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XVIII Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2009 – Vitória, ES 1

UM APARATO SIMPLES P ARA DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE


DE ATRITO ESTÁTICO ENTRE DUAS SUPERFÍCIES

Fernanda Lana Mayrink 1 , Adriana Gomes Dickman 2


1
Curso de Licenciatura em Física – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(lanamayrink@gmail.com)
2
Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática e Curso de Licenciatura em Física – Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (adickman@pucminas.br)

R ESUMO

O atrito é um tipo de força que tem um papel muito importante na nossa vida. Uma
ampla compreensão dos mecanismos de atuação da força de atrito contribui
significativamente para a melhoria das aplicações desta nos vários fenômenos do dia-a-dia.
Assim, o estudo da origem e características da força de atrito é um tópico essencial na
Física. A nossa proposta é uma tentativa de atenuar as dificuldades dos alunos em perceber
que a força de atrito estático independe da massa ou dimensões do corpo ou da área de
contato en tre as superfícies. Considerando que experimentos oferecem ao aluno a
possibilidade de ter uma postura ativa, na medida em que ele constrói, observa e analisa
uma situação determinada, apresentamos neste trabalho, um aparato experimental
desenvolvido por n ós, na forma de um dispositivo que permite a determinação do coeficiente
de atrito estático entre duas superfícies. Além das medidas, o experimento permite,
principalmente, que o aluno incorpore a seu modo de pensar a generalidade das leis da
física, pois este poderá testar várias hipóteses advindas das suas concepções espontâneas,
por meio da exploração de uma situação simples. O aparato foi construído com materiais de
baixo custo e de fácil obtenção, visando tornar a atividade acessível aos professores do
Ensino Médio.

Palavras-chave: Ensino de física, experimentos, força de atrito estático

INTRODUÇÃO
Forças são muito comuns no nosso cotidiano, estando presentes nas
atividades mais rotineiras, como, por exemplo, quando chutamos uma pedra ou
caminhamos. O termo “força” abriga uma noção bastante intuitiva, por isso é
importante entender que, do ponto de vista da Física, o conceito “força” está
intimamente relacionado com a alteração do estado de movimento de um corpo.
Ainda sob esse ponto de vista, o termo força é utilizado para descrever tipos de
interação entre dois corpos, podendo ser classificada em força fundamental ou força
derivada. Existem quatro forças fundamentais na natureza: gravitacional,
eletromagnética, nuclear fraca e nuclear forte. Estas forças descrevem interações
básicas entre as partículas que compõem a matéria. Dentre as forças derivadas
podemos citar a força de contato, atrito, e elástica. Como o nome implica, essas

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forças são derivadas de uma força fundamental. Em particular, a força de atrito é


