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Solos

Curso CPM – EsSA


Geografia do Brasil
Prof. Adriano
Solo

 Importância:
 Fundamental para inúmeros processos naturais e
socioeconômicos
 Base para a prática agrícola e a pecuária
 Permite a existência de várias formas de vida, seja
ela animal ou vegetal
 Importância para a vida vegetal
 Permite a fixação das raízes
 Possibilita a nutrição e o desenvolvimento das
plantas
Formação do solo

 Solos mais antigos do planeta – período Terciário


 Maior parte dos solos – período Quaternário
 Há menos de 1,6 milhão de anos
 Formação de uma camada de solo de 30 cm – mil a
10 mil anos
 Recursos naturais não renováveis
Formação do solo

 Formação ligada ao intemperismo


 1º - Desintegração física e decomposição química das rochas – calor e umidade
 Formação do material inorgânico superficial

 2º - Atividade física e químico-biológica dos organismos


 Decomposição – húmus

 Conjugação de outros fatores:


 Temperatura, ventos, águas correntes, topografia, vegetação, tipo de rocha matriz
Fatores de formação dos solos

 Rocha matriz:
 Sob as mesmas condições climáticas, cada tipo de rocha exposta ao intemperismo
dá origem a um tipo de solo diferente, dependendo de sua constituição
mineralógica
 Os solos podem se desenvolver de:
 rochas ígneas ou metamórficas claras, como os granitos e os quartzitos;
 de rochas ígneas escuras, como o basalto;
 de sedimentos consolidados, como os arenitos e as rochas calcárias;
 de sedimentos não consolidados, como as dunas de areia e cinzas vulcânicas
 Ex.:
 Rocha matriz – arenito – surgimento de solos arenosos
 Arenito com pouca concentração de calcário - solo quimicamente pobre
Fatores de formação dos solos

 Clima:
 Temperatura e umidade – regulam a velocidade, a intensidade, o tipo de
intemperismo das rochas, a distribuição e o deslocamento de materiais ao
longo do perfil do solo
 Quanto mais quente e úmido for o clima – mais rápida e intensa será a
decomposição das rochas, pois o aumento da temperatura e da umidade
acelera a velocidade das reações químicas
 Solos de climas tropicais – são mais profundos que de climas temperados
(menos quentes) e áridos (menos úmidos)
Fatores de formação dos solos

 Relevo:
 Proporciona desigual distribuição de água da chuva, de luz e calor
 Pode favorecer ou desfavorecer os processos de erosão
 Diferenças topográficas facilitam, por exemplo, o acúmulo de água das chuvas
em áreas mais baixas e côncavas e aceleram a velocidade de escoamento dela
em vertentes íngremes
 Vertentes mais expostas à insolação tornam-se mais quentes e secas do que
outras faces menos iluminadas, que, no hemisfério sul, estão voltadas
predominantemente para a direção sul
Nas áreas de declividade acentuada, os solos são mais rasos porque a alta
velocidade de escoamento das águas diminui a infiltração; assim, a água
fica pouco tempo em contato com as rochas, diminuindo a intensidade do
intemperismo. Além disso, o material decomposto ou desagregado é
rapidamente transportado para as baixadas – por isso, no pico de serras e de
montanhas, a rocha costuma ficar exposta, sem nenhum recobrimento.
Fatores de formação dos solos

 Organismos:
 Microrganismos (bactérias, algas e fungos) decompositores, vegetais e animais
 Todos são agentes de conservação do solo
 Ser humano
 Pode degradar ou conservar o solo, dependendo do uso que faz dele
Fatores de formação dos solos

 Tempo:
 Período de exposição da rocha matriz às condições da atmosfera
 Solos jovens são geralmente mais rasos que os velhos
Horizontes ou camadas do solo

 Horizonte O
 Superficial O
 Pode conter mais de 20% de matéria orgânica (animal e A
vegetal) em diferentes gruas de decomposição
 Horizonte A
 Maior quantidade de matéria orgânica decomposta e misturada B
com elementos minerais
 Sofre perda de minerais (ferro e alumínio) pela lixiviação
 Contém as raízes dos vegetais
C
Horizontes ou camadas do solo

 Horizonte B
 Bastante intemperizado O
 Pouco afetado pela erosão natural e pela ação do homem A
 Pouca matéria orgânica
 Muita matéria mineral e cor geralmente vermelha ou amarela
 Recebe materiais lixiviados do horizonte A B
 Horizonte C
 Chamado de regolito – material decomposto, proveniente da
rocha matriz C
Horizontes ou camadas do solo

 Horizonte R
 Rocha matriz ou rocha não alterada
Classificação dos solos

 Zonais
 Clima – principal elemento responsável por sua formação
 Solos bem formados (maduros)
 Apresentam os horizontes A, B e C bem caracterizados
 Exemplo: latossolo (clima quente e úmido, muito profundo, pobre em minerais)
Classificação dos solos

