Você está na página 1de 48

#108

ANO XI - MAIO/JUNHO 2015


www.crea-rs.org.br

Entrevista
Ana Pellini
Secretária estadual do Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável

EaD na Engenharia:
uma realidade polêmica
INDICADORES SUMÁRIO

TAXAS DO CREA-RS - 2015


4
1 - Registro/Inscrição ou Registro de Pessoa Física
A) Registro Definitivo R$ 107,60 ESPAÇO D O LEI TO R
B) Visto em Registro de outro Crea
(Registro com No Nacional é Isento) R$ 41,62

2 - Registro de Pessoa Jurídica


A) Principal R$ 202,71
B) Restabelecimento de Registro
3 - Expedição de Carteira com Cédula de Identidade
A) Carteira Definitiva
R$ 202,71

R$ 41,62
L I V RO S 5
B) Substituição ou 2ª via R$ 41,62
C) Taxa de Reativação de Cancelado pelo Art. 64 R$ 107,60
4 - Certidões
A) Emitida pela internet (Profissional e Empresa)
B) Certidão de Registro e Quitação Profissional
Isenta
R$ 41,62
pal avra do p residente 6/7
C) Certidão de Registro e Quitação de Firma R$ 41,62
D) Certidão Especial R$ 41,62
5 - Direito Autoral
A) Registro de Direito sobre Obras Intelectuais
6 - Formulário
R$ 253,24
not í cia s do crea- r s 10/13
A) Bloco de Receituário Agronômico e Florestal R$ 41,62
7 - Formalização de Processo de Incorporação de Atividade Executada no
R$ 253,24
Exterior ao Acervo Técnico, nos Termos da Resolução No 1.025 de 2009

14/18
TABELA DE VALORES ANUIDADES COBRADAS EM 2015
TIPO VALOR JUNHO VALOR JULHO VALOR AGOSTO
NIVEL MEDIO R$ 230,98 R$ 233,18 R$ 235,38 o dia a dia da s Entidades
NIVEL SUPERIOR R$ 461,96 R$ 466,36 R$ 470,76
FAIXA 1 R$ 436,93 R$ 441,09 R$ 445,25
FAIXA 2 R$ 873,85 R$ 882,17 R$ 890,50

22/23
FAIXA 3 R$ 1.310,78 R$ 1.323,26 R$ 1.335,75
FAIXA 4 R$ 1.747,69 R$ 1.764,34 R$ 1.780,98
FAIXA 5 R$ 2.184,63 R$ 2.205,44 R$ 2.226,24
p or dentro da s I NSPE TO R I A S
FAIXA 6 R$ 2.621,55 R$ 2.646,51 R$ 2.671,48
FAIXA 7 R$ 3.495,39 R$ 3.528,68 R$ 3.561,97
ART – TABELA A – OBRA OU SERVIÇO | 2014

31
faixa CONTRATO (R$) R$
1 Até 8.000,00 67,68 C U R S O S E E VEN TO S
2 de 8.000,01 até 15.000,00 118,45
3 acima de 15.000,01 178,34
ART – TABELA B – OBRA OU SERVIÇO DE ROTINA – VALORES DA ART MÚLTIPLA MENSAL | 2014
faixa CONTRATO (R$) R$
1
2
3
Até 200,00
de 200,01 até 300,00
de 300,01 até 500,00
1,31
2,67
3,98
N OV I DA DEs T ÉC N I C A S 32/33
4 de 500,01 até 1.000,00 6,66
5 de 1.000,01 até 2.000,00 10,71
6 de 2.000,01 até 3.000,00 16,05
7
8
de 3.000,01 até 4.000,00
acima de 4.000,00
21,53
TABELA A arti go s 34/42
ART DE RECEITUÁRIO AGRONÔMICO/INSPEÇÃO VEICULAR
Valor de cada receita agronômica. Na ART incluir
múltiplos de 25 receitas limitadas a 500 receitas.
R$ 1,31 Ensino a Distância – EaD para Engenharias:
Valor de cada inspeção veicular. Na ART incluir
Solução ou Problema
R$ 1,31
múltiplos de 25 inspeções limitadas a 100 inspeções.

SERVIÇOS DA Gerência DE ART E ACERVO


Registro de Atestado Técnico (Visto em Atestado) por profissional R$ 68,36
Agricultura Conservacionista –
até 20 ARTs acima de 20 ARTS
Economicidade e Disponibilidade de Água
Certidão de Acervo Técnico (CAT),
Certidão de Inexistência de obra/serviço, R$ 41,62 R$ 84,41
Certidão de ART, Certidões diversas
Valores conforme Resolução nº 1058, 26 de setembro 2014, do Confea. Smart Grid: Um Novo Conceito em Redes Elétricas
As informações abaixo foram fornecidas pelo Sinduscon-RS (www.sinduscon-rs.com.br)
CUB/RS do mês de abril/2015 - NBR 12.721- Versão 2006
PADRÃO DE
PROJETOS Código R$/m2
ACABAMENTO A Importância da Simulação Virtual para
RESIDENCIAIS
Baixo R 1-B 1.173,82
o Desenvolvimento de Produtos Industriais
R - 1 (Residência Unifamiliar) Normal R 1-N 1.452,67
Alto R 1-A 1.817,71
Baixo PP 4-B 1.069,48
PP - 4 (Prédio Popular)
Normal PP 4-N 1.397,26
As Diretrizes Curriculares da Geologia
Baixo R 8-B 1.016,01
R - 8 (Residência Multifamiliar) Normal R 8-N 1.203,84
Alto R 8-A 1.480,65

R - 16 (Residência Multifamiliar)
Normal R 16-N 1.170,15 Motoboy – Quando o Risco Virou Perigo
Alto R 16-A 1.521,89
PIS (Projeto de interesse social) – PIS 813,27
RP1Q (Residência Popular) – RP1Q 1.197,05
COMERCIAIS Engenheiro Florestal e a Tecnologia
CAL - 8 (Comercial Andares Livres)
Normal CAL 8-N 1.432,32
e Industrialização da Madeira
Alto CAL 8-A 1.577,04
Normal CSL 8-N 1.196,20
CSL - 8 (Comercial Salas e Lojas)
Alto CSL 8-A 1.373,65
Normal CSL 16-N 1.597,84
CSL - 16 (Comercial Salas e Lojas)
Alto CSL 16-A 1.830,05
GI (Galpão Industrial) – GI 636,25
Estes valores devem ser utilizados após 01/03/2007, inclusive para contratos a serem firmados após esta data.
Atualize os valores do CUB em www. sinduscon-rs.com.br
me mó ria 44/46
ENTREVISTA Licenciamento ambiental em várias áreas das
atividades dos profissionais do Sistema Confea/Crea
foi a principal pauta na entrevista que realizamos
com a secretária estadual do Ambiente e
8/9 Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini.

Fiscalização do CREA-RS raio x da fiscalização


rumo ao digital! Tablets
começaram a ser testados
pelos agentes fiscais.
19/21
ENSINO A DISTÂNCIA Simulando uma mesa-redonda,
colocamos o tema Ensino a
Distância na Engenharia no centro
e promovemos o debate, que se
mostrou bem acirrado entre os
protagonistas deste tema.
26/30

Conselho em revista • MAiO/junho’15 3


ESPAÇO DO LEITOR
Os profissionais podem optar em não receber esta publicação impressa pelo e-mail revista@crea-rs.org.br

Entrevista Código de Ética


Li, na revista do CREA, edição 107, pági- Gostaria que me enviassem o Código de Ética Profissional do Sistema Confea/Crea
na 8, uma entrevista do ministro Eliseu (pode ser em pdf).
Padilha (SAC) sobre investimentos no se-
Anderson Lazzarotto
tor aeroviário em geral e aspectos sobre
o SBPA! Chamou-me a atenção quando
Prezado, o Código de Ética pode ser obtido nos destaques do site do CREA-RS
o ministro da SAC fala das dificuldades
(www.crea-­rs.org.br)
técnicas da ampliação da pista, que to-
dos nós sabemos, mas um detalhe me
Conselho em Revista
intrigou: “Pelas projeções que nós vimos,
Não tenho registro no CREA-RS, sou técnico de suporte em Manaus (AM) e leitor.
teremos uma construção sobre pilares
Também sou técnico em Contabilidade com CRC e fiz Gestão Ambiental. Atualmen-
de concreto, que serão cravadas até 25
te, faço pós-graduação em Direito Tributário e estou pesquisando sobre o impacto
metros de profundidade para dar a con-
dos impostos na administração e engenharia das empresas. Se houver diminuição
sistência necessária para a construção
dos impostos diretos e indiretos no Brasil, irá aumentar horizontalmente a quanti-
do pavimento de concreto onde será cons-
dade de obras em todo o País. Quanto mais obras, mais qualidade de vida. Só para
truída a pista. É uma construção muito
se ter uma ideia, não existe Metrô em Manaus (AM). Como também não assisto às
cara e se pudéssemos torná-la mais ba-
novelas há mais de 20 anos, sou apaixonado por tudo o que vem a ser técnico. Atual-
rata, claro que nos interessaria”. Teria si-
mente, esta revista tem trazido muitas matérias sobre certificação e meio ambiente.
do uma confusão do ministro com o pá-
tio de aeronaves novo (ampliação) ou al- Roger Marçal Queiroz
teraram o Projeto de Fundação da Am- Manaus (AM)
pliação da PPD 11/29 m com aquele pro-
jeto conceitual do Prof. Dr. Eng. Schnaid
e o meu projeto executivo?
Engenheiro Civil Antonio Ricardo Froner
de Souza
Consultor e Projetista de Infraestrutura
Urbana/Rodoviária/Ferroviária/Aeroviária/
Portuária/Industrial

Produtos transgênicos
Os produtos agrícolas transgênicos têm
o lado positivo e negativo ao mesmo tem-
po. O lado bom é que são mais produti-
vos, têm resistência a certas pragas, doen-
ças, seca e excesso de chuva, bem como
resistem à aplicação de agrotóxicos, fa-
cilitando o controle de plantas daninhas,
doenças e pragas. Também há produtos
que possuem mais nutrientes, como vita-
minas, minerais, etc. Mas também têm o
lado negativo: Será que há riscos para
quem consome, como os humanos e ani-
mais? Será que há riscos para o equilíbrio
ambiental? Podem danificar o meio am-
biente? Deve haver mais pesquisas para
desenvolver produtos agrícolas que ma-
ximizem os efeitos positivos e, é lógico,
minimizem os efeitos negativos. Devem
ter mais garantias de segurança para o
meio ambiente, humanos e animais, con-
sumidores de produtos agrícolas. Os fa-
bricantes de transgênicos só fazem pro-
paganda dos lados positivos e os ambien-
talistas só veem o lado negativo. Por isso,
deve haver um intercâmbio dos dois lados
para produzir transgenia com o lado po-
sitivo e seguros para evitar efeitos nega-
tivos. Os dois lados da moeda, fabri-
cantes e ambientalistas, têm razão
nas suas ideias sobre os produtos
transgênicos.
Eng. Agrônomo Homero Farenzena
Veranópolis (RS)

Escreva para a Conselho em Revista Acompanhe o CREA-RS nas redes sociais


Rua São Luís, 77 | Porto Alegre/RS | CEP 90620-170 | e-mail: revista@crea-rs.org.br
crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho
Por limitação de espaço, os textos poderão ser resumidos.

4 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


LIVROS

Coletânea em Gerenciamento Unidade de Planejamento e


Análise de Resíduos Tecnologias Controle de Obras
Multiobjetivo Sólidos na Integradas com o MS-project
A análise multiobjetivo, como o Construção Civil para Conservação de 2013 – Avançado
próprio nome indica, estabele- O livro aborda a classifi- Recursos Hídricos O objetivo é apresentar aos
ce relações para que, em proje- cação e a quantificação A publicação reúne uma série de profissionais envolvidos em
tos, sejam analisados os seus di- de resíduos e sua coleta, artigos que ilustram um conjunto construções um complemen-
versos condicionantes envolvi- transporte e destinação. de metodologias que amenizam to avançado de vários recur-
dos. A coletânea apresenta vá- Explica a importância do a adversidade climática e viabi- sos do software, o desenvol-
rios métodos em Análise Mul- gerenciamento para a re- lizam uma atividade agrícola sus- vimento de projetos repeti-
tiobjetivo, abordando os de ge- dução de resíduos na fon- tentável, com destaque para tivos sequenciais, as técnicas
ração e que incorporam prefe- te, sua reutilização e re- ações que pequenos agricultores de atualizações de cronogra-
rências, bem como métodos ciclagem e seu descarte de uma região semiárida adota- mas, utilização de sinaliza-
aplicados na seleção do método ambientalmente correto. ram para conviver com o déficit dores, extração de relatórios
a ser utilizado, como revisão bi- Sua abordagem prática e hídrico. O livro está disponível personalizados, entre outros.
bliográfica para apoio à tomada exercícios ao longo dos gratuitamente para download no O livro apresenta também os
de decisão. As técnicas são apre- capítulos facilitam sua site www.insa.gov.br. fundamentos da Estrutura
sentadas de maneira sucinta. compreensão e aplicação Analítica do Projeto (EAP) e
Autores: Eng. Agrônomo
Autora: Eng. Sanitarista Elisa no canteiro. José Geraldo Baracuhy, como criá-la no WBS-Chart®.
Marques Barbosa Chaves Autor: Eng. Civil André Zootecnólogo Dermeval Araújo Autor: Eng. Civil Rosaldo de
Editora: Paco Editorial Nagalli Furtado e Eng. Agrícola Paulo Jesus Nocêra
contato@pacoeditorial.com.br Editora: Oficina de Textos Roberto Megna Francisco Editora: RJN
(11) 4521.6315 www.ofitexto.com.br paulomegna@gmail.com vendas@rjn.com.br
(11) 3085.7933 (11) 4421.7525

Atlas Ambiental de Porto Alegre


Resultado de mais de quatro anos de pesquisa e trabalhos interdisciplinares rea-
lizados em conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Prefei-
tura de Porto Alegre e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Atlas Am-
biental de Porto Alegre é uma referência nacional e internacional do ponto de
vista técnico. “Ao longo dos últimos 15 anos, nada menos do que 60 cidades fi-
zeram o seu próprio atlas com base no de Porto Alegre. O Atlas, do ponto de
vista técnico, foi um modelo que, em pouco tempo, se espraiou mundo afora”,
defende o coordenador-geral da publicação, Geógrafo Rualdo Menegat. Além
de trazer uma série de dados sobre o meio natural e físico da cidade, a publica-
ção pode servir como fonte de consulta a respeito de termos técnicos, como a
utilização do termo Lago para denominar o Guaíba, uma discussão muito antiga
no meio científico. De acordo com o professor, não só ele, mas diversas autori-
dades, com base em documentos oficiais – como o Relatório Técnico feito por
uma Comissão do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em 1981 –, concluem
que o Guaíba é um Lago e deve ser chamado como tal. “A ideia de rio que todos
nós temos é que ele leva os efluentes que lançamos nele, e, no entanto, o lago
não faz isso. A grande parte permanece no leito e no fundo do lago. Os porto-
-alegrenses devem rever as suas estratégias de gestão do Guaíba, porque, caso
acontecesse uma grande seca como a de São Paulo, em que nós fôssemos obri-
gados a utilizar o volume morto do Guaíba, a nossa situação seria muito pior,
pois nós teríamos águas mais contaminadas junto ao leito. E segundo, porque o
leito do Guaíba, ao acumular muitos poluentes, ele se torna um leito quimica-
mente contaminado e, portanto, nos orienta no sentido de não extrairmos as
areias do Lago”, explica.
Autor: Geógrafo Rualdo Menegat (Coordenador-Geral)
Editora: UFRGS
rualdo.menegat@ufrgs.br

Conselho em revista • MAiO/junho’15 5


PALAVR A DO PRESIDENTE

Crescimento negativo
para a Engenharia
O País vive um momento finan- ria simplesmente desapareceram ou
ceiro e político que desfavorece o foram reduzidas a equipes mínimas,
crescimento da economia. O descré- pela falta de investimentos na indús-
dito no governo, a crise nas contas tria e na infraestrutura nacionais de-
públicas e a alta da inflação geram vido à estagnação que atingiu a eco-
previsões de crescimento negativo nomia brasileira após a expansão re-
ou instável em praticamente todos gistrada na década de 1970.
os setores, inclusive na Engenharia. Precisamos buscar alternativas
Economistas apontam uma queda que consigam minimizar esses impac-
superior a 1% no PIB e a inflação em tos, e uma das únicas possibilidades
torno de 8%. Se confirmada a previ- nesta área são as Parcerias Público-­
são do FMI de “encolhimento” da Privadas (PPP), que podem injetar os
economia brasileira, será o pior re- bilhões de reais necessários para atua-
sultado desde a queda de 4,2% re- lizar os diversos modais de infraes-
gistrada em 1990. A crise hídrica, que trutura. O Rio Grande do Sul possui
afeta o abastecimento de energia e algumas obras que necessitam des-
de água, aliada à redução de preço tes investimentos:
Engenheiro Civil
do barril de petróleo para US$ 70
MELVIS BARRIOS JUNIOR
Gestão 2015/2017 estão entre as causas citadas para Metrô de Porto Alegre:
o fraco desempenho do Brasil, além R$ 8 bilhões
dos baixos investimentos privados.
Um dos setores que mais perde RS 010: R$ 1,5 bilhão
com essa queda no crescimento do
País é a Engenharia, pela ausência Aeroporto novo:
de investimentos em infraestrutura R$ 5 bilhões
e pelo desaquecimento do mercado.
A perspectiva que se apresenta é a Reforma do Salgado Filho:
mesma que a Engenharia brasileira R$ 1 bilhão
enfrentou nas décadas de 1980 e
1990, quando grandes projetos na- Prolongamento da BR 448:
cionais foram paralisados. Nesse pe-
R$ 500 milhões até Portão
ríodo, várias empresas de Engenha-

1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente
Fernando Martins Vulmar Silveira Leite
Pereira da Silva Eng. Agrônomo
Engenheiro Civil

ADMINISTRATIVO FINANCEIRO
São Luís, 77 | Porto Alegre | RS |
CEP 90620-170 | www.crea-rs.org.br
1º Diretor Administrativo 2º Diretor Administrativo 1º Diretor Financeiro
Alberto Stochero João Otávio Marques Neto Miguel Atualpa Núñez
Eng. Civil e Ind. Mecânica Eng. Eletricista e Seg. Trabalho Eng. Ind. Mecânica
FALE COM O PRESIDENTE
www.crea-rs.org.br/falecomopresidente
twitter.com/creagaucho
INSPETORIAS COLÉGIO DE ENTIDADES DE CLASSE DO RS
DISQUE-SEGURANÇA 0800.510.2563
OUVIDORIA 0800.644.2100 Coordenador das Inspetorias Coordenador Adjunto Coordenador
PROVEDOR CREA-RS 0800.510.2770 Pablo Souto Palma Walmor Luiz Roesler Mauro Miguel dos Santos Cirne
Geólogo e Eng. Seg. do Trabalho Eng. Agrônomo Eng. Agrônomo
SUPORTE ART 0800.510.2100

6 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


do PIB e as consequências
inadequação e aplicabilidade da Lei públicas. Queremos caracterizar nes-
Duplicação da BR 290: nº 8.666, tendo como princípio bá- te cenário a atualidade e efetividade
R$ 800 milhões sico de obras públicas o menor pre- da Lei nº 8.666, a responsabilidade
Porto Alegre/Pantano Grande ço, desconsiderando o critério cus- e o limite de atuação dos órgãos de
to/benefício/qualidade, entre outras, fiscalização – Tribunal de Contas da
Duplicação da BR 101: desestimulam as empresas e enca- União (TCU), Tribunal de Contas do
R$ 2 bilhões recem as obras. Estado (TCE), Ministério Público Fe-
Para coroar esse processo hostil deral (MPF), Instituto Brasileiro do
Porto Alegre/Pelotas de quem realiza obras no Brasil, te- Meio Ambiente e dos Recursos Na-
mos a total falta de responsabiliza- turais Renováveis (Ibama), Fundação
Aeroportos regionais:
ção dos contratantes públicos, os Estadual de Proteção Ambiental Hen-
R$ 150 milhões quais, em muitas ocasiões, não cum- rique Luiz Roessler (Fepam), Dele-
prem os contratos, suspendendo cro- gacia Regional do Trabalho (DRT),
Nova Ponte do Guaíba:
nogramas e pagamentos durante a entre outros, visando definir os limi-
R$ 1 bilhão execução dos serviços, o que causa tes legais e aceitáveis de fiscaliza-
imensos transtornos financeiros e ção, evitando, desse modo, a subje-
Apenas com esses exemplos po- operacionais às empresas de Enge- tividade e a falta de tecnicidade des-
demos verificar que o poder público nharia, alguns irreversíveis. ses órgãos em análises que exigem
está completamente imobilizado, Dessa forma, estamos nos apro- profundo conhecimento específico
sem as mínimas condições de aten- ximando do momento em que talvez de Engenharia.
der às necessidades da população. não existam mais empresas de En- A Engenharia brasileira necessita,
No atual momento, existe uma genharia interessadas em prestar de forma inadiável, de novos marcos
necessidade de quebra total de pa- serviços ao setor público, devido a regulatórios, que definam de manei-
radigmas e conceitos nas grandes todos esses fatores que condicio- ra objetiva os direitos e as obrigações
obras de infraestrutura do País. O nam de maneira negativa e inviabi- de todos os entes envolvidos, e as
excesso de burocracia nos licencia- lizam as grandes obras públicas de devidas responsabilidades desses
mentos ambientais, a fiscalização infraestrutura. mesmos atores, pois hoje existe res-
coercitiva e, muitas vezes, predató- O CREA-RS, juntamente com ou- ponsabilização que atinge somente
ria, em relação às empresas de En- tras entidades da área de Engenha- aqueles que se arriscam a executar
genharia, por parte dos órgãos en- ria, pretende discutir de forma am- tais serviços, em um ambiente com-
carregados de acompanhar a apli- pla e profunda as atuais legislações pletamente distorcido, sem seguran-
cação dos recursos públicos, a total e os critérios de contratação de obras ça financeira, contratual e jurídica.

