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Lev Vygotsky
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lev Semyonovich Vygotsky (em russo Лев
Семёнович Выготский, transliteração: Lev Lev Vygotsky
Лев Выготский
Semyonovich Vygotskij, sendo o sobrenome
também transliterado como Vigotski, Vygotski
ou Vygotsky; Orsha, 17 de novembro de 1896 —
Moscou, 11 de junho de 1934)[1], foi um
psicólogo, proponente da Psicologia cultural-
histórica[2].
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Obras
Primárias
Português
Inglês
Sobre Vygotsky
Português
Inglês
Ligações externas
Biografia
Filho de uma próspera família judia, formou-se em Direito
pela Universidade de Moscou em 1918. Durante o seu período
acadêmico estudou simultaneamente Literatura e História na
Universidade Popular de Shanyavskii [4].
Apesar de sua formação em Direito, destacou-se em sua época por suas críticas literárias e análises
do significado histórico e psicológico das obras de Arte, trabalhos que posteriormente foram
incorporados no livro "Psicologia da Arte", escrito entre 1924 e 1926, incluindo naturalmente a
tese de doutorado sobre Psicologia da Arte, que defendeu em 1925[5]. O seu interesse pela
Psicologia levou-o a uma leitura crítica de toda produção teórica de sua época, nomeadamente as
teorias da "Gestalt", da Psicanálise e o "Behaviorismo", além das ideias iniciais do epistemólogo e
psicólogo suíço Jean Piaget. As obras desses autores são citadas e comentadas em seus diversos
trabalhos, tendo escrito prefácios para algumas das suas traduções ao idioma russo.
Tendo vivido a Revolução Russa de 1917, bem como estudado as obras de Karl Marx e Friedrich
Engels, a partir das proposições teóricas do materialismo histórico propôs a reorganização da
Psicologia, antevendo a tendência de unificação das Ciências Humanas no que denominou como
"psicologia cultural-histórica".
Entre os seus trabalhos de campo incluem-se: às populações camponesas isoladas de seu país,
fazendo testes neuropsicológicos entre as aldeias nômades do Uzbequistão e do Quirguistão (Ásia
Central), antes e depois do realinhamento cultural e sócio-econômico da revolução socialista, que
incluía alfabetização, cursos rápidos de novas tecnologias, organização de brigadas, fazendas
coletivas e outros, como descreve Alexander Luria em seu ensaio sobre diferenças culturais e o
pensamento[6].
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Graças a uma conferência proferida no "II Congresso de Psicologia" em Lenigrado, foi convidado a
trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. Seu interesse simultâneo pelas funções mentais
superiores, cultura, linguagem e processos orgânicos cerebrais pesquisados por neurofisiologistas
russos com quem conviveu, especialmente Luria e Leotiev, em diversas contribuições no "Instituto
de Deficiências de Moscou", na direção do departamento de Educação (especial) do Narkompros,
entre outros institutos, além das publicações sobre o tema, encontram-se reunidos em "A
Formação Social da Mente", onde aborda os problemas da gênese dos processos psicológicos
tipicamente humanos, analisando-os desde a infância à luz do seu contexto histórico-cultural.
Após sua morte, suas ideias foram repudiadas pelo governo soviético. No entanto, seus alunos as
preservaram para a posteridade.[4]
Apesar da vida curta, foi autor duma obra muito importante, junto com Alexander Luria e Alexei
Leontiev – responsáveis pela disseminação dos textos de Vygotsky, muitos deles destruídos com a
ascensão de Stálin ao Kremlin. Devido à censura soviética, seus trabalhos ganharam dimensão há
pouco tempo, inclusive dentro da Rússia. No Ocidente, a primeira tradução de um livro seu,
Pensamento e Linguagem, foi lançada em 1962 nos Estados Unidos.
Os seus primeiros estudos foram voltados para a psicologia da arte. Extremamente culto, tinha
entre seus amigos o grande cineasta Sergei Eisenstein, admirador de seu trabalho. Suas
proposições para análise da obra de arte fazem um contraponto com a teoria psicanalítica e
estudos da mitologia (fábulas), linguística e poética dos formalistas russos (1915-1920), sendo
considerado pioneiro no que se refere ao moderno estudo da arte literária. É possível que as
restrições à suas obras, pelo governo stalinista estejam associadas à censura da psicanálise naquele
país, a exemplo da perseguição e fechamento, em 1926, da clínica psicanalítica para crianças de
Sabina Spielrein (1885-1942), uma psicanalista formada por C. G. Jung.
Para Rego 2007 a proibição da edição das suas obras na União Soviética, entre 1936 e 1956,
iniciou-se com a identificação deste como idealista, a partir das suas críticas à utilização das
teorias de Pavlov quanto às potencialidades de condicionamento ambiental. Vygotskiy, apesar de
concordar com a ideia da plasticidade do homem face a cultura, argumentava com a cúpula do
regime estalinista sobre a capacidade humana de criar seu ambiente dando origem a novas formas
de consciência e (ou) organização. Somente com o fim da censura do totalitário regime stalinista
que começou a ser redescoberto iniciando-se pela publicação de seu clássico Pensamento e
linguagem.
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O contexto em que viveu Vygotsky ajuda a explicar o rumo que seu trabalho iria tomar. As suas
ideias foram desenvolvidas na União Soviética criada pela Revolução Russa de 1917 e refletem o
desejo de reescrever a psicologia, com base no materialismo marxista. O projeto ambicioso e a
constante ameaça da morte (a tuberculose manifestou-se desde os 19 anos de idade e foi
responsável por sua morte prematura) deram ao seu trabalho, abrangente e profundo caráter de
urgência.
