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LITERATURA NORTE-AMERICANA

OS MOVIMENTOS
LITERÁRIOS E A
ASCENSÃO DA
AUTORIA AMERICANA
Autoria: Ma. Anay Cardoso Miranda

Revisão técnica: Ma. Raquel Rossini Martins Cardoso


Introdução

Você já leu sobre o estilo gótico? Você sabe como esse movimento chegou à
América, em especial aos Estados Unidos da América (EUA)? Conforme você
verá nesta unidade, o gótico foi muito bem expresso por autores conhecidos em
todo o mundo, os quais estabeleceram uma linguagem e uma expressão únicas
até o momento. Além disso, você conhecerá outros movimentos que fizeram
parte da literatura de produção nacional, nos EUA, bem como poderá entender
como o Romantismo, o Naturalismo e o Transcendentalismo foram tão
importantes para solidificar a identidade norte-americana.

Basicamente, o Romantismo norte-americano iniciou com um tom de


entusiasmo entre seus primeiros autores, pois se aliou aos ideais
revolucionários do período compreendido entre as primeiras décadas do século
XIX até meados dos anos 1860. Também ocorreram duas situações bem
distintas nesse contexto: de um lado, houve a povoação de áreas que ficavam
mais no interior do continente e, de outro, houve a perda de muitos homens para
os conflitos armados que aconteceram nesses anos.

Após percorrer por esses temas, ao final desta unidade, você terá identificado,
analisado e compreendido como foi crucial para os EUA a passagem pelos anos
em que a produção fabril começou a despontar, assim como foi importante o
crescimento econômico. Por outro lado, contudo, você terá verificado que os
autores também expressaram sua inquietação e descontentamento frente aos
obstáculos impostos pelo novo modo de vida.

Vamos conferir como tudo isso se deu?


Bons estudos!

Tempo estimado de leitura: 50 minutos.

2.1 O período romântico

No começo do século XIX, a expansão do território americano, após a


Declaração de Independência ocorrida em 1776, inaugurou um período de
muitas mudanças que não iniciaram apenas com a expectativa que o povo tinha
quanto ao novo século, mas com a necessidade de lutar por uma vida melhor
logo nas primeiras décadas.

Jefferson Ferro (2015) destaca a Guerra de Independência (1775-1783) como


relevante para a literatura naquele contexto, porque ela permitiu que parte da
influência britânica começasse a diminuir. De fato, esse momento histórico deve
ser considerado como muito significativo, pois, a partir dos conflitos verificados
naquela época, foi possível chegar ao processo de independência efetivamente
—mesmo que de modo sangrento — e se começou a pensar em uma nação.

Segundo Vanspanckeren (1994), esse mesmo fato histórico gerou esperanças


quanto à produção literária nacional, porque uma maior liberdade de expressão,
garantida pela liberdade do povo, seria uma realidade. O fato é que, com a
Declaração de Independência, foram verificados inúmeros progressos nos
contextos social, político, econômico e cultural. Com a ideia de nação, o povo
pôde começar a se movimentar dentro do território e, por isso, novas conquistas
foram alcançadas. Veja a seguir alguns eventos que marcaram esse período.

Quadro 1 - Cronologia de eventos históricos significativos nos Estados Unidos da América


Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

#PraCegoVer
Quadro composto por duas colunas,
apresentando a cronologia dos eventos
históricos significativos nos Estados Unidos da
América em fins do século XVIII e início do século
XIX. Na primeira coluna, à esquerda, são
apresentados os eventos; na segunda coluna, à
direita, são apresentados os anos em que cada
um desses eventos ocorreu.

Desde o crescimento das lavouras de algodão ao sul até a modernização da


produção ao norte, na entrada do século XIX, a presença de uma consciência de
liberdade forneceu esperança aos que habitavam o território norte-americano.
Ainda como secretário de Estado, James Madison (1751-1836) participou da
compra da Louisiana, o que fez com que as terras para o lado americano
crescessem muito e, quando assumiu a presidência, continuou com as leis de
embargo à comercialização de produtos estrangeiros na costa americana, o que
gerou insatisfação por parte dos britânicos e culminou em um conflito armado
em 1812.

Mesmo com a paz decretada em 1814, outros conflitos armados deflagrados


pelos britânicos ainda causaram instabilidade aos habitantes da nova nação.
Assim, somente após a aquisição de mais terras para o território norte-
americano e com a criação de bancos fortes, bem como com um maior poderio
militar e com estabilidade política, é que o crescimento econômico pôde ser
alcançado.

Em termos de produção literária, os americanos não eram reconhecidos como


originais por manterem padrões ainda alinhados com o antigo colonizador e
ainda por haver escritores de origem britânica escrevendo na América. Portanto,
era primordial gerar escritos que pudessem corresponder à nova identidade do
lugar, uma literatura de fato nacional e única. Assim, o Romantismo americano
nasceu sob a influência da emoção e com a esperança de uma nova realidade,
das ideias românticas nascidas na Europa, voltadas ao revolucionário, ao
imaginário e, muito particularmente, ao subjetivismo e ao individualismo.
Segundo Vanspanckeren (1994, p. 28, grifos nossos):

O Romantismo era afirmativo e


apropriado para a maioria dos
poetas e ensaístas criativos da
América. As vastas montanhas
da América, desertos e trópicos
encarnavam o sublime. O espírito
Romântico parecia adequar­se
particularmente bem à
democracia americana:
enfatizava o individualismo,
valorizava a pessoa comum e
buscava, na imaginação
inspirada, seus valores estéticos
e éticos.

