sibilidade de aferição da destinação de verbas originárias do
Fundo Partidário, impõe-se a desaprovação total das contas da agremiação. 2. A abertura de conta bancária para a movimentação dos re- cursos do Fundo Partidário é exigida pelo art. 4° da Res.-TSE n° 21.841, e a sua falta consubstancia irregularidade insanável. 3. A ausência de esclarecimento sobre as divergências entre o total das despesas efetuadas, conforme consta no Demons- trativo de Receitas e Despesas, e o somatório da movimen- tação de débitos registrados nos extratos bancários impede o efetivo controle da movimentação financeira do partido e, consequentemente, da correta aplicação dos recursos do Fundo Partidário, conforme as diretrizes estabelecidas no art. 44 da Lei n° 9.096/95. Desaprovação total da prestação de contas, com determinação de desconto, na próxima quota mensal a ser repassada do Fundo Partidário, da quantia recebida pelo Diretório Nacional no exercício financeiro de 2006 [Grifo nosso]. (Pet n° 2.659/DF, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 25.10.2013).
Destarte, como dito na decisão atacada, para alterar a conclu-
são da instância regional, a fim de entender que as referidas irregularidades não têm o condão de macular a lisura da pres- 561 tação de contas do Agravante, seria necessário proceder ao reexame da matéria fático-probatória dos autos, providência incabível na via especial, nos termos das Súmulas nos 7/STJ e 279/STF.
Nesse sentido é o seguinte julgado:
Prestação de Contas. Candidato. - Para rever a conclusão da
Corte de origem de que a prestação de contas contém falhas que analisadas em conjunto comprometem a sua confiabilidade e regularidade, seria necessário o reexame de fatos e provas, vedado em sede de recurso especial, a teor da Súmula n° 279 do Supremo Tribunal Federal. Agravo regimental não provido. (AgR-REspe n° 4292-62/AM, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe de 15.10.2012).
Indo além, no que concerne à aplicação dos princípios da propor-
cionalidade e da razoabilidade, melhor sorte não acode aos Agravantes. Consoante jurisprudência desta Corte Superior, a incidência dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade somente é possível quando presentes os seguintes requisitos: (i) falhas que não comprome-
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tam a lisura do balanço contábil; (ii) irrelevância do percentual dos valores
envolvidos em relação ao total arrecadado; e (iii) ausência de comprovada má-fé do candidato. Conforme pontuado na decisão monocrática, não há informação no acórdão quanto ao percentual da irregularidade ante a totalidade da prestação de contas, o que impossibilita a aplicação dos princípios da pro- porcionalidade e da razoabilidade.
Prestação de contas de campanha. Candidato. Eleições 2012.
[...] 3. É inviável a aplicação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade se não há, no acórdão regional, elemen- tos que permitam mensurar se os valores relativos às falhas identificadas são ínfimos em comparação com o montante dos recursos arrecadados na campanha. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgR-Al n° 1380-76/MG, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 7.8.2014).
Por fim, observo que não foi ventilada, no momento da interposição
do decisum, a necessária observância ao disposto no art. 335 do CPC como 562 querem fazer crer os ora Agravantes, restando caracterizada inovação de tese recursal, o que é incabível em sede de regimental. Tal posicionamento encontra eco na jurisprudência deste Tribunal Superior: ELEIÇÃO 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. QUITAÇÃO ELEI- TORAL. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÃNEA DE CONTAS DE CAMPANHA.
ELEIÇÕES 2008. CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE. AUSÊN-
CIA. AFRONTA. ARTIGO 11, § 10, DA LEI Nº 9.504/97. INOVA- ÇÃO DE TESE. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. INClDÊNClA DA SÚMULA 182 DO STJ. DESPROVIMENTO. 1. A alegação de afronta ao § 10 do artigo 11 da Lei n° 9.504/97 constitui inovação recursal, inadmissível nesta instância es- pecial. 2. Incide a Súmula 182 do STJ quando o agravante deixa de se voltar contra fundamento suficiente da decisão agravada, consubstanciado, no caso, na deficiência de fundamentação do recurso especial. 3. Segundo orientação deste Tribunal, a quitação eleitoral é condição de elegibilidade, razão pela qual não se aplica a
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ressalva prevista no artigo 11, § 10, da Lei das Eleições, que
se refere exclusivamente às causas de inelegibilidade. 4. Agravo regimental desprovido. (AgR-REspe n° 241-09/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 25.9.2012).