uma conseqüência da interação eletromagnética entre partículas que formam as
superfícies de objetos em contato.
O atrito é um tipo de força que tem um papel muito importante na nossa
vida. Atuando sozinha, a força de atrito faria com que uma roda-gigante parasse ou
poderia impedir o movimento de qualquer eixo giratório. Em um automóvel,
aproximadamente 20% da gasolina é gasta para contrabalançar os efeitos
provocados pelo atrito no motor e no sistema de tração. Por outro lado, se o atrito
estivesse totalmente ausente não poderíamos, por exemplo, andar a pé ou de
bicicleta, seria impossível segurar um lápis e mesmo que conseguíssemos, não
poderíamos escrever, pregos e parafusos seriam inúteis, roupas tecidas se
desmantelariam e os nós estariam sempre se desfazendo. (HALLIDAY, 1996). Uma
ampla compreensão dos mecanismos de atuação da força de atrito contribui
significativamente para a melhoria das aplicações desta nos vários fenômenos do
dia-a-dia. Assim, o estudo da origem e características da força de atrito é um tópico
essencial na Física.
No que se refere à disciplina Física, nem sempre é trivial apresentá -la aos
discentes que cursam o Ensino Médio. Esta possui uma abrangência notável que vai
desde a estrutura elementar da matéria até a concepção e evolução do universo.
Sendo assim, a inclusão da Física no currículo do Ensino médio oferece ao
estudante oportunidades de melhor compreender a natureza que os envolve e o
mundo tecnológico em que vivem. Contudo, torna-se cada vez mais difícil superar as
concepções espontâneas trazidos pelos alunos.
Vários trabalhos investigam as concepções espontâneas dos alunos em
relação à força de atrito. Caldas & Saltiel (1999) discutem em uma série de artigos
as dificuldades dos estudantes de Física Básica em relação aos fenômenos que
envolvem atrito. Segundo os autores, no que concerne ao sentido das forças de
atrito, a grande maioria dos alunos considera que estas forças são, “por definição,
sempre opostas ao movimento, no caso do atrito cinético, ou à tendência ao
movimento, no caso do atrito estático” (CALDAS & SALTIEL, 1999, p.359). Segundo
os autores, os alunos têm uma grande dificuldade em aceitar as consequências
deste “princípio geral”. (CALDAS & SALTIEL, 1999). Em geral, essas consequências
se opõem às conclusões baseadas no senso comum.
Borges et al (2002) examinaram o planejamento de vários grupos de alunos
na resolução de dois problemas práticos envolvendo tempo de queda e tempo de
esc orregamento. Nas situações que requeriam a medida do tempo de
escorregamento ficou evidente a falta de conhecimento dos alunos em relação à
teoria clássica de atrito, sendo que todos os 64 estudantes, que participaram da
pesquisa, afirmaram que o coeficiente de atrito estático depende do material das
superfícies em contato e da área de contato entre eles. Nenhum deles foi capaz de
investigar a real influência da área de contato sobre o coeficiente de atrito estático.
No trabalho de Mossmann et al (2002) foi elaborado um dispositivo
experimental para a obtenção das forças de atrito estático e cinético em função do

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tempo. Para tal foi utilizado sensores de força e posição acoplados a um


microcomputador. Os resultados obtidos permitem uma comparação direta do
comportamento das forças de atrito estático e cinético.
A nossa proposta é uma tentativa para atenuar as dificuldades dos alunos do
Ensino Médio em perceber que a força de atrito estático independe da massa e
dimensões do corpo, ou da área de contato entre as superfícies. Considerando que
experimentos oferecem ao aluno a poss ibilidade de ter uma postura ativa, na medida
em que ele constrói, observa e analisa uma situação determinada, apresentamos
neste trabalho, um aparato experimental desenvolvido por nós, na forma de um
dispositivo que permite a determinação do coeficiente de atrito estático entre duas
superfícies. Além das medidas, o experimento permite, principalmente, que o aluno
incorpore a seu modo de pensar a generalidade das leis da física, pois este poderá
testar várias hipóteses advindas das suas concepções espontâneas, por meio da
exploração de uma situação simples. O aparato foi construído com materiais de
baixo custo e de fácil obtenção, visando tornar a atividade acessível aos professores
do Ensino Médio.

R EFERENCIAL T EÓRICO

Segundo a teoria proposta por Piaget, o sujeito, por ser parte integrante do
meio em que vive , interagindo a todo o momento com a realidade, é alvo das
perturbações desse meio, que podem causar um desequilíbrio nas suas estruturas
mentais já estabelecidas. Esse desequilíbrio provocará uma reorganização interna,
um esforço de adaptação, para que essas estruturas mentais possam funcionar.
(PIAGET, 1976)
A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da
inteligência, ocorre por meio da assimilação e acomodação que são entendidos
como mecanismos de equilíbrio. O sujeito tende a assimilar idéias, mas, caso ainda
não tenha estruturas apropriadas construídas, ocorrerá uma modificação das
hipóteses e concepções anteriores, de maneira que se ajustarão àquilo que não foi
possível assimilar. Assim, nesse processo o sujeito se adapta, transformando-se em
função das resistências representadas pelo objeto do conhecimento. O desequilíbrio
é, portanto fundamental na construção do conhecimento, pois, o sujeito buscará
novamente o reequilíbrio, a partir da necessidade daquilo que ocasionou o
desequilíbrio. Para Piaget, a inteligência se constrói à medida que novos patamares
de equilíbrio adaptativo são alcançados. Pelo seu modelo epistemológico, o
conhecimento está na interação entre sujeito e objeto. (PIAGET, 1973, 1974)
Perante esta justificativa, o objetivo do presente projeto é propor uma
interação alunos -experimento-força de atrito, colocando à prova suas concepções
espontâneas e confrontando-as com realidade dos fenômenos físicos.

