sobre Deus é uma crença comum para todos os povos. A noçã o de uma ú nica divindade que
rege o mundo nã o é uma ideia exclusiva dos israelitas e depois também dos cristã os. Nem mesmo o
monoteísmo (crença em um só Deus) veio depois do politeísmo (crença em vá rios deuses), pois a
Bíblia descreve pessoas e povos primitivos que criam em um só Deus, como por exemplo, os egípcios
(Agar em Gn 16:1,13 e o faraó em Gn 41:38), os filisteus (rei Abimeleque em Gn 20:3-8), os gregos
(atenienses em At 17:22-28), Enoque (Gn 5:18), Noé e sua família (Gn 6:9). Portanto, o politeísmo é a
corrupçã o do monoteísmo. Até mesmo o politeísmo evidencia o monoteísmo, apesar da multidã o de
ídolos, creem que uma ú nica divindade superior criou o mundo e todas as demais coisas, incluindo a
multidã o de ídolos que sã o como deuses menores, que um dia julgará toda a humanidade com base
nos seus padrõ es morais e que regula o tempo e as estaçõ es do ano, como no caso dos gregos,
romanos, hindus, germâ nicos, etc. Esta consciência de um Ser supremo está presente em todos os
homens, é inapagá vel, impossível de ser eliminada. Desta forma, é impossível o ateísmo real, pois o
ateu, embora nã o afirme explicitamente que Deus existe, o senso de divindade está nele. O que o ateu
faz é lutar para eliminar, sem sucesso, a consciência que Deus implantou nele, a noçã o de que o
Senhor existe. Conforme afirma o texto de Rm 1:18-22, o problema do panteísta, politeísta e do ateu
nã o é que desconhecem o Deus verdadeiro, na verdade todos os povos possuem noçã o da existência
de Deus. O problema é que estes povos, quando recebem o conhecimento de Deus, rejeitam e se
rebelam contra o Senhor, tentam sufocar e negar o conhecimento do Ser de Deus que receberam e
preferem confiar em suas especulaçõ es filosó ficas, científicas ou no misticismo pagã o. Mesmo assim,
a noçã o da existência continua no interior do homem, impossível de apagar, entã o o homem ímpio
luta durante toda a sua vida para apagar, sem sucesso, o senso de divindade. Nã o há como apagar
esta noçã o porque o homem foi criado à imagem e à semelhança de Deus, foi criado para glorificar o
Criador, sua estrutura reflete o cará ter, a sabedoria e a grandeza do Senhor (Gn 1:26-28). Embora a
Queda tenha causado o rompimento do relacionamento entre Deus e o homem e distorcido a imagem
de Deus no homem, nã o destruiu o senso de divindade. Como disse Joã o Calvino: ‘’Que existe na
mente humana, e na verdade por disposição natural, certo senso da divindade, consideramos como
além de qualquer dúvida. Ora, para que ninguém se refugiasse no pretexto de ignorância, Deus mesmo
infundiu em todos certa noção de sua divina realidade, da qual, renovando constantemente a
lembrança, de quando em quando instila novas gotas, de sorte que, como todos à uma reconhecem que
Deus existe e é seu Criador, são por seu próprio testemunho condenados, já que não só lhe rendem o
culto devido, mas ainda não consagram a vida a sua vontade’’.

Porém, a humanidade nã o apenas reconhece que há um só Deus Supremo, Criador de todas


as coisas, Todo-Poderoso e Justo. Ao entrar em contato com a revelaçã o natural e assim obtendo o
conhecimento de Deus, o homem nã o fica indiferente diante de Deus. Como o homem foi criado à
imagem e à semelhança de Deus, possui alguns atributos divinos em quantidade limitada (como
amor, longanimidade, misericó rdia, justiça, santidade, sabedoria, conhecimento, etc.), a estrutura do
corpo humano foi criada de tal forma que tudo nela reflete o cará ter de Deus. Mesmo apó s a queda,
quando o homem olha para si, percebe que há nele mesmo algumas características que refletem o
Criador. Assim como toda a criaçã o (Sl 19:1, Is 6:3), o homem foi criado por Deus para glorificar o
Senhor para sempre. Deus criou e fez do homem a criaçã o mais elevada e distinta das demais coisas
criadas, pois o homem foi feito para que pudesse administrar a criaçã o de do Senhor (Gn 1:26-28),
como uma espécie de vice-regente de Deus. Conforme afirmam os textos bíblicos de Gn 1:26-30,
2:16-17 e 3:8-10, o homem também foi criado para se relacionar e cultuar a Deus para sempre.
Glorificar a Deus significa reconhecer que Ele é Criador e Senhor de todas as coisas, engrandecer e
exaltar o Seu nome por tudo que acontece, oferecer culto À quele que é infinitamente mais Poderoso
que todas as criaturas, confiar e entregar o destino da vida para Deus, temer a Deus, obecedê-Lo e
amá -Lo acima de todas as coisas, ser fiel e viver de modo agradá vel ao Santíssimo (1Sm 12:24, Sl
100:1-5, Pv 3:1-10, Ec 12:13, 1Co 10:31). Em resumo, glorificar a Deus significa reconhecê-Lo como
ú nico Deus verdadeiro, Senhor e Criador de tudo que existe, prestar culto e louvor a Deus, temer,
amar e obedecer ao Senhor acima de todas as coisas. Portanto, o homem foi criado para prestar
louvor e culto a Deus por todas as coisas, o que só pode cumprido por meio de um relacionamento
correto, comunhã o com Deus. Adã o e Eva prestavam culto à Deus na ‘’viraçã o do dia’’ (Gn 3:8-10),
pois ainda tinham correto relacionamento com o Senhor. Porém, Adã o pecou contra Deus,
desobedeceu a Lei de Deus, rebelou-se contra o Senhor, o que ocasionou na quebra do
relacionamento correto que tinha com Deus, foi afastado e banido da presença do Senhor (Gn 3:17-
24). Como Adã o era o representante federal da raça humana, toda a humanidade sofreu também os
efeitos da Queda. Como Deus é Santo e que odeia o pecado, assim que a humanidade tornou-se
pecadora, foi banida da presença do Senhor, ou seja, o pecado quebrou a comunhã o entre Deus e o
homem, o relacionamento do homem com Deus passou a ser de inimizade, era impossível ao homem
restaurar aquela comunhã o perfeita por suas pró prias forças. Sem comunhã o, nã o há como glorificar
a Deus de modo correto. Nã o foi Deus que falhou quando criou o homem, mas foi o homem que
falhou em cumprir seu propó sito e que por isso encontra-se em situaçã o de separaçã o e inimizade
contra Deus (Is 59:1-3, Rm 3:23). Foi criado para cultuar a Deus, mas em seu estado pecaminoso
acaba dando louvor a criatura no lugar do Criador, desobedece a Lei do Senhor diariamente, em seu
coraçã o nã o há temor de Deus e odeia qualquer coisa ou assunto que se relaciona com Deus. É por
preferir glorificar a criatura ao invés do Criador é que o mundo possui tantas religiõ es, pois ao invés
de dar louvor a Deus acaba criando ídolos em forma de está tua ou adora fenô menos da natureza
como se fossem deuses (Rm 1:21-23). Para justificar suas transgressõ es contra o Deus ú nico e
verdadeiro, inutilmente o homem criou sistemas de sacrifícios de animais para tentar aplacar a ira de
seus ídolos. O homem falhou em cumprir seu propó sito em glorificar a Deus e nã o pode restabelecer
à quela comunhã o perdida por si mesmo. Joã o Calvino comentou sobre a semente da religiã o:
‘’Certamente, se em algum lugar se haja de procurar ignorância de Deus, em nenhuma parte é mais
provável encontrar exemplo disso que entre os povos mais retrógrados e mais distanciados da
civilização humana. E todavia, como declara aquele pagão, não há nenhuma nação tão bárbara,
nenhum povo tão selvagem, no qual não esteja profundamente arraigada esta convicção: Deus existe! E
mesmo aqueles que em outros aspectos da vida parecem diferir bem pouco dos seres brutos, ainda
assim retêm sempre certa semente de religião. Tão profundamente penetrou ela à mente de todos, que
este pressuposto comum se apegou tão tenazmente às entranhas de todos! Portanto, como desde o
princípio do mundo nenhuma região, nenhuma cidade, enfim nenhuma casa tenha existido que pudesse
prescindir da religião, há nisso uma tácita confissão de que no coração de todos jaz gravado o senso da
divindade’’. Porém, muitíssimo antes da Queda, o Senhor já havia estabelecido o plano da redençã o na
eternidade, escolheu e separou muitas pessoas para formar um povo exclusivamente Seu, as quais
foram escolhidas e separadas pelo Senhor com o propó sito de Lhe glorificar corretamente (Is 43:1-5;
Rm 9:10-24; Ef 1:4-12; 1Pe 2:9-10, 5:10). Também neste plano formado desde a eternidade, para
estas pessoas escolhidas individualmente para formar o povo particular do Senhor, foi decidido entre
a Trindade que o Filho de Deus resgataria este povo de volta para Deus (Ap 13:8). O Filho de Deus
assumiu forma de homem sem deixar de ser Deus, Jesus Cristo, que morreu em favor deste povo,
pagou com a morte a penalidade dos pecados destas pessoas separadas, restabeleceu à quela
comunhã o perdida no jardim do É den e que por isso estas pessoas podem glorificar o Senhor da
maneira como Ele se agrada (Jo 17:5-12, Ef 2:4-10, Ap 5:9).

