Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Norte-Americana
Material Teórico
Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Silvana Nogueira da Rocha
Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Século XX: Modernismo (Ezra Pound,
John Steinbeck, J. D. Salinger)
• Introdução
• Contexto Histórico
• Ezra Pound (1885 - 1972)
• John Steinbeck (1902 - 1968)
• J. D. Salinger (1919 - 2010)
• Geração Beat
• The Harlem Renaissance (1919-1929): a afirmação da literatura
afroamericana
• Considerações finais
Dear student!
Para obter um bom desempenho em seus estudos, explore cada seção da unidade.
Na Atividade de Sistematização estão disponibilizados alguns exercícios de autocorreção que visam
colocar em prática tudo o que aprendeu na disciplina, identificando os pontos em que precisa prestar
mais atenção, ou pedir esclarecimentos a seu tutor. Algumas questões têm o enunciado escrito em
Língua Inglesa visando estimular sua compreensão de texto no segundo idioma.
O Material Complementar traz informações adicionais para que você possa ampliar seus
conhecimentos sobre os tópicos apresentados na unidade. Portanto, é muito importante ler todas as
informações contidas nessa seção.
Não se esqueça também de acessar a Apresentação Narrada, que faz um resumo dos principais
tópicos do conteúdo teórico na forma de Power Point e áudio. A Videoaula também é um recurso que
deve ser acessado como parte fundamental de seus estudos.
O Fórum de Discussão é outra ferramenta disponível, que deve ser utilizada a fim de que participe
das discussões propostas.
Lembre-se da importância de realizar todas as atividades propostas dentro do prazo estabelecido para
cada unidade, para evitar acúmulo de conteúdo e problemas ao final do semestre.
Caso tenha alguma dificuldade no acesso de algum item da disciplina, não hesite em entrar em
contato com seu professor tutor.
Bons estudos!
5
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Contextualização
Dear student!
Você já ouviu falar no famoso filme “As Vinhas da Ira” ou The Grapes of Wrath? Ele é
baseado no igualmente famoso romance de John Steinbeck, um dos maiores escritores norte-
americanos!
Sabia que ele retrata um período difícil vivido pelo povo norte-americano, no século XX,
em que a ganância dos bancos e as duras condições do clima fazem os habitantes se mudaram
para outras regiões a fim de aliviarem seus problemas, manter a unidade familiar e sonhar com
um futuro melhor, constituindo-se, assim, um grande desafio para a população?
Esse e muitos outros filmes (que estão elencados na unidade) contribuem para um melhor
entendimento sobre a literatura e sociedade norte-americana daquela época, fazendo-nos
entender, consequentemente a sociedade norte-americana da atualidade.
Não deixe de conferir!
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=BjPUQ4Apfhk
(Acesso em 06 de mai. 2015).
6
Introdução
Nesta unidade, abordaremos importantes autores do século XX: o poeta modernista Ezra
Pound e sua obra The Cantos; John Steinbeck e seu romance The Pearl (“A Pérola”); J. D.
Salinger e sua obra The Catcher in the Rye (“O Apanhador no Campo de Centeio”) e, por
fim, a polêmica Geração Beat e a Harlem Renaissance, cuja cultura afro americana ganha
destaque, principalmente na música e na poesia.
Contexto Histórico
7
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Os princípios do Imagismo eram evitar o uso supérfluo de palavras. Somente deveriam ser usados
adjetivos que revelassem alguma coisa de importância. Da mesma maneira, era contra o uso de
abstrações e a favor de expressar diretamente os temas por meio de figuras concretas. Segundo ele,
a composição deveria seguir o ritmo da música.
Observe o contraste entre a palavra “petals”, símbolo de beleza e delicadeza, e “wet, black
bough”, sugerindo uma breve sensação do belo em meio a toda frieza da cena.
8
Veja agora a tradução deste poema realizada pelo poeta concretista Augusto de Campos:
Ezra Pound também exerceu forte influência sobre a poesia brasileira, pois foi um dos
pilares sobre os quais Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos construíram a teoria da
poesia concreta.
Importante!
Outros nomes de destaque desse período são Robert Frost (1874-1963) e Wallace
Stevens (1879-1955).
