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BILINGUISMO: CARACTERISTICAS E RELACAO COM ASPECTOS COGNITIVOS? Matheus Gazzola Tussi? ‘Andrey Ximenez* Quem é bilingue? Nos dias de hoje, com uma maior permeabilizacao das fronteiras culturais entre os paises, € comum uma pessoa saber outtas inguas além da sua lingua materna. Esse conhecimento, no entanto, pode ser desde o uso de algumas palavras_ bastante conhecidas, como o c'est la vie, do francés, ou 0 gracias, do espanol, até um conhecimento pleno. a um nivel alto de proficiéncia. © fato € que mesmo uma pessoa que conbece bem uma lingua estrangeiza, a pode conhecer bem em determinado nivel de competéncia linguistica, ¢ nao em outro. O que séi acontecer no meio académico, por exemplo, é saber-se ler tanquilamente um texto na area de competéncia do estudamte, de forma a compreendé-lo ¢ replica-lo ao seu estudo, sem, necessariamente, conseguir comunicar-se naquela lingua: essa pessoa nao tem a competéneia da compreensio auditiva e de expresso, embora tenha a de Jeitura. Ha o caso de quem passa a viver em outro pais, acaba se inserindo culturalmente e aprende a lingua do local. Com o passar dos anos, compreende a lingua completamente, a usa todos os dias, de modo que esta pode acabar substituindo a sua lingua materna na questo da freqnéncia de uso. Existem pessoas que nascem em familias onde existem duas linguas sendo uusadas ao mesmo tempo: o pai é brasileiro e a mie € argentina, por exemplo. Ou pessoas, no Brasil, que nascem em familias de forte colonizacao européia, nas quais a primeira lingua aprendida € justamente a ‘estrangeira’, sendo a lingua portuguesa aprendida somente quando se comeca a ir para a escola. H4 também a questo singular vista nas regides de fronteita, onde, além das linguas oficiais dos paises fronteirigos, ainda criam-se dialetos priprios do local, como o Portunhol, o Tex-Mex, 0 Franglais, ete. Enfim, muitas so as situagdes que podem levar um individuo a ter contato com duas ou mais linguas e a usé-las em circunstancias diversas. Quem €, portanto, o bilingue? Como medir a competéncia de saber mais de uma lingua? Qual ¢, enfim, o conceito de bilinguismo? A questio € de “grau”. E é essa questo que esta presente nos estudos acerca do bilinguismo. Para Bloomfield, em 1933, o bilinguismo resultaria da adi¢do de um conhecimento perfeito de uma lingua estrangeira. Weinreich, em 1953. disse que o bilinguismo seria 0 uso alternado de duas linguas. J4 Hangen, também em 1953, defendia que o bilinguismo comecaria com a habilidade de produzir sentengas completas ¢ com sentido na segunda lingua (EDWARDS, 2006). Com a ideia de Haugen, até mesmo o mero uso do c'est /a vie, por exemplo, poderia ser considerado bilinguismo. Conforme Edwards (2006), em termos gerais, as primeiras definigdes tendiam a restringir © bilinguismo ao dominio de duas linguas no mesmo nivel, enquanto as definicdes mais tardias j4 permitiam uma maior variagto na competéncia. O autor diz que, modemamente, se tem entendido que qualquer discusstio razodvel acerca da definicGo de bilingnismo tem que ser levada tendo-se em conta um contexto especifico € para finalidades especificas. Grosjean (1994) baseia seu conceito de bilinguismo na ideia de uso: bilingues sdo pessoas que utilizam duas ou mais linguas on dialetos no seu dia a dia. Segundo o autor, essa definigao inclui desde o imigrante que fala com dificuldade a lingua do pais que o acolheu até o intérprete profissional que € totalmente fluente nas duas linguas. Entre esses extremos, ha o estrangeiro que interage com amigos, o cientista que Ié escreve artigo em uma segunda lingua (mas que raramente fala), 0 membro de uma minoria linguistica que usa a lingua minoritéria somente em casa ea majoritéria nos outros Ingares, a pessoa surda que utiliza a lingua dos sinais com seus amigos, mas gestos com pessoas que nao sto surdas, etc. Para o autor, 0 importante é que, para além da grande diversidade existente entre essas pessoas, todas elas compartilham algo em comum: levam suas vidas com duas ou mais linguas. © conceito de bilinguismo, portanto, est muito ligado ao contexto ow a proposta do que se quer