Como já foi tratado do assunto de que maneira toda a humanidade tem noçã o da existência
de Deus mesmo apó s a Queda, o assunto no momento é de que maneira a raça humana pode
conhecer a Deus, ou seja, como os homens podem conhecer certos atributos e a essência do Ser de
Deus. O homem foi criado nã o apenas com a capacidade de saber que Deus existe, mas também pode
conhecer algumas coisas a respeito do Senhor, à medida que Ele se revela por meio das coisas
criadas. Porém, o homem nã o tem a capacidade de conhecer e descrever tudo ou de maneira
completa e satisfató ria sobre o Criador, pois é um ser finito e pecador, mas pode conhecer e
descrever alguns aspectos do Ser de Deus. Como já foi tratado anteriormente, jamais o homem
poderá obter conhecimento de Deus por meio de especulaçõ es filosó ficas ou no misticismo pagã o. Se
Deus desejasse nunca se revelar por meio das coisas criadas, jamais o homem poderia conhecer o
Senhor. E ainda que esteja implantada na constituiçã o humana a noçã o de que Ele existe, o homem
jamais poderia formular qualquer conceito sobre Deus se nã o houvesse a revelaçã o divina na
natureza, na conduçã o da histó ria (revelaçã o natural) e do registro de Seu Ser e de Suas obras nas
Escrituras (revelaçã o especial). Portanto, apenas o conhecimento de Deus implantado no homem,
que o faz ter noçã o da existência de Deus, nã o é suficiente para formular o conceito do Ser de Deus e
conhecer alguns de seus atributos, é preciso receber a revelaçã o natural e verbal. Como disse o
teó logo presbiteriano, Heber Carlos de Campos: ‘’Para que os seres humanos pudessem conhecer a
Deus, este não somente deu-lhes um conhecimento que está impresso na sua própria constituição
natural, como também um conhecimento que vem mediante as obras da criação e da sua condução da
História, e também o conhecimento derivado da revelação verbal, que está registrada nas Escrituras do
Antigo e do Novo Testamento’’. Geralmente, o conhecimento que o homem recebe de Deus é dividido
em inato e adquirido. O conhecimento inato significa que este já vem no interior do homem, nã o é
adquirido, nã o vem de fora da estrutura humana, o homem já nasce com este conhecimento. Este tipo
de conhecimento diz respeito ao senso de divindade e a semente da religiã o, conforme já foi
estudado anteriormente, também chamado de conhecimento implantado. Já o conhecimento
adquirido diz respeito à quilo que vem de fora da estrutura humana, à quele tipo de conhecimento que
nã o vem na estrutura humana logo no nascimento. Este tipo de conhecimento é adquirido com o
tempo, através da observaçã o da revelaçã o natural e verbal. Enquanto que o primeiro tipo de
conhecimento faz parte da natureza humana, é inerente à constituiçã o humana, o segundo tipo é
derivado ou produto da observaçã o, do estudo e da reflexã o. O primeiro tipo é intuitivo, enquanto o
segundo é com base na argumentaçã o e no raciocínio sobre a revelaçã o do Ser e das obras de Deus
nas coisas criadas e nas Escrituras. Apesar desta distinçã o, os dois tipos de conhecimento nã o estã o
em oposiçã o entre si, mas atuam em conjunto, ao mesmo tempo. Porém, também vale ressaltar que
todo conhecimento que o homem possui vem fora de si, é adquirido e assimilado com o tempo.
Somente a capacidade de aprender ou conhecer é inata, vem do interior do homem. Neste sentido,
todo conhecimento é adquirido. Com as definiçõ es dadas aos dois tipos de conhecimento, o assunto
irá tratar sobre os aspectos de ambos. Sobre o conhecimento inato, em primeiro lugar, é um
conhecimento intuitivo, nã o um produto elaborado pela alma. Isto significa que, quando os sentidos
entram em contato com as obras de Deus na criaçã o, imediatamente aprendemos mais sobre o Ser de
Deus, percebemos a realidade sobre Deus de forma convicta, sentimos que é verdade sobre o que
aprendemos, sem necessidade de usar o raciocínio para formular argumentos ló gicos com base em
premissas e conclusõ es (Rm 1:20). Em virtude dos efeitos da Queda, pode-se até tirar conclusõ es
erradas, mas percebemos e sentimos que é verdade o que aprendemos através da observaçã o da
natureza. Em segundo lugar, podemos conhecer sobre Deus porque o Criador criou a mente humana
para esta finalidade. Este tipo de conhecimento nã o deriva da observaçã o de fatores externos, mas
está impresso na mente humana, sem necessidade de formular argumentos ló gicos para provar que é
verdade. Embora o ser humano já nasça com a noçã o da existência de Deus, os conceitos sobre Ele só
sã o formulados com a observaçã o da revelaçã o natural. Portanto, o Senhor criou e preparou a mente
para aprender conceitos sobre Ele mesmo. Em terceiro lugar, o conhecimento implantado é provado
pelas leis morais que o Criador implantou em cada pessoa. A prova de cada pessoa possui o senso de
divindade é que Supremo Legislador implantou suas leis morais na nossa alma (Rm 2:14-15). Todos
já nascem com este discernimento, embora na fase infantil uma pessoa nã o saiba formular e
expressar as leis morais. Mesmo na fase infantil, este discernimento está impresso na alma desde o
nascimento, e é elaborado e expresso à medida que se desenvolve a mente humana. Em quarto lugar,
o conhecimento inato é espontâ neo. Ou seja, embora este conhecimento esteja impresso na alma, a
pessoa nã o nasce consciente disso, sequer formula argumentos ló gicos. A consciência deste
conhecimento vem com o passar dos anos, à medida que a mente da criança se desenvolve e tenha
contato com a revelaçã o natural. Em quinto lugar, embora este conhecimento esteja impresso na
alma, só é exercido e despertado no homem quando este entra em contato com a natureza. Ou seja, o
homem por si só nã o pode conhecer a Deus, precisa da revelaçã o natural e especial para conhecer o
Criador. Em sexto lugar, quando o homem entra em contato com a natureza, obtém conhecimento de
Deus e formula conceitos sobre Ele, o que é chamado de teologia natural. Em sétimo lugar, o
conhecimento inato é corrompido pelo pecado. Embora o homem possua a noçã o da existência de
Deus e possa conhecer algumas coisas sobre o Criador, em virtude do pecado que corrompeu toda a
natureza humana, incluindo a mente, o ser humano nã o consegue formular conceitos corretos sobre
o Senhor e nem adorá -Lo mesmo com a contemplaçã o das obras de Deus na natureza. Para entender
melhor, o homem pó s-Queda é como se fosse um cego caminhando em uma tarde ensolarada.
Embora a luz do sol seja claramente visível e admirá vel, o cego nã o consegue contemplar e enxergar
esta maravilha e por isso despreza esta dá diva de Deus. Assim é a relaçã o do homem com Deus: a
revelaçã o é claramente manifesta diante do homem, porém nã o consegue obter a correta
interpretaçã o de Deus e o despreza para seguir os ídolos criados por sua mente. Em oitavo lugar, o
conhecimento de Deus implantado no homem e em contato com a natureza torna o ser humano
moralmente responsá vel por suas atitudes. Toda pessoa já nasce com a noçã o que Deus existe e com
a Lei do Senhor implantada em seu ser e ainda aprende alguns atributos de Deus quando contempla
as maravilhas das coisas criadas. A pessoa também é consciente que Deus zela para que sua Lei seja
cumprida e que fará justiça toda vez que o homem desobedece Sua Lei (Rm 1:20-21). Como toda a
raça humana é consciente destas coisas, logo o conhecimento inato torna a pessoa responsá vel por
seus atos. Em nono lugar, este tipo de conhecimento é universal. Ou seja, todas as pessoas e de todas
as épocas, incluindo tanto as que tiveram contato com a Bíblia como as que nã o tiveram, possuem
noçã o da existência de Deus e discernimento entre o certo e o errado, porque Deus implantou estas
coisas logo no nascimento de todas as pessoas (Rm 2:14-15). Além disso, ao entrarem em contato
com a revelaçã o geral, passam a conhecer alguns atributos divinos. Por isso, ninguém pode queixar-
se que nã o conhece a Deus e a Sua Lei. Mesmo com todos estes sinais, o homem se mantém rebelde
contra Deus e nã o lhe dá a devida honra, gló ria e louvor, mas prefere se curvar diante de ídolos. Por
causa disso, todos os homens ímpios sã o indesculpá veis e serã o condenados eternamente por sua
rebeldia. Sobre o conhecimento adquirido, é o inverso do inato. Este tipo de conhecimento nã o está
implantado na constituiçã o humana desde o nascimento, é um tipo de conhecimento externo, pois
vem de fora, pois o homem adquire este conhecimento com a observaçã o, estudo e reflexã o dos fatos
e dos fenô menos da natureza (revelaçã o natural) e dos relatos redentores das Escrituras (revelaçã o
especial). Este tipo de conhecimento nã o é imediato, mas vem com o tempo, quando a mente começa
a amadurecer logo na infâ ncia, quando a mente humana se torna apta o suficiente para aprender logo
nos primeiros anos de vida. Enquanto que o primeiro tipo é intuitivo, o segundo é baseado e derivado
da observaçã o, do estudo e da reflexã o sobre a revelaçã o geral e verbal de Deus, o que resulta em
raciocínio e formulaçã o de argumentos ló gicos sobre Deus. Sobre os aspectos deste tipo de
conhecimento, em primeiro lugar, ele é limitado. O homem nã o consegue compreender o Ser de Deus
de forma completa e plena, nem mesmo apó s a regeneraçã o, pois Deus se revelou de maneira
limitada para um ser limitado. E mesmo que Deus relasse tudo de si, o homem nã o teria condiçõ es de
aprender tudo sobre Ele, pois é um ser finito e limitado. Além disso, a corrupçã o de sua natureza
prejudicou seriamente a correta interpretaçã o do conhecimento do Ser de Deus. Em segundo lugar,
este tipo de conhecimento é de reflexã o. Com o contato constante com a revelaçã o natural e especial,
a mente fica sempre ativa e consciente, recebendo informaçõ es de Deus através da revelaçã o. Em
consequência disso, a mente diariamente reflete de forma consciente para formular conceitos sobre
o Ser de Deus e expressa estes conceitos em formas de palavras. Em terceiro lugar, este tipo de
conhecimento é de acomodaçã o, Deus se revela ao homem de maneira limitada e adequada, de uma
forma compreensível ao homem. Isto é necessá rio porque o homem é um ser limitado e pecador. Há
uma grande distâ ncia e barreira entre Deus e o homem por causa do pecado, o homem nã o consegue
se relacionar de forma correta com Deus por causa do pecado. Quando Jesus Cristo redimiu os eleitos
de Deus de todas as épocas, ele eliminou esta distâ ncia e restabeleceu a comunhã o entre Deus e os
seus eleitos. Assim, quando o homem é transformado, impactado e renovado pela obra redentora de
Deus, incluindo a mente, e restabelecida a comunhã o perdida, o homem convertido compreende
muito mais sobre Deus que aqueles que permanecem ímpios. Quanto mais o cristã o se relaciona com
Deus e estuda sobre Ele pela observaçã o da natureza e das Escrituras, mais compreende sobre o Ser
de Deus. Embora a distâ ncia por causa do pecado é eliminada através de Cristo, contudo a distâ ncia
de Deus com os homens por causa da nossa natureza limitada permanece, por isso, Deus ainda se
revela de uma maneira compreensível ao homem. Em quarto lugar, este tipo de conhecimento é
correlativo, é impossível separar o conhecimento de Deus com o de nó s mesmos, ambos andam lado
a lado, se complementam para que pudéssemos conhecer mais sobre Deus. Quanto mais estudamos e
conhecemos sobre Deus e comparar quem Ele é com a natureza humana que é, mais o homem
conhece a si pró prio. Quando conhecemos mais sobre a essência e os atributos divinos, veremos
como o homem é em grau limitado e o que deve ser. Também é verdade que quanto mais nos
conhecemos, perceberemos o abismo que nos separa de Deus, Ele é perfeito em tudo quanto faz e o
ser humano é pecador, Ele faz tudo em grau pleno e infinito e o homem em grau limitado, entre
outros. Essa relaçã o entre o conhecimento de Deus e o de nó s mesmo existe porque o homem foi
feito à imagem e a semelhança de Deus, entã o em um grau limitado o homem reflete o cará ter moral
e os atributos divinos. Porém, por causa da Queda, essa relaçã o dos dois tipos de conhecimento
também faz o homem perceber o quanto está distante e diferente de Deus, causando em nó s
arrependimento por nã o refletirmos perfeitamente o cará ter moral do Criador.

Deus nã o se revela apenas no interior do homem, quando implantou conhecimento acerca de


Si mesmo no nascimento de cada pessoa, mas também se revelou por meios externos, por meio da
Sua criaçã o e da Sua providência. As Escrituras dã o farto testemunho que a criaçã o aponta para o
Criador. Conforme o relato de Gênesis 1, a essência, a estrutura e a organizaçã o harmoniosa da
criaçã o existe porque reflete a vontade e o plano de Seu Criador, foi criada por Deus, o qual se
agradou de Sua obra e declarou que é boa. Como o Senhor é bondoso, amoroso, sá bio, justo e
soberano, assim também é a Sua criaçã o, pois foi criada para refletir Seu cará ter e Seus atributos.
Ainda que muitas pessoas, povos e naçõ es jamais tenham tido contato com as Escrituras, nã o podem
alegar que jamais conheceram a Deus, pois toda a criaçã o está marcada com as ‘’impressõ es digitais
divinas’’, o ‘’selo de Deus’’ está estampado em todo lugar. Por exemplo, ao discursar com Jó , Eliú
aponta para a criaçã o para demonstrar a sabedoria e a soberania de Deus quando cria e utiliza a
chuva como demonstraçã o de seu amor e misericó rdia (Jó 36:27-31), e as tempestades com seus
trovõ es sã o utilizadas como demonstraçõ es de sua justiça (Jó 36:32-33). Eliú continua seu discurso
no capítulo 37, a conclusã o é que Deus controla as forças da natureza, os fenô menos climá ticos e as
estaçõ es do ano (Jó 37:2-11) conforme a Sua vontade, para cumprir Seus propó sitos: ‘’E tudo isso faz
ele vir para disciplina, ou para exercer a sua misericó rdia’’ (Jó 37:12-13). Este discurso aponta para a
majestade e a grandeza de Deus, pois se os fenô menos naturais sã o muito mais poderosos e
incontrolá veis aos homens, muito mais poderoso é Aquele que cria, controla e rege estas forças
segundo a Sua vontade. Eliú aponta para as obras de Deus na natureza para que os atributos de Deus
sejam contemplados pelos homens: ‘’Lembra-te de magnificares as obras que os homens celebram.
Todos os homens as contemplam; de longe as admira o homem’’ (Jó 36:24-25), ‘’Inclina, Jó , os
ouvidos a isto, para e considera as maravilhas de Deus’’ (Jó 37:14). O Salmo 8 declara que a criaçã o
aponta que Deus é magnífico em toda a terra, porque a majestade de Deus é claramente percebida
nos céus (Sl 8:1). Em seguida, o salmista Davi declara que ao observar, contemplar e estudar os céus,
a vastidã o, a beleza, a variedade e a grandeza do universo comparada com o homem, este torna-se
um ser insignificante e pequeníssimo, sem importâ ncia (Sl 8:3-4). O Salmo declara que o universo
aponta a gló ria de Deus, pois se é assim o universo, infinitamente maior é o poder, a grandeza e a
sabedoria de Deus, pois este imenso universo foi obra dos ‘’dedos de Deus’’ (Sl 8:3). Ainda que a
criaçã o seja muitíssima maior e mais poderosa que o homem, Deus colocou esta criaçã o sob o
domínio do homem, que neste Salmo estava sendo insignificante quando comparado com a criaçã o, o
que revela a bondade e a graça de Deus para com a humanidade (Sl 8:6-8). Por causa disso, o Salmo
termina em louvor a Deus, declarando quã o magnífico é o nome de Deus em toda a terra (Sl 8:9). O
Salmo 19 aponta a mesma direçã o: ‘’Os céus proclamam a gló ria de Deus, e o firmamento anuncia as
obras das suas mã os’’ (Sl 19:1). Em seguida, o salmista declara que a revelaçã o de Deus é claramente
vista na criaçã o, e que é possível obter conhecimento do Ser de Deus e de Seus atributos todos os
dias, desde o princípio do mundo até a consumaçã o dos séculos, pois a revelaçã o de Deus na natureza
nã o cessa, é contínua e ininterrupta (Sl 19:2). E, por ú ltimo, como os céus e o firmamento, obras do
Criador, estã o em todo o lugar, logo em qualquer regiã o do planeta a revelaçã o do Ser de Deus pode
ser contemplada por toda a humanidade. Portanto, mesmo nas regiõ es mais remotas e isoladas,
nenhum homem pode dizer que nã o conhece Deus (Sl 19:3-6). O Salmo 104, o autor desconhecido
emprega muitas figuras simbó licas para descrever Deus como o Criador de tudo o que existe, da
maneira como Ele controla Sua criaçã o e como esta Lhe serve, o que resulta em louvor a Deus por
parte daqueles que contemplam a criaçã o e as obras de Deus (Sl 104:1). Por isso, a criaçã o aponta
para a gló ria e a majestade de Deus (Sl 104:2). Este Salmo fala da maneira que Deus criou e controla a
Sua criaçã o: os céus estendidos como uma cortina (Sl 104:2), o mundo é organizado, está vel e
harmonioso por ser obra de Deus (Sl 104:5), a correta distribuiçã o e divisã o da á gua em rios, lagos,
mares e oceanos sustenta todos os animais (Sl 104:9-13), o Senhor criou campos e florestas para
alimento dos animais e à serviço do homem (Sl 104:14-16), a divisã o em dia e noite para que os
animais e os homens busquem alimento por meio da caça e do trabalho (Sl 104:19-23). As obras de
Deus sã o incontá veis, por isso o salmista louva ao Senhor por causa da infinita sabedoria e do poder
de Deus: ‘’Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste’’ (Sl 104:24), ‘’A
gló ria do SENHOR seja para sempre! Exulte o SENHOR por suas obras!’’ (Sl 104:31).

O Ser de Deus e Seus atributos também sã o claramente manifestados e revelados para o


homem através da açã o da providência, da sabedoria e do juízo divino na histó ria da criaçã o. Se as
pessoas pararem por um pouco de tempo para pensar e refletir, toda a criaçã o e o que ocorre nas
civilizaçõ es humanas apontam para Deus como o Criador e o Provedor, a ideia do acaso é ridícula. A
complexidade do mundo, com suas leis naturais, ordem e beleza, a multiforme variedade de florestas,
matas, campos, regiõ es cobertas por gelo, deserto, os nú meros e variedades da forma de espécies de
plantas e animais, o perfeito equilíbrio e harmonia entre o meio-ambiente e as criaturas vivas, as
catá strofes naturais como furaçã o, tempestade e terremoto, a correta mudança na ordem das
estaçõ es do ano e da troca entre tempo chuvoso e ensolarado apontam para a sabedoria, soberania,
poder, amor e justiça de Deus em relaçã o aos povos do mundo. Tudo o que ocorre na criaçã o aponta
para os atributos de Deus (At 14;17, 17:26; Rm 1:20). Se nas civilizaçõ es humanas as pessoas podem
viver de modo ordenado, em harmonia, sem caos e anarquia, autoridades regendo a sociedade e a
justiça punindo criminosos e recompensando os bons cidadã os, é porque há no interior de cada ser
humano o senso de moralidade, a noçã o do que é certo e errado existe porque Deus gravou sua lei
moral no interior de cada pessoa (Rm 2:14-15). Se as atividades humanas, tais como a mú sica, a
pintura, arquitetura, a medicina e a tecnologia sã o incontá veis e se desenvolvem progressivamente
ao longo dos anos e que se fazem cada vez mais complexas e que isso aumenta o bem-estar e o
conforto humano, se o conhecimento humano se desenvolve cada vez mais e de forma ininterrupta, é
porque Deus instila uma porçã o de Sua infinita sabedoria em cada ser criado à Sua imagem e
semelhança. Deus também é claramente manifestado em situaçõ es quando a vida humana corre
risco, quando a providência divina é claramente percebida em situaçõ es que a vida de uma pessoa é
protegida. Situaçõ es em que milhõ es de vidas sã o preservadas e livradas da morte de um acidente de
trâ nsito, de um acidente no trabalho, quando a tentativa de assassinato e roubo é frustrada, quando o
homem rural passeia pelas matas sem ser picado por cobra ou atacado por algum animal selvagem e
feroz, todas estas coisas resultam em louvor de gratidã o a Deus.