O Romantismo americano gerou autores brilhantes, como Charles Brockden


Brown (1771-1810), que trabalhou em seus escritos com a mente e o psicológico
do ser humano, evidenciando o gótico como pano de fundo, mas incluindo seus
personagens em cenários locais, deslocando, assim, uma influência de estilo
europeu para uma atmosfera americana. Washington Irving (1783-1859), que
viveu de sua produção literária, realizou os mesmos feitos, deslocando, em
contos fantasiosos, seus personagens estrangeiros para ambientes locais, tendo
seus escritos sido lidos na Europa.

Entretanto, foi James Fenimore Cooper (1789-1851) que mais tratou de modo
crítico sobre temas americanos e, como Irving, foi muito lido e conhecido na
Europa. Ele criou personagens realmente autênticos, como Natty Bumppo, um
típico pioneiro americano. Esses autores escreveram suas obras na fronteira
entre o período revolucionário e o período romântico.

2.1.1 Transcendentalismo de Ralph Waldo Emerson


O Transcendentalismo, ligado ao Romantismo, nasceu em Concord, Nova
Inglaterra, entre os anos 1830 e 1840. Naquele momento, os transcendentalistas
se reuniram em torno da ideia da unidade de Deus e do mundo, opondo-se ao
racionalismo científico do século XVIII, abraçando a alma e os valores baseados
em crenças como determinantes de uma relação direta com Deus e com a
natureza.

Para Peter High (2000, p. 42, tradução nossa), “[...] eles tentaram encontrar a
verdade por meio do sentimento e da intuição, preferencialmente, que por meio
da lógica”. Esse fato pode ser entendido do ponto de vista de que o ser humano,
como microcosmo divino, por meio da intuição, tem a capacidade e o
conhecimento para transcender os sentidos.

O clube dos transcendentalistas era formado por autores como Ralph Waldo
Emerson (1803-1882), Henry David Thoreau (1817-1862), Margaret Fuller (1810-
1850), Amos Bronson Alcott (1799-1888), Luisa May Alcott (1832-1888), William
Ellery Channing (1818-1910), Orestes Brownson (1803-1876), Theodore Parker
(1810-1860) e outros, que em diferentes épocas se reuniram para discutir as
ideias pregadas por eles, tendo como aspectos preponderantes ideais
abolicionistas, respeitando as características individuais de cada um e
marcando como significativo o lugar do ser humano na natureza, sendo parte
dela.

Certamente, os maiores representantes desse grupo foram Ralph Waldo


Emerson (1803-1882) e Henry David Thoreau (1817-1862), porém, havia também
mulheres que faziam parte do grupo e que evidenciaram a vida e os costumes
femininos do século. A edição da revista transcendentalista The Dial, que durou
pouco tempo, também promoveu os escritos dos autores desse grupo.

VOCÊ O CONHECE?
Henry David Thoreau (1817-1862) foi um autor transcendentalista
americano que influenciou muitos líderes importantes, como Mahatma
Gandhi e Martin Luther King. Ele se isolou por dois anos e produziu dois
escritos que evidenciaram como seria possível realizar uma revolução de
modo pacífico: Civil disobedience (1849) e Walden (1854). Ele criticava a
sociedade da época, industrial e mercantilista, e acreditava que a
simplicidade da vida e a liberdade tinham grande importância. Ele foi,
entre os transcendentalistas, o que mais exercitou a autossuficiência.

Embora tivesse havido críticos ao grupo, esses transcendentalistas marcaram a


história literária americana, na medida em que procuraram construir uma
identidade coletiva, como citado por Jefferson Ferro (2015), pois existia entre
eles uma forte orientação teológica (centrada em Deus e em seus atributos).

Emerson publicou inúmeros ensaios e promoveu muitas palestras públicas e


privadas. Em Nature (1836), ele dissertou sobre não usar simplesmente a
natureza e sim transcender seu uso, ou seja, seria necessário conhecê-la e
compreender o lugar do ser humano frente às descobertas científicas. Em The
american schoolar (1837), ele reforçou que deveria haver um rompimento com o
passado tradicionalista, a fim de que a criatividade inovadora dos americanos
pudesse emergir, e outra vez ele remeteu à importância de buscar na natureza a
observação, a valorização da intuição e de buscar uma harmonia com a
espiritualidade (FERRO, 2015).

Figura 1 - Retrato do escritor Ralph Waldo Emerson (1803-1882)


Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Retrato em preto e branco do autor
estadunidense Ralph Waldo Emerson (1803-
1882), adepto do Transcendentalismo e que
defendeu o abolicionismo. No retrato, que
captura ombros e rosto de Emerson, é possível
ver o autor de terno e gravata, olhando à sua
esquerda.

