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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Guilherme Ficcagna Lodi

ESTUDO DE VIABILIDADE DA INSTALAÇÃO DE UMA USINA DE


RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Chapecó
2016
Guilherme Ficcagna Lodi

ESTUDO DE VIABILIDADE DA INSTALAÇÃO DE UMA USINA DE


RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia


Civil da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Professor César Augusto Seidler

Chapecó
2016
RESUMO
O setor da construção civil traz diversos impactos ambientais, e um dos principais, é a geração
de resíduos de construção e demolição (RCD), onde grande parte deste resíduo é descartado
ilegalmente, e também existe a falta de um gerenciamento dos RCD por parte dos municípios.
E em virtude da necessidade da população buscar cada vez mais a preservação do meio
ambiente, procurando um desenvolvimento sustentável, a reciclagem de RCD traria diversas
vantagens como a diminuição do descarte ilegal e da extração de matérias-primas, geração de
empregos, aumento da vida útil dos aterros sanitários e a produção de material para reutilização.
Nestas circunstâncias, o objetivo deste trabalho é elaborar um estudo de viabilidade econômica
de uma usina de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil, através de análises de oferta
e demanda do mercado de RCD, verificação de custos de implantação e operação das usinas de
reciclagem de RCD, análises de variáveis econômicas que podem influenciar o mercado de
agregados e RCD. Desta forma, com todos os dados obtidos ao longo do estudo, será feito a
verificação da viabilidade da implantação da usina de reciclagem de RCD em determinado
município, através de ferramentas de análise de investimento.

Palavras-chave: RCD. Resíduos. Viabilidade.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Relação de quantidade de resíduos por área bruta construída.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de RCD gerados no mundo.

Tabela 2 - Geração de RCD e relação com RSU.

Tabela 3 - Cronograma.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRECON - Associação Brasileira para a Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e


Demolição

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

RCD - Resíduos de Construção e Demolição

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

WAMBUCO - Waste Manual for Building Constructions

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 7
1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 8
1.2 OBJETIVOS 8
1.2.1 Objetivo geral 8
1.2.2 Objetivos específicos 8
1.3 JUSTIFICATIVA 8
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 10
2.1 RESIDUOS SÓLIDOS 10
2.2 EXTRAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS 12
2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS 13
2.4 SOLUÇÕES PARA OS RCD 15
2.4.1 Os 3 Erres 17
2.4.2 Utilização do entulho reciclado 18
2.4.2.1 Utilização em pavimentação. 18
2.4.2.2 Utilização como agregado para o concreto 18
2.4.2.3 Utilização como agregado para a produção de argamassas 19
2.4.3 Reciclagem 19
2.5 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 20
2.5.1 Planos de gerenciamento obrigatórios 21
2.5.2 Ações nos órgãos da administração pública 21
2.6 USINAS DE RECICLAGEM DE RESIDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO 22
2.7 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 23
2.8 TRABALHO REALIZADO POR ROSA (2013) 23
2.8.1 Objetivos 23
2.8.2 Metodologia 24
2.8.3 Considerações finais 24
3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25
4 CRONOGRAMA 26
5 ORÇAMENTO 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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1 INTRODUÇÃO

Com o rápido crescimento do Brasil nos últimos anos, surgiu também as dificuldades, e uma
delas é a geração de resíduos sólidos de construção e demolição (RCD), que provoca grandes
problemas, principalmente ambientais.

O principal problema dos RCD é com a sua deposição clandestina e a sua elevada geração de
resíduos, juntamente com este problema, existe a falta de efetividade e compromisso dos
geradores de RCD, e também das políticas públicas no seu gerenciamento.

Segundo Valverde (2001), o consumo médio de agregados na construção civil no Brasil


aproximadamente 2.000kg/hab/ano, e que a produção de areia e brita, vem atendendo a
demanda nacional, mas, está sendo cada vez mais difícil a exploração desses recursos, por
motivos de problemas ambientais e mau planejamento, e isso consequentemente leva a um
aumento do custo da matéria-prima para a construção civil.

Somado a isso, a Lei nº 12.305/10, determina que o poder público, o setor empresarial e a
coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e demais determinações estabelecidas nesta
lei.