TELEFONES CREA-RS | PABX 51 3320.2100 | Câmara Gerência de Comunicação e Ano X | Nº 108


Agronomia 51 3320.2245 | Câmara Eng. Civil 51 3320.2249 Marketing maio e junho de 2015
| Câmara Eng. Elétrica 51 3320.2251 | Câmara Eng. A Conselho em Revista é uma publicação bimestral do
Florestal 51 3320.2277 | Câmara Eng. industrial 51 CREA-RS
3320.2255 Câmara Eng. Química 51 3320.2258 | Câmara Gerente: Relações Públicas Denise
Eng. Geominas 51 3320.2253 | câmara de eng. seg. do Lima Friedrich (Conrep 1.333) marketing@crea-rs.org.br | revista@crea-rs.org.br
trabalho 51 3320.2243 | Comissão de Ética 51 3320.2256 - 51 3320.2274 Tiragem: 50.000 exemplares
| Ger. da Coordenadoria das Inspetorias 51 3320.2210 | Supervisora, Editora e Jornalista
Ger. Administrativa 51 3320.2108 | Ger. de Com. e Marketing O CREA-RS e a Conselho em Revista, assim como as
Responsável: Jô Santucci (Reg. Câmaras Especializadas não se responsabilizam por
51 3320.2274 | Ger. de Contabilidade 51 3320.2170 | Ger.
18.204) - 51 3320.2273 conceitos emitidos nos artigos assinados neste veículo.
Financeira 51 3320.2120 | Ger. de Fiscalização 51 3320.2130
2º Diretora Financeira | Ger. de Registro 51 3320.2140 | Ger. Exec. das Câmaras Colaboradora: Jornalista Luciana
Foto de Capa
Ivone Rodrigues 51 3320.2250 | Presidência 51 3320.2260 | Protocolo 51 Patella (Reg. 12.807) - 51 3320.2264 Montagem com imagens royaltie frees.
Eng. Florestal 3320.2150 | Recepção 51 3320.2101 | Secretaria 51 3320.2270 Estagiária: Carolina Moreira Lewis
Edição e Produção Gráfica
Comissão Editorial Moove Comunicação Transmídia
Conselheiros Titulares
atendimento@agenciamoove.com.br | 51 3330.2200
Coordenador: Eng. Mecânico Júlio Surreaux Chagas (CEEI)
Coordenador-adjunto: Eng. Químico Júlio César Trois Endres (CEEQ)
Eng. Agrônoma Roseli de Mello Farias (CEAGRO), Eng. Civil Carlos André Bulhões Mendes (CEEC), Eng. Eletricista Marcelo dos Santos Silva (CEE),
Eng. Florestal Glênio de Jesus Teixeira (CEEF), Eng. Seg. Trabalho Eng. Atenante Ferreira Meyer Normann (CEEST)
Coordenador Adjunto
Carlos Aurélio Dilli Gonçalves Conselheiros Suplentes:
Engenheiro Agrícola Eng. Agrônoma Cleusa Adriane Menegassi Bianchi (CEAGRO), Eng. Civil Sérgio Luiz Brum (CEEC), Eng. Eletricista Mauricio de Campos (CEE),
Eng. Industrial Jonas Alvaro Kaercher (EEI), Eng. Florestal Ivone da Silva Rodrigues (CEEF), Eng. Química Cristina Varisco (CEEQ) e
Eng. Seg. Trab. Nelson Agostinho Burille (CEEST)

Conselho em revista • MAiO/junho’15 7


ENTREVISTA

Licenças ambientais
no Rio Grande do Sul
Divulgação SEMA
Por Jô Santucci | Jornalista Conselho em Revista Quais são as prin-
cipais demandas para o órgão que
aprova os projetos de licenciamento
Natural de Caxias do
ambiental?
Sul, a secretária Ana Pellini – A concessão de licenças ad-
quiriu grandes proporções nos últimos 15
estadual do Ambiente anos. As demais atribuições, como a fis-
calização e o monitoramento, principal-
e Desenvolvimento mente, deixaram de ser prioridades, com
todos os recursos sendo direcionados à
Sustentável e concessão de licenças ambientais. É esta
a lógica que estamos invertendo.
diretora-presidente
Conselho em Revista Uma das principais
da Fundação Estadual críticas dos profissionais da área tec-
nológica é com relação à subjetividade
de Proteção nas análises dos projetos ambientais.
Qual é a análise da senhora com rela-
Ambiental (Fepam), ção a essas queixas, levando em conta
que outros Estados trabalham com ter-
Ana Pellini, que mos de referências, que possibilitam
maior agilidade nas análises?
atuava como Ana Pellini – A subjetividade não deve
existir. No entanto, nunca devem os ór-
secretária de gãos ambientais abrir mão da discricio-
nariedade que lhes é concedida pela le-
Licenciamento e Ana Pellini, secretária do Ambiente e
gislação. Cada empreendimento – con-
Desenvolvimento Sustentável e
Regularização junto de atividade e localização – é dis- diretora-presidente da Fepam
tinto de outro semelhante. Os termos de
Fundiária da referência e formulários têm sido aprimo- necessita critérios próprios, mas que, den-
rados, buscando uniformidade de exigên- tro dela, são uniformes.
Prefeitura de Porto cias e transparência nos critérios e meto-
dologias exigidos. É sabido que alguns Conselho em Revista A reestruturação
Alegre, ressalta nesta Estados já evoluíram neste aspecto e não da Fepam, nos últimos tempos, está ga-
seguiremos caminho distinto, inclusive rantindo melhor corpo técnico, mesmo
entrevista que a adotando alguns padrões já estabeleci- assim há demora nos licenciamentos.
dos por estes. Em sua opinião, a que se deve esta de-
prioridade em sua mora e o que é preciso fazer para dar
Conselho em Revista É pública a alega- maior agilidade?
gestão é a concessão ção do setor empresarial de todo o Bra- Ana Pellini – A forma de licenciar é que
sil sobre a dificuldade na aprovação deve mudar. Entre os anos de 2000 e 2003
de licenças de projetos ambientais no Estado de- a quantidade de documentos emitidos pe-
vido à falta de padrão nas normas a la Fepam saltou de pouco mais de 1.600/
ambientais. Defende serem seguidas. Será que esta falta de ano para mais de 14.000/ano. E a Fepam
critérios na aprovação dos projetos am- vinha trabalhando sem modernizar ou al-
ainda a modernização bientais não tem afastado os investi- terar suas metodologias. Mais funcioná-
mentos das indústrias no Estado do Rio rios serão sempre bem-vindos, mas se não
administrativa e Grande do Sul? houver modernização administrativa e na
mudanças na forma Ana Pellini – O Rio Grande do Sul apre- forma de licenciar, inclusive direcionando
senta características próprias e distintas o foco para outros instrumentos da ges-
de licenciar da Fepam. do restante da nação, onde o bioma Pam- tão ambiental, pouco veremos de melho-
pa é, sem dúvida, o maior destaque. Mas rias. Informatização, consolidação de da-
Entenda suas formações ambientais específicas, como dos de qualidade ambiental, divulgação
o Lago Guaíba ou o Litoral Norte e suas de metodologias e critérios, além de am-
propostas na lagoas costeiras em ambiente arenoso, pla modernização e gerenciamento do li-
também são especiais e necessitam cui- cenciamento como um todo farão estes
entrevista a seguir dados específicos. Cada região, portanto, prazos reduzirem sensivelmente.

8 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


maior parte dos processos – outorga, autorizações e alvarás
– está sendo analisada com muito mais celeridade. A defi-
ciência de pessoal, histórica e que acompanha o DRH desde
a sua criação só poderá ser sanada com a implantação de
processos de gestão mais lógicos e modernos, que utilizem
as ferramentas da informática e privilegiem os Comitês de
Bacia na decisão dos processos nos quais não haja apenas
Ana Pellini, durante o Bom Dia Engenharia, no dia 26 de maio, na uma decisão técnica a ser tomada, mas sim uma decisão
Sergs, em Porto Alegre que dependa da manifestação da sociedade. Para isso, o
papel dos comitês foi ampliado e um novo arranjo criado
para suportar essa nova gestão. Por exemplo, está agenda-
da para junho uma interiorização do DRH na Bacia do Ibicuí,
Conselho em Revista O setor rural tem dificuldade quando os processos de outorga que estiverem pendentes
para obter outorga para o uso da água, principal- por questões técnicas serão discutidos com os profissionais
mente para a construção de barragem, açudes, e os usuários, com organização dos Comitês Ibicuí e Quaraí.
Nessa soma de esforços é que deve ser encontrada a solu-
pivô central. Se transformasse o Departamento
ção para agilização dos processos. Outra ação de gestão é
de Recursos Hídricos em uma fundação, não seria a eliminação de procedimentos que possam ser substituídos
uma solução para esta estrutura, considerando por autodeclaração, seguindo uma tendência observada em
que existem cerca de 20 mil processos para serem outros campos da administração pública.
analisados?
Conselho em Revista A reestruturação, com maior cor-
Ana Pellini – Seria uma possibilidade, desde que al- po técnico, dos balcões ambientais não contribuiria pa-
terada a legislação estadual de recursos hídricos. No ra uma maior agilidade na liberação de licenciamentos?
entanto, há formas de gestão que podem agilizar o Ana Pellini – A ideia dos balcões surgiu ainda em 2007. Seu
processo de outorga e já estão sendo implantadas, aprimoramento, com integração administrativa entre seus
como um protocolo único, o fortalecimento das re- componentes e ampliação dos corpos funcionais, permiti-
rá que diversas ações de licenciamento e fiscalização se-
gionais da Sema/Fepam, a união das equipes técni-
jam exercidas longe da Capital.
cas, a simplificação dos procedimentos, mantendo
a segurança técnica, jurídica e ambiental das outor- Conselho em Revista Todos os Estados brasileiros têm
gas. O estoque de processos vem sofrendo redução de ter Zoneamento Ecológico- Econômico. Como está
significativa e, em alguns procedimentos, como a este processo no Rio Grande do Sul?
Ana Pellini – O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE)
autorização prévia para perfuração de poços, está
tem como objetivo viabilizar o desenvolvimento sustentá-
rigorosamente em dia. Quanto às barragens, está vel a partir da compatibilização do desenvolvimento so-
em processo uma reestruturação da normatização, cioeconômico com a conservação ambiental. Trata-se de
o que irá destacar a importância dos técnicos e a um sistema de gestão capaz de desenvolver uma análise
detalhada e integrada da região, considerando os impac-
valorização das ARTs no processo de autorização. tos decorrentes da ação humana e a capacidade de supor-
te do meio ambiente. A partir desta análise, propõe dire-
trizes específicas para cada unidade territorial. O projeto
está em processo de licitação internacional conforme di-
Conselho em Revista Os profissionais questionam que, retrizes do Banco Mundial (Bird). Neste ano, foram feitas
na municipalização dos licenciamentos ambientais, pes- a compilação e a análise das propostas selecionadas pela
soas não habilitadas estão elaborando e analisando pro- comissão avaliadora do ZEE e encaminhamento para Co-
jetos ambientais. A senhora não acha que estes proce- missão Especial de Licitações da Secretaria Estadual de
dimentos podem colocar em risco o meio ambiente? Planejamento (Seplan). Nossa expectativa é iniciar os tra-
Ana Pellini – Desde 1988, há a previsão de os municípios balhos em agosto.
realizarem o licenciamento ambiental. O Rio Grande do Sul
sempre teve o pioneirismo neste aspecto, definindo desde Conselho em Revista Por que não estão sendo libera-
1998, com atualizações em 2005 e 2014, as atividades de dos os licenciamentos das PPCHs? Os profissionais do
competência dos municípios. A Lei Complementar nº 140, setor alegam que este atraso tem contribuído para o
de 2011, regulamentou a competência dos municípios e de- desemprego.
finiu minimamente os critérios que cada municipalidade Ana Pellini – Em 2001, foi concluída pela Fepam a primei-
deve cumprir para ser um licenciador. Cabe aos órgãos pú- ra Avaliação Ambiental Integrada de uma bacia hidrográ-
blicos de controle exercer a fiscalização sobre o trabalho fica, focando na questão da geração de energia hidrelétri-
efetuado pelos municípios. ca, no Rio Taquari-Antas. Desde aquela época, há investi-
mentos em usinas hidrelétricas e pequenas centrais hidre-
Conselho em Revista Há mais de 20 mil processos espe- létricas. Porém, os locais mais propícios para suas instala-
rando para serem analisados, porque depende do De- ções já foram ocupados, restando lugares com mais difi-
partamento de Recursos Hídricos, ligado à Sema. Mui- culdades e restrições ambientais, além de estes remanes-
tos profissionais alegam que falta agilidade para a apro- centes terem menor potencial de geração de energia, prin-
vação das outorgas do uso da água. Como poderia ser cipalmente quando comparado ao impacto ambiental cau-
resolvida esta questão, levando em consideração a fal- sado. Por isso, há preocupação ainda maior quanto aos
ta de estrutura administrativa do setor? critérios e cuidados ambientais, onerando, consequente-
Ana Pellini – Essa visão está defasada, pois, atualmente, a mente, os investidores.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 9


NOTÍCIAS DO CREA-RS

CREA-RS prestigia posse


da nova diretoria do Sintargs

Sintargs
No dia 11 de abril, o presidente do Conselho gaúcho, Eng. Melvis
Barrios Junior, participou da posse da nova diretoria do Sindicato
dos Técnicos Agrícolas do Estado do RS para o triênio 2015-2018,
acompanhado do assessor da Presidência Téc. Agríc. Jeferson Rosa,
em Porto Alegre. Com a presença ainda de profissionais de mais de
100 municípios, secretários de Estado, diretores de escolas técnicas,
deputados e dirigentes de entidades cooperativistas, classistas, o
Téc. Agríc. Luiz Roberto Dalpiaz Rech assumiu a entidade em subs-
tituição a Carlos Coelho. A nova diretoria dará sequência ao trabalho
desenvolvido até então, buscando a valorização e o reconhecimento
do Técnico Agrícola tanto no setor público como no setor privado.
(Com informações da Assessoria de Imprensa do Sintargs)

Eng. Melvis presente na posse da nova diretoria do Sintargs

Engenheiro Químico com registro no CREA


consegue suspensão de AFT
“O monitoramento de água de caldeira e de água de tor- mento de água em torres de resfriamento e de caldeiras.
re de resfriamento se aplica à atividade exercida pelo Enge- Segundo o documento, a atividade desenvolvida pelo
nheiro Químico. O serviço prestado não é inerente àquele Engenheiro Químico é que determina a qual Conselho Pro-
profissional que possui formação de Químico, portanto não fissional deve ele vincular. “Concedo a segurança pleitea-
há motivo para que o Engenheiro Químico recolha a taxa da, extinguindo o feito nos termos do art. 269, I, do CPC,
respectiva junto ao Conselho Regional de Química também.” para determinar que, relativamente às atividades de mo-
Esta foi a decisão unânime de um Mandado de Segurança – nitoramento de água de caldeira e de água de torre de
já com trânsito em julgado em segunda instância em 04 de resfriamento, não seja exigido do impetrante o recolhi-
setembro de 2014 – junto à 6ª Vara da Justiça Federal de mento de AFT, pelo impetrado.” Para o Eng. Kappke, é
Porto Alegre, para que o CRQ (Conselho Regional de Quí- uma vitória. “Acredito que, diante desta decisão judicial,
mica da 5ª Região) não mais exija a emissão de AFT (Ano- abre-se a necessidade em se normatizar esta atividade
tação de Função Técnica) para a atividade que o Engenhei- como exclusiva dos Engenheiros Químicos, com fiscaliza-
ro Químico Maury Ernesto Kappke exerce, ou seja, o trata- ção atuante do Crea”, destaca.

10 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


CREA-RS acompanha primeira audiência
que trata sobre Mobilidade Urbana na Alergs

Luiz Morem | Agência ALRS


Em discussão, a mobilidade urbana sustentável

O Plano Integrado de Mobilidade Urba- da do sistema integrado e a insuficiência de Porto Alegre e dos aglomerados urbanos, que
na (PITMurb) iniciou, em abril, seu calendá- estudos sobre a geografia da região. concentram quase 60% da população gaú-
rio de audiências públicas da Comissão Es- O diretor-superintendente da Metroplan, cha”, frisou. Respondendo a questionamen-
pecial de Mobilidade Urbana Sustentável, Engenheiro Pedro Bisch Neto, falou sobre o to de parlamentares, Bisch Neto afirmou que
presidida pelo deputado estadual Adão Villa- assunto, ressaltando que a “cultura do auto- os planos cicloviários e hidroviários de Porto
verde (PT), na Assembleia Legislativa do móvel” tem sido o grande empecilho para a Alegre estão em andamento. “O que estamos
Estado do Rio Grande do Sul (Alergs). Para organização de um sistema eficaz de mobi- vendo na cidade é um trailer do que está por
o presidente do CREA-­RS, Eng. Civil Melvis lidade urbana e transporte coletivo. “O carro vir. São alternativas que não atendem ao con-
Bairros Junior, que participou do primeiro é o novo cigarro. Nos últimos anos, assistimos ceito de transporte de massa, mas que aju-
encontro, sem recursos financeiros para no- à redução dos impostos dos carros popula- dam”, apontou. Quanto aos corredores de
vos investimentos e obras, a discussão acer- res e ao fato de a gasolina ter subido menos ônibus na Região Metropolitana, ele revelou
ca da mobilidade urbana será estéril. O En- que o óleo diesel. Precisamos inverter prio- que o principal obstáculo diz respeito à ca-
genheiro também sugeriu uma rediscussão ridades e dar a atenção necessária ao trans- pacidade do Estado de contrair novos em-
sobre o metrô, considerando a atual deman- porte coletivo da Região Metropolitana de préstimos para dar continuidade ao projeto.
Com informações da Agência de Notícias da Alergs

Engenharia de Segurança do Trabalho busca participação nas decisões da ABNT


A Coordenadoria Nacional das Câmaras a elaboração e a implantação de um Manual liberaram por indeferir o registro de insti-
Especializadas de Engenharia de Seguran- de Fiscalização de Engenharia de Seguran- tuições de ensino que ministram cursos de
ça do Trabalho do Sistema Confea/Crea rea- ça do Trabalho unificado - com treinamen- ensino a distância (EaD) referente ao curso
lizou, de 11 a 13 de maio, na sede da Asso- to dos agentes fiscais -, posição sobre o de especialização, em nível de pós-gradua-
ciação de Engenheiros e Arquitetos de San- ensino a distância (EaD) referente ao curso ção, em Especialização em Engenharia de
tos (AEAS), a sua segunda reunião ordinária de especialização em nível de pós-gradua- Segurança do Trabalho, assim como não
de 2015. O CREA-RS esteve representado ção, em Especialização em Engenharia de conceder atribuições profissionais aos
pelo seu coordenador adjunto, Eng. Helécio Segurança do Trabalho, conforme previsto egressos destes cursos, até que sejam de-
de Almeida; o presidente da ARES, Eng. Ro- na Lei nº 7.410/85, o acompanhamento do terminados parâmetros e requisitos esta-
gério L. Balbinot, além da analista da CEEST Projeto de Lei sobre prevenção, segurança belecidos pelo Confea, e ainda aprovaram
Eng. Juliana Ritt. A reunião foi conduzida e proteção contra incêndio e pânico em an- oito propostas, tendo como destaques:
pelo coordenador nacional, Eng. Nelson A. damento no Congresso Nacional. • Participação de representante da Enge-
Burille, do CREA-RS; e pelo coordenador-­ Na abertura da reunião, o Coordenador nharia de Segurança do Trabalho junto a
adjunto, Eng. Marco Aleluia, do CREA-AL. Nacional das CEEST, Eng. Nelson A. Burille, Câmara Setorial de Serviços de Saúde da
As principais metas da Coordenadoria do CREA-RS, disse que, “além da busca pe- Anvisa.
Nacional são a participação da CCEEST nas la padronização nacional dos procedimen- • Informar a Anvisa e a Comissão Nacional
decisões da Associação Brasileira de Nor- tos de fiscalização na área, com a uniformi- de Energia Nuclear as atribuições do En-
mas Técnicas (ABNT), o incentivo à criação zação das demandas, temos que destacar a genheiro de Segurança do Trabalho.
de novas Câmaras Especializadas nos Creas, urgente necessidade de regulamentação do • S olicitar ao Confea a realização de um
ensino a distância, seminário sobre o ensino a distância (EaD),
Arquivo Confea

pois, apesar da fal- com especialista e membros da CCEEST.


ta de regulamenta- • Solicitar à ABNT a documentação de apro-
ção no sistema pro- vação da NBR 17240 e NBR 10897, em fun-
fissional, as reivin- ção do termo de cooperação técnica fir-
dicações nesse sen- mado entre o Sistema Confea/Crea e ABNT.
tido não param de • I ndicar um profissional da Engenharia de
chegar”, enfatiza. Segurança para compor o grupo existen-
Nesta reunião te na Secretaria Nacional de Segurança
compareceram re- Pública, que trata dos assuntos relacio-
presentantes de 21 nados à Prevenção e Combate a Incêndio
Em pauta questões de interesse da modalidade de Segurança do Trabalho regionais que de- e Pânico.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 11


NOTÍCIAS DO CREA-RS

arquivo crea-rs
Está prevista a realização
conjunta do CREA-RS e da
Assembleia Legislativa de um
Fórum para tratar sobre o tema

CREA-RS propõe discussão técnica para


investimentos nos aeródromos gaúchos
O presidente do Conselho, Eng. Ci- sas aéreas que se interessarem nos voos cursos públicos nos aeródromos gaú-
vil Melvis Barrios Junior, acompanhou que integrarão a expansão da malha, chos. “Nos EUA, a norma estabelece
a audiência pública promovida pela citando que, no Norte, em especial na que a construção de aeroportos regio-
Comissão Especial da Aviação Civil Re- Amazônia pela extensão, este apoio nais mantenha um raio de 150 km de
gional, presidida pelo deputado esta- governamental chegará a 100%. Infor- distância entre eles, o que otimiza fi-
dual Frederico Antunes (PP), em abril, mou, ainda, que já estão previstos, pa- nanceira e comercialmente o empreen-
que contou com a participação do ra este ano, R$ 500 milhões para sub- dimento, contribuindo para o cresci-
ministro-­chefe da Secretaria de Avia- sídios. “O segmento aeroviário tende mento daquela região”, exemplifica.
ção Civil da Presidência da República, a crescer. Somente em 2014, foram co- A comissão terá 120 dias para en-
Eliseu Padilha. O ministro apresentou mercializados 112 milhões de bilhetes contrar alternativas com vistas a me-
o Programa de Aviação Regional para aéreos”, detalhou. lhorar a qualidade dos serviços e a in-
o RS, projeto de âmbito nacional, com A audiência pública ouviu manifes- fraestrutura aeroportuária, a expansão
o objetivo de ampliar e melhorar a in- tações de deputados e das demais li- dos serviços aéreos a localidades de-
fraestrutura, proporcionando à popu- deranças presentes. Nesta oportuni- satendidas ou atendidas de forma pre-
lação com menos recursos a oportu- dade, o Eng. Melvis, pelo CREA-RS, cária, reconstruir a rede de aviação re-
nidade de se deslocar, e não só para em sua manifestação, propôs ao mi- gional gaúcha e criar políticas públicas
turismo, mas especialmente para tra- nistro uma discussão técnica para que com vistas à equanimidade da tribu-
tar, por exemplo, da saúde. Para tanto, sejam avaliadas as viabilidades técni- tação no Conesul.
assegurou, haverá subsídios às empre- cas e econômicas para otimizar os re- Com informações da Agência de Notícias da Alergs

Inspeção Ambiental Veicular ainda não é obrigatória no RS


O modelo do Programa de Inspeção e Manutenção de pauta e aguarda providências do atual governo quanto ao
Veículos em Uso – I/M, ação prevista no Código de Trân- futuro do controle de poluição veicular”. Ressalta que ho-
sito Brasileiro de 1997 e regulamentada pelo Conselho je, no caso dos veículos particulares, apenas os adaptados
Nacional de Meio Ambiente (Conama) através da Resolu- para Gás Natural Veicular (GNV) têm que, por legislação,
ção nº 418, de 2009, é obrigatório em municípios com fro- passar por inspeção de gases e de itens de segurança pa-
ta de veículos superior a 3 milhões. Nos Estados onde ne- ra renovação de licenciamento.
nhuma cidade alcança essa frota, caso do Rio Grande do Para o Eng. Wojcicki, é importante enfatizar que o
Sul, são os governos estaduais que devem unir os municí- PCPV é um programa de saúde pública que visa direta-
pios em um programa único. mente aliviar a rede pública de saúde dos casos de doen-
Segundo o Eng. Mecânico Jorge Wojcicki, presidente ças provocados pela poluição veicular. “Atinge direta-
da Rede de Qualidade do Rio Grande do Sul (RQSul), en- mente crianças e idosos que não têm veículos, mas res-
tidade que reúne as 36 empresas creditadas pelo Inmetro piram os gases dessas emissões. Grande parte das doen-
no RS, atualmente existem apenas programas pontuais de ças cardiopulmonares tem origem na qualidade do ar”,
controle de poluição, como o realizado pela Metroplan do destaca. Ele também afirma que o problema não é loca-
Governo do Estado, em que a frota de 8.500 ônibus passa lizado. “Assisti a uma palestra na UFRGS que demonstra,
anualmente por inspeção de gases. “No Estado, a propos- através de modelo dinâmico, as correntes de vento da
ta para implantação da inspeção ambiental obrigatória Região Metropolitana que a poluição gerada nela é car-
para toda a frota foi enviada pelo Piratini em 2011 para a regada para a serra gaúcha que, teoricamente, tem fama
Assembleia Legislativa. No ano seguinte, foi retirada da de ar puro”, finaliza.