Frost, oriundo da Califórnia, mas criado em uma fazenda no nordeste dos Estados
Unidos, foi para a Inglaterra, atraído pelos novos movimentos poéticos. Seus poemas
narram a vida no campo e apelam para a nostalgia do passado, evocada pelas imagens
da colheita de maçãs, muros de pedra, cercas que dividem os campos e as estradas
solitárias. Sua poesia era do agrado do público pelo vocabulário simples, metáforas
acessíveis e uso de rimas.
Stevens, nascido na Pensilvânia e aluno de Harvard, foi um homem de negócios
e, ao mesmo tempo, um poeta. Para Stevens, a forma da arte deve corresponder
à natureza. Seu vocabulário é variado, e o tom de seus poemas é humorístico ou
irônico. Em alguns dos seus poemas, resgata a cultura popular, enquanto em outros,
critica a cultura sofisticada. Porém, seus poemas são altamente intelectualizados e
ficaram conhecidos por seus intrincados jogos de palavras e seu caráter simbólico.
9
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
10
Atenção
Na seção “Material Complementar”, você encontrará informações detalhadas
sobre as obras The Pasture of Heaven (1932); To a God Unknown (1933);
Tortilla Flat (1935); In Dubious Battle (1936); Of Mice and Men (1937); The
Red Pony (1937); The Grapes of Wrath (1939); e Cannery Row (1945).
Não deixe de ler!
Em virtude de sua obra ser muito extensa, escolhemos apenas o romance The Pearl para
ser estudado a seguir:
Kino’s face shone with prophecy. “My son will read and open
the books, and my son will write and will know writing. And
my son will make numbers, and these things will make us free
because he will know—he will know and through him we will
know… This is what the pearl will do.”
A pérola que, a princípio, proporcionaria um ótimo futuro para a família acaba provocando
uma série de conflitos e um desfecho trágico. O temperamento de Kino muda devido às
pressões, chegando ao ponto de agredir a esposa e a matar um homem. Após o assassinato,
foge com a família, porém não consegue fugir de seu trágico destino: a morte de Coyotito.
O romance aborda temas como destino, ganância e opressão; e seus principais símbolos
são o escorpião e a pérola. O escorpião simboliza o mal, uma fatalidade do destino. Já a
pérola, no início da narrativa, representa a contraparte do episódio com o escorpião, pois seu
inesperado aparecimento proporciona alegria e esperança. No entanto, torna-se um símbolo
de ganância e destruição no decorrer do enredo.
11
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Outra obra de destaque de Salinger é For Esme with Love and Squalor, que trata do
amor e da sordidez na Segunda Guerra Mundial, tanto na Europa como nos Estados Unidos,
vistos a partir da perspectiva de uma inteligente garota inglesa, que pede para o narrador, um
soldado norte-americano na Inglaterra, escrever um conto sobre a sordidez da guerra. Seu
pedido e interesse no soldado se tornam, por sua vez, um ato de amor que lhe permite voltar
da guerra para a próspera e superficial sociedade norte-americana “with his faculties intact”.
12
No trecho abaixo, em que é revelada a fonte do título do romance, Holden responde à sua
irmã Phoebe o que deseja fazer em sua vida. Para o protagonista, a infância é algo idealizado,
simples e inocente. Em contrapartida, os adultos são hipócritas e superficiais. Holden reafirma
sua crença na pureza infantil e deseja impedir que os jovens caiam no penhasco da vida adulta:
I’m standing on the edge of some crazy cliff. What I have to do, I
have to catch everybody if they start to go over the cliff—I mean
if they’re running and they don’t look where they’re going I
have to come out from somewhere and catch them. That’s all
I’d do all day. I’d just be the catcher in the rye and all.
Por meio de uma linguagem coloquial adolescente, Holden se define com o salvador da
inocência das crianças que brincam em um campo de centeio, tão alto, que não podem
perceber para onde correm enquanto brincam.
Uma trágica curiosidade: houve uma nova onda de publicidade da obra quando o assassino
de John Lennon anunciou que a leitura do romance forneceria a explicação de sua relação
ambígua com o ídolo.
Para obter uma análise completa da obra “The Catcher in the Rye” e
de seus principais personagens, acesse o link:
http://www.sparknotes.com/lit/catcher/
(Acesso em 05 de mai. 2015).
13
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Geração Beat
Consulte a seção “Material Complementar” para obter maiores detalhes sobre essas obras.