Emerson, como outros transcendentalistas, foi um leitor ávido de aspectos


voltados a doutrinas orientais como o hinduísmo e o confucionismo, assim
como o foi Henry David Thoreau. O aspecto cíclico do hinduísmo era algo
realmente fascinante para aquele autor, bem como o imenso valor dado à
natureza. Porém, foi do confucionismo que ele retirou os aspectos mais
definidores relativos à educação, à ética e à retidão, como comportamentos
necessários ao ser humano bem-sucedido.

Foi por força de suas viagens e por seu caráter que muitos transcendentalistas o
seguiram. Ele tratou sobre como o homem poderia exercitar a autoconfiança, a
amizade e a intuição a fim de ir além da percepção limitada dos mortais, sendo
que esse último aspecto elevou sua obra para o consagrado campo do
reconhecimento.

2.1.2 Características do romance americano


Além dos ensaios escritos por autores românticos, houve uma produção em
prosa muito significativa naquele momento. Essa prosa narrativa marcou as
fontes mais importantes da literatura americana do período, pois apresentava
características bem originais. Temas voltados à força da natureza frente ao ser
humano, como em Moby-Dick (1851), de Herman Melville (1819-1891), apontam
a solidão como comportamento reflexivo diante do desafio maior que é viver ou
existir.

Em Moby-Dick, Melville explora a característica da glorificação da natureza,


como também evidencia a obsessão do homem e a neurose em marcar a
superioridade de sua espécie. Foi marcadamente um escritor do Dark
Romanticism, o Romantismo Sombrio, uma subdivisão desse movimento
literário que se caracterizava pelo pessimismo relativo ao ser humano e ao país,
oposto total dos transcendentalistas.

Em The scarlet letter (1850), o autor Nathaniel Hawthorne (1804-1864)


evidenciou uma outra característica importante do romance americano: o
rompimento com o passado, relacionado, nesse caso, com a raiz puritana. No
romance, ele apresenta um caso de amor entre um religioso e uma mulher
casada cujo marido tinha sido dado como morto. O romance revela o drama do
nascimento de uma filha dessa relação e o fato de as pessoas serem marcadas
por isso, apresentando com tom dramático a força emotiva com que os
personagens vivenciaram o preconceito do período colonial.

A crítica social não se dava apenas ao passado sombrio dos


primeiros colonos.

Era possível também verificar uma crítica à escravatura, muito


disseminada na época por conta das lavouras de algodão e
também pela falta de homens brancos saudáveis nas frentes
de batalha.

Um importante romance que trabalhou o tema e que


evidenciou o idealismo, característica importante dessa
literatura, foi Uncle’s Tom cabin (1852), da escritora Harriet
Beecher Stowe (1811-1896).

O romance retratava a devoção dos negros em relação aos


patrões e como essa devoção era destrutiva por conta da
relação extremamente desigual entre negros e brancos no
contexto do século XIX.

Finalmente, em The last of the Mohicans (1826), do autor James Fenimore


Cooper (1789-1851), evidencia-se uma característica bem recorrente nessa
literatura, que é o idealismo, aqui marcada pela idealização do selvagem como
bom e valoroso. O pano de fundo é um conflito entre índios, franceses, ingleses e
colonos americanos no período da independência dos Estados Unidos (1776),
quando indígenas e homens simples tinham a função de conduzir duas jovens a
um forte, no qual o pai delas as esperava. As paisagens e a descrição do
ambiente como ora hostil, ora favorável, também fazem parte das características
definidoras do romance americano no Romantismo.

Os romances representativos acima mencionados revelam que aos poucos os


autores românticos galgaram grande prestígio nacional e internacional por conta
da construção de uma representatividade verdadeiramente associada à história
e à vivacidade do século XIX da nova nação, como mencionado por
Vanspanckeren (1994). Outros fatores de ordem interna também contribuíram
para esse prestígio, como as leis de proteção à autoria e uma maior distribuição
de livros e de produtos escritos, o que se deu também em virtude do início de
uma valorização, por parte do pequeno público leitor da época, do que era ali
produzido. Também devemos destacar que a ideologia revolucionária
impulsionava muitas produções em prosa, visto que a ânsia pela liberdade,
muitas vezes alienada e escapista em relação à realidade vigente, representava
em parte um orgulho para aquele povo que começara a constituir esse ideal.

2.1.3 A poesia e a ficção de Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe (1809-1849) é, sem dúvidas, um dos nomes mais importantes
do Romantismo americano e reconhecido em todo o mundo, embora em seu
tempo não tenha havido compreensão de sua grandeza. Poe viveu muitos
conflitos pessoais e perdas terrenas, inclusive a de sua mãe ainda no primeiro
ano de sua vida. A história dele é realmente obscura e repleta de sucessivos
rompimentos com a sociedade de sua época. Contudo, ele ultrapassou seu
tempo e influenciou inúmeros autores em diferentes épocas e lugares. Também
antecipou uma orientação realista e é considerado o criador do conto de horror
moderno.