12 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Arquivo CREA-RS

Ato Normativo do
Confea conceitua o
termo “Projeto”
A Decisão Normativa, aprovada
por unanimidade pelo Plenário do Con-
fea, conceitua o projeto arquitetôni-
co como uma subcategoria tipificada
do Projeto Básico. Estabelece que ca-
berá exclusivamente ao Sistema Con-
fea/Crea definir as áreas de atuação,
as atribuições e as atividades dos pro-
fissionais a ele vinculados, “não pos-
suindo qualquer efeito prático e legal
resoluções ou normativos editados e
divulgados por outros conselhos de
fiscalização profissional tendentes a
restringir ou suprimir áreas de atua-
ção, atribuições e atividades dos pro-
fissionais vinculados ao Sistema Con-
fea/Crea”. Com essa premissa, o ato
normativo conceitua o termo “Proje-
to” como “somatória do conjunto de
todos os elementos conceituais, téc-
nicos, executivos e operacionais abran-
gidos pelas áreas de atuação, pelas Conselho quer atuar para que agrotóxicos tenham recomendação e acompanhamento técnico
atividades e pelas atribuições dos pro- do seu uso
fissionais da Engenharia e Agronomia,
nos termos das leis específicas, dos
decretos-lei e dos decretos que regu-
lamentam tais profissões e a Consti-
CREA-RS e MP-RS
tuição Federal de 1988”.
Por fim, o termo genérico “Proje-
buscam ações para coibir
to” é definido como um conjunto cons-
tituído pelo Projeto Básico, abordado uso indevido de agrotóxicos
pela Resolução nº 361/1991, pela Orien-
t a ç ã o Té c n i c a I b ra o p/OT – I B R No dia 17 de abril, estiveram em o prévio diagnóstico da lavoura pelo
001/2006 e pelo Projeto Executivo. O reunião no Ministério Público-RS o pro- profissional que “prescreve” o uso,
primeiro é definido como “os princi- motor de Justiça com atribuições re- sendo que, no mais das vezes, o pro-
pais conteúdos e elementos técnicos gionais na Bacia Hidrográfica do Gra- fissional é empregado do estabeleci-
correntes aplicáveis às obras e servi-
vataí, Daniel Martini, o procurador de mento vendedor do produto. Assim,
ços sem restringir as constantes evo-
luções e impactos da ciência, da tec- Justiça, Coordenador do Centro de o objeto da reunião será verificar tal
nologia, da inovação, do empreende- Apoio Operacional de Defesa do Meio procedimento e, tanto quanto possí-
dorismo e do conhecimento e desen- Ambiente, Carlos Paganella; as procu- vel, a sua alteração.
volvimento do empreendimento social radoras da República Suzete Bragag- No tocante à questão, foi referido
e humano nas especialidades: levan-
nolo e Ana Paula de Medeiros; e os re- pelos representantes do CREA-RS que
tamento topográfico; sondagem; pro-
jeto arquitetônico; projeto de funda- presentantes do CREA-RS, Eng. Agr. há uma forte atuação no sentido de in-
ções; projeto estrutural; projeto de ins- Vulmar Leite, vice-presidente, Eng. Agr. vestigar e enquadrar, no âmbito da res-
talações hidráulicas, projeto de insta- Luiz Pedro Trevisan, coordenador da ponsabilidade profissional, aqueles
lações elétricas; projeto de instalações Câmara Especializada de Agronomia profissionais que prescrevem agrotó-
telefônicas, dados e som; projeto de
(Ceagro), e o Eng. Agr. Márcio Amaral xicos não registrados para a cultura ou
instalações de prevenção de incêndio;
projeto de instalações especiais (lógi- Schneider, analista de processos da em desconformidade com a indicação
cas, CFTV, alarme, detecção de fuma- Ceagro/Crea. do fabricante. Também esclareceram
ça); projeto de instalações de ar con- Na reunião, Martini fez uma expla- sobre as normas e resoluções da Es-
dicionado; projeto de instalações de nação acerca das situações ocorridas pecializada. Após debate da situação,
transporte vertical e projeto de paisa-
no âmbito da Bacia do Rio Gravataí, o promotor propôs adequação nas dis-
gismo”. Já o Projeto Executivo “con-
siste no conjunto dos elementos ne- principalmente referente ao uso inde- posições normativas do Conselho, su-
cessários e suficientes à execução com- vido do agrotóxico MERTIN 400, em gerindo inclusão de dispositivo que ex-
pleta da obra ou do serviço, conforme que se constatou a aquisição deste plicite a recomendação de que o pro-
disciplinamento da Lei nº 8.666, de agrotóxico mediante a entrega, pelo fissional só emita a receita mediante
1993, e das normas da Associação Bra-
estabelecimento vendedor, de receita diagnóstico precedido de prévia visita
sileira de Normas Técnicas – ABNT”.
Fonte: Confea agronômica “de balcão”, ou seja, sem ao local de aplicação do produto.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 13


o dia a dia das ENTIDADES

cortesia da Empresa ABC Imagem

A Inspetoria de Santiago sedia a Sociedade dos Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos e Geólogos de Santiago (Seagros)

“A Regional Fronteira Oeste está representada


renan costantin

no CREA-RS por meio de três entidades de classe:


duas na Inspetoria de São Luiz Gonzaga – a Asso-
ciação Missioneira dos Engenheiros Civis (Amec),
presidida atualmente pelo Eng. Civil Marcus Vinicius
do Prado; e a Associação Regional dos Profissionais
de Agronomia (Arpa), que tem como presidente o
Eng. Agr. Fabio Evandro Grub Hauschild – e uma na
Inspetoria de Santiago: a Sociedade dos Engenhei-
ros, Arquitetos, Agrônomos e Geólogos de Santia-
go (Seagros), presidida pelo Geólogo Clóvis Fer-
nando Ben Brum.
Consideramos a criação do CDER como um gran-
de avanço do Conselho, pois possibilitou maior des-
taque das ações das entidades, facilitando a troca
de informações e o seu crescimento.
Atualmente, a Fronteira Oeste está representa-
da junto ao CDER pelo Eng. Florestal João Eduardo
Mayer Lara (Seagros), tendo como adjunto o Eng.
Agrônomo Ery Giacomelli dos Santos (Arpa).
A busca de representatividade é a ação princi-
Coordenadores do CDER-RS pal da Regional, com ações conjuntas à Inspetoria
de São Borja, que possui duas entidades: a dos Agrô-
Titular: Eng. Florestal João Eduardo Mayer Lara (à dir.)
nomos e outra dos demais Engenheiros que não pos-
Adjunto: Eng. Agr. Ery Giacomelli dos Santos
suem representação junto ao Conselho.”

14 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


NÚMERO DE PROFISSIONAIS
REGISTRADOS NO SISTEMA
CONFEA/CREA NESTA
REGIONAL (JUNHO 2015):

1.229, com destaque


para Engenheiros
Agrônomos
PRINCIPAIS CIDADES E ATIVIDADES ECONÔMICAS

Santiago São Borja São Luiz Gonzaga


Território habitado pelos marroqui- Terra natal de Getúlio Vargas e João Antes, São Luiz das Missões foi fundada
nos e se constituía em uma parte Goulart, a “Terra dos Presidentes”, em 1687, pelo padre Miguel Fernandes,
da Estância Jesuítica de São Miguel, como passou a ser oficialmente in- na região do território das Missões, du-
a Estância de São Tiago ou Santia- titulada, eleva São Borja a uma das rante a “República Guarani”, que, por
go. Hoje, a cidade é conhecida co- principais cidades da história políti- muitos anos, ocupou áreas dos atuais
mo “a terra dos poetas” pela tradi- ca do País. Primeiro povoado dos Se- estados do Paraná e do Rio Grande do
ção literária e berço de diversos es- te Povos das Missões, tem o caminho Sul, e ainda do Paraguai, da Argentina
critores, como Caio Fernando Abreu. das Missões como principal atrativo e do Uruguai. A agricultura e a pecuária
O comércio e serviços ocupam maior turístico, de onde os peregrinos par- continuam a exercer uma posição im-
espaço na economia da cidade, se- tem em direção à cidade de Santo portante na economia do município, se-
guida da produção primária, com Ângelo. Mas a principal base econô- guida da indústria, principalmente a de
destaque para a criação de bovinos. mica do município é o agronegócio. transformação, e da construção civil.

ENTIDADES ZONAL FRONTEIRA OESTE


Entidades Registradas
São Luiz Gonzaga
1. Associação Regional dos Profissionais da Agronomia (Arpa)
Presidente Eng. Agr., Eng. Seg. Trab. João Luis Scolari Pillon - Fone: 55 9961.4168

2. Associação Missioneira dos Engenheiros Civis (Amec)


Presidente Eng. Civ. Marcus Vinicius do Prado - Fone: 55 8403.2263

Santiago
1. Sociedade dos Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos e Geólogos de Santiago (Seagros)
Presidente Geol. Clóvis Fernando Ben Brum - Fone: 55 3251.2155

Entidades Cadastradas
São Borja
1. Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Borja (AEASB)
Presidente Eng. Agr. Rodrigo Siqueira Machado - Fone: 55 9963.4160

2. Sociedade de Engenharia e Arquitetura de São Borja (Seasb)


Presidente Eng. Civ. Newton Antonio Brunelli - Fone: 55 9979.4198

Santiago
1. Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos (Area)
Presidente Eng. Civ. Luiz Alberto Antunes de Moraes - Fone: 55 3352.1822

Conselho em revista • MAiO/junho’15 15


o dia a dia das ENTIDADES

Bento Gonçalves –

senasa
Palco do XV EESEC fotos: aearv

Valmir Antunes Ribas, presidente da Senasa, e


Norberto Otmar Ilgner, inspetor-chefe de Santo
Ângelo e primeiro-tesoureiro da Senasa

Profissionais
prestigiam
estande do
CREA-RS e
da Senasa na Sede da Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos (Aearv)

Fenamilho Entidade anfitriã do XV EESEC – Encontro Estadual das Entida-


des de Classe, que se realizará em outubro, a Associação dos Enge-
A 17ª edição da Fenamilho Internacional nheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos (Aearv), de Bento Gon-
çalves, reúne profissionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
reuniu milhares de pessoas entre os dias 1º
e estudantes dessas áreas, totalizando mais de 250 associados em
e 10 de maio, no Parque de Exposições sua região de abrangência (Garibaldi, Carlos Barbosa, Veranópolis,
Siegfried Ritter, em Santo Ângelo. Com es- Nova Prata, André da Rocha, Boa Vista do Sul, Coronel Pilar, Cotipo-
tímulo ao desenvolvimento em diversos seg- rã, Dois Lajeados, Fagundes Varela, Guaporé, Monte Belo do Sul, No-
mentos da produção local e regional, a pro- va Bassano, Protásio Alves, Santa Tereza, São Valentim do Sul, Sera-
fina Corrêa, União da Serra, Vila Flores e Vista Alegre do Prata).
gramação do evento integrou atividades de
De acordo com o Eng. Civil Vinicius Peruffo, presidente da Aearv,
valorização da pecuária, com realização de a entidade acredita na soma de esforços, competências, talentos.
concursos, palestras e mostras e julgamen- “Esse grupo tem, com sua participação, fortalecido a entidade em
tos morfológicos. A Sociedade de Engenhei- seus mais de 35 anos de história – em uma trajetória que ganha, a
ros e Arquitetos de Santo Ângelo esteve partir deste ano, novos caminhos plenos em perspectivas promisso-
ras. Um dos motivos que permitem antever a ampliação do sucesso
presente com um estande institucional pa-
no exercício das atividades é a recente implantação do programa de
ra receber os profissionais da área, contan- Planejamento Estratégico, norteando como prioridades da atual ges-
do com o apoio do CREA-RS. tão a consolidação de uma associação atuante e inovadora, buscan-
De acordo com o presidente da Asso- do reforçar sua representatividade nos conselhos municipais e a atua-
ciação, Engenheiro de Operação e Segu- ção junto à comunidade”, pontua o Engenheiro, ressaltando ainda as
parcerias com a Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos), Universi-
rança do Trabalho Valmir Ribas, o espaço é
dade de Caxias do Sul (UCS) e Sebrae, as quais resultam na promo-
fundamental para integrar a entidade aos ção de cursos, participação em eventos, apoio e trabalho junto à co-
profissionais. “Estamos bem contentes com munidade acadêmica.
o número de profissionais que passaram pe- Segundo ele, essa condição de referência foi contemplada com
lo nosso estande. É muito importante a pre- a designação de Bento Gonçalves como cidade-sede para a reali-
zação do XV EESEC, maior evento do CREA-RS. “Recebemos com
sença do CREA-RS neste evento, isso mar-
orgulho esta tarefa, pois entendemos ser um reconhecimento aos
ca nas pessoas que existe um Conselho res- nossos anos de trabalho sério e comprometido, sempre pautado
ponsável e preocupado com a segurança pelo ideal de fortalecer parcerias, sejam elas públicas ou privadas”,
da sociedade”, declara. destaca.

16 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


isso em conta, promovemos uma pa-
lestra com a Dra. Vanêsca Buzelato
Parking Day – Repensando a mobilidade Prestes, procuradora de Porto Alegre,
urbana de Bento Gonçalves. Retiram-se duas para os associados, representantes do
vagas de uma movimentada rua do centro da
cidade e cria-se uma área verde de município, OAB, IAB e Promotoria, vi-
convivência sando a discutir questões fundamen-
tais do Direito Urbano”, explica.
COCRIANDO IDEIAS Dentre outras realizações efetiva-
Sempre pensando em seus associados, das pela entidade, está o projeto em
a Aearv tem como missão cocriar ideias, parceria com o Sebrae de gestão para
promovendo a evolução do profissio- escritórios. “Pioneiro, o projeto visa
nal e o seu fortalecimento na socieda- proporcionar ao associado segurança
de. Para isso, cursos, palestras, viagens e, acima de tudo, gerência do seu ne-
e seminários são periodicamente pro- gócio”, ressalta.
movidos. Outro foco da atuação é a que a Aearv exerce papel fundamental Outro evento, o Parking Day, rea-
representação nos mais importantes na revisão do Plano Diretor e Plano de lizado em Bento Gonçalves, pretende
conselhos municipais da região – ações Mobilidade Urbana. “No momento po- colaborar com as questões do Plano
que, combinadas, tornam a Aearv uma lítico que a Aearv está inserida, de re- de Mobilidade, além de promover o
das mais reconhecidas e atuantes as- visão do Plano Diretor, nos deparamos uso do espaço público de forma de-
sociações do Estado. com muitas questões do atual plano mocrática. “Trata-se de um Parking Day
O dirigente cita como exemplo des- que estão mal inseridas ou deixando no centro de Bento Gonçalves visando
te trabalho as alianças já firmadas com alguma brecha para que as coisas acon- trazer à tona uma reflexão sobre o que
a Prefeitura de Bento Gonçalves, em teçam por outros caminhos. Levando queremos para nossa política de mo-
bilidade. Em todas as audiências que
presenciamos, se pensa muito no in-
dividual, nos carros, mas nunca no co-
letivo, no pedestre. Pensando nisso, o
Parking retira duas vagas de uma mo-
vimentada rua do centro da cidade e
cria-se uma área verde de convivên-
cia”, detalha.
A visão que norteia a Aearv é ser
reconhecida como entidade atuante e
inovadora, sempre em busca da evo-
lução, do aperfeiçoamento e da inte-
gração dos profissionais. Para tanto,
dedica diariamente esforços incessan-
tes, agregando o trabalho dos asso-
ciados em favor de grandes conquistas
e realizações. “Cocriando ideais, este
é o negócio da Aearv. Esse é o futuro.
Contamos com o apoio do CREA-­R S
nesse desafio”, finaliza o Eng.Civil Vi-
nicius Peruffo.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 17


o dia a dia das ENTIDADES

PONTO DE VISTA

PROJETO DE LEI 1.176/2015

Altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho


de 1989, para disciplinar a prescri-
ção de produtos destinados ao tra-
tamento de culturas com suporte
fitossanitário insuficiente.

O Congresso Nacional decreta:


Art. 1º O art. 2º da Lei nº 7.802, de
11 de julho de 1989, passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Art. 2º ........................................

III – culturas com suporte fitossa-

Projeto de Lei deve ser pauta de nitário insuficiente: espécies de


plantas cultivadas para as quais ine-

discussão nas entidades de classe xistem ou há número reduzido de


agrotóxicos e afins registrados,
Por Eng. Agrônomo Mauro Miguel dos Santos Cirne comprometendo o atendimento das
demandas fitossanitárias; IV – gru-
Coordenador do CDER-RS
po de culturas: agrupamento de es-
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei n° 1176/2015, de autoria do pécies vegetais segundo suas ca-
deputado federal Antonio Balhmann (PROS), que tem como objetivo disciplinar racterísticas botânicas, alimenta-
a prescrição de produtos destinados ao tratamento de culturas com suporte fi- res, fitotécnicas e fitossanitárias,
tossanitário insuficiente, como é o caso especialmente de frutas e hortaliças. tendo por referência uma ou mais
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricul- espécies representativas. (NR)” 2
tura (FAO), culturas com suporte fitossanitário insuficiente são aquelas em que
Art. 2º O art. 13 da Lei nº 7.802, de
os agricultores não contam com disponibilidade satisfatória de produtos fitos-
11 de julho de 1989, passa a vigorar
sanitários (agrotóxicos) autorizados para o adequado controle de pragas e
com a seguinte redação:
doenças que lhes causem danos econômicos.
Diferentemente de grandes culturas, como soja, milho, algodão, cana de
“Art. 13. ........................................
açúcar, café, arroz, para as quais se direciona a maior parte dos produtos fi- Parágrafo único. Em se tratando de
tossanitários encontrados no mercado, as culturas de abobrinha, chuchu, pi- cultura com suporte fitossanitário
mentão, quiabo, jiló, berinjela, batata-doce, alface, morango, abacaxi, entre insuficiente, o profissional a que
outras frutas, flores e hortaliças, não despertam interesse mercadológico que se refere o caput deste artigo po-
motive as empresas fabricantes a enfrentar o custoso e burocrático processo derá prescrever agrotóxico regis-
de registro de agrotóxicos do País. trado para utilização em espécie
Diante deste fato, muitos agricultores, não tendo alternativas de controles representativa de grupo de cultu-
para pragas ou doenças de algumas culturas, utilizam agrotóxicos indicados ras definido pelo Ministério da Agri-
para a mesma praga, mas não registrados para a cultura, o que fica caracteri- cultura e Pecuária–MAPA, obser-
zado como uma ilegalidade. vando os seguintes procedimentos
Também prejudica os Engenheiros Agrônomos que, muitas vezes, não têm adicionais:
agrotóxicos registrados para indicar o controle de pragas ou doenças, espe- I – consignação, na receita, de con-
cialmente em pequenas culturas. Tal fato é o que tem feito com que tenha apa- dições específicas para a utilização
recido grande número de agrotóxicos não permitidos nas amostras das culturas do agrotóxico, especialmente:
analisadas pelo programa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). a) o intervalo de segurança não po-
A aprovação do PL 1176/2015 poderá encaminhar uma solução à não exis- derá ser inferior àquele indicado
tência de agrotóxicos para indicar em algumas culturas, facilitando a vida de para uso na espécie representativa;
agricultores e Engenheiros Agrônomos no controle de pragas e doenças em b) a quantidade de ingrediente ati-
culturas como caqui, beterraba, abobrinha, pimentão e muitas outras. vo a aplicar deve ser igual ou infe-
rior àquela indicada para uso na
A permissão para a extrapolação de um agrotóxico indicado para uma praga
espécie representativa;
e uma determinada cultura para um grupo de culturas com características simi-
e II – anexação de termo de con-
lares, devidamente aprovadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa),
sentimento livre e esclarecido, fir-
certamente será um importante avanço e uma ferramenta necessária aos Enge-
mado pela pessoa responsável pe-
nheiros Agrônomos no campo. Por outro lado, parece que muitas empresas pro-
lo cultivo da lavoura em que se uti-
dutoras de agrotóxicos já trabalham na tentativa de fazer o registro baseado na lizará o agrotóxico, segundo mo-
praga ou no agente causador da doença e não para uma cultura em específico, delo que será definido pelo Minis-
solucionando o problema das culturas de suporte fitossanitário insuficiente. tério da Agricultura e Pecuária –
Precisamos tomar uma posição e defender a extrapolação, pois se um agro- MAPA, o qual deverá publicar no
tóxico é indicado para controle da mosca das frutas para a ameixa, por que Diário Oficial da União – DOU 30
não poderia usá-la para o mirtilo para a mesma praga e respeitando os dados dias após a aprovação deste Pro-
de carência, etc.? Outro exemplo é o caqui, que praticamente não tem agro- jeto de Lei.
tóxicos registrados para controle das pragas e doenças que ocorrem nestes,
mas tem pragas e doenças que têm indicação de controle de outras frutas bem Art. 3º Esta Lei entra em vigor na
similares. Acho que o projeto a seguir deve merecer nossa atenção. data de sua publicação.

18 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


raio x da fiscalização
Arquivo CREA-RS

Delimitar os objetos da fiscalização e estabelecer o universo de atuação são temas do encontro

CREA-RS e Ministério Público


do Trabalho ajustam convênio
Com o objetivo de operacionalizar Ricardo Garcia, explicou ser importan- check-list estabelecido, deve reportá-­
o termo de cooperação técnica assi- te delimitar os objetos da fiscalização, las”, esclareceu.
nado entre o Conselho e o Ministério estabelecer o universo de atuação e Participaram do encontro, ainda,
Público do Trabalho (MPT) no início manter as conversações para o traba- o procurador-chefe adjunto do MPT-­
de março, representantes dos dois ór- lho ser aprimorado. “Vamos aprender RS, Rogério Uzun Fleischmann, os as-
gãos reuniram-se na sede do MPT em a trabalhar juntos, esta ainda é uma sessores da Presidência do CREA-RS,
abril. Como principal definição, ficou fase de transição”, afirmou. Para ele, Téc. Agr. Jeferson Rosa, responsável
acertado que o CREA-RS formulará um é necessário delimitar itens, “mas sem pelos convênios; Eng. Civil Amélia For-
check-list dos itens técnicos que pre- engessar” a fiscalização. “Se o agente te, da área técnica da Fiscalização; e
cisam ser verificados nas fiscalizações fiscal achar coisas importantes fora do o gerente da área, Eduardo Macedo.
a serem realizadas conforme acorda-
do no convênio, que terão como focos
as máquinas, as caldeiras e os vasos
de pressão, o PPCI, o PPRA e a área
da construção civil.
Conforme enfatizou o gestor da Fis-
calização do CREA-RS, Eng. Marino
Greco, essas serão ações especiais. Ci-
tou como exemplo a ser utilizado a
força-­t arefa no frigorífico bovino de
Santa Maria, a qual disse ter sido a mais
técnica já realizada sob sua gerência
na área. “É importante irmos além da
simples verificação do registro de Ano-
tação de Responsabilidade Técnica
(ART), e essas parcerias nos dão res-
paldo para isso”, destacou.
O procurador do Trabalho do MPT,

Conselho em revista • MAiO/junho’15 19


raio x da fiscalização

Tecnologia a serviço da
Fiscalização do CREA-RS
Tanto na rotina básica focada no com- piloto para identificar os pontos positivos
bate ao exercício ilegal das profissões, co- e negativos na utilização a campo da nova
mo em ações mais complexas, como a que ferramenta. “Esta ação fornecerá subsídio
ocorreu na região de jurisdição da Inspeto- para o desenvolvimento de um aplicativo
ria de Guaíba, entre 13 e 15 de maio, a Blitz que permitirá executar as atividades, inde-
Rural de Fiscalização, os agentes fiscais do pendentemente de sinal de operadora de
Conselho gaúcho passarão a preencher os telefonia, facilitando ações como a blitz ru-
relatórios em tempo real no tablet com en- ral em todo o Estado, em que, muitas ve-
vio através de conexão 3G ou 4G. Com a zes, não há sinal de internet”, explica o En-
evolução tecnológica como aliada, as infor- genheiro de Controle e Automação Marce-
mações irão direto para um banco de dados lo de Souza, assessor da Presidência, que
e serão disponibilizadas às gerências e à acompanhou os agentes fiscais nesta ação.
Inspetoria, contribuindo também para a ras- Participando também deste treinamen-
treabilidade dos profissionais responsáveis to, o gerente da Fiscalização José Eduardo
pelas atividades técnicas executadas. Macedo ressalta que os agentes passarão
Por enquanto, foi feita uma experiência-­ por uma capacitação.

