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Probabilidades bíblicas na semeadura.(Mateus 13.1-23)


Aos que corresponderam e continuam correspondendo o evangelho:
A- A

Aos que não têm correspondido o evangelho:


A-B
B-B
A-AB

1. Leitura da passagem: Mateus 13.1-23

2. Introdução.
Antes que falemos dessa passagem em sí, quero falar sobre o escopo
geral das parábolas e suas características; ou seja, falar da finalidade que
Jesus tinha a respeito disto da qual tanto citava nos evangelhos.
A palavra em grego παραβολὴ é composto e significa “colocar de
lado” e/ou tem um significado de querer fazer “paralelos”. Jesus tinha o
intuíto de comparar e constratar o Reino de Deus com elementos da
natureza terrena1.
Quero que vocês saibam que quando Cristo falava sobre as parábolas
tinha sempre em mente uma idéia principal e focado a uma explicação na
maioria das vezes e sem ter que fazer muitos “paralelismos”
desnecessários. Algumas pessoas quando interpretam as passagens querem
opinar nos detalhes de cada cenário, de cada elemento, de cada
personagem; achando que cada símbolo tem algum significado espiritual
desfocando totalmente da idéia principal imposta por Cristo e sem nenhum
respaldo bíblico.
Uma pergunta que devemos fazer sobre as parábolas é: por que Jesus
as usou? Muitas pessoas e até mesmo os cristãos professos acreditam que
era para facilitar no entendimento da Palavra, mas esse pensamento é um
equívoco. Na verdade é justamente o contrário, Ele queria revelar apenas
aos Seus discípulos e ainda quer revelar somente aos Seus, a aqueles que
são do aprisco de Cristo. Uma prova bíblica são os vs. 11 e 12:

11(Jesus) Ele responde: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios


do Reino dos céus, mas a eles não.” 12 A quem tem será dado, e este terá
em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado.

1
Cheung, V. (2003). The Parables of Jesus. Boston: Reformation Ministries
Internacional, p. 4.
2

Enquanto a uns é dado, a outros simplesmente não.


E porque a uns não é dado? Por causa da dureza de coração, da
cegueira e surdeza espiritual conforme os versos 13 a 152, leiamos. São
pessoas de má vontade como diz as escrituras, que não estão nem aí para a
vontade de Deus. Insensíveis a voz do Espírito.
As pessoas que realmente procuram por Deus devem buscar, se
esforçar, pensar, usar todo o entendimento espiritual e se aproximarem da
pessoa de Cristo para entenderem os mistérios do Reino. Veja que no verso
10 os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram.
E agora quero examinar juntamente com vocês a suas vidas e a
condição de suas almas diante disso, se a vocês está sendo revelada o
Reino, se estão vendo o Reino com os olhos espirituais, se estão ouvindo a
voz do Espírito e se vocês têm um coração sensível a este Espírito;
utilizando e examinando a passagem da parábola do semeador.

2.Desenvolvimento.
Quero falar de probabilidades. Institutos como o IBGE3 e DataFolha
traçam pesquisas nas intenções de votos das pessoas em eleições de
presidentes e governantes com porcentagens, entre outros tipos de
pesquisas. Junto com a probabilidade de o candidato ser eleito ou não,
coloca-se uma margem de erro para cima ou para baixo da porcentagem
prevista, eu diria que no máximo a margem de erro seria de 10%, não mais
que isso. Então se um candidato tem a probabilidade de ter 35% das
intenções de voto a varição gira em torno dos 25% a 45% de votos reais.
E o que isso tudo tem a ver com a parábola de Jesus? Veja que é
citado quatro tipos de ouvintes da Palavra e apenas um tipo é o que vem a
dar bons frutos e persevera em Cristo (v. 23) e todos os outros três são
considerados solos ruins e caminham pelo caminho largo da perdição
condenados por toda a eternidade. Sem bons frutos vocês sabem o que
acontece, João Batista em Lucas 9.3 nos adverte: O machado já está posto
à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e
lançada ao fogo. Lembrando que bons frutos são a evidências de uma fé
viva em Jesus Cristo, nossa única videira e evidências de um novo
nascimento operado somente pelo Espírito Santo.
Isto não é um conto de fadas, isso é real. Pesquisas feitas por homens
não erram tanto assim como citei antes. Se essas pesquisas até acertam em
certa ocasiões, quanto mais as palavras de Cristo que é inerrante e
verdadeiras. Será realmente que essa parábola não é aplicável nesse recinto,
em vocês? É com imenso temor e tremor em meu coração digo que há uma
grande probabilidade da maioria de vocês que me ouvem de não

2
Cf Is 6.9-10
3
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
3

comparecerem preparados diante do tribunal de Cristo e serem lançados


para o inferno por toda e toda eternidade e pelos séculos dos séculos. (+)
Digo isso tudo não para amedronta-los ou desencoraja-los, longe
disso. Mas para que vocês saibam a realidade em que nos encontramos e
não sejam cegados e nem suprimam essa verdade de que muitos estão
caminhando para a perdição eterna mesmo os que professam Cristo como
Senhor. Tomo as palavras de Paulo emprestado em Romanos 10.1: “o
desejo do meu coração e a minha oração a Deus ... é que ... sejam salvos”.
Mas se vocês querem tanto viver uma doce ilusão de que todos estão salvos
sem um novo nascimento, sem justificação, sem santidade, sem auto-
abnegação, sem negar a sí mesmo e tomar a cruz. Não podemos fazer nada
a respeito. Sei que as palavras que falo são duras, mas é a pura verdade.

