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SÍNTESE 01 – OS LUSÍADAS

PROPOSIÇÃO – Estrutura externa: est. 1 a 3, Canto I


- Plano das Considerações do poeta, com referências específicas ao Plana da Vigem, da
História de Portugal e Mitológico.

• est. 1 a 2: Apresentação do assunto da epopeia: os heróis portugueses.

O poeta diz que louvará os heróis portugueses:


• os homens ilustres que navegaram em mares desconhecidos: “Por mares nunca dantes
navegados” (est.1);
• os homens corajosos que lutaram e saíram vitoriosos: “Em perigos e guerras esforçados” (est.1);
• os homens que construíram um novo reino a Oriente: “E entre gente remota edificaram / Novo
Reino” (est.1);
• os reis que expandiram o Império e a Fé cristã: “foram dilatando / a Fé, o Império” (est.2);
• todos os que se tornaram imortais pelos feitos que realizaram: “se vão da lei da morte libertando”
(est.2);

• est. 3: Referência à superioridade de Os Lusíadas relativamente às epopeias da Antiguidade (A Ilíada;


A Odisseia; A Eneida)

O poeta refere a superioridade da sua epopeia porque:


• o valor dos heróis portugueses é superior aos heróis “inventados” (Ulisses e Eneias): “sábio Grego
e do Troiano”;
• os feitos dos portugueses são superiores aos dos heróis reais (Alexandre Magno e o Imperador
Trajano);
• o herói português venceu os próprios deuses: “eu canto o peito ilustre Lusitano, ! A quem Neptuno
e Marte obedeceram”, pois os portugueses destacaram-se na guerra (Marte) e no mar (Neptuno).

Características gerais do herói de Os Lusíadas:


• herói coletivo;
• homens reais;
• superiores aos heróis da Antiguidade;
• os seus feitos são únicos.

NARRAÇÃO – Estrutura externa: est. 19, Canto I até ao fim

• est. 19: Início do relato da Viagem de Vasco da Gama à Índia (ação central da epopeia).
A narração tem início in medias res, isto é, a armada de Vasco da Gama já vai no Oceano Índico
quando começa a narração da viagem.
Esta estância pertence ao Plano da Viagem.
O narrador é o Poeta.

• Consílio dos Deuses (est. 20 a 41): episódio que narra a reunião dos deuses no Olimpo.
Este episódio pertence ao Plano Mitológico.
O narrador é o Poeta.


Estrutura interna do episódio (divisão do episódio de acordo com o assunto)- proposta.

Convocatória feita aos deuses, por ordem de Júpiter e concretizada por Mercúrio.
Est. 20
Assunto da reunião: o futuro dos portuguese no Oriente “cousas futuras do Oriente”(v.4,est. 20), ou seja,
e 21
se receberão ajuda para lá chegar.
Os deuses reúnem-se no Olimpo e sentam-se por ordem da sua importância, isto é de forma
(est. 20 e est. 23)

hierarquizada (vv. 4 a 6, est. 23)


Introdução

Descrição de Júpiter:
Est. 22 • é o pai dos deuses, digno (v.1, est. 22);
e 23 • é o que tem mais poder e que inspira respeito nos restantes (v.4, est.22);
• é divino, mas com um corpo igual aos homens (v. 6, est.22);
• poderoso, porque tem os símbolos do poder: a coroa, o ceptro (vv.7 e 8, est.22);
• a sua voz inspira respeito e o seu tom de voz é sério (v.8, est. 23).
Discurso de Júpiter: o objetivo é convencer os deuses (destinatários do discurso) a ajudar os
portugueses.
Assuntos tratados:
• refere que os Fados (Destino) já decidiram que os portugueses chegarão à Índia (vv.6 a 8, est. 24);
• recorda as glórias passadas dos portugueses, que venceram os Mouros e os Castelhanos (fortes e
numerosos), apesar de serem menos e com menos poder bélico (est.25); recua um pouco mais e
recorda Viriato e Sertório que lutaram contra os romanos (est. 26);
Est. 24
• refere-se à viagem que os portugueses estão a realizar e realça a fragilidade dos homens , perante
a 29
a a grandeza e a força dos elementos da Natureza (est. 27);
• reitera a profecia dos Fados: os portugueses governarão a Índia, durante muito tempo (vv. 1 a 4,
est.28);
• salienta o cansaço da tripulação (vv. 5 a 8, est. 28), os perigos que já enfrentaram, os diferentes
climas que já experimentaram (vv. 1 a 4, est. 29);
• apresenta a sua decisão (vv. 5 a 8, est. 29): os portugueses deverão ser bem recebidos na costa
africana, descansar; reabastecer as naus para seguirem viagem.
Reações ao discurso de Júpiter:
• est. 30 (vv. 1 a 4): os deuses não têm a mesma opinião relativamente à decisão de Júpiter e
organizam-se em dois grupos: os que concordam e os que discordam;
Desenvolvimento