Arquivo CREA-RS

Novos equipamentos darão


maior celeridade ao serviço Blitz de
fiscalizatório. Na foto, o Engenheiro de
Controle e Automação Marcelo de Souza inspeção predial
fiscaliza prédios
Arquivo CREA-RS

Arquivo CREA-RS

da área central
de Porto Alegre
Região com um grande número
de edificações antigas, a área cen-
tral de Porto Alegre é alvo da blitz
de fiscalização do CREA-RS nos dias
19 e 20 de maio. Com o objetivo de
verificar as responsabilidades téc-
nicas pelos trabalhos de inspeção
predial, laudos estruturais de mar-
quises e sacadas, manutenção de
elevadores e Planos de Prevenção e
Proteção Contra Incêndio, quatro
agentes fiscais estiveram na região.
O catarinense Claudio Spinelli, proprietário de quatro silos, afirma que a fiscalização pode Os serviços, que devem ser realiza-
garantir as boas práticas, mas deve ser para todos do setor. “O próprio mercado exportador já dos por profissionais e empresas le-
exige padronização e adequação. Cada um sabe de sua responsabilidade quando estamos
produzindo o alimento que vai para o mercado. Temos, então, de zelar por esta atividade em galmente habilitados, garantem a
benefício da população”, enfatiza

20 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Blitz de Fiscalização em Armazenagem de Produtos Agrícolas
Nesta fiscalização, com foco em silos pelos serviços de manutenção e inspeção

Fotos: Arquivo CREA-RS


de armazenagem de produtos agrícolas, de caldeira/vaso de pressão, de sistema
os agentes fiscais Ilson Garin, de Guaíba, de proteção de descargas atmosféricas,
Jorge Luiz Trindade, de Camaquã, e Clau- instalação e manutenção de gerador de
dio da Silva Siqueira, de Canoas, utiliza- energia elétrica, segurança, entre outras.
ram tablets para visitar 65 unidades ar- Na primeira blitz, na jurisdição da Ins-
mazenadoras e contaram com o apoio petoria de Camaquã, a ação da equipe
do supervisor David Grazziotin Rosa. A percorreu os municípios de Amaral Fer-
realização desta fiscalização neste pe- rador, Arambaré, Camaquã, Cerro Gran-
ríodo se faz necessária devido à colheita de do Sul, Chuvisca, Cristal, Sentinela do
da safra verão. Sul, Tapes e Dom Feliciano, gerando 64
Neste importante polo de produção relatórios de fiscalização, 43 Termos de
e cultivo de arroz, os agentes fiscais ve- Requisição de Documentos e Providên-
rificaram se somente profissionais e em- cias (TRDP), quando é concedido um pra-
presas tecnicamente habilitados estão zo de 10 dias para apresentação da do-
responsáveis por serviços de armaze- cumentação solicitada, e dois autos de
nagem, secagem e beneficiamento de infração. Cinco dos silos verificados es-
produto agrícola, serviços relativos às tavam desativados no momento da fis-
áreas Agronômicas, de Engenharia In- calização. De acordo com o supervisor
dustrial, Elétrica, de Segurança do Tra- David Grazziotin Rosa, a ação alcançou
balho e de Alimentos. os resultados esperados.
O supervisor David explicou algumas
O agente fiscal Claudio da Silva Siqueira, de das documentações que são solicitadas
Canoas, em operação-piloto com o tablet
pelo CREA-RS na fiscalização neste tipo
Além do município-sede, a ação abran- de indústria. “Tem que haver um Projeto
ge as áreas rurais das cidades de Arroio Orgânico, pelo qual o Engenheiro Agrô-
dos Ratos, Barra do Ribeiro, Butiá, Char- nomo será responsável técnico e terá que
queadas, Eldorado do Sul, General Câ- assinar uma ART de assistência técnica
mara, Guaíba, Mariana Pimentel, Minas pela armazenagem, secagem e benefi-
do Leão, São Jerônimo e Sertão Santana. ciamento.” Entende-se por projeto or-
Esta foi a segunda blitz que ocorreu gânico a distribuição de espaços, a or-
no semestre. Nas indústrias beneficiado- denação de utilização, bem como as con-
ras de grãos da região, foram solicitados dições sanitárias dos produtos armaze-
o quadro técnico de profissionais da área nados e a serem armazenados. Também
tecnológica e as ARTs dos serviços rea- foi verificada a RT pela manutenção da
O supervisor David Grazziotin Rosa durante a
primeira blitz de fiscalização de lizados pelo local. Essas indústrias devem caldeira usada para gerar o vapor que
armazenagem do ano ter profissionais e empresas responsáveis aquece os secadores dos grãos.

ficações, em que foram solicitados, por


meio de um Termo de Requisição de Do-
cumentos e Providências (TRDP), as ARTs
e os contratos relativos aos serviços-al-
vo da ação. Os proprietários ou respon-
sáveis têm dez para dias encaminhar os
documentos ao CREA-RS.

InfoFisc
Como em outras ações realizadas nas
últimas semanas, a blitz de Porto Ale-
gre também serviu para testar o uso dos
tablets adquiridos para a equipe de fis-
calização.
A agente fiscal da Inspetoria de Porto Alegre “Essas ações in loco estão servindo
Fernanda Delavi aprovou o uso. “Hoje mesmo para testar a conectividade do tablet
já conseguimos verificar na hora uma ART
que não estava paga pelo Engenheiro quando roteado pelo celular, assim co-
contratado e pudemos informar isso ao mo observar alguns itens que temos que
proprietário da edificação. Além disso, em
alguns prédios, por meio da pesquisa pelo ajustar na própria configuração do apa-
endereço, verificamos que não havia ARTs relho, adaptações que vemos como ne-
recolhidas há mais de três anos"
cessárias, observando a colega utilizan-
segurança dos moradores e frequenta- do o equipamento em campo”, explica
A Engenheira Amelia Antunes, junto com o
dores dos edifícios, além dos transeun- Felipe de Moraes Serafine, que faz parte agente fiscal Renato de Araújo, presta auxílio
tes da área. Foram fiscalizadas 44 edi- da equipe de implementação do projeto. técnico na fiscalização do CREA-RS

Conselho em revista • MAiO/junho’15 21


por dentro das INSPETORIAS

Conselho e Prefeitura de Panambi


celebram termo de cooperação Arquivo CREA-RS
Com o intuito de melhorar a fisca-
lização, o CREA-RS e a Prefeitura de
Panambi assinaram, em maio, o Termo
de Cooperação Técnica que possibili-
ta a troca de informações recíprocas
sobre obras executadas no município.
Essa ação permitirá identificar com
mais clareza as obras que estejam sem
licença da Secretaria da Fazenda (Se-
tor de Fiscalização) ou sem profissio-
nais responsáveis técnicos.
Estiveram presentes na assinatura
o presidente do CREA-RS, Eng. Civil
Melvis Barrios Jr, o prefeito de Panam-
CREA-RS e Prefeitura unidos pela segurança dos empreendimentos da área da construção civil
bi, Miguel Schimitt Prym, o inspetor-­
chefe da inspetoria de Panambi, Eng. cooperação. “Com esse Termo, tere- e uma grande demanda por parte dos
Mecânico Jorge Ficht, e demais repre- mos maior eficácia na atividade de fis- empreendimentos que necessitam se
sentantes da Inspetoria, da Prefeitura calização. O município irá trabalhar em adequar à lei, a qual ainda é bastante
e do Corpo de Bombeiros. conjunto com o Conselho, o que leva- confusa. Sobre o assunto, o Eng. Mel-
Segundo o presidente da entidade, rá mais eficiência para o serviço pú- vis lembrou que o CREA-RS está acom-
Eng. Melvis, esses convênios colabo- blico também”, concluiu. panhando as discussões. “Nosso ob-
ram para que o Conselho seja mais Entre os diversos assuntos levan- jetivo é eliminar a subjetividade do
atuante na fiscalização, o que ajuda a tados durante o encontro, foram de- processo de análise do PPCI e garantir
comunidade, pois previne obras em batidas as mudanças ocasionadas pe- que o regramento seja claro e objetivo
condições impróprias ou sem respon- la Lei Kiss. Segundo o Major do Corpo para os profissionais. Esse é um regra-
sável técnico com habilitação legal. de Bombeiros, Claiton Fernando Mar- mento novo e esperamos que até o fi-
Para o prefeito Miguel Schimitt mitt, após o incêndio, houve uma maior nal deste ano essas questões sejam
Prym, Panambi se beneficia com essa preocupação por parte da sociedade solucionadas”, declarou.

Projeto de multimodais será piloto em três Inspetorias Arquivo CREA-RS


Ocorreu, no dia 09 de maio, na Ins-
petoria de Santana do Livramento, a
segunda reunião da Zonal Fronteira
Sudoeste. O encontro, que contou com
a presença do presidente do CREA-­
RS, Eng. Civil Melvis Barrios Junior, tra-
tou as demandas da região e o posi-
cionamento do Conselho sobre temas
de âmbito estadual. Serão implemen-
tadas, neste primeiro semestre de 2015,
as Comissões Multimodais como pro-
jeto-piloto nas Inspetorias de Santana
do Livramento, Canela/Gramado e Fre-
Encontro da Zonal reúne representantes e inspetores
derico Westphalen.
Segundo o Eng. Melvis, as multi- reunirão uma vez por mês, presididas melhorar a qualidade da gestão do
modais serão compostas por um pro- por um dos três inspetores e terão o Conselho”, explicou. O objetivo desta
fissional e um suplente de cada moda- objetivo de analisar os processos de primeira fase é ajustar as multimodais
lidade da Engenharia, que atuarão jun- fiscalização daquela região. Isso aju- para que, futuramente, possam ser im-
to às Inspetorias. “Essas comissões se dará a descentralizar as atividades e plantadas em todas as Inspetorias.

22 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


20 anos da Inspetoria
de Porto Alegre
No dia 19 de maio, a Inspetoria de Porto Alegre completou
duas décadas de atendimento aos profissionais, empresas e
à comunidade em geral na capital gaúcha. Desde junho de
2014, a Inspetoria atende no prédio da MÚTUA-RS, na Rua
Dom Pedro II, nº 864, em uma parceria que possibilitou
maior conforto aos profissionais e funcionários. Para o
Eng. Melvis Barrios Junior, presidente do Conselho e um dos
primeiros inspetores, a descentralização contribui para a melhoria do
atendimento aos profissionais e empresas. Estão à frente desta Inspetoria o Eng. Mec.
Joel Fischmann, Eng. Civ. Ricardo Scavuzzo Machado e Eng. Civ. e de Seg. Trab. André Finamor.

Seminário debate aprovação de projetos e licenciamento em Torres


Arquivo CREA-RS
O presidente do CREA-RS, Eng. Civ. Melvis Barrios Ju-
nior, participou, no dia 19 de maio, da abertura do I Semi-
nário de Aprovação de Projetos e Licenciamentos no mu-
nicípio de Torres. Dividido em três painéis, o evento tratou
das demandas de licenciamento entre a Prefeitura e os
profissionais da área, com enfoque na parte urbanística,
meio ambiente e prevenção de incêndio. O evento, que
contou com a participação de cerca de 120 profissionais,
foi promovido pela Inspetoria de Torres, Associação de
Engenheiros e Arquitetos de Torres (Asenart) e Prefeitura.
“Queremos um CREA-RS mais presente em questões
que fazem parte da vida dos profissionais, como os embar-
gos de obras, que, segundo nossa visão, só podem ser rea-
lizadas por profissionais técnicos. Também queremos pro-
fissionais Engenheiros no quadro técnico do Corpo de Bom-
beiros, visto que a aprovação de PPCI requer conhecimen-
tos específicos. O Conselho precisa debater essas questões
com os profissionais e este seminário é muito importante,
pois promove o diálogo entre eles”, enfatizou o Eng. Melvis.
Mediados pelo representante da Zonal Litoral do CREA-RS,
Centenas de profissionais participaram do evento
Eng. Civ. Marco Antônio Saraiva Collares Machado, os três
painéis trouxeram as normas e leis que regem as constru- aprovado, hoje é liberado em cerca de 15 dias”, destaca.
ções e modificações, tanto na área urbana como na am- Sobre prevenção contra incêndios, o comandante re-
biental. Na questão urbanística, os profissionais da Prefei- gional do Corpo de Bombeiros, Rodrigo Pierosan, comen-
tura apresentaram as documentações necessárias para a tou a dificuldade na avaliação de PPCI, já que quase 100%
aprovação de projetos. “Uma das dificuldades que encon- deles chegam com erros e por isso precisam ir para reaná-
tramos na cidade é a falta de atualização ou um novo Plano lise, o que atrasa a liberação. “Outro problema enfrentado
Diretor, que não é atualizado há dez anos”, citou o arqui- é a falta de profissionais pelo Corpo de Bombeiros, que ho-
teto Jean Martins. Na área ambiental, o biólogo Rivaldo je é muito menor que a demanda", relatou o comandante.
Raimundo da Silva apresentou as normas para construções Em relação ao tema, o Eng. Melvis foi questionado so-
e projetos ambientais. “O número de projetos de licencia- bre essa necessidade de profissionais técnicos junto ao
mento que recebemos na Prefeitura é muito grande e che- Corpo de Bombeiros. “O CREA-RS quer que a lei seja cum-
gou a mais de 3 mil processos em 2014. Temos que cobrar prida pelos governantes, contratando profissionais técni-
mais corpo técnico dentro das prefeituras, para dar conta cos para o Corpo de Bombeiros. Além disso, queremos que
das demandas. Alguns aperfeiçoamentos já foram feitos, e as regras para PPCI sejam claras, acabando com as subje-
um projeto que antes demorava em média 120 dias para ser tividades na aprovação dos planos”, finalizou.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 23


O que é a AR
RT?
A partir da Lei Federal 6.496, em
1977
7, to
todos os profissionais da
Engenharia e Agronomia devem
En
registrar sua responsabilidade
técnica no momento em que são
contratados para prestar um
serviço técnico. Este termo de
responsabilidade é feito por meio
de um documento emitido pelo
Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia, denominado
Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) que deve ser
preenchido pelo profissional
contratado e ter a assinatura do
Anottação de Responsabilidad
de Técnica. contratante e do contratado.

PASSSO
1.  2.  3. 
O profissional deve Tendo em Inicialmente,
ingressar no site do mãos o é necessário
A PASSO CREA-RS na internet usuário e cadastrar o
e clicar em “Serviços Online”. senha, faça seu login. contratante. Clique em
Para efetuar o seu login é Na área restrita do “Contratante” e após
necessário informar o número profissional, clique em “Cadastrar”. Após
da sua carteira do Crea em em “ART WEB”. o preenchimento dos
usuário e, a seguir, a sua dados do contratante,
senha. Caso não saiba ou não clique em “Confirme”.
lembre da senha, acesse o
link “Profissional – Esqueceu
sua senha”.

6.  7.  8. 


O campo “Motivo da O campo “Entidade Em “Contratante”,
ART” só deve ser de Classe” serve clique no seletor
preenchido se a ART para o profissional ao lado de “Nome”
for complementar de outra já indicar uma entidade de para buscar o contratante
registrada, ou de substituição, classe para receber um previamente cadastrado.
ou ainda de regularização de percentual da taxa da ART.
obra executada por leigo.

10.  11.  12. 


Por fim, o Estando a ART A ART fica na situação de
profissional deve preenchida, clique “preenchida”, podendo
incluir as atividades em “Confirma”. ainda ser editada. Para
técnicas (projeto, execução, finalizar a ART e poder imprimi-la, marque
montagem, laudo técnico, etc.) a linha que a contém (a linha ficará na cor
e sua correspondente atividade amarela) e clique em “Finalizar”. Assim, a
específica. As atividades ART passa para a situação de
específicas são filtradas pela “cadastrada” e está pronta para
modalidade do profissional. impressão. Clique novamente na linha que
Os campos “quantidade” e contém a ART e em “Visualizar/Imprimir”.
“unidade” são opcionais. A ART irá abrir no formato PDF.

Proteção ao
profissional,
respeito à
sociedade.
www.crea-rs.org.br

Quando devo Quem é o O que fazer quando Antes de iniciar o


registrar a ART? responsável pelo identifico um erro preenchimento da
No início do pagamento da em uma ART já ART
contrato. O registro taxa da ART? registrada? O profissional deve
de ART de obra ou Se o profissional for Deve ser registrada uma conhecer o contrato
serviço concluído contratado como nova ART, com o campo para preencher
só é possível autônomo, cabe a ele “motivo” selecionado corretamente a sua
mediante a abertura o pagamento da taxa para “substituição de ART. Tenha em mãos as
de um processo da ART. Se o contrato ART”, indicando o seguintes informações:
administrativo que for com a empresa de número da ART que os dados do contratante
é analisado pela Engenharia que o deve ser substituída. Se (razão social/nome,
Câmara profissional tem a nova ART não alterar o CNPJ/CPF, endereço)
Especializada do vínculo, cabe a ela o valor do contrato ou as endereço da obra ou
profissional. pagamento da taxa atividades técnicas serviço, data de início e
da ART. contratadas, a ART de previsão de término, e
substituição será isenta valor do contrato.
de taxa.

4.  5. 
Estando o contratante cadastrado, A seguir, escolha a participação técnica.
podemos iniciar o preenchimento da Se o profissional é o único contratado,
ART. Clique em “Nova ART”. Se o selecione “Individual/Principal”. Se ele irá
contrato for com a empresa em que o profissional é se responsabilizar pelas mesmas atividades técnicas
responsável técnico perante o CREA-RS, já anotadas por outro profissional, deve selecionar
selecione-a em “Empresa executante”. A seguir, “Corresponsável” e indicar o número da ART
escolha o tipo de ART, podendo ser “Cargo ou principal como vínculo. Se ele irá se responsabilizar
Função”, “Prestação de Serviço”, “Execução de por atividades técnicas diversas das já anotadas por
Obra”, “Múltipla Mensal”, “Receituário Agronômico”, outro profissional, deve selecionar “Equipe” e
“Crédito Rural” ou “Inspeção Veicular”. A escolha indicar o número da ART principal como vínculo.
correta do tipo de ART é fundamental para o A vinculação por “Equipe” só está disponível para
prosseguimento do preenchimento. profissionais da mesma empresa executante.

9. 
Em “Obra/serviço”, informe quem é o
proprietário do empreendimento, o endereço da
obra/serviço, a data de início e previsão de
término, o valor do contrato e os honorários do profissional
(informação opcional). Os campos “dimensão” e “custo da
obra” só são obrigatórios quando o tipo da ART for
“Execução de Obra”. Se o proprietário e o endereço da
obra/serviço forem idênticos aos do contratante, clique no
botão “Dados do Contratante” para importação.

13. 
Após o pagamento da taxa,
a ART passa para a situação
de “Registrada” e ficará
aguardando a sua baixa após o término
do serviço contratado.

SUPORTE DE ART
0800 510 2100.

De segunda à sexta,
das 9 às 18 horas
ENSINO A DISTÂNCIA

Ensino a Distância na Engenharia:


os prós e contras
Por Luciana Patella | Jornalista

Os críticos ao Ensino a Distância (EaD)


alegam possíveis carências e falhas na
formação dos futuros profissionais. Os
defensores argumentam que
democratiza o acesso à educação
superior, sendo apenas uma nova
forma de ensinar. Na prática, o fato é
que o EaD é a realidade de muitos
alunos no Brasil. E a tendência, de
acordo com os números do Ministério
da Educação (MEC), é de que sejam
cada vez mais os adeptos dessa Não há na legislação em vigor permissão para cursos ministrados 100% a dis-
tância. Todos os cursos EaD devem prever momentos de presença do aluno na ins-
modalidade de formação. Entre 2009 e tituição ou em seus polos. Segundo o Decreto Federal nº 5.622/2005, são obriga-
2012, o número de ingressos em tórios quatro tipos de atividade presencial: provas, defesa de Trabalho de Conclu-
são de Curso (TCC) – se o curso o exigir –, práticas laboratoriais e estágio super-
graduações EaD subiu 63,2%. Nas visionado. “As três primeiras devem ser realizadas no Polo de Apoio Presencial
presenciais, esse aumento foi de 27,7%. credenciado, com apoio de tutorial (presencial). A defesa de TCC exige também a
presença da banca examinadora formada por professores especialistas. Além dis-
Por outro lado, cresce também a so, a Coordenação do Polo deve ter registros das presenças dos estudantes nestas
preocupação quando os cursos são da atividades obrigatórias. O estágio – quando o curso o definir como obrigatório –
deve ser realizado em ambiente próprio – empresa, ONG ou escolas – que propicie
área das Engenharias. Apesar de a aprendizagem profissional na prática e deve ser supervisionado por professor
formar apenas 1% dos Engenheiros no especialista, vinculado à Instituição de Educação Superior ofertante do curso, com
o devido registro de controle”, detalha o corpo técnico da Secretaria de Regula-
País, existem 22 instituições ção e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (Seres).
oferecendo cursos de Engenharia EaD, Cabe ao MEC, órgão responsável por estabelecer as regras e os critérios que
orientam ofertas de educação, na modalidade, credenciar e recredenciar institui-
em seis modalidades: Química, ções para oferta de educação superior na modalidade a distância, assim como
Elétrica, de Produção, de Computação autorizar, reconhecer ou renovar o reconhecimento dos cursos com base em cri-
térios de qualidade, avaliados por comissões de especialistas in loco. São dois os
e Civil. Mesmo sendo relativamente tipos de credenciamento na modalidade: pleno de EaD, que permite a instituição
novos, estes cursos foram identificados atuar com graduação e pós-latu sensu; e específico para latu sensu, o qual possi-
bilita apenas esse tipo de curso. “Para iniciar o funcionamento, a faculdade deve
como os de maior número de alunos ter a autorização do curso. As universidades e os centros universitários têm au-
pelo último Relatório Analítico da tonomia e não precisam da autorização. Quando o curso atinge entre 50% e 75%
de sua carga horária é que a instituição solicita o reconhecimento do curso, que
Aprendizagem a Distância no Brasil, é condição para que possa emitir diploma”, informa o corpo técnico da Seres.
realizado anualmente pela Associação Pelas regras atuais, os cursos presenciais também podem ter 20% de seu
conteúdo ministrado a distância. Vale ressaltar que tanto a graduação presencial
Brasileira de Ensino a Distância (Abed). quanto a EaD possuem as mesmas exigências de cargas horárias e não há distin-
ção na emissão do diploma, como explica a diretora do Ensino de Graduação a
Conforme os dados, eles têm em média
Distância da Universidade de Brasília (UnB), Nara Pimentel, que é especialista na
442,9 alunos por curso, distribuídos área e doutora em Engenharia de Produção e Sistemas. “O Decreto 5.622 esta-
belece que nenhum diploma deve ter a palavra ‘distância’, pois esta é uma mo-
em vários polos – não confundir com o
dalidade educativa e não tipo de educação.”
número de alunos por sala de aula. Na Segundo Nara, deve-se investir na formação dos docentes para esta nova
forma de ensinar, fora das quatro paredes da sala de aula física. “Muitos docen-
média geral, nos EaD há 390,67 alunos
tes e também muitos cursos a distância são tratados como meras reproduções
por curso. Este novo cenário é visto dos cursos presenciais. Isso não funciona. O desenvolvimento de ferramentas
tecnológicas para compor o projeto didático do curso precisa obter financiamen-
com apreensão pelos representantes
to adequado, de forma que possamos inovar os conteúdos a serem ofertados”,
do Sistema Confea/Crea destaca Nara Pimentel.

