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Agente Etiológico
Entamoeba histolytica. A palavra “histolítica” quer dizer “destruidora de tecidos”. Das espécies de ameba que
podem ser encontradas no intestino grosso, apenas a E. histolytica possui potencial patogênico comprovado
Epidemiologia
Quadro Clínico
O período de incubação vai de duas a seis semanas após ingestão dos cistos.
As síndromes clínicas podem ser divididas nas formas intestinal (aguda, crônica, ameboma) e extraintestinal
(abscessos amebianos).
Após se aderir ao epitélio, a E. histolytica invade a mucosa do cólon por um mecanismo de citólise mediado
pela liberação local de proteinases, hemolisinas e porinas. Formam-se úlceras amebianas profundas, com
seu clássico aspecto de “botão de camisa”.
1- Forma Intestinal
A E. histolytica costuma invadir o intestino grosso causando colite (dor abdominal baixa, diarreia de pequeno volume
e múltiplos episódios, apresentando sangue, muco e/ou pus nas fezes). Os locais preferenciais de lesão são o ceco e
o sigmoide. Os sintomas podem seguir três cursos clínicos distintos:
(1) Forma aguda ou disenteria amebiana:
Diarreia mucossanguinolenta, com 10-12 dejeções/dia
Náuseas, vômitos, cefaleia, febre (em até 40% dos casos)
Tenesmo e cólicas abdominais intensas.
Quadros mais graves (colite amebiana fulminante) podem cursar com febre alta, leucocitose e perfuração
intestinal em > 75% das vezes.
Alguns pacientes desenvolvem megacólon tóxico (dilatação colônica intensa, com ou sem pneumatose
intestinal, isto é, gás na parede do cólon). O hemograma tipicamente NÃO revela eosinofilia;
(2) Forma crônica:
Incomum
Desconforto abdominal e irregularidade do hábito intestinal
Caráter intermitente
(3) Ameboma:
Raro
Formação de um granuloma na parede intestinal que produz estreitamento do lúmen e um quadro de
semioclusão do cólon.
Alguns pacientes desenvolvem massa abdominal palpável (geralmente no quadrante inferior direito).
Costuma ser confundido com neoplasia maligna.
2- Forma Extraintestinal
A E. histolytica, após invadir a mucosa intestinal, pode acessar a corrente sanguínea (sistema porta) e se
disseminar para diversos tecidos, principalmente o fígado.
O resultado é o desenvolvimento de abscessos hepáticos (local mais frequente), pulmonares ou cerebrais.
Os abscessos hepáticos se manifestam de forma em hipocôndrio direito (com eventual irradiação para o
ombro), hepatomegalia, febre (eventualmente com calafrios), sudorese noturna e sinal de Torres-Homem
(dor à percussão do gradil costal sobre o hipocôndrio direito).
O laboratório acusa uma leucocitose neutrofílica importante (20.000-30.000/mm3) e um aumento leve a
moderado das enzimas hepáticas.
Raramente o quadro é crônico, evoluindo com anorexia e perda ponderal.
Em função dos frequentes episódios de hemorragia que ocorrem para o seu interior, os abscessos
amebianos costumam ter aspecto “achocolatado”, sem cheiro, dito em “pasta de anchova”.
A lesão é única em 70% das vezes e situa-se, em geral, na porção superior do lobo direito. A doença hepática
costuma ocorrer na ausência de doença intestinal, sendo o parasita encontrado nas fezes em apenas 10-20%
desses casos.
Diagnóstico
Pesquisa de trofozoítos ou cistos nas fezes (pelos métodos de Faust, Richtie ou MIF, analisando-se três
amostras consecutivas).
Apesar de incomum, o encontro de trofozoítos contendo hemácias fagocitadas no exame de fezes a fresco é
considerado patognomônico, em particular se o paciente apresentar disenteria.
Sorologia e a pesquisa de antígenos fecais de ameba (ambos realizados pela técnica ELISA) (por serem mais
específicos para E. histolytica).
A pesquisa de antígeno fecal é mais sensível do que o exame de parasitológico de fezes.
A identificação genética por meio de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) representa o método mais
acurado de todos, consistindo no padrão-ouro para a diferenciação com outras amebas. Infelizmente, trata-
se de um método caro e ainda pouco disponível.
Pacientes com forte suspeita clínica que apresentam exames de fezes negativos podem ser submetidos à
colonoscopia com escovado e/ou biópsia da mucosa
Existem dois tipos de sorologia para ameba: a tradicional (que permanece positiva indefinidamente, como
cicatriz sorológica, não sendo útil para diagnóstico de infecção amebiana AGUDA em regiões endêmicas, pois
pode apenas refletir contato prévio com o patógeno) e a sorologia mais moderna que utiliza antígenos
recombinantes (cuja reatividade tende a se reduzir após a cura da infecção, sendo, por conseguinte, útil
como ferramenta diagnóstica de infecção AGUDA em regiões endêmicas). Neste último método, após a
resolução do quadro de amebíase invasiva (doença sintomática), a sorologia se torna negativa após um
período de 6-12 meses.
O diagnóstico de abscesso amebiano é feito pela combinação de métodos de imagem (USG ou TC) com
sorologia antiameba. Uma sorologia positiva num paciente com imagem e quadro clínico sugestivos possui
sensibilidade > 94% e especificidade > 95% para o diagnóstico. Vale dizer que, quando a sorologia é
solicitada de forma muito precoce (< 7-10 dias do início do quadro), o resultado pode ser falso negativo. Em
tal situação, deve- se repetir a sorologia após esse período.