Hoje sabemos quanto foi fundamental para o desenvolvimento da psicologia, em especial na União
Soviética, o diálogo que esse pensador estabeleceu com a teoria marxista da sociedade. As
concepções de Engels sobre o trabalho humano e uso de instrumentos como os meios pelos quais o
homem transforma a natureza, transformando a si mesmo numa perspectiva da evolução das
espécies. Somada às contribuições de Karl Marx sobre as influências das mudanças históricas da
sociedade e da vida material na consciência e comportamento humano que são retomados e
utilizados na compreensão de um dos principais problemas propostos por Wilhelm Wundt (1832-
1920) para a psicologia: o estudo da consciência incluindo a percepção de estímulos e os
comportamentos complexos descritos na sua Psicologia dos povos (Volkerpsychologie).
É a partir do conceito marxista de ideologia que faz uma de suas principais críticas às proposições
de Wundt para o estudo da linguagem, mitologia, arte, religião, costumes e leis, que para ele é o
estudo da ideologia e não do psiquismo social – ou capacidade de vida social do ser humano, esse
animal político (zoon politicon) da proposição aristotélica citada por Marx. Para Vygostky, porém,
não se pode reduzir esse estudo à gênese das ideologias a partir da economia política (o que foi
entendido como críticas ao marxismo) nem propor uma oposição entre o social e individual, como
se fazia para diferenciar a psicologia das demais ciências sociais. A psique é sempre efetivamente
social e efetivamente construída. A oposição social × individual deve ser substituída por individual
e coletiva, entendendo por coletivo as contribuições do indivíduo à coletividade (histórica, cultural,
institucional), como pode ser visto na história da arte, o seu caráter intersubjetivo (interpessoal),
entendendo a psicologia social como psicologia diferencial, cuja meta é identificar as diferenças
individuais em indivíduos particulares, concordando com Biékhtieriev quanto a reflexologia do
indivíduo particular e a reflexologia coletiva, onde obtêm-se os produtos sociais da atividade
correlata de tais indivíduos.[7]
Por outro lado, a defectologia, com sua análise das diversas causas das deficiências mentais e
sensoriais, a especial contribuição que trouxe com a noção de sistema funcional para localização
cerebral das atividades no sistema nervoso, revelam seu interesse na neurociência e continuidade
da obra de Ivan Petrovich Pavlov (1849-1929), prêmio Nobel (1904) de neurofisiologia, com o
início da teoria dos reflexos condicionados, inibições e atividade nervosa superior. O que a escola
de Vygotsky dera continuidade. Alexander Luria, em um artigo sobre seu mestre e amigo Vygotsky,
referindo-se ao interesse comum de ambos pela neurologia e ao curso que realizavam na faculdade
de medicina, lamenta perder o amigo nesse caminho de médico que o tempo não lhe permitira
trilhar[8]. Vygotsky morreu de tuberculose antes de completar 38 anos, deixando uma extensa e
complexa obra, contudo inacabada, especialmente quanto aos aspectos neuropsicológicos,
incluindo a produção conjunta com Alexander Luria.
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Instrumentos simbólicos
Para Vygotsky, os signos, a linguagem simbólica desenvolvida pela espécie humana, têm um papel
similar ao dos instrumentos, pois tanto os instrumentos de trabalho quanto os signos são
construções da mente humana, que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e sua
realidade. Por esta similaridade, Vygotsky denominava os signos de instrumentos simbólicos,
com especial atenção à linguagem, que para ele configurava-se num sistema simbólico
fundamental em todos os grupos humanos e elaborado no curso da evolução da espécie e de sua
história social.
Linguagem
A linguagem é uma espécie de ferramenta (sendo que, aqui, ferramenta é entendida como uma
construção social), capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade, e a
organização das funções psicológicas superiores (memória, atenção, pensamento). Assim, o
indivíduo, ao apropriar-se da linguagem da cultura em que está inserido, altera qualitativamente
seu modo de pensar, de perceber o mundo, de memorizá-lo, etc. Por isso, a linguagem tem um
ponto central na teoria de Vygotsky, uma vez que, sem ela, o desenvolvimento propriamente
humano não ocorreria.
Na área educacional, a influência de Vygotsky também vem crescendo cada vez mais, dando
origem a experiências mais diversas. Não existe um método Vygotsky. Como Piaget, o psicólogo
bielorrusso é mais uma fonte de inspiração do que um guia para os pedagogos.
Aprendizagem
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Outra contribuição vygotskiana de grande importância foi a relação que estabelece entre
pensamento e linguagem, desenvolvida no seu livro "Pensamento e Linguagem". Entre suas
contribuições a esse tema destaca-se a formação de conceitos, ao qual dedica dois capítulos do
referido livro, e a compreensão das funções mentais enquanto sistemas funcionais, sem localização
específica no cérebro, órgão de grande plasticidade e dinâmica, variando ao longo da história da
humanidade e do desenvolvimento individual. Esta concepção foi posteriormente bem-
desenvolvida e bem-demonstrada do ponto de vista neuropsicológico por seu discípulo e
colaborador A. R. Luria.
Como bom marxista que domina os princípios da lógica e da dialética pós Hegel (1770-1831), o
conceito de síntese também pode ser encontrado largamente na sua obra. O autor define a síntese
não apenas como a soma ou a justaposição de dois ou mais elementos, e sim como a emergência de
um produto totalmente novo gerado a partir da interação entre elementos anteriores.
Ver também
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky 6/11
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Referências
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Obras
Primárias
Português
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Inglês
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Sobre Vygotsky
Português
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Ligações externas
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