Os atributos de Deus, Seu eterno poder e o Seu Ser sã o claramente manifestados, percebidos
e conhecidos pelo homem através da divina atuaçã o providencial na histó ria da criaçã o. Por exemplo,
os egípcios e os hebreus conheceram quem é o ú nico Senhor e Soberano de toda a terra e o ú nico
digno para ser adorado no contexto histó rico de Ê xodo. O faraó havia dito: ‘’Quem é o SENHOR para
que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Nã o conheço o SENHOR, nem tampouco deixarei ir a Israel’’
(Ê x 5:2). O objetivo do surgimento do profeta Moisés e das dez pragas que abateram o Egito era para
anunciar algumas coisas a respeito de Deus, para demonstrar quem Ele é: ‘’Eu, porém, endurecerei o
coraçã o do faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas... Saberã o os
egípcios que eu sou o SENHOR, quando estender eu a mã o sobre o Egito e tirar do meio deles os
filhos de Israel’’ (Ê x 7:3-5). A cada praga que abatia o Egito, Deus endurecia ainda mais o coraçã o do
faraó , o que ocasionava o anú ncio de outra catá strofe até chegar à décima praga e, por fim, a
libertaçã o do povo de Israel. Em cada praga, Deus anunciava aos egípcios e aos hebreus o Seu eterno
poder, o domínio sobre toda a criaçã o e a justiça sobre a opressã o dos egípcios (Ê x 9:27-29). O
resultado da manifestaçã o da ira de Deus nã o estava restrita à quela geraçã o de hebreus e de egípcios,
em conhecer quem é o ú nico e verdadeiro Deus, os Seus feitos poderosos tinham como alvo que as
geraçõ es posteriores se lembrassem destas maravilhas para sempre: ‘’Vai ter com Faraó , porque lhe
endureci o coraçã o e o coraçã o de seus oficiais, para que eu faça estes meus sinais no meio deles, e
para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos egípcios e quantos prodígios
fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o SENHOR’’ (Ê x 10:1-2). A leitura do Antigo
Testamento deixa claro que um dos motivos para o surgimento de períodos de apostasia na histó ria
de Israel era o esquecimento ou a interpretaçã o errada dos feitos maravilhosos de Deus, por isso os
profetas do Antigo Testamento sempre exortavam a Israel para lembrar-se destas maravilhas e
assim voltarem a serem fieis a Deus. O Salmo 107 demonstra que Deus é bom e misericordioso para
com o Seu povo, especialmente quando Seus filhos clamam pelo Seu nome diante das tribulaçõ es e
das adversidades que os acompanham. O Salmo repete quatro vezes em que o povo clama por
misericó rdia e por isso Deus atende (Sl 107:6,13,19,28), o que dá a entender que Deus sempre livra
da tribulaçã o e do sofrimento aqueles que clamam pelo Seu nome e se arrependem de seus pecados,
pois afinal ‘’ele é bom, e a sua misericó rdia dura para sempre’’ (Sl 107:1). Também por quatro vezes,
apó s os atos de bondade e de misericó rdia do Senhor, o salmista convida o leitor a louvar a Deus por
Suas maravilhas, o salmista deixa claro que o Senhor é digno de ser louvado e adorado por causa de
Suas obras (Sl 107:8,15,21,31). O contexto histó rico é a volta do povo de Deus do exílio da Babilô nia
para Jerusalém, que ficou 70 anos em cativeiro babilô nico por conta da sua infidelidade à Aliança
com Deus, e como esse povo foi guiado e cuidado por Deus até chegar à terra prometida. O Salmo diz
que Deus conduziu este povo de forma segura e pelo caminho certo, atravessando o deserto, até
Jerusalém (Sl 107:4,7), providenciou á gua e alimentos para acabar com a sede e a fome do povo (Sl
107:5,9), o livramento das cadeias para aqueles que se arrependeram de sua rebeldia contra a
Palavra de Deus (Sl 107:10-16), a cura de doenças mortais para aqueles de uma vida marcada pela
rebeldia contra Deus (Sl 107:17-20), o mar se acalmou para aqueles que chegaram à Israel por meio
de navios (Sl 107:23-30). Por fim, o Salmo conclui dizendo que a misericó rdia do Senhor é motivo de
alegria para os justos e de contemplaçã o para os sá bios (Sl 107:42-43). No Salmo 145, o salmista
Davi louva e exalta o nome do Senhor por causa da sua insondá vel e infinita grandeza (Sl 145:3). Esta
infinita grandeza e majestade do Senhor sã o demonstradas através de Suas obras, de Seus poderosos
feitos e de Suas maravilhas operadas por meio da natureza. Tais obras podem ser contempladas e
meditadas por todas as pessoas, obras divinas que sã o tã o maravilhosas a ponto destas pessoas
anunciarem seus feitos poderosos de geraçã o em geraçã o (Sl 145:4-6). Todas as geraçõ es anunciam
também os feitos poderosos de Deus por causa da Sua justiça, bondade e misericó rdia (Sl 145:7). O
salmista diz que o Senhor é tardio para Se irar, dando a entender que espera ou dá muito para o
pecador se arrepender de suas transgressõ es, ou espera o pecador transgredir deliberadamente até
que encha a ‘’medida da iniquidade’’ para que a justiça de Deus se torne mais claramente manifesta e
pesada, que o pecador se torne indesculpá vel por suas transgressõ es e merecedor da sentença de
Deus. Porém, o Senhor atende de prontidã o à queles que verdadeiramente se arrependem de seus
pecados e delitos e clamam pelo Seu nome, concedendo-lhes a Sua misericó rdia e bondade (Sl 145:7-
9). Todos os que invocam e temem verdadeiramente pelo Seu nome, Ele atende o clamor com
prontidã o, livra Seus filhos das angú stias, protege todos que amam Seu nome e com justiça extermina
os ímpios (Sl 145:17-20). O Senhor restaura com Sua graça à queles que vacilam (Sl 145:14) e
disponibiliza provisã o de alimentos para todos os seres viventes (Sl 145:14-15). Quando o apó stolo
Paulo e Barnabé curaram um paralítico em nome de Jesus, houve grande alvoroço na cidade de
Listra, na regiã o de Licaô nia, na atual Turquia, os habitantes pensaram que eram deuses em forma de
homens e queriam fazer sacrifícios em homenagem a eles (At 14:8-13). Como os habitantes nã o
tinham entendimento das Escrituras, sequer conheciam as profecias do AT a respeito de Jesus Cristo,
Paulo e Barnabé utilizaram o mesmo discurso do AT, pregaram o evangelho a partir da revelaçã o
geral. Conforme Paulo, ainda que no passado os povos gentios fossem idó latras, Deus deixou
testemunho acerca de Si mesmo através da providência: ‘’contudo, nã o se deixou ficar sem
testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estaçõ es frutíferas, enchendo o
vosso coraçã o de alegria’’ (At 14:15-17). O conteú do do discurso de Paulo aos moradores de Listra é
exatamente o mesmo quando pregou aos habitantes de Atenas, na Acaia, atual Grécia. Na época,
Atenas era um importante centro cultural, intelectual e econô mico, cidade que era muito lembrada
pelos grandes filó sofos que ali surgiram e pela sua idolatria reinante. Assim, como os habitantes de
Listra, os atenienses nã o conheciam as Escrituras, o que causou surpresa e curiosidade ao ouvir o
discurso de Paulo, por isso os filó sofos levaram o apó stolo para o Areó pago (At 17:16-21). Assim
como ocorreu em Listra, Paulo pregou o evangelho baseado na revelaçã o geral, ao dizer que Deus é o
Criador e o Soberano sobre todas as coisas (At 14:22-24). Deus deu testemunho acerca de si mesmo
através da providência ao dar e preservar a vida, ao abençoar a raça humana para se multiplicar e se
espalhar pelo mundo, assim como também estabeleceu os limites territoriais dos povos (At 17:25-
26), ‘’pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos’’ (At 14:28).

Portanto, mesmo entre os povos jamais alcançados pelo evangelho de Deus, há imenso
testemunho acerca de Deus em toda a parte. Em todo o lugar, em toda a criaçã o, ‘’as impressõ es
digitais divinas’’ estã o estampadas, através da observaçã o da natureza qualquer pessoa conclui que
tudo foi obra do Deus Criador. A ideia de que as coisas vieram do nada, ao acaso, de forma aleató ria é
tola, fú til e simplista. O modo como se constitui a criaçã o, a sua complexidade, a variedade e a beleza
de corpos celestes, ecossistemas, plantas e animais, a maneira como toda a criaçã o trabalha de um
modo organizado e harmonioso, entre outras coisas, aponta que só pode ter sido criado por Deus.
Além disso, a obviedade e da conclusã o de que Deus criou todas as coisas está no fato de que a
criaçã o foi feita para refletir o cará ter e a gló ria de Deus. Segundo, Deus também implantou
conhecimento acerca de Si mesmo no interior de cada homem. Toda a humanidade foi criada à
imagem e à semelhança de Deus, isto quer dizer que o homem reflete de forma limitada alguns
atributos de Deus. Todas as pessoas, sem exceçã o, possuem o senso de divindade, isto é, todas as
pessoas possuem a consciência de que Deus existe. Todas as pessoas, sem exceçã o, possuem a
semente da religiã o, foram criadas originalmente para adorar e prestar culto à Deus. Todas as
pessoas possuem a lei moral de Deus gravada em seus coraçõ es, portanto, possuem conhecimento e
discernimento entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, estas pessoas agem baseadas nestes
conceitos, o que as fazem reflexos do cará ter moral de Deus. Portanto, os padrõ es morais da
sociedade, de forma imperfeita e limitada, apontam para Deus. Além disso, se estas pessoas olharem
e estudarem a complexa constituiçã o de seu pró prio corpo, os trilhõ es de células que trabalham de
forma engenhosa, harmoniosa e organizada para garantir as funçõ es vitais do corpo, a variedade de
tecidos e ó rgã os com suas respectivas funçõ es e, por ú ltimo, a maneira engenhosa e detalhada que
trabalha cada sistema do corpo. Ao se estudar o sistema digestivo, como o alimento entra pela boca e
é digerido e desestruturado pelos ó rgã os até chegar ao intestino e extrair deste alimento todos os
carboidratos, vitaminas e sais minerais, os quais entram pela corrente sanguínea e, daí serem
distribuídos para todas as células do corpo, entre outros sistemas apreciados para se estudar, o
homem perceberá que seu corpo foi criado por Deus. Portanto, crer em Deus nã o é uma fé cega, um
suicídio intelectual, uma invençã o da religiã o para responder as perguntas do homem e apaziguar
seus medos e suas afliçõ es. Crer e conhecer o Ser de Deus significam contemplar e tirar a conclusã o
correta do farto testemunho de Deus através das Suas obras maravilhosas e feitos poderosos na
natureza, da complexa constituiçã o do corpo humano, de que todo homem por natureza acredita em
alguma divindade e presta culto à ela e da providência divina que preserva a vida das pessoas ao
livrar estas da fome, sede, de uma possível anarquia, caos e desordem na sociedade, de assassinatos,
de roubos, de acidentes de trabalho e de trâ nsito, de ser atacado por algum animal selvagem e outros
tantos atos graciosos. Para conhecer o Criador e Senhor sobre todas as coisas nã o é preciso formular
argumentos engenhosos baseados na ló gica, pois as Escrituras dizem: contemplem, observem e
estudem as obras de Deus na natureza, seu pró prio corpo e as diversas vezes que fora livrado da
morte de forma repentina! Nã o há como o homem dizer que nã o conhece ao Senhor, nã o há como
fugir de Deus, pois Suas obras estã o em todo o lugar: ‘’Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para
onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá está s; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá
está s também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá haverá de
guiar a tua mã o, e a tua destra me susterá ’’ (Sl 139:7-10). Ainda que o testemunho acerca do Ser de
Deus e de Seus atributos esteja estampado em todo o lugar, por meio das coisas criadas, no interior
de cada homem e na providência que age na vida de cada pessoa, de uma maneira tã o clara e
escancarada, contudo o homem rejeita o conhecimento verdadeiro que recebe do pró prio Deus. O
problema nã o está em nã o conhecer o Deus que escreveu as Escrituras, pois todos os povos
conhecem verdadeiramente o Senhor, o problema está na rebeldia do homem contra o Criador.
Conforme o apó stolo Paulo: ‘’A ira de Deus se revela do contra toda impiedade e perversã o dos
homens que detém a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto
entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu
eterno poder, como também a sua pró pria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio
do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas’’ (Rm 1:18-20). Ainda que todo
homem nasça pecador, servo e escravo deste, constituído como inimigo de Deus, recebe de forma
clara o conhecimento acerca de Deus desde o começo da histó ria da criaçã o, voluntariamente rejeita
e sufoca toda a verdade que provém de Deus porque nã o quer se sujeitar ao ú nico Senhor. De forma
voluntá ria e deliberada se recusa a entregar sua vida aos cuidados do Criador. Por receber a
mensagem divina de forma clara e disponível para todos os povos do planeta, o homem torna-se
responsá vel e indesculpá vel por receber o conhecimento verdadeiro de Deus, como o homem em seu
estado natural sempre se recusa a obedecer ao Criador, merece ser condenado: ‘’Tais homens por
isso sã o indesculpá veis; porquanto tendo o conhecimento de Deus, nã o o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças’’ (Rm 1:21). Como no caso dos habitantes de Listra, ainda que Deus tenha dado
farto testemunho acerca de Si mesmo através da providência, abençoando o povo com a chuva e com
a colheita de alimentos, ainda assim os homens preferem continuar rebeldes para com Deus (At
14:16-17). E como no caso dos atenienses, mesmo quando entram em contato com a revelaçã o geral
e recebem o verdadeiro conhecimento de Deus, prontamente os homens se recusam a entregar suas
vidas aos cuidados do Criador (At 17:30-32). Com a recusa impenitente, o homem, ao receber o
conhecimento pela revelaçã o natural de Deus, sufoca e reprime a verdade recebida, em seguida
distorce a mensagem. Ele distorce o conhecimento recebido ao confiar em especulaçõ es filosó ficas e
científicas, tentar negar que exista algum tipo de divindade ou passa a adorar alguma força da
natureza como se fosse um deus, fabrica seu pró prio ídolo e engana a si mesmo ao dizer que a
divindade inexistente o criou e que é o deus verdadeiro (Ê x 32:1-6; Sl 115:3-8; Is 42:17, 44:9-20; Jr
10:3-5). O homem faz tudo isso de forma voluntá ria porque nã o quer ter comunhã o com o
verdadeiro Deus: ‘’se tornaram nulos em seus pró prios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coraçã o
insensato. Inculcando-se por sá bios, tornaram-se loucos e mudaram a gló ria do Deus incorruptível
em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrú pedes e répteis... pois
eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura no lugar do Criador’’
(Rm 1:21-25). A situaçã o do homem em contato com a revelaçã o geral pode ser demonstrada por
uma ilustraçã o: o homem, apesar de cego, a luz do sol está ao seu redor, ele nã o consegue enxergar.
Quando fica sabendo que sua cegueira tem cura, prefere nã o ouvir e até tampa seus ouvidos, se
recusa a ser curado e prefere ficar cego até que ele mesmo descubra sua pró pria maneira de curar a
cegueira, ele nã o quer ser ajudado. Assim é o homem que recebe a revelaçã o geral, mas se recusa,
distorce o significado da mensagem e fabrica um ídolo para ser adorado como um deus para resolver
as suas necessidades bá sicas. O propó sito da revelaçã o geral é demonstrar ao homem o Ser de Deus e
que é seu dever obedecer ao Criador, porém, como o homem sempre se recusa, a consequência desta
revelaçã o é a ira de Deus e a condenaçã o do pecador. Além disso, a revelaçã o geral nã o revela a
pessoa e a obra de Jesus Cristo, nã o mostra como o homem pode ser salvo e nem o perdã o de Deus
em Cristo. Para isso, é necessá ria a revelaçã o especial através da Bíblia, que é anunciada pela
pregaçã o da Igreja. A primeira conclusã o deste longo estudo de como Deus trata dos povos nã o-
cristã os é que Deus é Justo em condená -los, afinal estes possuem o conhecimento verdadeiro de
Deus, mas preferiram se recusar a adorá -Lo, sufocaram e distorceram este conhecimento, adorando a
criatura no lugar do Criador. Segundo, a pregaçã o do evangelho ainda nã o alcançou tais povos, é
porque estes merecem ser condenados por rejeitarem a revelaçã o geral. Terceiro, quando os
missioná rios nã o sã o enviados para estes povos isolados, Deus demonstra Sua soberania e Sua graça
por nã o querer salvá -los, afinal todos sã o pecadores e a salvaçã o é um ato de graça, nã o é concedida
por obrigaçã o ou por merecimento, Ele dá a quem quer.