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D ESENVOLVIMENTO TEÓRICO

Nesta seção discutiremos os conceitos básicos necessários para o completo


entendimento da física relacionada ao experimento proposto.
Ao colocarmos duas superfícies em contato, por mais polidas que possam
parecer do ponto de vista macroscópico, proporcionam rugosidades quando
avaliadas microscopicamente, como representado na figura 1.
Portanto, se duas superfícies em contato apresentarem tendência ao
movimento, uma em relação à outra, surge uma força que tentará impedir que estas
se movam. Tal força é a força de atrito, que recebe duas classificações: i) Força de
atrito estático quando os objetos em estudos estão em repouso; ii) Força de atrito
cinético quando os elementos estão em movimento. Neste trabalho estamos
interessados na determinação do atrito estático entre duas superfícies e na
investigação dos fatores que realmente influenciam esse valor.

Figura 01 - Superfícies vistas macroscopicamente e microscopicamente. Fonte:


http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/dinamica/rozamiento/general/rozamiento.ht
m

A força de atrito estático atua nas superfícies em contato, quando a força


aplicada no corpo não é suficiente para colocá-lo em movimento. Enquanto a força
de atrito estático não for superada pela força aplicada ao corpo, dizemos que o
corpo está em equilíbrio, ou seja, o somatório das forças que atuam nesse corpo é
igual a zero. A figura 2 mostra um caixote sendo puxado por uma força F. Porém a
força de atrito impede que haja movimento para a direita.

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Figura 02 – Equilíbrio de forças, representado pelo corpo em repouso. As forças que atuam
no corpo se anulam. Fonte: http://www.infoescola.com/mecanica/forcas-de-atrito/

A força de atrito estático pode variar entre zero e um valor máximo, conhecido como
força de atrito estático máximo (fe máx). Este valor máximo é alcançado quando o
corpo está na iminência de se movimentar. Empiricamente, foi estabelecido que a
força de atrito estático máximo é proporcional a força normal N à superfície,

fe máx = µ e . N,

onde a constante de proporcionalidade µe é o coeficiente de atrito estático. Os


valores dos coeficientes de atrito estático dependem das superfícies envolvidas, ou
seja, do material que elas são constituídas. Na tabela 1 abaixo mostramos os
valores do coeficiente de atrito estático para vários pares de superfícies.

Coeficiente de Atrito Estático µe


AÇO SOBRE AÇO 0,74
ALUMÍNIO SOBRE AÇO 0,61
COBRE SOBRE AÇO 0,53
BORRACHA SOBRE CONCRETO 1,0
MADEIRA SOBRE MADEIRA 0,50
VIDRO SOBRE VIDRO 0,94
METAL SOBRE METAL (lubrificado) 0,15
GELO SOBRE GELO 0,10
TEFLON SOBRE TEFLON 0,040

Tabela 01 – Valores do coeficiente de atrito estático entre várias superfícies.

Pode-se dizer que o plano inclinado é uma das situações mais estudada na
Mecânica. No nosso dia-a-dia subimos ladeiras, rampas, ou usamos planos
inclinados para elevar carros, caminhões, barris, caixotes, etc. Assim, no nosso
experimento escolhemos o plano inclinado para explorar as características da força
de atrito estático e sua dependência com o material das superfícies usadas.

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No diagrama da figura 3 mostramos um bloco sobre um plano inclinado de um


ângulo ?, e as forças que atuam sobre ele. O peso do bloco pode ser decomposto
em duas componentes, Px paralela à superfície do plano, e P y perpendicular a essa
superfície.

Figura 03 – Representação das forças atuando em um bloco em repouso sobre um plano


inclinado.