Esse autor exercitou uma característica também presente no Romantismo da


época: o exotismo. Esse aspecto pode ser verificado quanto à composição
realmente original de seus personagens e cenários, adotando elementos góticos
para realizar seu projeto literário. Desse modo, temos homens angustiados em
seus lares, monstros humanos, criaturas assustadoras e forças sobrenaturais
agindo contra o humano que ainda habitava os seres reais. A morte era um de
seus temas favoritos, bem como os mortos-vivos eram seus personagens
preferenciais, sugerindo, com isso, que a sociedade aristocrática decadente de
sua época representava esse espírito atormentado e doentio.

VOCÊ QUER VER?


O filme The raven (O corvo, em português) apresenta a vida do autor
americano Edgar Allan Poe, destacando parte de sua obra e evidenciando-
o não como um narrador, mas também como um personagem. O filme, de
2012, foi dirigido por James McTeige e tem o ator John Cusack
interpretando Poe.

Poe escreveu poemas, ensaios e ficção. São dele “The black cat” (1843) (“O gato
preto”, em português), e “The raven” (1845) (“O corvo”, em português); em
ambos, observa-se um tom prenunciativo do mal e das bestialidades de caráter
humano. No primeiro, um conto, o personagem mata um gato preto, Pluto (ou
Plutão, na tradução de Clarice Lispector), de modo violento, e essa morte vai
provocar a culpa e, por consequência, o delírio de ver o gato por todo lugar. O
homem mata a mulher por conta do delírio e é descoberto dias depois, caindo
em total loucura.

Já no poema “O corvo”, um homem perde sua esposa e, ao entrar um corvo em


sua casa, ele começa a dialogar com o animal. O homem faz inúmeras
perguntas e a resposta recorrente do pássaro é nevermore (“nunca mais”).
Furioso, ele tenta afugentar o animal, sem sucesso, marcando definitivamente
que sua alma está presa às lembranças e ao pássaro, pois ele se isolou do
mundo.

A poesia de Allan Poe é realmente original, pois em nenhum momento anterior


ao seu aparecimento foi possível ver elementos que marcavam a crise do ser
humano e seus conflitos de modo tão intenso. A combinação de palavras, o
ritmo e a produção elaborada permitem que ele esteja longe de qualquer intuição
genial, isto é, seus versos são trabalhados e não de inspiração, bem como sua
produção é intencional, mesmo que subjetiva e visceral, muitas vezes. Ele
descreve com precisão os sentimentos e organiza os versos usando figuras
como a aliteração (repetição de fonemas idênticos) e as metáforas
(comparações internas), evidenciando um labor artístico.

Figura 2 - Retrato alterado do escritor Edgar Allan Poe (1809-1849)


Fonte: Seba Armstrong, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Retrato alterado de Edgar Allan Poe, importante
autor do Romantismo americano. No retrato,
Poe aparece com olhos maiores que o comum,
com um semblante sério e em tons marrons.

A ficção também é especialmente elaborada, tendo inúmeras estratégias, o que


permitiu a esse autor que escrevesse sobre como escrever, demonstrando de
fato que houve um diferencial em sua obra: era acima de tudo uma escrita
consciente e elaborada. Um exemplo é o conto The cask of Amontillado (1846),
no qual, por vingança, um homem decide executar um opositor. Essa execução é
cruel, pois ele aprisiona o outro em uma adega e constrói um muro para que seu
opositor não possa sair. Esse conto apresenta elementos europeus e uma
produção alinhada com a erudição de Poe, que teve a oportunidade de estudar
em Londres financiado por seus pais adotivos.

Peter High (2000) lembra que havia um personagem presente em The murders in
the rue Morgue (1841), The mystery of Marie Rogêt (1842) e em The purloined
letter (1845): Monsieur C. Auguste Dupin, que vai antecipar a figura de um
detetive, pois ele investigará alguns eventos ou irá buscar pistas para receber
recompensas. Esse é um dos motivos pelos quais Edgar Allan Poe merece uma
atenção especial quanto ao estudo do Romantismo, ainda que seu
reconhecimento não tenha sido observado em sua época. Seus escritos, porém,
chegaram à Europa e até ao Brasil, com toda atenção de autores ilustres da
literatura universal. No Brasil, Machado de Assis, por exemplo, foi responsável
por traduzir “O corvo”.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS


(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)

Leia um trecho do conto “O gato preto”, de Edgar Allan Poe.

“Plutão – assim se chamava o gato – era o meu preferido e companheiro. Com


dificuldade eu o impedia de seguir-me pelas ruas. [...]

Certa manhã, a sangue-frio, enforquei-o no galho de uma árvore. Enforquei-o


porque sabia que ele me havia me amado e porque sentia que não me dera razão
para ofendê-lo. Enforquei-o porque sabia que, assim fazendo, estava cometendo
um pecado mortal. E esse pecado iria pôr em perigo a minha alma imortal”.

POE, E. A. O gato preto. In:  POE, E. A.  Histórias extraordinárias de Allan Poe.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 9-17.
Com a leitura desse fragmento, é possível observar uma mudança de atitude do
narrador-protagonista em relação ao animal. Sabendo disso, analise as
asserções a seguir e a relação proposta entre elas.