dizer com ele, sempre tendo como parametro o gran ou nivel de fluéncia do individuo. Parece razoavel, também, a proposta de Grosjean porque nao adstrita a mera consideragao da capacidade linguistica do falante na segunda lingua, mas ligada ‘a0 uso que se faz dessa lingua na rotina e nas mais diversas circunstancias em que isso ‘corre. E importante passar para algumas referéncias em relacdo ao momento em que ‘corre a aquisicfio da segunda lingua pelo individuo bilingue, tendo em vista que esse momento pode, em principio, ocorrer em qualquer etapa da vida, tendo relacdo com o resultado da capacidade linguistica do falante. Aquisi¢ao da segunda lingua: simultanea ou sucessiva Pode-se dizer que a aquisigao da segunda lingua ocorre de forma simultinea ou sucessiva em relagdo a lingua matema, A forma simulténea ocomre quando se é exposto ‘a mais de uma variedade linguistica em uma idade muito nova, que poderia ser até os twés ou quatro anos de idade, conforme alguns autores, Nessa aquisigao simulténea, € ‘commum que a crianga utilize uma lingua para cada pessoa, seguindo o principio de ‘uma pessoa, uma lingua’ (EDWARDS, 2006). A aquisigdo sucessiva, por sua vez, ¢ a aquisicdo da segunda lingua posterionmente, depois que jé esta consolidada a lingua materna, ¢ pode se dar em qualquer idade. Conforme Edwards (2006), a aquisigdo prematura facilita a fluéncia, o vocabulirio e a promincia. Todavia, pode-se criticar a énfase demasiada nos beneficios da aquisig&o prematura da lingua, como se houvesse um ‘periodo critico’ para adicionar ‘outa variedade Os autores que defendem a tese do “perfodo eritico’ (alguns preferem a expresso ‘periodo sensivel’) indicam que as criangas, até uma certa idade, aprenderiam uma segunda lingua mais facilmente do que na adoleseéncia ou na fase adulta. Lenneberg' (1967 apud SCARPA, 2001), por exemplo, buscou bases biolégicas para o seu argumento em favor do periodo critico, dizendo que apés a puberdade “LENNEBERG, E. Biological foundations of language. New York, Wiley. 1967. declinariam a capacidade de auto-organizagao ¢ ajuste as demandas psicolégicas do comportamento verbal. Assim, 0 que mio tivesse sido fixado pelo cérebro em termos de habilidades basicas permaneceria deficiente até o fim da vida. Pinker? (1994 apud SCARPA, 2001), por sua vez, diz que a aquisigao de linguagem & comprometida depois dos seis anos de idade e rara apés a puberdade. 0 petiodo ritico se explicaria por mmudangas maturacionais no cérebro, como o metabolismo ¢ a diminuig%io do mimero de neurdnios ¢ de sinapses (SCARPA, 2001). Conforme Scarpa (2001), a dificuldade de aquisig&o de segunda lingua depois da adolescéncia tem sido relativizada: Arguments interacionistas sto levantados com relagio as diferengas entre aquisigao da lingua matema on estrangcira na infincia ¢ depois da adolescéncia. Contemplam diferentes fatores interativos e socioculturais de aquisigao nas duas sitnagdes, o que explicaria a extrema diferenga individual tanto no processo de aquisigao de L2 em idade adulta, quanto no alvo a ser atingido: o grau de dominio do alvo pretendide ¢ muito variado. (SCARPA, 2001. p. 223) Os adultos, por sua vez, tém a seu favor a experiéncia cognitiva e metacognitiva que falta nas criangas ¢, junto com uma grande motivagao, podem mesmo provar serem melhores aprendizes. Edwards (2006) diz que a combinagaio da maturidade dos adultos com a capacidade de imitagdo e de expressio e ainda a espontaneidade dos jovens, pode ser a receita para uma ripida e proficiente aquisicao bilingue. Tao complexa quanto a questio de definir o bilinguismo, ¢ esta da existéncia ow nao de um momento que seja melhor para a aquisi¢ao da segunda lingua. De fato, se antes falou-se no contexto e na proposta do que se quer para a definigao do conceito, a pesquisa necessita ter na sia metodologia a especificagtio do seu piiblico-alvo, ja que uma grande variacdo se encontrard de acordo com a idade ¢ o momento de aquisica0 dos participantes. Importa agora referir. como objeto mais central do presente estudo ¢ da ampla pesquisa da qual € parte, algumas relagdes entre o bilinguismo e os aspectos cognitivos, expondo algumas