14
The Harlem Renaissance (1919-1929): a afirmação da literatura afroamericana
Foi a música do jazz, dos afroamericanos que deu o nome a essa década: The Jazz Age.
Destacam-se músicos como Duke Ellington e cantoras como Bessie Smith; os gêneros eram
o blues e também os negro spirituals. Por sua vez, escritores afroamericanos que tinham
se assentado no Harlem, queriam que sua literatura não fosse uma mímica da literatura dos
brancos, mas uma literatura que recriasse as experiências, gostos e estilos da comunidade
afroamericana dos Estados Unidos. Esse foi o objetivo do movimento negro chamado de
Harlem Renaissance (1919-1929).
Assim, a década de 1920 foi um momento de lutas políticas, sociais e raciais que vão se
afirmar por meio das expressões artísticas. O ano de 1919 foi um momento em que muitos
soldados afroamericanos que tinham lutado na Primeira Guerra Mundial voltam para Estados
Unidos e têm dificuldades para encontrar empregos. Muitos afroamericanos foram linchados
no Sul1 e, por isso, houve reação da comunidade negra.
Na arte, o dramaturgo Eugene O’Neill estreou a peça The Emperor Jones, cujo ator
principal era afroamericano.
Em 1922, o então jovem músico Louis Armstrong sai de Nova Orleans para Chicago e
começa a tocar em uma banda.
Em 1925, a revista Survey Graphic publicou um número especial dedicado aos artistas do
Harlem Renaissance intitulado Harlem: Mecca of the New Negro, em que introduz a poesia,
a ficção e os ensaios dos artistas afroamericanos ao público branco.
Em 1928, aparece o Harlem Experimental Theatre. Surgem também revistas literárias
e artísticas, como a Fire!!, dedicadas ao Harlem Renaissance. É também nessa década
que os escritores mais importantes desse movimento publicam poesias, contos e romances:
Langston Hughes, James Weldon Johnson, Claude McKay, Countee Cullen, Zora
Neale Hurston, entre outros.
Langston Hughes (1902-1967) incorporou em sua poesia os ritmos da música do jazz e
do blues, a linguagem coloquial de sua comunidade e temas folclóricos. Ele teve uma atuação
relevante no Harlem Renaissance não somente por meio de sua literatura, mas por sua ação
para abrir teatros e promover eventos de artistas afroamericanos. Escreveu poesias, duas
autobiografias: The Big Sea (1940) e I wonder as I wander (1956) e os maravilhosos sketches
de sua personagem Jesse B. Semple, por meio de quem fazia sua crítica social.
Na sua poesia, Hughes usa palavras do dialeto negro, incorpora os ritmos do jazz e do
blues, utiliza um estilo coloquial, tom de crítica e profundamente irônico. A partir de sua
poesia, Hughes discute o conceito de “negritude” (desenvolvido pelos líderes Aime Cesaire
e Leopold Sedar Segnhor) e seu orgulho por ser afroamericano, como em seu poema My
People, em que afirma o slogan “Black is Beautiful”:
1 Consulte a seção “Material Complementar” para obter informações detalhadas sobre o Ku Klux Klan.
15
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
My People
The night is beautiful,
So the faces of my people.
The stars are beautiful,
So the eyes of my people.
Beautiful, also, is the sun.
Beautiful, also, are the souls of my people.
(HUGHES, 1990, p. 43)
Negro
I am a Negro:
Black as the night is black,
Black like the depths of my Africa.
I’ve been a slave:
Caesar told me to keep his door-steps clean.
I brushed the boots of Washington.
I’ve been a worker:
Under my hand the pyramids rose.
I made mortar for the Woolworth Building.
I’ve been a singer:
All the way from Africa to Georgia.
I carried my sorrow songs.
I made ragtime.
I’ve been a victim:
The Belgians cut off my hands in the Congo.
They lynch me still in Mississippi.
I am a Negro:
Black as the night is black
Black like the depths of my Africa.
(HUGHES, 1990, p. 57)
I, Too
I, too, sing America.
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen.
When company comes,
But I laugh
And eat well,
And grow strong.
16
Tomorrow,
I’ll be at the table
When company comes.
Nobody’ll dare
Say to me,
“Eat in the kitchen”,
Then.