A reciclagem no Brasil começou a ter destaque a partir de 2002 com a criação da Resolução
307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Segundo a Associação Brasileira
para a Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (ABRECON), em 2002 havia
apenas 16 usinas de reciclagem de RCD, e atualmente existem 310 usinas em todo o país, e
indica que 83% pertencem a iniciativa privada, 10% à gestão pública e 7% são usinas público-
privada.

Diante disso, e sabendo que a indústria da construção civil é a responsável pela maior parte da
geração dos RCD, chegando a até 70% dos resíduos sólidos em alguns municípios, devemos
buscar um desenvolvimento sustentável na construção civil, com o objetivo de reduzir,
reutilizar e reciclar esses resíduos.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Como identificar a viabilidade econômica de instalação de uma usina de reciclagem de resíduos


de construção e demolição?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar estudo de viabilidade econômica de uma usina de reciclagem de resíduos de


construção e demolição (RCD).

1.2.2 Objetivos específicos

Verificar os custos de implantação, instalação e de operação de uma usina de reciclagem de


RCD.

Realizar estudo de oferta e demanda de mercado para resíduos sólidos da construção civil.

Analisar a viabilidade econômica para a implantação da usina de reciclagem com base nos
aspectos de custo e de mercado encontrados.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com o rápido crescimento da construção civil no Brasil nos últimos anos, aliado a falta de
infraestrutura para suportar esse crescimento, provocaram grandes problemas, principalmente
ambientais, dos quais está o destino dos resíduos gerados na construção civil.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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Como o descarte destes resíduos é feito muitas vezes em córregos, ruas, aterros clandestinos e
outros locais indevidos, tem afetando o meio ambiente, a sociedade e também a economia, então
está se buscando alternativas para solução deste problema, como programas de gerenciamento
de resíduos, que desde 2002 as diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos
da construção civil é estabelecido pela resolução 307 do CONAMA.

De acordo com a ABRECON, cerca de 60% do lixo sólido das cidades vem da construção civil,
e 70% desse total poderia ser reutilizado.

A reciclagem de resíduos de construção e demolição traz vários benefícios para a sociedade,


como criação de novos empregos, menor custo dos materiais reciclados, diminuição de aterros
sanitários e da extração de matéria prima como areia e brita.

Portanto, a realização desta pesquisa é de suma importância, para verificar os custos de


instalação da usina, produção dos agregados, impostos, mão de obra, e oferta dos resíduos e
demanda dos agregados reciclados, por fim analisando a viabilidade do investimento.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 RESIDUOS SÓLIDOS

Para a NBR 10004 (ABNT, 2004) os resíduos são classificados conforme seus potenciais
riscos ao meio ambiente e à saúde pública, para serem gerenciados adequadamente, a norma
define os resíduos sólidos como:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.” (NBR 10004,
2004, p. 1).

Conforme a mesma norma, os resíduos são classificação em:

a) resíduos classe I - Perigosos;

b) resíduos classe II – Não perigosos;

– resíduos classe II A – Não inertes.

– resíduos classe II B – Inertes.

No entanto, uma outra classificação que é dada pela Resolução 307 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) é mais adequada, definindo os resíduos da construção civil da
seguinte forma:

“Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta
Resolução, da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

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b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes


cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos,
papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e
gesso; (Redação dada pela Resolução nº 469/2015).
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
(Redação dada pela Resolução n° 431/11).
IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como
tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham
amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (Redação dada pela Resolução n°
348/04).” (CONAMA, 2002, p. 372).

De acordo com John e Agopyan (2000), os resíduos de construção são constituídos de vários
produtos, que podem ser classificados em solos, materiais cerâmicos, materiais metálicos e
materiais orgânicos, a proporção entre s tipos de resíduos é variável, dependendo da sua origem.

Conforme Lipsmeier (2000) dos setores da economia o que mais produz resíduos na União
Europeia (UE) é a construção civil, que gera cerca de 100 milhões de toneladas de resíduos por
ano. E Monteiro et al (2001), confirma que a construção civil no Brasil também é a que mais
gera resíduos sólidos, em média as construções de novas edificações geram em torno de
300kg/m² edificado, enquanto que em países desenvolvidos a média é de 100kg/m².

Segundo John e Agopyan (2000), a quantidade de RCD gerado nas regiões urbanas na maioria
das vezes é maior que à dos resíduos domiciliares. Estima-se que a que os brasileiros geram de
220 a 670 kg/hab/ano, com mediana de 510 kg/hab/ano.