Livros sobre a graça comum:


 Dogmá tica Reformada (Herman Bavinck): 399 – 401
 Enciclopédia Histó rico-Teoló gica da Igreja Cristã (Walter Orwell): 750 – 751
 Teologia Sistemá tica (Wayne Grudem): 549 – 557
 Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof): 399 – 407
 Institutas da Religiã o Cristã (Joã o Calvino): 38 – 42, 57 – 59
 Teologia Sistemá tica (Franklin Ferreira): 672 – 675, 689 – 695
 A Obra do Espírito Santo (Abraham Kuyper): 78 – 83

A graça comum na vida dos reprovados: ao contrá rio do que algumas pessoas pensam, os
eleitos nã o sã o apenas visitados com graça e bênçã o e os reprovados com pecado e puniçã o. Afinal,
ainda que os eleitos já tenham sido chamados para a salvaçã o, ainda pecam, embora sua natureza
regenerada pelo Espírito os leva a se arrepender e continuar praticando a santidade. E os
reprovados, ainda que jamais venham a se arrepender de suas prá ticas iníquas e que por toda a vida
serã o escravos do pecado, contudo, o pecado que os domina nã o sã o levados até as ú ltimas
consequências e ainda sã o fartamente abençoados por meio da providência divina (sol, chuva, abrigo
e alimentos) e com dons e talentos que permitem o desenvolvimento da sociedade nos aspectos
intelectuais, culturais, jurídicos, sociais, etc. Isto é possível porque Deus restringe os efeitos mortais
do pecado para nã o levar a humanidade se autodestruir até a sua extinçã o, permitindo a humanidade
conviver com algum tipo de ordem e harmonia e, ainda abençoa toda a humanidade, incluindo eleitos
e reprovados, com os recursos naturais e concedendo dons e talentos que permitem o
desenvolvimento da raça humana. Esta operaçã o do Espírito Santo é chamada de graça comum, pois
as bênçã os naturais sã o concedidas para todos, é diferente da graça eficaz, em que somente os eleitos
recebem a redençã o por meio de Cristo. Desta forma, o conceito e definiçã o teoló gica de graça
comum sã o duplos. O primeiro é a operaçã o do Espírito Santo concedida para toda a humanidade, na
qual, sem remover o domínio do pecado no coraçã o humano, Ele restringe os efeitos ú ltimos e
mortais do pecado quando exerce influência sobre o homem por meio da Sua revelaçã o geral ou
especial, evitando o caos e anarquia dominar a sociedade até chegar a sua autodestruiçã o e extinçã o
e mantendo a ordem e a harmonia na vida social e a promoçã o da justiça civil para punir os
criminosos e recompensar os bons cidadã os. O segundo conceito é a concessã o do Espírito Santo
para toda a humanidade os recursos naturais como a chuva, o sol, abrigo e alimentos e dons e
talentos utilizados para promover o desenvolvimento da sociedade em todos os aspectos e o bem-
estar de cada pessoa. Algumas pessoas nã o creem que o derramamento de bênçã os sobre toda a
humanidade seja expressõ es da graça de Deus comum a todos os homens, mas como expressõ es da
bondade, misericó rdia e longanimidade. Tais pessoas esquecem que Deus derrama estas bênçã os
sobre a raça humana pecadora, que possui nenhum direito sobre bênçã os, nã o as merece. Deus nã o
poderia ser misericordioso, bondoso ou benevolente sem ser primeiramente gracioso, daí o nome de
graça comum. Embora a graça comum seja distinta da graça eficaz, nã o sã o duas espécies de graça, é
apenas uma só graça manifestada sobre duas formas diferentes. Devemos notar as seguintes
diferenças entre a graça eficaz e a comum. A graça eficaz é determinada pelo decreto da eleiçã o, seus
efeitos se estendem apenas aos eleitos; remove a culpa, o domínio e a penalidade do pecado,
regenera e converte o homem para uma vida de santificaçã o; é irresistível no sentido em que
transforma a vontade do homem de tal maneira que o torna desejoso de crer e se arrepender em
Cristo; muda a realidade espiritual do homem, renova completamente a sua natureza pecadora. Já a
graça comum é determinada pelo decreto da criaçã o e se estende para toda a humanidade; nã o
remove a culpa, o domínio e a penalidade do pecado, apenas restringe os efeitos do pecado ou
ameniza os seus resultados; é resistível, pois a bênçã o do chamado externo do evangelho sempre é
rejeitado; nã o muda a realidade espiritual; apenas muda a realidade moral, no sentido de torná -lo
receptivo à verdade por meio da revelaçã o especial e geral, persuasã o moral ou pela força do Estado.
Embora a graça comum e a eficaz sejam duas manifestaçõ es distintas do favor de Deus, contudo,
assim como existe ao mesmo tempo a distinçã o e a relaçã o entre a eleiçã o e a reprovaçã o, assim
também as duas diferentes manifestaçõ es da graça encontram-se interligadas uma à outra. A graça
comum nã o existe apenas para atender o propó sito do decreto da criaçã o, do mandato cultural, mas
existe principalmente para atender aos propó sitos da histó ria da redençã o, na execuçã o do plano da
salvaçã o na vida dos eleitos e do desenvolvimento do povo de Deus. Isto é verdade tanto no aspecto
negativo (restriçã o do pecado) quanto no positivo (concessã o de dons e talentos). Quando o apó stolo
Paulo disse que Deus ‘’suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a
perdiçã o, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua gló ria em vasos de misericó rdia’’
(Rm 9:22-23), está querendo dizer que Deus suporta com muita paciência os reprovados e adia sua
execuçã o final e fatal sobre a vida deles, porque os réprobos sã o usados pelo Senhor para conduzir
ou participar da histó ria da salvaçã o na vida dos eleitos. Embora o réprobo jamais se arrependerá de
seus pecados, porém quando a justiça de Deus é aplicada na sua vida depravada, os eleitos poderã o
observar que uma vida marcada pelo pecado leva à ruína e à destruiçã o e enfim se arrependem e
creem em Cristo. Outra verdade anunciada por este trecho é que quando Deus adia a sentença de
morte para o reprovado, isto dá tempo suficiente para o réprobo gerar filhos, que se foram eleitos,
um dia estes irã o crer e se arrepender em Cristo Jesus (Gn 4:17, 5:21-25). Isto também é verdade na
vida do eleito, quando Deus adia a morte deste por causa de seus pecados, é para que o eleito tenha
tempo suficiente para crer e se arrepender em Cristo. Outro exemplo é o caso de Ciro, a quem o
Senhor o chamou de ‘’ungido’’ (Is 45:1). Embora Ciro, rei dos persas, tenha sido pagã o por toda a sua
vida, este foi levantado pelo Senhor para cumprir o plano da redençã o, a saber, libertar os judeus do
cativeiro babilô nico e edificar a cidade de Jerusalém (Is 45:1-14), e assim preservar o povo de Deus
da destruiçã o cultural e espiritual nas mã os dos babilô nios. Se o Senhor nã o tivesse capacitado o rei
Ciro com dons na arte da guerra para conquistar a Babilô nia e talento para administrar o reino, com
certeza o povo de Deus nã o teria sobrevivido à opressã o. Portanto, tanto o aspecto negativo como o
positivo da graça comum servem aos propó sitos do plano da redençã o. Quanto ao aspecto negativo,
este consiste na atuaçã o graciosa do Espírito Santo em restringir ou suavizar a açã o, efeito e
resultado do pecado na vida dos réprobos e dos eleitos ainda nã o regenerados. Em Sua atuaçã o
graciosa, Deus nã o permite que o pecado atinja seus ú ltimos está gios principalmente para preservar
a humanidade de se autodestruir, caso contrá rio nã o haveria salvaçã o para os eleitos. Ou seja, o
pecador nunca é tã o mal quanto poderia ser, isto é, nã o lhe é permitido que o ímpio desenvolva todo
o potencial de sua natureza corrupta. Se o reprovado nã o desenvolve todo o potencial para cumprir o
catá logo de pecados listado pelo apó stolo Paulo (Rm 1:28-31, 3:9-18), é porque Deus restringe a açã o
da natureza depravada do pecador. Além disso, ao restringir a açã o do pecado e adiar a sentença de
morte do reprovado, prolongando a vida do pecador, no dia em que chegar o juízo, a justiça de Deus
se tornará cada vez mais pesada na vida deste reprovado, o qual se tornará cada vez mais
indesculpá vel, pois no tempo oportuno nã o se arrependeu de seus pecados. Que Deus restringe a
açã o pecaminosa e adia Sua sentença de morte, isto pode ser provado pelos seguintes trechos: Gn
20:3-7, 31:4-7; Is 48:1-12; Jr 7:23-29; Lc 13:6-9; Rm 2:4-6; 2Pe 3:1-9. A restriçã o do pecado e o
adiamento desta sentença podem ser provados pelo exemplo de Adã o e Eva, mesmo conscientes da
sentença de morte em caso de desobediência (Gn 2:15-17), pecaram, mas nã o morreram
instantaneamente, pelo contrá rio, viveram por muitos anos e geraram a Sete (Gn 4:25), que de sua
linhagem veio o nascimento do Redentor. O mesmo se pode dizer da preservaçã o do povo de Deus no
Egito, que mesmo sob intensa opressã o e escravidã o, nã o foi extinto pela impiedade dos egípcios (Ê x
1:8-12), quando o povo de Deus foi preservado da destruiçã o durante o cativeiro babilô nico e nos
tempos da perseguiçã o romana. Graças ao adiamento desta sentença e da restriçã o do pecado é que
os assírios que habitaram a cidade de Nínive tiveram tempo suficiente para se arrependerem antes
da aplicaçã o da sentença divina da destruiçã o (Jn 3:4-10). Quando Deus nã o restringe as açõ es do
pecado e o homem é deixado à pró pria sorte, livre para seguir o caminho da impiedade até as ú ltimas
consequências, o resultado é catastró fico (Sl 81:10-12, Rm 1:24-32, como no caso do Dilú vio, em que
a humanidade foi deixada à pró pria sorte e sua depravaçã o sem limites ocasionou a sua destruiçã o,
exceto a família de Noé (Gn 6:11-13,17-18). O mesmo ocorreu com as cidades de Sodoma e Gomorra,
a corrupçã o sem limites ocasionou a destruiçã o destas cidades, somente a família de Ló foi
preservada da destruiçã o (Gn 18:20, 19:15-29). Quando o homem está livre para desenvolver o
potencial de sua natureza corrupta, ocorre como no caso de Saul, em que o Espírito de Deus deixa de
operar a restriçã o e um espírito maligno passa a lhe atormentar (1Sm 16:14), passando a perseguir
Davi (1Sm 18:11, 19:1,10,11), praticou pecado de adivinhaçã o (1Sm 28:5-8) e se suicidou quando
perdeu a batalha para os filisteus (1Sm 31:1-4). O que teria acontecido com a humanidade, se Deus
nã o tivesse limitado os efeitos mortais da Primeira e Segunda Guerra Mundial? O que teria
acontecido com a humanidade, se Deus tivesse permitido estourar uma guerra nuclear na crise dos
mísseis de Cuba, durante o período da guerra fria entre Estados Unidos e Uniã o Soviética? Deus
reprime os efeitos do pecado e adia a Sua sentença de morte para os reprovados e os eleitos ainda
nã o regenerados através da revelaçã o geral e especial, pela força do Estado, pressã o da opiniã o
pú blica e juízo divino. Pela revelaçã o geral, a graça comum opera através do conhecimento de Deus
implantado no interior do homem, através do senso de moralidade, em que a consciência humana faz
o discernimento entre o que é certo e o que é errado, ora aliviando a pessoa quando faz o que é certo,
ora acusando a pessoa quando faz o que é errado (Rm 2:14-16). Este senso fica ainda mais aguçado
quando a pessoa observa as obras de Deus por meio da natureza e quando entra em contato com a
pregaçã o do evangelho, pelo chamado externo do Espírito Santo (1Co 7:14). Pela força policial ou
militar do Estado e da aplicaçã o da justiça civil, a Bíblia diz que o governo civil é ordenado pelo
Senhor como ‘’ministro de Deus’’ para manter a ordem na sociedade. Por meio da força do Estado, o
Senhor aplica puniçã o os criminosos e recompensa os bons cidadã os. Resistir à s autoridades significa
também se rebelar contra Deus (Rm 13:1-7). Quando uma sociedade é fortemente influenciada pela
revelaçã o especial, pelos princípios cristã os, agindo pela consciência, a opiniã o pú blica é uma forte
aliada para reprimir desde a má conduta moral do cidadã o, até a prá tica de crimes mais horríveis e
repugnantes. E, por ú ltimo, através da açã o providencial de Deus, ora punindo os pecados dos
homens com doenças, acidentes de trâ nsito e de trabalho, terremotos, furacõ es; ora outorgando
bênçã os imerecidas para o homem como a chuva, o sol, o alimento, a promoçã o de trabalho, o
progresso da tecnologia, a descoberta de cura para doenças. Assim, os homens temem a justiça divina
e praticam o que é certo porque isso atende melhor seus interesses. Quanto ao aspecto positivo, este
consiste na atuaçã o graciosa do Espírito Santo em derramar incontá veis e inú meras bênçã os sobre
toda a humanidade. Desta forma, os reprovados, apesar de que jamais deixarã o de serem inimigos de
Deus e que por isso nã o merecem qualquer favor divino, ainda assim sã o abençoados fartamente
todos os dias. Tanto os eleitos, como os reprovados sã o alvos das incontá veis dá divas do Criador,
tanto os bons, como os maus o Senhor despeja sobre eles as bênçã os de forma indiscriminada (Sl
145:7-16, Mt 5:44-45, Lc 6:35-36, At 14:8-17, Rm 2:4). A Bíblia diz: ‘’porque ele faz nascer o sol sobre
maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos’’ (Mt 5:45), ‘’Pois ele é benigno até para com os
ingratos e maus’’ (Lc 6:35). Quando observamos o mundo, percebemos que os reprovados recebem
mais bênçã os terrenas que os eleitos. Portanto, a tese popular no meio cristã o de que somente os
eleitos recebem as bênçã os terrenas é insustentá vel. Por receberem inú meras dá divas do Criador, os
reprovados tornam-se ainda mais indesculpá veis diante de Deus, a justa puniçã o de morte eterna por
causa de seus pecados é mais pesada e mais claramente manifestada, visto que apesar de Deus agir
com bondade e misericó rdia, ainda assim os réprobos se recusam a entregarem e confiarem suas
vidas no Senhor (Rm 2:1-5). Além disso, estas dá divas que os réprobos recebem possuem relaçã o
com a histó ria da redençã o. Muitos reprovados sã o abençoados por causa dos eleitos, Deus abençoa
os reprovados por amor aos eleitos, as bênçã os que atingem os reprovados tem efeito nos eleitos, ou
porque as bênçã os dos reprovados conduzem os eleitos à salvaçã o ou apenas fazem parte da histó ria
da salvaçã o dos eleitos. Por exemplo, Ismael, filho de Abraã o e que nã o era herdeiro da promessa do
pacto da graça, por amor à Abraã o o Senhor prometeu abençoar Ismael, em que a sua descendência
seria uma grande naçã o (Gn 17:18-21). Por amor à José e porque fazia parte do plano da salvaçã o em
preservar o povo de Deus no Egito, Deus abençoou o capitã o da guarda, Potifar (Gn 39:1-5), faraó e
toda a terra do Egito (Gn 41:38-49). O rei da Babilô nia, Nabucodonosor, teve uma excelente
administraçã o sobre seu império porque Deus concedeu inteligência e sabedoria a Daniel e seus três
amigos (Dn 1:17-21, 2:47-49). Mais uma evidência de que Deus abençoa a vida dos réprobos por
causa da histó ria da redençã o dos eleitos é o gênio militar de Alexandre da Macedô nia, de Jú lio César
e das legiõ es romanas. Por meio das conquistas militares de Alexandre, o idioma e a cultura grega se
espalharam e se tornaram dominantes por todo o Oriente em menos de vinte anos. Esta influência foi
tã o forte que o idioma grego predominou na Europa e no Oriente Médio até a queda de Roma, em
476 d.C. Graças ao sucesso militar das legiõ es romanas, as regiõ es da Europa Ocidental, do norte da
Á frica e do Oriente Médio estavam submetidas ao poder de Roma. Para manter a unidade e a coesã o
territorial do imenso império e garantir a rá pida locomoçã o das tropas em caso de repelir alguma
revolta, foi construído um vasto sistema de estradas. Assim, o mundo ocidental tinha a língua grega
como idioma predominante e as inú meras estradas garantiam a rá pida locomoçã o de tropas e
mercadorias. Por causa disso, a pregaçã o do evangelho atingiu todas as regiõ es do Império Romano
em muito pouco tempo, em menos de cem anos, resultando em conversã o de muitas pessoas em
pouquíssimo tempo. Além das inú meras bênçã os naturais, o Senhor também concede tanto para os
eleitos, como para os reprovados a vocaçã o para realizar o trabalho e dons e talentos para fazerem
coisas extraordiná rias que beneficiarã o a humanidade. Por exemplo, na descendência ímpia de Caim,
Jabal foi o primeiro a praticar a criar gado, seu irmã o Jubal inventou a mú sica e Tubalcaim criou os
primeiros instrumentos de guerra (Gn 4:17-22). Bezalel e Aoliabe conseguiram construir o
taberná culo, seus instrumentos e a Arca da Aliança, com perfeiçã o, porque o Espírito Santo os encheu
de ‘’habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício, para elaborar desenhos e
trabalhar em ouro, prata, em bronze, para lapidaçã o de pedras de engaste, para entalho de madeira,
para toda sorte de lavores’’ (Ê x 31:1-10, 35:30-35). Também está registrado na Bíblia que o Senhor
concedeu gênio militar para alguns homens vencerem as batalhas contra os gentios e livrarem o
povo de Deus da opressã o: Josué (Js 1:1-6), Gideã o (Jz 6:33-35,19-23), Jefté (Jz 11:29), Sansã o (Jz
15:14-15), Davi (1Sm 18:25-29). E, por ú ltimo, também foi o Senhor quem capacitou e deu
habilidades para que Zorobabel construísse o Templo de Jerusalém apó s voltar do exílio da Babilô nia
(Zc 4:6-10). Portanto, é Deus quem concede dons e talentos e capacita muitos homens, tanto eleitos
como reprovados, para desenvolver a filosofia, a matemá tica, a física, a química, a tecnologia, a
medicina, a astronomia, a mú sica, a literatura, a pintura e escultura, a arquitetura, o comércio, a
criaçã o de leis para garantir uma sociedade mais justa, etc.