26 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Arquivo CREA-RS

SISTEMA CONFEA/CREA NO DEBATE


Atentas a esse crescimento, entidades blemáticos, os casos de cursos de Engenha- desse profissional. Sou contra utilizar o mes-
como Federação Interestadual de Sindica- ria Civil e da área Agronômica. “Existem dis- mo critério de registro dos alunos que fa-
tos de Engenheiros (Fisenge) manifestam ciplinas que não podem ser ministradas por zem um curso presencial de graduação pa-
contrariedade quanto à modalidade, como aulas virtuais, o que impede a vivência dos ra alunos saídos do EaD”, aponta o presi-
enfatiza seu presidente, Eng. Clóvis Nasci- alunos na prática. São as aulas que exigem dente do CREA-RS.
mento. “Debatemos esse tema há anos nas laboratório, manuseio de equipamentos; e Para o presidente da Fisenge, é neces-
instâncias da Fisenge. No Congresso Na- na Agronomia, vivências práticas no cam- sária a união das entidades de classe para
cional de Sindicatos de Engenheiros (Con- po”, julga o Eng. Clóvis Nascimento. barrar o avanço do EaD na graduação das
senge), em 2014, reafirmamos a nossa po- “Com certeza, o aluno de EaD não terá Engenharias e na luta por uma educação
sição contrária a este método de ensino pa- a qualidade do aluno formado numa gra- pública e universal de qualidade. “Temos
ra os cursos de graduação de Engenharia, duação presencial, onde existe uma inter-­ problemas estruturais a serem enfrentados,
a não ser que sejam utilizadas como ferra- relação com professores e com colegas. Uma pois muitos alunos ingressam nas universi-
mentas e metodologias complementares.” aula de Engenharia tem toda uma dinâmica dades com dificuldades básicas em disci-
O presidente do CREA-RS, Eng. Civil de discussões, na qual os estudantes parti- plinas como a Matemática. É fundamental
Melvis Barrios Junior, reforça o coro. Para cipam, dividem dúvidas e onde exemplos uma educação de qualidade para formar-
ele, o curso a distância desqualifica a for- práticos são debatidos. O EaD me parece mos profissionais preparados para a pres-
mação profissional. “Nós, que conhecemos que será um tipo de formação muito receita tação de serviços à sociedade”, alega, cha-
como se processa a graduação de um En- de bolo: decora e responde. Não acho, en- mando a atenção para outro problema: a
genheiro, entendemos que isso é um inte- tão, uma medida adequada”, argumenta o proliferação de cursos que tratam a educa-
resse meramente mercantil. Não vai melho- Eng. Melvis, que defende a aplicação de um ção como mercadoria, e não como direito.
rar a qualidade do profissional brasileiro, exame, ao estilo do exame da Ordem dos “Nesses casos, as empresas/faculdades/
pelo contrário, diminuirá seu nível de conhe- Advogados do Brasil (OAB), aos alunos for- universidades privadas não estão preocu-
cimento técnico”, considera, explicando ser mados por EaD para obtenção do registro. padas com currículo e apresentam inúme-
uma opinião pessoal, pois o tema ainda não Como os cursos são homologados pelo ras deficiências”, preocupa-se.
foi debatido no Plenário do Conselho para MEC, as universidades têm autonomia, os Também atento ao tema e receoso quan-
se consolidar uma posição institucional. “Es- Creas não podem opinar se eles podem ou to ao registro destes e de seus egressos, o
sa questão está começando a ser discutida não ser a distância. “Resta ao Sistema Con- Conselho Federal de Engenharia e Agrono-
nas Câmaras e acredito em uma regulamen- fea/Crea apenas receber o aluno ao final mia (Confea) formou, em 2014, o GT Ensino
tação pelo Sistema, responsável pelo regis- do processo e registrar para que ele esteja a Distância. Conforme seu coordenador, Eng.
tro dos cursos”, explica o Eng. Melvis. apto a trabalhar. E aí nós temos que anali- Agr. Daniel Salati, as avaliações do grupo
A principal crítica dos dois presidentes sar: será que esse Engenheiro está prepa- ainda não estão concluídas. “Depois de ou-
seria com relação ao grande número de au- rado para ir para o mercado de trabalho e vidos especialistas no assunto e a comuni-
las práticas necessárias à formação, que, ter uma atuação que não represente risco dade acadêmica, temos a comentar que a
para eles, não poderiam ser ministradas por à sociedade? Acho que temos que avaliar educação a distância, no âmbito das profis-
laboratórios virtuais. Destacam, como pro- a capacidade técnica e de conhecimento sões inseridas no Sistema Confea/Crea, re-
quer uma atenção especial, em função da
complexidade do conhecimento envolvido.”
Evasão Ainda assim, para ele, não há base legal pa-
De acordo com o Censo EaD ra se negar o registro de egressos de cursos
2013/2014, realizado pela Abed, EaD, se estes estiverem em consonância com
a evasão é apontada como um as disposições legais disciplinadas pelo Sis-
obstáculo pelas instituições na tema Educacional. “O Conselho Nacional de
execução dos curso EaD. Educação (CNE) deve exigir para as ativida-
Conforme os dados, o menor des práticas uma carga horária idêntica à car-
índice de evasão está nas ga horária dos cursos presenciais”, ressalva.
disciplinas de cursos presenciais Como uma das iniciativas do Confea,
revela que será firmado convênio com o MEC
(10,49%) e o maior consta nos
para que o Sistema tenha um representan-
cursos regulamentados totalmente
te na Comissão Acompanhamento da Ava-
a distância (19,06%). A Abed
liação do Inep/MEC e destaca as controvér-
verificou que as principais causas
sias que o fomenta. “No Sistema as posições
foram: falta de tempo para estudar são divididas e, para se ter uma ideia, as
e participar do curso; acúmulo de Câmaras de Agronomia e Engenharia Civil
atividade de trabalho e falta de entendem que não é possível a implemen-
adaptação à metodologia tação de cursos em suas modalidades a dis-
(Fonte: Abed)
tância”, adianta.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 27


ENSINO A DISTÂNCIA

A FORMAÇÃO É DE QUALIDADE? Com a palavra, os


Para o diretor de comunicação da Asso- sim como também são os mesmos docen- Engenharia Civil
ciação Brasileira de Educação em Engenharia tes, Nara Pimentel, da UnB, considera que A Câmara de Engenharia Civil do
(Abenge), Eng. de Produção Vanderli Fava de não “há nenhuma razão para que os EaDs RS e a Coordenação Nacional das
Oliveira, os receios do Sistema Confea/Crea sejam vistos de forma diferente ou como Câmaras Especializadas de En-
com a qualidade da formação dos futuros pro- cursos de segunda categoria”. Segundo ela, genharia Civil (CCEEC) são contra a apli-
fissionais são procedentes, mas válidos para há cada vez mais estudantes oriundos de cação do EaD em substituição do ensino
ambas as modalidades. “Do que acompanho, cursos a distância que alcançam posições presencial na formação de Engenheiros
esse receio não se dá em função de ser pre- de destaque em concursos públicos e no Civis. “Antes foram os cursos por cor-
sencial ou EaD. As preocupações são com am- mercado de trabalho, mas diz ser de extre- respondência, mais tarde o Telecurso 2°
bas as modalidades. Ou seja, o que predomi- ma importância escolher uma boa univer- grau, agora o uso da internet reduzindo
na é se a formação é de qualidade.” sidade e um curso recomendado, e não um os custos das teleconferências promete
Membro da Comissão Técnica de Acom- que apenas certifique. “Isso, sim, deixaria multiplicar e substituir a sala de aula por
o profissional sem condições de enfrentar uma tela de computador”, desabafa o
panhamento da Avaliação do Inep/MEC, o
coordenador da Engenharia Civil do
Eng. Vanderli considera que um curso criado o mercado de trabalho”, projeta.
CREA-RS e da CCEEC, Eng. Civil João
com preocupações pedagógicas, corpo do- Com a experiência de ministrar aulas
Luis de Oliveira Collares Machado.
cente qualificado e que disponha de infraes- em uma das primeiras universidades a dis-
Segundo ele, esquecem que, por dé-
trutura adequada terá qualidade, indepen- ponibilizar cursos EaD, Nara considera as cadas, o ensino presencial tem formado
dentemente da modalidade de ensino. “Em alterações nos meios de ensino e aprendi- Engenheiros capazes de atender às ne-
alguns casos, esses cuidados são até maio- zado decorrentes da evolução da tecnolo- cessidades do País em quantidade e com
res no ensino a distância, visto que a gestão gia como uma revolução na educação como qualidade. “Os métodos de avaliação no
do curso torna-se fundamental para seu su- um todo. “Atualmente, os sistemas estão EaD precisam ser aprimorados. Alguns
cesso”, enfatiza. Ele vê ainda outros diferen- sendo desafiados a mudar a forma de ensi- sugerem o exame de suficiência ou pro-
ciais. “Como as aulas são mais expostas no nar e essa transformação está sendo pro- va de proficiência como método de me-
ambiente informatizado de ensino, há ma- vocada pelos próprios estudantes! Não é dir se o egresso realmente adquiriu os
teriais para cada disciplina. No presencial, a somente na sala de aula que o conhecimen- conhecimentos necessários para atuar
aula não está disponível, e todo o processo to é construído e também não mais somen- como um Engenheiro Civil, como é feito
de ensino-aprendizagem está confinado na te com o professor. As tecnologias otimizam na OAB”, compara.
sala de aula, inclusive as provas”, alega. e potencializam os conteúdos didáticos. Salienta ainda que, na LDB, as Dire-
Com o idêntico currículo, os diplomas Basta estarmos abertos às novas modali- trizes Curriculares da Engenharia pre-
veem até 20% da carga horária do curso
das mesmas universidades que ofertam, as- dades e a EaD é uma delas.”
de modo não presencial – o que não quer
dizer que seja na modalidade EaD. “O
anexo III, introduzido pela Resolução 1016,
que ordena os cadastramentos dos cur-
sos no Sistema Confea/Crea, prevê que
o Regional efetue diligências para veri-
ficar in loco as afirmações da IES quan-
do do cadastramento e se atendem ao
previsto nas Diretrizes Curriculares da
Engenharia, tais como laboratórios, equi-
pamentos e as diversas atividades prá-
ticas, como estágios obrigatórios”, pon-
tua. Afirma ainda que a forma que os
cursos estão sendo ofertados não aten-
de à LDB e à Resolução CES 11/96. Ques-
tionado se este processo é irreversível e
se o Sistema Confea/Crea não pode ne-
gar o registro destes egressos da moda-
lidade EaD, o Engenheiro Collares expli-
ca que a Câmara de Eng. Civil discorda.
“Se for comprovado junto ao MEC que

EDUCAÇÃO MEDIADA PELA TECNOLOGIA


O presidente do Conselho Científico das as atividades laboratoriais e as avalia- EaD. “A educação a distância irá comple-
da Associação Brasileira de Educação a ções, além de outras práticas preconizadas mentar a educação em sala de aula, o que
Distância (Abed), o Eng. Eletr. e de Seg. pelo projeto do curso”, esclarece. Susten- pode servir para atrair mais estudantes pa-
do Trab. Waldomiro Loyolla, que é profes- ta que a educação a distância nada mais ra as carreiras de Engenharia e, de fato, al-
sor e diretor acadêmico da Universidade é do que a educação mediada pela tecno- cançar um abandono mais baixo, pela ino-
Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), logia. “As instituições de ensino devem vação metodológica que envolve o uso de
explica que, no oferecimento de cursos preparar-se para esta possibilidade, ado- recursos tecnológicos que facilitem a mo-
EaD de Engenharia, é preciso estar atento tando as mais modernas tecnologias e ca- bilidade e interação remota”, avalia. Con-
à modelagem tecnológica, metodológica pacitando seus professores e corpo técni- sidera a complementaridade como o cená-
e de logística para a implantação e ope- co a adotarem metodologias educacionais rio ideal, com o desenvolvimento por EaD
ração dos laboratórios nos diferentes po- que se ajustem a esse intenso uso das tec- dos conteúdos teóricos e os práticos que
los de apoio presencial onde o curso for nologias disponíveis”, afirma. podem ser ministrados sem a necessidade
oferecido. “Utilizando-se diversos meios O Engenheiro Eletrônico Uriel Cukier- de ir a laboratórios reais. “Hoje é muito co-
de comunicação e tecnologias, como in- man, especialista em Sistemas de Informa- mum, e diria conveniente, complementar
ternet e televisão, são disponibilizados aos ção e Mestre em Tecnologias da Informação as atividades em aula com atividades fora
alunos os conteúdos teóricos, as ativida- pela Universidade Politécnica de Madrid, da aula por meio de campos virtuais e ou-
des acadêmicas a serem desenvolvidas e explica que, pelas peculiaridades intrínse- tros meios de interação on-line”, destaca
mesmo intensa comunicação entre alunos cas às Engenharias, não existe a possibili- lembrando de experiências promissoras já
e professores. Nos polos, são desenvolvi- dade da criação de cursos na área 100% existentes com laboratórios remotos.

28 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


coordenadores das Câmaras Especializadas do CREA-RS
determinada Instituição de Ensino (IES) não versa, as quais são condição sine qua non ções profissionais dos egressos deste curso,
está apta nem atende integralmente à legis- para que o estudante tenha compreensão que, necessariamente, devem ser Engenhei-
lação vigente, o Ministério terá de cancelar plena de processos geológicos e desenvol- ros, por meio das Resoluções 359/91 e 437/99.
o seu registro – artigo 11 do Decreto 5773/2006 va habilidades técnico-científicas necessá- E, em princípio, a Coordenadoria Nacional
–, ou então a desativação do curso – art. 17 rias à atuação qualificada. Aulas teórico-prá- das Câmaras Especializadas de Engenharia
do Decreto 5622/2005”, alega. ticas de laboratório e de campo com conti- de Segurança do Trabalho já se posicionou
O coordenador ressalta ainda que a CCEEC nuidade e tempo mínimo necessários não contrária aos cursos EaD. É o que afirma o
apresentou uma proposta ao Sistema Confea/ são, nem podem ser, contempladas no EaD, Eng. Nelson A. Burille, coordenador Nacio-
Crea de alteração do artigo 28° parágrafos cujas peculiaridades, intrínsecas ao próprio nal das Câmaras Especializadas de Enge-
2° e 3°, solicitando a inclusão da Engenharia modelo, permitem no máximo que sejam im- nharia de Segurança do Trabalho. “Entre-
Civil no Decreto 5773/2006, para que a cria- plantadas em caráter eventual e desconti- tanto, é notório o crescimento desta moda-
ção de cursos de graduação em Engenharia nuado”, explica. lidade de cursos em todas as áreas do co-
Civil – inclusive em universidades, centros uni- nhecimento. Os cursos pelo EaD são uma
versitários e faculdades – seja submetida à AGRONOMIA realidade que não podemos negar. No en-
manifestação do Sistema Confea/Crea, pre- A Câmara de Agronomia também tanto, creio que devemos estabelecer, cui-
viamente à autorização de funcionamento pe- tem posição nacional absoluta- dadosamente, procedimentos e requisitos
lo MEC, como já é feito para os cursos de Di- mente contrária ao EaD para formação de para o reconhecimento desta modalidade
reito, Medicina, Odontologia e Psicologia. profissionais da modalidade. “Só no RS te- de ensino, principalmente na área da Enge-
mos 25 cursos de Agronomia. No Brasil, são nharia, que há necessidade de aulas práti-
Engenharia Química quase 300, todos presenciais. Esse número cas, além, é claro, dos cursos serem aprova-
Já para o coordenador da Câmara de cursos já é suficiente para formar os pro- dos pelo MEC, obedecendo os critérios es-
Especializada de Engenharia Quími- fissionais que o País necessita. A maioria dos tabelecidos pelo CNE e pelo nosso sistema
ca do CREA-RS, Eng. Quím. Rubens Gehlen, cursos EaD são ‘caça-níqueis’”, opina o Eng. profissional”, ressalta.
que acompanha há algum tempo as discus- Agr. Luiz Pedro Trevisan, Coordenador da
sões dentro do Conselho sobre o ensino de Câmara Especializada de Agronomia. ENGENHARIA FLORESTAL
Engenharia na modalidade EaD, “a modali- “É nisso que estão transformando a edu- A Câmara Especializada de Enge-
dade EaD já é uma realidade e os Conselhos cação no País: um mero negócio. Mais que nharia Florestal do RS ainda não
profissionais devem manter a mesma rotina qualquer outro, o curso de Agronomia ne- discutiu o tema, mas, segundo o
de trabalho – registro, atribuições, etc. – que cessita ser presencial, pois tem muita aula coordenador desta Câmara, Eng.
já existe para os cursos presenciais”, opina. em laboratório, lavouras, campos experimen- Flotal. Luiz Ernesto Grillo Elesbão, a Coor-
Para ele, há um grande grau de desco- tais, culturas em hidroponia, estufas, entre denadoria Nacional desta modalidade tam-
nhecimento da forma de aprendizado desta outros exemplos. Como aprender e praticar, bém não chegou a nenhuma posição. Para
modalidade, de modo independente do cur- por exemplo, disciplinas como topografia, ele, no entanto, que é professor aposenta-
so, em Engenharia, Letras, Pedagogia. “A mo- irrigação, drenagem, georreferenciamento, do, com mais de 30 anos de profissão, a
dalidade EaD tem por característica exigir do classificação do solo, a distância? Portanto, evolução tecnológica já atingiu o ensino.
aluno maior disciplina e atenção aos conteú- consideramos o modelo de educação a dis- “Hoje, é um alto custo para manter o aluno
dos e prazos para que ocorra o aprendizado, tância incompatível com o ensino de Agro- 100% presencial. Somos obrigados a acei-
ou seja, um aluno que faça sua graduação na nomia”, enfatiza. tar vários cursos usando a tecnologia tuto-
modalidade EaD desenvolve uma disciplina rial a distância. Meu receio é com a política
de trabalho que não existe de forma geral no ENGENHARIA de governo desenvolvida, com um Ensino
aluno da graduação presencial”, destaca. INDUSTRIAL Fundamental e Médio de baixa qualidade,
Mas ressalta que existem disciplinas que O Eng. Op. - Mec. Carlos Rober- que atinge também o Ensino Superior. Meu
exigem conhecimento prático em aulas de to Santos da Silveira, coordenador da Câ- questionamento é da expansão universitá-
laboratório. ”O EaD, porém, prevê em seu mara Especializada de Engenharia Industrial, ria. Querem dar título de Engenheiro para
regramento a oferta destes conteúdos de também afirma que a Especializada é total- todo mundo, mas precisamos é de Enge-
forma presencial em locais e horários pre- mente contrária a esta modalidade de ensi- nheiros de qualidade”, defende.
determinados, o que não desqualifica tal mo- no, pois na área Tecnológica e em especial De acordo com ele, é necessário vigiar
dalidade”, finaliza. na Engenharia, o ensino requer o contato os cursos de EaD, pois o MEC não controla
presencial do aluno com os conteúdos das mais a qualidade da formação, dá muito au-
GEOLOGIA E matérias. “Destacamos, neste aspecto, os tonomia e não fiscaliza. “Em Engenharia Flo-
ENGENHARIA ensinamentos de laboratórios. Parece-nos restal, por exemplo, são 665 cursos no País,
DE MINAS que os responsáveis pelas instituições de en- algo que não se justifica com a realidade do
Outro crítico a este tipo de ensino, o coor- sino da área da Engenharia estão muito mais mercado. Mas não podemos ser contrários
denador da Câmara Especializada de Geo- preocupados com o aspecto comercial do ao EaD. É uma realidade e temos que con-
logia e Engenharia de Minas, Geólogo An- ensino do que com a sua qualidade”, justifi- viver com ela. Penso que o EaD é mais difí-
tonio Pedro Viero, entende que o EaD, como ca, lamentando ainda que o Confea não to- cil que o presencial. Agora, se dão diploma
modelo didático-pedagógico, deve ser des- me uma posição decisiva, contrária às im- a todo mundo, cabe ao MEC fiscalizar. E o
cartado na formação destes profissionais. plantações de EaD na área das Engenharias. Sistema tem que cobrar o MEC. Estão lar-
“O EaD detém restrições insuperáveis para “Ao persistir esta situação, sugerimos que, gando Engenheiros que considero analfa-
a formação de Geólogos e Eng. de Minas por aos formandos nesta modalidade, o Confea betos funcionais”, alerta.
conta das especificidades didático-pedagó- estipule um exame tipo o aplicado pela OAB,
gicas que os cursos apresentam. Ambas são para somente aos aprovados neste conce- ENGENHARIA ELÉTRICA
profissões que abrangem áreas de conheci- der as respectivas habilitações”, finaliza. O Coordenador da Câmara Espe-
mento cujo aprendizado se consolida por cializada de Engenharia Elétrica, Eng.
meio de atividades didáticas continuadas de SEGURANÇA Op.-Eletr. Sérgio Boniatti, também
laboratório, que demandam infraestrutura DO TRABALHO ressalta que a questão do ensino a distância
de equipamentos e materiais específicos que O curso de especialização, em nível de pós-­ é uma realidade e que está implantada no
são cada vez mais sofisticados tecnologica- graduação, em Eng. de Segurança do Tra- Brasil. “Entendemos que cursos como En-
mente”, justifica. balho é o único que gera atribuições profis- genharia Elétrica deveriam ter as aulas de
Segundo Viero, o ensino laboratorial só sionais reconhecidas por lei. Por meio do laboratório de forma presencial, pois a prá-
pode ser executado com professor e alunos Parecer nº 19/87 do Conselho Federal de tica sem a evidência fica seriamente com-
presentes e interagindo de forma intensa e Educação do MEC, estabeleceu-se uma car- prometida. No entender da Câmara de Eng.
direta. “Somam-se às aulas teórico-práticas ga horária mínima de 600 horas – o dobro Elétrica, o Sistema Confea/Crea deveria ins-
laboratoriais as atividades didáticas de cam- de qualquer outra especialização – e disci- tituir algum tipo de prova, para aferir o co-
po, onde são realizadas visitas a afloramen- plinas. Posteriormente, o Confea, conforme nhecimento do egresso de EaD, para só en-
tos de terrenos geológicos de natureza di- esses dispositivos legais, definiu as atribui- tão fornecer a carteira e registro”, aponta.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 29


ENSINO A DISTÂNCIA

UFSCAR
A Comissão de Ensino e Atribuição Profissional do Crea-SP se manifestou ao Confea sobre
cursos EaD, afirmando que “o modelo que as Câmaras Especializadas apoiam no modo EaD é o
que dispõe o Curso de Engenharia Ambiental da UFSCar”. Na imagem, juramento da primeira
turma formada (UFSCar, abril de 2013)

Experiência pioneira da
Universidade Federal de São Carlos
Primeira instituição pública de ensino nibilidade média de 20 a 25 horas para es-
superior a oferecer um curso na modalidade tudos semanais, considerando, também, a
a distância no Brasil, a Universidade Federal frequência em atividades presenciais nos
de São Carlos (UFSCar) formou, em 2013, a polos de apoio. No caso do nosso curso, is-
sua primeira turma de Engenheiros Ambien- so implica a oferta simultânea de um máxi-
tais. No total, 34 alunos dos polos de apoio mo de três disciplinas. Assim, nosso curso,
presencial de Itapetininga (SP), Jales (SP), que, inicialmente, previa possibilidade de
Pato Branco (PR) e São José dos Campos integralização em cinco anos (dez módu-
(SP) colaram grau. Coordenador do curso los), teve sua duração ampliada para seis
até o início deste ano, o Prof. Dr. Ruy de anos (doze módulos). E o aluno deve estar
Sousa Júnior ressalta a preocupação com a ciente de que o curso a distância exige dis-
qualidade da formação oferecida pela uni- ciplina e organização.”
versidade. “Obviamente que, em se tratan-
do de Engenharia, deve-se assegurar que o
curso contemple um conjunto significativo O uso intensivo da internet gera a necessidade
de atividades práticas, além da teoria. E nós de uma ambientação específica, o chamado
temos buscado satisfazer tal exigência”, re- Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA), que é utilizado por 93%
lata. Assim, os conteúdos como os de Física, das instituições
Química, Informática e Biologia são minis- pesquisadas
trados nos polos presenciais. “Nossos polos pelo Relatório
apresentam estrutura compatível para a rea-
lização de atividades práticas presenciais.
Além disso, temos investido em weblabs (la-
boratórios por acesso remoto, pela web) e
laboratórios móveis, para consolidação da
estrutura laboratorial do curso”, explica.
São os professores que ficam respon-
sáveis pela produção de conteúdo para os
materiais didáticos, sendo a estrutura mul-
tidisciplinar composta por docentes, tuto-
res e corpo técnico-administrativo e peda-
gógico. Já a infraestrutura de apoio, na
UFSCar e nos polos, dispõe de secretarias,
bibliotecas e laboratórios. “A avaliação da Na visão do mercado de trabalho
aprendizagem dos alunos é contínua, rea- Embora já existam opções de cursos de Engenharia com formação a distância, a
lizada virtual e presencialmente. Temos uma headhunter Rovena Chaves diz que, usualmente, não recebe currículos com tal for-
secretaria, diretamente vinculada à Reito- mação. Atuando na área de RH há 25 anos, refere que ainda existe certo preconceito
ria, que é responsável por executar as po- por parte de algumas empresas com os profissionais formados na modalidade. Por
líticas, apoiar o desenvolvimento e a imple- sua experiência em recrutamento e seleção de profissionais especializados, afirma
mentação de ações mediante propostas que há empresas que definem como mandatório a formação presencial para contra-
educacionais inovadoras e a integração de tação. “Penso que há dúvidas acerca da formação em EaD não ser tão robusta como
novas tecnologias de informação e comu- a dos cursos presenciais”, pressupõe.
nicação, voltadas para o EaD”, afirma. Ainda assim, acredita que o maior problema aos futuros profissionais reside na
Ruy destaca que a democratização do qualidade e no renome da escola escolhida para cursar a graduação, independente-
conhecimento trazida pelo EaD estimula mente do formato de curso realizado. “Recebemos currículos de faculdades que mal
pessoas que trabalham ou que apresentam conhecemos o nome e, quando vamos pesquisar, estas têm notas baixíssimas nas
outra dificuldade pessoal para realizar um avaliações do MEC”, lamenta. Rovena considera que esse suposto “preconceito” com
curso presencial a buscar uma formação de os egressos dos Sistemas EaD deve se dissipar com o tempo. “Certamente, terá peso
nível superior, e esta também deve ser uma um aluno egresso do ensino a distância de uma universidade como a Universidade
preocupação na montagem do currículo. de São Paulo, por exemplo. O nome da universidade impacta bastante.”
“Tal perfil de aluno caracteriza uma dispo-