I. Poe pertence ao chamado Dark Romanticism, e como tal, ele traz em seus
escritos tanto uma irracionalidade como uma atração pelo demoníaco e pelo
mal.
PORQUE
I. O conto “O gato preto” apresenta a culpa como tema principal e o sentimento
do narrador reflete uma alma perversa e mutável, indo de uma afabilidade ao
desvario.

Agora, assinale a alternativa correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma


justificativa correta da I.

b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é


uma justificativa correta da I.

c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma


proposição falsa.

d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição


verdadeira.

e) As asserções I e II são proposições falsas.

VERIFICAR

O patrimônio produtivo dos autores românticos elevou a literatura americana a


um grau de reconhecimento internacional e promoveu também uma mudança
significativa, pois distribuiu as composições em vários núcleos, ora urbanos, ora
menos urbanos, fazendo ainda despontar grupos de escritores e poetas
envolvidos com teorias distintas vigentes no século XIX.

Embora houvesse muita produção, muitos desses escritores financiavam as


publicações ou se associavam a empresários voltados à impressão de obras, ou
ainda tinham suas obras pirateadas. Porém, quando a primeira rodovia
transcontinental foi completada, em 1869, houve maior segurança para todas as
pessoas, inclusive maior distribuição de escritos literários.

Quadro 2 - Cronologia de escritos importantes da literatura americana no Romantismo


Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

#PraCegoVer
Quadro composto por três colunas,
apresentando a cronologia de algumas
produções escritas do período romântico nos
Estados Unidos. Na primeira coluna, são
elencados os autores; na segunda, o ano de
produção; e na terceira, o nome da obra.

A originalidade, o estilo e a composição foram seguramente aspectos


definidores do Romantismo americano. Nos seus últimos momentos, vemos
autores como Walt Whitman (1819-1892), poeta que escreveu Leaves of grass
(1855), uma série de poemas que revelam o panorama de um homem simples
frente às modificações aparentes em sua nação; e Emily Dickinson (1830-1886),
poeta que vivenciou a reclusão e que expressou, como Whitman, a alma
sentimental, porém, sem sentimentalismo, mas com um subjetivismo profundo,
como Poe e Emerson o fizeram.

VAMOS PRATICAR?

A fim de compreender, na prática, as diferenças


entre o Transcendentalismo e o Romantismo
Sombrio, leia o poema “O corvo”, de Edgar Allan
Poe, e “Brahma”, de Ralph Waldo Emerson. Em
sua leitura, analise os aspectos formais dos
poemas, bem como observe o tratamento dado
aos temas e o tom de cada uma dessas obras.

2.2 Realismo e naturalismo

Muitos eventos ocorreram após a Guerra Civil Americana (1861-1865),


especialmente quanto à disposição menos idealizada de um país que agora
vivenciava um tempo de intensa exaustão diante dos eventos da guerra. Porém,
o povo também vivia tempos de facilidade quanto ao transporte e à
comunicação, o que permitiu a chegada de mais imigrantes da Europa e da Ásia,
negociações amplas com outros países e entre os estados, além de um
vertiginoso progresso.

Como afirma Vanspanckeren (1994, p. 49), “[...] depois da guerra, os americanos


idealizavam mais e mais o progresso e o homem que se faz por si próprio”. Esse
progresso de que trata a autora viria em pouco tempo, contudo, ainda após
muitas lutas, pois a tolerância e a desigualdade marcaram o final do século XIX e
o início do século XX.

Assim, no começo do século XX, mais uma vez se vislumbrava uma


prosperidade ansiada por todos, inclusive pelos negros escravizados finalmente
libertos do trabalho escravo em lavouras, bem como das pesadas imposições
militares. Na contramão do progresso, porém, sempre caminharam o
crescimento desordenado, o preconceito e a exploração de todas as ordens. Foi
nesse contexto que nasceu o Realismo americano, cujos enredos das obras
atendiam às demandas locais, estabelecendo novos padrões e expondo como
as minorias tentavam sobreviver em um país tão grande e tão diverso.

VOCÊ QUER LER?


Maggie: a girl of the streets, do autor Stephen Crane (1896), traz um
retrato vívido da realidade urbana em Nova York. Nele, é narrada a história
de Maggie, moça vulnerável e inocente que passa à prostituição como
forma não apenas de sobrevivência, mas de afirmação do caráter fatalista
em que a personagem se vê inserida. O texto ainda não tem tradução para
a língua portuguesa, mas está em domínio público e pode ser lido na
biblioteca One More Library.

Acesse (https://onemorelibrary.com/index.php/en/?
option=com_djclassifieds&format=raw&view=download&task=download&
fid=22994)

Entre os autores mais importantes dessa época, está Mark Twain (1835-1910),
ou Samuel Clemens, seu nome verdadeiro. Esse autor levou para a literatura a
linguagem do povo, isto é, da fala americana em seus personagens mais
conhecidos: Huck Finn e Tom Sawyer, bem como deu atenção para o mundo
onde esses garotos habitavam, próximo ao Rio Mississipi.
The adventures of Tom Sawyer (1876) e The adventures of Huckberry Finn
(1884) apresentam esse mundo e o universo juvenil, experiência literária ainda
não explorada na América do Norte. Desse modo, Twain ficou logo conhecido e
seus escritos foram se tornando populares entre os habitantes dos Estados
Unidos por refletirem uma parte da identidade americana.

