Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Renaissance
FALAR SOBRE A LITERATURA DE CUNHO SOCIAL DOS ANOS 1930 E 1940; APRESENTAR OS AUTORES
MAIS IMPORTANTES DAQUELA ÉPOCA, COMO SINCLAIR LEWIS, JOHN DOS PASSOS E JOHN STEINBECK.
ALÉM DISSO, FALAREMOS DO MOVIMENTO ANTERIOR, O HARLEM RENAISSANCE, QUE ACONTECEU
DURANTE OS ANOS 1920
O contexto histórico
Desde o final dos anos 1890, havia uma espécie de motivação para o protesto social por meio da literatura.
Se pensarmos nos temas e formas trazidos por naturalistas como Stephen Crane e Theodore Dreiser, em
seus romances de estilo jornalístico, veremos as inspirações no que ressurge a partir dos anos 1930, com os
autores altamente engajados, tanto politicamente quanto na suas formas de escrita. O desenvolvimento
desses temas acontece paralelamente nos romances e nas peças de teatro da época, sobre as quais falamos
em outra oportunidade.
Os romances estavam atrelados a uma preocupação com o bem estar dos cidadãos comuns, e focavam em
grupos de pessoas. No caso de Sinclair Lewis, tínhamos as profissões; no caso de Steinbeck, as famílias; e
para Dos Passos, o foco será nas massas urbanas, representadas nos onze personagens principais de sua
trilogia U.S.A.
Legenda: MULTIDãO SE AGLOMERA NA ESQUINA DAS RUAS WALL STREET E BROAD STREET, EM NOVA
IORQUE, NA QUEBRA DA BOLSA DE 1929
A década foi marcada por uma profunda onda de desemprego e pobreza, que foi consequência da Quebra da
bolsa de Nova York e não aconteceu apenas nos Estados Unidos. Em resposta a essa situação, uma série de
regimes autoritários subiu ao poder, na América do Sul e na Europa. O fascismo na Itália e na Espanha e o
nazismo na Alemanha são alguns exemplos. Diversos países passaram por conflitos até a invasão da
Polônia, que levou à Segunda Guerra Mundial no final da década.
Foi nessa época também que pudemos observer uma proliferação de novas tecnologias no campo da aviação
internacional, do rádio e do cinema (que deixou de ser mudo). Franklin D. Roosevelt foi eleito presidente
em novembro de 1932 e estabelece um programa social de bem estar chamado “New Deal”, para tentar lutar
contra os efeitos nocivos da Grande Depressão. Tal programa se baseava em um maior controle da
Legenda: O GOVERNO FEDERAL ENCOMENDOU UMA SéRIE DE MURAIS PúBLICOS DOS ARTISTAS QUE
EMPREGAVA. CONSTRUCTION OF A DAM (1939), DE WILLIAM GROPPER é UMA OBRA CARACTERíSTICA
DA ARTE DA DéCADA DE 1930, COM OS TRABALHADORES VISTO EM POSES HERóICAS, TRABALHANDO
EM CONJUNTO PARA COMPLETAR UM GRANDE PROJETO PúBLICO
Outro evento importante foi chamado de “Os trinta sujos” ou o “Dust Bowl”, um período de danos
ecológicos e agrícolas que causou uma seca que durou quase a década inteira, devido ao cultivo intensivo
sem rotação de culturas, ou outras técnicas agrícolas que protegem o solo de erosão excessiva, ventos
fortes, etc. Atingiu uma área central americana estimada em 400.000 km2 , e motivou migrações, causou
falta de certos alimentos, doenças por inalação de poeira e redução de salários nacionalmente.
Os autores
Sinclair Lewis
Sinclair Lewis, o primeiro autor norte-americano a ganhar o prêmio Nobel de literatura, por sua “gráfica e
vigorosa arte da descrição e sua habilidade de criar com humor e inteligência, novos tipos de personagens”
Durante a vida ele publicou 22 romances, mas seus romances posteriores não foram tão bem sucedidos
quando os primeiros. Elmer Grantry (1927) fala sobre a hipocrisia de um reflorescimento da religião.
Dodsworth (1929) é uma visão de um homem de negócios americano na Europa. É considerado um trabalho
menos satírico, já antecipando um certo retraimento do autor. Também se destacam It Can’t Happen Here
(1935), Cass Timberlane (1945), Kingsblood Royal (1947), e World So Wide (1951).