A força normal é equilibrada pela componente Py do peso, pois não há


movimento nessa direção. Na direção horizontal, também não há movimento, assim,
a componente P x do peso é equilibrada pela força de atrito estático, F e. Assim,
temos que:

Py = N = mg cosθ
Px = mgsenθ = Fe = µe N = µe mg cosθ

Finalmente obtemos que µ e = tan θ . Vemos, portanto, que podemos obter o


coeficiente de atrito estático entre duas superfícies, determinando o ângulo máximo
de inclinação de uma superfície plana, no qual o sistema ainda esteja em equilíbrio.

M ETODOLOGIA

Nesta seção mostramos o produto final da nossa proposta, explicamos seu


funcionamento e apresentamos algumas medidas feitas. Na figura 4 mostramos o
aparato para medir o coeficiente de atrito estático na sua forma final.
O aparato possui uma base móvel, que simula um plano inclinado. Nesta
base é possível afixar uma superfície plana, dessa maneira pode-se utilizar o
aparato para medir o coeficiente de atrito entre superfícies diversas. Um dispositivo
constituído por uma haste, impulsionador e porca (no formato borboleta) permitem
que a base móvel seja levantada com uma precisão maior. O ângulo é medido
utilizando o transferidor adaptado no mostrador do aparato. A montagem do aparato
é discutida detalhadamente no Anexo I.

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Figura 04 – Aparato para medir o coeficiente de atrito estático.

Para um melhor aproveitamento do aparato proposto, sugerimos um roteiro


de aula experimental para ser utilizado pelo professor. Esse roteiro foi elaborado
com base na experiência que tivemos ao utilizar o aparato em duas turmas do
Ensino Médio e do Programa de Educação para Jovens e Adultos. Os
questionamentos e discussões que surgiram durante a aula contribuíram para
montar as perguntas propostas.

Roteiro de aula

Tema: Determinação do coeficiente de atrito estático em várias superfícies.

1 - Introdução

Nessa parte sugerimos que seja feita com os alunos uma breve discussão com o
intuito de envolvê -los com o te ma da aula. Seguem algumas sugestões de
perguntas:

a) O que você entende por plano inclinado?


b) Qual sua utilidade em nosso cotidiano?
c) Ao utilizarmos um objeto em um plano inclinado, fazemos mais ou menos
força para movê-lo?
d) Será que as rampas nas quais os carros são rebocados podem ser
chamadas de planos inclinados?
e) Um pedreiro ao levar o entulho para caçamba utiliza uma tábua para fazer
o percurso, podemos considerar essa tábua um plano inclinado?

2 –Utilizando o Aparato para medir o coeficiente de atrito estático

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A) Deve-se optar pelo par de superfícies que deseja se estudar. Para tal,
escolha uma superfície plana para ser afixada na base móvel e o bloco que
será colocado sobre a superfície plana. Na tabela 2 relacionamos os tipos de
materiais disponíveis no nosso experimento.
Superfície para base móvel Blocos utilizados
Madeira Alumínio
Vidro Acrílico
Acrílico Ferro
Alumínio Vidro

Tabela 02 – Materiais das superfícies planas e blocos disponíveis no experimento.

B) Coloque a superfície escolhida sobre a base móvel a qual permitirá avaliar o


ângulo de coeficiente de atrito estático do conjunto proposto.

C) Ao abrir o aparato, depara-se com uma haste, o impulsionador e uma porca


no formato de borboleta, a qual será usada para mover o impulsionador que
levantará a base móvel do experimento.

D) Mova a porca no formato de borboleta até que a base móvel atinja o ângulo
limite, no qual o bloco estará na iminência do movimento. Anote o ângulo
obtido.

Sugestão ao professor: É conveniente demonstrar, utilizando canudos coloridos, as


forças que atuam no bloco, assim como, as componentes do peso quando este está
em uma situação de equilíbrio. Aconselha-se cortar os canudos em tamanhos iguais
e com ajuda dos alunos posicioná-lo em cima do bloco representando as forças que
atuam em tal situação.

