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Burger King negocia compra de cafeteria canadense para fugir de impostos

acordo criará a terceira maior rede de fast food do mundo, afirma “WSJ”
WASHINGTON - A BK está negociando a compra da rede de cafeterias canadense Tim Hortons, segundo o
“Wall Street Journal”, num acordo que poderá ser costurado de forma a permitir que a gigante americana mude
seu domicílio fiscal para o Canadá e, assim, pague menos impostos.
Se fechado, o acordo criará a terceira maior rede de fast food do mundo, afirma o “Journal”. Juntas, BK e Tim
Hortons têm um valor de mercado de US$ 18 bilhões.
Citando fontes próximas à negociação, o jornal afirma que o acordo prevê que a sede da nova holding fique no
Canadá. Várias companhias americanas têm adotado estratégias semelhantes para pagar menos impostos ou
preservar ganhos obtidos no exterior. A prática tem sido adotada sobretudo por indústrias farmacêuticas. Em
julho, o laboratório AbbVie comprou a irlandesa Shire por US$ 54 bilhões.
Recentemente, a Casa Branca pediu ao Congresso que estude medidas para evitar empresas americanas de
adotarem táticas de evasão fiscal. O Departamento do Tesouro afirmou que está elaborando uma lista de regras
a serem analisadas pelo secretário Jacob Lew. A administração Obama sinalizou, no início deste mês, que
poderá adotar medidas regulatórias para investimentos no exterior que podem incluir restrições às estratégias
para pagar menos impostos.
Se a BK de fato concluir suas negociações com a Tim Hortons, o tema deve ganhar nova atenção, já que a rede
é fortemente identificada como uma marca americana.
A Burger King foi fundada em 1954 com uma única loja em Miami, sua atual sede. Desde então, cresceu para
se tornar a segunda maior rede de hambúrgueres do mundo, segundo informa o site da companhia. Há mais de
13 mil lojas da BK em quase cem países, que atendem mais de 11 milhões de clientes por dia, de acordo com a
empresa.
Em set/2010, a private equity brasileira 3G Capital comprou por US$ 4 bilhões o controle da Burger King. A
3G Capital foi criada em 2004 pelos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles, e
Carlos Alberto Sicupira. Hoje, a rede Burger King tem um valor de mercado de US$ 9,6 bilhões.
A Tim Hortons, com sede em Oakville, Ontario, é conhecida pelo seu café, iguaria na qual as redes americanas
não conseguem ter sucesso. A Burger King tem vendido sabores de café, a exemplo da sua rival McDonald’s,
que lançou uma linha específica chamada McCafe.
Buffett diz: fusão do Burger King com canadense não foi movida por fuga de impostos
Em entrevista ao ‘Financial Times’, megainvestidor, que entrou com US$ 3 bi no negócio, diz que decisão foi estratégica
NOVA YORK - O megainvestidor Warren Buffett, que participou com US$ 3 bilhões na fusão entre o Burger
King e a cafeteria canadense Tim Hortons, negou que a mudança da companhia para o Canadá tenha sido uma
estratégia para fugir dos impostos dos EUA. Em entrevista ao “Financial Times”, Buffett sustentou que a forte
raiz da Tim Hortons no país vizinho foi o principal motivo para a transferência do endereço.
A fusão das empresas cria a terceira maior rede de fast-food do mundo, e permitirá que a companhia americana
alcance o mercado de café da manhã, almejado por companhias do setor, mas ainda difícil de ser conquistado.
— A Tim Hortons ganha muito mais dinheiro que o BK. Simplesmente não sei como os canadenses se
sentiriam se a Tim Hortons se mudasse para a Flórida. O principal aqui é deixar os canadenses felizes,afirmou.
Analistas ouvidos pelo “FT”, no entanto, afirmam que o negócio foi, sim, motivado pela chamada tax inversion
(tática de mudança de domicílio fiscal para evitar impostos).
— Uma intenção de domiciliar (o negócio) no Canadá deve ser um sinal claro de que o acordo tem a ver com
inversão mais do que qualquer coisa — disse um analista do Credit Suisse.
O BK não é a primeira companhia americana a fugir da alta carga tributária dos EUA, que chega a 40%, contra
a tributação de 26,5% cobrada no Canadá. Entre junho e julho, pelo menos cinco grandes empresas saíram do
país. Na segunda-feira, os rumores sobre a operação da rede de fast-food foi alvo de críticas por parte do
senador Sherrod Brown.
— A decisão do Burger King de abandonar os EUA significa que os consumidores devem começar a comprar
na Wendy’s ou no White Castle — disse o parlamentar, citando alguns concorrentes da empresa no país.
BURGER KING: VAMOS CONTINUAR A PAGAR IMPOSTOS NOS EUA
A companhia também recebeu críticas pelas redes sociais, onde clientes propuseram um boicote à marca. A
onda de reclamações levou a empresa a postar um comunicado em sua página oficial do Facebook, seguida por
mais de 7 milhões de usuários, afirmando que continuará a operar normalmente no país. Com a fusão, apenas a
companhia resultante ficará sob a legislação tributária canadense.
“Nossa sede continuará em Miami, onde a empresa foi fundada há mais de 60 anos e nossas operações
continuarão normalmente em nossos restaurantes ao redor do mundo. A decisão de criar uma nova líder global
em serviço de atendimento rápido (QSR) com a Tim Hortons não é movida por impostos — tem a ver com
crescimento global para ambas as marcas. O Burger King vai continuar a pagar todos os impostos federais,
estaduais e locais nos EUA”, afirmou a empresa na rede social.
Ainda não há informações sobre a carga tributária sobre a nova empresa, que terá o fundo brasileiro 3G Capital,
de Jorge Paulo Leman, como principal acionista com 51% das ações. No entanto, segundo fontes ouvidas pelo
“FT”, o Berkshire Hathawy, de Buffettt, vai pagar mais impostos, em vez de menos.
Isso porque a participação de US$ 3 bilhões do grupo de Buffettt será em ações preferenciais. O lucro sobre os
papéis, portanto, será tributados como dividendo no exterior, cuja taxa é de 35%. Se o negócio permanecesse
nos EUA, o Berkshire pagaria apenas 14%, segundo o jornal britânico. A empresa terá ainda que pagar uma
taxa fixa de US$ 60 milhões por ano ao Tesouro americano.
O grupo de investidores que controla o BK está usando uma estratégia incomum para evitar a punição que
normalmente se aplica a acionistas de companhias que mudam seus endereços legais para fora dos EUA.
3G CAPITAL TENTA EVITAR MULTA
Em vez de levar ações da nova empresa combinada, o fundo de investimento 3G Capital vai trocar sua fatia
majoritária no Burger King por parte de uma parceria canadense relacionada que poderá ser convertida em
ações, afirmaram as companhias em comunicado, nesta terça-feira.
— Deter as unidades desta parceria vai evitar as taxas até a venda final — disse o diretor executivo do Burger
King, Daniel Schwartz, em conferência por telefone com analistas.
A movimentação permite ao grupo de investidores evitar a chamada "lei Helena de Troia", regulação criada em
1996 pelo Departamento do Tesouro dos EUA para desencorajar este tipo de transação. A lei impõe uma taxa
sobre os acionistas das companhias envolvidas na "inversão", exigindo que elas reconheçam o ganho de valor
das ações quando forem convertidas em papéis da nova empresa estrangeira.
Diretor executivo do Burger King tem 34 anos
Para elevar o lucro da rede, Daniel Schwartz limpou banheiros e preparou refeições em restaurantes da rede
NOVA YORK - Jovens mentes estão por trás da compra da canadense Tim Hortons por US$ 11,4 bilhões e da
mudança do Burger King para o Canadá para pagar menos impostos. O gerenciamento da segunda maior rede
de hamburguerias dos EUA está nas mãos de profissionais que têm mais a ver com as startups do Vale do
Silício do que com os engravatados de Wall Street. O diretor executivo da companhia, Daniel Schwartz, tem
apenas 34 anos. E ele não está sozinho. De acordo com o site CNNMoney, o diretor financeiro Joshua Kobza
não está nem na casa dos 30: tem só 28 anos. Já o chefe de relações com investidores Sami Siddiqui tem 29.