3. Analisando os elementos principais e os tipos de terras da parábola.


Voltando para a parábola. Há três elementos fundamentais que
devem ser analisados aqui e que serão utéis para explicar a idéia principal
de Jesus nesta parábola.
Os três elementos básicos é o semeador, a semente e a terra. O
semeador é a pessoa que prega a Palavra4, a semente é a própria Palavra e a
terra são os ouvintes da Palavra.

I) Primeiro tipo de terra


Comparando-se com os versos 4 e 19 do primeiros tipos de ouvintes:
4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves
vieram e a comeram.
Explicação: 19 Quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a entende,
o Maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração. Este é o
que foi semeado à beira do caminho
Estas são pessoas cuja mente são vazias ou como no ditado popular
cabeça “oca”. Como já dito por Lutero que a mente vazia é oficina do
diabo, a vida de tais pessoas são facilmente operada por Satanás, que aqui é
represetando pelas aves na parábola, são alimentos dele e presa fácil.
Porque não há nada e não há entendimento, mesmo que essas pessoas
ouçam, elas não entendem. A explicação da Palavra entra em um lado do
ouvido e sai sem absorção para o outro. E faço a pergunta aos ouvintes:
Quantos de vocês ouviram e entenderam o que foi dito até agora? (Pegue
um exemplo prático). São pessoas à beira do caminho.
São pessoas ignorantes e burras que desprezam o conhecimento, o
entendimento e a sabedoria da Palavra. Acham que são salvas sem ter o
entendimento dos mistérios do Reino, mas muito se engana quando na
verdade parte da salvação está inserida o conhecimento da Palavra de Deus.

4
Cf. 1Co 3.6
4

Veja as solenes palavras de Cristo em João 8.32: “E conhecerão a


verdade, e a verdade os libertará” e as de Salomão em Provérbios 9.6:
“Deixem a insensatez e vocês terão vida; andem pelo caminho do
entendimento.” Veja que há duas afirmações ditas aqui, que o
conhecimento da verdade que é Jesus5 leva a libertação do pecado; e
deixando a insesatez e andando pelo caminho do entendimento é obtido a
vida. Mas veja que em provérbios está escrito “andem” ou seja continuem
pelo caminho do entendimento sempre que obterão vida.

II) Segundo tipo de terra:


Continuando nos versos 5, 6; 20 e 21:
5 Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo
brotou porque a terra não era profunda. 6 Mas quando saiu o sol, as plantas
se queimaram e secaram, porque não tinham raiz.
Explicação: 20 Quanto ao que foi semeado em terreno pedregoso, este é
aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. 21 Todavia, visto
que não tem raiz em si mesmo, permanece pouco tempo. Quando surge
alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona.
Esses são os “logos”, logo brotam, logo recebem a palavra, logo
crescem até algum tempo; mas logo permanecem por pouco tempo e logo
abandonam a Palavra e no caminho da vida e depois caiem e murcham
como relva. E por que essas pessoas não permanecem? Por que caíram tão
facilmente?
Jesus aqui fala de terreno pedregoso, onde não havia muita terra,
são terras que só aparentam abundância externas mas que por baixo dela há
pedras que impedem a passagem das raízes. São pessoas que só têm
aparências de boas mas que nos seus interiores são túmulos caiados,
interesseiras e que não tem nenhum compromisso com a Obra do Senhor.
Não se aprofundam e a Palavra não penetra no coração delas por que são
endurecidas. Só vai na superfície, são pessoas superficiais.
Recebem com alegria a mensagem, mas basta vir o primeiro raio de
sol que logo murcham, porque não há umidade e não há umidade por não
haver profundidade nas raízes e por não estarem enraizados na fonte da
água da vida6 que é Jesus. Não têm uma relação pessoal com Cristo, podem
ter muitos amigos na igreja, podem andar com pessoas piedosas e santas,
podem participar de muitos eventos cristãos; mas Cristo não os conhece.
Saibam que Deus faz raiar o seu sol sobre maus e bons7, sobre
árvores que dão bons frutos e que dão maus frutos, sobre todos. Mas a
diferença é que o verdadeiro cristão está enraizado em Jesus e mesmo nas
tribulações e nas provações continua firme na sua caminhada da fé.