vantagens ¢ desvantagens que tém sido indicadas dos bilingues em comparag’o com os monolingues nesse campo. * PINKER, S. The language instinct. Boston, MIT press, 1994. Bilinguismo ¢ sua relacao com os aspectos cognitivos Nos idos do inicio do século XX, alguns estudos costumavam fazer associacdes negativas a respeito da relagao entre bilingnismo e inteligéncia. Todavia, eram estudos muito simplistas, que tinha como objeto a presenga de muitos imigrantes europeus nos Estados Unidos; identificada a dificuldade dos imigrantes com a lingua inglesa, logo se concluia pela sua ‘menor’ inteligéncia (EDWARDS, 2006). A partir dos anos 1960, contudo, alguns estudos passaram a apontar associngdes positivas nesse tema, pois concluiram que os bilingues podem ter maior flexibilidade mental, serem superiores na formacio de conceitos. ¢ possuirem um conjunto mais diversificado de habilidades mentais (EDWARDS, 2006) O fato € que essa relacto entre bilinguismo e inteligéncia € mnito dificil de ser realizada, Edwards (2006) indica, como principais dificuldades, a prépria defini¢ao de bilinguismo e, ainda mais, a de inteligéncia, além do problema de como se interpretar qualquer relagao encontrada entre ambos. Como visto acima, o conceito de bilinguismo € muito abstrato. estando ligado ao contexto € a proposta do que se esté querendo dizer com ele. Inteligéncia, por sua vez, até j@ foi uma ideia mais consolidada quando aplicavam-se testes de QI para aferi-la, testes esses atualmente questionados. Hoje, contudo, sabe-se da existéncia de diversos ‘tipos’ de inteligéncia, como a emocional, a espacial, a motora, a linguistica, a musical, etc. ‘Uma questo importante, todavia, € verificar se 0 bilinguismo é uma experiéncia que leva a um aumento geral dos aspectos cognitivos. A necessidade de controlar a atengo para um sistema especifico em um contexto de sistemas competitivos ¢ ativados € a caracteristica que difere os bilingues dos monolingues ¢ €, ao mesmo tempo, responsavel pelas consequéncias linguisticas € cognitivas do bilinguismo (BLALYSTOK. 2009). Referimos aqui tr aspectos cognitivos destacados por Bialystok (2009): a fluéncia verbal, 0 controle executive ¢ a memoria. Conforme a pesquisadora, a fluéncia verbal® € um aspecto que tem sido considerado como negativo para os bilingues na sua comparacao com os monolingues. Em testes realizados com criangas, por exemplo, verificou-se que as bilingues controlam um vocabulério menor em cada lingua na sua comparagio com as monolingues. Em adultos, os problemas esto relacionados a0 acesso e evocagtio lexicais. Bialystok (2009) postula que as razdes para essas dificuldades esto em que bilingue utiliza cada uma das linguas com menor frequéncia do que o monolingue utiliza a sua, Além disso, € necessério um forte mecanismo de controle de atengao por causa do conflito criado pela competigao entre as duas linguas. Quanto 20 controle executivo”, a autora diz que os estudos tém concluido por uma vantagem dos bilingues. A produgio da lingua nos bilingues requer um constante envolvimento do sistema de controle executive para gerenciar a atengo para a lingua que deve ser utilizada no momento ¢ para que ocorra a inibi¢ao da(s) outra(s) lingua(s) que o falante conhece. E possivel que essa experiéncia melhore o sistema também para outras fungées. Em testes realizados, criangas bilingues tém tido melhores resultados em tarefas metalinguisticas que requeriam controle da atengo ¢ inibigdo (inibigdo da lingua que nao deve ser usada no momento). Um exemplo sao seus melhores resultados em testes gramaticais, como ao identificar quando uma sentenga esta correta gramaticalmente, embora nao tenha sentido (ex. “Magis crescem em narizes’). Esse julgamento da gramaticalidade da sentenga requer grande atengio para evitar dizer que esta errada porque nao faz sentido. ‘Uma extensio dessas pesquisas foi verificar se essas vantagens dos bilingues também se verificavam em tarefas nao linguisticas. As pesquisas demonstraram que as ©A fluéncia verbal é uma capacidade cognitiva ligada a evocagio ¢ 20 controle linguisticos, com forte associagao com processos mnésicos ¢ executivas, Por isso, ¢ uma capacidade comumente avaliada para ‘erificar-se 0 desempenho das fungdes executivas. 