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OS MOVIMENTOS
LITERÁRIOS E A
ASCENSÃO DA
AUTORIA AMERICANA
Autoria: Ma. Anay Cardoso Miranda
Você já leu sobre o estilo gótico? Você sabe como esse movimento chegou à
América, em especial aos Estados Unidos da América (EUA)? Conforme você
verá nesta unidade, o gótico foi muito bem expresso por autores conhecidos em
todo o mundo, os quais estabeleceram uma linguagem e uma expressão únicas
até o momento. Além disso, você conhecerá outros movimentos que fizeram
parte da literatura de produção nacional, nos EUA, bem como poderá entender
como o Romantismo, o Naturalismo e o Transcendentalismo foram tão
importantes para solidificar a identidade norte-americana.
Após percorrer por esses temas, ao final desta unidade, você terá identificado,
analisado e compreendido como foi crucial para os EUA a passagem pelos anos
em que a produção fabril começou a despontar, assim como foi importante o
crescimento econômico. Por outro lado, contudo, você terá verificado que os
autores também expressaram sua inquietação e descontentamento frente aos
obstáculos impostos pelo novo modo de vida.
#PraCegoVer
Quadro composto por duas colunas,
apresentando a cronologia dos eventos
históricos significativos nos Estados Unidos da
América em fins do século XVIII e início do século
XIX. Na primeira coluna, à esquerda, são
apresentados os eventos; na segunda coluna, à
direita, são apresentados os anos em que cada
um desses eventos ocorreu.
Entretanto, foi James Fenimore Cooper (1789-1851) que mais tratou de modo
crítico sobre temas americanos e, como Irving, foi muito lido e conhecido na
Europa. Ele criou personagens realmente autênticos, como Natty Bumppo, um
típico pioneiro americano. Esses autores escreveram suas obras na fronteira
entre o período revolucionário e o período romântico.
Para Peter High (2000, p. 42, tradução nossa), “[...] eles tentaram encontrar a
verdade por meio do sentimento e da intuição, preferencialmente, que por meio
da lógica”. Esse fato pode ser entendido do ponto de vista de que o ser humano,
como microcosmo divino, por meio da intuição, tem a capacidade e o
conhecimento para transcender os sentidos.
O clube dos transcendentalistas era formado por autores como Ralph Waldo
Emerson (1803-1882), Henry David Thoreau (1817-1862), Margaret Fuller (1810-
1850), Amos Bronson Alcott (1799-1888), Luisa May Alcott (1832-1888), William
Ellery Channing (1818-1910), Orestes Brownson (1803-1876), Theodore Parker
(1810-1860) e outros, que em diferentes épocas se reuniram para discutir as
ideias pregadas por eles, tendo como aspectos preponderantes ideais
abolicionistas, respeitando as características individuais de cada um e
marcando como significativo o lugar do ser humano na natureza, sendo parte
dela.
VOCÊ O CONHECE?
Henry David Thoreau (1817-1862) foi um autor transcendentalista
americano que influenciou muitos líderes importantes, como Mahatma
Gandhi e Martin Luther King. Ele se isolou por dois anos e produziu dois
escritos que evidenciaram como seria possível realizar uma revolução de
modo pacífico: Civil disobedience (1849) e Walden (1854). Ele criticava a
sociedade da época, industrial e mercantilista, e acreditava que a
simplicidade da vida e a liberdade tinham grande importância. Ele foi,
entre os transcendentalistas, o que mais exercitou a autossuficiência.
#PraCegoVer
Retrato em preto e branco do autor
estadunidense Ralph Waldo Emerson (1803-
1882), adepto do Transcendentalismo e que
defendeu o abolicionismo. No retrato, que
captura ombros e rosto de Emerson, é possível
ver o autor de terno e gravata, olhando à sua
esquerda.
Foi por força de suas viagens e por seu caráter que muitos transcendentalistas o
seguiram. Ele tratou sobre como o homem poderia exercitar a autoconfiança, a
amizade e a intuição a fim de ir além da percepção limitada dos mortais, sendo
que esse último aspecto elevou sua obra para o consagrado campo do
reconhecimento.
Poe escreveu poemas, ensaios e ficção. São dele “The black cat” (1843) (“O gato
preto”, em português), e “The raven” (1845) (“O corvo”, em português); em
ambos, observa-se um tom prenunciativo do mal e das bestialidades de caráter
humano. No primeiro, um conto, o personagem mata um gato preto, Pluto (ou
Plutão, na tradução de Clarice Lispector), de modo violento, e essa morte vai
provocar a culpa e, por consequência, o delírio de ver o gato por todo lugar. O
homem mata a mulher por conta do delírio e é descoberto dias depois, caindo
em total loucura.
#PraCegoVer
Retrato alterado de Edgar Allan Poe, importante
autor do Romantismo americano. No retrato,
Poe aparece com olhos maiores que o comum,
com um semblante sério e em tons marrons.
Peter High (2000) lembra que havia um personagem presente em The murders in
the rue Morgue (1841), The mystery of Marie Rogêt (1842) e em The purloined
letter (1845): Monsieur C. Auguste Dupin, que vai antecipar a figura de um
detetive, pois ele investigará alguns eventos ou irá buscar pistas para receber
recompensas. Esse é um dos motivos pelos quais Edgar Allan Poe merece uma
atenção especial quanto ao estudo do Romantismo, ainda que seu
reconhecimento não tenha sido observado em sua época. Seus escritos, porém,
chegaram à Europa e até ao Brasil, com toda atenção de autores ilustres da
literatura universal. No Brasil, Machado de Assis, por exemplo, foi responsável
por traduzir “O corvo”.
