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Apresentação

O presente docum ento contém os Cená rios de Defesa 2040, a presenta ndo quatro
hipóteses de futur o pla usíveis. Os cenários fora m ela borados para que o Ministério da
Defesa pudesse dis por de da dos que permit issem a elaboração dos Cená rios Milita res
de Defesa, da Polít ica e Estratégia Naciona is de Defesa e o Pla nejamento Estratégico
Setoria l . Os Cená rios fora m ela borados utiliza ndo-se das sementes de futuro c olhidas em
11reuniões regionais,das qua is participa ram mais de 500 pessoas,entre civis e milita res, de
todas as regiões do País.

Esta nova proposta ex plicita a inte nção do Ministé rio da Defesa de


prepa rar-se para o a manhã, conside rando não a penas as guerras passa das, mas,
principalmente, as possibilidades de f uturo. Ta mbém pesou na bala nça para essa
dec isão, o fato de que os projetos estratégicos dema ndam longo tempo de
maturação tecnológica e industrial. A s sim, o dimensiona mento das dema ndas
para adefesa deveriase r pensa do em prazo mais a la rgado, um tempo
mínimo de 20 a nos.
Ai nda como c liente do c onhecimento produz ido nos Cená rios de Defesa 2040, pode-se
ident if ica r o Pla nejamento Baseado em Ca pacidades { PBC), metodologia que o M O
decidiu seguir para def inir e prepa ra r suas ca pacidades conjuntas, ass im co mo orienta r
adequa da mente a a plicação dos recursos orça mentá rios disponíveis para ga rant ir a
sobera nia naciona l.

Dessa for ma, co nta ndo com a participação de integrantes das Forças Armadas e
da sociedade civil de todas as regiões do País, os Cená rios de Defesa 2040 são a
contribuiçãodo MD pa ra a acumulação de poder dissuasór io com o fim de respaldar as
decisões sober a nas do Estado e da sociedade brasileira no contexto internaciona l.
A existência de um poder milita r que forta leça o respeito das de mais nações pela

soberania pátria é uma das ga rantias fundamenta is para a construção de uma sociedade
de mocrática, justa e frater na, objetivo de todos os que habita m este país.

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Cenário ''Alinhamento aos EUA, com recursos orça mentários''

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IDEIA BASICA

Este ce ná rio se baseia na concepçã o de que a postura internaciona l do Brasil é a


de franco a linhamento com os EUA e de que o cresc imento econômico brasileiro
possibilitou um a umento no orça mento de Defesa, e consequentemente, no nível de
a prestamento e das ca pacidades milita res de suas forças armadas .

AMBIENTE GLOBAL

Em 2040,o movimento de globa lização per manece desenc adea ndo debates e
gera ndo efeitos polít icos.
' intensidade dos f luxos de bens, serviços e
A
mercadorias soma-se a agilidade no uso da info rmação. A turbulência política e econômica
mundia l cria ap reensão no mercado financeiro,devido aos riscos de contágio de c rises. O
desequilíbrio em alguns blocos internacionais, motiva do por fa lta de co nvergência
estrat égica coletiva e pela ascensão de movimentos nacionalistas, impuls ionou o
surgimento de novos atores não estata is.

O c ontexto internac iona l tra nsparece dif ícil a mbiente de entendimento entre os
povos . A conjunt ura dá sinais de múltiplos polos de competição no formato de soma
z ero e o sistema interna ciona l ca racteriza-se pela eme rgência de aspiraç ões
hegemônicas. A consolidação de potências líderes no â mbito regiona l contribui para uma
redistribuição de poder, mas a inda com prese nça signif icativa das grandes potências do
século XX que permanecem envolvidas na mediação de conflitos internaciona is.

Nesse sentido, as relações internaciona is ocorrem em ambiente imprevisível e


dotado de a mplo déf icit de governa nça globa l. As incertezas e a possibilidade de
conf litos bélicos incentiva m a manutenção de gra nde número de bases milita res ao
redor do globo,percepção que motiva a geração de maior ca pacidade de inovação
tecnológica de defesa . Os Estados Unidos da Amér ica (EUA) permanecem como
maior potência milita r do mundo, com

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gra nde influência econômica e política, a pesa r da ascensã o do poder milita r c hinês. A
A lia nça At lânt ica prossegue como principal fator de integração milita r entre os
EUA e a União Europeia . Esse a linhamento estratégico fort a lece o papel dos EUA
como potência . O Brasil, em função de relações histór icas, mantém seu a linhamento
com os EUA. Em que pese esse a linha mento, o Brasil segue com uma importa nte
parceria econômica com a China.
Impulsionada por s ua economia pujante, pela busca de recursos natur a is e pelo
reconhecimento de suas fronteiras continenta is, a China ve m intensif ica ndo sua
participação no cenário militar globa l com a bertura de novas bases navais. O elevado
grau de maturação do Projeto Cinturão e Rota, em sua versão ma rítima, impulsionou o
desenvolvimento de uma ma rinha c hinesa de águas az uis . Essa nova realidade
provoco u, a partir de 2035, uma com petição nava l contra Índia e J a pão, que
continuam defendendo a Estratégia Indo-Pacíf ico Livre e Abert o, a mplia ndo potencia l
de tensão.

Em 2030, a China a lcançoua lgumas metas de se u pla nejamento


estratégico de defesa que ca racter iz a ram a renovação de suas capac idades de defesa.
Modernizou as Forças Arma das doPovo em a mplo espectro: nova doutrina
militar, ampliaçãoda est rutura orga nizaciona l, qua lif ica ção de
recursos huma nos e aquisição de modernos a rmamentos e equipamentos.
Isso contr ibuiu para incre menta r a sua capac idade estratégica e operaciona l, que a a prox
ima da meta de torna r-se, até a metade do século XXI, potência milita r mundial capaz
de desaf ia r o poder dos EUA.

Nos últimos 20 a nos, a China a mpliou a insta lação de bases nava is na Namíbia, a lém
de ex pandir sua presenç a em outras á reas do continente africa no,em especia l, no
Atlâ ntico Sul.
A França, em sua política de defesa, amplia, de acordo com seus interesses, papel de
guardiã dos princípios universa is de defesa dos direitos humanos e de proteção do meio
a mbiente. Essa c ircunstância a colocou em rota de colisão com os interesses
brasileiros,em especia l no questiona mento da nova política indigenista brasileira e da
estratégia de integração viária da regiã o a mazônica com o resta nte do Pa ís.A Fra nça a inda
mantém um enc lave colonia l no entorno estratégico brasileiro. Merece destaque a
recente

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a mpliação do Cent ro Espacia l de Kourou e o a umento da prese nça milita r
fra ncesa no depa rtamento ultra marino da Guia na .

Perma necem os movimentos migratórios globa is ca usados não somente por


conflitos políticos, étnicos e religiosos, mas ta mbém por refugiados c limáticos. Amplia m-
se ta mbém as desigualdades ent re os países. Esses acontecimentos gera ram a umento da
xenof obia e de ata ques ter ro ristas, por pa rte de minorias étnicas,em países
desenvolvidos.

No horizonte considera do, não ocor reu confronto milita r direto entre as grandes
potênc ias, pelo temor deco rrente das graves co nsequências humanitá rias e prejuíz os
econômicos para todos os envolvidos, embora esses países tenha m participado de guerras por
proc uração.

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ENTORNO ESTRATEGICO

Em função das histór icas divergênc ias fronteiriças ent re os países sul a merica nos, surgiram
condições que poderia m favorece r o a umento da influência milita r de potênc ias
extra rregiona is. O Brasil conseguiu minimiza r essa influência e ascender a uma situação de
maior protagonismo no â mbito da Am ér ic a do S ul,em f ace do a pa rato milita r de melhor
porte,suport ado pelo desenvolvimento econômico a lca nçado na década de 2030. Nesse
contexto, merece destaque sua atuação como mediador no caso do conflito Chile
Bolívia, oportunidade em que a diplomacia brasileira atuou decisiva mente para impedir a
es ca lada da crise, o que permitiu a celebração de um acor do entre as partes .

A instabilidade política da Venez uela favoreceu a presença da Rússia, que insta lou
uma base de treinamento milita r naque le país. Além disso, os russos têm prestado a poio
de manutenção ao materia l de emprego milita r utiliz ado pela Venez uela. Na déca da de
2020, esse país continuou em crise político-econômica, que o exa uriu economica mente,
reforça ndo o f luxo migratór io rumo aos dema is países do continente. Em 2030, o
agrava mento dessa situação, provocou o recrudesci mento dos atritos desse país com a

Colôm bia, circunstâ ncia esta que levou à ocorrênc ia de confrontos na região

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fronteiri ça. O Brasil, por sua vez, se impôs como mediador entre
os contendores,mantendo a esta bilidade da região.
Apesa r das contínuas mudanças de gr upos políticos que chega ram ao poder na
Ar gentina, continua o intercâ mbio milita r com o Brasil. Além de exercícios conjuntos
de adestra mento de tropas entre grandes unidades de a mbos países, a partir de 2030, tem
sido desenvolvida a Operação Ga úcho, um exerc ício de simulação de combate,
envolvendo o estado-ma ior de gra ndes unidades. Intercâ mbio entre esta belec imentos
de ensino sã o consta ntes, tendo cada escola de a ltos estudos de cada uma das Forças
Arma das um docente do país vizi nho.

A presença de contingentes signif icativos das fo rças a rmadas junto a efetivos da


polícia federa l na região fro nteiriça, assi m como a plena operaciona lização do Sistema
Integrado de Monitora mento de Fronteira s (SISFR ON),assegurou uma sensíve l reduçã o
no tráfico internaciona l de a rmas e de droga s. Além disso,a assinatura de acor dos com
pa íses vizinhos permitiu uma bem-sucedida aç ão interestata l de co mbate ao crime
orga nizado internaciona l. O Sistema de Proteção da Ama z ônia (Sipam) concluiu,em
2026, o projeto ''Ca rtograf ia da A mazônia'', co brindo uma á rea de cerca de 1,8
milhões de quilômetros quadrados, o que eliminou vaz io ca rtográf ico existente. Os
dois sistemas citados a umenta ra m a qua ntida de de informações dispon íveis pelo Estado
nas regiões pouco habitadas do Brasil.

O rec rudesc imento das ações das Forças Arma das Revolucioná rias da Colôm bia (FARC)
provocou a mobilização das Forças Ar madas brasileiras para a fa ixa de fronteira ent re
os dois países. Nessa s oportun idades, o Brasil recebeu subst ancia l ajuda norte-a merica na,
traduzida no a umento de tecnologia incorporada aos sistemas de a rmas, forma ção de
recursos humanos, a primoramento logíst ico e aquisição e revita lizaçã o de
equipamentos.
Reacendendo tensões do século passa do, as forças a rmadas bolivia nas expulsaram
brasileiros proprietá rios de terras na região do depa rtamento de Sa nta Cr uz de La Sierra,
onde controlava m cerca de 40% da produção bolivia na de soja . Essas ações gera ra m
protestos formais do governo brasileiro,

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c ulmina ndo com o envio de tropas para a c itada região para resgata r
e proteger os naciona is.

O pleito do Brasil junto à Orga nização das Nações Unidas (ONU) de a mpliação
das fronteiras da Ama z ônia Az ul pa ra os limites da Plataforma Continental foi
aceito. Com isso, houve a expa nsão da zona econômica exclusiva brasileira para cerca de
4,5 milhões de quilômetros quadrados.