De acordo com Pinto (1999), os resíduos de construção e demolição (RCD) representam entre
41% a 70% dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nas cidades brasileiras de médio e grande porte.

De acordo com Jadovski (2005), as quantidades da geração de RCD no mundo estão expressas
na tabela 1.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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Tabela 1 – Quantidade de RCD gerados no mundo.


PESQUISADOR LOCAL Geração de RCD Observações
União 221 a 334 milhões
Vázquez 2001, p.22
Européia de ton/ano
Dorsthorst e Hendriks, 2000, apud Comunidad.
Leite, 2001, p.17 Européia

Leite 2001, p.17 Holanda 15 milhões ton/ano Ano de 1996

Freeman e Harder 1997, apud


Inglaterra 70 milhões ton/ano
Miranda, 2000, p.2

Boileau 1993 et al., apud Miranda, 20 a 25 milhões


França
2000, p.2 ton/ano
20 a 30kg/m² de
Peng et al., 1997, p.49 EUA área construída ou
500kg/hab;ano
Entre 41% a 70% do
230 a 760
John, 2000, p.17 Brasil resíduo sólido
kg/hab.ano
municipal

Schneider e Philippi Jr., 2004, p.24 São Paulo 17.000 ton/dia Ano 2003

4 mil ton/dia, ou
Hamassaki, 2000, p.179 São Paulo
90.000m³/mês
De Baptisti, 1999, p.111 São Paulo 107.000 ton/mês
FONTE: JADOVSKI (2005), adaptada por autor.

2.2 EXTRAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS

De acordo com Barreto (2005), o setor da construção civil produz grandes impactos ambientais,
desde a extração das matérias-primas necessárias para a produção dos produtos, na execução
dos serviços nos canteiros de obra, até a destinação dos resíduos gerados, provocando uma
mudança na paisagem urbana.

Souza et al (2004), relata que a indústria da construção civil é uma grande consumidora de
recursos naturais, sendo motivo de discussões quanto à necessidade de se buscar o
desenvolvimento sustentável. Conforme John (2000), o consumo dos recursos naturais podem
variar dependendo da região e de fatores como taxa de resíduos gerados, vida útil das estruturas
construídas, necessidades de manutenção, perdas incorporados nos edifícios e da tecnologia
empregada

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“A cadeia produtiva da construção civil consome entre 14 e 50% dos recursos naturais
extraídos do planeta; no Japão corresponde a cerca de 50% dos materiais que circulam
na economia e nos EUA, o consumo de mais de dois bilhões de toneladas representa
cerca de 75% dos materiais circulantes.” (BRASIL, 2008, p.2).

Segundo Valverde (2001), o consumo de agregados na construção civil na Europa é de


5.000kg/hab/ano à 8.000kg/ hab/ano, nos EUA em média de 7.500kg/hab/ano e no Brasil, a
média de consumo está um pouco acima de 2.000kg/hab/ano, porém no estado de São Paulo o
consumo é de 4.500kg/hab/ano, ainda conforme o autor no Brasil foram consumidos 240
milhões de m³ de agregados pela construção civil em 2000.

Ainda conforme o autor a produção de areia e brita para a construção civil, vem atendendo a
demanda nacional, mas, a disponibilidade desses recursos em lugares localizados próximos a
grandes aglomerados urbanos do país vem diminuindo devido ao mau planejamento, problemas
ambientais, zoneamentos restritivos e uso competitivos do solo. Cada vez mais está sendo
limitado a exploração desses recursos, tornando as perspectivas de uma garantia de suprimento
futuro aleatórias. Até o momento, o baixo preços desses agregados só foi possível pelo fácil
acesso as suas reservas e as pequenas distâncias de transportes, mas como as restrições estão
cada vez maiores, por razão de novas licenças. Em resumo, a sociedade está necessitando de
uma demanda cada vez maior desses agregados, e ao mesmo tempo, impedindo ou restringindo
a produção.

2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS

Conforme Ângulo (2000), a questão ambiental é bastante discutida em várias áreas,


principalmente na geração de poluentes e contaminações de cursos de água, entretanto, no setor
da construção civil, a preocupação com a geração de impactos ambientais é pouco
evidente.Pinto (2005), relata que os resíduos sólidos urbanos são predominantemente
produzidos pela atividade da construção civil, e que estudos realizados em diversas cidades
brasileiras, apontam os números da tabela 2.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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Tabela 2 – Geração de RCD e relação com RSU.

