CORPO E LITERATURA: UM ESTUDO A PARTIR DAS ‘MUSAS DESBOCADAS’
DO MOVIMENTO POETAS NA PRAÇA – BAHIA (1980-1989).
Marcelise Lima de Assis – UNEB
Resumo: O Movimento Poetas na Praça (Salvador/BA - 1980-1989) foi constituído em
meio a uma década repleta de acontecimentos históricos em todo o País, devido à censura imposta pelo Estado, seus aparelhos institucionais e suas formas de repressões, além dos festivais de rock e das aspirações da contracultura. As diversas formas de interdições incitaram a tomada da Praça da Piedade como forma de guerrilha e resistência, o que culminou em uma ocupação cultural. Nota-se que durante o período de ocupação da Praça, no centro da cidade, os poetas mobilizaram encontros entre grupos de artistas e passantes das ruas com o intuito de politizar o cotidiano por meio da declamação de poemas. Desse modo, objetivamos discutir um projeto de pesquisa que visa colocar em debate a atitude política das mulheres que fizeram parte do Movimento Poetas na Praça. Para isso, será preciso investigar a noção de corpo e literatura que impulsionaram a imersão dessas mulheres no universo dos recitas em praça pública como forma de guerrilha cultural. Compreendemos a atitude das poetas como categoria política heterológica, ou melhor, como uma prática do corpo que irrompe para fora de uma lógica utilitária e hegemônica de produção. As poetas apresentam uma noção de corpo destoante dos identificadores sociais/sociáveis típicos do corpo ordinário, ou melhor, o corpo-teatro de cada poeta é impulsionador, inquietador de pessoas e espaços pois estimula o ato de transgressão. Para o debate, apresentaremos como base os estudos sobre mulher e política no Brasil a partir das pesquisadoras Leila Machado Coelho e Marisa Baptista (2009), além dos conceitos de heterologia discutido por Bataille (2014) e Drummond (2013), corpo, a partir do pensamento de Nancy (2015), teatro da crueldade, partindo dos escritos e experiências de Artaud (2006), Huberman (2011) quando discute sobre a sobrevivência dos vaga-lumes e as teses sobre o conceito de história de Benjamin (1985).
Palavras-chave: Mulher. Literatura. Política. Corpo. Heterogeneidade.