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Responsabilidade Social X Questão Financeira

Wellenildo Cadête da Silva (FIS) cadete.serra@yahoo.com.br


Eliane Gomes dos Santos (FIS) eliannygomes@hotmail.com

Resumo:
A população consciente das questões ambientais e sociais leva a uma confrontação com o
crescente interesse empresarial em desenvolver projetos de Responsabilidade Social para obter o
reconhecimento e novas formas de agregar valor à sua imagem, visando a pratica de ações
socialmente responsáveis (SANTANA, 2008).
Para que as boas ações se revertam não apenas em ganho coletivo, mas também em lucro
para as empresas, é importante que os investimentos sociais das organizações sejam de fato
consistentes (LEAL, 2006).
O objetivo deste artigo é abordar os investimentos das empresas nos projetos de
Responsabilidade Social, analisando os retornos financeiros das empresas em relação a esses
investimentos.

Palavras-chave: Responsabilidade social, investimento social, retorno financeiro.

Abstract
The conscientious population of the ambient and social questions leads to a confrontation with
the increasing enterprise interest in developing projects of Social Responsibility to get the recognition
and new forms to add value to its image, socially practise aiming at it of responsible actions
(SANTANA, 2008).
So that the good actions if revert not only in collective profit, but also in profit for the
companies, it is important that the social investments of the organizations are in fact consistent
(LEAL, 2006).
The objective of this article is to approach the investments of the companies in the projects of
Social Responsibility, analyzing the financial returns of the companies in relation to these investments.

Word-key: Social responsibility, social investment, financial return.