Se houve, no Realismo americano, grande identificação com os aspectos


trazidos por Mark Twain, de um outro lado, também houve, por outro lado, um
forte apelo à manifestação da realidade vivida por outros grupos que faziam
parte do cenário paisagístico dos últimos anos do século XIX e no início do
século XX, como os divorciados, as mulheres, os militares, entre outros,
retratados em prosa e em verso nas produções literárias desse movimento.

Peter High (2000) apresenta como significativa a influência de William Dean


Howells (1837-1920), que promoveu muitas produções escritas de autores como
Mark Twain e Stephen Crane (1871-1900). Ele mesmo descreveu A modern
instance (1882), tratando do tema da separação e do processo de divórcio, algo
ainda tabu nos Estados Unidos, como também escreveu The rise of Silas
Lapham (1885), romance que trata da ascensão econômica de um homem
simples que desejava fazer parte da sociedade de Boston. Tais temas trazem à
discussão visões que não poderiam ser prestigiadas no período literário anterior
e que marcam uma perspectiva mais reflexiva frente à realidade.
Outro autor que representa bem esse movimento foi Stephen Crane. Ele escreveu
Maggie: a girl of the streets (1893), The red badge of courage (1895) e The open
boat (1898).

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3)

Segundo Vanspanckeren (1994), também houve, nesse período, autores que


marcaram as características próprias de suas regiões. Esses autores eram
denominados coloristas locais, cuja motivação literária estava em de fato
retratar as peculiaridades locais, presentes nas representações da realidade real.
Um desses autores era Bret Harte (1836-1902), que levou jogadores e ladrões
para o texto literário, como se observa em The luck of the Roaring Camp (1870) e
The outcasts of the Poker Flat (1869), ambientados em minas e em cidades
pequenas da região Oeste estadunidense. Os coloristas eram de fato
entusiastas conscientes que marcaram bem o tom provocador que
manifestavam, por isso, escreveram de acordo com a estética realista, porém,
aprofundaram-se na representação da realidade e dos personagens.

2.2.1 Romancistas cosmopolitas e o Naturalismo/Escola de


Chicago
Os denominados romancistas cosmopolitas se centraram não em retratar
negócios, condições sociais ou outros temas já verificados no Realismo ou
mesmo no início do Naturalismo americano, como apontado por Vanspanckeren
(1994). O interesse desses autores estava em desvendar a mente humana e em
explorar o que conhecemos como stream of consciousness, isto é, o fluxo da
consciência, identificando o pensamento dos personagens e seu fluxo. São
grandes representantes desse grupo Henry James (1843-1916) e Edith Wharton
(1862-1937).

Henry James passou por fases distintas em sua produção escrita.


Primeiramente, ele destacou a oposição entre os americanos e os europeus
cosmopolitas, escrevendo The american (1877), Daisy Miller (1879) e The
portrait of a lady (1881), todos desenvolvendo enredos voltados à exploração da
ingenuidade dos personagens.

A seguir, ele se voltou experimentalmente, como destaca Vanspanckeren (1994),


para temas políticos, porém, com brevidade. Após isso, ele encerrou sua obra
com um retorno aos temas que inicialmente o motivaram, voltados para uma
leitura dos modos e costumes internacionais, sem ler aspectos sociais em si,
mas procurando compreender fatos isolados no comportamento das pessoas.

Edith Wharton também lançou mão da observação do comportamento dos


americanos diante do europeu cosmopolita. Seu livro The age of innocence
(1920) retrata os anos de 1870, quando uma jovem esposa se apaixona por um
jovem e começa a conflituosa busca por viver esse amor mesmo em uma
sociedade que não admitia triângulos amorosos.

VOCÊ SABIA?
A literatura americana teve um grande número de autoras desde o período
colonial. Além de Anne Bradstreet (1612-1672), que escreveu em sua
maioria poesias, Anne Hutchinson (1591-1643) e Sarah Kemble Knight
(1666-1727) escreveram diários sobre suas experiências. Já Phillis
Wheatley (1753-1784) foi uma poeta negra de grande importância no
período revolucionário, que escreveu sobre temas religiosos. Susanna
Rowson (1762-1824) escreveu Charlotte Temple (1794), que trata da
história de uma jovem que se casou na Inglaterra, mas que foi
abandonada pelo marido na América, grávida e pobre. Outro nome
importante foi o de Louisa May Alcott (1832-1888), que escreveu Little
women (1868) e suas sequências, retratando a sociedade dos anos da
Guerra Civil Americana.

Esses autores eram contrários aos autores naturalistas, pois não viam no
determinismo, no destino ou na predisposição uma chave para arquitetar a
narrativa. Já para os naturalistas, termo que vem de Naturalismo, cunhado por
Émile Zola (1840-1902), a hereditariedade marcaria particularmente o
comportamento social, de modo que o homem estaria fadado a cumprir um
determinado propósito.

