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ISSN 2179-3549
V
Rede como limite

Claudia Washington
CC 5
GESTOS URBANOS

VISIBILIDADES

Em minha prática artística a exploração de fronteiras


físicas é recorrente, como em Armadilha (Curitiba,
2009) e Trânsito à Margem do Lago (Brasil – Paraguai,
2010), enquanto na primeira o perambular pelos
limites da cidade guiou as relações entre dentro e
fora, na segunda a ideia de ponte-fronteira incitou
Universidade de Brasília | UnB
um caminhar ao redor do Lago Artificial da Usina de
claudia@transitos.org
Itaipu com o sentido de tomada de espaço a partir
de encontros pessoais. Nesse momento parecía-
me que arte e cotidiano quase sempre reproduzem
limites do sistema econômico, desse entrecruzamento
talvez pudesse surgir uma fissura na continuidade
homogeneizante. É a partir dessa inclinação em
identificar e pressionar bordas que meu trabalho
atual toma corpo naquilo que identifico como rede
(ou véu), sobre o qual é possível impingir forças
contraditórias até rasgá-la. O ato de rasgar é o mote
de minha pesquisa de doutorado, realizada no Instituto
de Artes da Universidade de Brasília sob orientação
da Professora Bia Medeiros. Para mim a arte pode
rasgar a rede rija que confina a vida, criar passagens,
vias de transporte, outras paisagens. Nisso está em
jogo uma ideia de espaço que opera ativamente na
contramão do fluxo, ingendrando outros espaços além
da rede que compõe o cotidiano fechado. Ainda que
tal rede tautológica coexista com a disseminação de
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fluxos multidirecionais que atravessam fronteiras entre


disciplinas e lugares, tudo nela é mapeável, pois seus
infindáveis planos e caminhos estabilizam e escoam a
vida como curso contínuo ao mesmo. Continente que
nos enlaça feito múmias. Embora não haja remédio
ainda para os encarceramentos próprios da existência,
a arte pode forçar caminho e atravessar os limites do
seu próprio sistema, talvez os limites sociais.

Rasgar é assim um dos gestos humanos indicados


no plano de atravesseamento do GE Visibilidades
capaz desestabilizar a rede e abrir passagem à outras
espacialidades.
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Imagem

Silêncio. Santiago, Chile, 2016. Participação no Grupo


de trabalho Corpo, silêncio e tempo: explorando a
ruptura. Encuentro eX-céntrico: dissidência, soberanias,
performance. Hemispheric Institute of Performance &
Politics. Foto: Francisco Arrieta.

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