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16/03/2020 Confia no Senhor

Con a no Senhor
Presidente Dallin H. Oaks
Primeiro conselheiro na Primeira Presidência

Nossa única segurança é con ar no Senhor e em Seu amor por Seus lhos.

Meus queridos irmãos e irmãs, há algum tempo, recebi uma carta que apresenta o
assunto de meu discurso. A pessoa que a escreveu estava pensando na possibilidade
de casar-se no templo com um homem cuja companheira eterna havia falecido. Ela
seria a segunda esposa. Ela me perguntou se poderia ter sua própria casa na
próxima vida ou teria de morar com seu marido e a primeira esposa dele. Eu
simplesmente disse que ela deveria con ar no Senhor.

Falarei de uma experiência contada por uma pessoa estimada, que permitiu que eu
a compartilhasse. Depois da morte de sua amada esposa e mãe de seus lhos, um
pai casou-se novamente. Alguns lhos já crescidos se opunham ao segundo
casamento e procuraram o conselho de um parente que era um respeitado líder da
Igreja. Depois de ouvir suas considerações, que se concentravam nas condições e
nos relacionamentos no mundo espiritual ou nos reinos de glória que seguiriam o
Juízo Final, esse líder disse: “Vocês estão preocupados com as coisas erradas. Vocês
deveriam estar preocupados se vão conseguir chegar a esses lugares. Concentrem-se
nisso. Se chegarem até lá, tudo será muito mais maravilhoso do que vocês
imaginam”.

Que ensinamento reconfortante! Con a no Senhor!

Pelas cartas que já recebi, sei que outras pessoas também estão preocupadas com
assuntos relativos ao mundo espiritual onde vamos habitar depois de morrermos e
antes de ressurgirmos. Algumas pessoas acham que no mundo espiritual vamos
continuar a ter muitas das circunstâncias temporais e dos problemas que
enfrentamos nesta vida mortal. O que de fato sabemos sobre as circunstâncias do
mundo espiritual? Acredito que um artigo de um professor da BYU sobre esse
assunto está certo: “Quando nos perguntamos o que aprendemos sobre o mundo
espiritual nas obras padrão, a resposta é: ‘Não tanto quanto pensamos’”. 1

Certamente, sabemos pelas escrituras que depois que nosso corpo morrer,
continuaremos a viver como espíritos no mundo espiritual. As escrituras também
ensinam que esse mundo espiritual é dividido entre os que foram “íntegros” ou
“justos” durante a vida e aqueles que foram maus. Elas descrevem também como
alguns espíritos ensinam o evangelho àqueles que foram maus ou rebeldes (ver
1 Pedro 3:19; Doutrina e Convênios 138:19–20, 29, 32, 37). E o mais importante é
que a revelação moderna ensina que a obra de salvação continua no mundo
espiritual (ver Doutrina e Convênios 138:30–34, 58) e, embora sejamos alertados a
não deixar o arrependimento para depois da mortalidade (ver Alma 13:27),
aprendemos que é possível que algum arrependimento aconteça lá (ver Doutrina e
Convênios 138:58).

https://www.churchofjesuschrist.org/study/general-conference/2019/10/17oaks?lang=por 1/4
16/03/2020 Confia no Senhor

O trabalho de salvação no mundo espiritual consiste em libertar os espíritos do que


as escrituras frequentemente descrevem como “escravidão”. Todas as pessoas no
mundo espiritual estão sob a mesma forma de escravidão. A grande revelação do
presidente Joseph F. Smith, consagrada na seção 138 de Doutrina e Convênios,
a rma que aqueles que morreram e foram justos, que estavam em um estado de
“paz” (Doutrina e Convênios 138:22) enquanto aguardavam a ressurreição (ver
Doutrina e Convênios 138:16) “consideravam o longo tempo em que seu espírito
estava ausente do corpo como uma escravidão” (Doutrina e Convênios 138:50).