De 1928 até 1942 ele foi casado com Dorothy Thompson (1894-1961), uma jornalista e correspondente
Chicago, foi para escolas famosas na costa leste, como Choate School e depois Harvard. Ele se formou em
1916 e se alistou para os movimentos da guerra mesmo antes dos Estados Unidos terem entrado no conflito,
sendo motorista de ambulância voluntário e depois médico. Depois da guerra, ele se torna jornalista
Ele foi um dos autores mais politizados da sua geração. Envolvido com uma série de movimentos políticos,
Dos Passos via com suspeita a expansão do consumismo desenfreado e apontava para o descontrole como
mudou de visão política, se tornando mais conservador, e até fazendo campanha para presidentes
republicanos, como Nixon. Seu realismo inicial estava ligado ao chamado realismo socialista, e ele buscava
atingir um objetivismo científico e um efeito de quase documentário.
Ele escreveu romances entre 1920 e 1970, quando morre. Na sua obra principal, a trilogia U.S.A., escrita
entre 1930 e 1936, e consiste de três volumes: The 42nd Parallel, 1919 e The Big Money. Eles remetem aos
acontecimentos históricos acontecidos entre 1900 e 1930 e expõem fortemente a corrupção moral e o
materialismo da sociedade americana por meio dos seus personagens.
Legenda: CAPA DA TRILOGIA U.S.A
Ele utilizou a técnica estilística da colagem, a junção de diversas outras técnicas que davam ao seu texto, o
propagandas. As biografias eram pequenas trechos sobre a vida de americanos importantes, ou figuras
conhecidas: inventores, líderes sindicalistas, estrelas de cinema, intelectuais e homens de negócio. A
“camera eye” eram poemas em prosa como fluxo de consciência que ofereciam respostas subjetivas para os
eventos descritos nos livros.
TRILOGIA USA
NEWSREELS VI
Paris Shocked At Last
(…)
a taste for the piano, set about divorcing her husband, the prominent Mr. Duncan, whose behavior
we are led to believe had been grossly indelicate ; the whole thing made her so nervous that she
declared to her children that she couldn't keep anything on her stomach but a little champagne and
oysters; in the middle of the bitterness and recriminations of the family row, into a world of gas-lit
boardinghouses kept by ruined southern belles and rail road magnates and swinging doors and
whiskery men nibbling cloves to hide the whiskey on their breaths and brass spittoons and four-
wheel cabs and basques and bustles and long ruffled trailing skirts (in which lecture-hall and
concert-room, under the domination of ladies of culture, were the centers of aspiring life) she bore
a daughter whom she named after herself Isadora. (The Big Money, p. 153)
THE CAMERA EYE (43) throat tightens when the red-stacked steamer churning the faintly heaving
slate-colored swell swerves shaking in a long green-marbled curve past the red lightship spine
stiffens with the remembered chill of the offshore Atlantic and the jag of frame-houses in the west
above the invisible land and spider-web rollercoasters and the chewing gum towers of Coney and
the freighters with their stacks way aft and the blur beyond Sandy Hook and the smell of
saltmarshes warm clammy sweet (The Big Money, p. 26)
John Steinbeck
John Steinbeck nasceu em Salinas, Califórnia em 1902 e faleceu em Nova York em 1968. Escreveu mais de 27
livros, incluindo 16 romances, alguns livros de não-ficção e algumas coletâneas de contos. É mais conhecido
por seu livro The Grapes of Wrath (1939), traduzido como As vinhas da Ira, o qual resume bem as
dificuldades causadas pela Grande Depressão e chamou a atenção para o problema da migração feita pelos
Antes que seus livros fizessem sucesso, ele precisou se manter como trabalhador braçal, e suas experiências
deram autenticidade para seus exemplos das vidas dos trabalhadores em suas histórias.
Seu primeiro sucesso foi o romance Tortilla Flat (1935), que contava de forma emocionada a história de
alguns mexicano-americanos. Mas seu humor se transformou em raiva no seu romance seguinte In Dubious
Battle (1936), que conta a história da greve de agricultores e os líderes marxistas que a organizam. A
noveleta Of Mice and Men (1937), traduzida como Sobre ratos e homens, conta a história trágica de dois
trabalhadores migrantes e sua complexa e fiel amizade. Ela ganhou versões em teatro e cinema.
Mas é em 1940 que Steinbeck vai ganhar um prêmio Pulitzer, um National Book Award e vê seu romance
The Grapes of Wrath virar filme. O romance conta a dramática história da família Joad, abandonando suas
terras no Dust Bowl de Oklahoma, rumando para a Califórnia em busca de uma vida melhor. Não se trata
nem da busca pelo sonho americano, mas simplesmente de condições dignas de existência. Porém nem
mesmo chegando na Califórnia eles conseguem fugir da exploração do sistema econômico agrícola do
começo do século XX.
Legenda: CAPA ORIGINAL DO LIVRO THE GRAPES OF WRATH, DE 1940
Depois disso, o autor vai ao México com o biólogo e amigo Edward F. Ricketts para estudar a fauna do Golfo
dos noruegueses sob o regime nazista. Ele foi correspondente de guerra e isso contribuiu para sua escrita.