Fonte: Tabela adaptada por (PINTO, 2005).

Segundo o autor, cerca de 75% dos resíduos gerados pelas construção civil nos municípios vem
de eventos informais (obras de construção, reformas e demolições geralmente feitas pelos
próprios usuários dos imóveis). Os munícipios devem exercer o papel de disciplinar o fluxo dos
resíduos, especialmente a geração de resíduos provenientes destes eventos informais.

“Importante ressaltar que a geração dos resíduos da construção é de forma difusa e se


concentra na sua maior parcela no pequeno gerador, cerca de 70% do resíduo gerado,
provenientes de reformas, pequenas obras e nas obras de demolição, em muitos casos
coletados pelos serviços de limpeza urbana.” (SINDUSCON-SP, 2012, p.14)

Pinto (2005) fala que a falta de efetividade, e também de políticas públicas que disciplinem e
ordenem os fluxos de destinação destes resíduos, juntamente com a falta de compromisso dos
geradores de resíduos no manejo, e na destinação dos resíduos, provocam os seguintes impactos
ambientais:

• destruição de mananciais e de proteção permanente;

• proliferação de agentes transmissores de doenças;

• assoreamento de rios e córregos;

• bloqueio de sistema de drenagens;

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• resíduos bloqueando de vias e logradouros públicos, e a deterioração da paisagem urbana;

• existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.

De acordo com John e Agopyan (2000), o principal problema dos RCD é relacionado a sua
deposição irregular e aos grandes volumes produzidos, a deposição irregular é comum em todo
o mundo, e Pinto (1999) confirma isso estimando que no Brasil de 10% a 47% dos RCD gerados
são depositados irregularmente.

De acordo com John e Agopyan (2000), os resíduos depositados irregularmente causam


enchentes, proliferação de doenças, interdição de vias e degradação do meio ambiente, e as
vezes esses resíduos são aceitos por proprietários de imóveis para serem utilizados como aterro,
sem se preocupar com o controle técnico do processo. Está pratica pode ocasionar problemas
no futuro, causando acidentes nas construções feitas em cima desta área de aterro.

2.4 SOLUÇÕES PARA OS RCD

De acordo com Ângulo (2000), a construção civil deve passar por mudanças, devido a
necessidade de a população ter novas relações com o meio ambiente buscando um
desenvolvimento sustentável. Reduzindo desperdícios, melhoria de qualidade dos produtos,
novas técnicas de construção, projetos de sustentabilidade ambiental, aumento da durabilidade
dos componentes e a reciclagem de seus resíduos, estes são exemplos de preocupações no
campo da pesquisa voltada a sustentabilidade.

Conforme Lipsmeier (2005), o projeto Waste Manual for Building Constructions


(WAMBUCO), financiado pela União Europeia, no âmbito do Programa Crescimento
Competitivo e Sustentável, por meio de pesquisas realizadas em várias construções dos 5 países
da europa (Portugal, Dinamarca, Espanha, França, Alemanha), chegou a uma relação (Figura
1) que demonstra que a produção de resíduos durante a construção pode ser estimada antes da
execução, conforme sua área bruta de construção e seu nível de conforto.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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Figura 1 - Relação de quantidade de resíduos por área bruta construída.

Fonte: LIPSMEIER, 2005.

“No Brasil, a indústria da construção está mobilizada há mais de 15 anos para a


questão dos resíduos. Nesse período, foram realizados treinamentos de capacitação
para a correta gestão nos canteiros de obras em todo o país. As empresas construtoras
perceberam que os conceitos da não geração, da correta segregação e da destinação
ambientalmente adequada trazem ganhos para as obras. Dentre eles, destacam-se a
redução de desperdícios, que leva à diminuição de custos para a destinação. A
preocupação com a gestão nos canteiros tem se refletido em obras mais organizadas,
melhorias na limpeza e, consequentemente, queda no número de acidentes de
trabalho.” (SINDUSCON-SP, 2015, p.13)

“A redução das perdas geradas na fase de construção, ao provocar a redução da quantidade de


material incorporada às obras, reduz também a geração de geração de resíduo nas fases de
manutenção e demolição.” (JOHN; AGOPYAN, 2000, p.7).

