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Capítulo 8 - Incompatibilidades
1. Incompatibilidades Físico-químicas
1.1. Introdução
No meio farmacêutico, "incompatibilidade medicamentosa" é
considerado um assunto complexo que assusta e amedronta, por isso
muitas vezes é ignorado e pouco estudado no âmbito geral pelos
profissionais. Sobretudo, na farmácia magistral onde se trabalha
com inúmeras substâncias e se manipula com maior freqüência as-
sociações das mesmas em uma formulação.
Para Voigt, incompatibilidades compreendem os efeitos recí-
procos entre dois ou mais componentes de uma preparação farma-
cêutica, com propriedades antagônicas entre si que frustram ou
colocam em dúvida a finalidade para qual foi concebido o medica-
mento.
As incompatibilidades podem prejudicar a atividade ou impe-
dir a dosificação exata do medicamento, influindo no aspecto da
formulação tornando-a inaceitável, até mesmo do ponto de vista
estético.
Quando se pensa em incompatibilidades em farmácia deve-se
pensar no sentido amplo da formulação. As incompatibilidades po-
dem desenvolver-se entre as substâncias ativas, entre as substâncias
coadjuvantes (excipientes) da formulação, entre as substâncias ati-
vas e as coadjuvantes ou entre uma ou outra e o material da emba-
lagem ou impurezas.
Segundo a sua origem e manifestação as incompatibilidades
medicamentosas podem ser classificadas em:
• I n c o m p a t i b i l i d a d e s físicas (incompatibilidades farmacêuticas)
• Incompatibilidades químicas;
• Incompatibilidades terapêuticas (farmacoiógicas)
Devido à extensão do assunto vamos nos ater aqui a incom-
patibilidades quimicas e físicas de importância e possível interesse
aos farmacêuticos magistrais.
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Capítulo 8 - Incompatibilidades
A. Exemplos:
Silicones são imiscíveis em água
Gomas são insolúveis em álcool
Resinas são insolúveis em água
1.2.2. Precipitação:
Ocorre geralmente, quando uma substância precipita de uma
solução quando outro solvente no qual ela é insolúvel é adicionado a
esta solução.
A. Exemplos:
Resinas são freqüentemente precipitadas em soluções alcoó-
licas quando se adiciona água.
Substância mucilaginosas e albuminosas em soluções aquosas
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Capítulo 8 - Incompatibilidades
se precipitam quando se adiciona álcool
Soluções coloidais freqüentemente se precipitam com a adi-
ção de eletrólitos.
Substâncias de soluções saturadas podem precipitar com a
adição de outra substância.
A. Exemplo:
Sulfato de sódio (10 H20) 90,0g
Bicarbonato de sódio 30,Og
Cloreto de potássio 15,0g
mente.
Exemplo: ácido acetilsalicílico, betanaftol, cânfora, hidrato de clo-
ral, mentol, fenol, fenilsalicilato e timol.
D. Exemplos:
Formação de sais alcaloídicos muito pouco solúveis: os alca-
lóides são normalmente utilizados na forma de cloridratos ou nitra-
tos. A adição de íons de halogênio (ex. íons de iodo ou bromo) leva
à precipitação, pois há formação de compostos correspondentes
dificilmente solúveis (Ex.: iodohidratos e bromidratos alcaloídicos).
Salicilatos, acetatos, benzoatos, tanatos (taninos) e citratos
também levam a formação de sais alcaloídicos dificilmente solúveis.
Formação de sais, muito pouco solúveis de bases sintéticas
nitrogenadas, especialmente misturas de amônio quaternário: Ex.:
cloreto de benzalcônio e cloreto de cetilpiridíneo com nitratos, sali-
cilatos e iodetos formando precipitados. Os sais de benzalcônio são
incompatíveis com a fluoresceína sódica utilizada no preparo de
colírios para diagnóstico, com os sais de benzilpenicilina e com o
lauril sulfato de sódio.
Formação de compostos muito pouco solúveis, com tensioati-
vos aniônicos do tipo lauril sulfato de sódio: o lauril sulfato de sódio
t a l como outros tensioativos aniônicos, é incompatível e forma pre-
cipitados insolúveis com substâncias catiônicas, como o cloridrato
de efedrina, o fosfato de codeína, o cloridrato de procaína, o clori-
drato de tetracaína e com íons cálcio, bário e íons de metais pesa-
dos.
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Capitulo 8 - Incompatibilidades
ções. 0 oxigênio existe não só sob a forma de oxigênio molecular
0 2 , mas também como um diradical 0 - 0 . Esta espécie de radical
possui 2 elétrons desemparelhados, os quais podem iniciar reações
em cadeia, resultando a quebra das moléculas da droga, particu-
larmente se a reação ocorre na presença de catalisadores, como a
luz, o calor e alguns íons de metais e peróxidos.