Tratamento
Imidazólicos – como secnidazol, metronidazol e tinidazol. Deve ser complementado com drogas de ação antiameba
intraluminal!
1ª opção – Secnidazol 2 g (4 comp. de 500 mg em dose única). Crianças – 30 mg/kg/dia (máx. 2 g). Deve ser evitado
no primeiro trimestre da gravidez e durante amamentação. Eficácia 95%.
2ª opção – Metronidazol, 500 mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias, para adultos. Para crianças, recomenda-se 35
mg/kg/dia, divididas em 3 tomadas, durante 5 dias. A eficácia é a mesma do secnidazol (95%), mas é menos prático
porque o tratamento não é feito em dose única.
3ª opção – Tinidazol 2 g (4 comp. de 500 mg em dose única) após o almoço, durante 2 dias. Crianças, 50 mg/kg/dia
também por 2 dias. Eficácia 80%.
1ª opção – Metronidazol, 750 mg, VO ou IV, 3 vezes/dia, durante 10 dias. Crianças – 50 mg/kg/dia, também por 10
dias.
2ª opção – Tinidazol 2 g (4 comp. de 500 mg em dose única) após o almoço, durante 5 dias.
Outras drogas disponíveis no exterior: furoato de diloxanida, iodoquinol, paramomicina. As drogas acima só são
citadas na literatura nacional.
Agente Etiológico
Enterobius vermicularis. Também chamado de oxiúro, este nematodo tem tamanho pequeno, semelhante aos
ancilostomídeos. São parasitas do intestino grosso humano.
O ciclo evolutivo do E. vermicularis é bastante simples. Estes vermes não apresentam o ciclo pulmonar de Looss (e
portanto não podem ser implicados na síndrome de Löffler). Os oxiúros adultos vivem no intestino grosso, aderidos à
mucosa intestinal.
Nas fêmeas grávidas, o útero abarrotado de ovos exerce pressão sobre o esôfago, fazendo com que os lábios do
verme se retraiam e, portanto, desprendendo-o da mucosa intestinal. Essas fêmeas vão parar no tegumento da
região anal e perianal, onde liberam seus ovos. A fase de vida livre dos ovos embrionados no meio exterior é curta
(vinte dias), porém obrigatória, pois imprescindível que entrem em contato com o O2 do ar atmosférico e uma
temperatura abaixo da corpórea.
Não há, entretanto, a necessidade do contato com o solo. Após 6h, o ovo já se torna infestante, devido ao
amadurecimento do embrião. A transmissão é fecal-oral: o ser humano ingere os ovos embrionados, na maioria das
vezes eliminados por si próprio – ao coçar a região anal, perianal ou perineal; o indivíduo contamina as suas mãos e
posteriormente as leva até a boca. Ou seja, é bastante frequente a autoinfestação.
Além disso, com as mãos contaminadas o sujeito pode contaminar alimentos, passando a verminose para outras
pessoas geralmente do convívio domiciliar. Os ovos embrionados, sofrendo ação dos sucos digestivos, liberam as
larvas que se alojam temporariamente nas vilosidades intestinais e depois migram para o ceco, onde atingem a fase
adulta.
Epidemiologia
O oxiúro é o verme mais cosmopolita de todos os nematodos, sendo mais comum na infância, em instituições
infantis (creches, reformatórios, colégios) e não respeitando classe social. A enterobíase é a verminose mais comum
dos EUA, com uma prevalência em torno de 40% da população geral.
Quadro Clínico
O oxiúro é o verme do prurido anal... Este prurido exacerba-se no período noturno (pela ativação dos enteróbios
pelo calor do corpo acamado), causando irritabilidade, desconforto (às vezes, intolerável) e sono intranquilo. As
escoriações provocadas pelo ato de coçar podem resultar em infecções secundárias em torno do ânus, com
congestão na região anal, ocasionando inflamação com pontos hemorrágicos, nos quais se encontram
frequentemente fêmeas adultas e ovos.
Sintomas inespecíficos do aparelho digestivo são registrados, como vômitos, dores abdominais, tenesmo e,
raramente, fezes sanguinolentas. Um aspecto fundamental desta verminose é a invasão do aparelho genital
feminino pelas migrações erráticas do verme.
Neste caso, a menina acaba tendo que ser levada a um ginecologista, com o constrangimento de revelar prurido e
corrimento vaginal. Algumas vezes, a oxiuríase aumenta a excitação sexual feminina e o onanismo (compulsão para
se masturbar). São descritos casos de salpingite, ooforite e granulomas peritoneais.
Diagnóstico
Forte suspeita clínica, mas se possível deve ser confirmado por exames complementares.
Como os ovos são postos no tegumento anal ou perianal, o exame de fezes, na pesquisa dos ovos de oxiúro,
frequentemente é negativo.
No entanto, devemos procurá-los diretamente na região perianal, o que pode ser feito pelo método de Hall
(swab anal) ou pelo método de Graham (fita gomada), cuja colheita é feita na região anal, seguida de leitura
em microscópio. Também podem ser pesquisados em material retirado de unhas de crianças infectadas, que
oferecem alto índice de positividade.
Tratamento
O controle de cura é realizado uma semana após o término do tratamento, pelo método de swab anal, durante sete
dias consecutivos, pela manhã. Vejamos os esquemas recomendados. Infelizmente, nenhuma das três drogas a
seguir é recomendada em gestantes.