“Os altos índices de desperdício implicam em redução da disponibilidade futura de materiais e


energia, criam demandas desnecessárias ao sistema de transporte e geram transtornos nos
panoramas urbanos, principalmente dos grandes centros” (LEITE, 2001, p.19)

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Conforme John e Agopyan (2000), na fase de construção as mudanças tecnológicas podem


reduzir as perdas e o entulho da construção. Processos como a quebra parcial da alvenaria para
instalações de projetos complementares e posteriormente a sua reconstrução com argamassa,
por exemplo, devem ser abandonados, mas, nem sempre as novas tecnologias adotadas ajudam
com a redução das perdas, como os revestimentos à base de gesso, que chegam a ter até 120%
de perda no serviço. Na fase de manutenção a geração de resíduos é ocasionada pela correção
de patologias, reformas, descarte de componentes que já atingiram a sua vida útil, para a
redução de resíduos nesta fase John e Agopyan (2000) relatam, (a) a melhoria da qualidade da
construção, (b) projetos flexíveis permitindo fazer modificações no edifício e reutilizando os
componentes que não são mais necessários, e (c) o aumento da vida útil física dos componentes
e da estrutura dos edifícios.

De maneira geral, os projetos no Brasil não consideram a existência de atividades de


manutenção e os seus custos. A redução de resíduos na etapa de demolição passa pelo (a)
aumento da vida útil dos edifícios e seus componentes, isso depende da tecnologia de projeto e
de materiais, (b) de incentivos para os proprietários façam modernizações em vez de
demolições, e (c) de tecnologia de projeto e demolição ou desmontagem que permita a
reutilização dos componentes. A redução dos resíduos gerados na fase de demolição depende
de medidas de prazo muito longo.

A reciclagem dos resíduos de construção e demolição no Brasil é bastante recente, mas vem
chamando a atenção dos gestores urbanos pelas possibilidades que apresenta enquanto solução
de destinação dos RCD e solução para a geração de produtos a baixo custo (PINTO, 1999).

2.4.1 Os 3 Erres

“A produção industrial e a própria sobrevivência humana no planeta terra estão baseadas no


desenvolvimento da forma academicamente conhecida como 3 erres, sendo, redução,
reaproveitamento e reciclagem” (MAZZER & OSVALDO, 2004, p.72).

Podemos definir os 3Rs em:

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“[...] Reduzir, no sentido de diminuir a quantidade de lixo produzido, desperdiçando


menos e consumindo só o necessário, sem exageros; Reutilizar, dando nova utilidade
a materiais que na maioria das vezes consideramos inúteis e jogamos no lixo, e
Reciclar, no sentido de dá “nova vida” a materiais a partir da reutilização de sua
matéria-prima para fabricar novos produtos [...]” (SILVA et al, 2004, p.1).

2.4.2 Utilização do entulho reciclado

2.4.2.1 Utilização em pavimentação.

Conforme Zordan (2002), a forma mais fácil de reciclagem do entulho é a sua utilização em
pavimentações as vantagens de utilizar ele em pavimentações é:

- Menor utilização de tecnologia para sua produção, implicando menor custo do processo;

- Permite utilizar todos componentes minerais do entulho, sem necessidade de separação deles;

- Economia de energia no processo de moagem do entulho em comparação à sua utilização em


argamassa;

- Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação a mesma
adição feita com brita. Enquanto a adição de 20% de entulho reciclado ao solo saprolítico gera
um aumento de 100% do CBR, nas adições de brita natural o aumento do CBR só é perceptível
com dosagens a partir de 40%;

2.4.2.2 Utilização como agregado para o concreto

Ainda conforme o autor, o entulho reciclado também pode ser utilizado como agregado para o
concreto não estrutural, substituindo os agregados convencionais (areia e brita), as suas
vantagens são listadas a seguir:

- Permite utilizar todos componentes minerais do entulho, sem necessidade de separação deles;

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- Economia de energia no processo de moagem do entulho em comparação à sua utilização em


argamassa;

- Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em comparação com os agregados


convencionais, quando é utilizado pouco cimento.

2.4.2.3 Utilização como agregado para a produção de argamassas

Zordan (2002), relata que, após ser processado por equipamentos de reciclagem, ele pode ser
utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.