ESCREVER SOBRE O ASPECTO NEGATIVO (RESTRIÇÃ O DO PECADO) E POSITIVO (RECURSOS


NATURAIS E DONS E TALENTOS). ESCREVER SOBRE A DISTINÇÃ O E A DIFERENÇA ENTRE GRAÇA
COMUM E EFICAZ. EM CADA ASPECTO, COLOCAR EXEMPLOS BÍBLICOS COMO ADÃ O E EVA, JUBAL E
TUBALCAIM, DILÚ VIO, JOSÉ E POTIFAR E FARAÓ , A PRESERVAÇÃ O DO POVO DE DEUS NO EGITO,
OS ARTÍFICES QUE CONSTRUÍRAM A ARCA, O ARREPENDIMENTO DE NÍNIVE, A PRESERVAÇÃ O DO
POVO DE DEUS NA BABILÔ NIA, A EXCELENTE ADMINISTRAÇÃ O DE NABUCODONOSOR POR CAUSA
DE DANIEL E OS SEUS TRÊ S AMIGOS, O SURGIMENTO DE CIRO PARA LIBERTAR OS JUDEUS, A
PRESERVAÇÃ O DO POVO DE DEUS NOS TEMPOS DE ROMA. MAS ANTES DOS EXEMPLOS BÍBLICOS,
CITAR EXEMPLOS HISTÓ RICOS, COTIDIANOS E DOS LIVROS, COMO O GÊ NIO MILITAR DE
ALEXANDRE, JÚ LIO CÉ SAR, NAPOLEÃ O BONAPARTE, A PRESERVAÇÃ O DA HUMANIDADE DURANTE
A PRIMEIRA E SEGUNDA GUERRA E NA GUERRA FRIA DURANTE A CRISE DOS MÍSSEIS EM CUBA.

ESCREVER SOBRE A RELAÇÃ O DA GRAÇA COMUM COM A OBRA EXPIATÓ RIA DE CRISTO, A
RELAÇÃ O DA GRAÇA COMUM COM A EFICAZ, OS MEIOS PELOS QUAIS A GRAÇA COMUM OPERA, OS
FRUTOS OU RESULTADO DA GRAÇA COMUM

Livros sobre a causa ou força motriz da reprovaçã o:


Institutas: A reprovaçã o nã o é injusta, se baseia na vontade de Deus e é misteriosa (409 – 411), A
reprovaçã o é justa e merecida para os réprobos (411 – 412, 414), A vontade de Deus é inescrutá vel, profunda
e misteriosa (412 – 413), A Queda de Adã o e seus descendentes foi preordenada por Deus (415 – 416),
Embora tenha sido preordenado, a causa e a responsabilidade da condenaçã o está no homem (417 – 418, 439
– 440)

Dogmá tica Reformada: A soberania divina na reprovaçã o (396 – 398), O decreto da reprovaçã o é
distinto do ato divino da condenaçã o (398 – 399)

Compêndio de Teologia Apologética: O decreto da reprovaçã o depende tã o somente da vontade


soberana de Deus e é absoluto (476 – 480), Embora a incredulidade seja consequência da reprovaçã o, a causa
e a responsabilidade do pecado está no homem (480 – 485)

Confissã o de Fé Comentada: A soberania de Deus em Seus decretos (94 – 101)

A Doutrina da Salvaçã o: Introduçã o (16 – 17)


Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof): Introduçã o e definiçã o teoló gica (108 – 110)

Comentá rio de Romanos (Joã o Calvino): 331 – 351


Comentá rio de Romanos (William Hendriksen): 423 – 434

Comentá rio de Romanos 9 (Martyn Lloyd-Jones): 242 – 262

A Soberania Banida: 116 – 118

Deus Controla Tudo: 13 – 20

Deus é Soberano: capítulos 2,3,7 e pá gs. 97 – 107

Estudar a Confissã o de Fé de Westminster e os Câ nones de Dort

A vontade de Deus é a causa e o fundamento da reprovação: sobre a vontade soberana