3 – Determinação do Coeficiente de atrito estático

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a) Utilizando a expressão que permite o cálculo do coeficiente de atrito


estático em função do ângulo limite:

µ e = tan θ

Determine o coeficiente de atrito estático para o conjunto analisado, com as


medições dos ângulos obtidas anteriormente.

4 – Investigando a dependência do coeficiente de atrito estático com vários


fatores

a) Questione os alunos a respeito das grandezas que, na opinião deles,


poderiam influenciar os valores do coeficiente de atrito estático;

b) Discuta com os alunos a possibilidade de testar as várias hipóteses


levantadas na discussão do item (a), por exemplo, mantendo as mesmas
superfícies, varie a área de contato, a massa do bloco etc.;

c) Implemente os testes, e faça uma síntese dos resultados obtidos.

Medidas feitas

Para obtenção das medidas feitas utilizando o aparato, seguimos os passos:

• Optamos pelo par de superfícies que gostaríamos de estudar;


• Colocamos a superfície escolhida sobre a base móvel;
• Ajustamos a porca-borboleta até atingir a angulação limite; ou seja, ângulo no
qual o bloco está na iminência de mover;
• Anota mos o ângulo obtido, fazendo uma leitura direta no transferidor
acoplado ao aparato;
• Calculamos o coeficiente de atrito usando a expressão tan T = µ e.

A Tabela 3 mostra algumas medidas feitas com o aparato proposto.


Coeficiente de Atrito Estático µe
Madeira e Alumínio 0,38
Madeira e ferro 0,23
Acrílico e Acrílico 0,23
Acrílico e Vidro (espelho) 0,28
Alumínio e Alumínio 0,34
Espelho e Espelho 0,21
Madeira e Acrílico 0,36
Vidro e Alumínio 0,25

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Tabela 03: Valores de coeficiente de atrito estático medidos pa ra diferentes superfícies.

Os valores encontrados para o coeficiente de atrito estático para as diferentes


combinações de superfícies testadas parecem estar dentro do padrão indicado pela
tabela 1. Infelizmente, não podemos fazer uma comparação direta dada a
diversidade dos pares testados. Deve-se levar em consideração que, mesmo tendo
os mesmos pares de superfícies, não poderíamos garantir uma concordância entre
os resultados obtidos e tabelados, devido à possíveis diferenças do grau de
rugosidade e lubrificação das superfícies.

C ONSIDERAÇÕES F INAIS

Neste trabalho discutimos a construção e utilização de um aparato elaborado


com o intuito de facilitar a determinação do coeficiente de atrito estático de alguns
pares de superfícies. O aparato é um plano inclinado, montado sobre uma base
móvel, cujo movimento é controlado por uma porca tipo borboleta. A leitura do
ângulo limite é feita sobre um transferidor acoplado à base móvel.

O experimento foi utilizado no Programa de Educação para Jovens e Adultos,


AEJA, situado na escola Cidade dos Meninos em Ribeirão das Neves município de
Belo Horizonte, Minas Gerais. Este serviu de suporte para as aulas de mecânica
sobre as leis de Newton em um plano inclinado. Percebemos que nosso
experimento permite uma dinâmica maior nas aulas de física do Ensino Médio. O
aparato, como todo experimento, desperta no aluno um interesse maior para o
fenômeno que está sendo discutido, permitindo a abertura para uma série de
questionamentos sobre o que está sendo observado.

Apresentamos também, uma sugestão de roteiro para orientar o professor


durante a realização do experimento. Esse roteiro foi montado após a utilização do
experimento no AEJA e em duas turmas do Ensino Médio, e as discussões e
questionamentos dos alunos que surgiram durante a experiência nos orientaram na
elaboração das perguntas que o compõem. Esperamos que uma aula prática
envolvendo a medida do coeficiente de atrito estático, aliada às discussões das
forças que atuam no sistema, contribua para o entendimento do conteúdo visto pelos
alunos.