Miranda e Selmo (2001), após analisarem o uso de entulho reciclado como agregado para produção
de revestimentos de argamassas, chegaram aos seguintes resultados:

- Os revestimentos de argamassas com entulho reciclado mostraram ter desempenho em relação a


aderência ao substrato, compatível ou até superior do que ao revestimento com argamassa mista;

- Em relação a absorção capilar, apresentaram absorção superior ao do revestimento com argamassa


mista;

2.4.3 Reciclagem

Conforme John e Agopyan (2000), a reciclagem de RCD é viável do ponto de vista ambiental
e técnico. Os riscos ambientais para este tipo de reciclagem é considerado baixo, embora deva
ter um controle, especialmente se os RCD forem de instalações industriais.

De acordo com Valverde (2001), com a necessidade da reciclagem dos entulhos da construção
civil, se criou a possibilidade de substituir os agregados naturais por parte dos produtos da
reciclagem. Na Europa e nos EUA, a participação dos produtos reciclados tem crescido
continuamente.

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A reciclagem de RCD recentemente foi usada na reconstrução da Europa após a Segunda


Guerra Mundial. Atualmente é praticada na Europa, principalmente na Holanda. Diversos
municípios brasileiros operam centrais de reciclagem do resíduo de construção e demolição,
produzindo agregados que são usados especialmente como sub-base de pavimentação (JOHN;
AGOPYAN, 2000).

Pinto (1999), destaca a elevada geração de resíduos sólidos, desencadeada pelo acelerado
desenvolvimento da economia, faz com que seja inevitável o uso de políticas de valorização
dos resíduos e sua reciclagem, nos países desenvolvidos, e em regiões de países em
desenvolvimento. Historicamente, a atividade de construção sempre se configurou como uma
grande geradora de resíduos e também como potencial consumidora dos resíduos gerados por
ela mesma, e por outras atividades de transformações.

2.5 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Conforme a resolução nº. 307/2002 do CONAMA, define-se que gerenciamento de resíduos é


um sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento,
responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para elaborar e executar as ações
necessárias para cumprir as etapas previstas nos programas e planos. (CONAMA, 2002).

O Artigo 5º da resolução 307/2002 do CONAMA fala que:

“É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção civil o


Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado
pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:
I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e II -
Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.” (CONAMA, 2002, p.
572).

O gerenciamento dos RCD deve ser uma ação educativa, fazendo com que as empresas
envolvidas no processo possam exercer suas responsabilidades sem produzir impactos
socialmente negativos. (SCHNEIDER, 2000).

Conforme Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP),


em pesquisa realizada em 2010 no estado de São Paulo, através do Índice de Gestão dos
Resíduos Sólidos (IGR) criado pela Secretaria do Meio Ambiente, indica que dos 437

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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participantes da pesquisa, apenas 6,18% tem gestão dos resíduos sólidos consideradas
eficientes, 54,56% considerada gestão mediana e 39,36% considerada ineficiente.

E conforme a ABRECON (2015), em pesquisa setorial feita entre 2014 e 2015, avaliou que a
quantidade de municípios com atividades de reciclagem e que possuem Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção e Demolição implantado, é de 55%, 28% não
possuem e 16% não sabiam.

As usinas públicas trazem vantagens econômica, como a redução de gastos com limpeza urbana
e obtenção de agregados reciclados com menor custo que os naturais, mas, a atividade das
usinas públicas é intermitente, devido as mudanças de gestão ou desinteresse, e ao baixo
conhecimento técnico (MIRANDA; ÂNGULO; CARELI, 2009).

2.5.1 Planos de gerenciamento obrigatórios

Conforme o artigo 20 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), estão sujeitos à
elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos, os geradores de resíduos dos
serviços públicos de saneamento básico, resíduos industriais, resíduos de serviços de saúde e
resíduos de mineração, estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem
resíduos perigosos, ou, que gerem resíduos mesmo que não perigosos não sejam equiparados
aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal, as empresas de construção civil, os
responsáveis pelos terminais e outras instalações de serviços de transporte e também os
responsáveis por atividades agrossilvopastoris. (CONAMA, 2002).