7 Hamdan e Bueno (2005) explicam que as fungées executivas (FES) so as habilidades concementes a0 planejamento, iniciagso, seguimento ¢ monitoramento de comportamentos complexos tendo em vista uma Sinalidade. criangas bilingues desenvolvem a habilidade de resolver problemas que contém dicas conflitantes ou enganosas mais cedo do que as monolingues. Jiiem relagdo a meméria, os estudos nao so conclusivos em relagao a possiveis vantagens ou desvantagens dos bilingues, Nos testes realizados que a autora em tela descreve, nao houve vantagens ou desvantagens perceptiveis de um grupo sobre o outro, No entanto, pode-se dizer que, como a memoria de trabalho € geralmente considerada uma fungio executiva, uma melhora em geral no controle executive pode ter como consequéncia um aperfeigoamento da meméria de trabalho". Bialystok diz que a conclusio geral que se pode fazer a respeito dos varios estudos a respeito da relagdo entre bilinguismo ¢ cogni¢to, é que o bilinguismo é uma experiéncia que tem consequéncias significativas para a performance cognitiva, embora a natureza ¢ a direcdo dessas consequéncias nao sejam tao claras, de forma que nao se pode definir, simplesmente, que ha melhora ou piora de certos aspectos cognitivos pelo simples fato do individuo ser ou nfo bilingue. Além disso, deve-se dizer que os estudos referidos foram baseados em individuos totalmente bilingues que usam as duas linguas diariamente em um alto nivel de proficiéncia. Desvios desse ideal certamente jé alterariam os resultados, Por fim, passamos ao iiltimo ponto do presente trabalho e, j4 que a proposta é apresentar um panorama do fendmeno do bilingnismo, saimos das questdes cognitivas destacamos, em breves linhas, alguns aspectos mais amplos das implicagdes de “ser” bilingue. O bilinguismo: identidade e multiculturalidade Podemos mencionar um aspecto importante, apenas para reflexto, que se refere a0 fato da multiculturalidade em que o bilingue esta envolvido ¢ 0 que isso pode significar na questio da sua identidade. De uma forma simplificada, pode-se ver os bilingues em dois grupos: aqueles «que utilizam uma gama de fluéncias de forma instrumental, grupo que aumenta cada vez © meméria de trabalho tem uma duragao bastante curta ¢ € ativada no momento em que o individno ‘precisa manipular uma quantidade reduzida de dados e manté-los disponiveis na memoria até seu uso, mais em um mundo globalizado: e os individuos que estado inseridos em um contexto de bilinguismo onde ha conexdes simbélicas e um envolvimento emocional e cultural. Nesse segundo grupo podemios identificar as pessoas que moram em zonas de fronteira, onde duas linguas convivem ¢ formam, por vezes, um dialeto proprio: ou individuos que nascem em locais de forte colonizacao européia, por exemplo, quando a primeira lingua aprendida ¢ comumente falada em casa € a européia e a segunda, aprendida na escola, & a lingua portuguesa, fato comum no interior do Rio Grande do Sul: ou mesmo o estrangeiro que passa a morar em outro pais e lida com a lingua do pais receptor envolto em um complexo contexto cultural. Conforme Edwards (2006), grande parte do bilinguismo tem muito pouca importincia emocional ¢ psicolégica, mas refletem apenas as exigéncias da vida contemporanea (0 que esta no primeiro grupo acima referido): as fluéncias puramente instrumentais necessérias para conduzir simples transagdes comerciais, por exemplo, que niio sfio mais do que breves excursdes a um campo ¢tnico. No segundo grupo, entretanto, & onde esta presente a questio da identidade, Para Edwards (2006), a importancia do bilinguismo é, acima de tudo, social ¢ psicolégica, mais até do que linguistica. Nesse sentido. para além de tipos, categoria, métodos € processos, no bilinguismo est presente a tensio essencial da identidade © autor diz que hé uma relagto intrinseca entre linguagem e identidade, um senso de pertencimento do falante, seja em relastio ao jargio do clube, ao dialeto regional ou de classe, ou lingua da comunidade. Falar uma lingua particular significa, pois, pertencer a uma comunidade