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SEJA UM CRAQUE NA CARREIRA

* Maria Aparecida Araújo

Os brasileiros tiveram duas grandes alegrias no último dia 19 de julho: as reprises da


conquista do tetra campeonato de futebol na Copa de 1994 e a conquista do título da Liga
Mundial pelos nossos meninos do voleibol.

Vendo aquelas cenas, ocorreu-me transpor para o mundo corporativo os exemplos de


sucesso que nós, os brasileiros, sempre tivemos no esporte. Grandes talentos individuais
saíram das terras do Brasil para encantar o mundo: Ayrton Senna, João do Pulo, Maria
Esther Bueno, Pelé, Oscar, Romário, Ronaldinho, Guga e outros.

Todos esses grandes brasileiros não alcançaram o topo sozinhos. Inicialmente, tiveram que
ser descobertos e incentivados a prosseguir em sua carreira por alguém mais experiente e
com visão de futuro. Certamente, houve no caminho deles alguém que os orientasse e
apontasse trilhas a seguir. Da mesma forma, em nossa carreira, nós nos devemos cercar de
pessoas mais experientes e competentes, e nos aconselharmos com elas. Aprender a seguir
os bons exemplos.

Se nos aprofundarmos na trajetória desses esportistas, iremos descobrir que todos eles
também tiveram um grande técnico. Uma pessoa que lhes ensinou os fundamentos de seu
esporte. Alguém que, ainda na adolescência, dedicou a eles horas de atenção e
compartilhou com eles tudo o que sabia. Em nossa empresa, não nos devemos furtar a
ensinar para os novatos, para os menos experientes, mostrando-lhes como evitar o caminho
das pedras que já cansamos de trilhar. Compartilhar o conhecimento é ponto fundamental
da lei do "dar e receber", imprescindível para quem almeja o sucesso.

A liderança é outro ponto básico em qualquer carreira que venhamos a abraçar. Quem já
teve a sorte de encontrar um verdadeiro "líder" em sua vida profissional sabe como ele é
importante no incremento da nossa auto-estima e motivação.

Um técnico no esporte, da mesma forma que o líder na empresa, deve se esmerar na


capacidade de entender e se relacionar com pessoas. Nos treinamentos diários em cada
clube, pequeno ou grande, aprimoram-se na arte de harmonizar talentos individuais. Sua
missão é obter o máximo de cada um, visando ao melhor resultado para a equipe. Essa
habilidade de construir uma equipe forte e coesa é mais importante que montar uma boa
estratégia de jogo. Se o time não caminhar junto, não há como executar a mais incrível das
táticas.

As nossas grandes estrelas do esporte, em especial aqueles que se dedicaram às


modalidades coletivas, tiveram também que aprender a trabalhar em time. Esse é outro
conceito bastante difundido no mundo corporativo. Desde que Demming e Juran quebraram
todos os paradigmas de gerenciamento de pessoas, produtos e processos, plantando no
Japão as sementes da Qualidade Total, a idéia dos "team works" vive dentro das
organizações.
Mas, será mesmo que é fácil aplicar na prática o trabalho em times?

Penso que não seja tarefa das mais simples, pois onde há pessoas trabalhando juntas, não se
pode separar a razão da emoção. Mais complicado que um ser humano, só um grupo deles
reunido. Por isso, poucas são as empresas que conseguem transformar esse ideal em
realidade.

O ser humano é dotado de corpo, mente e espírito e estes três aspectos são determinantes do
seu comportamento e de sua forma de se relacionar com o mundo que o cerca. Para
complicar bastante, tal como o código de DNA, ninguém é igual. Cada pessoa tem os seus
próprios objetivos, nível de maturidade e dificuldades existenciais. Trazem para o
relacionamento com o outro suas vaidades, inseguranças, medos, crenças e escala de
valores. Torna-se então muito difícil compatibilizar isso tudo com a disposição para
trabalhar com outras pessoas, compartilhar conhecimentos, comprometer-se com metas e
resultados.

A emoção é responsável pelo entusiasmo, pela motivação, pela paixão em realizar as


coisas. Mas também fala alto no que tange ao orgulho, falta de flexibilidade, ciúmes,
egoísmo, insegurança, vaidade e expectativas.

Para facilitar a obtenção de um verdadeiro time, é de suma importância que o líder abra
espaço para o diálogo e que esteja atento aos elementos do grupo que possam estar
destoando. Certamente estes precisam de mais atenção e ajuda. São aqueles que têm mais
dificuldade para lidar com as próprias deficiências e carecem de auto-estima.