Besides,
They’ll see how beautiful I am
And be ashamed—
I, too, am America.
(HUGHES, 1990, p. 87).
Nota-se no poema esse pedido de igualdade para todos os cidadãos norte-americanos, que
deveria se cristalizar por meio dos direitos civis e da igualdade de oportunidade de trabalho.
Uma maneira do “Sonho Americano” ser possível para todos, indiscriminadamente.
Muitos afroamericanos tinham emigrado do sul, após a Guerra Civil, à procura de trabalhos
no norte, mas tinham sido confinados no bairro do Harlem, em Nova Iorque, muitas vezes
vivendo em condições precárias e só realizando trabalhos que os brancos não queriam fazer.
Hughes observava os afroamericanos andando pelas ruas do Harlem, felizes por terem um
lugar próprio, mas tristes pelas suas condições. Por isso, Hughes chama a atenção ao que
acontece quando um sonho é postergado indefinidamente:
Também por meio de sua poesia, Hughes denunciou a perseguição dos negros no sul por
organizações como o Ku Klux Klan, como em seu poema Ku Klux:
17
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Ku Klux
They took me out
To some lonesome place.
They said, “Do you believe
In the great white race?”
I said, “Mister,
To tell you the truth,
I’d believe in anything
If you’d just turn me loose.”
The white man said, “Boy,
Can it be
You’re standin’ there
Assassin’ me?
They hit me in the head
And knocked me down.
And then they kicked me
On the ground.
A klansman said, “Nigger,
Look me in the face—
And tell me you believe in
The great white race”
(HUGHES, 1990, p. 88).
O sistema de segregação de brancos e negros ficou conhecido como as Leis Jim Crow, que
estavam em vigor nos estados sulistas. Essas leis (que diferiam de estado para estado) estavam
a favor de escolas e lugares públicos segregados e negavam aos negros o direito de votar.
No poema Merry-Go-Round, Colored Child at Carnival, Hughes critica as Leis Jim
Crow Sulistas, vistas a partir da perspectiva de uma criança negra em um carrossel em uma
cidade do Norte.
Outra grande escritora do Harlem Renaissance foi Zora Neale Hurston (1903-1960),
oriunda da cidade de Notasulga, Alabama. Seu gênero foram os contos e o romance. Hurston
estudou antropologia no Barnard College e tinha uma visão científica da etnicidade. A autora
se interessou pelas lendas folclóricas do povo afroamericano tanto dos Estados Unidos como
do Haiti, onde residiu por algum tempo. Como Hughes, Hurston utiliza em seus romances a
língua coloquial dos afroamericanos, mas desta feita, a partir do sul da nação. Seu romance
mais importante é a bela narrativa Their Eyes Were Watching God (1937).
Por meio de sua dramatização da condição da família afroamericana e a situação da mulher
nela, Hurston desconstruía o mito – criado pela comunidade branca – que, devido à escravidão,
os afroamericanos não tinham conceito de família. Ao mesmo tempo, Hurston também fazia sua
crítica à maneira como a mulher negra era muitas vezes tratada pelos homens de sua comunidade.
Isso mostra que Hurston foi precursora do movimento feminista e inspirou outras escritoras
negras, como Alice Walker e a ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, Toni Morrison.
18
Saiba Mais
Alice Walker, filha de agricultores, perdeu a visão de um dos olhos aos oito anos num
acidente. Graças à sua dedicação, conseguiu sucessivas bolsas de estudos, graduando-se
em Artes pelo Sarah Lawrence College, em 1965. Iniciou sua carreira de escritora com
Once, um volume de poesias, e alcançou fama mundial com “A Cor Púrpura”, premiado
com o Prêmio Pulitzer, e que deu origem ao filme dirigido por Steven Spielberg, com
a atriz Whoopi Goldberg no papel principal. Consulte o “Material Complementar” para
maiores detalhes sobre a obra.
A autora escreveu também o livro “De Amor de Desespero”, uma obra composta
pelas vozes de várias mulheres negras do sul dos Estados Unidos. É uma coletânea de
vários contos, nos quais conhecemos mulheres diferentes com seus temores, desafios
e sonhos. Importante dizer que sempre foi uma ativista pelos direitos dos negros e das
mulheres, destacando-se na luta contra o Apartheid e a mutilação genital feminina em
países africanos.
