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GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA

Nome1

RESUMO

Este estudo procurou demonstrar a importância da gestão participativa e necessidade


de inovar as práticas de gestão de escola para o benefício de uma população mais
envolvida e responsável com a educação. o estudo se justificativa por demonstrar a
importância e a necessidade de inovar as práticas de gestão de escola relacionadas
as políticas públicas. Viu-se que as instituições estão geralmente de ”portas fechadas”
com medo de novas propostas e inovações, acostumadas ao autoritarismo e ao poder
que julgam caber somente a administração escolar. Durante a pesquisa e até com a
vivência que tenho dentro do ambiente escolar foi possível verificar as dificuldades e
resistências ao querer transformar aquilo que já está pronto, mas que estaria melhor
com uma política mais democrática. Isto foi possível perceber na postura de muitos
professores da escola, da gestora e até de alguns membros da comunidade. A
vivência dessa prática poderia levar a novos desafios e a compreensão da educação
como prioridade nacional e não como um rico espaço para a propagação de modismos
retirados das teorias educacionais, muitas vezes, fora da realidade escolar e da
sociedade.

Palavras-chave: Gestão; Escolar; Participação.

INTRODUÇÃO

A educação brasileira já há algumas décadas vem importando-se com os


processos de gestão, em principal com os processos de gestão democrática e
participativa.

Cabe à educação encontrar meios para a formação do cidadão, educar para a


cidadania tem sido a preocupação que tem centralizado as discussões sobre os
valores inerentes a essa formação.

A consolidação de uma gestão escolar de cunho democrático-participativo


requer competências, respaldada na correta fundamentação dos valores geridos por
professores e gestores.

1 Discente do Curso de
O presente estudo é resultado, inicialmente, de pesquisa bibliográfica, que
contribui para a construção do conhecimento, especificamente, acerca da temática
sobre a democratização no âmbito escolar, tanto dos processos de gestão
administrativa como financeira em escolas públicas.

Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada entrevista com os diretores e


demais gestores das escolas e das comunidades das escolas, com base em um
roteiro com questões usadas como instrumento para orientar os objetos.

O estudo tem por questão problemas, discutir qual a função da gestão


democrática e financeira nas escolas, questionando-se quais os ganhos com este
processo de gestão.

Este estudo se justificativa por demonstrar a importância e a necessidade de


inovar as práticas de gestão de escola relacionadas as políticas públicas.

Viu-se que as instituições estão fechadas para novas propostas e inovações,


acostumadas ao autoritarismo e ao poder que julgam caber somente a administração
escolar.

A vivência dessa prática poderia levar a novos desafios e a compreensão da


educação como prioridade nacional e não como um rico espaço para a propagação de
modismos retirados das teorias educacionais, muitas vezes, fora da realidade escolar
e da sociedade.

Apesar de a gestão democrática ser recomendada pelo Poder Público –


enfatizada pela Constituição Federal Brasileira de 1988 e consolidada na Lei 90394/96
(LDB), tal determinação legal, por si só não garante uma escola de qualidade e
democrática. Esse fato mostra a necessidade de serem feitos esforços para a
construção de uma escola realmente democrática.

A escola inovadora representa a escola que tem a força de se pensar a partir


de si própria e de ser uma escola reflexiva. Neste tempo de descentralização, de
autonomização e responsabilização que se vivencia vivendo, é preciso envolver as
pessoas e através delas, procurar mudar a cultura que tem-se na escola.

1 POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO NA EDUCAÇÃO


1.1 Políticas Públicas e Gestão Escolar

A teoria do ciclo da política pública engloba o conjunto de questões que podem


ser formuladas com respeito ao rastreamento das origens de um problema que faz
parte da agenda governamental (no caso da presente pesquisa, a política de
educação profissional) e a progressão do debate das ideias acerca da reforma do
Estado.

A falta de transparência constitui-se em mecanismo estratégico para garantir o


encaminhamento das alternativas definidas como prioritárias por aqueles que tomam a
decisão final. O aspecto a ser ressaltado aqui é o efeito da ligação de vários fatores
que ocorrem simultaneamente em um processo de natureza política, negocial, onde os
atores, se movem estrategicamente defende suas posições.

