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Módulo 1

3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.1. INTRODUÇÃO

As últimas décadas mostraram um ritmo desenvolvimentista distorcido. Tanto


o crescimento quanto o desenvolvimento econômico se pautaram por fatores
estritamente financeiros, produtivos e de mercado, não levando em consideração o
fator ambiental.
Todavia, como já visto anteriormente, em certo momento a consciência
humana se deparou com uma assombrosa constatação: os rumos produtivos e
econômicos que o mundo tomara prescreviam ao meio ambiente um futuro caótico
a médio e a longo prazos.
Claro estava a necessidade de uma forma diferente de desenvolvimento
econômico em todo o planeta. Não bastava apenas crescer economicamente, mas
sim garantir que crescimento e desenvolvimento se dessem com compromisso
ambiental.
Neste contexto o conceito de desenvolvimento sustentável foi definido e
apresentado pelo Relatório Brundtland.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também
conhecida como Comissão Brundtland, foi criada pela ONU e responsável, em 1987,
pela elaboração de um documento intitulado “Nosso Futuro Comum”. Este
documento apresentou a proposta de integrar a questão ambiental no
desenvolvimento econômico, surgindo não apenas um novo termo, mas uma nova
forma de progredir. O Relatório Brundtland, como é conhecido, indicou algumas
medidas a serem tomadas pelos governos nacionais:
a) Limitar do crescimento populacional;
b) Garantia de alimentação em longo prazo;
c) Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
d) Diminuir o consumo de energia e promover o desenvolvimento de
tecnologias que admitam o uso de fontes energéticas renováveis;
e) Aumentar a produção industrial nos países não-industrializados à base de
tecnologias ecologicamente adaptadas;
f) Controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e cidades
menores.
Indicou também algumas medidas a serem implementadas no âmbito
internacional:
g) As organizações de desenvolvimento devem adaptar uma estratégia de
desenvolvimento sustentável;
h) A comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais
como a Antárctica, os oceanos e o espaço;
i) Que as guerras devem ser banidas e que a ONU deve implantar um
programa de desenvolvimento sustentável.

O documento apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável como


sendo:
“O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as
pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de
desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural,
fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e
preservando as espécies e os habitats naturais.”

O desenvolvimento sustentável se desdobra em três áreas interligadas:


Sustentabilidade ambiental: Consiste na manutenção das funções e
componentes do ecossistema, de modo sustentável, podendo igualmente designar-
se como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida
para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a
beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis.
Sustentabilidade econômica: É um conjunto de medidas e politicas que visam
a incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. Assim, o lucro não
é somente medido na sua vertente financeira, mas igualmente na vertente
ambiental e social, o que proporciona um uso mais correto, tanto das matérias-
primas, quanto dos recursos humanos.
Há ainda a incorporação da gestão mais eficiente dos recursos naturais de
forma a garantir uma exploração sustentável dos mesmos, ou seja, a sua exploração
sem objetivar seu esgotamento, sendo introduzidos elementos como nível ótimo de
poluição ou as externalidades ambientais, acrescentando aos elementos naturais um
valor econômico.
Sustentabilidade sociopolítica: Centra-se no equilíbrio social, tanto na sua
vertente do desenvolvimento social quanto na socioeconômica. É um veículo de
humanização da economia e, ao mesmo tempo, pretende desenvolver o tecido
social nos seus componentes humanos e culturais. Destacam-se dois elementos: A
Agenda 21 e as Metas de Desenvolvimento do Milênio.
A Agenda 21 é um plano de ação a ser tomada nos níveis global, nacional e
local, por organizações das Nações Unidas, governos nacionais, governos regionais e
governos e grupos locais, nas diversas áreas onde se verificam impactos
significativos no ambiente.
Em termos práticos, a Agenda 21 é a mais ambiciosa e abrangente tentativa de
criação de um novo padrão para o desenvolvimento do século XXI, tendo por base os
conceitos de desenvolvimento sustentável.
As Metas de Desenvolvimento do Milênio surgiram da Declaração do Milênio
das Nações Unidas, adotada, no dia 8 de Setembro de 2000, pelos 191 estados
participantes.
A Declaração traz uma série de compromissos concretos que, se cumpridos
nos prazos fixados, segundo os indicadores quantitativos que os acompanham,
deverão melhorar o destino da humanidade neste século.
Além da Agenda 21, outro importante documento que foi escrito na “Rio
92”,com uma grande participação de organizações não governamentais e
representantes da sociedade civil foi “A Carta da Terra”. Ela apresenta importantes
pontos sobre o meio ambiente e foi retificada pela UNESCO e aprovada pela ONU
em 2002:
Estamos diante de um momento crítico na história da
Terra, numa época em que a humanidade deve escolher seu
futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais
interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo,
grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante,
devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade
de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma
comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar
forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no
respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na
justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este
propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos
nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande
comunidade da vida, e com as futuras gerações (A Carta da
Terra, 2002).

