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Livros que você precisa ler

Mãe, de Máximo Gorki


7 de fevereiro de 2005

O romance Mãe é considerado um dos trabalhos mais


importantes do escritor revolucionário russo Máximo
Gorki. Escrito em 1907, quanto o autor encontrava-se
refugiado em Staten Island com sua mulher, o romance
começa descrevendo os hábitos e a vida das pessoas num
típico bairro operário russo, para logo depois se dedicar à
história de uma das famílias.
Logo nos primeiros capítulos do romance o chefe da
família, Mikhail Vlassov morre, deixando Peláguea Nilovna
viúva e o jovem Pavel órfão. Sua morte, no entanto, não
causa grande comoção entre os familiares e nem mesmo
entre os vizinhos e companheiros do bairro onde morava,
uma vez que o velho tinha hábitos rudes e grotescos,
principalmente com Peláguea e Pavel, com quem não
falava há mais de dois anos. “(...) Mikhail Vlassov,
serralheiro, cabeludo, sóbrio, que, com seus olhos
pequenos, sob grossas sobrancelhas, olhava com desconfiança e escárnio. O
melhor serralheiro da fábrica e o mais forte e temido do bairro operário, era
grosseiro com seus superiores e, por isso, ganhava pouco; aos feriados sempre
surrava alguém e todos o temiam e detestavam”.
Livre dos pesadelos da vida doméstica com seu marido, Peláguea Nilovna passa a
observar melhor o comportamento de seu filho Pavel. Logo percebe que seus
hábitos não são iguais aos dos outros jovens do bairro, que não freqüenta as
festas nem consome álcool em demasia, mas mesmo assim permanece um
grande tempo fora de casa. A mãe chega a formular diversas hipóteses para
justificar a ausência constante do filho, porém descarta todas elas. Certo dia, após
o jantar, Pavel encosta-se num canto e sob a luz do lampião começa a ler um
livro, a mãe se aproxima dele em silêncio, e então o filho revela: “Estou lendo
livros proibidos. São proibidos, porque dizem a verdade sobre nossas vidas de
operários...”. Subitamente a mãe sente um aperto no coração e então Pavel
explica-lhe pacientemente tudo o que já havia aprendido sobre a vida dos
operários e diz-lhe que em breve alguns de seus amigos da cidade virão até a
casa, para que se realize uma reunião.
A partir daí, passam a ser realizadas reuniões constantes na casa de Pavel, que
no início causam grande temor a mãe, que com o passar do tempo acalma-se e
passa a sentir uma grande simpatia pelos companheiros de seu filho. O grupo
organizado por Pavel passa a atuar nas fábricas do bairro, são distribuídos
panfletos e chegam até mesmo a organizar uma greve. Tudo isso, numa época
em que a repressão do governo czarista era enorme. Por essas ocasiões, Pavel
chegou a ser preso, porém não demorou muito a ser solto novamente. Durante o
tempo de retenção de seu filho, Nilovna passou a cooperar mais ativamente com
o grupo de jovens que se organizava no bairro, tendo inclusive, disfarçada de
vendedora de comida, infiltrado diversas edições de panfletos nas fábricas,
passando com muita esperteza e facilidade pela vigilância dos guardas e patrões.
Às vésperas da manifestação do 1º de Maio de 1902 na Rússia, um acontecimento
real retratado no livro, a mãe já havia adquirido uma compreensão sobre a
importância da atividade do filho, chegando a ajudar nos preparativos para a
manifestação no bairro, que contou com panfletos e cartazes, e também uma boa
organização para escapar da vigilância da polícia czarista. “Os manifestos,
conclamando os operários a festejar o Primeiro de Maio, eram pregados nos
muros e paredes todas as noites; apareciam, até, na porta da delegacia, e eram
encontrados, diariamente, na fábrica. Todas as manhãs, policiais, enfurecidos,
percorriam o bairro, arrancando e raspando os cartazes roxos das paredes, mas,
à hora do almoço, eles voltavam a voar pelas ruas, caindo aos pés dos
transeuntes”.
A manifestação do Primeiro de Maio foi um sucesso no bairro, reunindo uma
multidão de operários, sob o comando do grupo de Pavel, que foi um dos líderes
que mais se destacou. Nesse momento, o grupo se identifica pela primeira vez no
livro como integrante do Partido Operário Social Democrata Russo.
Com o avanço da passeata, em determinada rua do bairro ela se encontra com
um batalhão de policiais, mas não deixa de avançar. Aos poucos a multidão
começa a se dispersar, mas os líderes da manifestação seguem em frente até
entrar em choque com a polícia. Resulta do confronto a prisão de Pavel e todos os
seus companheiros, incluindo o ucraniano Andrei, que há algum tempo estava
morando em sua casa e havia adquirido uma grande amizade com a mãe. À
prisão seguiu-se um ato de protesto em que Nilovna tomou parte principal
discursando não apenas em favor de seu filho, mas demonstrando já um
conhecimento da causa a que ele servia.
Temerosos de que houvessem retaliações à mãe de Pavel, que encontrava-se
sozinha em casa depois de sua prisão, seus companheiros do partido levaram
Paláguea para morar na cidade, pois a polícia já havia invadido e revistado sua
casa em duas ocasiões anteriores e desta vez ela mesma poderia ser levada
presa.
A partir daí então, a mãe foi morar na casa de um militante chamado Nicolai,
passando a trabalhar cada vez mais pelo partido, sendo responsável
principalmente pelo transporte de jornais, panfletos e manifestos, principalmente
para os camponeses, tornando-se com o passar do tempo, uma verdadeira
militante.
A obra retrata com fidelidade a agitação social em que a Rússia estava submersa
no começo do século, o inicio do movimento político no bairro operário, de uma
forma que apenas um profundo conhecedor da cultura, dos falares, das gírias e
costumes do povo russo, como Gorki, poderia realizar, fazendo despertar um
profundo entusiasmo através da história da vida de Pelaguéa Nilovna, a Mãe

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