O pleno funciona mento do Sistema de Gerencia mento da Ama zônia Azul


(SisGAAz ) possibilitou uma maior efetivida de no cont role e na explora ção dos recursos
da A mazônia Az ul. O desenvolvimento a utóctone de Veíc ulos Subme rsíveis Não
Tripula dos a mpliou signif icat iva mente o potencia l de pes quisas nas á reas marítimas de
ju risdiçã o naciona l e na Antártica . Isso contribuiu para o êx ito da Política de Gestão
Estratégica da Elevação do Rio Grande, que,em vigor desde 2035, pas sou a ser uma
referência na gestão de recursos da Ama z ônia Az ul.
Em função do a linha mento com os EUA, a Ma rinha do Brasil adquir iu, daquele
país, no início da década de 30, um navio aeródr omo e sete navios escolta, incorpora ndo-
os na recém-criada 2ª Esquadra, sediada na Ilha do Medo,em Base Nava l no estado do
Maranhão.

Em 2040, o país segue te ndo no Atlântico Sul o seu maior fluxo de comércio .
Por essa razã o e c omo membro da Zona de Paz e Coopera ção do Atlâ ntico Sul
(ZO PACAS), a partir de 2025, houve uma presença mais efetiva de meios da Marinha
brasileira, que junta mente com a dos EUA passa ram a proteger as linhas marítimas
comerciais,contra ações de piratas ao longo do litora l africa no, em es pecia l no Golfo da
Guiné. Em 2035,o submarino nuclea r brasileiro começo u a ope rar na sua condição plena,
provendo a proteção ao tráfego marít imo, num corredor comercia l vita l para os
interesses naciona is, a lém de ga ra ntir,via diss uas ão, a s oberania brasileira na Ama zônia
Az ul.
Foi poss ível a inda, moderniza r a frota de aviões patrulha da Força Aére a, com o
recebimento de oito aeronaves P-3 Orion,em 2029,como parte de acordo milita r com os
EUA.
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O acordo de cooperação com a Af rica do Sul, c ujo objetivo foi o
desenvolvimento do Míssil de 5ª geraçã o A -Da rter, chegou ao final. Em 2023,

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foi ent regue o lote inic ia l, se ndo o materia l utilizado nas aeronaves
do Programa FX-2.
O crescime nto experimentado pela indústria bélica brasileira colocou o país como fornec
edor destacado de a rmas e sistema s milita res na América do Sul.
Nesse aspecto, va le ressa lta r que o sa lto tec nológico experi mentado, principalmente
nas á reas de pulso eletromagnéti co e inteligência a rtif ic ia l, possibilitou o
desenvolvimento de sistema de a rmas dis ruptivo, que proporcionou efeito diss uasório,
inibindo uma ma io r presença milita r de potências extra rregionais no entorno estratégico
bras ileiro.

Preoc upado com a prox imidade da revisã o do Trata do da A ntá rtica,em 2041, o
Brasil increme ntou a ativida de de pesquisas na região na última déca da, destinando
volumo so a porte de rec ursos para o Ministério da Defesa. A a mpliação dos
la boratórios nas nova s insta lações da Estação Ant á rtica Coma ndante Ferraz
(EACF), na década de 30, permitiu a continuidade das pesquis as no â mbito do
Programa Antártico Brasileiro (PROA NTAR).

AMBIENTE NACIONAL

Impleme ntada na reformapolít ica ocor rida em 2033, a clá usula de


barreiras reduziu o número de pa rtidos no Congresso Naciona l, permitindo um
melhor entendimento dos projetos polít icos de cada agremiação. A
reforma eleitoral q ue se s eguiu a primorou o sistema de urnas eletrônicas, media
nte a emissã o do votoimpresso. Ta mbém foi impla ntado o voto
distrita l. Ta is a ltera ções proporciona ram maior segurança instit uciona l e
esta bilidade no processo eleitoral.

As ga rant ias políticas e instituciona is se tornaram ma is sólidas devido às


reformas implementadas, o que facilitou a a lternâ ncia de sucessivos governos de 2020
a 2040,sem ca usa r rupturas.

O interesse global pela interna c ionaliza ção da Ama zônia a umentou ao longo da
déca da de 2030.A maior atenção do Estado para com aquela região, media nte a adoção
de iniciat iva s econômicas ta is como impla ntação de

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indúst ria de beneficiamento de fá rmacos e cosméticos com matéria-prima local, ga rantiu a
atração de mão de obra para a região e a melhoria nas condições socia is. A efetiva
implementação de um novo Centro de Biotecnologia da A mazônia (CBA), em Tefé, permitiu
a f ix ação da população local, reduz indo a migração pa ra Manaus,e o su rgimento de
novos negócios, que via biliza ra m o sonho de tra nsforma r a região em um polo de
bioeconomi a sustentável.

A explora ção de gás natural na região dos municípios de Silves/AM e lta


piranga/A M a lca nçou excelentes resultados, cria ndo novas oportunidades de emprego e
renda para a população a mazonense e dive rsif icação da matriz econômica do estado. A
utilização desse gás pa ra ger a r energia em Rora ima, a partir de 2022,acrescido da
conclusão da linha de transmissã o Manaus - Boa Vista, em 2030, gerou economia de óleo
diese l, dist ribuiçã o de roya lties aos municípios produtores e eliminou a dependênci a

energética em relação à Venez uela. A isso somou-se a instalação do parque fotovoltaico


de Maca pá, viabilizando a emergênc ia de um novo polo industria l.

A manutenç ão dos incent ivos fisca is à Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUF RA
MA) permitiu a continuidade de investimentos em pesquisa, a lém da ev olução do parque
industria l e das telecomunicações.

Em com plemento a essas ações,as Forças Arma das desloca ra m efetivos signif
icativos para a região de Rio Branco-AC, por meio da c riação de uma Brigada de
Infantaria de Selva, de um Grupamento de Fuzileiros Nava is e de um Esquadrão de
Helicópteros de Emprego Gera l, a lém de um sensíve l incremento dos meios fluvia is para
a mbas as Forças. A Força Aérea , por sua vez, a mpliou o Quarto Centro Integrado de
Defesa Aér ea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), increment a ndo a qua lidade
da cobert ura de vigilância aeroespa cia l. A lém disso, o sucesso do la nça mento de três
satélites naciona is, da Base de Alcâ nta ra, permitiu a melhoria nas comunicações e no

acesso à internet para os habita ntes da região.

A Ama zônia Brasileira foi dividida em mais três unidades da federa ção: os estados de
Ta pajós e Ca rajás; e o ter ritór io de São Gabriel da Cac hoeira. Isso permitiu a umenta r o

controle so bre a região e minimiza r as pressões internacionais no toca nte à preservação


a mbienta l.

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Os Corredores Logísticos Estratégicos (CLE) referentes à integração e à defesa do país,
compostos de trechos viários prioritários às ações de defesa, nas regiões Norte e Centro-
Oeste, em função do a umento do orça mento do Ministério da Defesa,a partirde 2028,
passou a recebe r recursos para manutenção, implantação e adequaçãoaos meios de
emprego militar, favorecendo a logíst icae ao emprego das Forças Arma das nas
referidas regiões. Ta is recursospermitiram a conclusão da Ferrovia Norte-Sul e da
fer rovia Paraense, via bilizando a conexão do porto de ltaqui-MA e do Porto de Vila do
Conde-PA com as dema is regiões do país.Tal fato ga rantiu um eixo logísticopara a
movimentação de tropas e material para a região Norte/Nordeste do país.
Nas insta lações portuá rias, as obras rea lizadas acelera ram os processos logísticos
nos portos. Gra nde parte desses empreendimentos foi f inanciada pelos Estados Unidos, a pós
acordo c omercia l com aquele país.
Durante as duas últimas décadas, as expo rtações naciona is c rescer a m e o País a lca
nçou esta bilidade econô mica,com um crescimento médio a nual de 5% do PIB. Embora
co ntinue um agroexp ortado r, o setor industria l de defesa recebeu investimentos que
permitiram melhora r a competit ividade dos produtos nacionais no mercado latino-
america no.
A o longo do período, houve intensa coope ração com os EUA nas á reas cibernética e
espacial, o que aca rretou considerável a porte de recursos financeiros. Em função do
Acordo de Sa lvagua rdas Tec nológicas (AST), ratif icado pelo Co ngresso Brasileiro,
fora m realizados vá rios la nçamentos de satélites a partir da Base de Alcâ nta ra.

O Programa de Dese nvolvimento de Subma rinos (PROSUB),ao prioriza r a aquisição de


componentes fa bricados no Brasil, forta leceu setor es indust ria is nacio nais de importâ
ncia estratégica, com ênfase na indúst ria de defesa, a lém de atingir, em 2040, seu objetivo
principal: a co nstrução do segundo subma rino com propulsã o nuclea r.
O a umento do orça mento de defesa fez com que fosse incrementa da a aquisição de materia l
de emprego milita r, via biliza ndo o desenvolvimento sustentável da Indústria de Defesa .
A produçã o de navios patrulha de médio porte mantém o País com emba rcações de a
lta tecnologia. O Projeto

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Sc ramjet14X da FAB, graças aos esforços junto ao Gover no Federa l, já produz iu o
primeiro protótipo de aeronave hipersônica do Brasil, ca paz de ga ra ntir a sobe ra nia
do espa ço aéreo naciona l.
Ao longo da déca da de 20, na busca da raciona lização, ocorreu a reestruturação das

Forças Arma das que, a lia da à esta bilidade orça mentá ria, via bilizou maiores
investimentos na atividade fim e nas ativida des meio. Esses ajustes permitira m que fosse
c riada uma Força Ex pedicioná ria Conjunt a, com ca pacidade a nfíbia, de va lor brigada,
envolvendo efetivos do Marinha, Exérc ito e Força A érea. O efetivo necessá rio para a
formação dess a tropa foi disponibiliz ado por meio da redução advinda do process o de
rac ionaliza ção, impleme nta do na década de 2020.

A AVI BRAS desenvolveu um sistem a ava nçado de defesa a ntiaérea,com tecnologia


naciona l de busca de a lvos utiliza ndo inteligência a rtificia 1. O sistema tem encontrado
gra nde ace itaç ão no mercado internaciona l. Em 2035, o Exérc ito a presentou nov o
projeto de viatura a utônoma blindada 8x8 de reconheci mento s obre rodas,dotada de
proteção balística reativa e ca nhão 105 mm. A partir de 2032, c om a criação do Centro
de Desenvolvimento de Softwa re de Defesa Ciber nética, integrante do Coma ndo Conjunto de
Defesa Cibernética, as Forças Arm adas brasileiras a mplia ram significativa mente sua
ca pacidade de atua r no a mbiente cibernético.
O c rime organizado continuou cada vez mais conectado. Verificou-se a umento
do tráf ico de drogas, de a rmas e de munições. Apesa r da a provação de novos instrumentos
lega is, não ocor reu a deseja da redução dos índices naciona is de violê ncia. Eventos
ocorr idos ao longo das últimas duas décadas aca rretara m o emp rego das Forças Arma das
em a poio aos estados da fede ração.
Ao longo das últimas décadas, verificou-se uma progressiva a proximação entre o
Ministério da Defesa e os principais órgãos de mídia. Ta l
fato permitiu melhor divulgação e public idades das ativida des das Forças Arma das. Além

disso, possibilitou que as questões relativas à defesa naciona l t ivesse m maior penetração
no debate político do país. Com isso, melhorou a percepção da sociedade com relação à
necessidade de maiores investimentos no dese nvolvimento de ca pacidades de defesa do
país.

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Ta mbém nos últimos 20 a nos, acentuou-se no Brasil o ônus demográfico, decorr ente do
enve lhecimento da sua população. No â mbito das Forças Ar madas este fenômeno
provocou a umento s ignif icativo nos gastos de sa úde com milita res da reserva, depende ntes
e pensionistas. Para contorna r ta l situa ção, o Ministér io da Defesa implementou a política
de subsidia r a cont ratação de pla nos de sa úde priva dos para esse público. Para os militares
da ativa fo i mantido o atendimento nos esta belecimentos de sa úde milita res. O Projeto de
Lei referente ao Sistema de Proteção Socia l dos Milita res das Forças Ar madas foi
a provado em 2020, sem, contudo, aca rretar a umento sa laria l.

