tes de expansão é a categoria so- nas como assegurador das ativi- Etapas de Acumulación y
cial mais im portante e poderosa, dades econômicas, mas em suas
superior inclusive ao latifundiá- Alianzas de Clases en la fu nções pós-liberais de orienta- rio. Isso porq ue diz G. Ve lho, " on- ção e comando do processo, apa- Argentina de a terra não constitui bem es- rece na criação de órgãos como a casso (. .. ) a posse do capital e Sudam, no esta belecimento de Por Mônica Peralta Ramos. Ar- dos meios e canais de comerciali- incentivos f iscais para a implan- gentina, Sigla XXI Argentina Edi- zação antecede a questão da tação de empresas na região e tores, 1972. 187 p. posse da t erra" (p. 41). O "bar- especialmente na const rução da racão" e a coerção f ísica apare- estrada Belém-B ras ília e, recen - cem, nesse sistema, como ele- temente, da Tra nsamazônica. São Etapas de mentos necessários à ac umula- funções que marcam o caráter de · acumulación y alianzas ção de cap ital que se processa de clases incorporação def in itiva daq uela em uma cad eia de exploração, a en la Argentina região ao mercado capitalista na- (1930-1970} partir dos castanhe iros, envol- cion al e internac ional e atestam vendo no âmbito local os arren- a dominância do político sobre o datários dos castanhais e os co- econômico como modo part icular merciantes de Marabá e atingi n- de real ização do capitalismo no do os grupos exportadores em Be- Brasil (p. 170). lém e os grandes grupos impor- Em síntese, pode-se afirmar tadores no estrangeiro. que a pretensão do autor de rea- Outro ponto de destaque nesse lizar um estudo que "pudesse tra- trabalho é a forma como o autor zer uma contribuição a futuras lida com o aspecto geográfico . elaborações teóricas" (introdu- Em uma região em que o aspecto ção) fo i plenamente alcançada. físico é tão determi nante é pre- Isso na med ida em que ao con- ciso bastante segura nça teórica clu ir que as frentes de expansão para que a aná lise não caia em podem significar uma a lternati- um determin ismo geográfi co. E va à migração pa ra as cidades ou isso O. G. Velho consegui u muito Mais do que o tít ulo sugere, o uma tentativa de escapar às de- livro de Mônica Peralta Ramos é bem, mostrando que "a inf luên- term inações de um sistema que uma aná lise da situação argen- cia geográfica só pode ser en- prescinde de boa parte de se u t ina num sent ido amplo e atual. tendida quand o med iat izada pe- contin gente populacional (como O movimento peronista recebe las forças sociais envolvidas" (p. é o caso dos migrantes nordes- um lugar de destaque nesta aná- 42). ti nos na época da borracha e lise, expl icado como d~corrência Bastante evidenc iado no t exto atua lmente), o est udo de O. G. de uma fase determmada de está tam bém o papel da política Velho permite pôr em questão acumulação de capital naquele como elemento que garante as problemas com o o caráter da pe- país. Os acon tecimentos mais re- condições sociais necessárias à quena agricultu ra e do campe- centes na Argentina, como a vi- realização do processo produti- sinato no Brasil, sua s perspecti - tória do peronismo, podem ser vo: ora at ravés da violência das vas futuras e, enfim, a própria facilmente compreendidos na ter- armas, como ocorreu no conflito ceira parte do livro, onde ela es- especificidade do cap italismo no clarece as tendências mais mo- político de 1919 em Marabá, o Brasil, especia Imente no se u dernas que este movimento as- qual objetivava manter a mão-de- mu ndo rural. E levanta uma hi- sume. Al ém disso, a sua aná lise 156 obra - que desejava retorn ar ao pótese importante: "a região de pode ser utilizada como modelo Nordeste e demais regiões de ltaca iú nas estaria sendo um la- de ap licação de uma teoria a origem, com a decadênc ia da bor- boratório onde se engendrariam uma realidade empírica . racha - presa a Marabá para re- as soluções capital istas para a começar nova fase extrativista : a A autora propõe-se a lidar com conq uista por etapas da Amazô- dois níveis de análise - o eco- da castan ha; ora por meio de nia: agricultura marginal de sub- decretos-leis e disp utas ele itora is nômico, para obter as bases do sistência, estradas, pequena pro- defini ndo um novo sistema de entendimento do outro níve l - dução agríco la-mercantil , pecuá- exploração dos castanha is - não o politico, aqui entendido em ter- ria intensiva e grande exploração mais pela extração livre, mas pe- mos de interesses e alianças de mineral ; quando possível partin- classes. lo arrendamento por períodos de- do de uma produção extrativa term inados e renováveis, de tradicio nal ou nova que auxi lias- No seu esquema, a autora áreas pertencentes ao poder pú- se uma acumulação loca l" (p. mostra a dependência dos paí- blico, o que permite a barga nha 16ru. o ses subdesenvolvidos em nossos partidária. Fina lmente, o papel dias, como o reflexo de uma nova da política e do Estado, não ape- Maria Rita Garcia Loureiro etapa da expansão capitalista. Revista de Administração de Empresas Uma vez que a exportação de intensidade após a queda de Pe- no conhecido do peronismo. Dois capitais se faz principalmente