Ex positis, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.
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ACÓRDÃO
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 336-77.
2012.6.02.0047 - CLASSE 32 - CAMPO ALEGRE - ALAGOAS Relator: Ministro Gilmar Mendes Agravantes: Dijalma da Silva Sampaio e outro Advogados: Gustavo Ferreira Gomes e outros
ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO
ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. PREFEITO. OMISSÃO DE RECEITA/DESPESA. DESA- PROVAÇÃO. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS NO ACÓRDÃO. INVIABILIDADE. NÃO PROVIMENTO.
1. Com base na compreensão da reserva legal propor-
cional, nem toda irregularidade identificada no âmbito do processo de prestação de contas autoriza a automática desaprovação de contas de candidato ou de partido polí- tico, competindo à Justiça Eleitoral verificar se a irregu- laridade foi capaz de inviabilizar a fiscalização das contas.
2. Não se aplicam ao caso os princípios da proporcio-
nalidade e da razoabilidade, pois o Tribunal Regional 565 Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu que a irregularidade maculou as contas a ensejar- -lhes a desaprovação.
3. A jurisprudência do TSE é firme em que a omissão de
receitas/despesas é irregularidade que compromete a confiabilidade das contas.
4. É inviável a aplicação do princípio da insignificância,
pois, em se tratando de receita/despesa omitida, inexiste parâmetro quanto ao valor relativo aos serviços prestados e não declarados. Assim, não há como avaliar se se trata, ou não, de quantia com pouca representatividade diante do contexto total das contas.
Agravo regimental desprovido.
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unani-
midade, em desprover o agravo regimental, nos termos do voto do relator.
Brasília, 5 de março de 2015.
MINISTRO GILMAR MENDES — RELATOR
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RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES: Senhor Presidente, tra-
ta-se da prestação de contas de campanha apresentada por Dijalma da Silva Sampaio e José Luiz Vieira Soares, relativa à campanha ao cargo majoritário do Município de Campo Alegre/AL nas eleições de 2012, e desaprovada pelo juiz eleitoral nos termos da sentença de fls. 287-288. Interposto recurso, o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas a ele negou provimento por decisão assim resumida (fl. 337): ELEIÇÕES 2012. RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. DESAPROVAÇÃO. RECURSO. OMISSÃO DE DESPESA. DESAPROVAÇÃO MANTIDA. RE- CURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Opostos embargos de declaração, foram eles rejeitados. Transcrevo
a ementa (fl. 366): EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REDISCUSSÃO DA CAU- SA. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DA CONTRADIÇÃO, OMISSÃO OU OBSCURIDADE. EMBARGOS REJEITADOS. DECISÃO UNÂNIME. 1. Não são admitidos embargos declaratórios que visam a 566 promover a rediscussão da matéria julgada, para a qual outros são os meios admissíveis. 2. O julgador, ao decidir, não está obrigado a se manifestar sobre todos os pontos suscitados pelas partes, bastando que a fundamentação seja suficiente à conclusão lançada no decisum. 3. Embargos de declaração rejeitados.
Seguiu-se a interposição do recurso especial (fls. 374-387) fun-
damentado no art. 121, § 4°, incisos I e Il, da Constituição Federal e no art. 276, inciso I, do Código Eleitoral. Os recorrentes pugnam pela nulidade do acórdão que julgou os embargos de declaração, por afronta ao art. 275, incisos I e II, do CE e ao art. 302 do CPC, argumentando, em resumo, que o Regional deixou de se manifestar sobre a manutenção ou não de todas as irregularidades aponta- das na sentença e quanto à aplicação dos princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da insignificância. No mérito, dizem que a irregularidade assinalada pelo Regional para a manutenção da sentença seria pouco representativa diante da totali- dade de gastos da campanha e, por isso, não seria proporcional desaprovar
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JURISPRUDÊNCIA TSE
as contas. Citam jurisprudência a fim de comprovar sua tese. Alegam que