5
Cf. Jo 14.6
6
Cf. Ap 22.17
7
Cf. Mt 5.45
5

Faço a mesma pergunta de Charles H. Spurgeon em um dos seus


artigos: Nós professores e líderes de suas almas, estamos alimentando as
ovelhas ou divertindo os bodes?8.
Acaso há necessidade de ser divertido e agradável para transmitir as
mensagens? Ou em por algo na mensagem que dê alegria espontânea mas
que depois não dêem frutos dignos? Não estou desprezando aquelas
pessoas que queiram alegrar os ouvintes, mas apenas isso não é suficiente
para anunciar as exigências do Evangelho e o Cristo crucificado. Saibam
que alegria espontânea apenas não é evidencia do novo nascimento
Quero fazer uma comparação desta passagem com o salmo 1.4b-5:
“4 São como palha que o vento leva. 5 Por isso os ímpios não resistirão no
julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos.” Tais pessoas
com coração “pedregoso” não resistirão ao julgamento do Senhor e nem na
comunidade dos justos sabendo que no devido tempo Deus arrojará essas
palhas em que se encontram, com o sopro de sua boca9, pois são
infrutíferas.

III) Terceiro tipo de terra.


Versos 7 e 22.
7 Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas.
Explicação: 22 Quanto ao que foi semeado entre espinhos, este que é aquele
que ouve a palavra, mas a preocupação desta vida e o engano das riquezas a
sufocam, tornando-a infrutífera.
Está é uma advertência que serve para minha vida e aos professores e
todos aqueles que têm crescido na graça, que tem crescido no
conhecimento, nas bênçãos divinas, nas obras da igreja. Mas a medida que
crescem dentro da igreja os problemas da vida e suas preocupações no
mundo também crescem.
Daqui a pouco vocês entrarão na faculdade, e lá haverá muitas
pressões, quantas pessoas começam na obra mas por causa das pressões
desistem? Fazem até longas jornadas nessas caminhadas, mas por causa do
engano das riquezas desistem da Cruz. Crescem em tudo, mas ainda sim
são infrutíferos.
Quero relacionar essa parte da mensagem com duas passagens: o
primeiro é um aviso de Paulo em 2 Timóteo 6.9,10 e o outro é Mateus
6.33,34, vamos abrir e lê-las. São duas dicas para que vocês possam
continuar na caminhada quando vierem esses espinhos e não te sufocarem.
Não deixem que tais pressões deixem a sua fé esmorecer. Perseverem!
IV) Quarto tipo de terra.
8
Spurgeon, C. H. Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes?
9
Calvino, J. (2009). Salmos volume 1 - Série Comentários Bíblicos. São José dos
Campos: Editora Fiel, p. 47.
6

Versos 8 e 23.
8 Outra ainda caiu em boa terra, deu boa colheita, a cem, sessenta e trinta
por um.
Explicação: 23 E, finalmente, o que foi semeado em boa terra: este é aquele
que ouve a palavra e a entende, e dá uma colheita de cem, sessenta e trinta
por um.
Terra em grego é γη (gê) que é um prefixo que deu origem a palavras
como geologia, geografia e gênesis. Lembrando que viemos do pó e fomos
feito do barro como Adão10. E interessante que Adão e homem (adam) no
hebraico é parecido com terra (adamah). Esse mesmo prefixo gê é usado
para falar sobre regeneração que significa uma nova gênesis, um novo
nascimento, uma nova terra, um novo princípio e um novo coração e um
novo homem em Cristo Jesus!
Digo-lhes verdadeiramente que , se o grão de trigo não cair na terra
e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto.11
É preciso morrer o velho homem, se despir dele e se tornar uma nova
criatura. É preciso morrer para o mundo, para a carne e os próprios desejos.
Estes são os que fazem a vontade do Pai que está no céu, que vivem
para glória dEle, eles dão frutos um por trinta, um por sessenta e um por
cem. Eles ouvem a Palavra, entendem e praticam. Eles amam a Deus,
amam a Sua Santidade e a Sua Lei, tem zelo por Ele e pelos irmãos em
Cristo. Eles são os bens-aventurados pobres de espírito, os que choram, os
humildes de coração, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos,
os puros de coração, os pacificadores e os que são perseguidos por causa da
justiça. Estes são o sal e luz do mundo. São parecidos com Cristo, são a
imagem e semelhança dEle12. São os que fazem a diferença neste mundo
caído! (Continue se necessário). A verdadeira igreja é o trigo da terra. Ela
pode ser peneirada, escolhida, malhada e sacudida para lá e para cá.
Contudo, nem sequer um grão se perderá. A palha e o joio serão
queimados. O trigo será juntado no celeiro celestial.13

Bibliografia
Calvino, J. (2009). Salmos volume 1 - Série Comentários Bíblicos. São José
dos Campos: Editora Fiel.
Cheung, V. (2003). The Parables of Jesus. Boston: Reformation Ministries
Internacional.
Ryle, J. C. (1879). Santidade - Sem a qual ninguém verá o Senhor. Editora
Fiel.
Spurgeon, C. H. (s.d.). Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes?

10
Cf. Gn 2.7
11
Cf. Jo 12.24
12
Cf. Rm 8.29
13
Ryle, J. C. (1879). Santidade – sem a qual ninguém verá o Senhor. Editora Fiel.

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