 Interzonais
 Influência preponderante do relevo local ou da rocha de origem
 Azonais
 Não apresentam características bem desenvolvidas
 Geralmente recentes e desprovidos do horizonte B
 Podem ocorrer sem os horizontes B e C
Origem dos solos

 Eluviais
 Formados no próprio local – desagregação e decomposição das rochas
 Ex.: massapé e terra roxa
 Aluviais
 Formados pelo acúmulo de materiais transportados pelas águas correntes e pelos
ventos
 Ex.: solos de várzea e deltas fluviais
Coloração do solo

 Escuros ou orgânicos
 Forte presença de matérias orgânicas
 Alto valor agrícola
 Avermelhados e amarelados
 Forte presença de óxido de ferro
 Claros
 Pouca presença ou ausência de matéria orgânica
Latossolos

 Recobrem a maior parte da zona intertropical e, portanto, do Brasil


 Profundos
 Tendem a enfrentar intensa lixiviação
 Latossolos tropicais submetidos à alternância entre estações chuvosas e secas:
 Laterização – formação de uma camada de laterita, com coloração de tijolo, que
contém grande quantidade de resíduos de ferro ou alumínio
 Bastante ácidos – necessita de correção para a agricultura – calagem – adição de
calcário
Massapê

 Escuro e orgânico
 Decomposição do granito/gnaisse e do calcário
 Foi amplamente utilizado na cultura canavieira
da Zona da Mata nordestina, durante o período
colonial
 Até hoje apresenta elevada produtividade
“Terra roxa”

 Decomposição do basalto → rocha magmática


extrusiva (vulcânica) e do diabásio
Basalto Basalto em
 Solo muito fértil
decomposição
 Muito utilizado para o cultivo de café e soja (intemperismo)
 Solo de cor avermelhada → recebeu a denominação
“roxa” devido à ambiguidade gerada por imigrantes
italianos, que o chamavam de “terra rossa”, que
significa terra vermelha em italiano
Na primeira foto, solo de terra roxa, formado pelo basalto, em Floresta (PR),
em 2011. Esse solo, de fato, é vermelho. A palavra “roxa” deriva do italiano rossa,
que significa ‘vermelha’. “Terra rossa” era como os imigrantes denominavam esse
solo avermelhado.
Na segunda foto, plantação de cana-de-açúcar em solo de massapê, formado
pelo gnaisse, na Zona da Mata, em Penedo (AL), em 2009. Sua cor é bem
diferente da cor da terra roxa.
Esses dois tipos de solo estão entre os mais férteis do Brasil.
Solo de várzea

 Surge em maior ou menor escala junto aos rios, sendo formado por aluviões.
De cor cinza ou preta, é utilizado para culturas adaptadas a ambientes
úmidos, como o arroz.
Degradação dos solos

 Ações humanas → devastação das vegetações nativas


 Intensa impermeabilização do solo
 Ocupação de encostas → acelera o processo de degradação
 Por anos, bilhões de toneladas de solo são perdidos, o que, com o
tempo, pode diminuir as terras agricultáveis, gerando possível redução
na produção de alimentos em nível mundial
 Perda de áreas agricultáveis → pode representar, no futuro, o aumento
do preço dos alimentos, tornando-o ainda mais inacessível aos
habitantes das regiões mais pobres do mundo
Outros problemas

 Erosão – destruição mecânica dos solos pela ação das enxurradas, desde que
estejam desprotegidos. Anualmente, perdem-se toneladas de solos férteis.
Pode provocar problemas como a voçoroca;
 Lixiviação – empobrecimento do solo pela ação da água que “lava” os
nutrientes, carregando-os para as camadas inferiores;
 Laterização – formação de uma crosta no horizonte superior do solo pelo
acúmulo de óxidos de ferro e alumínio.
Outros problemas - voçorocas

 Sulcos no terreno originados pelas fortes chuvas fortes


 Se não forem controlados – podem se aprofundar a cada nova chuva e, com o
escoamento que ocorre no subsolo, resultar em sulcos de enormes dimensões
 Em alguns lugares chegam a atingir dezenas de metros de largura e
profundidade, além de centenas de metros de comprimento, impossibilitando
o uso do solo tanto para atividades agrícolas como urbanas
Voçoroca em chapada Gaúcha (MG), em 2012
Outros problemas - voçorocas

 Ações para impedir sua formação:


 1ª - Desvio do fluxo de água
 2ª - Controle da velocidade e do volume da água que escoa sobre o sulco, caso
a topografia do relevo não permita o desvio
 Plantio de grama – se a declividade das paredes do sulco não for muito acentuada
 Construção de taludes – degraus responsáveis pela diminuição da velocidade de
escoamento da água – recurso usado em rodovias brasileiras
Outros problemas - voçorocas