POE, E. A. O gato preto. In: POE, E. A. Histórias extraordinárias de Allan Poe.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 9-17.
Com a leitura desse fragmento, é possível observar uma mudança de atitude do
narrador-protagonista em relação ao animal. Sabendo disso, analise as
asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Poe pertence ao chamado Dark Romanticism, e como tal, ele traz em seus
escritos tanto uma irracionalidade como uma atração pelo demoníaco e pelo
mal.
PORQUE
I. O conto “O gato preto” apresenta a culpa como tema principal e o sentimento
do narrador reflete uma alma perversa e mutável, indo de uma afabilidade ao
desvario.
VERIFICAR
#PraCegoVer
Quadro composto por três colunas,
apresentando a cronologia de algumas
produções escritas do período romântico nos
Estados Unidos. Na primeira coluna, são
elencados os autores; na segunda, o ano de
produção; e na terceira, o nome da obra.
VAMOS PRATICAR?
Acesse (https://onemorelibrary.com/index.php/en/?
option=com_djclassifieds&format=raw&view=download&task=download&
fid=22994)
Entre os autores mais importantes dessa época, está Mark Twain (1835-1910),
ou Samuel Clemens, seu nome verdadeiro. Esse autor levou para a literatura a
linguagem do povo, isto é, da fala americana em seus personagens mais
conhecidos: Huck Finn e Tom Sawyer, bem como deu atenção para o mundo
onde esses garotos habitavam, próximo ao Rio Mississipi.
The adventures of Tom Sawyer (1876) e The adventures of Huckberry Finn
(1884) apresentam esse mundo e o universo juvenil, experiência literária ainda
não explorada na América do Norte. Desse modo, Twain ficou logo conhecido e
seus escritos foram se tornando populares entre os habitantes dos Estados
Unidos por refletirem uma parte da identidade americana.
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VOCÊ SABIA?
A literatura americana teve um grande número de autoras desde o período
colonial. Além de Anne Bradstreet (1612-1672), que escreveu em sua
maioria poesias, Anne Hutchinson (1591-1643) e Sarah Kemble Knight
(1666-1727) escreveram diários sobre suas experiências. Já Phillis
Wheatley (1753-1784) foi uma poeta negra de grande importância no
período revolucionário, que escreveu sobre temas religiosos. Susanna
Rowson (1762-1824) escreveu Charlotte Temple (1794), que trata da
história de uma jovem que se casou na Inglaterra, mas que foi
abandonada pelo marido na América, grávida e pobre. Outro nome
importante foi o de Louisa May Alcott (1832-1888), que escreveu Little
women (1868) e suas sequências, retratando a sociedade dos anos da
Guerra Civil Americana.
Esses autores eram contrários aos autores naturalistas, pois não viam no
determinismo, no destino ou na predisposição uma chave para arquitetar a
narrativa. Já para os naturalistas, termo que vem de Naturalismo, cunhado por
Émile Zola (1840-1902), a hereditariedade marcaria particularmente o
comportamento social, de modo que o homem estaria fadado a cumprir um
determinado propósito.
Outro representante dessa escola foi Edwin Arlington Robinson (1869-1935), que
também explorou a personalidade humana, porém, utilizando uma métrica mais
tradicional. Ele também criou uma cidade imaginária ou ficcional chamada
Tilbury Town. Nessa cidade, as pessoas apresentam seus monólogos em versos,
mostram suas fragilidades e expõem suas vivências.
Os dois autores, como outros que também fizeram parte dessa escola,
demonstram que a originalidade reside na expressão e não na métrica. Masters,
em especial, foi de uma peculiaridade que o consagrou definitivamente na
literatura americana. Porém, por sua sinceridade e por combinar a ficção com a
realidade de muitas famílias, seus escritos foram em algum aspecto menos
valorizados, ainda que outros autores o tenham reconhecido como
verdadeiramente singular.
Figura 3 - Frederick Douglass (1817-1895), autor negro, foi um reformista que escreveu biografias e outros
escritos em favor do abolicionismo
Fonte: George Sheldon, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Placa em homenagem ao autor negro Frederick
Douglass (1817-1895). Nela, lê-se, em inglês:
“Nasceu em Tuckahoe Creek, no Condado de
Talbot; viveu como escravo na área de St.
Michaels, entre 1833 e 1836. Aprendeu a ler e a
escrever e dirigiu escolas clandestinas para
negros. Escapou para o norte, onde se tornou
um famoso orador abolicionista e editor.
Retornou em 1877 como um delegado dos EUA
para o Distrito de Colúmbia. Também atuou
como escriturário no Distrito de Colúmbia e foi
ministro estadunidense do Haiti".
Jupiter Hammon, por sua vez, escreveu poesia e prosa poética, inclusive uma
poesia a Phillis Wheatley, porém, eles nunca se encontraram. Esse autor falava
especialmente aos jovens e às crianças, instruindo que eles buscassem a
liberdade. Seus discursos mostravam a eloquência de um líder, porém, com uma
religiosidade bem marcada. É dele An address to negroes in the state of New
York (1787), um ensaio em que ele escreve em primeira pessoa, com tom
respeitoso e religioso, sobre como deveria ser a relação com os patrões.
VERIFICAR
VAMOS PRATICAR?
CONCLUSÃO
Referências
CRANE, S. Maggie: a girl of the streets. New York: D. Appleton and
Company, 1896. Disponível em:
https://onemorelibrary.com/index.php/en/?
option=com_djclassifieds&format=raw&view=download&task=download
&fid=22994 (https://onemorelibrary.com/index.php/en/?
option=com_djclassifieds&format=raw&view=download&task=download
&fid=22994). Acesso em: 13 jun. 2021.