R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS

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BORGES, O.; BORGES, A.T. e VAZ, A. Quatro planejamentos da solução de um


problema. In: Atas do VIII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, Águas de
Lindóia, 2002.
CALDAS, H. e SALTIEL, E. Sentido das forças de atrito e movimento. Revista
Brasileira de Ensino de Física, 21, n.3, p.149, 1999.
CALDAS, H. e SALTIEL, E. Sentido das forças de atrito e movimento I. Revista
Brasileira de Ensino de Física, 21, n.3, p.359, 1999.
CALDAS, H. e SALTIEL, E. Sentido das forças de atrito e movimento II – Uma
análise dos livros u tilizados no Ensino Superior Brasileiro. Revista Brasileira de
Ensino de Física, 21, n.4, p.542, 1999.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. e KRANE, K.S. Física I. 4a edição. Rio de Janeiro:
LTC, 1996.
MOSSMANN, V.L.F.; CATELLI, K.B.M.F.; LIBARDI, H. e DAMO, I.S. Determinação
do coeficiente de atrito estático e cinético utilizando-se aquisição automática de
dados. Revista Brasileira de Ensino de Física, 24, n.2, p.146, 2002.

PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Olympio – Unesco, 1973.

PIAGET, J. e GRECO, P. Aprendizagem e conhecimento. São Paulo: Freitas


Bastos, 1974.
PIAGET, J. Da lógica da criança à lógica do adolescente . São Paulo: Pioneira,
1976.

ANEXO

I – Material Utilizado

Posição Quantidade Descrição Material


Posição 01 01 Base inferior: 18,50 x 162 x 300 Madeira
Posição 02 01 Painel Principal: 18,50 x 300 x 451,50 Madeira
Posição 03 01 Painel Lateral Direito: 18,50 x 125x 151,50 Madeira
Posição 04 01 Painel Lateral Esquerdo: 18,50 x 125 x 170 Madeira
Posição 05 01 Painel Lateral Esquerdo Interno: 18,50 x 123 x Madeira
130
Posição 06 01 Tampa: 18,50 x 170 x 300 Madeira
Posição 07 01 Impulsionador: 18,50 x 50 x 200 Madeira
Posição 08 01 Base móvel para pista: 18,50 x 123 x 282 Madeira
Posição 09 01 Batente para pista: 10 x 20 x 80 Madeira
Posição 10 Pista para escorregamento: h x 70 x 240 Diversos
Posição 11 01 Roliço diâmetro 25 x 50 Madeira
Posição 12 01 Haste roscada 1/4" ou W x 320 Aço
Posição 13 02 Porcas: W 1/4" Aço

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Posição 14 01 Porca borboleta: W 1/4" Aço


Posição 15 03 Arruelas lisas: 1/4" Aço
Posição 16 04 Dobradiça: 2 x 2 x 2 x 1/4" Aço
Posição 17 14 Parafuso Metalfix Aço
Posição 18 01 Desenho transferidor 90 grau em papel colchê Papel
fosco formato A3 sem margem.
Posição 19 01 Cola para madeira Cola

II - Procedimentos para construção e montagem do medidor de coeficiente de


atrito estático

Observações Importantes:

a) Todas as medidas estão em milímetros.


b) Todas as peças devem ser cortadas no esquadro e paralelismo.
c) Durante a montagem, o esquadro e paralelismo entre as peças devem ser
garantidos.
d) A menor divisão na escala de leitura do transferidor num raio de 270
milímetros pode ser de 0,20º (graus).
e) O transferidor pode ser desenhado em AUTOCAD, em formato A3(270 x 420)
e plotado em papel couchê fosco, com traç o 0,10 e 0,20. No caso do texto,
com traço 0,50.
f) Na montagem o centro do transferidor deve coincidir com o centro do pino da
dobradiça.
g) A fase superior da base móvel (posição 8) deve convergir para o centro do
pino da dobradiça.
h) Os três furos (um na posição 3, outro posição 4 e posição 5 ) devem serem
executados com as 3 peças unidas, para na montagem da haste com
rosca(posição 12) não haver problemas de desalinhamento.
i) A precisão do medidor está relacionado com a precisão da construção e
montagem das peças .

III – Desenho das peças para execução

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Vista Frontal Vista Lateral

Planta

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Detalhamento das Posições 02 e 07

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