de Deus, o rei Davi orou perante a toda congregaçã o israelita: ‘’porque teu é tudo quanto há nos céus
e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e gló ria vêm de ti,
tu dominas sobre tudo, na tua mã o há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força’’
(1Cr 29:10-12). A Bíblia também descreve: ‘’No céu está o nosso Deus e tudo faz conforme lhe
agrada’’ (Sl 115:3), ‘’segundo o propó sito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade’’ (Ef 1:11), ‘’Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado’’ (Jó 42:1-
2), ‘’Todos os moradores da terra sã o por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera
com o exército do céu e os moradores da terra; nã o há quem lhe possa deter a mã o, nem lhe dizer:
Que fazes?’’ (Dn 4:34-35). Ora, se esta pequena lista de versículos descreve que todas as coisas
pertencem ao Senhor, que Ele é Rei e domina tudo quanto existe, que faz tudo que Lhe apraz e
ninguém pode impedir, frustrar ou bloquear Seus planos, qual razã o em acreditar que algum detalhe
da criaçã o ocorre por acaso ou que Deus nã o queira? Portanto, tudo quanto ocorre, nos céus e na
terra, assim acontece porque primeiramente Deus quis. Ora, se é assim, a resposta adequada porque
alguns se arrependem de seus pecados e confiam na obra de Cristo, e outros se recusam ao chamado
e permanecem a vida toda na sua impiedade, é porque assim a Deus aprouve que isto acontecesse,
‘’Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado’’ (Mt 11:25-27). Tudo quanto o Senhor deseja, acontece.
Assim, se fosse da vontade do Pai salvar todas as pessoas do mundo inteiro, logo assim isto iria se
concretizar, o inferno estaria vazio. Afirmar que Deus intencionou salvar todas as pessoas, mas estas
conseguem contrariar Sua vontade e vencê-la ao permanecerem ímpios por toda a vida, sendo
posteriormente condenadas ao fogo eterno, é uma contradiçã o. Tal contradiçã o significa dizer que
Deus nã o é Soberano, que nã o tem todo o poder em Suas mã os, que nã o é onipotente e que seu poder
é inferior ao das criaturas. Ou seja, tal contradiçã o, se caso fosse verdadeira, deturparia o Ser de
Deus. Como confiar em um Deus cujo poder, autoridade e vontade podem ser resistidas e frustradas
pelo homem? Tal contradiçã o nã o possui suporte bíblico e ló gico. A conclusã o é que todos aqueles
que Deus quis salvar, foram, sã o e serã o salvos no tempo determinado por Ele mesmo. Todos aqueles
que Deus nã o quis salvar, nunca serã o transformados verdadeiramente pelo Espírito Santo, estã o
contados entre aqueles que serã o condenados eternamente, permanecem ímpios por toda a vida
apesar de ouvirem as pregaçõ es da Igreja e ao fim da vida recebem a sentença de morte eterna. Por
exemplo, na eternidade passada, quando Deus estava sozinho, diz a Bíblia que todas as coisas vieram
a existir por meio de Seu poder porque assim foi do Seu agrado: ‘’Tu és digno, Senhor e Deus nosso,
de receber a gló ria, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua
vontade vieram a existir e foram criadas’’ (Ap 4:11). Quando todas as coisas vieram a existir, o
Senhor criou tudo sozinho, nã o precisou que algumas de suas criaturas lhe ajudassem, pois é o Deus
Todo-Poderoso, sequer precisou consultar suas criaturas, pois Sua sabedoria é infinita. Quando o
Senhor conversa com Seu servo Jó , que estava acamado e enfermo, Ele faz uma pergunta que nã o
precisava de resposta: ‘’Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?’’ (Jó 38). O
profeta Isaías ao relatar sobre a majestade, a sabedoria e o juízo de Deus, ele pergunta quem pode ser
como ou se comparar ao Senhor: ‘’Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o
ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensã o? Quem o instruiu na
vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho do entendimento?’’ (Is 40:13-18).
Assim como toda a criaçã o veio a existir por causa da vontade soberana do Senhor, deve-se entender
também que Ele é Soberano sobre os fenô menos naturais, os quais o homem nã o consegue controlar,
alguns versículos bíblicos descrevem como o Senhor controla estes fenô menos e os utiliza conforme
o conselho da Sua vontade. Por Sua ordem, Ele estabeleceu os céus, as estrelas e a lua (Sl 8:3). Eliú
discursa à Jó como o Senhor forma a chuva para abençoar a humanidade e os animais (Jó 36:27-31) e
que utiliza tempestades e trovõ es para punir os ímpios (Jó 36:32-33), é Ele mesmo que forma a neve,
a geada e que congela rios e lagos (Jó 37:6,10). Colocou a lua e o sol em seus corretos lugares para
marcar o tempo e comandar as atividades dos animais e do homem (Sl 104:19-23). Também foi Ele
que ‘’parou’’ o sol para aumentar a duraçã o do dia e assim concedeu tempo suficiente para Josué
vencer a batalha contra os amorreus (Js 10:8-14); e que ordenou cessar a tempestade para acalmar
os discípulos de Jesus (Mc 6:47-51). Deus controla as forças naturais ingoverná veis para o homem
‘’para fazerem tudo o que lhes ordena sobre a redondeza da terra. E tudo isso faz ele vir para
disciplina, se convém à terra, ou para exercer misericó rdia’’ (Jó 37:12-13). O Senhor que criou todas
as coisas, também rege e domina sobre os animais, como por exemplo, deu ordens aos corvos para
alimentarem o profeta Elias (1Rs 17:2-6), fechou a boca dos leõ es para proteger o profeta Daniel,
como também ordenou os mesmos que devorassem os inimigos de Daniel (Dn 6:16-24). Porém,
acima destes fenô menos naturais e dos animais ferozes que sã o muito mais poderosos que o homem,
está o Senhor, que rege e controla a criaçã o conforme Sua vontade (Jó 41:10-11). Nã o só a criaçã o é
inclinada e totalmente submissa para cumprir os desígnios do Altíssimo, mas como também é tã o
verdadeiro na vida cotidiana de todos os homens, desde os mais fracos e oprimidos até os mais
poderosos da terra, que administram vastas regiõ es do mundo, riquezas e forças militares. Afinal,
‘’Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem o pode dissuadir? O que ele deseja, isso ele fará ’’ (Jó 23:13-
14), ‘’O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios de seu coraçã o, por todas as geraçõ es’’
(Sl 33:11), ‘’O SENHOR fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso para o dia da
calamidade’’ (Pv 16:4), ‘’O coraçã o do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os
passos’’ (Pv 16:9), ‘’Muitos propó sitos há no coraçã o do homem, mas o desígnio do SENHOR
permanecerá ’’ (Pv 19:21), ‘’Os passos do homem sã o dirigidos pelo SENHOR’’ (Pv 20:24), ‘’Nã o há
sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENHOR’’ (Pv 21:30-31), ‘’Porque o
SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará ? A sua mã o está estendida; quem pois,
a fará voltar atrá s?’’ (Is 14:22-27), ‘’o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade’’
(Is 46:9-11), ‘’Eu sei, ó SENHOR, que nã o cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que
caminha o dirigir os seus passos’’ (Jr 10:23). Ora, estes versículos provam que a vontade do homem
jamais prevalecerá sobre os desígnios do Senhor, se Deus quer, tal coisa acontecerá sem nenhuma
chance do Senhor ser frustrado. Se Deus é Soberano e que faz o que quiser com a criaçã o e com todos
os homens, qual chance há para o homem desobedecer aos decretos de Deus, só para afirmar que
possui livre-arbítrio? Logo, pois, a ideia do livre-arbítrio faz o homem se sentir o senhor e dono de
seu destino, que ele é um ser autô nomo, livre para fazer o que quiser, até mesmo se sente poderoso
para desobedecer a vontade do Criador só para querer confirmar sua vontade. Tal ideia é antibíblica
e fere o conceito da soberania de Deus, afinal é o Senhor o verdadeiro e ú nico ‘’Rei dos reis e Senhor
dos senhores’’ (1Tm 6:15), em que ‘’Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino
domina sobre tudo’’ (Sl 103:19). A pará bola do rico insensato é um exemplo bem prá tico sobre como
a vontade do Senhor prevalece sobre a humana. Nesta pará bola, Jesus demonstrou a inutilidade em
priorizar o acú mulo de riquezas nesta vida acima das ‘’riquezas celestiais’’. A ambiçã o do rico o levou
a destruir os celeiros, e a construir outros ainda maiores para guardar os frutos do seu trabalho e os
seus bens (Lc 12:15-19). Porém, Deus frustrou seus planos ao lhe tirar a vida, dizendo: ‘’Louco, esta
noite te pedirã o a tua alma’’ (Lc 12:20-21). Nem mesmo os reis e governantes mais ricos e poderosos
do mundo estã o imunes à soberania divina, eles também estã o submetidos ao domínio divino,
sempre atendem aos planos divinos, eles estã o inclinados à vontade divina. Qualquer decisã o que
saia da boca do governante está submetida aos planos de Deus: ‘’Como ribeiros de á guas assim é o
coraçã o do rei na mã o do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina’’ (Pv 21:1). Como ‘’do
SENHOR é o reino, é ele quem governa as naçõ es’’ (Sl 22:28), Ele pode derrubar naçõ es, estabelecer
impérios, determinar o curso da histó ria e dirigir as decisõ es dos reis segundo a Sua vontade. Por
rebeldia ao Senhor, homens poderosos e influentes tentaram inutilmente frustrar os planos do
Senhor, mas suas tentativas iníquas além de se frustrarem em seus alvos ainda acabaram por
confirmar o cumprimento da vontade do Senhor. Por exemplo, quando o Senhor se agradou da oferta
de Abel e rejeitou a de Caim, este ú ltimo matou seu irmã o (Gn 4:1-9). Porém, Deus deu continuidade
à família da Aliança quando Eva concebeu a Sete e, assim surgiu a geraçã o piedosa (Gn 4:25-26, 5:1-
32). Ninrode e os habitantes da regiã o de Sinar tiveram a ideia de construir uma cidade e uma torre,
cujo topo chegaria até os céus, uma demonstraçã o arrogante de tentar competir com Deus e para que
nã o fossem espalhados por toda a terra, contrariando a ordenança de Deus para Adã o e seus
descendentes (Gn 2:26-28). Porém, Deus deu diversos idiomas aos homens para os confundirem,
cessar a construçã o e espalhar os homens por toda terra (Gn 10:8-11, 11:1-9). O rei dos moabitas,
Balaque, contratou um profeta pagã o, Balaã o, para amaldiçoar o povo de Israel que chegara a Moabe
(Nm 22:1-7). Porém, por ordem do Senhor, ao invés de amaldiçoar, Balaã o abençoa o povo de Deus
três vezes (Nm 23:4-10, 23:16-24, 24:1-9) e este conquista a regiã o de Moabe (Nm 31:7-8). Vendo,
pois, o rei Saul que foi rejeitado pelo Senhor (1Sm 13:8-14, 15:1-12) e que Deus levantou Davi como
o escolhido para governar Israel (1Sm 26:1,11-13), Saul por diversas vezes tentou matar Davi (1Sm
19:10-11, 24:1-2). Porém, a vida de Davi foi preservada e obteve êxito em tudo que fazia, ‘’porque o
SENHOR era com ele’’ (1Sm 18:12-14). Saul, que pretendia matar seu inimigo para continuar
reinando, foi ele mesmo que perdeu sua vida, quando morreu numa batalha contra os filisteus (2Sm
31:1-4). Assim, Davi foi confirmado como o rei escolhido pelo Senhor, primeiro em Judá (2Sm 2:4),
depois sobre todo o Israel (2Sm 5:1-3). Os assírios, os quais foram levantados pelo Senhor como
instrumento de justiça para disciplinar as naçõ es do Oriente Médio (Is 10:5,6,24), especialmente a
Filístia (Is 14:29-31), Moabe (Is 16:6-13), Síria (Is 17:1-2), Egito (Is 19:4-23), Etió pia (Is 20:1-6) e
Israel (Is 8:4-10). Porém, ao perceber que tinha um poderio militar muito forte, a Assíria excedeu seu
papel de instrumento de ira, tornou-se arrogante, desejou dominar todo o Oriente Médio e
exterminar as naçõ es estabelecidas na regiã o (Is 10:7,12-14). Assim, ao conquistar estas regiõ es, a
Assíria se deixou cegar pela arrogâ ncia, esqueceu que era apenas instrumento de ira, pensou ser
invencível e estava acima de todas as naçõ es e até do pró prio Deus. Por isso, tentou conquistar o
reino de Judá e blasfemou contra Deus, pondo em dú vida se Deus seria capaz de livrar Jerusalém de
seu domínio, argumentando que nenhuma coisa adorada como divindade conseguiu livrar (2Rs
18:28-36). Porém, em um ato de misericó rdia, por amor ao Seu povo, Deus enviou o Anjo do Senhor
que devastou o exército assírio de tal maneira que o rei Senaqueribe foi obrigado à voltar para
Nínive, onde foi morto por seus filhos (2Rs 19:35-37, Is 37:21-38). Na mesma época, o profeta Isaías
previu a destruiçã o da Assíria pelos babilô nicos (Is 10:12,24-25, 14:25, 30:31; Mq 5:5-7, Hb 3:1-7, Sf
2:13-15). Os babilô nicos, liderados por Nabucodonosor, também foram levantados como
instrumento de justiça contra os judeus (2Rs 25:1-12; Ed 5:12; Is 14:5-6; Jr 20:4-5, 29:10-14, Hb 1:5-
11), por conta da constante rebeldia contra o Senhor e da idolatria predominante na regiã o (1Cr 9:1;
Jr 25:4-14, 32:28-38). Ainda que o Senhor tenha demonstrado que é o ú nico e verdadeiro Deus (Dn
2:46-49, 3:28-30) e que é o responsá vel por elevar a força militar e administrativa da Babilô nia
acima das demais naçõ es (Dn 2:36-45, 4:19-26); o rei Nabucodonosor, no auge de seu poderio,
recusou o conselho do profeta Daniel (Dn 4:27) e atribuiu a si mesmo pelo sucesso militar da
Babilô nia ao invés de glorificar a Deus pela grandeza de seu reinado (Dn 4:28-30). Por causa disso,
Deus cumpriu a sentença ao determinar que o rei tornasse louco por sete anos (Dn 4:31-33). Apó s os
sete anos de loucura, Nabucodonosor retornou ao seu trono, glorificou a Deus, reconheceu a
grandeza e a soberania de Deus, atribuiu corretamente a Ele como o ú nico responsá vel pela grandeza
do Império Babilô nico (Dn 4:34-37). Outro caso famoso é quando o rei Nabucodonosor ordena os
três amigos de Daniel a adorarem a imagem de ouro, zomba de Deus ao perguntar ‘’E quem é o deus
que vos poderá livrar das minhas mã os?’’, mas os três jovens se recusam (Dn 3:13-18). Assim, o rei
condena à morte pela fornalha de fogo os três amigos, mas o Senhor preservou a vida destes, os quais
saíram da fornalha com vida, novamente a vontade divina prevaleceu sobre a do rei (Dn 3:19-27).
Mais uma vez, o rei teve que glorificar a Deus pelo milagre (Dn 3:28-30). Quando o tempo de
cativeiro dos judeus completou setenta anos, o tempo determinado pelo Senhor, cumprido o
propó sito da Babilô nia, Deus determinou exterminar a Babilô nia e libertar os judeus do cativeiro por
meio de Ciro (2Cr 36:22-23; Ed 1:1-3; Is 13:9-22, 14:22-23, 21:1-10, 44:28; Jr 50:1-14; Dn 5:18-28).
E, por ú ltimo, o Salmo 2 é digno de ser citado, nele está escrito que os homens ímpios e reis iníquos
se levantam e conspiram contra o domínio soberano do Senhor: ‘’Rompamos os seus laços e
sacudamos de nó s as suas algemas’’ (Sl 2:1-3). Ao observar a rebeliã o, ‘’Ri-se aquele que habita nos
céus; o Senhor zomba deles’’ (Sl 2:4). Ainda que o mundo inteiro se rebele contra o Criador, quem
poderá contender contra o Senhor e sair vitorioso? É inú til e vã o todo o esforço humano contra
Aquele que criou todas as coisas. O Deus Todo-Poderoso, Governador Supremo e Soberano sobre a
criaçã o, entregou Seu reinado para Seu Filho como herança (Sl 2:6-8). Todo aquele que se rebela
contra o Filho de Deus, quando ele voltar, irá proclamar a sentença de morte eterna para todo aquele
que nã o deseja se submeter ao domínio do Filho de Deus (Sl 2:9-12).

Portanto, através do estudo da vontade soberana de Deus que sempre prevalece sobre a
criaçã o, as forças da natureza, sobre os homens e os mais poderosos da terra, pode-se chegar à
seguinte conclusã o: Deus, como o Ser Supremo e Soberano, Eterno, Criador de todas as coisas e
infinitamente Sá bio, Justo e Santo; ao elaborar na eternidade a criaçã o do universo, em Seu justo,
santo, sá bio e soberano conselho da Sua vontade, nã o quis criar todas as coisas em plena igualdade,
mas determinou com sabedoria fazer distinçã o entre Suas criaturas. Como Deus é Soberano e é o
Criador de todas as coisas, logo Ele tem o direito de fazer o que quiser com a criaçã o, conforme o que
Lhe apraz, segundo o conselho da Sua vontade. O Senhor nã o é apenas o Criador de todas as coisas e
que faz tudo segundo a Sua vontade, como também todas as decisõ es eternas sobre a criaçã o
refletem o cará ter moral de Deus, e o homem é pecador, logo o homem nã o possui direito de
questionar, indagar, acusar de injustiça ou pô r em dú vida o cará ter santo de Deus. O Senhor nã o
apenas fez a distinçã o entre suas criaturas, e daí existir a imensa variedade de formas e de funçõ es de
corpos celestes e espécies de plantas e animais, como também derrama bênçã os em medidas
diferentes e desiguais sobre os homens. O motivo porque Ele faz distinçã o entre as criaturas e
também entre a humanidade é tã o somente a Sua eterna, sá bia, perfeita, soberana, suprema,
imutá vel, justa e santa vontade de Deus. Nã o existe outra causa pela enorme desigualdade que há no
mundo que nã o seja a vontade soberana de Deus, nã o existe outra causa que seja fora de Deus, ou por
algum acontecimento externo, ou pela condiçã o de suas criaturas. O motivo do derramamento de
bênçã os desiguais entre os homens, em que alguns sã o dotados de brilhantes dons e talentos, em que
uns sã o médicos, mú sicos, bió logos, químicos, físicos, pintores, arquitetos, líderes em seus países e
em suas empresas; e outros, trabalham em profissõ es que exige muita força física e pouca capacidade
intelectual, que jamais alcançarã o alguma liderança e que serã o empregados pelo resto de suas vidas;
é a vontade soberana de Deus que faz esta distinçã o. O motivo de alguns serem ricos ou morarem em
países desenvolvidos que possuem as melhores condiçõ es de saú de, educaçã o, infraestrutura e de
livre mercado, outros sã o pobres ou moram em países subdesenvolvidos que possuem condiçõ es
precá rias de saú de, educaçã o, infraestrutura e que atrapalha o livre mercado; é a vontade soberana
de Deus. E como esta realidade é perceptível aos olhos humanos e que por isso é natural entender
estas diferenças, da mesma forma também deve se concluir que a vontade soberana de Deus também
faz distinçã o no derramamento de bênçã os espirituais entre a humanidade. Afinal, a experiência
atesta que alguns foram convertidos pelo Espírito Santo e que outros foram ímpios pelo resto de suas
vidas, e esta diferença também se deve à vontade soberana de Deus. Enquanto alguns recebem
apenas as bênçã os naturais desta vida (como saú de, alimento, abrigo, dons e talentos), outros
recebem isto e também a salvaçã o por meio de Jesus Cristo. Por exemplo, Deus se agradou de Abel e
rejeitou Caim (Gn 4:1-5), escolheu a geraçã o de Sete (Gn 5) e recusou a de Caim (Gn 4:17-24),
preservou e fez aliança com Noé e sua família e o resto da raça humana foi condenada à morte pelo
dilú vio (Gn 6:11-19), escolheu Isaque e rejeitou Ismael (Gn 21:8-14, Rm 9:6-7), amou Jacó e odiou
Esaú (Gn 25:21-26, Ml 1:2-3, Rm 9:10-13), fez distinçã o entre o povo de Israel e o Egito, ao abençoar
o primeiro e conduzi-lo para a terra prometida e amaldiçoar o segundo com dez pragas (Ê x 3:16-22,
8:20-23, 10:21-23, 11:4-8). Joã o Batista prenunciou a obra de Cristo ao dizer que os escolhidos
seriam batizados com Espírito Santo e os reprovados com fogo, símbolo da condenaçã o eterna (Mt
4:11-12). O apó stolo Paulo disse que alguns foram feitos como vasos de honra, os quais conheceriam
as riquezas da gló ria da misericó rdia e graça de Deus, enquanto outros foram feitos como vasos de
desonra preparados de antemã o para a condenaçã o e objetos da ira de Deus (Rm 9:21-23). Enquanto
alguns foram alcançados pela eleiçã o, os demais foram endurecidos (Rm 11:7-10), como a fé é dom
de Deus, logo Ele concede livremente a quem quiser, e aqueles que recebem este dom sã o os eleitos
(At 13:48, Ef 2:8-9, Tt 1:1-3), enquanto os demais jamais crerã o na Palavra (Mt 13:10-14, Mc 4:10-12,
Lc 8:9-11, Jo 12:37-40), porque foi do agrado do Pai, é que o evangelho alcançou os pequeninos e o
entendimento da Palavra foi ocultado aos sá bios e instruídos (Mt 11:25-26), somente os eleitos sã o
redimidos pelo sangue de Cristo e que por isso confiam na sua obra, enquanto os demais nã o creem
em Cristo porque nã o foram redimidos por ele (Jo 10:25-29). Enquanto os escolhidos foram
destinados para crer em Cristo e serem santos e irrepreensíveis (Ef 1:3-14), os reprovados foram
destinados para serem desobedientes e nã o crerem no evangelho (1Pe 2:4-8), os eleitos estã o
destinados para a glorificaçã o (Rm 8:28-31) e os reprovados estã o destinados para perecer na sua
corrupçã o, para a destruiçã o e juízo (2Pe 2:12-13, 3:7; Jd 1:4). Enquanto os escolhidos serã o
arrebatados, os povos da terra lamentarã o por causa da segunda vinda de Jesus (Mt 24:29-31), o
apó stolo Paulo promete que seremos arrebatados por ocasiã o da segunda vinda de Cristo só depois
que o anticristo enganar os réprobos (2Ts 2:1-12), o nome dos eleitos estã o escritos no Livro da Vida
(Fp 4:3, Ap 21:27) e o dos reprovados nã o se encontram neste Livro e que por isso estã o contados
entre os condenados (Ap 17:8, 20:15). Esta distinçã o entre os eleitos e os reprovados existe tã o
somente por causa da soberana vontade de Deus, em que decidiu conceder graça e misericó rdia
sobre os escolhidos, enquanto aos reprovados decidiu derramar sua justa e santa ira para condená -
los à morte eterna. Sobre esta distinçã o feita sobre eleitos e reprovados com base exclusiva na
vontade soberana de Deus, disse Jesus: ‘’Ocultaste estas coisas aos sá bios e instruídos e as revelaste
aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado’’ (Mt 11:25-27, Lc 10:21-24), ‘’Respondeu-
lhes Jesus: A vó s outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por
pará bolas, para que, vendo, nã o vejam; e, ouvindo, nã o entendam’’ (Mt 13:10-14, Mc 4:10-12, Lc 8:9-
11, Jo 12:37-40), ‘’Mas vó s nã o credes, porque nã o sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas
ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem’’ (Jo 10:25-29). O apó stolo Paulo também
ensinou sobre a distinçã o baseada na vontade de Deus: ‘’E ainda nã o eram os gêmeos nascidos, nem
tinham praticado o bem ou o mal (para que o propó sito de Deus, quanto à eleiçã o, prevalecesse, nã o
por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho servirá ao mais moço. Como
está escrito: Amei Jacó , porém me aborreci de Esaú ’’ (Rm 9:7-13), ‘’Logo, ele tem misericó rdia de
quem quer e também endurece a quem lhe apraz’’ (Rm 9:15-18), ‘’Ou nã o tem o oleiro direito sobre a
massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? Que diremos, pois, se
Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade
os vasos de ira, preparados para a perdiçã o, a fim de que desse conhecer as riquezas da sua gló ria em
vasos de misericó rdia, que para gló ria preparou de antemã o’’ (Rm 9:19-24). E o apó stolo Pedro
também ensinou sobre o assunto: ‘’Sã o estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para
o que também foram postos. Vó s, porém, sois raça eleita, sacerdó cio real, naçã o santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus’’ (1Pe 2:6-10).