rón e se dirigiram principalmen- setores até então excluídos do através da exportação de tecno- te ao setor manufatureiro. sistema dominante aparecem no logia, esta dependência assume Internamente, a polftica de Pe- cenário polftico como fortes alia- um caráter cada vez mais acen- rón afetou consideravelmente a dos: por um lado, a classe ope- tuado de dependência tecnoló- taxa de lucros da burguesia in- rária, nesta época relativamente gica. Se, por um lado, a indus- dustrial, o que a motivou para homogênea quanto à situação trialização destes pafses tende a uma alteração qualitativa da pro- salarial e forte quanto à capaci- crescer cada vez mais, por outro dução. De uma utilização exten- dade de mobilização sindical e, a mão-de-obra empregada ten- siva de mão-de-obra passa à uti- por outro, a pequena e média bur- de a decrescer, contribuindo lização intensiva de capital. As guesia industrial que não dispu- decisivamente para o aumento indústrias, ao contrário do pe- nha de canais institucionais para do desemprego e marginalidade riodo anterior, passam a organi- expressar seus interesses no ní- de suas populações. zar-se à base de uma eleva-da vel das decisões econômicas e A análise do caso argentino composição orgânica de capital, políticas. vem exemplificar e esclarecer co- o que se traduz numa substitui- Dão-se, com esta passagem, as mo esta situação, que é comum ção paulatina de mão-de-obra por condições para o aparecimento aos palses latino-americanos, as- capital. Coincide com a liderança de uma nova estrutura de po- sume detalhes específicos, de do setor metalúrgico, das indús- der, acima dos interesses especí- acordo com cada particularidade trias de bens intermediários e de ficos de qualquer classe social. histórica. capital. Esta característica nova Este fenômeno é conhecido como O processo de industrialização da indústria restringiu considera- "bonapartismo" ou "cesarismo", na Argentina é visto através de velmente o acesso ao mercado de que se caracteriza pela figura de duas fases principais que corres- trabalho, redundando num au- um "árbitro" entre as classes. pendem a níveis diferentes de mento da população marginal, No Brasil foi o caso de Vargas e, acumulação de capital. avolumando-se as fileiras do na Argentina, de Perón. Conse- exército industrial de reserva. qüentemente, a política peronista A primeira delas inicia-se a Além disso, a forte penetração nada mais foi do que uma ten- partir de 1930 e se estende pela de capital estrangeiro colocou li· tativa de conciliação, de atendi- década de 40. Após a crise de mitadas possibilidades à peque- mento aos interesses de diferen- 1929, a indústria garantiu um lu- na e média burguesia industrial. tes classes ou setores de classes. gar de destaque na economia, ao lado da crescente importância do Quais seriam as conseqüências A política de Perón pretende, mercado interno. Como indústria políticas deste processo indus- assim, melhorar as condições ob- substitutiva de importações, de- trial? Na primeira fase, após 1930, jetivas da classe operária através pendia diretamente da expansão o setor agropecuário é responsá- de leis trabalhistas e melhorias do setor agro-exportador. Nes- vel pelo desenvolvimento da in- salariais. No seu governo, o mo- te período, foram implantadas dústria, que conta com o apoio vimento sindical tornou-se uma indústrias leves, principalmente dos capitais estrangeiros. Frente força institucionalizada e atuan- têxteis e alimentrcias, caracteri- a esta penetração de capital, ain- te tanto econômica quanto politi- zadas por uma composição orgâ- da subsistem, apesar de frágeis, camente. Por outro lado, as me- nica de capital relativamente es- a pequena e média propriedade lhorias trabalhistas estenderam- tável, o que quer dizer que o in- industrial, o que vai explicar, no se ao campo. cremento de capital constante futuro, as alianças destes setores Porém as metas prioritárias do {instalações industriais, máqui- com o proletariado. Por sua vez, Governo referem-se à industriali- nas, etc.) era proporcional ao in- nesta primeira fase, ocorre um zação do país, em especial à de- cremento de capital variável (pa- incremento crescente de mão-de- fesa da indústria nacional. Para gamento de mão-de-obra). obra industrial e sua progressiva tal, contou com o apoio decisivo filiação sindical. da pequena e média burguesia 157 Uma mudança qualitativa na indústria ocorre numa segunda Portanto, o que existe nesta industrial, principalmente das re- fase do processo de industriali- primeira fase, é o predomínio dos giões do interior do país. Adotou zação. A explicação para este fe- setores agropecuários ligados ao medidas de transferência de ren- nômeno depende de fatores tanto capital estrangeiro. Entretanto da do setor agrícola ao industrial, internacionais, quanto nacionais. um novo fator intervém e desarti- com o monopólio direto das ex- cula esta estrutura de poder: o portações agropecuárias. Não A Inglaterra, principal respon- pretendeu com isto destruir o po- peronismo. sável pelas inversões de capital der das oligarquias, mas simples- no bloco subdesenvolvido perde, Durante