A outra escritora mencionada, Toni Morrison, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, de
1993, por seus romances fortes e pungentes, que relatam as experiências de mulheres
negras nos Estados Unidos durante os séculos XIX e XX. Seu livro de estreia, “O Olho
Mais Azul” (1970), é um estudo sobre raça, gênero e beleza (temas recorrentes em seus
últimos romances). Despertou a atenção da crítica internacional com Song of Solomon
(1977). Amada (1987), o primeiro romance de uma trilogia que inclui Jazz (1992) e
Paraíso (1997), ganhou o Prêmio Pulitzer de melhor ficção, sendo escolhida pelo jornal
americano The New York Times como a melhor obra da ficção americana dos últimos
25 anos.
O Black Arts Movement surgiu nessas décadas tendo como objetivo transformar a
maneira como os afroamericanos tinham sido representados ou retratados na literatura e nas
artes dos Estados Unidos. Para isso, eles se voltaram à população afroamericana com o intuito
de definir seus objetivos em nível social e político. Por isso, a arte negra dos anos 1960 é uma
expressão engajada politicamente.
Larry Neal definiu o Black Arts Movement como uma visão da arte que pensa que o
artista não deve se alienar da comunidade, mas ser porta-voz dela. O Black Arts Movements
é o lado espiritual e estético do movimento Black Power. Como tal, era a favor de uma
arte que falasse direitamente às necessidades e aspirações dos Estados Unidos negro. Ambos
os movimentos baseavam-se em um ideário nacionalista que pedia a autodeterminação e o
reconhecimento dos afroamericanos como parte da nação norte-americana. O objetivo do
Black Arts Movement, então, era criar uma estética negra que fosse reconhecida como tal.
Um dos poetas e escritores mais importantes dessa época da tradição afro americana é
Amiri Baraka (1934-****), que também escreveu peças de teatro e teve ativa participação na
política norte-americana. Foi ele quem primeiro usou o termo Black Arts, com uma conotação
positiva, para identificar essa estética afroamericana:
We are unfair
And unfair
We are black magicians
Black arts we make
in black labs of the heart
The fair are fair
and deathly white
The day will not save them
And we own the night
(DICKER, 2008, p. 145).
19
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
“I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true
meaning of its creed: We hold these truths to be self-evident, that all men
are created equal.
I have a dream that one day on the red hills of Georgia, the sons of former
slaves and the sons of former slave owners will be able to sit down together
at the table of brotherhood.
I have a dream that one day even the state of Mississippi, a state sweltering
with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be
transformed into an oasis of freedom and justice.
I have a dream that my four little children will one day live in a nation where
they will not be judged by the color of their skin but by the content of their
character. I have a dream today!
I have a dream that one day, down in Alabama, with its vicious racists,
with its governor having his lips dripping with the words of “interposition”
and “nullification” - one day right there in Alabama little black boys and
black girls will be able to join hands with little white boys and white girls
as sisters and brothers.
I have a dream today! I have a dream that one day every valley shall be
exalted, and every hill and mountain shall be made low, the rough places
will be made plain, and the crooked places will be made straight; “and the
glory of the Lord shall be revealed and all flesh shall see it together.” This
is our hope, and this is the faith that I go back to the South with”.
KING Jr., M. L. I have a dream. March on Washington for Jobs and Freedom. Washington DC, Estados Unidos da América, 28 ago. 1963.
Historiadores narram que durante as décadas de 1980 e 1990 as condições de vida dos
afroamericanos pioraram em relação à dos brancos nos Estados Unidos. O Ato de Direito de
Voto aos negros foi revogado durante o governo Bush.
Ainda hoje é possível ver violência contra os negros, o que comprova a permanência do
racismo naquele país. Isso é observado nas poucas oportunidades econômicas que têm, e na
violência policial, mostrada pela mídia2.
Vale lembrar, no entanto, que a conquista mais importante do povo afroamericano foi a
eleição do primeiro presidente negro, Barack Obama, nas eleições de 2008. Em seu discurso
de posse, ele aponta que sua eleição é uma nova reedição do “Sonho Americano”, pois seria
para todos os americanos, sem distinção:
“It’s the answer spoken by young and old, rich and poor,
Democrat and Republican, black, white, Hispanic, Asian,
Native American, gay, straight, disabled and not disabled”.