Introdução:
No inicio, na década de 70, a Responsabilidade Social empresarial nada mais era que
um conjunto de praticas de ações sociais desenvolvidas para atender o emergencial dos
empregados e da comunidade onde estava instalada a empresa (SANTANA, 2008), ou seja, a
Responsabilidade Social era uma forma de assistencialismo e, hoje, ela não deve ser
confundida com esse termo, pois é um investimento em projetos de interesse público que
quando são instaurados com ética pode adquirir a dedicação e o orgulho de seus
colaboradores, fazendo com que a empresa aumente sua produtividade, melhore sua
qualidade, se torne mais competitiva e seu retorno financeiro se torne mais forte.
A responsabilidade social implica na busca pela empresa de uma posição de liderança, em seu
segmento de negócios, nas discussões que visem contribuir para a consolidação de elevados padrões
de concorrência para o setor específico e para o mercado como um todo. A gestão empresarial que
tenha como referência apenas os interesses dos acionistas revela-se insuficiente no novo contexto
(INSTITUTO ETHOS, 2008). A ação social pode trazer fortes impactos à sociedade, que podem ser
positivos ou negativos, investir equivocadamente em um segmento poderá causar um desastroso
resultado para a sociedade como também para a empresa no retorno esperado de suas ações, bem
como não dar a devida importância para os projetos de Responsabilidade Social.
Infelizmente a grande maioria dos empresários brasileiros investe em projetos de natureza
socioambiental por filantropia, ou seja, fazem doações sem nenhuma avaliação técnica de retorno. Isso
faz com que esses recursos sejam encarados dentro da empresa como despesas. A conseqüência é que
a primeira crise que a empresa tiver que enfrentar, vai optar por cortar despesas e, fatalmente, os
projetos sociais serão os primeiros a serem eliminados. A forma adequada de uma empresa se envolver
com questões sócio-ambientais é entender essa ação como um diferencial competitivo e, portanto, um
investimento. Para isso acontecer é preciso identificar a “vocação institucional” da empresa. Feito isso,
define-se as melhores estratégias a serem implementadas, destacando que essas devam trazer
resultados para a marca da empresa (BERTOZZO, 2008).
Segundo Fontes (2008), os investimentos sociais primários na comunidade trazem retornos
representativos para a economia; sendo que em alguns casos, superam até mesmo as taxas dos
melhores investimentos oferecidos pelo mercado de ações e financeiro, tanto no Brasil quanto no
mundo. Nesse contexto as empresas vêem os investimentos em projetos de responsabilidade social
como uma vantagem competitiva em relação a outras que não adota a mesma estratégia. O
investimento em ações de desenvolvimento sustentável é a saída que as empresas encontraram para
continuar tendo um mercado que consuma seus produtos, com redução de impactos negativos, mas
com o consumo constante e consciente. A responsabilidade para essas organizações é ainda maior
(Leandro, 2008).
Empresas como a DPascoal, que dotada de posicionamento ético conseguiu melhorar sua
imagem publica alcançando maior legitimidade social, preocupada com as questões relacionadas com
o tema Responsabilidade Social, introduziu em 2002 o SGR (Sistema de Gestão de Resíduos)
objetivando estabelecer processos que permitissem garantir o encaminhamento ambientalmente
correto dos produtos usados retirados dos veículos e deixados pelos clientes nas lojas e recapagens da
Dpaschoal. Os produtos usados deixados diariamente nas lojas da Dpaschoal são pneus inservíveis,
óleo lubrificante usado, peças de suspensão ou freios, entre outros que, através do SGR é encaminhado
para empresas de reciclagem, homologadas e certificadas pelos órgãos ambientais, garantindo o
descarte ou reaproveitamento ambientalmente correto dos produtos. A promoção de tais projetos e o
quanto utilizam de seu grande potencial que proporcionam para a imagem social da empresa e como
oportunidade mercadológica para a organização, considerando-os como fatores que contribuem para a
obtenção de vantagem competitiva (BOGER, 2005).
Outros exemplos de empresas empregadoras de Responsabilidade Social são: a Petrobras. Ela
possui vários projetos, entre eles o “TAMAR”, no qual devolve ao mar milhares de tartarugas
marinhas; o “Petrobras Fome Zero” que através das ações “Molhar a terra” (reativação de poços de
água no Nordeste) e “Mova Brasil” (fortalecimento da cidadania e a redução do analfabetismo),
promovem a inclusão social da qualidade de vida da população; A Nestlé com o projeto “Nutrir” onde
a população aprende a aproveitar os alimentos disponíveis, procurando contribuir para reverter a
quadro estatístico de desnutrição existente no país (Garcia et al, 2006).
CONCLUSÃO:
Como em qualquer investimento, um retorno tangível deve ser demonstrado para que os
benefícios resultantes de um projeto sejam superiores aos seus custos fixos e variáveis. A
demonstração de resultados positivos contribui para que futuros investimentos sejam mobilizados para
um determinado empreendimento. No caso da área social, há várias maneiras de demonstrar os
benefícios tangíveis de um investimento, principalmente quando este é feito de forma planejada. Um
exemplo do retorno do investimento social para a economia é o aumento da produtividade (FONTES,
2008), competitividade e o reconhecimento da sociedade pelos projetos sociais da empresa, a busca de
excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade nas relações e a sustentabilidade
econômica, social e ambiental.
A Responsabilidade Social das empresas devem incorporar uma dimensão social que tenham
como referencia os stakeholders e o ambiente ao qual pertencem, pois essa ação proativa de
comportamento socialmente responsável deverá ligar uma relação com a performance financeira da
empresa, Desta forma, segundo LOURENÇO e SCHRODER, atuar de maneira responsável
repercutiria em vantagem competitiva para a organização.A vantagem financeira para a empresa
poderia ser explicada pelo fato de que com uma atuação socialmente responsável, ela estaria agindo
proativamente e, desta forma, teria maior consciência sobre as questões sócio-culturais e ambientais
dos seus mercado de abrangência.
Referências.

LEAL, Jocelio; Ação social com retorno financeiro, 2006, Disponível em <
http://www.portaldovoluntariohsbc.com.br/site/pagina.php?idclipping=9332&idmenu=74 >. Acesso
em 10 jun. 2010.

SANTANA, Celia de Oliveira de; As empresas que desenvolvem políticas de Responsabilidade


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INSTITUTO ETHOS, Disponoivel em <http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/indicadores/


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BERTOZZO, Gilson; responsabilidadesocial.com. Disponível em < http://www.responsabilidade


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LOURENÇO, Alex Guimarães; SCHRODER, Débora de Souza, Vale investir em Responsabilidade


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