a 11 Guerra Mundial, uma política redistributiva de mente debilitá-las para tornar viá- a partir de 1930, sua força hege- vel a política de conciliação. mônica, em prol de outros palses. rendas foi a saída viável para se Os Estados Unidos, que atingiam evitar o recesso econômico do A polltica redistributiva tem um elevado nfvel de acumulação pais. A necessidade de ampliar seus limites, na medida em que de capital, passaram a liderar as o consumo interno forneceu as começa a afetar seriamente a novas inversões na América La- bases para uma nova aliança de taxa de lucro do capital indus- tina. Estas inversões ganharam classes que resultou no fenôme- trial. O golpe de Estado que der- Resenha bibliográfica rubou o governo peronista tentou buindo, decisivamente, para o Bairros Rurais Paulistas resolver este problema. ~ assim fracionamento do movimento pe- que se abre a segunda etapa de ronista. acumulação de capital que pas- Por Maria lsaura Pereira de Quei- A partir de 1966, a fração co- roz. Livraria Duas Cidades, 1973. sou a depender da exploração in- laboracionista é questionada pe- 157 p. tensiva de mão-de-obra. A impor- lo peronismo ortodoxo que passa tação de bens de capital e tecno- por um processo de radicaliza- logia tornou-se exigência para se ção, adotando novas estratégias restituir o nível satisfatório dos de cunho revolucionário. Neste lucros industriais. Politicamente momento. a política reformista esta nova situação supõe a ex- está perdendo o apoio das bases clusão do operariado e a forma- sindicais frente a sua ineficiên- ção de uma aliança entre bur- cia em defesa dos interesses da guesia associada ao capital es- classe. trangeiro e à oligarquia latifun- diária. Além disso, exige uma no- Por outrc iado, a marginalidade va atitude da pequena e média a que foi relegada a maioria da burguesia nacional que rompe a classe operária, em virtude do aliança anterior com o operariado processo de acumulação de ca- e cada vez mais busca vincula- pital, forneceu as condições es- ções com o capital estrangeiro. truturais para a consolidação de uma estratégia revolucionária. O Nesta segunda fase, a burgue- peronismo revolucionário, surgi- sia ligada aos capitais altamente do em 1968, firma, no Congresso tecnológicos, apossa-se progres- de Córdoba, em 1969, uma polí- sivamente do poder polltico e tica radical de tomada do poder, consegue garantir sua hegemo- fato que caracteriza a fase atual nia, em detrimento dos seto- do peronismo. res tradicionais, principalmente Assim, este livro de Mônica Pe- após o golpe militar do Gen. ralta Ramos, parte de sua tese de Aramburu, impondo sérias res- doutoramento, é uma obra rica Como parte dos estudos soare a trições ao movimento peronista. em profundidade, principalmen- organização e funcionamento da Neste momento, a elevada pro- te porque revela as condições sociedade rural paulista, Maria dutividade industrial, o baixo in- estruturais que explicam a emer- lsaura procura nesta obra desen- cremento de mão-de-obra neste gência do processo político ar- volver a concepção de bairro ru- setor, resultou num elevado ní- gentino. Além disso, apresenta ral, através de pesquisas feitas vel de desemprego, principalmen- uma quantidade considerável de em Taubaté, Leme, Paraibuna e te nas regiões do interior. Além dados sobre a indústria argentina ltapecirica. disso, o processo de concentra- que podem ser proveitosamente As definições anteriores de ção industrial que atinge um grau utilizados por outros estudiosos. bairro rural consideram-no como considerável (pelo censo de 1963, o "unidade mfnima de povoamento 69% da indústria argentina é al- das áreas rurais paulistas"; seria tamente concentrada) vai diver- Volia Regina Costa Kato "um grupo de habitat disperso", sificar a situação da classe ope- composto por pequenos proprie- rária, relativamente homogênea tários ou parceiros, e que se no perfodo anterior. As indústrias constitui em torno de um núcleo, com maior participação de capi- geralmente uma capela. Sobres- tal estrangeiro e, por isso mesmo, saem nas suas caracterfsticas os 158 com elevada concentração de ca- elementos sociais e culturais, co· pital têm possibilidades de elevar mo a solidariedade, a ajuda mú- os salários dos operários, crian~ tua, expressas sobretudo no mu- do uma elite em relação à classe tirão; o folclore, demonstrado como um todo. principalmente nas festas religio- De 1955 a 1966, ocorre um fra- sas, momentos de reunião de to- cionamento do movimento pero- das as famflias no núcleo central. nista sindical e político. Surgem, Ainda mais, os bairros rurais no âmbito sindical, tendências vêm sendo apontados como pró- conciliatórias, conhecidas fre- prios da civilização caipira, que qüentemente como "integracio- se desenvolveu nas áreas de po- nismo", "colaboracionismo" ou voamento mais antigo. Com uma "participacionismo". ~ justamen- economia tipicamente de subsis- te esta aristocracia operária a de- tência, com necessidades mini- fensora de uma política colabora- mas de consumo, marginalizados cionista entre as classes, contri- da economia regional, estariam Revista àe Aàmtniatração ãe Empresas