specifica de falantes. Edwards chama a atenedo ao fato de que cada grupo que tem um certo grau de permanéncia possui caracteristicas que marcam sta identidade enquanto grupo, caracteristicas estas que se tomam mais ou menos visiveis nos individuos. Dessa forma, uma pessoa pode ser como um mosaico, caregando marcas de diversos grupos. No caso dos bilingues. eles esto ligados a mais de um grupo pela lingua. Esti, portanto, ligados a mais de uma comunidade étnico-cultural. Pode ser que esse fato leve aquela tensio, ou divistio, mencionada quando se tratou dos aspectos cognitivos, ou mesmo que essa dualidade seja a origem da acnidade e percepeao que se diz proprias dos bilingues, o que ¢ referido por Byalistok (2009). © fato € que, para além de questdes meramente instrumentais, 0 individuo bilingue nao esta apenas ligado a duas linguas, a dois conjuntos separados de sons palavras, mas acaba envolto em um complex contexto cultural, tendo que lidar diariamente com uma série de questdes nao linguisticas, mas que derivam da ligagao a mais de um grupo, a mais de uma comunidade, enfim, a mais de uma cultura, Como bem conclu Edwards: “Beyond utilitarian and unemotional instrumentality, the heart of bilingualism is belonging? Consideracoes finais © bilinguismo ¢ um fenémeno muito presente na sociedade. Muitas pessoas falam, se comunicam em mais de um lingua: duas, por vezes mais. A parte de questdes meramente conceituais (essenciais para a pesquisa e seu ponto de partida, admite-se), 0 importante € discutir quais influéncias tem o bilinguismo para o individuo ¢ para a sociedade. Como se vit, alguns estudos ja concluem por algumas vantagens em relago aos monolingues no que tange A capacidade de controle executivo, extrapolando, inclusive, matérias puramente linguisticas. Por outro lado, dado 0 constante conflito entre as linguas nas situagdes de uso, o bilingue pode ter alguma desvantagem na fluéncia verbal, por exemplo, no tamanho do vocabulario armazenado € na rapidez com que busca a palavra adequada na lingua adequada. © outro ponto referido, a meméria, é ainda questio aberta, necessitando uma atencao maior das pesquisas sobre o tema © bilinguismo, além desses aspectos cognitivos, tem também mmitas implicagdes sociais e culturais. Obviamente que toda a ideia de linguagem € social, ou seja, implica alguém com quem se fala, uma intengao comunicativa, uma ligagao de um, individuo a outro. Por isso, quando o individuo esta inserido em um contexto de duas ou mais Iinguas, ele esta também, a nfo ser que seja para meros fins instrumentais (¢ talvez até ai), envolvido em um complexo sistema cultural que deve afetar sobremaneira a sta «Para além da instrumentalidade uilitéria ¢ nfo emocional, o coragao do bilinguismo é o pertensimento” (wadugzo livre. percepeao como individuo, uma vez que a lingua traz um sentimento de pertencimento a uma comunidade étnica. De qualquer maneira, esta posta a complexidade do fendmeno do bilinguismo. A ideia desse incipiente estudo, o qual faz parte de uma pesquisa mais ampla, foi a de dar uma nogdo das possibilidades e das muitas maneiras de analisar e interpretar as imimeras variedades desse fendmeno existentes na sociedade. Basta, portanto, iniciar a pesquisa ¢ aventurar-se nos scus meandros. Referéncias BIALYSTOK, Ellen. Bilingualism: The good, the bad. and the indifferent. In: Bilingualism: Language and Cognition 12 (1), 2009. p. 3-11. EDWARDS, John. Foundations of Bilingualism. In: BHATIA, Tej K.; RITCHIE, William C. The Handbook of Bilingualism. Malden: Blackwell Publishing, 2006. p. 7 — 30. GROSIJEAN, Francois. Individual Biligualism. In: The Encyclopedia of Language and Linguistics. Oxford: Pergamon Press, 1994, p. 1 HANDAM. Amer C.; BUENO, Orlando F. A. Relagdes entre controle executivo ¢ meméria episédica verbal no comprometimento cognitivo leve ¢ na deméncia tipo Alzheimer. Estudos de Psicologia, n. 10, v. 1, p. 63-71, 2005. SCARPA, Ester Mirian. Aquisicio da Linguagem. In: MUSSALIM. Femanda: BENTES, Anna Christina. Jnirodugdo a Linguistica: dominios ¢ fronteitas, v. 2. Sd Paulo: Cortez, 2001. p. 203 231.

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