As experiências referentes a ações em biodefesa adquiridas nos prepa rativos e na


execu ção dos gra ndes evento s internaciona is rea liz ados no Brasil, na déca da de 2010,ta is
como os Sº Jogos Mundiais Milita res, as XXXI Olimpíadas e a Copa do Mundo fizera m com
que f icasse patente no â mbito do Ministério da Defesa a preocupação com as ameaças
decorrentes de ataques dessa natureza. A disponibilidade de recursos orça mentários a
partir da déca da de 2020 permitiu que fosse orga nizada uma estrutura adequada de
resposta. Para ta nto, foi o c riado, pelo M O, o Núcleo Conjunto de Resposta a Incidentes
QBR N (NuCRI QBRN), integra ndo as unidades ex istentes nas três Forças A rmadas. A lém
disso, foi esta belecido um Plano de Ca pacitação e Adest ramento para o emprego dessa
unidade, com ênfase em ações de vigilância e de intel igênc ia . Ta mbém fora m adquiridos
equipamentos de proteção individua l,de diagnóstico rá pido para agentes conta mina ntes,assim
como de desconta minação.

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Cenário ''Alinha mento aos EUA, com restrição orça mentária''

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IDEIA BASICA

Este ce nário se baseia na concepção de que a postura internaciona l do Brasil é a de


franco a linhamento com os EUA e de que o crescimento econômico brasileiro não
possibilitou um a umento no orça mento de Defesa, e consequentemente, no nível de
a presta mento e das ca pacida des milita res de suas forças a rmadas.

AMBIENTE GLOBAL

Estamos em 2040 e o sistema internaciona l mantém a s ua estrutura


multipola r, onde grupos e interess es regiona is desempenha m um papel funda menta l nos
modelos de atuação dos Estados. Os Estados Unidos (EUA) cont inua m sendo a ma io r
potência militar e líder em ca pacidades tecnológicas,seguidos de perto pela China, que
elevou substa ncia lmente seus gastos em defesa nos últimos a nos, principa lmente a

partir da segunda metade da déca da de 2010, qua ndo a preoc upação chinesa com seu
entorno geopo lítico levo u à ex pansão das a mbições milita res do país, sobretudo na
dimensão marít ima. O Bras il, consoa nte às tradições históricas de sua diplomacia e
relações econômicas, mantém uma postura exter na preferencia lmente alinhada aos
EUA.

O declínio relativo do poder da União Europeia ocorre u de fo rma gradativa a partir da


s egunda década do século XXI, mas aquela União a inda se mantém como um importa
nte ator interna ciona l, sendo o elemento funda menta l para que a bala nça do poder
tenha se mantido favorável aos EUA.

No contexto do Oriente Médio, o quadro permanece instável, particula rmente pela


atuação de grupos não estata is que emprega m o ter rorismo como instrumento para a
consec ução de seus objetivos.

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Em termos gerais, o a mbiente global é marcado pela acentuação de conflitos
socia is e bélicos,principalmente no â mbito intraestata l. Nos últimos 20 a nos, os conf
litos exter nos entre nações fora m mais raros e dispersos e, qua ndo ocorrera m, fora m em
á m b i t o regional, sob fortes influências de potencias extra rregionais.

Em paralelo à permanente instabilidade global, o fato marcante foi o


ext raordiná rio ava nço das tecnologias da informação e comunicação (TIC), que
mantive ra m um perfil de c rescimento exponencia l nas quat ro primeiras déca das do
século XXI, confirmando-se como um dos principais fatores dete rminantes do perfil
assumido pela globalização eco nômica e fina nceira. Esse ava nço, na medida em que
ex pandiu e fortalece u v ínculos comercia is, financeiros e de pesquisa, ta mbém
dissem inou e realçou fragilidades no sistema e desigualdades globais, gera ndo
desafios nor mativos, de segurança e de lidera nça. Os ava nços nas TIC tornaram o
mundo cada vez mais interconect ado, faze ndo com que o comportame nto de um
país, de uma empresa ou mesmo de um único indivíduo, adquirisse um a lto potencia l de
impacto, ta nto para o be m, qua nto para o ma l,sobre a sociedade em gera l.

A cha mada 4ª Revo lução Industria l (associada à Indústria 4.0), lidera da pelos
EUA, transformou as áreas de cibernética, inteligência a rtificia l, robótica e ciências
biológicas, a umenta ndo ex ponencia lmente os níveis de precisão e a utomação dos
sistemas de a rmas. Talfato tornou obsoletos e relativa mente ineficaze s a ma ioria dos
sis temas existentes nas primeiras duas déca das do sécu lo XX I, determina ndo o
concomita nte surgimento de novas práticas operaciona is e o questionamento de a ntigas
doutrinas milita res.

Na á rea da sa úde, os ava nços na biomecâ nica e na produçã o de órgãos humanos


a rtificiais provoca ram uma grande revolução na medicina operativa, que se refletiu na
necessidade de atualização e reestrutur ação dos sistemas logísticos de a poio direto a
força s militares em combate.

A revolução digita l provocou intensif icação dos fluxos financeiros e comerc ia


is tra nsnaciona is, fluxos estes não a mparados ou regula mentados por um a rcabouço
normativo completo, gerando distorções, e se constituindo num fator contribuinte para
o relaciona mento instável e ntre as nações e maior incerteza nas relações internaciona
is.

15
A a mplia ção da ca pacidade de a rmazena mento de dados e seu acesso pratica mente
irrestrito, a lém de ter sido uma das principais forças motrizes de acelera ção do
desenvolvimento mundia l em dive rsos ca mpos de conheci mento, ta mbém difundiu o
acesso univer s a l a qua lque r tipo de informa ção e conheci mento de natureza s ensível,
aspecto este que se tor nou um fator mult iplicador das ca pacidades e possibilidades de
agentes c riminosos e terroristas.

Um fator decorrente da intensif icação e ubiquidade do processo de globa


lização foi o incremento, principalmente a partir da década de 2020, da influência e do
choque entre identidades cultura is distintas, ta nto em â mbito doméstico, qua nto no
internac;o nal. Não obsta nte, ta l fato, ao c ont rário de a lgumas previsões na v irada para
este século, não chegou a c ausa r guerras ou conflitos internacio nais.

A gr adativa globalização de paradigmas e princípios de regulação da sociedade,


principalmente, no â mbito ocidenta l, provocou uma maior uniformidade em diversos
conceitos sociais e de preservação a mbienta l (uma gra nde preoc upação a pa rtir dos a nos
2030). Esta evolução trouxe como consequência uma maior press ão e tendê ncia de
ingerência exter na entre nações, tendo como enfoque princípios como ''direito de
proteger'',''direitos huma nos'' e o co nceito de ''patrimônio mundia l''. As tensões decorrentes
dessas mudanças se devera m ao fato de que ta is regulações, a lém de por vezes encobr ir
outros interesses, a i n d a não se coadunam com as diver s idades c ulturais, constituindo
desta forma fontes de atrito e desconforto internaciona l.

Outro fato digno de desta que nas últimas duas déca das foi o c rescimento ex ponencia l
da influência das instituições globa is e empresas tra nsnaciona is, cada vez mais prese ntes, no
â mbito das decisões políticas dos estados, torna ndo c a d a v e z m a i s s i g n i f icativo, o
conceito e a p r á t i c a da
1
''cidada nia corporativa'' , que gradativa mente assumiu formas e práticas mais

1
O conceito cidadania corporativa engloba a forma como as empresa s se relaciona m e se encaixam com
toda a sociedade, através de parceiros, clientes, funcionários e até diante do governo. Cidadan ia
corporativa baseia-se nas ações de sustentab ilidade e responsabilidade social que, combinados, tornam-
se ações que beneficia m empresas e a socieda de em gera l.

16
envolvent es na relação empresa-sociedade. Ta l fato tem contribuído para
uma redução da relevâ ncia e da participação do Estado na sociedade.

Um aspecto controverso relacionado globa lizaçã o foi o


a '

desenv olvimento do que f icou conhecido na literatura especia lizada ocidenta l como o
''par adoxo governamen tal da globalização '', qua l seja : um crescente poder de
penetração das forças da globa lização, correspondeu a uma ma ior interferência no poder
a utônomo dos gove rnos nacionais . Neste processo, o Estado brasileiro, assim como
diversos Estados classif icados como potênc ias médias ou em desenvolvimento, visa ndo a
preservação da sua a uto nomia e
sobera nia estata l em â mbito doméstico, desenvolveu controles internos mais rígidos, por

meio de constrangimento à liberdade, cr iaç ão de barreiras econômicas e ações


protecionista s. Em co ntrapartida, o inevitável co nfronto desse movimento com o de
empodera mento de orga nizações e de indivíduos provocou uma evasão de empresas e
mentes para países mais liberais.

ENTORNO ESTRATÉGICO

As dinâ micas do a mbiente interna ciona l foram um grande motor dos


acontecimentos envolvendo defesa e segura nça internaciona l no Brasil e em seu entor
no est ratégico. As disputas geopolíticas entre gra ndes potências provoc a ram um
a umento nas tensões exte rnas da região sul-a merica na, tendo em vista o crescente
interesse de Rússia e China nos países deste continente (inclusive com a construção de
bases milita res).

A maior prese nça milita r dos Estados Unidos na América do Sul ocorreu com o
fortalecimento da Quarta Frota e a impla ntação de bases milita res em países a linhados
com a sua perspectiva estratégica de combate ao terrorismo e ao tráfico internaciona l de
droga s, esta ndo o Brasil incluído neste grupo.

Como consequê ncia dessas ações, o disc urso sobre as convenciona lmente
cha madas ''novas a meaças'' se fortaleceu, junto com a c rescente a plicação das Forças
Arma das dos pa íses sul-a merica nos em ações de segura nça pública, enqua nto os
Estados Unidos se torna ra m prepondera ntes na defesa externa das Américas.

17

Ta mbém importa nte foi a crescente influência estadunidense no ensino e no


treinamento milita r sul-a merica no, com o fortalecimento do Centro de Estudos
Hemisféricas de Defesa (CHDS) e do Instituto do Hemisfér io Ocidenta l para a Cooperação em
Segura nça (a ntiga Escola das Amé ricas, vinculado ao Departamento de Defesa dos Estados
Unidos).

A partir da terceira déca da do séc ulo em curso, começa ram a surgir conflitos de interesses
envolvendo o Brasil e a lguns países da União Europeia. Numa a nálise retrospect iva dessa
evolução, pode-se identif icar c omo ca usa remota o histórico interesse de alguns países em
relação às riqueza s minerais, à preservação a mbienta l e à biodiversidade da Região Ama
zônica e da á rea marítima denomi nada Ama zôn ia Az ul, manifestados de diversas forma s e
com diferentes intensidades.

Dent ro deste contexto,ao longo da últ ima década desenvolveu-se uma c rise
envolvendo o gove rno fra ncês, tendo como ca usa próx ima o descontenta mento das tribos
ia nomâmis com as sucessiva s invasões de suas ter ras por parte de ga rimpeiros e grileiros,
provoca ndo queimadas e a poluição de rios na região, reduz indo drastica mente a
biodiversidade loca l, fonte indispensáve l de so brevivê ncia das tribos indígenas locais.

