Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EMPÍRICAS PARA
DIMENSIONAMENTO DE
PEQUENAS BARRAGENS DE
TERRA
1 INTRODUÇÃO
A criação das escolas foi uma tentativa de aproximação dos conhecimentos científicos
às práticas de construção. Logo, foi inaugurada a profissionalização da engenharia, com o
entendimento de que a engenharia se formaria com o “corpo de conhecimento que pudesse
ser registrado em livros e pelos meios formais através dos quais uma pessoa poderia se formar
e ingressar na profissão” (Addis, p. 219).
Mesmo assim, no campo literário ainda existia um certo distanciamento, pois os livros-
textos eram considerados eruditos e quase sempre baseados nas notas de aulas dos
professores das escolas. Logo, surgiram também os livros-manuais de orientações práticas
1
para engenheiros, com tabelas e fórmulas prontas que continham simplificações dos conceitos
científicos.
Deste modo, é preciso sempre avaliar “em que medida uma regra prática já existente
se baseia na razão, no costume ou no erro”.
A NBR 8044/2018 (projetos geotécnicos) permite que barragens com menos de 15m
de altura sejam projetadas com base na experiência do engenheiro, sendo necessária apenas
uma caracterização geotécnica do solo.
2
dimensionamento de pequenas barragens de terra utilizando metodologias práticas
(indicativos de geometria) comparando com resultados analíticos.
3
Portanto, a norma exige “apenas” os estudos preliminares para pequenas barragens,
prescidindo as considerações de estudos básicos e executivo. Em um de seus anexos (Anexo
H), a Norma apresenta os elementos que devem constar nos estudos preliminares de
barragens e estruturas anexas, são eles:
Esta fase compreende a escolha dos locais e eixos
alternativos de acordo com parâmetros geológico-geotécnicos,
hidrológico-hidráulicos e ambientais, cabendo uma análise de decisão
multicritério para a escolha do melhor eixo.
Deste modo, percebe-se novamente que a NBR 8044/2018 reduziu o rigor requerido,
pois retirou a necessidade de estudos básicos para pequenas barragens.
4
Deste modo, iremos expor as considerações de três manuais, são eles:
O Manual sobre pequenas barragens publicado pela FAO, indica que suas
considerações são para barragens com menos de 5m de altura (página 5).
5
escavado na construção do núcleo pode ser utilizado no aterro,
economizando assim em terraplanagens. (página 15).
Figura 1 - corte de uma barragem zoneada (FAO). Fonte: Manual FAO, pag. 16
O Manual do pequeno açude publicado pela SUDENE, indica alguns princípios básicos
para a construção de barragens de terra. No capítulo 3, parte A, são apresentadas as
considerações a respeito da estabilidade e da escolha do solo. O manual limita suas
considerações para barragens homogêneas e com menos de 10 m de altura.
Assim, é indicado que para assegurar a estabilidade, o declive mínimo dos taludes
devem ser de 2(H):1(V), página 84.
Já com relação aos materiais e sua compactação, a indicação é que o solo apresente
uma granulometria contínua com, por exemplo:
20% de argila;
15% de silte;
45% de areia fina;
20% de areia grossa.
Por fim, é informado que solos com mais de 40% de argila podem ser perigosos para
certos tipos de argilas, por causa das fendas que aparecem no ressecamento e, também, pela
falta de estabilidade quando o solo fica úmido.
6
Este texto técnico tem como referência principal o manual americano Design of Small
Dams, 1987. Porém, apresenta as diretrizes de forma resumida quando comparada à
referência americana, pois o manual brasileiro possui 75 páginas enquanto o americano 904.
Deste modo, os solos devem ser classificados com base no Sistema de Classificação
Unificada e então adotadas as inclinações dos taludes conforme a indicação tabelada,
conforme cada tipo solo.
Notas: Solos GW, GP, SW, SP e Pt são inadequados. Não se recomendam solos tipo OL
e OH para porções maiores do maciço. Considera-se esvaziamento rápido os que apresentam
velocidades mínimas, de descida de nível, de 0,15 m por dia.
7
“A” ou MH
Núcleo máximo não GC,GM ; SC,SM ; CL,ML ; 2:1 ; 2,25:1 ; 2:1 ; 2,25:1 ;
CH,MH 2,5:1 ; 3:1 2,5:1 ; 3:1
Núcleo máximo sim GC,GM ; SC,SM ; CL,ML ; 2,5:1 ; 2,5:1 ; 3:1 ; 2:1 ; 2,25:1 ;
CH,MH 3,5:1 2,5:1 ; 3:1
4 ESTUDO DE CASO
8
A estabilidade do maciço se garante pela definição de uma
geometria extremamente estável e pela execução de um estudo
geotécnico específico para cada unidade.
Utilizando-se dos ensaios de laboratório, o projetista classificou como aptos para compor o
maciço de barramento os solos que apresentavam as seguintes características:
No que diz respeito à geometria, foi adotada uma largura de 3 metros para a crista e
taludes com inclinações de 2(H):1(V) tanto para montante quanto para jusante. Também não
foi apontado pelo projetista uma fonte para esse parâmetro.
5 CONCLUSÕES
Uma compreensão maior dos níveis de segurança dos manuais pode refletir em
medidas mais seguras para evitar perda do investimento e principalmente acidentes.
O projeto paradigma a ser utilizado como fonte de estudo, possui 210 barragens, com
média de altura de 6,00 m, média de comprimento de 80,00 m, capacidade média de
acumulação de 12.000,00 m³ e um valor médio de construção de R$ 100.000,00 (cem mil
reais).
9
as quais se pode assegurar que são satisfeitos os requisitos de segurança e desempenho
apenas com base na experiência e em estudos de caracterização geotécnica”. (grifo nosso)
10