Essas pessoas normalmente comprometem o resultado do time. Mas não é só o líder o


responsável por essas pessoas. Todos nós devemos nos esforçar por entender e ajudar esses
colegas, trazendo-os para dentro do grupo, e não os condenando ao isolamento.
O líder também deve saber administrar conflitos e preservar as pessoas de sua equipe,
jamais deixando que fiquem expostas ou constrangidas na presença dos colegas.

Tomemos agora o exemplo dos nossos azes do voleibol, focando nas competências que
você deve ter em mente para se habilitar a trabalhar em um verdadeiro time e trazer a taça
de ouro para a sua empresa. Nunca se esqueça de que quando um time se torna campeão, o
passe de todos os seus atletas se valoriza para o mercado. Não só o das estrelas.

O voleibol exige de seus praticantes uma atenção concentrada, pois a bola não pode cair, e
o atleta não pode tocar nela, duas vezes seguidas. Assim, devemos concentrar a nossa
atenção nas tarefas que estamos fazendo, pois sempre haverá um cliente externo ou interno
dependendo do nosso trabalho.

Sendo um esporte coletivo, o voleibol depende do esforço de todos na equipe e não abre
espaço para vitórias restritas aos talentos individuais. Na empresa, não existirá lucro se
dependermos somente da atuação de um único funcionário brilhante, pois ele não poderá
cobrir todas as etapas envolvidas no processo. Da mesma maneira, os vários setores e filiais
de uma mesma organização devem jogar juntos, para que o time da empresa derrote os
concorrentes e seja campeão.
No voleibol existem as posições definidas: levantador, meio-de-rede, defesa e ataque. Mas
os atletas não se restringem às suas funções. São multifuncionais. Hoje, o profissional deve
transitar com segurança por vários setores da empresa, desenvolver a visão de conjunto e
desincumbir-se bem em todas as tarefas que lhe forem confiadas. Aceitar mudanças com
coragem e desenvoltura e estar sempre querendo vencer novos desafios.

O esporte coletivo não abre espaço para lutar por objetivos individuais. Aqueles que
perseguem o estrelismo só fazem enterrar o time. Dentro da quadra, o que se busca é a
vitória contra o adversário, e não derrubar o próprio colega. A meta é buscar o que for bom
para o time como um todo, só a vitória interessa a todos naquele momento. Se um recebe
uma boa bola, mas não tem como fazer o ponto, passa-a imediatamente para o colega que
converte, e todos ganham. Da mesma forma, você deve colaborar para que seus colegas
desempenhem bem suas tarefas, pois assim todos se beneficiarão.

Outro aspecto que devemos tomar do esporte é a comunicação eficaz. No time, todos
conhecem a estratégia traçada pelo técnico e sabem o que ele espera de cada um. Os lances
são previamente combinados e a bola vai passando de um para outro, despistando o
adversário, até se conseguir o suado ponto. Cada atleta já tem uma senha ou sinal
combinado para mostrar ao colega quem receberá a bola e quem dará a cortada fatal.

O senso de cobertura e apoio é outro que devemos aplicar na empresa. Quando um colega
estiver em dificuldade, devemos estar atentos para livrá-lo da marcação, estando a postos
para receber a bola ou assumirmos o seu lugar e não deixarmos a empresa descoberta
perante o cliente. Seja solidário. Assim ganham todos, e você mais ainda, pois ganha o
apoio de seus colegas.

Não perca de vista também a humildade: marca dos grandes talentos do esporte. Saiba
aceitar ficar no banco, quando não estiver jogando tão bem. Deixe espaço para seus colegas
também brilharem. Não queira trazer para si todos os louros da vitória. Mostre que está
sempre aprendendo. Tenha sempre em mente que a disciplina é necessária e também o
aprimoramento constante. Como nos diz Oscar: "não existe mão santa, existe é mão
treinada".

Por último, não desista diante da primeira dificuldade. A superação é a ultima das lições
dos esportistas. Caminhe, persista, por mais que esteja difícil, não desista nunca. Coloque
seu coração e sua alma em tudo o que fizer. Una-se com seus colegas, dêem as mãos e
preparem o "show de bola" tal como nossos jogadores no vestiário americano. Lá eles
conseguiram o que parecia impossível: a bola chutada por Baggio ir para fora.

Você também conseguirá. Acredite nisto.

*Maria Aparecida A. Araújo é consultora de Comportamento Profissional, Etiqueta Social


e Internacional, Marketing Pessoal, Cerimonial e Protocolo; palestrante e facilitadora de
cursos especiais; consultora do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear. É graduada em
Letras, com Licenciatura em Língua e Literaturas de Língua Portuguesa. Diretora da
Etiqueta Empresarial Executive Manners Consulting, com 21 anos de experiência em
atendimento de excelência ao cliente.
Envie suas dúvidas para ee@etiquetaempresarial.com.br ee@etiquetaempresarial.com.br
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