Depois da guerra, ele continuou a escrever livros com elementos de crítica social, porém bem mais
moderados que seus primeiros romances, e mais sentimentais. Exemplos desses livros são: Cannery Row
(1945), The Pearl (1947) e The Wayward Bus (1947).
Sua fama hoje se baseia nos romances regionalistas e quase naturalistas com temas proletários escritos nos
anos 1930. São nessas obras que sai rica estrutura simbólica e as características arquetípicas de seus
necessidade de se organizarem:
THE WESTERN STATES nervous under the beginning change. Texas and Oklahoma,
Kansas and Arkansas, New Mexico, Arizona, California. A single family moved from the
land. Pa borrowed money from the bank, and now the bank wants the land. The land
company—that's the bank when it has land—wants tractors, not families on the land. Is a
tractor bad? Is the power that turns the long furrows wrong? If this tractor were ours it
would be good—not mine, but ours. If our tractor turned the long furrows of our land, it
would be good. Not my land, but ours. We could love that tractor then as we have loved
this land when it was ours. But this tractor does two things—it turns the land and turns
us off the land. There is little difference between this tractor and a tank. The people are
driven, intimidated, hurt by both. We must think about this. One man, one family driven
from the land; this rusty car creaking along the highway to the west. I lost my land, a
single tractor took my land. I am alone and I am bewildered. And in the night one family
camps in a ditch and another family pulls in and the tents come out. The two men squat
on their hams and the women and children listen. Here is the node, you who hate change
and fear revolution. Keep these two squatting men apart; make them hate, fear, suspect
each other. Here is the anlage of the thing you fear. This is the zygote. For here "I lost my
land" is changed; a cell is split and from its splitting grows the thing you hate—"We lost
our land." The danger is here, for two men are not as lonely and perplexed as one. And
from this first "we" there grows a still more dangerous thing: "I have a little food" plus "I
have none." If from this problem the sum is "We have a little food," the thing is on its way,
the movement has direction. Only a little multiplication now, and this land, this tractor
are ours. The two men squatting in a ditch, the little fire, the side-meat stewing in a
single pot, the silent, stone-eyed women; behind, the children listening with their souls
to words their minds do not understand. The night draws down. The baby has a cold.
Here, take this blanket. It's wool. It was my mother's blanket—take it for the baby. This is
the thing to bomb. This is the beginning—from "I" to "we." If you who own the things
people must have could understand this, you might preserve yourself. If you could
separate causes from results, if you could know that Paine, Marx, Jefferson, Lenin, were
results, not causes, you might survive. But that you cannot know. For the quality of
owning freezes you forever into "I," and cuts you off forever from the "we." The Western
States are nervous under the beginning change. Need is the stimulus to concept, concept
to action. A half-million people moving over the country; a million more, restive to move;
ten million more feeling the first nervousness. And tractors turning the multiple furrows
in the vacant land.
GRAPES OF WRATH, CAP 14
A Harlem Renaissance
Foi um período que durou os anos 1920 e 1930. Os afroamericanos se utilizaram da música, literatura e
artes plásticas para mostrar sua cultura própria. Muitos acreditam que esse incentivo à cultura negra veio
dos trabalhos de W. E. B. du Bois (1868-1963), sociólogo, historiador e ativista, que incentivava a
necessidade da libertação dos negros das tradições e padrões dos brancos, e construindo ou reforçando uma
identidade negra.
Foi um período de intensa experimentação, mas havia pouca violência envolvida, pois a maioria dos
brancos aceitava o movimento. Muitas novas ideias surgiram e eram inovações. O desenvolvimento do jazz
foi um exemplo de como a improvisação era bem-vinda. A cidade de Nova York e o bairro do Harlem, mais
especificamente, tornaram-se centros de cultura negra, cheios de bares e clubes com música e dança.
Legenda: CONJUNTO DE PRéDIOS CONSTRUíDOS NO HARLEM PARA A POPULAçãO AFRO-AMERICANA
NA DéCADA DE 1930
Para além de um movimento artístico, ele também era um movimento político de consciência racial, que
misturava o “volta à África” de Marcus Garvey, a luta por integração racial, o sucesso estrondoso do jazz,
blues, da pintura, do drama e de muitas outras manifestações.
O ano de início é 1924, com o lançamento da revista Opportunity, que dava chances para escritores negros
publicarem. O final da grande explosão, mas que deixou marcas nas décadas seguintes foi 1929, com a
quebra da bolsa e a Grande Depressão, que fez com que muitos artistas deixassem Nova York para assumir
outras profissões e o grupo se dissolveu.