A fa lta de uma ação pos it iva por parte de sucessivos governos brasileiros para regula riza r
essa s ituação provocou um c rescente e natura l descontenta mento e desa ponta mento por
parte dos povos indígenas, leva ndo-os a busca r a prox imação com governos e entidades
2
estra ngeiras que lhes oferecia m a poio e simpatia por suas ca usas, a lém de promessas
relacionadas a um possível suporte econômico e milita r num movimento por sua a utonomia .

2
Em agosto de 2019,o jorna lfra ncês Le Monde fez uma longa reportagem informando que no Brasil os
índios ianomâ mis são ameaça dos pelos garimpas. Segundo a correspondente Claire Gatinois, encor aja
dos pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro,milhares de garimpeiros clandesti nos têm invadido as terras
indígenas. A inda na mesma reportagem é citada a afirmação "Não existem mais regras na região",feita pelo
missionário italiano Cario Zacquini,outro ativista ouvido pelo Le Monde. Frequentador das terras
la nomâmis desde 1965, e co-funda dor da Comissã o pró-lanomâ mi, ele denunc ia que nem mesmo a
Funaitem mais os meios de fazer um bom trabalho nas floresta s devido às restrições
orçamentá rias. Disponível em http://br .rf i.fr/franca /20190709-ya nomamis-estao-ameaca dos-por-ga
rimpo-no-brasil-destaca-le-monde ;
A cesso 02/10/2040.

18

Ass im é que em 2035, sob a égide interna ciona l da ''Res ponsa bilidade de Proteger'',o governo
francês formalizou pedido de intervenção das Nações Unidas na Região la
nomâ mi,a nuncia ndo o seu irrestrito a poio ao movimento de ema ncipação daquele povo
indígena, sob o lema ''Une nation indig ene indépendant '' (Uma Nação Indígena
Independente) . Como medida de a poio às suas intenções, em 2037, o governo fra ncês
mobiliz ou um grande efetivo de
suas forças a rmadas, incluindo meios aéreos, ter restres nava •is,
e posiciona ndo-os na Guia na Francesa .
Em paralelo a esses aconteci mentos, a questão ent re Ve nezuela e a República da
Guia na, que já dura mais de sete décadas, sofreu, a partir de 2038, uma esca lada,
envolven do,de forma indireta,a sobera nia brasileira na Região Am azônica. Pode-se dizer
que o conflito limítrofe ent re a Guia na e a Venez uela pelo territór io Essequibo teve a sua
co mplexida de gradat ivamente a mpliada, na medida em que, frente aos err os da política
exterior ve nezuela na, a Guia na se a prove ito u para cria r precedentes no direito
internaciona l, que lhe permitiram ex plota r a mpias á reas na região de Essequibo, na
extração de recursos naturais. Esta iniciat iva foi a poiada e
acompa nhada de vultosos investimentos por parte das empresas internaciona is. Neste

co ntexto, à fort e oposição internaciona l ao rigoroso e impopula r regime político


venezu ela no, soma ra m-se os interesses econôm icos dos países c ujas empresas se
encontrava m opera ndo na zona em litígio, silenc ia ndo-se qua nto ao pleito venezuel a no
de so bera nia sobre o terr itório de Essequibo.

Assim é que, em 2039, se m a lter nativa s nos foros internacionais com relação a
seus pleitos, e tendo receb ido consta nte a poio milita r por parte da Rússia e da China,
inclusive mísseis balísticos, o atual governo venez uelano mobilizou a opinião pública em
favor de um movimento naciona l para a ''Recuper ación de derechos legíti mos e
históricos veneza/anos'' (recuperação dos direitos legít imos e histór icos venez
uela nos), e decidiu intervir milita rmente na República da Guia na,visa ndo recuperação de
seus terr itór ios reivindicados.

Ao implementa r sua estratégia para oc upação da região de Essequibo, o movimento de uma


de suas ofensivas atravessou o território brasileiro ao
19

norte do Estado de Rora ima, obriga ndo o gover no brasileiro a intervir

milita rmente,frente à violação de sua sobera nia . Pa ra o c umprimento dessa missão, foi
fundamenta l o a poio oferecido pelo "Esc udo Antimíssil", sistema desenvolvido pelo
Brasil, com a poio tec nológico israelense e materia l norte a merica no,ca paz de a bater
mísseis e foguetes a ntes de sua c hegada ao solo.

Mesmo com o grande esforço diplomático do lta maraty para a mplia r a influência
brasileira na Améri ca do Sul, as restrições orça mentá rias,or iundas do baixo
desenvolvi mento econômico brasileiro,têm dif icultado a realiz ação de ações mais
afirmativas. A ssociado a isso, a região tor nou-se palco de disputa comerc ia l e de
influência est ratégica entre as duas gra ndes potê ncias . Com isso,e com as c rises de
fronteira em que esteve envolvido,o País vê cada
vez mais dista nte a oportunida de de dese mpenha r um papel releva nte em seu
, .
entor no estrateg1co.

AMBIENTE NACIONAL

No â mbito naciona l, ao longo das primeiras décadas do século XXI,


sucede ra m-se na chef ia do gover no brasileiro correntes políticas extrema mente pola

rizadas. Devido à a lte rnâ ncia nos ideá rios econômicos e soc io políticos,não foi
possíve l esta belecer uma política de Estado,coerente e de longo prazo, que orientasse e
sustentasse o necessá rio desenvolvimento naciona l. Prevalec eram políticas de curto
prazo, que atendia m, principalmente,a interesses polít ico-pa rtidá rios e por vezes
populistas.

A inconstâ ncia na orientação política governa menta l, impedindo a maturação


de um plano econômico de longo praz o, o excesso de medidas político-econômi cas de
cunho populista com objetivos eleitorei ros e de curto prazo gerou restrição nos
investimentos nacionais no pa rque industria l do País, assoc iado a um gra nde
desestímulo para o investidor externo. Dessa forma, ao longo das déca das de 2020 e
2030, a pesar de uma a pa rente esta bilidade econômica, o país a presentou taxas de
c resci mento do PIB irrisórias,c uja média f icou no entorno de 0,75% ao a no, um va lor
inferior ao de out ras economias em países com o mes mo níve l de desenvolvimento.

20

Nesse contexto,a a locação de recursos para o setor de defesa manteve se


insuficiente, num pata mar muito inferior ao mínimo que ser ia necessá rio, fator esse que
tem representado grave comprometimento no a presta mento das forças a rmadas para o
cumpr imento de suas atribuições instituciona is.

A indúst ria naciona l, com a dif iculdade de crescimento gerada pelo quadro econômico
adver so, não tem conseguido acompa nha r os ava nços tecnológicos da indúst ria
internaciona l. Com isso, existe, atualmente, um eleva do níve l de dependênc ia
tecnológica do parque industria l nac iona l.

Com o recrudescimento da situação socia l fragmentada, devida à crise econômica, o


Poder Executivo, em div ersas oportunidades, teve que emprega r as Forças Arma das em
ações de GLO, co m a finalidade de busca r resolver crises instituciona is. O Congresso
Naciona l, por sua ve z, manteve-se afastado ou indiferente aos temas e necessidades milita res.

A fragilidade inst it uciona l do Brasil teve reflexos negativos sobre a segura nça pública.
Com restrições de toda ordem,ta nto no component e da políc ia investigat iva, quanto no
polic ia mento oste nsivo,a lém da incidência de práticas de corrupção, ocor reu a umento nas
atividades criminosas e na qua ntidade de seus praticant es,aspecto que manteve a tax a de
homicídios do Brasil ent re as mais elevadas do mundo {taxa de 70 mil homicídios em
2038). Nesse período, não se registrou qua lquer atuaçã o vinculada a orga nizações
ter roristas internaciona is .

Com refe rência ao crime internaciona l e ao tráf ico de drogas, consolidaram-se corredor es de
exportação de drogas, a partir da Colômbia, Bolívia e Peru. Da mesma forma, mantivera
m-se intensos o movimento de a rmas e toda a sorte de contra bandos a partir do Pa ragua i e da
Bolívia através da região do Centro Oeste brasileiro.

Em 2037, um evento que despertou grande a preensão no â mbito das a utorida des
milita res brasileiras foi o que ficou conhecido como ''A ca rta a nônima''. Essa situação
teve início com o recebimento, no Ga binete do Ministro da Defesa, de uma
corres pondência que continha uma substâ ncia não ident ificada . Com o passa r do tempo,
verificou-se o acometimento, em diver sos membros do Ga binete de sintomas sugestivos de
conta minação por
21

Antrax. Ta is sintomas fo ra m confirmados como se ndo ca usados pelo agente suspeito. Essa
situação adquiriu dimensão a la rmante no â mbito da Defesa, a pós divulga ção de vídeo
cla ndestino, a meaça ndo enviar uma qua ntidade maciça desse bacilo a dive rsos órgãos
do governo. Em fa ce desse aconteci mento, o governo feder a l estrut urou um ga binete de
c rise sob a coordenação do Ministé rio da Defesa para o enfrenta mento da questão. Após
o controle imediato dos da nos do problema,foi criado, pelo Poder Executivo, Grupo de
Tra balho lnterministeria l com o fim de propor medidas de prevenção e proteção contra
eventos dessa natureza.

A conjunção das dif iculdades de natureza político-econômica com um contexto de


segura nça pública de grande fragilidade, entre outras coisas, inibiu investimentos f
inanceiros e em bens de ca pita l, tanto no pa rque industria l brasileiro, qua nto em inf
raestrutur as de tra nsporte e a poio logístico. Assim,tornou-se mais difícil o pronto
desloc amento de efetivos de tropas e seu a poio logístico em com bate prolongado, em
qualquer ponto do territór io naciona 1.

Ainda em decor rência das dif iculdades econômicas enfrentadas nas últimas décadas,tem-

se verificado uma c rescente dif iculdade no a poio socia l à fa mília militar, a\ ém de


desco ntentam ento entre os milita res pela baix a remuneração, principalmente se
co mpa ra das a outras ca rreiras de Estado. Essa situação, a lém do citado
descontentamento, tem provocado uma redução, ta nto qua ntitativa qua nto qua litativa, de

ca ndidatos à ca rreira milita r. Esse fenô meno já provoca consequências nítidas na menor
qua lidade, no preparo, na forma ç ão e na prontidão dos efetivos milita res naciona is,
representando, a médio e longo prazo, um grave e irremediável risco à segurança nacional.

A a usência de protagonismo do País em relaçã o à sub-região sul a merica na


minou pla nos a nteriores para a possíve l construçã o de uma base indust ria l de defesa visa
ndo um mercado regiona l. Dessa forma, foi reduzido o interesse comercia l que impulsiona
ria o desenvolv imento de novas tecnologias pela base industria l de defesa nac iona l.

A fac ilidade na compra de materia l milita r junt o aos EUA, com preços acessíveis à nossa
ca pacidade fina nceira, acompa nhada de um refinado
22

treina mento e a poio pós-venda, permitiu ligeira melhoria da ca pacidade milita r.


A fa lta de encomendas para a indúst ria bélica naciona l, por sua vez, resultou em
uma situação de ba ixo desenvolvimento desse segmento, que restringiu sua
produção a mater ia is de tecnologia de terc eira ca mada - reprodutor de tec
nologias preexistentes.

A não superação de determina das fronteiras tecnológicas forçou o país a


de pender cada vez mais da exporta ção de produtos primários e com modit ies para
equilibrar sua bala nça de paga mentos, em face da c rescente importação de bens com
maior va lor agrega do, a lé m de ter a prisionado o Brasil como produtor de bens de
defesa de terceira ca mada, sem perspectivas de ascensão a níveis su periores.