O papel crucial desempenhado pela educação, em sentido amplo, no aumento


da competitividade de países que lograram posições privilegiadas na economia
mundial colocou em foco o tema da educação e da formação profissional. A
centralidade de tais temas expressa, em parte, o reconhecimento de que eles
constituem uma base indispensável para alavancar o processo inovador das empresas
e, assim, impulsionar a competitividade e o desenvolvimento dos países, tanto
industrializados quanto em desenvolvimento. Porém, esse tema adquire relevância
especial para os países em desenvolvimento que se defrontam com uma situação
particularmente crítica, seja pela dificuldade em ter acesso às inovações tecnológicas,
seja pela dificuldade em desenvolver tecnologias próprias.

Um bom nível de educação, de capacitação científica e tecnológica, e de


formação profissional também é estratégico para atrair investimentos internacionais de
qualidade para o país. Dada a crescente importância da inovação, as empresas
multinacionais buscam instalar-se em países onde exista oferta de pessoal qualificado
ou, ao menos, uma base de escolaridade que permita formar rapidamente mão-de-
obra capaz de operar dentro dos novos padrões de produção.

Para países em desenvolvimento, o efetivo aproveitamento dos benefícios que


podem ser obtidos desses investimentos em termos de transferência de tecnologia
depende amplamente da capacidade tecnológica acumulada no país. O que só existe,
de fato, nas pessoas que a portam, daí a importância do ensino em geral, da formação
profissional e da capacitação científica e tecnológica.
Por sua vez também, a elevação dos níveis educacionais da população e a
oferta de formação profissional representam um caminho para reduzir as
desigualdades sociais e minorar o problema da gestão educacional.

1.2 Gestão Democrática

A gestão democrática expressa tanto à vontade de participação que tem se


revelado lá onde a sociedade civil conseguiu se organizar autonomamente, quanto o
empenho por reverter à tradição que confunde os espaços públicos com o privado. Ela
também está presente no processo e produto de políticas de governo. Os cidadãos
querem mais do que ser executores de políticas, querem ser ouvidos e ter presença,
um dos espaços para isto acontecer são os chamados orçamentos participativos de
muitos municípios.

Ao se propor democrata, uma gestão opta por uma determinada forma de


proceder e de envolver todos os sujeitos participantes. O projeto pedagógico bem
definido, com as prioridades colocadas de forma consensual, facilita a partilha para
além dos profissionais da educação, envolvendo os alunos, seus pais e mesmo a
comunidade local.

Numa democracia, o setor público tem o dever de ser transparente para a


sociedade. Nesse sentido, a Escola precisa divulgar suas ações para toda a
comunidade escolar e local. A avaliação empreendida pelo Conselho Escolar, junto
com a direção da escola, serve como um mecanismo para esse fim. Nesse processo,
o sentido ético tem que permear todas as ações, além de ser a chave para o sucesso
do processo democrático.

A implementação da gestão democrática não se faz pela simples instalação do


Conselho de Escola. Há escolas que trabalham muito bem o Conselho de Escola,
trazem os pais para colaborar, discutir, decidir, mas há escolas que trazem os pais
como tarefeiros. Nota-se que é preciso melhorar a atuação dos Conselhos de Escolas,
porque isso não garante a democratização das relações na escola. É preciso que todo
mundo tenha voz. Não é possível discutir sobre os mecanismos participativos na
escola sem fazer referência à questão do poder.

Sobre esse assunto Paro (2011, p. 16) afirma:


Quando uso este termo, estou preocupado no limite, com a
participação nas decisões. Isto não elimina, obviamente, a
participação na execução; mas também, não a tem como fim, e sim
como meio, quando necessário, para a participação propriamente
dita, que é a partilha do poder, a participação na tomada de decisões.

O que se espera é a própria comunidade local que tendo a escola como algo
seu, se faz presente na condução da política educacional. A participação democrática
dos pais e da comunidade local em uma escola é fundamental, porque sendo publica,
pretende ir tornando-se popular, com estruturas leves, disponíveis a mudança.

A democracia demanda estruturas não inibidoras da presença participativa da


sociedade no comando da rede publica. No entanto, para algumas autoridades a
democracia se deterioriza quando as classes populares estão ficando demasiado
presente nas escolas (FREIRE, 2000).