os limites previstos na Res.-TSE no23.376/2011 não foram desrespeitados e que o fato não tem potencialidade para influenciar negativamente no pleito eleitoral. Assim, defendem que, ante a ausência de má-fé, a jurisprudência indica que devem ser aplicados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade para afastar sua responsabilidade ou aprovar as contas, ainda que com ressalvas. A presidente do TRE/AL admitiu o recurso apenas com fundamento no art. 276, inciso I, alínea a, do Código Eleitoral (fls. 418-422). A Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pelo desprovimento do recurso (fls. 429-431). Pela decisão de fls. 433-437, neguei seguimento ao recurso especial. Seguiu-se a interposição do agravo regimental (fls. 439-450), em que o candidato reitera as alegações constantes no recurso especial, argumentando que estão preenchidos todos os requisitos necessários ao seu conhecimento e pleiteando a aplicação dos princípios da proporciona- lidade, da razoabilidade e da insignificância, pois não teria havido má-fé na omissão da receita/despesa que ensejou a desaprovação das contas. Pleiteia, assim, a reconsideração da decisão recorrida ou a sua submissão ao Plenário do Tribunal para que o recurso especial seja provido. 567 É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (relator): Senhor Pre-
sidente, mantenho a decisão agravada, por seus fundamentos, verbis (fls. 435-437): 2. Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade do acórdão que julgou os embargos de declaração, pois o TRE/AL analisou os fatos de forma suficiente à compreensão da controvérsia, não havendo omissão, obscuridade ou contradição. Conforme assentado no acórdão, “com a prestação de contas retificadora não fora sanada a ausência de indicação da contratação ou da doação de serviços advocatícios” (fl. 341), dessa forma, consignou-se no segundo acórdão que “o Plen4rio, ao ana- lisar o caso, decidiu que uma única falha constituiria motivo suficiente para a manutenção da rejeição das contas” (fl. 368).
Assim, conforme destacado pelo Regional à fl. 364, as ques-
tões levantadas nos embargos demonstram o mero inconfor-
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mismo da parte e o intuito de rediscutir o mérito, o que não se
admite em embargos de declaração. Quanto ao mérito, extraio do acórdão Regional o fundamento que ensejou a manutenção da desaprovação das contas (fls. 341-343): [...] com a prestação de contas retificadora não fora sanada a ausência de indicação da contratação ou da doação de ser- viços advocatícios. Esta omissão, por si só, tem o condão de desaprovar as contas dos recorrentes. Aquiesço, outrossim, com as bem lançadas argumentações do douto Procurador, in verbis: (...) Embora os recorrentes afirmem que a prestação de serviços decorreu de uma doação, nada há nos autos que comprove o alegado. Não há sequer um termo de cessão ou uma declaração do causídico. Não houve ainda, a emissão do recibo eleitoral, obrigatória de acordo com a legislação eleitoral para as doações, sejam elas estimáveis ou não. In casu, estamos diante de verdadeira omissão de despesa. Não fosse a juntada da cópia da representação oferecida pelos candidatos (fls. 114/124), a Justiça Eleitoral não teria conhe- cimento da prestação dos serviços advocatícios. Observe- -se, ainda, que a petição sequer foi assinada pela advogada indicada como sobrinha do candidato, embora conste o nome dela na procuração. 568 Mesmo considerando que tenha havido a liberalidade do pro- fissional da advocacia, esta deveria constar na contabilidade dos candidatos, através do r e s p e c t i v o termo de cessão ou documento equivalente [...] Assim sendo, constatada a existência de falha que macula a regularidade das contas, não há razão para reformar a decisão a quo. Com base na compreensão da reserva legal proporcional, entendo que nem toda irregularidade identificada no âmbito do processo de prestação de contas autoriza a automática desaprovação de contas de candidato ou de partido político, competindo á Justiça Eleitoral verificar se a irregularidade foi capaz de inviabilizar a fiscalização das contas. No caso, o Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu que a omissão da indicação da despesa ou da receita relativamente aos serviços advocatícios é falha grave apta a ensejar a desaprovação das contas, pois “macula a regularidade das contas” (fl. 343). A jurisprudência do TSE é firme no sentido de que a omissão de receitas/despesas é irregularidade que compromete a re- gularidade das contas. Nesse sentido:
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JURISPRUDÊNCIA TSE
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO E S P E C I A L . PRESTA-
ÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. GASTOS DECLARADOS COM MATERIAL PUBLICITÁRIO IMPRESSO. MONTANTE EXPRESSIVO. NÃO DECLARAÇÃO DE RECEITAS OU DESPESAS COM A D I S T R I B U I Ç Ã O . OMISSÃO QUE IM- PEDE O EFETIVO CONTROLE DAS CONTAS PELA JUSTIÇA ELEITORAL. REJEIÇÃO. AGRAVO PROVIDO. 1. No caso dos autos, o TRE/SP declarou que, na pres- tação de contas, foram informados gastos commateriais publicitários impressos sem a correspondente despesa ou receita proveniente de doações estimáveis emdinheiro. 2. A omissão na declaração de receitas e despesas deve ensejar a desaprovação das contas, já que, segundo a ju- risprudência desta Corte, se trata de falha que compromete a aferição da regularidade das contas. Precedentes. 3. Para que fosse revista a moldura fática do a c ó r d ã o recor- rido e concluído que a distribuição do material impresso teria sido realizada por amigos, familiares e correligionários, como pretendia a agravada, seria necessário o reexame dos fatos e provas dos autos, vedado pelas Súmulas nos 7/STJ e 279/STF. 4. Agravo regimental provido. (AgR-REspe n° 9955-77/SP, rel. Min. Luciana Lóssio, julgado em 29.10.2013 - grifos nossos)
Prestação de contas de campanha. Candidato. Eleições 2012. 569
Desaprovação. ” Gastos com combustíveis. Recibos incomple- tos. Fundamento não infirmado. [...] 3. A omissão de despesa com locação ou cessão de veículos, constatada a partir dos valores despendidos com combustíveis, constitui, em regra, falha que compromete a regularidade das contas. Precedentes. 4. Conforme pacífica jurisprudência do TSE, não se admite a inovação de tese no âmbito de agravo regimental. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgR-AgR-Al n° 161-22/BA, rel. Min. Henrique Neves da Silva, julgado em 14.11.2013).
Portanto, não se aplicam ao caso os princípios da proporcio-
nalidade e da razoabilidade, tendo em vista ser a falha grave. Ademais, registro não ser viável a análise da aplicação do princípio da insignificância, pois, em se tratando de receita/ despesa omitida, não há parâmetro quanto ao valor relativo aos serviços advocatícios prestados e não declarados. Assim, não há como avaliar se tratar, ou não, de quantia com pouca representatividade diante do contexto total das contas.
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ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL DA BAHIA
Com efeito, a falha apontada pelo Regional a ensejar a manu-
tenção da decisão de primeiro grau que desaprovou as contas refere-se à omissão de receita/despesa com serviços advocatícios que somente chegaram ao conhecimento da Justiça Eleitoral mediante documentação apresentada por outros candidatos ao mesmo pleito objeto dos autos. Conforme já decidiu este Tribunal, em processo de minha relatoria, “muito embora os serviços advocatícios não tenham relação direta com a divulgação da campanha política, constituem ato acessório a esse fim e, por isso, configuram gasto eleitoral que exige a emissão do respectivo recibo e sua contabilização na prestação de contas” (REspe n° 388-75/MG, julgado em 11.11.2014). Dessa forma, verificando, nas premissas contidas no acórdão, inexistir, na prestação de contas, registro do pagamento dessa despesa ou ainda quanto ao recebimento de eventual doação estimável em dinheiro da respectiva prestação de serviços, é de se manter essa irregularidade, que, segundo a firme jurisprudência deste Tribunal — conforme preceden- tes citados na decisão agravada —, é grave, capaz de, por si só, ensejar a desaprovação das contas. Consoante entendimento deste Tribunal Superior, em se tratando de irregularidades que representam percentual ínfimo em relação aos va- 570 lores movimentados, é possível a aplicação do princípio da proporcionalidade para aprovar as contas com ressalvas. Nesse sentido: AgR-Al n° 7677- 44/RS, rel. Min. DiasToffoli, julgado em 1º.10.2013, e Pet nº 2.661/DF, rel. Min. Marcelo Ribeiro, julgada em 24.4.2012. Contudo, conforme assentei na decisão agravada, não há como aferir a representatividade dessa irregularidade diante do contexto da cam- panha, pois inexistem elementos que indiquem o valor da despesa/receita que a ensejou, logicamente por ter sido omitida da prestação de contas dos recorrentes. Nesse sentido, confira-se: Eleições 2012. Prestação de contas de campanha. Rejeição. 1. A omissão de despesas com a composição de jingles para a campanha eleitoral constitui, em regra, falha que compromete a regularidade das contas. Precedentes. 2. É inviável a aplicação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade quando os elementos constantes no acórdão regional não permitem que se avalie a repercussão da falha no contexto da prestação de contas. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgR-REspe nº 290-45/AM, rel. Min. Henrique Neves da Silva, julgado em 22.5.2014 — grifo nosso).