A oxidação é o processo onde um átomo aumenta o número
de ligaçoes dele com o oxigênio, diminui o número de ligações com
hidrogênio e perde elétrons.
A Autoxidação é uma reação espontânea que acontece sob
condições ambientais de exposição ao oxigênio atmosférico. Com-
postos fenólicos tais como aminas simpaticomiméticas são rapida-
mente oxidadas em pH neutro ou alcalino. Esta reação ocorre muito
mais lentamente em pH menor que 4,0. Para o controle deste pro-
cesso de degradação são normalmente empregados agentes antio-
xidantes e sequestrantes.
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Capítulo 8 - Incompatibilidades
1.3.4. Redução
Uma espécie química (átomo ou molécula) é reduzida quan-
do ganha elétrons. As reações de redução têm importância relati-
vamente menor, como fenômenos originadores de incompatibilida-
des.
1.3.5. Hidrólise
A hidrólise é um processo de solvólise no qual a molécula
(droga) interage com moléculas de água decompondo a molécula.
0 '
^OC—CH3
II
HjO
0
ÁCiDO ACETILSALICÍLICO
oT
OH
+ CH3COOH
v
^OH ÁCIDO ACÉTICO
ÁCIDO SALIClLlf;o
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Capítulo 8 - Incompatibilidades
A. Exemplo: 0 ácido acetilsalicílico combina-se com uma molécula
de água e se hidrolisa em uma molécula de ácido salicílico e uma
molécula de ácido acético.
0 processo de hidrólise é provavelmente a causa mais impor-
tante de decomposição de fármacos, devido ao grande número de
substâncias de uso medicinal que são ésteres ou que contenham
outros grupamentos, tais como amidas substituídas, lactonas e a-
néis lactâmicos, os quais são susceptíveis ao processo hidrolítico.
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Capítulo 8 - Incompatibilidades
D. Estratégias para manipulação de drogas sujeitas à hidrólise
Controle da exposição de drogas sólidas à umidade, com o
uso de recipientes hermeticamente fechados e de dessecantes.
Controle do pH de formulações aquosas. Checar o pH de to-
das soluções de fármacos que serão combinadas, bem como, do
produto final adequando-os ao pH ideal se preciso for.
Checar referências apropriadas para possíveis efeitos negati-
vos de ácidos e bases em geral sobre os fármacos. Se estes fatores
puderem acelerar o processo de hidrólise, evite a adição de com-
postos, como tampões.
Considerar a concentração da droga como um fator impor-
tante. Ex.: Ampicilina sódica.
Temperatura de armazenamento: a velocidade de hidrólise é
maior em temperaturas elevadas e pode ser retardada através do
armazenamento de produtos sensíveis sob refrigeração.
1.3.6. Complexação
Moléculas de um composto ativo podem interagir reversivel-
mente com excipientes para formar complexos, os quais apresentam
propriedades fisico-químicas diferentes do composto de origem.
A tetraciclina é um exemplo clássico de droga que é inativa-
da por complexação. Esta reação ocorre com íons multivalentes,
tais como de cálcio, magnésio, ferro e alumínio. A tetraciclina não
deve ser misturada com outras substâncias que contenham alguns
destes íons multivalentes.
Interação excipiente-excipiente.
Parabenos podem ser inativados em complexos com deriva-
dos de polietilenoglicol.
Povidona pode formar complexos com outros excipientes (ex.
corantes aniônicos ou catiônicos) ou com determinados fármacos,
como por exemplo cloridrato de clorpromazina e cloranfenicol.
Amido forma complexos com drogas ácidas e alguns outros
coadjuvantes, como ácido benzóico e ácido salicílico.
Reação de Maillard
R - NH2 + 0 = C -c - R -»
DCfUVADO M AMINAS CRIMÁKIAS I
OH ALDOSK
R - N = C —C—R' + H 2 0->
I
OH GLliCOSILAMINA
R — N - C - C — R* KBTOSAMINA
II
0
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Capitulo 8 - Incompatibilidades
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Capitulo 8 - Incompatibilidades
P. A vaselina é um excipiente inerte com poucas incompatibilida-
des, exceção se faz com o bálsamo do peru que forma duas camadas
quando adicionado à vaselina (incompatibilidade física).
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Capitulo 8 - Incompatibilidades
NR - não realizado
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Capítulo 8 - Incompatibilidades
Continuação
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Capitulo 8 - Incompatibilidades
QUIMICA
TIPOS TERAPEUTICA FISICA
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Legenda
A • mudanças lentas na aparència e na formação de gás pode ser devido ao crescimento de microorganismos
B - Risco de explosão
C - Consulte o médiço, a significância terapêutica da droga ou sç é necessãrio mudança na dose
& • procedimento preferivel
(?> - procedimento aceitável
n • procedimento não aplicável
• FS.A - procedimento que não requer aprovação do médico
F.S.A (" Fiat secundum artem")
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