Sobre a vontade soberana de Deus, o rei Davi orou perante a toda congregaçã o israelita:
‘’porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe
sobre todos. Riquezas e gló ria vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mã o há força e poder; contigo
está o engrandecer e a tudo dar força’’ (1Cr 29:10-12). A Bíblia também descreve: ‘’No céu está o
nosso Deus e tudo faz conforme lhe agrada’’ (Sl 115:3), ‘’segundo o propó sito daquele que faz todas
as coisas conforme o conselho da sua vontade’’ (Ef 1:11), ‘’Bem sei que tudo podes, e nenhum dos
teus planos pode ser frustrado’’ (Jó 42:1-2), ‘’Todos os moradores da terra sã o por ele reputados em
nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; nã o há
quem lhe possa deter a mã o, nem lhe dizer: Que fazes?’’ (Dn 4:34-35). Ora, se esta pequena lista de
versículos descreve que todas as coisas pertencem ao Senhor, que Ele é Rei e domina tudo quanto
existe, que faz tudo que Lhe apraz e ninguém pode impedir, frustrar ou bloquear Seus planos, qual
razã o em acreditar que algum detalhe da criaçã o ocorre por acaso ou que Deus nã o queira? Portanto,
tudo quanto ocorre, nos céus e na terra, assim acontece porque primeiramente Deus quis. Ora, se é
assim, a resposta adequada porque alguns se arrependem de seus pecados e confiam na obra de
Cristo, e outros se recusam ao chamado e permanecem a vida toda na sua impiedade, é porque assim
a Deus aprouve que isto acontecesse, ‘’Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado’’ (Mt 11:25-27).
Tudo quanto o Senhor deseja, acontece. Assim, se fosse da vontade do Pai salvar todas as pessoas do
mundo inteiro, logo assim isto iria se concretizar, o inferno estaria vazio. Afirmar que Deus
intencionou salvar todas as pessoas, mas estas conseguem contrariar Sua vontade e vencê-la ao
permanecerem ímpios por toda a vida, sendo posteriormente condenadas ao fogo eterno, é uma
contradiçã o. Tal contradiçã o significa dizer que Deus nã o é Soberano, que nã o tem todo o poder em
Suas mã os, que nã o é onipotente e que seu poder é inferior ao das criaturas. Ou seja, tal contradiçã o,
se caso fosse verdadeira, deturparia o Ser de Deus. Como confiar em um Deus cujo poder, autoridade
e vontade podem ser resistidas e frustradas pelo homem? Tal contradiçã o nã o possui suporte bíblico
e ló gico. A conclusã o é que todos aqueles que Deus quis salvar, foram, sã o e serã o salvos no tempo
determinado por Ele mesmo. Todos aqueles que Deus nã o quis salvar, nunca serã o transformados
verdadeiramente pelo Espírito Santo, estã o contados entre aqueles que serã o condenados
eternamente, permanecem ímpios por toda a vida apesar de ouvirem as pregaçõ es da Igreja e ao fim
da vida recebem a sentença de morte eterna. Por exemplo, na eternidade passada, quando Deus
estava sozinho, diz a Bíblia que todas as coisas vieram a existir por meio de Seu poder porque assim
foi do Seu agrado: ‘’Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a gló ria, a honra e o poder, porque
todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas’’ (Ap 4:11).
Quando todas as coisas vieram a existir, o Senhor criou tudo sozinho, nã o precisou que algumas de
suas criaturas lhe ajudassem, pois é o Deus Todo-Poderoso, sequer precisou consultar suas criaturas,
pois Sua sabedoria é infinita. Quando o Senhor conversa com Seu servo Jó , que estava acamado e
enfermo, Ele faz uma pergunta que nã o precisava de resposta: ‘’Onde estavas tu, quando eu lançava
os fundamentos da terra?’’ (Jó 38). O profeta Isaías ao relatar sobre a majestade, a sabedoria e o juízo
de Deus, ele pergunta quem pode ser como ou se comparar ao Senhor: ‘’Quem guiou o Espírito do
SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse
compreensã o? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho
do entendimento?’’ (Is 40:13-18). Assim como toda a criaçã o veio a existir por causa da vontade
soberana do Senhor, deve-se entender também que Ele é Soberano sobre os fenô menos naturais, os
quais o homem nã o consegue controlar, alguns versículos bíblicos descrevem como o Senhor
controla estes fenô menos e os utiliza conforme o conselho da Sua vontade. Por Sua ordem, Ele
estabeleceu os céus, as estrelas e a lua (Sl 8:3). Eliú discursa à Jó como o Senhor forma a chuva para
abençoar a humanidade e os animais (Jó 36:27-31) e que utiliza tempestades e trovõ es para punir os
ímpios (Jó 36:32-33), é Ele mesmo que forma a neve, a geada e que congela rios e lagos (Jó 37:6,10).
Colocou a lua e o sol em seus corretos lugares para marcar o tempo e comandar as atividades dos
animais e do homem (Sl 104:19-23). Também foi Ele que ‘’parou’’ o sol para aumentar a duraçã o do
dia e assim concedeu tempo suficiente para Josué vencer a batalha contra os amorreus (Js 10:8-14); e
que ordenou cessar a tempestade para acalmar os discípulos de Jesus (Mc 6:47-51). Deus controla as
forças naturais ingoverná veis para o homem ‘’para fazerem tudo o que lhes ordena sobre a
redondeza da terra. E tudo isso faz ele vir para disciplina, se convém à terra, ou para exercer
misericó rdia’’ (Jó 37:12-13). O Senhor que criou todas as coisas, também rege e domina sobre os
animais, como por exemplo, deu ordens aos corvos para alimentarem o profeta Elias (1Rs 17:2-6),
fechou a boca dos leõ es para proteger o profeta Daniel, como também ordenou os mesmos que
devorassem os inimigos de Daniel (Dn 6:16-24). Porém, acima destes fenô menos naturais e dos
animais ferozes que sã o muito mais poderosos que o homem, está o Senhor, que rege e controla a
criaçã o conforme Sua vontade (Jó 41:10-11). Nã o só a criaçã o é inclinada e totalmente submissa para
cumprir os desígnios do Altíssimo, mas como também é tã o verdadeiro na vida cotidiana de todos os
homens, desde os mais fracos e oprimidos até os mais poderosos da terra, que administram vastas
regiõ es do mundo, riquezas e forças militares. Afinal, ‘’Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem o
pode dissuadir? O que ele deseja, isso ele fará ’’ (Jó 23:13-14), ‘’O conselho do SENHOR dura para
sempre; os desígnios de seu coraçã o, por todas as geraçõ es’’ (Sl 33:11), ‘’O SENHOR fez todas as
coisas para determinados fins e até o perverso para o dia da calamidade’’ (Pv 16:4), ‘’O coraçã o do
homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos’’ (Pv 16:9), ‘’Muitos propó sitos há
no coraçã o do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá ’’ (Pv 19:21), ‘’Os passos do homem
sã o dirigidos pelo SENHOR’’ (Pv 20:24), ‘’Nã o há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho
contra o SENHOR’’ (Pv 21:30-31), ‘’Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o
invalidará ? A sua mã o está estendida; quem pois, a fará voltar atrá s?’’ (Is 14:22-27), ‘’o meu conselho
permanecerá de pé, farei toda aminha vontade’’ (Is 46:9-11), ‘’Eu sei, ó SENHOR, que nã o cabe ao
homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos’’ (Jr 10:23). Ora,
estes versículos provam que a vontade do homem jamais prevalecerá sobre os desígnios do Senhor,
se Deus quer, tal coisa acontecerá sem nenhuma chance do Senhor ser frustrado. Se Deus é Soberano
e que faz o que quiser com a criaçã o e com todos os homens, qual chance há para o homem
desobedecer aos decretos de Deus, só para afirmar que possui livre-arbítrio? Logo, pois, a ideia do
livre-arbítrio faz o homem se sentir o senhor e dono de seu destino, que ele é um ser autô nomo, livre
para fazer o que quiser, até mesmo se sente poderoso para desobedecer a vontade do Criador só para
querer confirmar sua vontade. Tal ideia é antibíblica e fere o conceito da soberania de Deus, afinal é o
Senhor o verdadeiro e ú nico ‘’Rei dos reis e Senhor dos senhores’’ (1Tm 6:15), em que ‘’Nos céus,
estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo’’ (Sl 103:19). A pará bola do rico
insensato é um exemplo bem prá tico sobre como a vontade do Senhor prevalece sobre a humana.
Nesta pará bola, Jesus demonstrou a inutilidade em priorizar o acú mulo de riquezas nesta vida acima
das ‘’riquezas celestiais’’. A ambiçã o do rico o levou a destruir os celeiros, e a construir outros ainda
maiores para guardar os frutos do seu trabalho e os seus bens (Lc 12:15-19). Porém, Deus frustrou
seus planos ao lhe tirar a vida, dizendo: ‘’Louco, esta noite te pedirã o a tua alma’’ (Lc 12:20-21). Nem
mesmo os reis e governantes mais ricos e poderosos do mundo estã o imunes à soberania divina, eles
também estã o submetidos ao domínio divino, sempre atendem aos planos divinos, eles estã o
inclinados à vontade divina. Qualquer decisã o que saia da boca do governante está submetida aos
planos de Deus: ‘’Como ribeiros de á guas assim é o coraçã o do rei na mã o do SENHOR; este, segundo
o seu querer, o inclina’’ (Pv 21:1). Como ‘’do SENHOR é o reino, é ele quem governa as naçõ es’’ (Sl
22:28), Ele pode derrubar naçõ es, estabelecer impérios, determinar o curso da histó ria e dirigir as
decisõ es dos reis segundo a Sua vontade. Por rebeldia ao Senhor, homens poderosos e influentes
tentaram inutilmente frustrar os planos do Senhor, mas suas tentativas iníquas além de se
frustrarem em seus alvos ainda acabaram por confirmar o cumprimento da vontade do Senhor. Por
exemplo, quando o Senhor se agradou da oferta de Abel e rejeitou a de Caim, este ú ltimo matou seu
irmã o (Gn 4:1-9). Porém, Deus deu continuidade à família da Aliança quando Eva concebeu a Sete e,
assim surgiu a geraçã o piedosa (Gn 4:25-26, 5:1-32). Ninrode e os habitantes da regiã o de Sinar
tiveram a ideia de construir uma cidade e uma torre, cujo topo chegaria até os céus, uma
demonstraçã o arrogante de tentar competir com Deus e para que nã o fossem espalhados por toda a
terra, contrariando a ordenança de Deus para Adã o e seus descendentes (Gn 2:26-28). Porém, Deus
deu diversos idiomas aos homens para os confundirem, cessar a construçã o e espalhar os homens
por toda terra (Gn 10:8-11, 11:1-9). O rei dos moabitas, Balaque, contratou um profeta pagã o, Balaã o,
para amaldiçoar o povo de Israel que chegara a Moabe (Nm 22:1-7). Porém, por ordem do Senhor, ao
invés de amaldiçoar, Balaã o abençoa o povo de Deus três vezes (Nm 23:4-10, 23:16-24, 24:1-9) e este
conquista a regiã o de Moabe (Nm 31:7-8). Vendo, pois, o rei Saul que foi rejeitado pelo Senhor (1Sm
13:8-14, 15:1-12) e que Deus levantou Davi como o escolhido para governar Israel (1Sm 26:1,11-13),
Saul por diversas vezes tentou matar Davi (1Sm 19:10-11, 24:1-2). Porém, a vida de Davi foi
preservada e obteve êxito em tudo que fazia, ‘’porque o SENHOR era com ele’’ (1Sm 18:12-14). Saul,
que pretendia matar seu inimigo para continuar reinando, foi ele mesmo que perdeu sua vida,
quando morreu numa batalha contra os filisteus (2Sm 31:1-4). Assim, Davi foi confirmado como o rei
escolhido pelo Senhor, primeiro em Judá (2Sm 2:4), depois sobre todo o Israel (2Sm 5:1-3). Os
assírios, os quais foram levantados pelo Senhor como instrumento de justiça para disciplinar as
naçõ es do Oriente Médio (Is 10:5,6,24), especialmente a Filístia (Is 14:29-31), Moabe (Is 16:6-13),
Síria (Is 17:1-2), Egito (Is 19:4-23), Etió pia (Is 20:1-6) e Israel (Is 8:4-10). Porém, ao perceber que
tinha um poderio militar muito forte, a Assíria excedeu seu papel de instrumento de ira, tornou-se
arrogante, desejou dominar todo o Oriente Médio e exterminar as naçõ es estabelecidas na regiã o (Is
10:7,12-14). Assim, ao conquistar estas regiõ es, a Assíria se deixou cegar pela arrogâ ncia, esqueceu
que era apenas instrumento de ira, pensou ser invencível e estava acima de todas as naçõ es e até do
pró prio Deus. Por isso, tentou conquistar o reino de Judá e blasfemou contra Deus, pondo em dú vida
se Deus seria capaz de livrar Jerusalém de seu domínio, argumentando que nenhuma coisa adorada
como divindade conseguiu livrar (2Rs 18:28-36). Porém, em um ato de misericó rdia, por amor ao
Seu povo, Deus enviou o Anjo do Senhor que devastou o exército assírio de tal maneira que o rei
Senaqueribe foi obrigado à voltar para Nínive, onde foi morto por seus filhos (2Rs 19:35-37, Is 37:21-
38). Na mesma época, o profeta Isaías previu a destruiçã o da Assíria pelos babilô nicos (Is 10:12,24-
25, 14:25, 30:31; Mq 5:5-7, Hb 3:1-7, Sf 2:13-15). Os babilô nicos, liderados por Nabucodonosor,
também foram levantados como instrumento de justiça contra os judeus (2Rs 25:1-12; Ed 5:12; Is
14:5-6; Jr 20:4-5, 29:10-14, Hb 1:5-11), por conta da constante rebeldia contra o Senhor e da
idolatria predominante na regiã o (1Cr 9:1; Jr 25:4-14, 32:28-38). Ainda que o Senhor tenha
demonstrado que é o ú nico e verdadeiro Deus (Dn 2:46-49, 3:28-30) e que é o responsá vel por elevar
a força militar e administrativa da Babilô nia acima das demais naçõ es (Dn 2:36-45, 4:19-26); o rei
Nabucodonosor, no auge de seu poderio, recusou o conselho do profeta Daniel (Dn 4:27) e atribuiu a
si mesmo pelo sucesso militar da Babilô nia ao invés de glorificar a Deus pela grandeza de seu reinado
(Dn 4:28-30). Por causa disso, Deus cumpriu a sentença ao determinar que o rei tornasse louco por
sete anos (Dn 4:31-33). Apó s os sete anos de loucura, Nabucodonosor retornou ao seu trono,
glorificou a Deus, reconheceu a grandeza e a soberania de Deus, atribuiu corretamente a Ele como o
ú nico responsá vel pela grandeza do Império Babilô nico (Dn 4:34-37). Outro caso famoso é quando o
rei Nabucodonosor ordena os três amigos de Daniel a adorarem a imagem de ouro, zomba de Deus
ao perguntar ‘’E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mã os?’’, mas os três jovens se
recusam (Dn 3:13-18). Assim, o rei condena à morte pela fornalha de fogo os três amigos, mas o
Senhor preservou a vida destes, os quais saíram da fornalha com vida, novamente a vontade divina
prevaleceu sobre a do rei (Dn 3:19-27). Mais uma vez, o rei teve que glorificar a Deus pelo milagre
(Dn 3:28-30). Quando o tempo de cativeiro dos judeus completou setenta anos, o tempo determinado
pelo Senhor, cumprido o propó sito da Babilô nia, Deus determinou exterminar a Babilô nia e libertar
os judeus do cativeiro por meio de Ciro (2Cr 36:22-23; Ed 1:1-3; Is 13:9-22, 14:22-23, 21:1-10, 44:28;
Jr 50:1-14; Dn 5:18-28). E, por ú ltimo, o Salmo 2 é digno de ser citado, nele está escrito que os
homens ímpios e reis iníquos se levantam e conspiram contra o domínio soberano do Senhor:
‘’Rompamos os seus laços e sacudamos de nó s as suas algemas’’ (Sl 2:1-3). Ao observar a rebeliã o,
‘’Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles’’ (Sl 2:4). Ainda que o mundo inteiro se
rebele contra o Criador, quem poderá contender contra o Senhor e sair vitorioso? É inú til e vã o todo
o esforço humano contra Aquele que criou todas as coisas. O Deus Todo-Poderoso, Governador
Supremo e Soberano sobre a criaçã o, entregou Seu reinado para Seu Filho como herança (Sl 2:6-8).
Todo aquele que se rebela contra o Filho de Deus, quando ele voltar, irá proclamar a sentença de
morte eterna para todo aquele que nã o deseja se submeter ao domínio do Filho de Deus (Sl 2:9-12).
Portanto, quando ocorreu em que Deus decretou algo e nã o se cumpriu porque a vontade humana
era contra? A vontade do Senhor prevalece sobre todas as coisas, tudo ocorre depende dos planos
divinos e todas as criaturas dependem do cuidado providencial do Criador. Esta ideia nã o é só
bíblica, mas é necessá ria para a sobrevivência de todas as criaturas, pois se Deus deixa de atuar
sobre a criaçã o ‘’toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria ao pó ’’ (Jó 34:13-15), ‘’pois
ele mesmo é quem dá vida, respiraçã o e tudo mais’’, ‘’pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos’’
(At 17:24-31).