Posteriormente, em um contexto em que o Realismo e o Naturalismo americano


já perdiam forças, um pouco antes da 1ª Guerra Mundial, surge a Escola de
Chicago. Ela se apresenta como uma novidade em relação às escolas anteriores,
visto que resiste aos padrões até então consagrados e que já faziam parte do
cânone americano. Tratava-se de uma escola de poesia que pensava um novo
modo de trabalhar o verso em um momento em que a cidade de Chicago
crescia.

Entre os representantes dessa escola, está Edgar Lee


Masters (1868-1950), que apresentou uma linguagem mais
coloquial em sua Spoon River anthology (1915).
Nessa antologia, o autor conta, em versos e baseado em
experiências com pessoas reais, as histórias de um lugar
fictício chamado Spoon River.

Nela, observa-se a desmistificação da vida das pessoas


simples do meio rural e urbano; uma espécie de não
romantização desses indivíduos.

O curioso e especialmente original da obra é que as


pessoas que falam no poema estão mortas e elas falam a
partir do cemitério sobre seus segredos de família.

Outro representante dessa escola foi Edwin Arlington Robinson (1869-1935), que
também explorou a personalidade humana, porém, utilizando uma métrica mais
tradicional. Ele também criou uma cidade imaginária ou ficcional chamada
Tilbury Town. Nessa cidade, as pessoas apresentam seus monólogos em versos,
mostram suas fragilidades e expõem suas vivências.

Os dois autores, como outros que também fizeram parte dessa escola,
demonstram que a originalidade reside na expressão e não na métrica. Masters,
em especial, foi de uma peculiaridade que o consagrou definitivamente na
literatura americana. Porém, por sua sinceridade e por combinar a ficção com a
realidade de muitas famílias, seus escritos foram em algum aspecto menos
valorizados, ainda que outros autores o tenham reconhecido como
verdadeiramente singular.

2.2.2 A literatura americana negra e a sua ascensão


Muitos autores negros produziram escritos significativos para a literatura
americana. Alguns desses autores nasceram na África, como Phillis Wheatley
(1753-1784), cujo país de origem é incerto, e Olaudah Equiano (1745-1797),
nigeriano, que escreveu uma autobiografia. O afro-americano Jupiter Hammon
(1720-1800) também contribuiu para a causa negra nos Estados Unidos.
Contudo, somente em morte esses autores tiveram reconhecimento, pois a
desigualdade entre negros e brancos impedia, em vida, a atenção que deveriam
ter recebido.

O gênero autobiografia foi muito explorado pelos autores negros. Olaudah


Equiano — que foi ridicularizado e que recebeu o nome Gustavus Vassa, de um
rei sueco, sendo mais uma vítima do racismo da época — narrou o seu percurso,
expondo aspectos duros de sua vida, como o seu sequestro e sua venda como
escravo. Anos depois, em 1766, comprou a própria liberdade, e após duas
décadas, em 1789, publicou The interesting of the life of Olaudah Equiano, or
Gustavus Vassa, the African.

Também foi bastante significativa a contribuição de Frederick Douglass (1817-


1895), que lutou não apenas com palavras, mas também com ações em prol da
abolição da escravatura nos Estados Unidos. Muitas publicações desse autor
são autobiografias: Narratives of the life of Frederick Douglass, an american
slave (1845), My bondage and my freedom (1855) e Life and times of Frederick
Douglass (1881). Esse autor também empreendeu um enorme esforço para
contribuir com os direitos das mulheres, inclusive discursando em convenções
em prol do women’s suffrage (sufrágio feminino). Também foi um grande
defensor da igualdade de instrução para os negros afro-americanos, pois ele
constatou que somente por meio da educação é que um povo poderia se
desenvolver.

Figura 3 - Frederick Douglass (1817-1895), autor negro, foi um reformista que escreveu biografias e outros
escritos em favor do abolicionismo
Fonte: George Sheldon, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Placa em homenagem ao autor negro Frederick
Douglass (1817-1895). Nela, lê-se, em inglês:
“Nasceu em Tuckahoe Creek, no Condado de
Talbot; viveu como escravo na área de St.
Michaels, entre 1833 e 1836. Aprendeu a ler e a
escrever e dirigiu escolas clandestinas para
negros. Escapou para o norte, onde se tornou
um famoso orador abolicionista e editor.
Retornou em 1877 como um delegado dos EUA
para o Distrito de Colúmbia. Também atuou
como escriturário no Distrito de Colúmbia e foi
ministro estadunidense do Haiti".

Jupiter Hammon, por sua vez, escreveu poesia e prosa poética, inclusive uma
poesia a Phillis Wheatley, porém, eles nunca se encontraram. Esse autor falava
especialmente aos jovens e às crianças, instruindo que eles buscassem a
liberdade. Seus discursos mostravam a eloquência de um líder, porém, com uma
religiosidade bem marcada. É dele An address to negroes in the state of New
York (1787), um ensaio em que ele escreve em primeira pessoa, com tom
respeitoso e religioso, sobre como deveria ser a relação com os patrões.