30 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


CURSOS&EVENTOS

“CENSURA PÚBLICA
POR INFRAÇÃO À ÉTICA
29º Congresso Brasileiro de Agronomia PROFISSIONAL”
O XXIX CBA, que ocorrerá entre os dias 04 e 07 de agosto O CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA
deste ano, na cidade de Foz do Iguaçu (PR), terá como te- DO RIO GRANDE DO SUL (CREA-RS), órgão de fiscalização do
ma central os Desafios e as Oportunidades Profissionais que exercício profissional, no uso das atribuições que lhe confere a
os Engenheiros Agrônomos de todo o País têm pela frente. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, torna pública a pena
Durante o evento, acontecerá também a ExpoAgro, uma fei- de CENSURA PÚBLICA imputada ao Engenheiro Mecânico e de
ra onde os participantes poderão manter um contato mais Segurança do Trabalho RICARDO SABINO DA SILVA, registrado
no CREA-RS sob o nº RS130873-D, nos termos dos artigos 71 e
aproximado com as entidades participantes do Sistema Con-
72 da referida Lei Federal, por infração ao disposto no artigo 10º,
fea/Crea/Mútua e das empresas do setor agronômico. As
Inciso I, Alínea “a”, c/c art. 13 do Código de Ética Profissional do
inscrições podem ser feitas no site: http://www.cba-agro- Engenheiro e do Engenheiro Agrônomo, adotado pela Resolu-
nomia.com.br/inscri%C3%A7%C3%B5es. ção nº 1002, de 26 de novembro de 2002, do Confea, por des-
cumprir voluntária e injustificadamente com os deveres de ofício,
Investigações Geotécnicas segundo consta no processo administrativo nº 2012018546.
Porto Alegre, 8 de abril de 2015.
O curso tem o objetivo de apresentar os procedimentos téc- Eng. Civil Melvis Barrios Junior
nicos para investigações geotécnicas de campo e laborató- Presidente do Crea-RS
rio através de uma linguagem adequada aos profissionais
de engenharia, arquitetura e outros envolvidos com o as-
sunto. Para isso, serão abordados desde a contratação dos
serviços geotécnicos até a programação e o acompanha- “CENSURA PÚBLICA
mento dos trabalhos em campo e laboratório. Este encontro POR INFRAÇÃO À ÉTICA
acontecerá no Senge/RS (Av. Erico Verissimo, 960, Porto PROFISSIONAL”
Alegre), nos dias 21 e 22 de agosto. Mais informações e ins-
crições, no site http://www.gersoncursos.com.br/ O CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA
DO RIO GRANDE DO SUL (CREA-RS), órgão de fiscalização do
exercício profissional, no uso das atribuições que lhe confere a
10º Prevesst Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, torna pública a pena
de CENSURA PÚBLICA imputada ao Técnico em Agropecuária
A Associação Sul-Rio-Grandense de Engenharia de Seguran- PAULO ROBERTO DOS SANTOS, registrado no CREA-RS sob o
ça (Ares) realizará, nos dias 6 e 7 de agosto, o 10º PREVESST nº RS094018-TD, nos termos dos artigos 71 e 72 da referida Lei
(Encontro Sul Riograndense de Prevenção, Segurança e Saú- Federal, por infração ao disposto no artigo 8º, Inciso VI do Có-
de do Trabalho), no auditório do Centro de Eventos do Pa- digo de Ética Profissional do Engenheiro e do Engenheiro Agrô-
vilhão, onde acontecerá a Construsul – feira profissional nos nomo, adotado pela Resolução nº 1002, de 26 de novembro de
Pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo, RS. Paralelo ao 2002, do Confea, por permitir que empresa que comercializa
evento, irá ocorrer um Workshop das Coordenadorias das agrotóxicos pudesse utilizar formulário de Receita Agronômica
sem sua real participação, caracterizando, assim, o empréstimo
Câmaras Especializadas de Engenharia de Segurança do Tra-
de seu nome (acobertamento), colocando em risco o desenvol-
balho do Sistema Confea/Crea. Para mais informações: aces-
vimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus
se “http://www.nneventos.com.br” www.nneventos.com.br valores, segundo consta no processo administrativo nº 2010041399.
ou entre em contato pelo e-mail: “mailto:ares@ares.org.br”
Porto Alegre, 11 de maio de 2015.
“mailto:atendimento@nneventos.com.br” atendimento@
nneventos.com.br ou pelo telefone (51) 3222.9063/3395.4731. Eng. Civil Melvis Barrios Junior
Presidente do Crea-RS

Curso Método dos Elementos Finitos –


Análise Estática
“CENSURA PÚBLICA
O programa de Pós-Graduação em Projeto e Processos de POR INFRAÇÃO À ÉTICA
Fabricação da Universidade de Passo Fundo (ppgPPF), em
parceria com o Núcleo de Cálculos Especiais (NCE), oferece
PROFISSIONAL”
o curso de Elementos Finitos MEF 1 – Análise Estática, com O CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA
40 horas de duração. O curso aborda a teoria do Método DO RIO GRANDE DO SUL (CREA-RS), órgão de fiscalização
dos Elementos Finitos (MEF), aprofundando conceitos e apli- do exercício profissional, no uso das atribuições que lhe con-
fere a Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, torna pública
cações. O curso será realizado do dia 16 a 22 de julho na
a pena de CENSURA PÚBLICA imputada ao Técnico em Agro-
Universidade de Passo Fundo. Informações podem ser ob-
pecuária JACKSON ALÃ SCHNEIDER, registrado no CREA-RS
tidas pelo e-mail cursosulmef@gmail.com sob o nº RS144846-TD, nos termos dos artigos 71 e 72 da re-
ferida Lei Federal, por infração ao disposto no artigo 8º, Inciso
Congresso de Geologia de VI do Código de Ética Profissional do Engenheiro e do Enge-
Engenharia e Ambiental nheiro Agrônomo, adotado pela Resolução nº 1002, de 26 de
novembro de 2002, do Confea, por permitir que empresa de
revenda de agrotóxicos pudesse utilizar formulário de Receita
Com o tema central “Geologia de Engenharia e Ambiental
Agronômica com a sua assinatura e “em branco”, caracteri-
em Áreas Urbanas”, o 15º Congresso Brasileiro de Geologia zando, assim, o empréstimo de seu nome sem sua real parti-
de Engenharia e Ambiental será realizado entre os dias 18 cipação (acobertamento), colocando em risco o meio ambien-
e 21 de outubro, em Bento Gonçalves (RS). Um dos maiores te, segundo consta no processo administrativo nº 2012018550.
desafios para a Geologia de Engenharia continua sendo a Porto Alegre, 11 de maio de 2015.
harmonização da ocupação humana com as potencialidades
Eng. Civil Melvis Barrios Junior
e restrições do meio físico, principalmente nas grandes me- Presidente do Crea-RS
trópoles. Informações: www.abge.org.br/cbge2015/

Conselho em revista • MAiO/junho’15 31


NOVIDADES TÉCNICAS

Especial
Brasil – Alemanha
Tecnologias alemãs
em gestão de resíduos
sólidos são apresentadas
em Porto Alegre
De acordo com o relatório da Eurostat,

Arquivo CREA-RS
órgão de estatísticas da União Euro-
peia (UE), a Alemanha é considerada
um dos seis países mais eficientes na
gestão de resíduos da União Europeia.
Uma das pioneiras aqui no Rio Grande
do Sul no desenvolvimento dessas tec-
nologias, a Proamb, por exemplo, im-
plantou em Bento Gonçalves, há 15 anos,
um aterro para resíduos industriais, com
células triplamente impermeabilizadas,
cobertas e fechadas, não permitindo
contato da água da chuva com os re-
síduos. Com o objetivo de disseminar
Palestrantes alemães compartilham know-how em gestão de resíduos: da esquerda para a
ainda mais modelos como este aos pro- direita, Matias Rapf, PhD Gerold Hafner, Dominik Leverenz e Dr. Erwin Thomanetz
fissionais gaúchos, a Proamb promo-
veu o I Encontro Técnico Brasil – Ale-
manha: Tratamento de Resíduos, entre Tecnologia para
os dias 25 e 26 de março. A Conselho reduzir a produção de
em Revista participou do evento e se- resíduos alimentares
lecionou alguns destes modelos.
Software que ajuda a controlar a quan-
tidade de resíduos de alimentos gerados

Banco de dados na gastronomia foi desenvolvido a partir


de uma pesquisa realizada na Universidade
do inventário de de Stuttgart, na Alemanha, que mapeou as
ciclo de vida áreas de geração de resíduos. Tudo come-
çou em uma tese de mestrado, na qual o En-
Apresentado pelo Engenheiro Civil
genheiro Ambiental Dominik Leverenz analisou
Gerold Hafner, o Centro de Inventários
Software ferramentas que pudessem ajudar na redução e
do Ciclo de Vida (Ecoinvent) é um Cen-
desenvolvido no monitoramento deste tipo de resíduos. Daí sur-
tro de Competências multidisciplinar, pelo Engenheiro
Ambiental giu o aplicativo, o qual funciona por meio de uma balan-
desenvolvido em parceria com diver-
Leverenz é ça conectada a uma tela sensível ao toque, em que o funcionário do
sos Institutos da Europa e que tem conectado a
uma balança restaurante preenche as informações referentes à quantidade, ao
como finalidade descobrir métodos
tipo de alimento e ao motivo do descarte. Também é possível fazer
de avaliação para prever principais lo-
as contas de quanto em dinheiro isso representa, apenas colocando
cais e as maiores quantidades de re-
o valor do produto. Podem ainda ser contabilizadas embalagens uti-
síduos que serão gerados daqui a 20
lizadas na cozinha como latas, bandejas, plásticos, entre outras.
anos. Atuando no desenvolvimento e
“A visualização das quantidades e a sensibilização com o conhe-
na implementação da gestão de resí-
cimento de qual produto estão produzindo demais são fatores que
duos perigosos do Ecoinvent, o Enge-
contribuem para a mudança de comportamento dos funcionários
nheiro Hafner chama a atenção para
ao preparar as refeições”, afirma Leverenz. “Em um hotel, depois de
o interesse de outros países, entre eles
quatro meses de utilização, notou-se a redução de 76% de restos de
o Brasil. “As informações formarão um
comida descartados no café da manhã, o que equivale a 71% a me-
banco de dados sobre a análise do ci-
nos nos custos”, avalia o Engenheiro sobre os impactos que o apli-
clo de vida, em que os interessados
cativo pode proporcionar na rotina de trabalho dos restaurantes.
poderão acessá-lo para tentar encon-
A ideia, que já está sendo utilizada em diversos hotéis e restau-
trar a melhor solução na gestão des-
rantes da Alemanha, já chegou a Bogotá, na Colômbia, e em breve
ses recursos. É um aprendizado que
deve se estender aos lares quando o aplicativo for disponibilizado
o Brasil poderia aproveitar”, analisa.
para smartphones e tablets.

32 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Grupo de
Engenharia da
UFRGS fabrica

Fundação Proamb
núcleo de estator
com menos
Além de visitas técnicas na Central de Disposição de Resíduos e no Coprocessamento de Resíduos, da
desperdício de
Fundação Proamb (foto), e no aterro urbano da empresa Codeca, de Caxias do Sul, os engenheiros
alemães trocaram experiências com técnicos da Fepam
materiais
O Engenheiro de Controle e Auto-
Rapid Planning mação Felipe Guimarães Ramos, junto
com o Grupo de Desenvolvimento de
Entre as consequências do crescimento desenfreado das cidades, está a maior produção de
Energias Renováveis do Laboratório
resíduos. Como forma de propor soluções para este e outros problemas que envolvem a in-
de Transformação Mecânica da UFRGS
fraestrutura de megacidades, o governo alemão iniciou neste ano o projeto Rapid Planning,
(LdTM), fabricou um núcleo de estator,
que tem como objetivo oferecer ferramentas avançadas para acelerar os processos de plane-
parte de um motor ou gerador elétri-
jamento e execução de cidades com crescimento ultrarrápido. Este foi o projeto que será de-
co, de uma máquina síncrona trifásica
senvolvido durante os próximos cinco anos, apresentado pelo professor Dr. e Eng. Químico
utilizando liga de ferro com 2% de fós-
Erwin Thomanetz, que trabalha na parte que envolve a administração dos resíduos sólidos.
foro (Fe2%P). Para fabricar o equipa-
mento, o Engenheiro utilizou o proces-
so de metalurgia do pó com menos des-

Recuperação do fósforo perdício de materiais em comparação


ao processo mais usual de laminação.
Já o Engenheiro Ambiental Matias Rapf está trabalhando em um projeto que recupera o fósforo
O grupo, que é coordenado pelo
do lodo gerado em estações de tratamento de efluentes sanitários. De acordo com ele, o dife-
Engenheiro Mecânico, Doutor em Con-
rencial do processo é o resgate do elemento em sua forma fundamental, enquanto em outros
formação Mecânica, Prof. Lirio Schaef-
processos a presença de poluentes possibilita o resgate apenas da forma reduzida, o fosfato, “que fer, já pesquisava havia um longo tem-
não tem tanta serventia para a indústria”, alega. Para isso, foi desenvolvida uma planta em tama- po as ligas que poderiam ser aplicadas
nho-piloto em que os poluentes são separados por meio do aquecimento. “Dentro da planta, o neste núcleo. Em seu trabalho de con-
fosfato se reduz para fósforo em uma temperatura extremamente alta, 1.700°C”, explica Rapf. clusão de curso pela PUCRS, o Eng.
Contato: Fone (54) 3055.8700 | e-mail: proamb@proamb.com.br Felipe Ramos já desenvolvera um ge-
rador síncrono utilizando apenas peças
Arquivo CREA-RS
recicladas de HDs de computador. “Foi
possível testar na prática o comporta-

Inovação no cultivo mento da máquina e comparar seu de-


sempenho com a máquina comercial.

de hortaliças Dessa forma, conseguimos direcionar


as futuras pesquisas em ligas para tor-
Quem acha que é necessário morar no cam- nar as máquinas elétricas eficientes,
po ou ter um grande espaço em casa para cul- com custo mais acessível e com menor
tivar uma horta está enganado. Agora, até mes- desperdício de material”, afirma.
mo quem mora em apartamento e não tem mui- O gerador, que pode ser emprega-
to tempo livre pode ter vegetais e hortaliças do em aerogeradores de pequeno por-
frescas em sua própria cozinha. A solução está te, serve para converter a energia ci-

em um plantário automático, desenvolvido pe- nética criada pelo vento em energia


elétrica que pode servir como fonte de
los Engenheiros Mecânicos Bernardo Mattioda,
energia para ligar lâmpadas, compu-
George Haeffner e Thomas Kolmann.
tadores, geladeiras, entre outros equi-
De acordo com Mattioda, a ideia surgiu de- Plantário permite o cultivo de qualquer
espécie de planta ou hortaliça pamentos. Ramos explica que o fun-
vido à dificuldade de encontrar alimentos orgâ-
cionamento do gerador utiliza ímãs que
nicos e à vontade de montar um negócio próprio. “A gente observou que os alimentos
giram e passam rapidamente pelas bo-
cultivados no campo perdiam muito o sabor até chegar aqui. O plantário surgiu disso. É a
binas paradas localizadas no estator.
possibilidade de colher na tua própria cozinha um alimento totalmente orgânico, propor-
“Basicamente, cada vez que esse cam-
cionando um prato com sabor e qualidade diferenciados”, conta Mattioda.
po magnético passa por esses condu-
O equipamento comporta até seis vasos de plantas de qualquer espécie, e seu funcio-
tores (bobinas) em determinada velo-
namento se dá por meio da energia elétrica com um sistema totalmente automático. “A
cidade, induz uma tensão elétrica entre
gente tenta recriar no plantário um ambiente perfeito para o cultivo de vegetais com ilu-
os terminais do condutor e, após ser
minação que simula a luz do sol, ventilação para que o alimento esteja sempre fresco e ir-
retificada, essa energia pode ser arma-
rigação automatizada que dosa a quantidade exata de água”, esclarece. Além disso, na
zenada em baterias ou ser ‘injetada’ di-
compra do equipamento, é fornecida a terra que será utilizada nos vasos. “O substrato é
retamente na rede elétrica”, esclarece.
totalmente orgânico e possui todos os nutrientes e minerais que a planta necessita para
Contato: felipe.guiramos@gmail.com
um correto desenvolvimento”, complementa. Fonte: http://www.ufrgs.br/ldtm/pesquisa/
O aparelho está disponível em duas lojas em Porto Alegre e também pode ser adqui- Resumo%20para%20site-Felipe%20ramos.pdf
rido no site: www.plantanario.com.br.
Contato: Eng. Bernardo Mattioda – contato@plantanario.com.br | bernardo@plantanario.com.br
Conselho em revista • MAiO/junho’15 33
ARTIGOS

Ensino a Distância (EaD) para Engenharias:


Solução ou Problema
engenharia civil

O artigo reflete o posicionamento de toda a Câmara de Engenharia Civil do CREA-RS.

O Brasil não é conhecido pela habilidade de criar As argumentações em defesa do EaD no Brasil são
produtos, sendo esta afirmativa um atestado da neces- baseadas em uma série de erros de avaliação ou de
sidade de se levar mais a sério a formação de um pro- desconhecimento do porquê a realidade é como é. Uma
fissional básico para o desenvolvimento: o Engenheiro. constante nas justificativas do EaD é a necessidade de
Na Coreia do Sul, dos 125 mil profissionais que tra- professores no País, em especial de professores para o
balham com pesquisa, 90 mil são Engenheiros e Técni- Ensino Médio e as séries finais do Ensino Fundamental.
cos com formação ligada à Engenharia. Não é à toa que Não é verdade que não existam professores em quan-
o país concentra algumas das maiores empresas de pon- tidade suficiente para atender à demanda: eles e elas
ta em seus setores no mundo, como a Samsung, em existem, mas cerca de um milhão de pessoas (70% das
eletrônica, e a Hyundai, nos automóveis. Nos Estados pessoas que concluíram cursos de licenciatura) está fo-
Unidos, estão seis das dez melhores faculdades de En- ra das salas de aula, devido às condições de trabalho,
genharia do mundo e a sede de empresas como HP, ao baixo prestígio da profissão, ao desrespeito profis-
Boeing e Apple. Lá, são 750 mil os pesquisadores de- sional que sofrem até mesmo por parte das pessoas
bruçados sobre novos produtos – dois terços deles, En- responsáveis pela execução das políticas educacionais
genheiros. Neste contexto, no Brasil e no mundo, qua- do País e às condições salariais.
se tudo que nos cerca hoje é resultado direto da inova- Outro argumento também repetido na defesa do
ção de um Engenheiro. Automóveis, aviões, computa- EaD se baseia na hipótese de que as pessoas não têm
dores, celulares e vacinas existem não apenas porque acesso à educação presencial, o que torna necessário
os governos legislaram ou as empresas produziram, mas implantar o EaD. Ora, o EaD está sendo oferecido ba-
porque os engenheiros tiveram ideias novas e ousadas sicamente à população urbana, não havendo, desse mo-
e fizeram o trabalho duro para torná-las reais. do, o problema da distância. Se as pessoas não têm
Neste sentido, entre os vários desafios, um de maior acesso ao ensino presencial, não é por dificuldade de
monta é de se aprimorar a qualidade do ensino, que só deslocamento, falta de tempo ou qualquer outra razão
se resolve com trabalho duro. A melhoria requer não ape- equivalente. A principal razão para explicar a “dificul-
nas a revisão do currículo dos cursos como também me- dade de acesso” é a simples inexistência de vagas nas
didas na base da educação nacional: a criação de condi- universidades no Brasil, e muitos dos estudantes ma-
ções para que estudantes com aptidão para matemática triculados em cursos a distância residem em municípios
e ciências possam florescer desde a infância, pois faltam ou mesmo em bairros onde há instituições públicas de
professores de exatas e há muita gente despreparada ensino superior presencial e de qualidade, mas que não
lecionando nos níveis Fundamental e Médio. Essa defi- oferecem vagas em quantidade suficiente. Se há jovens
ciência na formação, que ainda pode ser somada a ou- interessados e preparados que querem frequentar cur-
tras (leitura, por exemplo), impedirá que qualquer even- sos superiores e não podem fazê-lo por razões econô-
tual reforma produza resultados na escala esperada. micas, devem ser usados instrumentos adequados de
No momento atual, em face da situação relatada, o gratuidade ativa que os permitissem frequentar cursos
Ensino a Distância (EaD) surge como um projeto “salva- presenciais. O retorno social e econômico seria muito
dor”. Enfatize-se que, nos processos de estudo, ensino e maior do que oferecer EaD.
aprendizado, não devemos abrir mão de nenhuma possi- Entre os problemas do EaD, estão a quase inexistên-
bilidade: aulas expositivas, laboratórios, estudos indivi- cia da possibilidade de programas de iniciação científi-
duais ou em grupo, apostilas, listas de exercício, visitas a ca e a falta de perspectiva de prosseguir os estudos em
indústrias e canteiros de obras, consultas a bibliotecas, nível de pós-graduação. No EaD, muito provavelmente
etc. Os instrumentos de Ensino a Distância (Ead), sejam os estudantes também não terão acesso fácil a boas bi-
na forma de e-mails, telefonemas, sites, vídeos, sons, am- bliotecas, nem ao necessário contato pessoal com ou-
bientes virtuais, blogs, etc., também podem e já são usa- tros estudantes e professores da mesma área, e muito
dos em muitas universidades brasileiras. Portanto, não há menos com estudantes e professores de áreas diferentes
nada contra o ensino a distância como um instrumento a (ao frequentarem disciplinas optativas ou encontrá-los
mais que possa favorecer o processo de aprendizado. nos espaços comuns, por exemplo), coisas fundamentais
No entanto, isso que foi dito anteriormente nada e uma das características essenciais das universidades.
tem a ver com a forma que o EaD se instalou no Brasil. No ambiente universitário presencial ocorre uma sé-
No atual contexto brasileiro, o EaD não é algo a mais rie de atividades extremamente importantes para a for-
para se oferecer aos educadores e educandos, mas al- mação geral, tais como seminários, debates, cursos de
go que pretende substituir o ensino presencial. extensão, diversas programações culturais, além da pos-

34 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


sibilidade de se frequentar uma enorme gama de dis- poderá comprometer gravemente a qualidade da for-
ciplinas. Essas atividades, bem como as aulas práticas mação dos Engenheiros de que o País precisa. Os di-
e de laboratório são inexistentes ou muito raras no EaD. versos países que usam o EaD, em proporções muito
O ambiente universitário oferece também oportu- inferiores ao brasileiro, o fazem direcionando essa for-
nidades importantes para estudantes provenientes dos ma de ensino àqueles que realmente não podem ter
segmentos menos favorecidos (e que serão os princi- acesso ao ensino presencial, como prisioneiros, pessoas
pais usuários do EaD), como o acesso a práticas espor- impossibilitadas de locomoção, aqueles que trabalham
tivas, alimentação subsidiada, atendimento médico e em tempo integral, militares engajados, entre outros.
odontológico, estágios renumerados, entre várias ou- Ainda no que diz respeito à qualidade do ensino que é
tras. No EaD, essas coisas ou não existem ou são de oferecido na modalidade da EaD, como tem ocorrido
difícil acesso. em outros segmentos da educação brasileira submeti-
O EaD pressupõe que o processo de ensino e apren- dos a um forte processo de privatização, também na
dizado ocorra, majoritariamente, em casa. Ora, o am- EaD já podem ser verificados sintomas de descontrole
biente de moradia não é, em geral, um bom ambiente que se traduzem em uma crescente submissão das ati-
de estudo, em especial para jovens das camadas menos vidades de natureza didático-pedagógica a interesses
favorecidas, para os quais uma moradia isolada e silen- puramente mercantis. Não são poucos os casos em que,
ciosa é algo simplesmente inexistente. As aulas presen- sob o argumento da excelência e das possibilidades de
ciais, nas quais os estudantes ficam imersos em um – e certificação permitidas por recursos tecnológicos de
apenas um – assunto, são fundamentais no processo de ponta, empresas sem compromissos efetivos com pro-
ensino e aprendizado. jetos educacionais lançam-se em aventuras meramen-
Adotar o EaD como substituto do ensino presencial te comerciais, com evidente prejuízo tanto para a legi-
timação social da própria EaD quanto para o trabalho
docente aí desenvolvido.
Neste contexto, a Câmara Especializada de Enge-
nharia Civil do CREA-RS entende que o EaD surge co-
mo uma aparente alternativa, na verdade, um desvio,
que levará a reduzir, ainda mais, o aproveitamento da
capacidade intelectual de nossos jovens e não resolve-
rá o problema da exclusão, apenas mudará a forma pe-
la qual ela ocorre. Não é preciso ser um especialista em
Brasil para perceber que o EaD é destinado aos mais
pobres e cujos filhos terão professores formados, tam-
bém, a distância. Com certeza, não é isso que o Siste-
ma Confea/Crea deseja.