Livros sobre o alvo final da reprovaçã o:

Institutas da Religiã o Cristã : pá gina 419 (ver os demais tó picos de Calvino sobre a
reprovaçã o);

Dogmá tica Reformada: 400;

Comentá rio de Romanos (Martyn Lloyd-Jones): 261 – 277;

Comentá rio de Romanos (Joã o Calvino): 349 – 351;

Comentá rio de Romanos (William Hendriksen): 435 – 436

ESCREVER SOBRE O ALVO FINAL DA REPROVAÇÃ O: A GLÓ RIA DA JUSTIÇA DE DEUS:


PUNIÇÃ O SOBRE O ÍMPIO, (DEUS QUER DAR A CONHECER O SEU PODER, A SUA JUSTIÇA, QUER
MANIFESTAR A GLÓ RIA DA SUA JUSTIÇA. DESCREVER O EXEMPLO DE FARAÓ , EM QUE DEUS
PODERIA TER SALVO TODO O EGITO, MAS NÃ O QUIS, POIS ELE TINHA PROPÓ SITOS MAIORES E
MAIS SÁ BIOS PARA PROMOVER A GLÓ RIA DO SEU NOME), A DEMORA EM SENTENCIAR O ÍMPIO
COMO PROVA DA PACIÊ NCIA DE DEUS E PARA MANIFESTAR CADA VEZ MAIS CLARA E DE FORMA
INDESCULPÁ VEL SUA IRA SOBRE O ÍMPIO, A JUSTIÇA SOBRE O ÍMPIO DEMONSTRA A GRANDEZA
DA MISERICÓ RDIA SOBRE OS ELEITOS. MARTYN LLOYD-JONES DIZ O SEGUINTE: ‘’POIS BEM, O
APÓ STOLO ESTÁ ASSEVERANDO, ENTÃ O, QUE TUDO EM DEUS, POR SER ELE DEUS, POR SUA
NATUREZA SANTA, POR SEU CARÁ TER JUSTO E RETO, ODEIA O PECADO. O PECADO E DEUS SÃ O
PERPÉ TUOS OPOSTOS, E COM TODA A INTENSIDADE DO SEU SER DEUS ABORRECE O PECADO E
DESEJA PUNI-LO. ISTO É NECESSARIAMENTE VERDADE A RESPEITO DE DEUS. E O APÓ STOLO
DECLARA QUE, POR ISSO MESMO, AO PUNIR O PECADO, DEUS MANIFESTA ESTES ASPECTOS DO
SEU GLORIOSO SER E DO SEU CARÁ TER. É PUNINDO O PECADO E LEVANDO À DESTRUIÇÃ O OS
PECADORES, QUE DEUS FEZ E FAZ CONHECIDO O PODER DA SUA IRA’’. ESCREVER QUE ATRAVÉ S
DA PUNIÇÃ O AO PECADO, ELE NOS FAZ CONHECER AINDA MAIS SOBRE SUA NATUREZA E SEUS
ATRIBUTOS, ESPECIALMENTE O DA JUSTIÇA E DA SUA SANTIDADE (COLOCAR VERSÍCULOS QUE
MOSTRAM DEUS PUNINDO HOMENS PECADORES E QUE A PENA DO PECADO É A MORTE). OUTRO
PROPÓ SITO DA REPROVAÇÃ O É QUE DEUS USA OS RÉ PROBOS PARA CAUSAR SOFRIMENTO NOS
CRISTÃ OS E ASSIM AUMENTAR A FÉ E A CONFIANÇA DOS ELEITOS NO SENHOR (1TS 1:4-10
EXPLICA ESTE PROPÓ SITO). SOBRE A LONGA PACIÊ NCIA QUE DEUS TEM SOBRE OS ÍMPIOS, LER
PRINCIPALMENTE O SEGUNDO E O TERCEIRO MOTIVO DE MARTYN LLOYD-JONES NAS PÁ GINAS
270 – 273, AS INSTITUTAS NAS PÁ GINAS 437 – 440 E A DOGMÁ TICA REFORMADA NA PÁ GINA 401.
SOBRE A INTRODUÇÃ O, LER PRINCIPALMENTE MARTYN LLOYD-JONES NAS PÁ GINAS 274 – 278.
OUTRO PROPÓ SITO DA REPROVAÇÃ O É PARA DEMONSTRAR AOS FILHOS DE DEUS A DISTINÇÃ O
ENTRE AQUELES QUE TRATA COM AMOR E MISERICÓ RDIA E AQUELES QUE TRATA COM A JUSTA E
SANTA IRA, SOBRE ISSO, LER ROMANOS DE HENDRIKSEN NA PÁ GINA 436. LER TAMBÉ M A
INTRODUÇÃ O DA REPROVAÇÃ O.

VERSÍCULOS QUE APOIAM O ALVO FINAL DOS REPROVADOS: ‘’TODA Á RVORE QUE MEU
PAI NÃ O PLANTOU SERÁ ARRANCADA’’, ‘’PORQUE NÃ O VOS CONHEÇO, TODOS AQUELES QUE
PRATICAM A INIQUIDADE’’, ‘’ETERNA DESTRUIÇÃ O (2TS 1:9)’’, EPÍSTOLA DE JUDAS

Livros sobre infrapsarianismo e supralapsarianismo:

Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof): 110 – 116;


Dogmá tica Reformada (Herman Bavinck): 385 – 395;
Compêndio de Teologia Apologética (François Turrettini): 427 – 437;
Teologia Sistemá tica (Charles Hodge): 738 – 743;
Teologia Sistemá tica (Michael Horton): 336 – 343;
Teologia Sistemá tica (Robert Culver): 898 – 901;
Teologia Sistemá tica (Franklin Ferreira): 744 – 745;
Teologia Sistemá tica (Wayne Grudem): 898 – 901;
Teologia Puritana (Joel Beeke): 179 – 200;
Escolhidos em Cristo (Samuel Falcã o): 150 – 169;
Teologia Sistemá tica (R. C. Sproul): 251 – 252;
Eleitos de Deus (R. C. Sproul): 100 – 110;
Institutas da Religiã o Cristã (Joã o Calvino): 387, 406 – 407, 409, 411;
Ler também os comentá rios bíblicos da epístola de Romanos, dos autores: Joã o Calvino, John
Murray, William Hendriksen, Martyn Lloyd-Jones, Agostinho de Hipona, R. C. Sproul e F. F. Bruce
(Série Cultura Bíblica).

Institutas da Religiã o Cristã (Joã o Calvino):


Definiçã o e conceito de predestinaçã o, incluindo a ordem ló gica em que os homens foram
predestinados (387); A eleiçã o e a reprovaçã o ocorridas antes da Queda (406 – 407); A vontade de
Deus é a causa do endurecimento (409); A responsabilidade humana no endurecimento (411);
Teologia Sistemá tica (Louis Berkhof):
Introduçã o histó rica (110), Pontos em acordo do supralapsarianismo com o
infralapsarianismo (111), Pontos de diferença entre o supralapsarianismo e o infralapsarianismo
(112), Argumentos em favor do supralapsarianismo (112 – 113), Argumentos contra o
supralapsarianismo (113 – 114); Argumentos em favor do infralapsarianismo (114 – 115);
Argumentos contra o infralapsarianismo (115 – 116); Conclusã o (116 – 117);
Dogmá tica Reformada (Herman Bavinck):
Introduçã o histó rica (349 – 372); Supralapsarianismo X Infralapsarianismo (384 – 390); As
falhas do supralapsarianismo e do infralapsarianismo (390 – 395);
Compêndio de Teologia Apologética (François Turrettini):
As diferenças do supralapsarianismo e do infralapsarianismo (427 – 429); Objeçõ es quanto à
predestinaçã o antes da Queda (429 – 431); A predestinaçã o concebida depois da Queda (431 – 434);
Defesa da predestinaçã o concebida depois da Queda (434 – 438); A ordem ló gica dos decretos
divinos no supralapsarianismo (517 – 519); A ordem ló gica dos decretos divinos no
infralapsarianismo (530 – 532);
Teologia Sistemá tica (Charles Hodge):
A importâ ncia e a maneira de conceber o plano da redençã o (738 – 740);
Supralapsarianismo (740 – 741); Objeçõ es ao supralapsarianismo (741 – 743); Infralapsarianismo
(743); Desenvolvimento do plano redentor sob o infralapsarianismo (754 – 757);

Esboço do tó pico Supralapsarianismo X Infralapsarianismo:


A importâ ncia em conhecer as teses sobre a ordem ló gica sobre os decretos de Deus;
Estudo histó rico do debate acerca da concepçã o e conceito da predestinaçã o;
As semelhanças do supra e do infralapsarianismo;
Supralapsarianismo: a ordem dos decretos de Deus; o desenvolvimento do plano redentor;
suas ênfases; aná lise dos textos bíblicos; as qualidades da tese; as falhas, as inconsistências e as
contradiçõ es da tese;
Infralapsarianismo: a ordem dos decretos de Deus; o desenvolvimento do plano redentor;
suas ênfases; aná lise dos textos bíblicos; as qualidades da tese; as falhas, as inconsistências e as
contradiçõ es da tese;
Conclusã o final.
Esse esboço pode ser mais bem desenvolvido, elaborado e acrescentado. Para uma avaliaçã o
mais precisa e correta, analisar os textos bíblicos e ler os comentá rios bíblicos.

A importâ ncia em conhecer as teses da predestinaçã o e a introduçã o histó rica: Dogmá tica
Reformada (Herman Bavinck), Teologia Sistemá tica (Charles Hodge), Doutrinas da Fé Cristã (Michael
Horton), Escolhidos em Cristo (Samuel Falcã o).

uedda
Citaçõ es:
Calvino cita Agostinho (p. 413) sobre a vontade soberana de Deus em determinar quem será salvo e
quem será condenado: ‘’ Se tua mente se sente perturbada, nã o te acanhes em abraçar o conselho
de Agostinho:
“Tu, um homem, esperas de mim uma resposta, e eu sou, também, apenas um
homem. Portanto, ouçamos ambos Aquele que diz: ‘Ó homem, quem és?’ [Rm 9.20].
Melhor é a ignorâ ncia fiel que o saber temerá rio. Busca méritos; nã o achará s, a nã o ser
puniçã o: ‘Oh, profundeza!’[Rm 11.33]. Pedro nega a Cristo; ladrã o crê: ‘Oh, profundeza!’
Buscas a razã o? Eu me arrecearei da profundeza. Tu arrazoa, eu me maravilharei;
tu disputa, eu crerei; vejo a profundeza, ao fundo nã o chego. Paulo se aquietou, porque
achou admiraçã o. Ele chama inescrutáveis os juízos de Deus, e tu vieste perscrutá -los?
Ele diz que seus caminhos sã o insondáveis, e tu os esquadrinhas?’’. Nada conseguiremos
em avançar adiante, pois nem isto satisfaz sua petulâ ncia, nem de outra defesa
precisa o Senhor que daquela usada por seu Espírito, que falava pela boca de Paulo, e
nós pró prios desaprendemos de falar bem cessamos de falar com Deus.
Na seçã o apologética, na primeira parte, responder à s seguintes objeçõ es e perguntas:
Se a eleiçã o é imutá vel, por que muitos se desviam? Se a eleiçã o é bíblica, por que há as
advertências do Evangelho? Se a eleiçã o é bíblica, quer dizer que sou forçado a crer, contra a minha
vontade? A Bíblia fala que Deus quer salvar a todos.

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