Segundo Paulo Freire (2000) os grupos populares tem o direito de exigir do


Estado, através de convênios de natureza nada paternalista, colaboração, estando
consciente de que sua tarefa não é substituir o Estado no seu dever de atender às
camadas populares e a todas as classes favorecidas que procurem suas escolas. As
classes populares precisam lutar dentro das escolas publicas para que o Estado
cumpra o seu dever.

A nova lei de diretrizes e bases, no seu artigo 14, trata da gestão democrática
do ensino publico, delegando maiores detalhamentos para as secretarias de educação
dos estados, mas o inciso II diz que um dos componentes desta gestão é a
participação das comunidades escolar e local, e de conselhos escolares ou
equivalentes.

É na relação com os estabelecimentos de ensino que se verá o grau de diálogo


com os administradores dos sistemas de ensino e seus respectivos órgãos normativos
poderão traduzir a gestão democrática como forma de participação.

Entende-se, que a gestão democrática significa a conquista da autonomia por


parte do aluno, da família e da comunidade. Trazer a cultura local para o interior da
escola significa transformar os saberes da comunidade em conteúdo de trabalho para
o professor. Percebe-se que, para que a gestão se realize é necessário que todos os
profissionais que dela fazem parte, não apenas os professores assumam uma postura
investigativa em seu trabalho, criando instrumentos que possam auxiliá-los a identificar
e reconhecer esses saberes (PARO, 2011)
A participação familiar deve ocorrer desde a elaboração dos projetos, o
dimensionamento e detalhamento das metas até a tomada de decisões, execução e
avaliação. Percebe-se, que as dificuldades para o nível de participação são muitas,
indo desde a resistência dos que podem perder privilégios, até a falta de metodologias
adequadas, passando pela falta de compreensão, dificuldades postas pela estruturas
existentes e vontade política de concretizá-la.

1.2.1 Gestão Escolar e a Sociedade

Sabe-se, que o envolvimento dos professores na gestão das escolas e a


participação familiar dependem, em primeiro lugar, de uma organização da escola que
tenha na gestão uma dimensão do próprio ato educativo. Definir objetivos, relacionar
estratégias, planejar, organizar, coordenar, avaliar as atividades e recursos, ao nível
da sala de aula ou ao nível da escola no seu conjunto, são tarefas com sentido
pedagógicos e educativos evidentes. Elas não podem ser dissociadas do trabalho
docente e subordinarem-se a critérios extrínsecos, meramente administrativos.

Em segundo lugar, a redefinição da profissão docente e as mudanças nas


práticas de ensino têm valorizado a abordagem do professor como um gestor de
situações educativas. O professor já não é o que transmite conhecimentos aos alunos,
mas o que cria as condições necessárias para que estes aprendam. Ele é, portanto,
um organizador e disponibilizador de recursos em conjunto com os seus colegas. E
isto são funções de gestão que o professor não pode desenvolver sozinho e fora de
uma organização. Por tudo isto, se vê o papel central que a participação dos
professores desempenha para o êxito da gestão de uma escola e para a sua
adequação aos objetivos educativos.

Sobre este assunto, Ghanem (2002, p. 102) destaca que: “sendo um serviço
público, o papel dos professores seria colocar seu saber a serviço de objetivos fixados
pela sociedade e pela comunidade escolar, da qual os professores são apenas um dos
componentes”. Neste sentido, a gestão deve estar inserida no processo de relação da
escola com a sociedade, de tal forma que possa possibilitar aos seus integrantes a
buscarem em conjunto uma educação de qualidade.
A gestão da educação deve contribuir para que as escolas, junto com outras
organizações da comunidade, possam participar da construção de uma sociedade
fundada, na igualdade e na democracia.

Desse modo, pode-se citar a região de Emilia Romagna, na Itália, que trabalha
com a idéia de gestão social, na qual todos os envolvidos, direta ou indiretamente
participam.

Sobre a região de Emilia Rogamana, Campos (1998, p. 326) afirma:

A experiência Emilia Rogmana não está dissociada da intenção de


integrar a educação das crianças pequenas no contexto de
participação política que caracteriza os governos locais nessa região
da Itália. O treinamento para o trabalho em equipe e a tomada de
decisões coletivas, parte importante para a formação em serviço dos
trabalhadores de creche, que maracá todo o processo de elaboração
e avaliação da programação desenvolvida com as crianças. O
envolvimento dos pais é peça essencial dessa dinâmica, o que faz
com que esse trabalho de aproximação creche-familia-bairro ganhe
conteúdo, tanto político e social como pedagógico e difusor da cultura
da infância.