Os injustos sofrem uma escravidão adicional. Devido aos pecados dos quais não se
arrependeram, eles estão em um estado que o apóstolo Pedro chamou de espíritos
“em prisão” (1 Pedro 3:19; ver também Doutrina e Convênios 138:42). Esses
espíritos são descritos como “aprisionados” ou “cativos” (ver Doutrina e Convênios
138:31, 42), ou “atirados nas trevas exteriores” com “pranto e lamentação e ranger
de dentes” enquanto aguardam a ressurreição e o julgamento (Alma 40:13–14).

A ressurreição para todos no mundo espiritual é garantida pela Ressurreição de


Jesus Cristo (ver 1 Coríntios 15:22), ainda que ocorra em épocas diferentes para
grupos diferentes. Até aquele tempo designado, o que as escrituras nos dizem sobre
as atividades no mundo espiritual se referem principalmente ao trabalho de
salvação. Pouca coisa além disso foi revelada. O evangelho é pregado aos que não o
conheceram, aos que não se arrependeram e aos rebeldes para que possam ser
libertados da escravidão e prosseguir rumo às bênçãos que o Pai Celestial tem
reservadas para eles.

A escravidão do mundo espiritual que se aplica às almas justas e convertidas é a


necessidade de aguardar — e talvez até mesmo de poder incitar — a realização de
suas ordenanças vicárias na Terra para que elas sejam batizadas e desfrutem as
bênçãos do Espírito Santo (ver Doutrina e Convênios 138:30–37, 57–58). 2 Essas
ordenanças vicárias da mortalidade também permitem que eles sigam adiante sob a
autoridade do sacerdócio a m de ampliar as hostes dos justos que podem pregar o
evangelho aos espíritos em prisão.

Além desses conceitos básicos, nosso cânone de escrituras contém pouquíssima


informação a respeito do mundo espiritual após a morte e antes do Juízo Final. 3
Então o que mais sabemos a respeito do mundo espiritual? Muitos membros da
Igreja tiveram visões ou outras inspirações que lhes forneceram informações sobre
como as coisas funcionam ou são organizadas no mundo espiritual, mas essas
experiências espirituais pessoais não devem ser entendidas ou ensinadas como
doutrina o cial da Igreja. E, certamente, há muitas especulações feitas por
membros e outras pessoas em materiais publicados como livros sobre experiências
de quase morte. 4

Em relação a esses materiais, é importante lembrar as sábias precauções


mencionadas pelo élder D. Todd Christo erson e pelo élder Neil L. Andersen em
sua mensagem nas últimas conferências gerais. O élder Christo erson ensinou:
“Devemos lembrar que nem toda declaração feita por um líder da Igreja, no
passado ou no presente, é obrigatoriamente doutrina. É consenso na Igreja que
uma declaração feita por um líder em uma única ocasião representa geralmente
uma opinião pessoal, embora bem ponderada, sem a intenção de que se torne
o cial ou válida para toda a Igreja”. 5

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Na conferência seguinte, o élder Andersen ensinou este princípio: “A doutrina é


ensinada por todos os 15 membros da Primeira Presidência e do Quórum dos
Doze. Não está oculta num obscuro parágrafo de um discurso”. 6 A proclamação
sobre a família, assinada pelos 15 profetas, videntes e reveladores, ilustra muito
bem esse princípio.

Além de algo tão formal quanto a proclamação da família, os ensinamentos


proféticos dos presidentes da Igreja, con rmados por outros profetas e apóstolos,
também são um exemplo disso. No que diz respeito às circunstâncias do mundo
espiritual, o profeta Joseph Smith deu dois ensinamentos pouco antes do m de
seu ministério que são frequentemente ensinados por seus sucessores. Um deles foi
no sermão de King Follett, no qual ensinou que os membros da família que tenham
sido dignos estarão juntos no mundo dos espíritos. 7 O outro foi dado em um
funeral em seu último ano de vida: “O espírito dos justos é exaltado para uma obra
maior e mais gloriosa (…) no mundo espiritual. (…) Eles não estão longe de nós; e
conhecem e compreendem nossos pensamentos, sentimentos e movimentos, e
muitas vezes sofrem com isso”. 8