20
Considerações finais
Bem, nessa unidade, você conheceu autores que marcaram, de forma considerável,
a literatura norte-americana do século XX. Começamos por Ezra Pound e sua poesia
modernista. Na prosa, abordamos John Steinbeck e sua obra realista, destacando o romance
The Pearl. Também estudamos J. D. Salinger e sua obra-prima The Catcher in the Rye, que
se transformou em leitura obrigatória para gerações de adolescentes. Finalizamos com os
autores da Geração Beat, autênticos representantes do movimento de contracultura, e a Jazz
Age, na qual se destacam músicos e escritores negros com seu estilo peculiar, mostrando a
influência afro americana na cultura dos Estados Unidos.
Além disso, foi possível se familiarizar com os principais eventos no cenário social e político
dos Estados Unidos e entender melhor a sociedade norte-americana na atualidade.
21
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Material Complementar
Dear student!
Para conhecer um pouco mais a respeito dos assuntos tratados nesta unidade, seguem
algumas informações adicionais sobre a parte teórica e sugestões de leitura e filmes relacionados
ao tópico.
Os autores estão elencados na mesma ordem em que aparecem no título da unidade. Além
deles, há informações complementares sobre a Geração Beat e a Literatura multiétnica dos
Estados Unidos.
Ezra Pound
Livro:
The Cantos
Você poderá ouvir a leitura do Canto 84 acessando o link:
https://vimeo.com/87887827
(Acesso em 04 de mai. 2015).
John Steinbeck
The Pasture of Heaven (1932)
Ciclo de 12 histórias curtas, interconectadas, sobre um vale (Corral de Tierra) em Monterey,
Califórnia, que foi descoberto por um espanhol enquanto perseguia escravos foragidos.
Encantado com as belezas naturais do vale, nomeia-o de Las Pasturas del Cielo (The
Pastures of Heaven). As histórias são escritas no estilo clássico de John Steinbeck; as
vidas das famílias que se realocam para o vale são retratadas com uma mistura de humor
e mordacidade. Um tema recorrente no livro é a dor causada quando as pessoas tentam
tolamente agradar ou ajudar os outros.
22
In Dubious Battle (1936)
Romance cuja figura central é um ativista pelo “The Party” (possivelmente o “Partido
Comunista Americano” ou o “Trabalhadores das Indústrias do Mundo”), que está
organizando uma importante greve, feita pelos apanhadores de frutas, buscando, assim,
atrair seguidores para a sua causa.
Filmes:
Tortilla Flat (“Boêmios Errantes”) (1942) Disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=0GZrt7rO1r8
(Acesso em 04 de mai. 2015).
23
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Saiba Mais
Ku Klux Klan
No ano de 1866, no estado do Tennessee, foi fundado um clube social que tinha
como membros os soldados que haviam lutado na Guerra Civil Americana (1861-
1865), representando os estados do sul, que haviam sido derrotados. Recebendo
o nome de Ku Klux Klan, era uma organização racista secreta, que tinha entre
seus objetivos resistir à política imposta pelos estados do norte após a Guerra
Civil e intimidar os negros, na maioria das vezes com atos de violência, garantido
assim a supremacia branca no país. A seita conseguiu crescer em proporções
inimagináveis em muito pouco tempo, ampliando seu número de seguidores
por diversos outros estados. Para que suas identidades fossem preservadas,
os membros do clã usavam roupas brancas com capuzes que cobriam o rosto.
Para que alguém pudesse entrar na seita era necessário passar por um ritual de
iniciação, que se dava pelo fato do indivíduo ser colocado dentro de um tonel e
empurrado ladeira abaixo. Em 1871, o presidente dos Estados Unidos (Ulysses
Grant) tornou o grupo irregular, tornando-o uma entidade terrorista e banida do
país. Eles costumavam fazer visitas surpresas aos negros e, com o uso da força,
através de chibatadas, eles os forçavam a votar nos democratas. Os brancos que
apoiavam a abolição e os professores que davam aula aos negros também eram
perseguidos. Os membros da seita não aceitavam que os negros tivessem o direito
à educação. Acredita-se que a seita contou com um número de 5.000.000 de
membros. Suas vítimas recebiam três letras K na testa, uma marca de que o clã
havia feito seu trabalho sujo, deixando a vítima como exemplo para os outros.