Esta situação,em conjunção com as já citadas dif iculdades econômicas,


provocou sério reta rdas em todos os projetos estratégicos das forças a rmadas,
podendo-se cita r como exe mplo de maio r impacto, os atrasos no programa de
Subma rinos Nucleares da Ma rinha, nos diversos programas de vigilância e proteção do
território naciona l com a poio de s atélites, nos projetos científ icos assoc iados ao
Progra ma A ntá rtico e no ca ncelamento de parcerias para constr ução de mísseis e
sensores em conjunto com a Áf rica do Sul.
23

Cenário ''Relaciona mento global, com recursos orça mentários''

,
IDEIA BASICA

Este ce nário se baseia na concepçã o de que a postura internaciona l do Brasil é a


de equilíbrio no relacio namento com os EUA e com a China,e de que o c resc imento
econômico brasileiro possibilitou um a umento no orça mento de Defesa, e
consequenteme nte,no nível de a presta mento e das ca pacidades milita res de suas forças
a rmadas .

AMBIENTE GLOBAL

A disputa pela hegemonia no cená rio inte rnaciona l, inicia lmente protagonizada pelos EUA,
China e Rússia, se tra nsformou num embate entre China e EUA. O crescimento econô
mico c hinês a taxas elevadas e o investimento dos excedentes ec onô micos em segura nça
e defesa indica ram, para os EUA,que os chineses se a presentav am como uma potência
emergente e desaf iador a.

A lca nça mos o a no de 2040 co m relativo equilíbrio ent re EUA e China em


funç ão da va ntagem tec nológica razoável que os EUA conseguiram manter,e dos
ava nços econôm icos e co merc ia is c hineses, que contrabala nçara m o embate.Ta is
ava nços resu ltara m do sucesso a lca nçado pela iniciat iva chinesa denominada ''Um

Cinturão, Uma Rota'', que logrou integrar os mercados euro peus e africa nos à Ch ina.
Dessa forma, a disput a sino-estadunidense por uma condição hegemônica continua
indef inida, impacta ndo de forma releva nte o Brasil. Espelhando-se em ex periência
histórica a nterior, o País utilizou-se de uma política externa pendula r, oscila ndo entre
os dois polos de poder,o que lhe permitiu conta bilizar va ntagens signif
icativas,favorecendo o surgimento do cic lo de dese nvolvimento econômico da década de
2030.
A Rússia, nos últimos a nos, sofreu um processo de a bertura em sua política
domésti ca,que conduz iu o país a uma situação muito próx ima de uma democra c ia jovem
. Ta l reestrut uração, que levou o foco dos interesses

24

naciona is para assuntos internos, afastou a pauta desse país das questões
globa is.

O processo de globalização continuou a ava nçar, embora num rit mo mais


lento, favorecendo o incremento dos fluxos ta nto de pessoas como de bens,
mercadorias e serviços. Ampliou-se o risco de epidemias, agrava ram-se as assimetrias
de outrora e enfraquecera m-se os estados periféricos. Dessa forma, se consolida o
a umento do risco de ocorrerem conf litos intestinos nesses estados enfraquecidos e
guerras por procuração. Adema is, são reduzidas as ameaças de um conf lito interestata
l entre gra ndes potências,em função dos elevados custos.

A União Europeia (UE) chegou a 2040 a inda co m problemas de ordem política,


econômica e socia l decorrentes das difere ntes políticas migratórias de seus estados-
me mbros,fato que tem prejudicado o processo de integração econômica, já
enfraquecido após o Brexit. Embora a presença comercia l chinesa tenha se a mpliado
por toda a Europa, a UE permanece como polo econômico-milita r. As reduz idas
taxas de cresc imento econômico desse bloco nos últimos vinte a nos diminuíram
s obrem a neira a qua lidade da vida na
.,..,
regiao.

Em dive rsas partes do mundo, conflitos étnicos e religiosos geram


situações crít icas, mas as disputas geopolíticas entre as grandes potências
inibem a ação do Conse lho de Segurança das Nações Unidas para sa ná-las. As tensões
no Oriente Médio cont inuam elevadas, com o incremento da
presença militar dos Estados Unidos, que busca recupera r sua influência na região,
a pós oafastamento do início da década de 20. Essa situação,
entretanto, tem gerado reação por parte de grupos políticos locais. A
persistência desses fatores de crise cria condições favoráveis para
orga nizações ter roristas intensif ica rem suas at ivida des.
,
ENTORNO ESTRATEGICO

A Argentina, a pós s ubsequentes crises econômicas, vem se recuperando


gradua lmente, o que tem permitido c rescente consolidação do Mercado Comum do
Sul (MERCOSUL) . O a proveita mento do potencia l

25

petrolífero a rgentino permitiu a retomada do c rescimento econômico com sustenta


bilidade. Essa recupera ção favoreceu sobrema neira o processo de integração econômica,
polít ica e milita r sul-a merica na, a lém de trazer benefícios signif icat ivos para a economia
do Brasil.

A partir da década de 2020, a Argentina desenvo lveu processo de a prox imação


com a República Popula r da China. Esse país rea lizou pesados investimentos em
infraestrutura (em especia l nos portos), agropecuá ria e energia. No setor de Defesa,
novos projeto s dessa parceria fora m impleme ntados. Um deles foi a reestrut uração da
Marinha a rgentina, que teve início com o financia mento para a aquisição de três
corveta s,tendo sido uma delas entregue em 2038. A base espacia l chinesa, estabelecida
na província de Neuquén,Patagônia a rgentina, a mplio u seu efetiv o e foi o gatilho para o
esta belecimento do Progra ma Espacia l Conjunto China-Argentina para a construçã o de
satélites. A tentativa de instalação de uma base milita r chinesa no complexo, em 2034,

foi imediata mente contestada diplomatica mente pelo Brasil, o que levou à neutra lização
dessa iniciativa.

Desde 2035, a Colômbia tem a presentado evol ução econômica e política basta nte favor
ável. Após um retrocesso desastroso na déca da de 2020, quando a lguns membros das
FAR C e ELN resolvera m retoma r a luta a rmada, o país voltou a se esta biliz a r graç as ao a
poio de seu grande a liado: os EUA. Essa a lia nça se manteve forte, permitindo que esse
país a umentasse consider avelmente s eu poder bélico no ter ritório colombia no, com a

instalaç ão de ma is três bases milita res, sendo uma delas próxima à fronteira com o Brasil.
Essa prese nça milita r tem obstac ulizado o ava nço de projetos bilater a is colombia no-
brasileiros de cooperação de defesa.

Dessa for ma, ocorrera m nas últimas déca das vá rias tentativa s de impla ntaçã o de bases
milita res por potências extracontinenta is em países do entor no estratégico, como na
Argentina pelos chineses e na Colômbia pelos EUA, que motiva ram reações do Brasil no
ca mpo diplomát ico, conf irmando um maior protagonismo brasileiro na Amér ica do Sul.

A tentativa de forta lecimento da OTCA, propost a brasileira, tem sido


consta ntemente rejeita da pela Colômbia, em razão do a linhamento político estratégico com
os EUA, sendo motivo de crescente preocupação brasileira

26

por prejudica r as inic iativas de incremento do protagonismo brasileiro no subcont inente


sul-a merica no. Observa-se, ass im, o a umento da presença de gra ndes potências no
entorno estratégico brasileiro, haja vista que países como os Estados Unidos impactam
de forma releva nte a vida econômica, política, c ultura l e socia l em á reas da Améri ca
do Sul. Isso demonstra o interesse norte-a merica no no entor no est ratégico brasileiro,

da ndo cont inuidade à sua política exter na para a região, desde a Doutrina Monroe de
1823 .

As relações diplomáticas entre Fra nça e Bras il ainda continuam estremecida s, desde os
incidentes ocorridos em 2019, qua ndo aquele país propôs uma internaciona lizaçã o da
região a mazônica, motiva da pela prese rvaçã o do meio-a mbiente. Além disso, a França tem
colocado dive rsos obstác ulos na a prox imação comercial do MERCOSUL com a União
Europeia, na medida em que interesses de produto res agrícolas fra nceses se veem
a meaçados pela oferta do mercado nacio nal.

A necessidade de se a ntepor ao ava nço de potências extracontinenta is sobre o entorno


estratégico brasileiro incremento u o protagonismo brasileiro no subcontinente sul-
america no respa ldado pelo a parato milita r que foi reformulado nas últimas décadas
de ntro de um projeto voltado para consolidação da base industr ia l de defesa.

A Ve nezue la a pós uma crise, que se estendeu por mais de dez a nos, a lca nçou 2040 com
relativa estabilidade, fruto da mediação conduzido pelo Brasil, s ob os a uspícios da
Orga nização dos Estados Ameri ca nos (OEA). Esse acordo permitiu retira r o país da
c rise humanitá ria profunda que havia se instalado no país vene zu ela no. Além disso,
houve reconhecimento internaciona l da ação diplomática brasileira, aspecto que contribuiu
pa ra a redução da influência das grandes potências no subcontinente, reforça ndo o
protagonismo brasileiro na região. Outro aspecto posit ivo da solução adota da é que foi
evitada uma esca lada na c rise venez uelana,fato que poderia leva r a uma eventual guerra
civil, o que tra ria ao Brasil uma série de consequênc ias na economia, na política, no
increment o do f luxo migratór io e na dif iculdade no cont role do crime orga nizado nas
fronteiras.
27

Nesse evento,ta mbém merece destaque o papel desempenha do pela mídia naciona
l, que cola borou na c riação de uma percepçã o posit iva da atuação do governo brasileiro
na esfera interna ciona l.
O protagonismo brasileiro no continente sul-america no foi desenvolvido com base em
meca nis mos de confia nça mútua com os viz inhos e ta mbém por intermédio de uma maior
sinergia entre sua política externa e seu a parato milita r. Essa interação vem cada vez mais
respa ldando as ações da política externa do Esta do brasileiro, favor ecendo a a mpliação de
sua ca pac idade de atuar como protagonista no cenário sul-am erica no. Essa
cinemática reforçou a a utopercepçã o da sociedade brasileira qua nto ao papel que o país
pode desempenha r como uma potênc ia regio nal, confirma ndo, desse modo,sua tendê ncia
em ass umir o protagonis mo na Am éric a do Sul.

Am plia ndo para o entorno estratégico brasileiro a lém da Amé rica do Sul, o País a mpliou
suas relações comerciais, tec nológic as e milita res com a Áf rica do Sul. As relações
bilaterais entre os dois pa íses têm progredido ao longo dos a nos, fomenta ndo maiores
relações por meio de fóruns, como BRICS, Índia, Brasil e Áf rica do Sul (IBSA), G77, G20 e
out ros a rranjos. Em função dos interesses estratégicos dos dois países no Atlâ nt ico Sul,
foi esta belecida uma pa rceria entre as Marinhas visa ndo melhorar as condições de
segurança do tráfego marítimo na região do Golfo da Guiné e nas rotas de dema ndam aos
países as iát icos.

AMBIENTE NA CIONAL

As refo rmas políticas a lmejadas pela socieda de brasileira fora m precedidas


pelas reformas previdenc iá ria e tributá ria que conforma ram a segurança jurídi ca que
deseja va m os investidores externos e internos. Contribuição signif icat iva foi dada pelo
BNDES, democra tiza ndo a concessão de emp réstimos com taxas inferiores àquelas
praticadas pelo mercado aos empree ndedores de todos os portes, consol idando um
processo de c resc imento econômico sustentável .
Contemplar a Base Industria l de Defesa (BID) com estímulos creditícios foi vita l para
que o Brasil a lca nçasse um complexo industria l milita r de porte

28

médio e com subst a ncia l volume de tec nologia dua l. Essa iniciat iva vem cont ribuindo para
promover significativa s tra nsformações das Forças Arma das,confe rindo ao País uma ca
pacidade c ríve l de projeção de poder.