Desse modo, percebe-se que não se trata de implementar políticas de


participação, envolvendo apenas as famílias, mas de uma idéia democrática mais
ampla e que compreende a gestão de equipamentos públicos, tais como a escola ou a
creche, como algo que deva ser conduzido, necessariamente, pelo publico e não de
forma centralizada, dentro ou fora da escola.

Na Itália, as chamadas “Escola de infância” trazem a idéia de participação


desde a sua criação. Foi por meio da organização social que criaram tais escolas.
Assim, segundo Batista Quinto Borgui, coordenador pedagógico desse município
italiano, a administração procurou dar conta dessas transformações criando novos
meios e formas de participação das famílias para que aquela tradição não se perdesse
e por acreditar de fato na sua importância.

Segundo Borgui (1998, p. 112):

O objetivo dessa renovação é, principalmente, aperfeiçoar e reforçar


a escola da infância a partir da sua capacidade para dar resposta ao
amplo e complexo leque de necessidade da criança e de sua família.
E fazer isso partindo da convicção de que a família é um recurso
educativo e a escola infantil tem o dever não só de reconhecê-la
nessa função. Daqui a reconhecer um novo papel à família, uma
família que não está disposta a delegar as suas responsabilidades
educativas e que exige poder exercer o direito de uma participação
autêntica na gestão da escola.

O caminho da gestão democrática, que passa pela participação das famílias,


não é o mais fácil porque envolve constante construção e reconstrução, com avanços
e retrocessos porque envolve enfrentamentos e busca de consenso no lugar de
imposições. Mesmo assim, ele parece o mais promissor quando o princípio que norteia
o trabalho é à busca de uma educação de qualidade para todas as crianças. Percebe-
se que, devido à formação profissional que têm os professores e atendendo às
funções que a escola tem na sociedade, as tentativas de aproximação e de melhoria
das relações estabelecidas com as famílias devem partir, preferencialmente, da
escola.

Acredita-se que, envolver a família na educação escolar dos filhos pode


significar, para a escola, que ela tenha que conhecer melhor os pais dos alunos e
realizar um trabalho conjunto com eles para criar, entre outras coisas, um ambiente
que fortaleça o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Entretanto, é
possível que isso represente, para alguns professores, uma ameaça a sua profissão,
pois poderiam sentir que estão sendo destituídos de sua competência e de seu papel
de ensinar.

Sobre esse assunto, Ghanem (2002, p. 93) afirma:

Diversos estudos sobre gestão escolar observaram que servidores


com alguma formação pedagógica (diretores, supervisores,
coordenadores ou orientadores pedagógicos e professores)
assumem posições aparentemente contraditórias frente às famílias
dos alunos. Reivindicam, ao mesmo tempo, que os pais assumam
maior responsabilidade na tarefa de educar e que não interfiram no
ensino, terreno que preservam como domínio exclusivo de sua
competência.

Assim, a presença e a participação dos pais na escola não podem e não


devem significar uma falta de responsabilidade dos professores para com a educação
das crianças. Os pais podem e devem envolver-se com o processo escolar de seus
filhos e exigir que a escola cumpra o papel que lhe cabe na educação das crianças
sem descaracterizar a especificidade dos papéis que cada instância deve exercer.
Mesmo garantindo a especificidade dos papéis da escola e o respeito ao
conhecimento especializado que têm os professores para desenvolverem seu
trabalho, o estreitamento das relações entre família e escola pode ajudar os
professores a exercerem a sua profissão com mais competência.

Com essa aproximação, os professores podem passar a ter maiores


informações a respeito de quem são os alunos, suas famílias, sua cultura, o que
favorece a organização do trabalho a ser desenvolvido, em benefício das crianças e
da comunidade.

E por parte dos pais, relações mais estreitas com a escola podem ajudá-los a
compreender melhor o trabalho por ela realizado, a se envolverem na medida de suas
possibilidades no processo educacional dos filhos, trabalhando de acordo com as
necessidades educativas da vida e da participação no mundo atual.

Segundo Piaget (apud Munari, 2010, p. 50):

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva


pois a muita coisa, mais que uma informação mútua: este intercâmbio
acaba resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente em
aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou
das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar,
reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-
se até mesmo a uma divisão de responsabilidades.