Também foram significativas as contribuições de Harriet Jacobs (1818-1896) e


Harriet Wilson (1807-1870). Jacobs também escreveu uma autobiografia
fascinante, denominada Incidents in the life of a slave girl (1861), sobre sua triste
história de vida, com o pseudônimo de Linda Brent. Wilson, por sua vez, publicou
um romance denominado Our nig: or, sketches from the life of a free black, in a
two-storey white house, north showing that slavery’s shadows (1859), no qual
tratou dos abusos que as crianças e as jovens negras sofriam durante a vida de
escravas.

A ascensão da literatura afro-americana só se deu de fato nas mãos de autores


como Booker T. Washington (1856-1915), que foi um líder importante na Virgínia
no início do século XX, levando a público sua autobiografia Up from slavery
(1901). Ele mobilizou inúmeras pessoas, entre religiosos e políticos, em favor da
educação e dos direitos dos negros.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS


(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)

“A concretização do potencial literário afro-americano foi um dos fenômenos


mais marcantes do período que se seguiu à Guerra Civil. Nas obras de Booker T.
Washington, W. E. B. Du Bois, James Weldon Johnson, Charles Waddell Chesnutt,
Paul Laurence Dunbar e outros, vemos a consolidação das raízes da literatura
americana negra, sobretudo na forma de autobiografias, textos de protesto,
sermões, poesia e cânticos”.

VANSPANCKEREN, K. Perfil da literatura americana. [S. l.]: Departamento de


Estado dos Estados Unidos da América, 1994. p. 60.

A respeito dos autores mencionados no excerto, é correto afirmar que:

a) fugiram do domínio de seus patrões, senhores de escravos, e


somente então começaram a escrever sobre suas vidas.

b) escreveram em um período em que a literatura negra já era


reconhecida e admirada pelas mais diversas classes sociais.

c) reviram, com o tempo, seus posicionamentos em relação aos


patrões, que ofereciam a eles as condições necessárias para
escrever.

d) revelaram, em seus escritos, sua cumplicidade com o sistema


então vigente, produzindo uma literatura que evitava tratar de
temas sociais.

e) percorreram um árduo caminho de muitas lutas e


enfrentamentos, tendo expressado, em seus escritos, os
sofrimentos a que eram submetidos.

VERIFICAR

Booker T. Washington se associou a W. E. B. Du Bois (1868-1963), um dos


maiores intelectuais de sua época, e ambos lutaram para que os negros
pudessem ter mais expressão por meio de coligações e organizações como a
Niagara Movement (1905), organização em prol dos direitos políticos dos
negros. Du Bois também foi um dos criadores da National Association for the
Advancement of Colored People (NAACP) (1909), uma das mais respeitadas
instituições que até hoje defende os direitos civis dos negros.

VAMOS PRATICAR?

Ao longo de seus estudos, você deve ter


observado que biografias, ensaios e sermões
eram alguns dos gêneros mais utilizados pelos
autores negros. Sabendo disso, pesquise quais
as características desses gêneros e reflita sobre
os motivos pelos quais eles eram os preferidos
dos autores negros mencionados, observando
também a importância desses escritos para o
contexto em que viviam.

CONCLUSÃO

Nesta unidade, vimos que entre o início do Romantismo e o fim do Naturalismo


dos Estados Unidos da América, paralelamente ao crescimento do país, a
literatura foi ganhando elementos e autores que até os dias atuais são
lembrados e celebrados. Esses autores, homens e mulheres, apresentaram a
vivacidade e a melancolia do povo americano, bem como sua energia e
determinação.  Em cada texto, seja em prosa ou em poesia, esses homens e
mulheres produziram uma literatura realmente inovadora, ganhando notoriedade,
mesmo que tardia, em seu país e internacionalmente, e trazendo à tona um
respeitado conjunto de obras e de fabulosos artistas.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

reconhecer as características das expressões literárias


dos períodos romântico e realista;
observar as relações entre literatura e sociedade;

identificar o contexto histórico-social de desenvolvimento


dos romances cosmopolitas e naturalistas, bem como da
Escola de Chicago;

identificar e reconhecer as principais características da


literatura americana negra.

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Referências
CRANE, S. Maggie: a girl of the streets. New York: D. Appleton and
Company, 1896. Disponível em:
https://onemorelibrary.com/index.php/en/?
option=com_djclassifieds&format=raw&view=download&task=download
&fid=22994 (https://onemorelibrary.com/index.php/en/?
option=com_djclassifieds&format=raw&view=download&task=download
&fid=22994). Acesso em: 13 jun. 2021.

FERRO, J. Introdução às literaturas de língua inglesa. 2. ed. Curitiba:


InterSaberes, 2015.

HIGH, P. An outline of american literature. Londres: Longman, 2000.

O CORVO. Direção: James McTeigue. Los Angeles: Intrepid Pictures,


2012. 1 DVD (111 min), son., color.

POE, E. A. O gato preto. In: POE, E. A. Histórias extraordinárias de Allan


Poe. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 9-17.

VANSPANCKEREN, K. Perfil da literatura americana. [S. l.]: Departamento


de Estado dos Estados Unidos da América, 1994.

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