• est. 30 (v. 5) à est. 33: Intervenção de Baco, deus do vinho e adorado na Índia: discorda da decisão
(est. 2 a 40)

de Júpiter, pois sabe que perderá a fama se os portugueses lá chegarem (vv. 5 a 8, est. 30); tinha
ouvido dos Fados que um povo corajoso, vindo da Península Ibérica, dominaria tudo o que o oceano
Índico banha (vv. 1 a 4, est. 31); sofre com a perda da glória na Índia (vv. 5 a 8, est. 31) e teme que
o seu nome seja esquecido e deixe de ser cantado pelos poetas, se os portugueses chegarem à
Índia (est. 32).
Est. 30
a 35 • est. 33 e 34: Intervenção de Vénus, deusa do amor: concorda com a decisão de Júpiter, colocando-
se a favor dos portugueses (v.1, est.33); apresenta três razões para tomar esta posição: os
portugueses são parecidos com os romanos, povo de Vénus, na coragem (vv. 2 a 6, est. 33); a
língua que falam é parecida com o Latim (vv. 7 e 8, est. 33); quando os portugueses chegarem à
Índia, ela será celebrada, louvada (vv. 1 a 4, est. 34).
• est. 34, vv. 5 a 8: apresentam um espécie de conclusão: um deus está contra os portugueses porque
não quer perder a fama e a glória, outro deus está a favor por quer conquistar fama e glória.
• Consequências das intervenções de Baco e de Vénus (est. 35): os deuses ficam muito agitados,
pois começam a tomar partido em relação a um e a outro.
Est. 36 Reação de Marte
a 39 • Descrição de Marte, deus da Guerra:
• concorda com aposição de Vénus porque era apaixonado por ela ou porque os portugueses
mereciam (vv. 1 a 4, est. 36);
• está aborrecido, age de forma decidida, determinada, intimidando os outros deuses (vv. 5 a 8,
est. 36);
• surge como um guerreiro corajoso, que impõe respeito (est. 37).


• Discurso de Marte:
• dirige-se a Júpiter (v. 1, est. 38);
• recorda o valor dos portugueses e pede a Júpiter para não dar atenção ao que os deuses
dizem (est.38);
• refere que Baco, se não agisse por interesse, deveria ajudar os portugueses, que são
descendentes de Luso, companheiro de Baco; Baco age por inveja em relação aos feitos dos
portugueses (est. 39);
• elogia Júpiter e afirma que este não deve voltar atrás na decisão tomada, pois seria um sinal de
fraqueza (vv. 1 a 4, est. 39);
• sugere que Júpiter envie Mercúrio à Terra para mostrar aos portugueses onde podem
descansar e receber informações sobre o caminho a seguir (vv. 5 a 8, est.39).
Decisão final de Júpiter:
Conclusão
(est. 40)

• mantém a decisão inicial, abençoa os deuses e dá por terminada a reunião;


• os deuses regressam “Pera os determinados apousentos”:

• Importância deste episódio para a glorificação e engrandecimento dos portugueses:


Este episódio glorifica e engrandece os portugueses, dado que é para decidir o futuro de simples mortais que
os deuses se reúnem. Durante esta reunião, os deuses tomam partidos, pois reconhecem que a chegada dos
portugueses à Índia tirará a fama e a glória a alguns (Baco) e dará fama e glória a outros (Vénus).

• Recursos expressivos importantes:


• Aliteração - est. 35, – a repetição dos sons evocam todo o ruído feito pelos deuses quando começaram
a discutir.
• Comparação - est. 22, vv. 7 e 8 – evidencia o caráter divino de Júpiter, cujo símbolo do poder tem uma
pedra que não existe neste planeta; est. 35, vv.1 e 2 – a violência da discussão é comparada à violência
da natureza.
• Hipérbole - est. 37, vv. 7 e 8 – realça o poder do som do bastão de Marte que teve consequências
violentas em quem o ouviu.
• Metáfora - est. 27, v. 2 – a comparação do barco a um pedaço de madeira leve realça a fragilidade das
embarcações dos portugueses, num mar violento e desconhecido, e, consequentemente, a fragilidade
dos próprios navegadores.
• Perífrase – est. 20, v. 8; est. 31, v.2; est. 38, v. 8
• Sinédoque – est. 25 - Mouro e Castelhano são usados no lugar do plural Mouros e Castelhanos; est. 1,
v.2 – expressão usada para se referir a Portugal. Usa a parte (praia) pelo todo que é Portugal.

Prof. Ana Paula Neves

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