 Ações para impedir sua formação:


 3ª - Construção de uma barragem e consequente represamento da água que
escoa tanto pela superfície quanto pelo subsolo
 Faz com que a voçoroca fique submersa e receba sedimentos trazidos pela água,
que com o tempo a estabilizam
Outros problemas – assoreamento

 Acúmulo de materiais sedimentares (areia e terra) ou de lixo no leito dos rios


 Deixa os rios cada vez mais rasos, reduzindo sua capacidade de absorver água
 Facilita as enchentes
Importância da conservação dos solos

 O impacto sobre os solos deve ser altamente debatido, em nível


local e mundial, pois preservar o solo não é só evitar
catástrofes, como deslizamentos, e sim manter o planeta
provido de alimentos
 É um problema sobre o qual se deve refletir e tomar as decisões
mais adequadas, pensando nessa e nas próximas gerações
 A seguir, algumas técnicas de conservação do solo
Técnicas de conservação dos solos

 Proteção (reflorestamento);
 Curvas de nível e terraceamento;
 Adubação;
 Rotação e associação de culturas;
 Calagem.
Rotação de culturas

 Consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais, numa


mesma área agrícola
 Espécies escolhidas → devem ter, ao mesmo tempo,
propósitos comercial e de recuperação do solo
 Vantagens:
 Proporciona a produção diversificada de alimentos e outros
produtos agrícolas
 Se adotada e conduzida de modo adequado e por um período
suficientemente longo, melhora as características físicas,
químicas e biológicas do solo
 Auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas
 Repõe matéria orgânica
 Protege o solo da ação dos agentes climáticos
Terraceamento

 Cortes nas superfícies íngremes para formar degraus


 Construção de terraços
 Propósito de disciplinar o volume de escoamento das águas
das chuvas
 Possibilita a expansão das áreas agrícolas em regiões
montanhosas e populosas, por isso é muito comum em países
asiáticos, como China, Japão, Tailândia e Filipinas
 Prática de combate à erosão
Terraceamento

 Deve ser utilizada concomitantemente a outras práticas de


manejo do solo:
 cobertura do solo com palhada, calagem e adubação fertilizante
balanceadas
 rotação de culturas com plantas de cobertura
 cultivo em nível ou em contorno.
 A combinação dessas práticas de controle da erosão compõe o
planejamento conservacionista da lavoura
Agricultura em terraços em Bali (Indonésia), em 2011
Curvas de nível

 Consiste em arar o solo e depois semeá-lo seguindo as


cotas altimétricas do relevo
 Curvas de nível ou isoípsas
 Reduz a velocidade de escoamento superficial da água
da chuva
 Para reduzi-la ainda mais, é comum a construção de
obstáculos no terreno, espécie de lombadas, com terra
retirada dos próprios sulcos resultantes da aração
 Reduz sensivelmente a perda de solo agricultável

Cultivo de chá seguindo as


curvas de nível, em
Registro (SP), em 2012
Plantio direto

 Presença de palha → contribui para aumentar


a rugosidade do terreno, estabilizar os
agregados do solo e impedir a desagregação das
partículas pelo contato direto com as gotas de
chuvas
 Resulta em maiores taxas de infiltração e
diminuição do volume de escoamento da água
pela enxurrada
Calagem

 Preparo do solo para cultivo agrícola na


qual se aplica calcário no solo
 Objetivos:
 Elevação dos teores de cálcio e magnésio
 Neutralização do alumínio trivalente
(elemento tóxico para as plantas)
 Correção do pH do solo – desenvolvimento
satisfatório das culturas
 Redução da acidez
Reflorestamento e cultivo de árvores

 Em regiões onde os ventos são fortes e a erosão eólica é intensa, pode-se


plantar árvores em linha para formar uma barreira que quebre sua velocidade
e, consequentemente, reduza sua capacidade erosiva
Outros cuidados com o solo

 Podem manter ou até mesmo melhorar a fertilidade, o que contribui para sua
conservação
 1. Adequação das culturas aos tipos de solo, respeitando seu limite, sua
possibilidade de uso
 2. Adubação do solo, tanto para corrigir uma deficiência de nutrientes como
para repor o que o cultivo retira dele
 3. Revezamento de culturas, já que cada uma delas tem exigências
diferentes em relação aos nutrientes do solo
Embrapa

 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)


 Instituição pública de pesquisa
 Criada em 1973
 Ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
 Objetivo → desenvolvimento de tecnologias, conhecimentos e informações
técnico-científicas voltadas para a agricultura e a pecuária brasileira,
buscando seu aperfeiçoamento, por meio de melhor e maior produtividade

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