Os ava nços econômicos a liados ao processo de a madurecimento da democra cia


brasileira proporciona ra m uma lenta e segura progressão socia l. A esta bilidade política
favoreceu os investimentos e o contínuo crescimento econômico gera ndo ex cedentes que em
parte fora m investidos na tra nsformação das Forças Arma das.

O com bate à corrupção e ao crime orga niz ado fo i bem-s ucedido e trouxe
esta bilidade e c redibilidade, a lém de fav orece r um maior a porte de investimentos
externos . Esse conjunto de c ircunstâ ncias per mitiu que o país atingisse um índice de
percepção de co rrupção favoráve l em 2040.

A partir de 2025, um gra nde esforç o nacional foi direc io nado para a Ama z ônia,
compreende ndo a a mpliação do polo industria l de Manaus, nas á reas de pesquisa e
dese nvolv imento de produtos fa rmacêuticos,a limentícios e de cosméticos, ex plora ndo
a biodiversida de loca l. Outra á rea ta mbém desenvolvida foi a indústria nava l
em Belém, vo ltada para meios f luviais e de ca botagem, a da ptados às ca racter ísticas da
malha f luvia l da região. Além disso,vultosos investimentos fora m a plicados
na construção e recuperação da infraestr utura portuária e de escoa mento da produção,
a partir do interior. Ta is ações favore ce ram o desenvolvimento sustentá vel da região,
o que a umento u o efeito dissuasório contra tentativa s de reduzir a
sobera nia brasileira sob re essa parcela signif icativa do território naciona l. Na década de
2030,a lideranç a brasileira no espaço político-democrá tico da Orga nização do Tratado de
Coop eraç ão A mazônica {OTCA)a ca bou por aglut inar os dema is países
a mazônicos e afastou as prováveis ingerências e intromissões externas indevidas,em
especia l de países loca lizados fora do continente s ul-a merica no.

Com a porte de recursos do Ministério da Defesa, os institutos de pesquisa das três Forças
Arma das desenvolvera m um sistema de tec nologia disruptiva, na á rea de coma ndo,
controle e comunicações basea do em processa mento quâ ntico. O projeto está em fase de
homologação operaciona l para ser utiliza do em a mbiente de c lima que nte e úmido,
visa ndo seu emprego na região a mazônica . O completo desenvolvimento desse sistema

29

a umentará sensivelmente as possibilidades de emprego de forças conjuntas em


diversos tipos de teatros de operações. Essa tecnologia ta mbém está
sendocogitada para a plicação no controle de tráfego aéreo, acompa nhamento
meteorológico, acompa nha mento do tráfego marítimo e fluvia l,entre outras
aplicações civis .
O processo de desenvolvimento econômico se espra iou para vá rias regiões do
país, ensejando mais oportunida des de tra balho, reduzi ndo a insat isfação soc ia l. Assi m
fora m reduzidos os espaços ocupa dos pelo crime orga nizado, na rcotráfico,e outras
ativida des ilega is. Iss o provocou a redução do emprego das Forças Arma das ta nto em
atividades subsidiá rias na á rea de fronteira,como em missões de ga rantia da lei e da
ordem. Com isso,as Forças Arma das puderam foc a r seu preparo nas aç ões atinentes à defesa
da pátria.

Merecem destaque as a ções rea lizadas pelo Ministério da Defesa e pelas Forças
Arma das,a partir da década de 2020, no sentido de sensibiliza r a sociedade qua nto à
necessidade do País dispor de ca pacidades milita res adequa das para a defesa da pátria.
A criação de programas de televisão, de estímulo às ativida des de pesquisa sobre temas
de defesa, de c ursos pa ra públicos formadores de opinião, como jorna listas e advogados,
têm contribuído para a percepç ão da importâ ncia de manter as Forças Arma das bem
equipadas e a prestadas para o co mbate.

A prio ridade esta belecida pelo país para a educação básica, a partir de 2020, maturou por
longos dez a nos e então começou a frutif ica r. A a plicação de outras medidas com o
a poio ao ensino técnico e foco nas necessidades da sociedade proporcionou ga nhos
significativos na qua lificação da mão de obra, favorecendo a eleva ção da remunera ção da
população e o bem-esta r socia l. As Forças A rmadas beneficia ram-se dessas ações, na
medida em que melhorou a qua lidade educa ciona l dos ca ndidatos ao ingresso para a ca rreira
das a rmas.
As reformas previdenc iá ria e administrativa a provadas pelo Congr esso Nac ional na
década de 2020 reduzira m as despesas do Estado e permitiram melhora r o equilíbrio sa
la ria l entre as ca rreiras de estado (públicas ). Com o tempo, essas mudanças
estimula ram a competição na ca pt ura de ta lentos e ta mbém acentua ram a motivação
pelo a uto-a perfeiçoa mento.

30

A a usência de uma reforma política contribuiu pa ra o a umento da qua ntidade


de partidos no Congresso Naciona l, o que fez com que qua lque r proposta normativa
esteja sendo submetida a uma negoc iação cada vez com plexa. Com isso, os projeto s
de interesse da defesa que dependem da
a provação do Congresso Naciona l têm de mandado mais tempo para
,..,
a provaçao.

Apesa r das dif ic uldades nos trâ mites legis lativos,as metas traçadas nos
pla nejamentos estratégicos governa menta is ao longo da déca da de 2020 trouxera m
repercussõ es benéficas que florescera m no fina l da década de 2030. A sinergia obtida
pelos diversos planos gover name nta is permitiu que o país superasse problemas histór

icos com o a questão educaciona l,o que levou à elevação signif icat iva da qua lifica
ção da mão de obra e co nsequente melhoria na produtivida de. Além disso, o
mercado interno cresceu com a c riação de empregos melhor remunerados.

Os recursos orça mentários alocados para as obras de infraestrutur a, a mpliaram a


ma lha de transportes nacio nal.A ca pacidade de tra nsporte entre as dive rsas regiões do Pa
ís fo i a mpliada principalmente em funçã o da melhoria dos modais ferrov iá rio e aquaviá rio.
Essas fac ilidades contribuíram pa ra que o Ministério da Def esa implementasse, desde 2034,
o exercício quadriena l - MobNac - Mobiliz ação Naciona l, opo rtunidade em que
tropas e materia l milita r no efetivo de uma brigada são deslocadas de uma região do país
para outra a fim de participar de opera ções de defesa da Pátria. Nessas at ivida des, a lém
dos meios logísticos orgâ nicos da Grande Unidade, são mobilizados
• •
mei•os CIVIS
.

Em 2039,o pos ic io namento do governo brasileiro em relação a disputa s comerc iais


com países do Sudeste Asiático despertou fortes reações em
grupos ultra naciona listas em países daquela região. Em setembro desse a no, o braço
ter rorista de um desses grupos pla nejou e ex ecutou a liberação de agentes seletos
dura nte o Roc k in Rio. Esse fato foi o estopim de uma epidemia provocada pelo coronavír
us ca usador da SARS-CoV (Síndrome Aguda Severa Respiratória). Ta l situação
de mandou a ativação de diversas medidase
providências em biodefesa por pa rte do MD para mitiga r os efeitos da nosos na tropa do
Rio de Ja neiro. Após o evento,o MD criou o Pla no de Contingência

31

para Agentes Seletos, que serv iu de modelo para a criação de um programa nac ional
voltado para esse tipo de crise.
32

Cenário ''Relacionamento global, com restrição orça mentária''

IDEIA BÁSICA

Este ce ná rio se baseia na concepção de que a postura internaciona l do Brasil é de equilíbrio


no relaciona mento com os EUA e com a China, e de que o cresc imento econômico brasileiro
não possibilitou um a umento no orça mento de Defesa,e consequente mente, no nível de
a presta mento e das ca pacidades milita res de suas forças a rmadas.

AMBIENTE GLOBAL

Em 2040, a disputa de poder entr e China e Estados Unidos continua acirrada,


especia lmente depois que a China s uperou os EUA como maior PIB mundia l, em 2025. Os
Estados Unidos, entreta nto, seguem como maior potência milita r. Movimentos isolacion
istas,entr eta nto, ga nha m força dentro da que la nação, busca ndo afastá-los dos prob lemas
exter nos. O Brasil tem buscado esta belec er relações va ntajos as para os interesses
nac iona is com a mbos atores globais.

Os EUA têm desenv olvido uma política externa pendula r com o Brasil desde a
a proximação iniciada em 2019. Em a lguns momentos,f ica evidente o interesse em traz er o
Brasil para sua esfera de relaciona mento, com oferecimento de va ntagens competitiva s
ou acor dos de coopera ção. Em out ros, preoc upações com questões internaciona is
ext ra rregiona is tira m os assu ntos sul-a merica nos da pauta de prioridades daquele pa ís. A
Política de Segura nça Hemisférica continua a ser a linha mestra que ba liza os interesses
norte-a merica nos para o Brasil. Nos últimos 20 a nos, pôde-se ident if ica r pequenas
diferenças entre as políticas exter nas dos gover nos republica nos e as dos democra tas .
Enqua nto os primeiros oferecera m maiores va ntagens nas negociações comercia is e
estratégicas,os últ imos dif iculta ram as negociações em funç ão das fortes pressões de seu
eleitorado por meio de lobbies econômicos e de ONG envolvidas com as questões
a mbienta is e de direitos humanos.

33

Ap roveita ndo-se de sua economia puja nte, a China tem buscado a mplia r sua influência
comercia l em todos os continentes, especia lmente Áf rica e Améri ca do Sul, em função
da disponi bilidade de recursos natura is que esses cont inentes oferecem.

Algumas repúblicas asiáticas da Federação R ussa, atra ídas pelas oport unidades
de negóc ios oferecidos pela China, a exemplo do ocorrido na
3
parceria com o Turcomeni stão , ensa ia ram um movimento de emanc ipação,

na década de 2030, chamado pela imprensa de Outo no Am a relo, fato que levou à intensa
ut ilização de guerra cibernética contra a infraest rut ura daque las repúblicas. A troca de
governos para a liados pró-Mosco u, ocorrida em 2036 e 2037, pacif icou a região. A
indústr ia militar russa, continua em plena produçã o, a mplia ndo sua f at ia de mercado,
mesmo na
Áf rica e na Amér ica do Sul,pelo baixo c usto de seus produtos.

A União Europeia, pressionada pelas tentativas de dissensões internas, oriundas das


insatisfaç ões com a decadência do modelo de bem-esta r socia l, corroído pelo envel
hecimento da população e pelas levas de migra ntes africa nos, j á não
consegue a presentar uma posição única no â mbito internacio nal, J?
rincipalmente depois da ass inatura do acordo energético entre A lemanha e
Rúss ia, em 2025. A pesar dasinsinuações chinesas de a prox imação
comercia l, a ofensiva norte-a merica na de f inancia mento dos países
euro peus da OTA N tem sido o bastião da res istência da Alia nça
Atlâ ntica.

O acordo de paz entre israelenses e palestinos, a pós as ações diplomát icas dos EUA,
assinado em 2034, levou a uma redução signif icativa dos atentados terroristas no mundo.
Perma necem,no enta nto,as disputas de poder no Oriente Médio,especia lmente entre Irã e A
rá bia Sa udita.
3
Presidente chinês pede mais cooperação pragmática com Turcomenistão no marco do
Cinturão e Rota. Disponível em http:// portuguese.xinhuanet.com/2017-06/10/c_
136354529.htm

34

,
ENTORNO ESTRATEGICO

As revoltas ocor ridas nos últimos 5 a nos na Guia na Francesa, em funç ão do desa lento da
população local com o precá rio a poio soc ia l fornecido pela metrópole, têm gerado
acusações fra ncesas ao gover no brasileiro de esta r estimulando movimentos de
dissensã o interna na província ultra marina. Enqua nto a população fra nco-
guia nense a inda reclama da nova reforma previdenciá ria a provada em
2035,que criou tipos diferenciados de cidada nia, mais e mais habita ntes da Guia na
busca m c ruzar a fronteira com o Brasil,para tra balhar na Zona Franca de Sa nta na,
no Ama pá, reco nfigurada em 2030, e que começa a da r sinais de vita lidade a pós o
longo processo de organização. As oport unidades de traba lho com o
desenvolvimento da c ult ura da soja naque le estado ta mbém têm atraído cada
vez mais cidadãos guia nenses. Pa ra se contra por aos problemas inter nas na Guia
na Francesa, a metrópole tem a umentado seus efetivos milita res locais.