2.5.2 Ações nos órgãos da administração pública

“Para a aprovação de parcelamentos do solo, e implantação de condomínios


horizontais e verticais, o empreendedor deverá elaborar o programa de gestão de
resíduos sólidos, especificando o tipo de resíduo, volume e destinação final dos
mesmos, sendo ainda de sua responsabilidade, a realização dos serviços especificados
no programa no interior do empreendimento, inclusive para os resíduos gerados pela
construção civil e outros que venham a ser produzidos na execução das obras. Sendo

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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que, a emissão do Alvará de aprovação de parcelamento do solo e de condomínio


horizontal, fica condicionada à implantação dos equipamentos públicos e
comunitários e sistema de coleta de resíduos conforme prevê o Plano Diretor.”
(PGIRS – Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Chapecó, 2014, p. 108)

2.6 USINAS DE RECICLAGEM DE RESIDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

“As primeiras usinas de reciclagem instaladas foram pelas Prefeituras de São Paulo, SP (1991),
de Londrina, PR (1993), e de Belo Horizonte, MG (1994).” (MIRANDA; ÂNGULO; CARELI,
2009, p.58).

John e Agopyan (2000), várias prefeituras brasileiras já operam centrais de reciclagem de RCD,
produzindo agregados utilizados basicamente em obras de pavimentação. O desafio do próximo
período é generalizar a prática, inclusive através da viabilização da atividade privada. Para que
esta meta seja atingida, são necessárias políticas públicas consistentes, abrangendo as áreas de
legislação, pesquisa e desenvolvimento, legislação tributária e educação ambiental.

Em 2002 havia apenas 16 usinas de reciclagem de RCD no Brasil, mas, após a resolução
CONAMA 307 de 2002, o cenário mudou de 3 novas usinas por anos, para 9 usinas por ano.
Em pesquisa setorial que avaliou dados de 2008 a 2013 está taxa subiu, chegando a 10,6 usinas
por ano. Porém entre 2013 e 2015 houve uma estabilidade na quantidade de usinas instaladas
por ano. Conforme a Associação Brasileira para a Reciclagem de Resíduos de Construção Civil
e Demolição, existem pelo menos 310 usinas em todo o país, o Estado de São Paulo é o que
mais possui usinas instaladas, chegando a 54% do total, devido maior atividade da construção
civil que gera mais RCD, pelo preço mais elevado dos agregados naturais. O percentual de
usinas fixas no país é de 74%, 21% de usinas móveis e 5% são móvel e fixa. (ABRECON,
2015).

“As Plantas Fixas são definitivas. A principal vantagem é uma qualidade superior dos
produtos reciclados. Há ainda a vantagem de usar equipamentos maiores e mais
potentes. A segunda planta é a Semi-Móveis, indicada para a construção de barragens
hidrelétricas e para construções de estradas. Sua construção é feita sobre bases de
estrutura metálica. É fácil a montagem e a desmontagem. A terceira e última é a Planta
Móvel, indicada para empreendimentos que requerem mobilidade. Outra vantagem é a
eliminação dos custos com montagem e desmontagem. As plantas móveis são mais
flexíveis e não necessitam de obras civis.” (CORRÊA et al, 2009, p.2-3)

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


23

De acordo com ABRECON (2015), os resultados da Pesquisa Setorial feita entre 2014 e 2015
com 105 usinas que responderam à pesquisa, indica que 83% das usinas pertencem a iniciativa
priva, 10% à gestão pública e 7% são usinas público-privada.

Conforme a pesquisa, 93 usinas produzem juntas em média 431.500m³ de agregados reciclados


por mês, sendo que a capacidade máxima instalada é de 958.000m³ por mês, com esses valores,
considerando as 310 usinas no país, a estimativa de RCD reciclado no país é de 21%, se
considerar a capacidade máxima de produção esse percentual chegaria a 46%.

Ainda conforme o autor, a maior parte das usinas estão concentradas nas cidades de maior porte,
sendo 44% delas em cidades com mais de 500 mil habitantes, 44% em cidades com mais de
100 mil habitantes e 12% estão em cidades com menos de 100 mil habitantes, isso constata que
o negócio pode ser viável mesmo em cidades pequenas. O número de funcionários envolvidos
na reciclagem varia nas usinas, sendo que 60% delas possuem de 5 a 10 funcionários, 25% de
11 a 20 funcionários e 15% de 21 a 50 funcionários.

2.7 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Os conceitos de matemática financeira, onde é visto as definições de juros, relações de


equivalência de capitais e os tipos de taxas de juros e também o conceito das técnicas de análise
de investimentos são necessários para estabelecer a viabilidade econômica para a implantação
de uma usina de reciclagem de RCD. (JADOVSKI, 2005).