Carlos André Bulhões Mendes


Engenheiro Civil
Conselheiro da Câmara Especializada de Engenharia Civil

Conselho em revista • MAIO/JUNHO’15 35


ARTIGOS

Agricultura Conservacionista –
Economicidade e Disponibilidade de Água
agronomia

A erosão hídrica do solo é resultante da interação tante da deposição de fertilizantes no sulco de semea-
entre energia erosiva da chuva, suscetibilidade do solo dura ou na superfície do solo e da semeadura “morro
à erosão, comprimento do declive, declividade do ter- acima-morro abaixo”, tem propiciado, com frequência
reno, manejo de culturas e obras hidráulicas conserva- alarmante, erosão em sulcos e entre sulcos, em lavou-
cionistas. Enquanto os fatores chuva e feições do rele- ras manejadas sob SPD.
vo compõem a energia que produz erosão, os demais Objetivando minimizar estes efeitos danosos, foi de-
fatores compõem as forças dissipadoras da energia ero- senvolvida uma nova técnica para dimensionar terra-
siva. Assim, a erosão é trabalho mecânico, resultado da ços, com espaçamentos, vertical e horizontal, sensivel-
dissipação parcial da energia incidente sobre o solo. mente maiores que aqueles até então projetados. A
Embora o manejo de culturas seja eficaz em dissi- técnica, denominada de “Terraço for Windows”, baseia-­
par a energia erosiva da chuva, apresenta limites em se na máxima chuva esperada, para tempos de duração
que esta eficácia é superada, permitindo a ocorrência e retorno estipulados, no tipo de solo, na taxa de infil-
de erosão. Mantendo-se constantes os fatores relacio- tração de água no solo, na declividade do terreno, no
nados à erosão e aumentando-se apenas o compri- manejo das culturas e na altura do camalhão do terraço
mento do declive, tanto a intensidade quanto a velo- que se deseja construir.
cidade da enxurrada produzida aumentarão, elevando A validação desta técnica foi realizada em 1997, em
o risco de erosão. uma gleba de terra de 149 hectares, da fazenda Semen-
A cobertura vegetal do solo, observada no Sistema tes Falcão, em Sarandi (RS), que, na época, já era ma-
Plantio Direto (SPD), não é condição suficiente para nejada sob SPD havia 12 anos e se encontrava estrutu-
conter a erosão. Ainda que apresente potencial para rada com terraços de base larga, com gradiente. No di-
dissipar em 100% a energia de impacto da gota de chu- mensionamento da obra, a chuva máxima esperada, pa-
va, não é eficaz para dissipar a energia cisalhante da ra o tempo de retorno de 15 anos, foi estimada em 130
enxurrada. A partir de certo comprimento de declive, mm em 24 horas, e a taxa de infiltração de água no solo
o potencial de dissipação da energia cisalhante é su- foi avaliada em 68 mm/h. Os terraços de base larga, sem
perado, possibilitando flutuação e transporte dos res- gradiente, foram projetados com camalhão de 0,45 m
tos culturais e erosão em sulcos e entre sulcos sob a de altura e espaçamento horizontal de até 110 m, para
cobertura. Portanto, toda a prática conservacionista, declividades de 0 a 4%, e de 40 m, para declividades em
capaz de manter o comprimento do declive restrito ao torno de 20%. O espaçamento entre terraços estabele-
limite do potencial da cobertura do solo em dissipar a ceu faixas com área superior a 40 hectares, contestando
energia erosiva, contribuirá para reduzir o processo a magnitude dos prejuízos decorrentes dos terraços no
erosivo. O terraço é obra hidráulica comprovada e efi- rendimento operacional das máquinas agrícolas.
caz para segmentar topossequências e reduzir a ener- A construção dos novos terraços exigiu sistemati-
gia cisalhante incidente. zação da lavoura, eliminando-se voçorocas, canais es-
Em decorrência de observações empíricas, difundiu-­ coadouros, estradas inadequadas e os terraços presen-
se a ideia de que o SPD prescinde de obra hidráulica tes na área, resultando na agregação de 14 hectares à
para conter a erosão. Assim, em lavouras manejadas sob área cultivada.
SPD, os terraços foram suprimidos, e a semeadura pas- A técnica “Terraço for Windows” teve validação
sou a ser realizada de forma paralela à maior dimensão imediata à construção dos terraços, dada a ocorrência
da lavoura, independentemente do sentido do declive. do fenômeno “El Niño”. Em 10/10/1997, choveu 142
O potencial erosivo da enxurrada foi negligenciado. mm em 24 horas, gerando transbordamento em alguns
As razões determinantes deste equívoco encontram terraços, pois a obra havia sido projetada para supor-
argumentos na redução da concentração de sedimen- tar chuvas de até 130 mm em 24 horas. Porém, em
tos sólidos em suspensão na enxurrada e no ganho ope- 30/10/1997, choveu 125 mm em 24 horas, e nenhum
racional das máquinas agrícolas na ausência de terra- terraço transbordou.
ços. Neste contexto, é perceptível que o incipiente co- Sete anos após a implantação dos terraços, consta-
nhecimento relativo à mecânica da erosão prejudicou tou-se que a única perda de nutrientes da lavoura era
e vem prejudicando a adoção de práticas conservacio- devido à exportação pelos grãos colhidos, e que os teo-
nistas, com expectativa de promoverem uma agricul- res de fósforo (P) e potássio (K), por exemplo, aplica-
tura irrepreensível, mormente pelo descaso dedicado dos em cada safra, haviam atingido valores muito acima
ao manejo da enxurrada. A magnitude deste problema, dos níveis críticos. Estes dados induziram ao cultivo de
agravado pela ocorrência de erosão de solutos, resul- cinco safras consecutivas, de soja, trigo e aveia branca,

36 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Terraço base larga em nível

sem adubação com P e K, objetivando usufruir os bene-


fícios gerados pela adoção da agricultura conservacio-
nista. A produtividade de grãos se manteve estável, e a
economia com fertilizantes superou um milhão de reais.
A reaplicação de calcário ocorreu 14 anos após a
implantação dos terraços, representando a supressão
de, pelo menos, quatro calagens no período, e a adu-
bação vem sendo regida pela técnica da reposição dos
nutrientes exportados pela colheita.
Neste ano de 2015, comemoram-se 18 anos que a
totalidade das águas das chuvas infiltra no solo da fa-
zenda, produzindo água útil, que nutre as plantas, abas-
tece o lençol freático e drena, via subsolo, para poços
rasos e profundos, nascentes e mananciais de superfície.
Agricultura Conservacionista – caminho para o me-
lhor resultado econômico da lavoura e maior disponi-
bilidade de água às plantas e à humanidade.

José Eloir Denardin Jorge Lemainski


Eng. Agrônomo, mestre em Hidrologia Aplicada e doutor em Eng. Agrônomo, mestre em Ciências Agrárias:
Solos e Nutrição de Plantas, pesquisador da Embrapa Trigo Gestão de Solo e Água, analista da Embrapa Trigo
E-mail: jose.denardin@embrapa.br E-mail: jorge.lemainski@embrapa.br

Conselho em revista • MAIO/JUNHO’15 37


ARTIGOS

Smart Grid: Um Novo Conceito em Redes Elétricas


I. INTRODUÇÃO Dentre os domínios citados, o que mais sofrerá mudan-
engenharia elétrica

Atualmente, o sistema das concessionárias geradoras, trans- ças será o da distribuição. As concessionárias do setor de
missoras e distribuidoras de energia elétrica possui apenas distribuição de energia deverão realizar pesados investi-
um sentido, da geração ao consumidor. A tecnologia em mentos na automação das subestações e alimentadores,
vigor adotada recolhe medidas, monitora o sistema elétri- atender à nova demanda de comunicação de dados e, prin-
co e atua em determinadas situações, mas não possui au- cipalmente, na substituição dos atuais medidores de ener-
tonomia para garantir disponibilidade, eficiência e quali- gia que não atendem à nova proposta de Smart Grid.
dade da energia elétrica entregue ao consumidor. Os medidores inteligentes, neste novo cenário, terão
Todo este sistema não acompanhou a evolução das tec- um papel relevante na estrutura do Smart Grid. Eles pos-
nologias e acabou não agregando esta evolução ao sistema sibilitam acesso remoto e produzem diversos tipos de in-
elétrico. Está em fase de implantação no Brasil, por algumas formações, como o consumo de energia elétrica em tempo
concessionárias com projetos-piloto, um novo conceito de real para concessionárias e consumidores. Com isso, as
redes elétricas, desde sua geração até o consumidor final. concessionárias podem monitorar o consumo, verificar fa-
Este modelo é conhecido como Smart Grid, ou redes lhas ou furto de energia, podendo ainda se comunicar com
elétricas inteligentes. A ideia deste conceito é aplicar as as redes domiciliares e interagir com eletrodomésticos in-
novas tecnologias de telemetria, telecontrole, comunica- teligentes, executando o controle de carga.
ção e redes de computação em uma única topologia, pro- A tecnologia de comunicação para interconectar os di-
porcionando uma forma mais eficiente de produção, trans- versos elementos das redes locais e domiciliares é feita
missão e distribuição de energia elétrica. pelas seguintes tecnologias: redes sem fio WIFI, ZigBee e,
para as redes de longas distâncias, 3G, 4G, Power Line
II. Arquitetura e Funcionamento Communications (PLC) ou a infraestrutura atual da Inter-
A transmissão da energia elétrica é realizada pelas linhas net. As redes elétricas inteligentes terão capacidade de
de transmissão de alta tensão. Esta energia é oriunda de monitorar e controlar, em tempo real, todos os ciclos do
diversas matrizes energéticas até chegarem às residências. abastecimento da energia elétrica, devido a essas etapas
Entre estes dois extremos, existem as subestações cuja estarem interligadas entre si pelas suas respectivas redes.
função é reduzir a tensão até chegar à tensão de consumi- As redes elétricas inteligentes partem do pressuposto
dor. Os centros de distribuição baixam a tensão para, fi- que todos os domínios envolvidos estejam automatizados.
nalmente, distribuir a energia aos consumidores. Esta automação é realizada por Dispositivos Eletrônicos
Como se observa no modelo tradicional, existem ape- Inteligentes (DEI) e Unidades Terminais Remotas (UTR),
nas a geração, transmissão, distribuição e controle do sis- dando, assim, condições para melhorar o monitoramento
tema como agentes básicos do sistema elétrico atual. No e controle de dados. Novos protocolos de comunicação
conceito de Smart Grid, aparecem outros agentes para ga- para essa automação vêm sendo propostos, o principal de-
rantir uma melhor eficiência, qualidade e confiabilidade da les é o padrão IEC 61850.
energia entregue ao consumidor. O National Institute of
Standards and Technology (NIST) propõe um modelo de III. CONCLUSÃO
Smart Grid baseado em sete domínios, que têm por finali- Com o Smart Grid, o setor elétrico se transformará em uma
dade executar aplicações semelhantes. rede moderna, que mudará o perfil dos consumidores e das
Esses domínios são: geração de energia, transmissão, concessionárias. A troca dos medidores, sensoriamento dos
distribuição, consumidores, operação da rede elétrica, pro- dispositivos, telecomunicações, sistema de computação e
vedores de serviço e mercado de energia. Cada um desses redes, combinado com o legado da infraestrutura existen-
domínios possui um ou mais atores que se interconectam te proporcionarão uma eficiência e confiabilidade maior
com outros atores de outros domínios, de modo que cada no sistema. Algumas vantagens que podemos usufruir com
conexão possui especificidades, como diferentes protoco- o Smart Grid pelo lado do consumidor são o acesso às in-
los e requisitos de latência e banda. No conceito de Smart formações de consumo, o controle de equipamentos em
Grid, o fluxo pode assumir a bidirecionalidade criando a domicílios inteligentes, o cálculo automático de suas con-
figura do prossumidor, termo que define consumidor e pro- tas e o detalhamento da demanda de energia consumida.
dutor de energia elétrica. Com a figura do prossumidor, os
consumidores poderão participar dos negócios do merca-
do de energia elétrica, podendo gerar sua própria energia
e devolvendo o excedente para a rede. REFERÊNCIAS
Entretanto, para a viabilização desta mudança, há ne- SOREBO, G. N. e ECHOLS, M. C. (2012). Smart Grid Security: An
End-to-End View of Security in the New Electrical Grid. CRC Press.
cessidade de uma automação em larga escala em todo sis-
NIST2013 (2013). Smart Grid Home page. http://www.nist.gov/
tema elétrico, passando pela substituição dos atuais medi-
smartgrid/index.cfm. Acessado em março de 2013.
dores de energia por medidores eletrônicos Smart Mete-
KHALIFA, T., NAIK, K. e NAYAK,A. (2011). A survey of
ring, os quais permitem leituras à distância e também pela communications protocols for automatic meter reading
automação das subestações transmissoras e distribuidoras. applications. IEEE communications Surveys&tutorials.

Edimilson do Amaral Donini


Engenheiro de Telecomunicações e Técnico em Eletrônica. Atualmente, é
pós-graduando em Engenharia de Redes de Computadores pelo Senai-RS

38 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


A Importância da Simulação Virtual para
o Desenvolvimento de Produtos Industriais

engenharia industrial
INTRODUÇÃO
Para assegurarem a participação em um mercado cada vez mais
competitivo, que prima pela velocidade das inovações e aten-
dimento às necessidades reais do consumidor final, as empre-
sas tiveram que introduzir em seu processo produtivo o uso de Figura 1: Análise
ferramentas adequadas para cada etapa deste processo, agili- estática de um
componente
zando as atividades e garantindo a qualidade do produto final. estrutural
Uma das tarefas mais importantes no desenvolvimento de
produtos, específica da fase de projeto, é a análise da resis-
tênca de componentes e estruturas mecânicas. A avaliação do
comportamento estrutural visa garantir que não haja falhas,
tanto em condições normais de funcionamento quanto em si-
tuações críticas. O Método dos Elementos Finitos (MEF) é uma
ferramenta importante para determinar esse comportamento.

Figura 2: Análise de tensões


O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF) de uma estrutura de trem
É utilizado para avaliar o comportamento estrutural de com-
ponentes mecânicos, analisando-os em condições normais de
operação como em condições críticas, por intermédio da de-
terminação do panorama de tensões do componente.
A análise de tensões é um dos inputs (entradas) para tomar
decisões sobre as características estruturais do produto (es-
pessuras, materiais, geometria, condições de trabalho, etc.).
O uso adequado da tecnologia CAE (Computer Aided Engineering
ou Engenharia Auxiliada por Computador) permite reduzir o
ciclo de desenvolvimento do produto e o número de testes de
campo, realizando previsões do seu comportamento, resultan-
do em uma substancial redução de custos.
O MEF vem sendo utilizado por um crescente número de
empresas para solucionar problemas estruturais em seus pro-
jetos. A tecnologia CAE tem se tornado essencial para se obter
produtos com alta qualidade e desempenho. Em vez de desen-
volver o produto por tentativa e erro, procura-se obter signifi- Figura 3: Modelo em Elementos Finitos da estrutura de um chassi de
caminhão
cativos ganhos com o uso da Engenharia Preditiva, ou seja, o
comportamento dos componentes é simulado no computador, Em resumo, os programas de Elementos Finitos não são,
possibilitando prever as falhas no funcionamento do produto sob hipótese alguma, “ferramentas mágicas”, que independem
e corrigi-las por intermédio das técnicas de simulação. do julgamento do Engenheiro Analista, constituem um “auxí-
Com o MEF, é possível dividir uma estrutura complexa em lio” na solução numérica da enorme quantidade de equações
uma montagem de elementos simples, como triângulos, qua- algébricas que são geradas, decorrentes do processo de mon-
driláteros, tetraedros, paralelepípedos, etc., assim, a estrutura tagem dos elementos que representam a estrutura inteira.
é formada a partir de uma montagem de elementos individuais, As Figuras 1 a 3 ilustram algumas análises realizadas em
chamados de Elementos Finitos. O MEF baseia-se na ideia de compontes e estruturas mecânicas, utilizando o Método dos
que, a partir do entendimento do comportamento de cada ele- Elementos Finitos.
mento, pode-se entender o comportamento do conjunto.
As principais etapas para realização de uma análise pelo CONCLUSÕES
Método dos Elementos Finitos são: A partir do conhecimento do produto, de suas características
• Estabelecimento dos objetivos da análise e entendimento construtivas, de sua condição em regime de trabalho e de cri-
claro do problema físico a ser simulado térios de validação, é possível a construção de modelos/pro-
• Determinação da parte estrutural a ser avaliada tótipos virtuais que simulam sua condição real de uso. Os lon-
• Definição dos elementos a serem utilizados no modelamento gos prazos e custos envolvidos em ferramental, protótipos e
• Definição da propriedade dos materiais validação são vencidos pela criação, simulação e análise do
• Avaliação das expectativas de comportamento produto em ferramentas CAD/CAE.
• Definição da malha de elementos finitos a ser utilizada Dentro de todos os ganhos reais que o uso do CAD/CAE
• Definição das condições de contorno (carregamentos e proporciona, é importante ressaltar a necessidade de forma-
pontos de vinculação) ção de mão de obra especializada e de uma Engenharia que
• Definição dos dados de saída conheça as características técnicas, de processo, de produção
• Verificação dos resultados da análise e interpretação dos e de simulação do produto que se deseja desenvolver.
resultados.
Enfim, a representação adequada do fenômeno físico que REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
se quer estudar passa inicialmente pelo conhecimento do fe- [1] Alves Filho, A. Elementos Finitos – A base da tecnologia CAE –
nômeno. Satisfeita esta condição, o modelo proposto deve re- Análise Estática. Érica, 6ª ed., 2013.
presentar trecho a trecho o que ocorre na estrutura real, com [2] Alves Filho, A. Elementos Finitos – A base da tecnologia CAE –
um grau de precisão satisfatório. Análise Dinâmica. Érica, 2ª ed., 2008.

Fabio Goedel Avelino Alves Filho Márcio Walber


Engenheiro Mecânico Engenheiro Naval Engenheiro Mecânico
Msc. Professor da Universidade Msc., Dr. Prof. Pós-Graduação durante 18 Msc., Dr. e Pós-Dr. Prof. da
de Passo Fundo (UPF) e Diretor anos na Escola Politécnica da Universidade Universidade de Passo Fundo
da empresa RESISTENGE de São Paulo (USP) e Diretor da empresa (UPF) e Conselheiro da Câmara
Soluções em Engenharia Núcleo de Cálculos Especiais (NCE) de Engenharia Industrial

Conselho em revista • MAIO/JUNHO’15 39


ARTIGOS

As Diretrizes Curriculares da Geologia


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei nº go. Os títulos serão preservados na forma atual, mas a profis-
9.394/1996) imprimiu mudanças profundas no ensino supe- são, por certo, reunirá desigualdades, com imprevisíveis diver-
geologia e engenharia de minas

rior do Brasil, merecendo destaque a extinção dos currículos sidade e limitação de aptidões e nenhuma certeza de que não
mínimos e a autonomia às universidades para “fixar os currí- serão lançados no mercado profissionais de pouca virtude téc-
culos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes nica e restrita habilitação para o exercício de qualquer ativi-
gerais pertinentes”. As diretrizes curriculares passaram, então, dade concernente ao campo de saber da Geologia não ampa-
a ser o instrumento legal único de referência na formulação rada pela Lei do Geólogo. As diretrizes nacionais abriram mão
dos currículos de cursos superiores, no que tange a conteú- de todo e qualquer mecanismo universal de controle da qua-
dos, cargas horárias, práticas pedagógicas e outros. Não obs- lidade do ensino na Geologia. Até mesmo a avaliação pelo Ena-
tante a sua relevância, inexistem regras gerais dotadas de pa- de não ficará imune a obstáculos de grande complexidade,
râmetros básicos orientativos da elaboração de diretrizes que, uma vez que faltará uma orientação básica de conteúdo para
efetivamente, contribuam para o aperfeiçoamento da educa- elaborar provas de aplicação geral. Os inúmeros projetos pe-
ção superior e a consequente formação de profissionais cada dagógicos, de livre construção, formarão profissionais de nível
vez mais qualificados. acadêmico muito diversificado e com traço de conhecimentos
As diretrizes curriculares nacionais da Geologia foram, fi- técnico-científicos singular para cada escola.
nalmente, instituídas em janeiro deste ano pela Resolução CNE/ O novo cenário de pluralidade na formação de Geólogos
CES 01/2015, e o seu DNA registra a falta absoluta de princí- deverá ter respaldo no escopo legal que regulamenta o exercí-
pios organizacionais de estrutura e conteúdo curriculares que cio da profissão. A Lei nº 4.076/62 é do tempo dos currículos
assegurem a modernização, a melhoria e mesmo a manutenção mínimos, confere atribuições por título e alcança apenas uma
de qualidade mínima do ensino, com exceção do estágio obri- parcela das atividades técnicas atualmente abrangidas pelo
gatório, o qual representa um avanço oferecido por este novo campo de saber da Geologia. Não nos serve mais! Na verdade,
normativo. O texto publicado estabelece que “os cursos de já era insuficiente na data da promulgação. A Resolução nº 218/73
graduação das áreas de Geologia e de Engenharia Geológica do Confea, que discrimina as atividades das modalidades da
serão organizados com base nos correspondentes projetos pe- Engenharia e da Agronomia, igualmente confere atribuições
dagógicos”, conferindo às universidades autonomia e respon- pelo título profissional, referindo-se ao Geólogo e Engenheiro
sabilidade irrestritas pela organização de seus cursos, pois a Geólogo apenas nos termos da Lei nº 4.076/62. Obviamente,
elaboração do projeto pedagógico é de competência exclusi- também não nos serve. Em resumo, a legislação profissional
va de cada escola. O projeto pedagógico definirá “o perfil de- vigente perdeu por inteiro a harmonia com a realidade da nos-
sejado para o formando, as competências e habilidades dese- sa profissão e todas as profissões do Sistema Confea/Crea.
jadas, os conteúdos curriculares, a organização curricular, o O modelo de diretrizes curriculares instituído pela LDB de
estágio curricular supervisionado, o trabalho de curso, as ati- 1996, amparado pela autonomia universitária, está consolidado
vidades complementares, o acompanhamento e a avaliação”. na educação superior brasileira, exigindo a atualização com am-
A inovação da regra oferecida à comunidade geológica e à so- pla reformulação da legislação profissional. No Sistema Confea/
ciedade brasileira é não ter regra, de tal forma que tudo, ab- Crea, a Resolução nº 1010/2005 mostra-se plenamente adequa-
solutamente tudo, dos currículos de Geologia seja definido no da ao novo contexto, com princípios e métodos que permitem
âmbito circunscrito de cada instituição de ensino, com base a habilitação profissional justa, conferindo atribuições de acor-
apenas na visão e no compromisso, temporários, que cada uma do com a capacidade técnica dos profissionais oriundos dos
tem em relação à profissão. mais diferentes cursos oferecidos no País. É urgente a aplicação
A flexibilização plena da organização curricular, sem ao desta resolução, pois a inaptidão e a continuidade dos disposi-
menos uma indicação de conteúdos definidores e garantidores tivos vigentes podem conduzir à desregulamentação das pro-
de um perfil mínimo e comum para a Geologia, abre as portas, fissões, dentre as quais a Geologia e a Engenharia Geológica.
irresponsavelmente, à descaracterização da profissão. Toda-
via, minha preocupação não repousa, neste momento, nos cur- 30 de Maio é dia do Geólogo. Parabéns a todos
sos de Geologia e Engenharia Geológica existentes, uma vez
os Geólogos do Rio Grande do Sul e do Brasil.
que deverão manter o nível do ensino que vêm oferecendo,
mas, sim, naqueles que poderão surgir sem os atributos míni-
mos exigidos para uma boa formação técnica e científica jus-
tamente estimulados pela nova ordem estabelecida. A diver-
sidade curricular contemplando as peculiaridades regionais é
bem-vinda na formação dos Geólogos; entretanto, é prudente
que se situe dentro dos limites de ênfases e especializações
incorporadas em cada projeto pedagógico e seja precedida de
um núcleo comum, cujo conteúdo tenha extensão e profundi-
dade capazes de emprestar à Geologia uma identidade única
enquanto campo de saber e enquanto profissão.
Diferenças curriculares já são observadas nos 39 cursos de
Geologia e Engenharia Geológica existentes no Brasil, e elas
espelham as características regionais e o perfil profissional
desejado por cada escola. Contudo, todos partilham de uma
mesma identidade que dela resulta uma só profissão suporta-
da por dois títulos acadêmicos: Geólogo e Engenheiro Geólo-