Um dos motivos do influxo de negros em cidades do norte estava relacionado com as Jim Crow Laws, que
eram uma forma de o sul manter socialmente um regime de segregação que a guerra de secessão eliminou
politicamente. No começo do século XX, uma praga no algodão fez com que muitos procurassem emprego
em outros lugares. Muitas fábricas precisavam de mão-de-obra que havia sido perdida com a afluência de
muitos brancos no pós-Primeira Guerra. Igualmente um Decreto de 1924 que interrompia a imigração
europeia causou uma necessidade de mais trabalhadores. E a grande inundação do Mississipi fez com que
muitos negros perdessem suas casas ou empregos, encorajando a mudança.
A Renaissance foi um movimento que serviu de modelo e para os movimentos pelos direitos civis nos anos
1950 e 1960. Um dos seus lugares mais conhecidos era o Cotton Club, onde pessoas como Louis Armstrong,
Duke Ellington, Bessie Smith, Ella Fitzgerald e Billie Holiday foram lançados.
Vamos falar de uma das figuras literárias mais importantes da época: Langston Hughes.
Hughes nasceu em Joplin, Misouri em 1902. É considerado um dos escritores mais contundentes, pitorescos
e realistas ao mostrar a vida dos negros nos Estados Unidos. Ele escreveu poemas, contos, romances e peças
de teatro, e é famoso pelo seu envolvimento com o mundo do jazz e a influência que esse teve na sua
escrita. Ele queria contar histórias sobre seu povo de forma que refletisse uma cultura própria e livre e
autêntica: com seu sofrimento, seu amor pela música, pela risada e com sua forma própria de utilizar a
linguagem.
Uma das novidades de Hughes foi tomar por inspiração os ritmos da música negra tradicional, como jazz e
blues, mas no poema que veremos a seguir, “The Negro Speaks of Rivers”, é a herança do negro spiritual*,
que está presente no poema nas imagética majestosa e nas repetições sonoras.
Segundo a Wikipedia, a música chamada de spiritual é uma canção de inspiração do escravo negro.
Embora às vezes o spiritual seja alegre e num andamento mais allegro com o chamado Shout (em
português, "grito"), para a dança entre eles, grande parte dos spirituals tem um tom manso, num
andamento "largo" e meditativo e, os negros, acorrentados, poderiam cantar sentados e a capella.
Mas, a ideia do espiritual vem de uma raiz bíblica, das canções espirituais que podemos encontrar
na leitura desta, com a menção de "Canções espirituais".
O Spiritual dos Afro-americanos começou a surgir durante os anos da escravidão, que podem ir até
bem antes da Revolução americana, de 1776, mas foi só por volta de 1860 que a música começou a
ser publicada. Neste ano vários estados já haviam emancipado a escravidão.
Apesar da entonação religiosa o Spiritual dos Afro-americanos tinha, principalmente, uma função
política objetivando o fim da escravidão. Nestas canções os abolicionistas e/ou escravos já libertos
até quatro vezes (as quatro frases melódicas do primeiro verso); e, no refrão, finalmente responde o
que os versos repetem.
Legenda: CANçãO GOSPEL TRAIN, PELA BANDA UNITED STATES NAVY BAND, TíPICA MúSICA SPIRITUAL.
Escrito quando o autor tinha apenas 17 anos, enquanto ele atravessava o Mississipi de trem, o poema é uma
afirmação da força histórica dos negros, que Hughes faz remontar ao antigo Egito e à África como um todo
como o berço da civilização. No final, ele conclui com a mesma ideia do rio enquanto berço de lama, e as
POETRYARCHIVE.ORG
The Negro Speaks of Rivers
I've known rivers:
I've known rivers ancient as the world and older than the flow of human blood in human veins.
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me,
"Eat in the kitchen,“
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed--
I, too, am America.
POETRYARCHIVE.ORG
ATIVIDADE
A. O bairro contava com uma ampla rede de teatros e lugares públicos destinados a criação e
REFERÊNCIA
BESSA, Maria Cristina. Panorama da Literatura Americana. São Paulo: Alexa Cultural, 2008.
PASSOS, John Dos. USA. Harmondsworth, Middlesex: Penguin, 1981.
ROYOT, Daniel. A Literatura Americana. Série Essência. Tradução Maria Helena Vieira de Araújo. Revisão
técnica Marcos César de Paula Soares. São Paulo: Ática, 2009.
STEINBECK, John. The Grapes of Wrath and Other Writings, 1936-1941. New York: Literary Classics of the
United States, 1996.
VANSPANCKEREN, Kathryn. Outline of American Literature. Washington, D.C.: U.S. Information Agency,
1994.
www.PoetryArchive.org (http://www.poetryarchive.org/)
www.en.wikipedia.org (http://www.en.wikipedia.org/)