Por outro lado, destaca o CNNMoney, a média de idade dos diretores executivos das empresas que integram o
índice S&P 500 da Bolsa de Nova York é de 57 anos. O mais novo é Mark Zuckerberg, do Facebook, que tem
30 anos, e o mais velho é Warren Buffett, da Berkshire Hathaway.
Desde que Schwartz assumiu o Burger King, no ano passado, as ações da empresa dispararam 60%. De acordo
com o CNNMoney, ele teria conseguiu um amplo crescimento dos lucros graças a uma redução de custos e de
ofertas de menu simplificado. Segundo artigo publicado no mês passado pela Bloomberg Businessweek,
Schwartz é muito mais do que um homem de números: ele limpou banheiros e preparou refeições em lojas da
rede para encontrar maneiras de melhorar a eficiência operacional.
Diferentemente de outros executivos das finanças, destaca o CNNMoney, o diretor executivo do Burger King
não chegou ao topo subindo a tradicional escada corporativa. Ele entrou pela porta dos fundos, como sócio da
3G Capital, fundada pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira e que detém
70% da rede de fast-food. O fundo colocou Schwartz no Burger King no fim de 2010 e ele se tornou diretor
executivo no ano passado. É comum fundos de private equity instalarem sua própria equipe de gerenciamento
nas empresas que adquirem para mudar a cultura corporativa, mas é raro colocarem alguém tão jovem em um
posto de tamanha importância.
Antes do Burger King, Schwatrz, que se formou na Universidade Cornell em 2001, passou pelo Credit Suisse
First Boston e pela Altair Capital Management, um fundo hedge de Connecticut.

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