2.8 TRABALHO REALIZADO POR ROSA (2013)

2.8.1 Objetivos

O objetivo da pesquisa é realizar uma análise de custo/benefício para a implantação de usinas


de reciclagem de RCD do tipo simples e completa para atender a cidade de Catalão – GO,
utilizando estimativas de geração de RCD e dos depósitos de resíduos já existentes.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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2.8.2 Metodologia

A metodologia usada para a realização foi considerado a geração de RCD ton/hab/ano, ao longo
do horizonte de projeto, a previsão de evolução da população da cidade. Para a quantificação
dos RCD no aterro da cidade foi feito um controle diário da pesagem de RCD durante quase 60
dias. A quantificação da geração de RCD em áreas de “bota fora”, foi obtido através da
Secretária Municipal de Meio Ambiente de Catalão (SEMMAC).

Os de custos de implantação e operação da Usina de Reciclagem de RCD foram obtidos através


da Secretária de Limpeza Urbana – SLU, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. E esses
valores foram utilizados como base para os cálculos, no cálculo de implantação e operação foi
analisado gastos com energia e água, quantidade de funcionários e funções, combustíveis
utilizados e manutenção de cada usina.

Para obtenção da receita anual, foi considerada um empreendimento de vida útil de 20 anos,
para o cálculo do valor final do produto, utilizou-se a produtividade das Usinas de Reciclagem
de RCD de Belo Horizonte.

O método de avaliação de viabilidade do empreendimento foi realizado através do cálculo e


analise dos valores encontrados ano a ano para o valor presente líquido (VPL).

2.8.3 Considerações finais

Com os resultados obtidos concluiu-se que a proposta de usina de reciclagem de entulho para
atender a cidade de Catalão se mostrou economicamente viável para os diferentes cenários
avaliados.

A implantação da usina completa se mostrou mais viável que a simples pelo fato de que o
beneficiamento tanto com a venda e os tipos de materiais reciclados é maior e também ter mais
diversidade de material reciclado e mais aplicações nas obras de engenharia.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Primeiramente será feito um estudo de mercado para os resíduos de construção e demolição


baseado em pesquisas já existentes, analisando e comparando a oferta e a demanda dos mesmos,
e realizando projeções para diferentes cenários sobre o potencial do setor. A partir disso, poderá
ser verificado a geração de RCD, e então, saber a capacidade da usina de reciclagem para
atender a demanda necessária, e com isso, serão solicitados orçamentos para empresas do setor
conforme o tamanho da usina necessária.

Assim, será verificado os custos de implantação e operação das usinas de reciclagem de RCD,
como a quantidade de funcionários necessária, gastos com água e energia elétrica, combustíveis
e manutenção dos equipamentos da usina.

Após isso, será verificado a pesquisa setorial elaborada pela Associação Brasileira para
Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON) com o propósito de
conseguir uma análise dos dados de capacidade de produção das usinas de reciclagem instaladas
no Brasil, e do consumo de agregados reciclados. Também será verificado a ligação de outras
variáveis econômicas, como o tamanho da população onde a usina de reciclagem de RCD será
instalada, PIB, composição do RCD gerado e consumo agregados naturais.

Dessa forma, será possível fazer uma análise dos dados coletados e verificar a diferença entre
consumo de agregados reciclados e oferta. E com todos os custos e despesas para a instalação
de uma usina de RCD, será feito uma verificação testando diferentes cenários através de
ferramentas de análise de investimento, e por fim verificar se existe a viabilidade do
empreendimento.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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4 CRONOGRAMA

O estudo a ser realizado no segundo semestre de 2016, será executado conforme o


cronograma da tabela 3, que disponibiliza os meses a serem realizados cada etapa do estudo.

Tabela 3 – Cronograma.

JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO


Coleta dos dados X
Levantamento de X
custos de
equipamentos
Comparativo dos X X
dados coletados
Análise de X X
investimento
Considerações X
finais

Revisão do trabalho X

Avaliação da banca X

Correções finais e X
elaboração do
artigo

Entrega final para X


orientador

Fonte: Autor

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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5 ORÇAMENTO

Não haverá custos relevantes incidentes nesta pesquisa.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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