O Ac ordo de Bruxelas, negociado em 2025 e patrocinado pela União Europeia,


permitiu que a Ve nezuela sa íss e da cr ise instituciona l e convoca sse novas eleições . A

presença de interesse s eco nômicos russos e chineses, a liados à preocupação geopolítica


norte-a merica na com se u mar interior (Ca ribe), mantém a situação política ve nezuela na
sob tensã o consta nte. Entreta nto, a divisão da produção dos campos venez uela nos para
o paga mento da dívida exte rna entre a petroleira russa Gazprom, a norte a merica na
Chevr on e a c hinesa China National Offshore Oi/ Corpor ation (CNOOC) permit iu
que a economia venezuel a na se recu perasse. Sem ca pacidade econôm ica e milita r para

defender os interesses geopolíticos nac ionais em relação à Venezuela, o Brasil perdeu


influência junt o à república vizinha. Apr oximações diplomáticas são tentadas com
vistas ao forta lecimento da Orga nização do Tratado de Cooperação Ama z ônica (OTCA),
mais uma vez,sem sucesso. O empresa riado brasileiro,por vez,a inda enxerga a Venez uela
como um a mplo mercado para aquisição de produtos manufaturados, tendo em vista a ba
ix a industria lização de s ua economia muito depe ndente do pet róleo. Embora o governo
venez uela no receba influência de assessores milita res das três gra ndes potências mundia is
(EUA,

35

China e Rússia ) com interesses locais, não há presença de tropas estra ngeiras
,
no pais.

A relação ent re Colômbia e Venez uela melhorou sensivelmente nos últ imos 10

a nos,a pós a adesã o da Venezuel a ao Pla no Merida, de ajuda norte a merica na à repressão ao
tráf ico de entorpece ntes, o que permitiu a realização de exercícios conjuntos entre os dois
países sul-a merica nos. O presidente colombia no Pablo Ojeda, vencedor das eleições de
2038, condena a opção da diss idência do Exército de Libertação Nacional pela luta a rmada e
pelo f inancia mento da guer rilha. Apesa r da press ão interna de seus correligionários,
seu gover no mantém a pa rceria preferencial com os EUA, o que tem gera do uma situação
econômica basta nte positiva com o a umento do preço do café em função do va lor
agregado (gour metiza ção) no mercado norte-a merica no.

A tent ativa de golpe de estado na Guia na, em 2025, país de maior c rescimento econôm
ico das Am éricas na década de 2020-2030, foi rapida mente reprimida, a pós a intervenç ã o
norte-a merica na, fato que reduziu a intensida de do discurso venezue lano de reivindicação
do território da Guia na Ess equiba . O Brasil, fiel à s ua política externa de não
intervenção, manteve-se a lheio à participação milita r nesse evento. Com isso, neste a no,
completa ra m-se 170 a nos desde a última participação milita r brasileira em conflito no seu
entorno geográf ico. O acidente a mbienta l nos ca mpos de petróleo da Exx on, em 2037,

próximo à Georgetown, gerou grande comoção internaciona l, mas a imagem do país foi
recuperada a pós ca mpanha de public idade,foca da na preserva ção a mbienta l de suas
florestas pratica mente intocadas.

A disputa de poder na Argentina em 2039, entre peronistas libera is, a liados dos EUA, e
desenvolvimentistas, que a presenta m proposta de a proximação com a China, ca racteriza a
ex pa nsão da Guerra Fria Comercia l entre as duas grandes potências para o entorno
estratégico brasileiro. Após a descoberta de petróleo na região de Santiago dei Es tero,
que permitiu a melhora das condições econômicas com a explora ção/ex plotação econômica
de óleo e gás por empresa s de petróleo a rgentinas e estra ngeiras, e conseque nte redução
da dívida externa, a Argent ina vive um momento de

36

euforia econômica. O acordo do MERCOSUL com a China,firmado em 2033, levou à


a mpliação da á rea pla ntada de grãos na Patagônia, assim como de seu pla ntel de gado
bovino.

Mesmo com o grande esforço diplomát ico do lta maraty para a mplia r a influência
brasileira na Améri ca do Sul, as restrições orça mentá rias oriundas do baixo
desenvolvimento econômico brasileiro têm dif iculta do a realização de ações mais afirmat
ivas. Associ ado a isso, a região tornou-se palco de disputa comerc ia l e de influência
est ratégica entre as duas gra ndes potências. Com isso, o País vê cada vez mais dista nte a
oportunidade de desem penha r um papel relevante em seu entor no estratégico. As
pressões norte a merica nas, a meaça ndo de boicote econôm ico os países sul-a merica nos que
participam de projetos em parceria com a China, têm dific ultado a a bertura de novas linhas
de conexã o te rrestre entre o ce ntro brasileiro produtor de a limentos da Amér ica do Sul
com os portos do Pacíf ic o. Sem recursos para o financia mento, a sonha da integração viá ria
sul-a merica na a inda é um sonho dista nte.
A dis puta econômica entre EUA e China ta mbém tem impactado os países africa nos da
costa atlâ ntic a. A China continua a fazer grandes investimentos em infraestrutura
especia lmente na Nigéria, Angola e Namíbia, enqua nto os EUA têm buscado securitizar
questões de tráf ico de drogas, pirata ria, terrorismo e crime orga nizado no Golfo da Guiné.
A base nava l da OTA N de São Tomé e Príncipe já é, desde 2032, a maior concentra ção
de tropas do hemisfério S ul. O patrulhamento costeiro da OTAN tornou-se uma
constante desde o afundamento do navio de tur istas da empres a Costa C,em 2034,a pós o
ate ntado terrorista perpetrado pelo grupo Boko Haram. O Brasil, convidado pelos EUA a
integrar a Força Ta refa de patrulhamento em 2021, participa da força mult inaciona l da
OTAN de forma permanente,mesmo com as restrições orça mentá rias ex istentes desde
aquela época.
A parceria tecnológica do Brasil com a Áf rica do Sul no segment o milita r tem continuado por
intermédio de projetos de mísseis e foguetes. Apesa r do surgimento de novos produtos, a dif
iculdade de colocação em produção, em funç ão do reduzido número de unidades adquiridas
pelas Forças A rmadas de a mbos os pa íses, tem dif icultado a a mpliação do investimento
nas empresa s

37

envolvida s. Exercícios conjuntos entre as duas Marinhas de Guerra têm sido consta ntes.

A proximidade da revisão do Tratado Antá rtico a rea liza r-se no próximo a no (2041)
tem acentuado a movimentação política de a lguns pa íses v izinhos. O Chile, por exemplo,
tem manifestado c la ra mente suas reivindicações territor ia is sobre o continente. A
disputa indefinida de pode r entre China e EUA, entreta nto, tem forçado esses países a
não a mplia rem suas á reas de tensã o para ess a região. Dessa forma, a expectativa dos
a na listas políticos é que as grandes potências forcem os de mais membros do Tratado a
aceita rem mais uma prorrogação da internaciona lização do continente. O Brasil, em
função da restrição orç a mentá ria vivida, te m mantido um mínimo de ativida des cient
íficas,graças ao esforço de a lguns a bnega dos pesquisadores participantes do PROA
4
NTA R .

AMBIENTE NA CIONAL

Após uma sér ie de reformas ocorridas na década de 2020-2030, a situação política do Brasil
encontra-se esta biliz ada. Nos a nos de 2023 e 2024, houve a reforma política impla ntou a
clá usula de barreira e reduziu o número de partidos que compõem o Congresso Naciona l
para onze. Essa nova situação permitiu um entendimento mais c la ro da sociedade das
propostas de cada agremiação. A reforma eleitora l, em 2027, com a impla ntação
da

4
O PROANTAR tem como propósito a realização de substa ncial pesquisa científica na região
antártica, com a finalidade de compreender os fenômenos que ali ocorrem e sua influência sobre
o território brasileiro, contribuindo , assim, para a efetivação da presença brasileira na região. O
PROANTAR possui três segmentos:
Científico: sob a responsabilidade do MCTIC e do CNPq, órgãos que respondem pelo fomento e
a coordenação da exec ução das pesquisas científ icas realizadas por universidades e dema is
instituições de pesquisa. O Comitê Nacional de Pesquisas Antá rticas - CONAPA, órgão assessor
do MCTIC para assuntos científicos antárticos,é responsável pelas diretrizes científicas do
PROANTAR . Logístico: sob a responsabilida de da Sec retaria da Comissão lnterministerial para
os Recursos do Mar - SECIRM,que implementa o apoio logístico às Operações A ntárticas.
Ambiental : sob a responsabilidade do Grupo de Ava liação Ambiental do PROANTAR
(GAAM), coordena do pelo Ministério do Meio Ambiente MMA. Disponível
em http://ww w.mctic.gov.br/mctic/ openc ms/ciencia/SEPED/ antartic
a/proantar/Programa_Anta rtico
Brasileiro PROANTAR.html.

38

ve rificação impressa do voto e do voto dist rita l, também contribuiu para maior segura nça
instituciona l e esta bilidade do processo eleitora l. O pla neja mento estratégico entrou na
agenda naciona l, com partic ipação ativa da mídia impressa, televisiva e das redes sociais,
que trazem ago ra meca nismos de consultas públicas onl ine, uma novidade mundia l
desenvolvida pela Câ mara de Deputados em 2029 . Governos de direita, esquer da e
centro revez ara m-se no poder nos últimos 20 a nos. As reformas tributá rias de 2021 e de
2035 tor naram o sistema de impostos do Brasil basta nte mais simples,a pesar de a inda

haver c ríticas por pa rte dos estados e municípios qua nto à sua reduzida a utono mia
tributá ria.

Em 2040, a integração da infraestrutura naciona l a inda é uma meta ser atingida.


Apesa r dos grandes ava nços ocorridos na década de 2020-2030 com a construção e a
privatizaçã o dos ramais ferroviá rios e aquaviá rios que permitem o escoa mento da
produção agrícola do Centro-Oeste pelos portos a mazônicos, grande parte deles financiados
pela Ch ina, a inda pouco foi realizado na interligação com os portos do Pacíf ico. A
implantação da Operação Brasil Unido, exer cício de mobiliza ção naciona l quadriena l do
Ministério da Defesa, rea lizado a partir de 2025, a pós a tentativa de secur itização da
quest ão a mbienta l no Conse lho de Segurança da ONU, tem t ido bons efeitos dissuas ór ios
sobr e a questão a mazônica, assim como tem recebido a poio da sociedade brasileira, com
posiciona mento favor ável da mídia nac ional sobre a questão. Por sua vez,os problemas

econômicos atua is, asso ciados à expressiva presença econômica e milita r dos EUA e da
China na América do Sul, têm dif ic ultado o debate sobre o papel das Forças Arma das
para a af irmação do Bra sil como uma potência em ascensão. A sociedade brasileira
continua muito preoc upada com seus problemas internos, entendendo que o papel mais
releva nte para as Forças Armada s ainda é sua cont ribuição para o desenvolvimento e
para a segurança interna. A comunid ade epistêmica de defesa tem crescido de fo rma
basta nte lenta. A Associação Brasileira de Estudos de Defesa tem se afirmado qua litativa
mente por meio da boa ava liação dos Progra mas de Pós-Graduação. Sua ca pacidade de
influir na pauta polít ica naciona l, porém, é basta nte limitada, fato
identifica do nas últimas eleições presidências de 2038.