Observa-se que a idéia não é a de que famílias ensinem educadores ou vice-


versa. O que está em jogo é a necessidade de ambas as instituições, de trocarem
idéias e de conhecer-se mutuamente em benefício da criança.

Zabalza (1998), que faz interessantes apontamentos acerca de quais seriam as


condições para se realizar uma educação infantil de qualidade, também menciona a
relação entre a escola e as famílias como uma dessas condições e a justifica da
seguinte forma:

A questão é que a escola possui capacidade de ação limitada pelo


espaço, pelo tempo e pelas próprias dimensões suscetíveis de serem
afetadas pelo trabalho dos professores. Refiro-me, logicamente, as
questões curriculares importantes: dentro da sala de aula ou como
continuação em casa de atividades iniciadas dentro da sala de aula.
Este tipo de participação (das famílias) enriquece o trabalho educativo
que é desenvolvido na escola, a presença de outras pessoas adultas
permite organizar atividades mais ricas e desenvolver uma atenção
mais personalizada com as crianças), enriquece os próprios pais e
mães (vão sendo conhecidos aspectos do desenvolvimento infantil,
descobrindo características formativas em materiais e experiências,
inclusive o jogo, conhecendo melhor os filhos, aprendendo questões
relacionadas com a forma de educar) e enriquece a própria ação
educativa que as famílias desenvolvem depois em suas casas.
Também os professores aprendem muito com a presença dos pais e
mães, ao ver como eles enfrentam os dilemas básicos da relação
com as crianças pequenas. (ZABALZA, 1998, p. 54-55).

Do ponto de vista legal, pode-se dizer que a partir dos anos de 1990, no Brasil,
houve avanços no que diz respeito à possibilidade de participação das famílias no
trabalho escolar, embora a gestão democrática na escola pública já estivesse prevista
desde 1988 com a Constituição Federal. Como exemplo pode-se citar a Nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394 de 20/12/96) que em seus
artigos 12 e 13 que tratam das incumbências dos estabelecimentos de ensino e dos
docentes, respectivamente: “articular-se com as famílias e a comunidade, criando
processos de integração da sociedade com a escola” e “colaborar com as atividades
de articulação da escola com as famílias e a comunidade.” O artigo 14 ainda
estabelece que “os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do
ensino público da educação básica (..)”.

2- DISCUSSÃO

Um dos maiores avanços sociais dos últimos tempos se manifestam nas


tentativas de implantação de sociedades democráticas e igualitárias.
Segundo Freire (1997, p. 24) a escola:

Uma escola democrática em que se pratique uma pedagogia da


pergunta, em que se ensine e se aprenda com seriedade, mas em
que a seriedade jamais vire sisudez. Uma escola em que, ao se
ensinar necessariamente os conteúdos, se ensine também a pensar
certo.

A escola é um espaço privilegiado para fazer emergir sujeitos críticos,


atuantes, criativos e competentes capazes de ler a realidade e transforma-la
em espaços mais humanos, justos e igualitários. Para tanto quem atua na
escola deve ter clareza em seus objetivos e trabalhar de forma significativa
instigando seus alunos na construção deste novo homem capaz de propor
mudanças re-significando fatos e acontecimentos.
Segundo Freire (1997, p. 160) escola é também e sobretudo espaço da
amorosidade. 

A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à


alegria de viver. Justa alegria de viver, que, assumida plenamente,
não permite que me transforme num ser ‘adocicado’ nem tampouco
num ser arestoso e amargo”. A atividade docente de que a discente
não se separa é uma experiência alegre por natureza (...) Ensinar e
aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da
alegria.  