Antonio Pedro Viero


Geólogo
Coordenador da CEGEM

40 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Motoboy – Quando o Risco Virou Perigo
A sociedade moderna brasileira não está fomentando Apontados como responsáveis por cerca de 50 mil mor-

engenharia de segurança do trabalho


o uso do transporte coletivo de qualidade. Nessa esteira, tes e mais de 400 mil lesões graves permanentes em 2013,
a população vem migrando intensamente para o transpor- os acidentes de trânsito custam ao Brasil R$ 40 bilhões
te individual, dando um espaço enorme de crescimento às por ano, de acordo com dados preliminares do Instituto
motocicletas de baixas cilindradas. Os carros particulares de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). É difícil estabe-
geralmente transportam apenas dois (se não um só) pas- lecer quantos desses acidentes podem ser caracterizados
sageiros, e não se verifica o acompanhamento adequado como acidentes de trabalho, pois a estatística abrange um
da qualidade e quantidade necessárias das vias urbanas, universo maior.
intermunicipais e interestaduais. O resultado disso é o es- A realidade está em sabermos até que ponto o reconhe-
tabelecimento de um trânsito caótico, sem contar o au- cimento desse risco absurdo irá auxiliar na sua erradicação.
mento do consumo de combustíveis e o acréscimo na emis- E ainda não surgiram discussões sobre fatores de risco
são de gás carbônico. que envolvem diretamente o poder público, como uma tam-
Um estudo do Centro de Pesquisas em Economia Re- pa de bueiro rebaixada ou acima do nível da via que, re-
gional (Fundace), elaborado em março de 2013, refere que, centemente, destruiu o motor de uma moto na cidade de
enquanto nos últimos dez anos a frota de automóveis teve Porto Alegre; ou as quase imperceptíveis diferenças de
“uma taxa de crescimento de 6,6% ao ano, atingindo mais níveis entre um asfalto novo e um asfalto velho, que podem
de 42,6 milhões de automóveis em dezembro de 2012”, a derrubar um motociclista.
frota de motocicletas e motonetas (scooter) cresceu 14,2% Efetivamente, quer por sua praticidade, quer pela eco-
ao ano, atingindo mais de 19,9 milhões de unidades. Ou nomia, quer ainda pelo prazer que há na pilotagem, a mo-
seja, no mesmo período em que a frota de carros dobrou, to veio para ficar. Mas os acidentes estão ocorrendo, lesio-
a frota de motos praticamente triplicou. nando e matando uma população jovem.
Seja em razão da grande demora de escoamento do Lembrando as palavras de Dom Helder Câmara, então
tráfego, seja pela economia significativa de combustível, Arcebispo de Olinda: “Quando ocorre um acidente é por-
seja pela facilidade de estacionar, a moto vem conquistan- que, antes, ocorreu a quebra de uma das regras de higiene
do, a cada dia, um grande espaço na vida urbana. Deixou da cadeia da vida. Higiene física, higiene moral, higiene
de ser objeto para o lazer, passando a fazer parte do dia a espiritual”. Precisamos agir. Rápido!
dia até mesmo de executivos; e de meio de ganhar a vida
para as pessoas que circulam como técnicos, como vende-
dores, ou como motoboys.
Esse crescimento é fomentado por linhas de crédito
especiais, a juros baixos, permitindo que, com parcelas de
pequeno valor, pessoas saiam instantaneamente do de-
semprego para uma nova profissão de entregador, de ven-
dedor e até de moto-táxi, como existem em vários locais.
Os legisladores perceberam o risco e trataram de discipli-
nar essas atividades com leis, normas, dispositivos de se-
gurança e cursos específicos obrigatórios.
A questão se torna crítica quando a pressa se traduz
em velocidade e, em avenidas e ruas estreitas, são patro-
cinadas por motoqueiros cenas de ultrapassagens perigo-
sas, colisões, brigas e, não raro, acidentes que levam ao
óbito. Para se tornarem mais rápidos é que os motoboys
acabam por adotar medidas extremas, como encurtar o
guidão, levantar os espelhos, retirar o “mata-cachorro” e
outras proteções que dificultam passar entre os carros. E, Uma quadra inteira povoada de motos na Rua General Câmara, em
Porto Alegre. De acordo com o Departamento Nacional de
assim, vão se infiltrando até a posição do “grid de largada” Trânsito – Denatran, a frota de veículos do Brasil aumentou 119%
do sinal verde, protegidos por uma barra fina de aço, na em apenas dez anos, fechando o ano de 2010 com cerca de 64,8
vertical, para cortar as eventuais linhas com “cerol”, crimi- milhões de veículos registrados
nosamente instaladas em alguns locais com o propósito
de derrubar (ou degolar?) o motoqueiro.
Referências Bibliográficas
E a sociedade como um todo é penalizada, pois acaba
Ministério do Trabalho e Emprego – Portaria 1.565 DE 13.10.2014.
arcando com o custeio de uma outra faceta do crescimen-
to desenfreado do motociclismo urbano: custos financei- Duarte, MEL – Análise dos acidentes de trabalho causados por
meio de transporte motocicleta em uma capital brasileira – BH,
ros, custos materiais e custos emocionais. 2011. Acessado em Março, 2015.
O Brasil já se deu conta disso: o que era risco virou pe-
Estudos CEPER/FUNDACE – Birro Lopes, G e Tonetto Jr, R. Março,
rigo. E, como resposta, o Ministério do Trabalho e Empre- 2013. Acessado em Março, 2015.
go (MTE), além das medidas já adotadas, enquadrou a ati- Estudos DENATRAN – disponível na WEB.
vidade do motociclista profissional como periculosa, nos
G1 Piracicaba e Região – Art. “Estudo aponta que
termos da Norma Regulamentadora – NR 16 da Portaria 45% dos que vão ao trabalho de moto já se
3.214/78, conforme redação dada pela Portaria MTE 1.565/14. acidentaram” – Acessado em Março, 2015.

Atenante Normann
Eng. de Segurança do Trabalho e Ergonomista. 50 anos de motociclismo sem acidentes.
Conselheiro da Câmara especializada DE ENGENHARIA DE segurança do trabalho do crea-rs.

Conselho em revista • MAIO/JUNHO’15 41


ARTIGOS

Engenheiro Florestal e a
Tecnologia e Industrialização da Madeira
A Tecnologia e Industrialização de Madeira é um cam- TECNOLOGIA DA MADEIRA I - Habilita o profissional para
engenharia florestal

po da Ciência Florestal com todas as particularidades e identificar e aplicar técnicas de processamento mecânico
complexidades e forma um arcabouço de conhecimento e secagem de madeiras, visando à qualificação dos produ-
técnico e científico que teve origem no ensino florestal de tos serrados, pois fornece conhecimentos de SERRARIA
nível superior na Alemanha, na Academia Florestal de Tha- (instalação de uma serraria: localização e constituição, clas-
randt, em 1811. sificação, avaliação do desempenho de uma serraria: ren-
O primeiro momento de valorização da Tecnologia da dimento e eficiência, processamento primário da madeira:
Madeira no Brasil tem estreita ligação com o aumento da serras alternativa ou de quadro, circular e de fita, proces-
produção de florestas para fornecimento de madeira para samento secundário da madeira: serras resserradeira, can-
processamento industrial, e justamente esta nova deman- teadeira e destopadeira, lâminas de serra: perfil, formato
da mostrou a necessidade de profissionais com formação e elementos dos dentes, manutenção e conservação, va-
específica no que se refere ao processamento industrial da riáveis envolvidas na tecnologia de corte, técnicas de des-
madeira – tecnologia de produtos florestais, cuja área de dobro, resíduos de serraria, transmissão de movimentos,
formação estava restrita à Engenharia Florestal e, mais re- beneficiamento da madeira); SECAGEM DE MADEIRAS (ra-
centemente, também à Engenharia Industrial Madeireira. zões da secagem, importância da estrutura anatômica, as-
Nesse período, atendendo às demandas da sociedade pectos físicos, métodos de secagem, defeitos resultantes
brasileira, o então presidente da República, Juscelino Ku- da secagem, seleção do processo de secagem, programa-
bitschek, por meio de Decreto, criou a Escola Nacional de ção e controle: medição das variáveis, fases do programa,
Florestas, em 1960, estabelecida em Viçosa (MG), mais custos de secagem).
tarde transferida para a Universidade Federal do Paraná, TECNOLOGIA DA MADEIRA II - Para selecionar e empregar
em Curitiba. técnicas e equipamentos na produção de painéis de madei-
Atualmente, a Tecnologia e Industrialização da Madei- ra e identificar as características desejáveis da matéria-pri-
ra, em seu escopo de ensino, abrange os seguintes conhe- ma e dos produtos industrializados, pois proporciona co-
cimentos formadores específicos: nhecimentos nas áreas de lâminas de madeira, adesão e
ANATOMIA DA MADEIRA - Fornece conhecimentos nas adesivos para madeira, compensados, chapas de madeira
seguintes áreas: elementos de composição química e ul- aglomerada, chapas de fibra de madeira e outros processos.
traestrutura da parede celular lenhosa; planos anatômicos Conforme exposto, o ensino dessas técnicas é vasto e
e elementos de microtécnica aplicada à anatomia da ma- complexo, ou seja, o aprendizado necessário à atividade
deira; plantas produtoras de madeira e a classificação ve- de Industrialização e Tecnologia da madeira engloba uma
getal; o crescimento das árvores; madeiras de coníferas; carga horária superior a 360 horas/aula de conhecimentos
madeiras de folhosas; troncos atípicos; defeitos em madei- específicos e aprofundados na área de Tecnologia da Ma-
ras; variabilidade em madeiras. deira. Além dessa gama de conteúdos exclusivos ligados
PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DA MADEIRA - For- à madeira e suas aplicações, o profissional responsável por
nece ao profissional a capacidade para identificar as proprie- empreendimento na área de Tecnologia da Madeira – no-
dades físicas e mecânicas da madeira, visando à classificação tadamente, o Engenheiro Florestal – necessita de um am-
tecnológica e à utilização adequada das espécies florestais. plo domínio nas áreas de Mensuração Florestal e Biometria
Propicia também conhecimentos nas áreas de normalização Florestal, bem como de Política e Legislação Florestal/
técnica, propriedades físicas da madeira, propriedades me- Ambiental em âmbito nacional, estadual e municipal.
cânicas da madeira, avaliação tecnológica da madeira. Com o respaldo e reconhecimento da capacidade sin-
PRESERVAÇÃO DE MADEIRAS - Capacita o profissional gular dos profissionais Engenheiros Florestais, o Confea
para identificar os danos produzidos na madeira por agen- nos habilita, mediante a Resolução 218/73, a exercer esta
tes deterioradores e conhecer os produtos e os métodos Atividade Técnica, conforme é claro o Art. 10, vejamos:
de tratamento usados para aumentar a vida útil dos pro- “compete ao ENGENHEIRO FLORESTAL: I - o desempenho
dutos de madeira, pois fornece conhecimentos sobre bio- das atividades (...) referentes a (…) produtos florestais, sua
deterioração da madeira, preservação de madeira, subs- tecnologia e sua industrialização (grifo nosso); (...)”.
tâncias ignífugas; fatores que influem no tratamento de Para concluir, sugerimos que os profissionais do Siste-
preservação, avaliação do tratamento conservador, usina ma Confea/Crea e a sociedade busquem junto aos Enge-
de tratamento industrial, aspectos econômicos da preser- nheiros Florestais mais esclarecimentos e sugestões para
vação da madeira, tratamento de produtos de madeira. um melhor desempenho de suas atividades, quando estas
QUÍMICA DA MADEIRA - Ensina a identificar e aplicar téc- envolverem a Tecnologia e Industrialização da Madeira. Da
nicas capazes de transformar e extrair, da madeira, produ- mesma forma, convidamos para que acompanhem em um
tos e subprodutos de valor industrial, pois fornece conhe- próximo artigo a exposição de alguns resultados e as con-
cimentos da composição química da madeira, obtenção sequências para a sociedade quando do não uso destas
industrial do tanino, resinagem, destilação de resinas, hi- técnicas e conhecimentos rotineiros no dia a dia do Enge-
drólise da madeira, carbonização da madeira. nheiro Florestal.

Marco Aurélio Pereira de Castro


Engenheiro Florestal
Conselheiro representante da Associação Gaúcha de
Engenheiros Florestais e coordenador adjunto da CEEF

42 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


MEMÓRIA

40 anos de
plantio direto

Mondardo/Pessoal
no sul do Brasil
Há quatro décadas, um
agricultor sem alternativa e Erosão do solo em área cultivada, apresentando erosão laminar, sulcos e voçorocas com a
legítima degradação do solo, anos 1970
sem dinheiro resolve tentar
minimizar os prejuízos que
teve com a perda de uma
Uma revolução na agricultura
plantação de trigo. Ao As décadas de 1960 e 1970 no Bra- mite você expor tanto o solo assim”,
sil foram marcadas por diversas ino- conta o Engenheiro Agrícola Augusto
plantar em cima da palha
vações das técnicas agrícolas com in- Guilherme de Araújo, pesquisador da
remanescente, o catarinense fluência das tecnologias utilizadas nos área de Engenharia Agrícola do Insti-
radicado no Paraná Herbert países do Hemisfério Norte, durante a tuto Agronômico do Paraná (Iapar).
Arnold Bartz não imaginava chamada “Revolução verde”. Mas, ao Na década de 1970, registros de sé-
mesmo tempo que essas inovações cria- rios problemas com a erosão no Para-
que sua experiência – julgada vam um período de grande produção ná e o aumento do preço do diesel de-
como loucura pelos vizinhos agrícola, geravam também impactos corrente da primeira crise de energia
– iria resultar na descoberta ambientais que, em pouco tempo, le- em 1973 fizeram chamar a atenção dos
variam à degradação dos recursos na- agricultores para alternativas de pre-
de uma técnica que
turais destas áreas. Isso porque as téc- paração do solo. As experiências do
revolucionaria a agricultura nicas importadas com o uso de arados exterior, principalmente dos Estados
brasileira. O plantio direto ou de aiveca, discos e grades eram muito Unidos e da Inglaterra – que desde os
plantio sobre a palha nasceu agressivas para o tipo de solo sulista. anos 1940 e 1950 já plantavam sem uti-
“No Sul do Brasil, esse modelo im- lizar arado –, mostravam que a técnica
e, após tropeços e ajustes portado da Europa de preparo com de plantio com o mínino de movimen-
iniciais, disseminou-se pelas muita mobilização do solo era um pro- tação do solo poderia reduzir em cer-
lavouras e, hoje, 80% da cesso totalmente incompatível com o ca de 70% o uso de combustível. Esses
nosso clima tropical – que tem um vo- fatores foram importantes para que a
produção de grãos do País e
lume de chuvas muito grande e com técnica do plantio direto, como depois
do Rio Grande do Sul utiliza muita energia de erosão, além da pró- passou a ser chamada, fosse importa-
este sistema pria topografia que, em geral, não per- da e adaptada aos solos paranaenses. IAPAR/DIVULGAÇÃO

Efeito da eliminação de terraços em plantio direto

44 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


Operação Tatu
O Engenheiro Agrônomo Arcân- ponto de plantios

Arquivo: Mondardo/Pessoal
gelo Mondardo, conselheiro da Câma- de soja serem re-
ra Especializada em Agronomia do plantados”, reve-
CREA-RS, conta que os primeiros tra- la Mondardo.
balhos de plantio direto foram de grãos Além da vinda
Preparo reduzido do
de soja sobre a palha do trigo, culti- de especialistas solo, através da
vado no inverno. “O grande mote foi do solo dos Esta- escarificação
Plantio direto sobre terraços de base larga
o boom do cultivo da soja, na década dos Unidos, o es-
Arquivo: Mondardo/Pessoal
de 1970. Mas o terror do planalto na- tado do Rio Grande do Sul apostou em
quela época foi a queima da palha do um Programa de Recuperação dos So-
trigo e o uso da chama grade pesada los, chamado de “Operação Tatu”, no
(globe)”, lembra. qual eram feitos buracos na terra – se-
Ao mesmo tempo em que o cultivo melhantes aos feitos pelo tatu – para
da soja se espalhava por todo o Esta- realização de amostragem do solo gaú-
do – até mesmo em áreas de domínio cho. A operação coincidiu com um pe-
público, como cemitérios e em beira ríodo de grandes mudanças e avanços,
de estradas –, o solo gaúcho sofria o como um novo governo, verbas vindas
período de maior agressão. “Foram os do exterior e a mecanização. “Os solos
anos de desastre da ação da erosão do Rio Grande do Sul eram ácidos e a
devido à queima da palha e à pulveri- soja quase não se desenvolvia. O gran-
zação do solo com as grades. Além de passo foi dado com a mecanização,
Agricultura conservacionista com
disso, o cultivo da soja acontece em com a correção da acidez, uso do cal- planejamento técnico-econômico da
propriedade com plantio direto e
outubro, período que precede o verão cário, adubação, máquinas modernas complementado com terraceamento (base
larga), cultivo em contorno, ajuste de estradas
e em que ocorrem as chuvas mais for- e herbicidas, passou-se a cultivar a so- e reflorestamento em áreas críticas em
tes com poder de erosão. Na época, o ja, foi o boom da economia no planal- propriedade, com implantação do sistema de
conservação do solo integrado entre plantio
planalto foi praticamente erodido, a to”, garante o Engenheiro. direto e práticas conservacionistas em 1980

Implantação do sistema no Sul


Como pesquisador da Secretaria de das perdas de solo, mas não chegava a ziu os primeiros trabalhos de plantio
Agricultura do Estado, no IPRNR, hoje controlar 50% das perdas de água. Com direto no Brasil, em Rolândia, no norte
Fepagro, no ano de 1973, o Eng. Mon- isso, criou-­se a imagem de que o plantio do Paraná, utilizando uma máquina im-
dardo realizou a primeira pesquisa sobre direto seria a solução milagrosa para o portada da Inglaterra. “Só que esta má-
erosão do solo com simulador de chuva controle da erosão do solo”, explica. quina foi desenvolvida para os solos
e, em 1974, levou a pesquisa para o Pa- No ano seguinte, aconteceu o 1º En- norte-americanos, que eram siltosos.
raná, no Instituto Agronômico do Para- contro Nacional de Pesquisa de Con- No Paraná, eram as legítimas ‘terras
ná (Iapar), onde teve uma grande cons- servação de Solo com Simulador de roxas’ do café que, quando secas, a
tatação em solos brasileiros. “Os dados Chuva, para tratar sobre o problema. máquina não penetrava e, quando úmi-
desenvolvidos no Iapar mostraram que Mas foi em 1979 que o agricultor cata- das, grudavam nos discos e a máquina
o plantio direto controlava mais de 90% rinense Herbert Arnold Bartz introdu- não funcionava”, contrapõe Mondardo.

Conselho em revista • MAiO/junho’15 45


MEMÓRIA

Época de desafios e avanços

IAPAR/DIVULGAÇÃO
Com o solo compactado, sulcos de o PD passou a fazer parte integrante
erosão, alta incidência de ervas dani- do sistema de produção de trigo, mi-
nhas e problemas com máquinas, o lho e soja. Porém, o excesso de con-
Plantio Direto sofreu o risco de fracas- fiança no sistema gerou problemas pa-
sar. De acordo com Mondardo, que na ra a produção de grãos. “No Planalto
época atuava no Iapar, a solução que do Rio Grande do Sul, os produtores
o instituto encontrou foi preconizar um foram iludidos a desmanchar o sistema
sistema convencional de recomenda- de terraceamento alegando maior tra-
ções técnicas necessárias para a utili- fegabilidade de máquinas nas lavouras,
zação do PD nas lavouras, como: solo inclusive fazendo plantio morro aden-
descompactado, baixa incidência de tro”, relata, explicando que a retirada
ervas daninhas, sem sulcos de erosão, dos terraços das lavouras induz a altas
boa infiltração e, sobretudo, sistema perdas de água, provocando enxurra-
de terraceamento. “Isso diminuiu o uso das e a consequente erosão do solo.
do plantio direto em qualquer área e, Diante deste cenário, pesquisado-
com as melhorias das máquinas e so- res da área de conservação do solo, a
los menos argilosos, o sistema ganhou exemplo da Embrapa, divulgam a re-
impulso na Região Sul com grande tomada do terraceamento dentro de
apoio de cooperativas, principalmen- um novo modelo que garante a sua
te na região de Castro, Ponta Grossa eficiência, mesmo que com espaça-
e Guarupuava, no Paraná”, conta. mento maior entre os terraços, permi-
Plantio direto em declives Entre as décadas de 1980 e 1990, tindo a trafegabilidade de máquinas.

A cultura da agricultura conservacionista


Embora o plantio sem a mobiliza- dos autores do livro publicado e edi- IAPAR/DIVULGAÇÃO

ção de solo seja uma técnica antiga – tado pelo Iapar, Plantio Direto no Sul
os indígenas na América do Sul já plan- do Brasil: fatores que facilitam a evo-
tavam desta forma –, algumas inovações lução do sistema e o desenvolvimento
foram surgindo ao longo de sua implan- da mecanização conservacionista, o
tação. No início, o PD era visto como plantio direto vem sendo empregado,
uma técnica isolada, mas, com o passar no Brasil, como sinônimo de Agricul-
do tempo, outras práticas de conser- tura Conservacionista, termo que cons-
vação do solo da chamada “agricultura titui um conceito amplo, representan-
conservacionista” foram sendo incor- do qualquer prática que mantenha pe-
poradas e formando o que é conhecido lo menos 30% da cobertura vegetal
hoje como o Sistema de Plantio Direto. sobre a superfície do solo.
“Poderíamos falar em agricultura Além da mínima movimentação do
conservacionista onde há um planeja- solo, este sistema – que hoje está pre- Erosão em lavoura sob plantio direto

mento técnico e econômico da pro- sente em 80% das lavouras gaúchas


priedade com o uso do sistema de plan- – também é baseado em práticas co- Fontes
Plantio direto no sul do Brasil: fatores que
tio direto como base da conservação mo o uso de cobertura vegetal perma- facilitam a evolução do sistema e o
do solo, mas aliado a outras práticas nente e na rotação de culturas. “A agri- desenvolvimento da mecanização
conservacionista, disponível em: http://www.
e técnicas como terraceamento, plan- cultura conservacionista ficou como iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/PlantioDireto_pt-
br.pdf.
tio em contorno, adubação correta, um termo bem ‘guarda-chuva’ para
Os 30 anos de plantio direto em Campo Mourão,
manejo de solo e pragas, garantindo, abranger cultivo mínimo, por exemplo, disponível em: http://www.coamo.com.br/
jornalcoamo/ago04/plantio.html
com isso, o caminho da agricultura con- uma técnica intermediária entre o pre- Revista Plantio Direto, disponível em: http://
servacionista e a produção de alimen- paro do solo e o sistema de plantio www.plantiodireto.com.br/?body=cont_
int&id=1133
tos, fibras e energia com sustentabili- direto. O cultivo mínimo envolve pre- Plantando melhor e com sustentabilidade –
dade sem comprometer o recurso na- paração de faixas de solo, utilização Herbert Bartz, disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=FsSqnmIVaXw&feature=y
tural solo para gerações futuras”, ga- de equipamentos como o escarifica- outu.be
Projeto busca indicadores de qualidade em
rante Mondardo. dor, que não mobiliza tanto o solo quan- plantio direto, disponível em: https://www.
De acordo com o Engenheiro Agrí- to o arado, mas mobiliza mais que uma embrapa.br/web/portal/busca-de-noticias/-/
noticia/1502887/projeto-busca-indicadores-de-
cola Augusto Guilherme de Araújo, um linha de semeadura”, finaliza Araújo. qualidade-em-plantio-direto

46 crea-rs.org.br twitter.com/creagaucho facebook.com/creagaucho


www.crea-rs.org.br

30 de maio.
81 ANOS DO CREA-RS.
81 MIL REGISTRADOS.
CREA-RS. 81 anos de valorização, apoio
e defesa dos profissionais e empresas
da área tecnológica. Parabéns. Você conta
com um Conselho tão grande quanto
as categorias que ele representa.

Você também pode gostar