Então, o que dizer de perguntas como aquela que mencionei anteriormente sobre
onde os espíritos vivem? Se essa pergunta lhes parecer estranha ou comum, pensem
nas diversas dúvidas que vocês têm, ou mesmo naquelas que vocês foram tentados
a responder com base em algo que ouviram de outras pessoas em algum momento
no passado. Para todas as perguntas sobre o mundo espiritual, sugiro duas
respostas. Primeira, lembrem-se de que Deus ama Seus lhos e certamente fará o
que for melhor para cada um de nós. Segunda, lembrem-se deste conhecido
ensinamento bíblico, que me ajudou em inúmeras perguntas para as quais eu não
tinha respostas:

“Con a no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio


entendimento.

Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”


(Provérbios 3:5–6).

De modo semelhante, Né concluiu seu grandioso salmo com estas palavras: “Ó


Senhor, con ei em ti e em ti con arei sempre. Não porei minha con ança no braço
de carne” (2 Né 4:34).

Todos nós podemos nos perguntar reservadamente sobre as circunstâncias do


mundo espiritual ou até debater essas e outras questões não respondidas em família
e em outros ambientes privados. Mas não devemos ensinar ou usar como doutrina
o cial o que não atende aos padrões da doutrina o cial. Fazer isso não promove o
trabalho do Senhor e pode até desencorajar as pessoas a buscarem seu próprio
consolo ou edi cação por meio da revelação pessoal que o plano do Senhor oferece
a cada um de nós. A dependência excessiva de ensinamentos pessoais ou de
especulações pode até nos impedir de nos concentrarmos no aprendizado e no
esforço que vão aprofundar nossa compreensão e que nos ajudarão a seguir adiante
no caminho do convênio.

Con ar no Senhor é um ensinamento conhecido e verdadeiro em A Igreja de Jesus


Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esse foi o ensinamento de Joseph Smith
quando os primeiros santos sofreram graves perseguições e tiveram obstáculos

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aparentemente intransponíveis. 9 Esse ainda é o melhor princípio que podemos


aplicar quando nossos esforços para aprender ou nossas tentativas de encontrar
consolo enfrentarem como obstáculos assuntos ainda não revelados ou não
adotados como doutrina o cial da Igreja.

Esse mesmo princípio se aplica a perguntas não respondidas sobre selamentos na


próxima vida ou reajustes desejados devido a acontecimentos da vida ou a
transgressões na mortalidade. Há tanta coisa que não sabemos que nossa única
segurança é con ar no Senhor e em Seu amor por Seus lhos.

Em resumo, o que sabemos sobre o mundo espiritual é que a obra de salvação do


Pai e do Filho vai continuar acontecendo lá. Nosso Salvador iniciou o trabalho de
declarar liberdade aos cativos (ver 1 Pedro 3:18–19, 4:6; Doutrina e Convênios
138:6–11, 18–21, 28–37), e essa obra segue adiante à medida que mensageiros
quali cados continuam a pregar o evangelho, incluindo o arrependimento, àqueles
que ainda precisam de seu efeito puri cador ( ver Doutrina e Convênios 138:57). O
objetivo de todas essas coisas é descrito na doutrina o cial da Igreja, que é
encontrada nas revelações atuais.

“Os mortos que se arrependerem serão redimidos por meio da obediência às


ordenanças da casa de Deus,

e depois de terem cumprido a pena por suas transgressões e de serem puri cados,
receberão uma recompensa de acordo com suas obras, porque são herdeiros da
salvação” (Doutrina e Convênios 138:58–59).

O dever de cada um de nós é ensinar a doutrina do evangelho restaurado, guardar


os mandamentos, amar e ajudar uns aos outros e fazer a obra de salvação nos
templos sagrados.

Testi co que o que eu disse aqui é verdade, e testi co das verdades que foram e
serão ensinadas nesta conferência. Tudo isso é possível por causa da Expiação de
Jesus Cristo. Como sabemos pela revelação moderna, Ele “glori ca o Pai e salva
todas as obras de suas mãos” (Doutrina e Convênios 76:43; grifo do autor). Em nome
de Jesus Cristo. Amém.

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