“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de


intervenção no mundo” (FREIRE, 2002, p. 110) e para isso, uma escola de
qualidade precisa mais do que ensinar os conteúdos das disciplinas precisa
tornar-se um lugar que acolha toda a diversidade das relações da realidade
que está incerida e assim desenvolver o seu papel principal que é tornar os
alunos competentes para compreenderem e agirem inteligentemente em
qualquer situação de sua vida.
A Escola Democrática, mais amiga, companheira, bonita, alegre e
prazerosa da qual estamos falando, está sendo construída e permanentemente
reconstruída com base na ousadia, na criatividade, na vontade, no desejo e na
ação política de pessoas comprometidas com a educação do presente e do
futuro, sujeitos concretos e históricos que desafiam o imobilismo, que não se
conformam diante do descaso com a coisa pública, que buscam sem cessar
repensar as suas próprias práticas e que são conscientes e críticos na sua
cotidianidade. Esta escola investe, na educação permanente e continuada,
consubstanciada numa política de formação voltada para a práxis dos docentes
e dos demais segmentos escolares, já que todos necessitam de educação
durante toda a vida, não só o professor, nem só a direção escolar ou as
equipes técnicas e pedagógicas.
Não é novidade que o modelo de escola vigente já não acompanha as
mudanças do mundo atual. A escola hoje precisa estar longe de qualquer
forma de doutrinamento como conteúdos rígidos, tempos prefixados para
disciplinas fragmentadas, olhares com ênfase no ensino e pouco no processo
de aprendizagem.
Precisa-se nos livrar das amarras, buscar uma nova visão de homem,
uma nova visão de mundo onde haja possibilidades de fazer a vida diferente
com significados diferentes.

A escola, na perspectiva de construção da cidadania, precisa


assumir a valorização da cultura de sua própria comunidade e, ao
mesmo tempo, buscar ultrapassar seus limites, propiciando às
crianças pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao
saber, tanto no que diz respeito aos conhecimentos socialmente
relevantes da cultura brasileira no âmbito nacional e regional como
no que faz parte do patrimônio universal da humanidade.(PCNs,
1997, p. 46).

É preciso instigar nos alunos sua capacidade de participar, de elaborar


suas próprias opiniões avançando na sua compreensão da realidade. É preciso
também, buscar alternativas que democratize a educação, que democratize os
saberes, as competências e habilidades necessárias à vida social de hoje.
Querendo-se uma escola que rompa com os modelos fragmentados que
temos oferecido, onde o professor é o detentor do conhecimento e o aluno e
sua família são postos à margem, como meros receptores das informações e
das decisões, precisa-se urgentemente vincular a escola com a sociedade
através de práticas significativas que instiguem o ensinar e o aprender.
Segundo Delval, (2003) a vinculação da escola com a sociedade se dá
em três sentidos: Em primeiro lugar converter os problemas cotidianos em
objetos de conhecimento. Em segundo lugar, mostrando como o conhecimento
contribui para resolver esses problemas. Em terceiro lugar oferecer cultura,
conhecimento, um lugar de intercâmbio além de ser uma instituição social para
toda a comunidade.

CONCLUSÃO

Este estudo procurou demonstrar a importância do diretor e necessidade de


inovar as práticas de gestão de escola para o benefício de uma população mais
envolvida e responsável com a educação.
Viu-se que as instituições estão geralmente de ”portas fechadas” com medo de
novas propostas e inovações, acostumadas ao autoritarismo e ao poder que julgam
caber somente a administração escolar.

Durante a pesquisa e até com a vivência que tenho dentro do ambiente escolar
foi possível verificar as dificuldades e resistências ao querer transformar aquilo que já
está pronto, mas que estaria melhor com uma política mais democrática. Isto foi
possível perceber na postura de muitos professores da escola, da gestora e até de
alguns membros da comunidade.

A vivência dessa prática poderia levar a novos desafios e a compreensão da


educação como prioridade nacional e não como um rico espaço para a propagação de
modismos retirados das teorias educacionais, muitas vezes, fora da realidade escolar
e da sociedade.

Apesar de a gestão democrática ser recomendada pelo Poder Público –


enfatizada pela Constituição Federal Brasileira de 1988 e consolidada na Lei 90394/96
(LDB), tal determinação legal, por si só não garante uma escola de qualidade e
democrática. Esse fato mostra a necessidade de serem feitos esforços para a
construção de uma escola realmente democrática.

A escola inovadora consiste na instituição que tem a força de se pensar a partir


de si própria e de ser uma escola reflexiva. Neste tempo de descentralização, de
autonomização e responsabilização que se vivencia, é preciso envolver as pessoas e
através delas, procurar mudar a cultura que se tem na escola.

Assim, a escola através da atuação dos gestores e a comunidade escolar, que


poderão estabelecer formas práticas de acordo com a realidade na busca da redução
da violência, a fim de atender aos interesses dos indivíduos que a compõem. Desta
forma, a escola fortifica-se adquirindo melhores condições de lutar por suas metas e
objetivos.

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