UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

CONSELHO UNIVERSITÁRIO

CONSELHO SUPERIOR DA UFOPA SE POSICIONA CONTRA PEC 55

A PEC é uma Proposta de Emenda à Constituição, composta de três artigos, que visa a alterar
o ato das disposições constitucionais transitórias, para instituir o novo regime fiscal – ou seja, é um
projeto de Lei que propõe mudanças na Constituição do Brasil.
Trata-se de um regime fiscal que vigorará por 20 (vinte) exercícios financeiros (20 anos). A
PEC, que valerá para os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –, além do Ministério
Público da União, da Defensoria Pública da União e do Tribunal de Contas da União, propõe que, a
partir de 2017, as despesas primárias da União fiquem limitadas ao que foi gasto no ano anterior,
corrigido pela inflação. Ou seja, em 2017, a despesa em termos reais (isto é, descontada a inflação
ocorrida em 2016) ficará igual à realizada em 2016. Por sua vez, em 2018, o limite anual será o teto
de 2017, acrescido da inflação de 2017. E assim por diante, enquanto a PEC estiver em vigor. Esse
fato congela os gastos primários do governo, produzindo um retrocesso democrático na constituição
de 1988, desconsiderando outras variáveis complexas dessa equação, como o crescimento
populacional e a possibilidade de mudanças no cenário econômico.
A Constituição de 1988 definiu um conjunto de direitos sociais, com receitas definidas,
procurando diminuir as diferenças sociais existentes ao longo da história. O ajuste fiscal proposto,
caso seja aprovado, proporcionará uma desvinculação das receitas obrigatórias em saúde e educação,
reforma previdenciária, entre outros, levando à redução de direitos dos atuais beneficiários para
permitir o acesso, a esses direitos, de novos beneficiários. Nesse sentido, a PEC 241 é um retrocesso
na história do Brasil, por causar a perda de direitos garantidos constitucionalmente.
Mesmo com um serviço público fragilizado, as universidades federais são as maiores
instituições a promoverem ensino, pesquisa e extensão de qualidade, condição necessária para o
desenvolvimento de qualquer país.
Para se ter uma ideia dos impactos que a PEC causaria na educação, a Câmara do Deputados
realizou um Estudo Técnico (nº 11/2016) em que ficaram demonstradas perdas na ordem de R$ 17
bilhões para o setor somente no ano 2025. Ao longo de um período de 10 anos, esta cifra chegaria a
R$ 58,5 bilhões, comprometendo as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), além de impedir
qualquer aumento no número de matrículas da educação infantil, nos investimentos de infraestrutura

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de escolas, na abertura de novas turmas e na contratação de novos profissionais, tudo relacionado à

área da educação básica. Ou seja, a perda é gigantesca e com impactos sociais incalculáveis.
A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), criada para atender aos anseios da
população de Santarém e da região Oeste do Pará, principalmente, conta atualmente com um quadro
aproximado de 1.000 servidores, 8.000 alunos, quatro unidades de ensino em Santarém e seis campi
em outras cidades (Óbidos, Oriximiná, Alenquer, Juruti, Monte Alegre e Itaituba) em fase de
implantação. Todo o processo de expansão e manutenção da qualidade da universidade, bem como da
região Oeste do Pará, ficará comprometido com a aprovação da proposta fiscal do Governo, fato que
ameaça não só a sociedade local, mas de todo o Brasil.
Nesse sentido, o Conselho da Universidade Federal do Oeste do Pará (Consun) vem
publicamente repudiar/denunciar a proposta intitulada PEC 241, atual PEC 55, e a forma e a
voracidade como está sendo conduzida, no sentido em que estão sendo afetados os direitos e as
garantias do cidadão, já definidos na Constituição Federal de 1988.
Por fim, consciente de suas responsabilidades, este Conselho reafirma o seu compromisso
com a defesa da educação pública e gratuita, da autonomia universitária, da liberdade de ensino, do
direito da livre expressão e manifestação e das instituições democráticas em nosso país.

Santarém, Pará, 9 de novembro de 2016.

RAIMUNDA NONATA MONTEIRO

Presidente do Conselho Universitário