39

Embora o Brasil te nha melhorado seus níveis educ aciona is, em funçã o basica
mente da redução de sua população infa ntil, permitindo a umenta r sa lários de
professor es e a loca r mais recursos para o projeto da Escola Virtua l, inaugurado em 2032,
as condições de sa úde da populaçã o em gera l gera m tensões soc ia is. O elevado número
de idosos e a crise ética que perdura há déca das leva ram ao esfacela mento do núcleo
fa milia r que a mparasse em seu seio aqueles de idade mais ava nçada,mostra ndo uma
sociedade desc rente de um fut uro promissor e insatisfeita com as condições de bem-esta r
socia l.

A maturidade política ocorreu,a pesar da insta bilidade eco nômica . Após um período de
razoáveis condições econômicas na década de 2020, com c rescimento médio de 2% ao
a no,a econom ia do país sof reu gra nde impacto da crise mundia l de 2035, pass a ndo a a
presentar uma média de 0,5% de c resc imento do PIB, com períodos de recessã o na
última década . A indústria naciona l enfrenta pro blemas, em função da dificuldade de
a compa nhar os ava nços da indústria internaciona l. A indústr ia 4.0, que viveu seu
pico na déca da de 2030, te m dado sina is de e nfraquecimento com os ava nços da
inteligência a rtif icia l quânt ica .

Após as definições estrut urais dos Pla no Estratégico de 2032,a indústria de Defesa
Nacional foi reco nhecida como segmento prioritá rio de invest imento. As ações de
rac io naliza ção implement adas no início da déca da de 2020, associadas à definição de ca
pac idades conjuntas de defesa e à reestruturação do E M CFA, permitira m melhorar a
eficácia na a plicação dos recursos orça mentários. A crise econômica atual, contudo, tem
dif icultado o prosseguimento dos projet os estratégicos que objetivava m a lcança r tais
ca pacidades. O desenvolvi mento do primeiro subma rino de propulsão nuclea r foi coroado
de êxitos,mas não há recursos suf icientes para o desenvolvimento da segunda unidade. A
produção de meios nava is de superfície consegue manter o país com emba rcações
tecnologi ca mente ava nçadas, mas seu pequeno efetivo não atinge o efeito dissuasório
desejado fre nte às principais potências milita res,como EUA, China e Rússia . O projeto do
míssil a nti-navio de supe rfíc ie { MANSUP) foi concluído em 2031. Ent reta nto, o
desenvolvimento de seu substituto, equipamento de uma nova geração,ainda se encontra
basta nte atrasado, com a Marinha busca ndo fontes de

40

financia mento junto aos órgãos de fome nto do MCTIC. O Siste ma de Ge rencia mento
da Am azônia Az ul (SISGAAz ) a inda não tem a brangência nac iona l,esta ndo at
ivado a penas nas proxi midades das loca lidades do Rio de J aneiro,Sa lvador e Belém.
Com o reduzido a porte de recursos no pla nejamento estratégico de defesa, o
projeto 14-X da FAB, para o desenvolvimento da primeira aeronave hipersônica naciona l,
que esperava -se se r ca paz de ga rantir a sobera nia do espa ço aéreo brasileiro, não
conseguiu atingir sua maturidade. Em 2031, o projeto foi desativa do. A cessã o de insta
lações do Centro de La nça mento de Alcâ nta ra tem gerado recursos financeiros
importantes para o País, em especia l para o estado do Maranhão. Além do uso pelos
EUA, a recente parceria com a Índia permitiu o a cesso a a lgumas tecno logias
do minadas por aquele país que permitem projeta r o la nça mento do primeiro saté lite
naciona l por veículo de la nça mento de satélites binacional (Brasil-Índia ) no a no de
2043. O projeto F-X 2, do Gripen NG, foi importante para a manutenção da estrutur a de
desenvo lvimento tecnológico da Força Aérea, mas a aeronave não é ca paz de ga rantir a
defesa aérea do país frente aos novos equipamentos tecnologica mente mais ava nçados
oferecidos pelas gra ndes potências. O ca rgueiro C-390 Millennium foi um s ucesso
comercia l e suas vendas têm permit ido recursos para a manutenção de novos
projetos da EMBRAER Defesa.

A Avi brás, por sua vez,dese nvolveu versão atua lizada de um s istema de defesa ant
iaéreo,com tec nologia nac ional de busca de a lvos com inteligência a rtif icia l. O
equipamento permite a defesa a média e a lta a ltitude e tem encontrado gra nde ace
itação no mercado internac ional. O Ministé rio da Defesa, entreta nto,só distribuiu
recursos para a aquisição de 1(uma) bateria em 2038 e tenta a locar orça mento para
compra r um novo lote, a partir de 2042. Enquanto isso, a empresa luta para desenvolver
novos projetos.
At aques cibernéticos têm a umentado de intensidade e frequência no país, mesmo com a
criação da Agência Naciona l de Defesa Cibernética, em 2025. A grande va riedade de
formas de utilizaçã o do espaço virtual para ataques a instituições, a pessoas e até a
estruturas críticas dema ndou a c riação da Lei da Cibernética, no mesmo a no da criação da
Agência Naciona l.

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As Forças Arma das fica ram responsáveis pelo emprego milita r desse meio, podendo ser
convoca das qua ndo o ataque impacte a segurança naciona l, media nte a provação do
Congresso Nacio nal.

Por outro lado, o Brasil não tem conseguido acompa nhar o ritmo de desenvolvimento
tec nológico no setor dos veículos a utônomos milita res. Embora seu emprego como
a rmamento leta l tenha sido proibido pela Convenç ão de Abuja, em 2029, fica ndo restrito
às ações de logística e inteligência, o ga nho opera c iona l das tropas com o suport e
desses equipamentos multiplica a ca pacidade de combate da que les que dispõem desse
mater ia l. O Exército bras ileiro adquiriu, em 2037, da Suécia, 50 (cinquenta ) unidades do
Suporte logíst ico individua l, robô que acompa nha o com batente com o suprimento de
a poio imediato (água, munição e ração) para teste nas opera ções na selva.
Com o ava nço tecnológico recente,tem sido consta nte a publicação de a rtigos nos
principais ce ntros de divulgação de notícias da inter net (mídia digita l) questiona ndo o
excessivo efetivo das Forças Ar madas e a baixa ca pacitação tecnológica . A rgumentos
favo ráveis têm surgido no oficia lato entendendo que ta is notícias mostram o ga p
tecnológico dos principais sistemas de armas . Alguns, ent retanto,ente ndem que é mais
importa nte pa ra a Nação a co ntribuição nas ativida des de a poio a o desenvolvimento e
à segurança, o que exige manutenção de efetivos milita res maiores e meno r
dispon ibilidade para investimento.
O país co ntinua sendo a lvo de ac usações de desc uido com as questões a mbienta is, especia
lmente por parte de países da União Europeia. Apesa r da tentativa de secur itiz ação da
questão a mbienta l brasileira, nas três oport unida des em que a questão foi levada ao
Conse lho de Segura nça das Nações Unidas, em 2025, 2026 e 2037, a ação foi veta da pela
China e pelos EUA. A impla ntaçã o do Programa Nacional de Dese nvolvimento Sustentável,
em 2027, est ruturou as ações dos entes federativos pa ra a impla ntação das ativida des
previstas. A fa lta de recursos federa is, contudo,têm dificultado a impleme nta ção do
Pla no. A cessão onerosa de blocos para explor ação/explota ção minera l na Plataforma
Cont inenta l tem contribuído

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para mitiga r um pouco o baixo orça mento da Marinha do Brasil, que recebe um
percentual dos roya lties pagos à União.

O agrava mento da c rise na Segura nça Pública justif icou a criação do Ministério
da Segura nça Interna em 2031. A partir de então, a a locaçã o de recursos para as polícias
técnicas permitiu melhoria relativa da ca pacidade de solução de c rimes. Esse foi um dos
fatores que permitiu a redução da sensa ção de impunidade na população brasileira. Outro
fator importa nte foi a revisão do Código de Processo Penal, ocorrido no governo de
Maria Ferna nda, em 2035,a pós o processo iniciado em 2030,que redundou na prisão de dois
juízes do STF, envolvidos em caso de corrupção. As dif iculdades econômicas dos últ
imos a nos têm a umentado a partic ipação de contingentes cada vez maiores de brasileiros no
crime orga nizado, que encont ram ness as atividades sua fonte de sobrevivência. O
atentado terrorista do grupo a mbienta lista Natur e realizada em Belém, em 2037, contr a

a empresa norueguesa que explora a lumínio na região,levou à morte deze nas de funcionários
brasileiros e ca usou gra nde comoção. As Forças Armadas têm co la borado,por intermédio
de seus órgãos de inteligênc ia, no ma pea mento da rede de a poiadores desse novo tipo
de terror ismo.

O Sistema 'ntegrado de Monitora mento das Fronteiras (SIS FRON) a mpliou sua
cobertura para toda a região a maz ônica. A região Sul do Pa ís, entreta nto, a inda nã o
tem acesso aos recursos tec nológicos do sistema. Dif iculdades orça mentá rias também
são responsáveis por fa lhas loca is de operação na região Centro-Oeste, ca usadas pelo
materia l já desga stado pelo
uso.

A pós as reformas políticas dos a nos 2019/2020,o sistema de proteção soc ia l dos

milita res permitiu uma recupe ração das condições de a poio à fa mília milita r,graças
ao ingresso de recursos oriundos dos descont os na folha de paga mento. As dific uldades
econômicas das últimas déca das, entreta nto, corroera m esses benefícios. A baixa
qua lidade dos serviços de sa úde tem levado a lguns milita res a propor a adoçã o de
modelos privados, posição que está longe de ser consensua l,visto os elevados custos da
sa úde prat icada nos sistemas particula res. A insatisfação sa laria l ocor rida em 2035, que

levou à

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demissã o do Ministro da Defesa, a inda repercute na polít ica naciona l,


provoc a ndo tensões sempre que o tema volta à pauta.

As preocupações atuais relacionadas à sa úde estão direta mente vinculadas à


pandemia ca usada pelo vírus da influenza que atingiu o Brasil em 2038 e ca usou dezena s de
milhares de morte. A fa lta de recursos f inanceiros para a impla ntação de um la boratório

de biossegura nça nível 4 atrasou a resposta do país no enfrentamento à c rise. Por outro
lado,a rápida reação do agronegócio brasileiro, quando da ident if icação do vír us da aftosa
que atacou os rebanhos bovinos na fronteira do Mato G rosso do Sul com a Bolívia, em
2032, foi creditada ao imediato diagnóstico no laboratório de máxima contenção biológica,
nível NbAg+,de Pedro Leopoldo-MG.
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Considerações finais
Os quatro cená rios aq ui apresenta dos não esgotam as possibilidades que o futuro
reserva para a Defesa Naciona laté o a no de 2040. Os cená rios contr ibuem para apresentar
futuros possíveis,com níveis razoáveis de probabilidade de ocor rer. O princípio implícito
nessa ideia é de que ao a mpliar o rol de opções possíveis, o pla nejador poderá ela borar ações
estratégicas melhor ajustadas para enfrenta r os desafios do que está por vir.

Também deve ser considerado que a ela boração de cená rios não encerra os tra balhos de
identificação de possibilidades do a manhã . Cumpre aos gestores acompa nhar a evoluçã o dos
cenários, o que permitirá atualizá-los e, se for o caso, corrigir o planeja mento com
oportunidade .
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