Atualmente a seita conta apenas com um número médio de 3.000 homens em
todos os estados americanos. Muitos não associados apoiam a organização,
mesmo não participando ativamente de suas reuniões.
Disponível em: http://www.estudopratico.com.br/ku-klux-klan-resumo-historico-desta-seita/ (Acesso em 06 de mai. 2015).
24
J. D. Salinger
Livro:
The Catcher in the Rye (“O Apanhador no Campo de Centeio”)
Narra um fim de semana na vida de Holden Caulfield, um jovem de 16 anos vindo de
uma família abastada de Nova Iorque. Holden, estudante de um reputado internato para
rapazes, volta para casa mais cedo no inverno, depois de ter recebido más notas em
quase todas as matérias e ter sido expulso da escola. No regresso à casa, decide fazer
um périplo, adiando assim o confronto com a família. Holden vai refletindo sobre a sua
curta vida, repassa sua peculiar visão de mundo e tenta definir alguma diretriz para seu
futuro. Antes de enfrentar os pais, procura algumas pessoas importantes para si, como
um professor, uma antiga namorada, a sua irmãzinha, e tenta lhes explicar a confusão
que passa pela sua cabeça.
Filme:
On the Road (“Na Estrada”)
Filme brasileiro-francês-canadense de 2011, dirigido por Walter Salles. É uma adaptação
do romance On the Road, de Jack Kerouac (1957). A história é baseada nos anos em
que Kerouac passou viajando pelos Estados Unidos (final dos anos 1940) com seu amigo
Neal Cassady e várias outras figuras, incluindo William S. Burroughs e Allen Ginsberg.
O título do filme na França é Sur La Route e, em Portugal, Pela Estrada Fora.
Você pode assistir ao filme completo, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=oYQFvinAYGc
(Acesso em 05 de mai. 2015).
Filme:
Naked Lunch (“O Festim Nu”) ou (“Mistérios e Paixões”)
Drama baseado no romance autobiográfico do escritor William S. Burroughs, pertencente
à Geração Beat.
A trama se passa em Nova Iorque (1953) e conta a história de Bill Lee (Peter Weller), um
exterminador de insetos que quer ser escritor. Tem problemas em seu trabalho, pois, com
frequência, seu estoque de inseticida se esgota. Porém, a verdade é que Joan (Judy Da-
vis), sua esposa, está viciada na substância e ele, estimulado pela mulher, experimenta o
inseticida e acaba entrando num processo interminável de “viagens”, nas quais máquinas
de escrever se transformam em enormes insetos falantes.
“O Festim Nu” é o título do filme em Portugal, e “Mistérios e Paixões”, no Brasil.
Assista ao filme, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=qUHl5kDQZ4c
(Acesso em 05 de mai. 2015).
25
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
26
Alice Walker
Livro:
The Color Purple (“A Cor Púrpura”)
Romance epistolar da premiada escritora estadunidense Alice Walker, lançado
originalmente em 1982 e agraciado com o Prêmio Pulitzer no ano seguinte.
Narra a história de uma garota de 14 anos (Celie), que é abusada sexualmente pelo pai
e tem dois filhos dele. Tem como plano de fundo o racismo no sul dos Estados Unidos,
o machismo, o patriarcado, a amizade, o amor e o desamor, as carências educacionais
para as mulheres etc.
Alice Walker expõe os fatos em cartas (nunca enviadas) que a protagonista escreve para
Deus e para sua irmã Nettie. A linguagem é diferenciada, pois não usa a norma culta e
sim uma escrita rústica e simplória, repleta de erros gramaticais e regionalismos, sempre
extremamente próxima da fala utilizada na região mais agrária dos Estados Unidos.
Filme:
The Color Purple (“A Cor Púrpura”)
Assista ao filme completo (dublado em português), acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=nW9gu52Fv1E
(Acesso em 22 de mai. 2015).
27
Unidade: Século XX: Modernismo (Ezra Pound, John Steinbeck, J. D. Salinger)
Referências
CUNLIFFE, M. The Literature of the United States. 4.ed. Middlesex: Penguin, 1986.
NABUCO, C. Retrato dos Estados Unidos a Luz da sua Literatura. 2.ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
28
Anotações
29