3.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, AGORA E NO FUTURO

No ambiente corporativo a sustentabilidade, muitas vezes confundida com


responsabilidade ambiental, tem se tornado uma realidade crescente. Com o passar
do tempo, as empresas passaram a encarar investimentos na área não somente
como gastos visando o cumprimento da legislação e demais normas relacionadas.
De fato, com o aumento da conscientização social sobre a importância de se
preservar o meio ambiente, as pessoas passaram a encarar tais práticas como um
diferencial de mercado a ser levado em conta na hora da decisão em adquirir ou não
determinado produto ou serviço.
As bolsas de valores ao redor do mundo desenvolveram índices para empresas
sustentáveis, ou seja, empresas que implementassem de forma efetiva e com
resultados práticas sustentáveis. A bolsa brasileira, BM&F Bovespa, por exemplo,
possuí o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). A própria instituição assim o
define1:
Iniciativa pioneira na América Latina, o Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) busca criar um ambiente de
investimento compatível com as demandas de desenvolvimento
sustentável da sociedade contemporânea e estimular a
responsabilidade ética das corporações. Iniciado em 2005, foi
originalmente financiado pela International Finance Corporation
(IFC), braço financeiro do Banco Mundial, seu desenho
metodológico é responsabilidade do Centro de Estudos em
Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-
EAESP). A Bolsa é responsável pelo cálculo e pela gestão técnica
do índice. O ISE é uma ferramenta para análise comparativa da
performance das empresas listadas na BM&FBOVESPA sob o
aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência
econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança
corporativa. Também amplia o entendimento sobre empresas e
grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os
em termos de qualidade, nível de compromisso com o
desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e
prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho

1 http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/indices/indices-de-sustentabilidade/indice-de-sustentabilidade-
empresarial-ise.htm
empresarial nas dimensões econômico-financeira, social,
ambiental e de mudanças climáticas.

Por sua vez, a ONU em seu programa “Transforming our world: the 2030
Agenda for Sustainable Development”2 estipulou Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável(ODS). Abaixo apresentamos alguns:

• Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os


lugares.
• Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria
da nutrição e promover a agricultura sustentável.
• Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades.
• Objetivo 4. Assegurara educação inclusiva e equitativa de qualidade, e
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
• Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e
meninas.
• Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e
saneamento para todos.
• Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço
acessível à energia, para todos.
• Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.

2 https://sustainabledevelopment.un.org/post2015/transformingourworld
• Objetivo 9. Construir infraestruturas resistentes, promover a industrialização
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
• Objetivo 10. Reduzira desigualdade entre os países e dentro deles.
• Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos,
seguros, resilientes e sustentáveis.
• Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis.
• Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e
seus impactos.
• Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e dos
recursos marinhos, para o desenvolvimento sustentável.
• Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, deter e revertera degradação da terra, e estancar a perda de
biodiversidade.
• Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
• Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria
global para o desenvolvimento sustentável.

Cada objetivo se desdobra em vários itens a serem implementados. Para


conhecer mais sobre cada um deles acesse o documento na íntegra3.

3 http://www.estrategiaods.org.br/wp-content/uploads/2015/09/ODS_oficial.pdf

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