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Tribunal de Circulo de Oeiras ‘Acordam os juizes que compiem 0 coleetiva do 2° Juizo do Tribunal de Circulo de Ocins Requeseu o Ministerio Pablico, em processo comune com 4 intervencia de Tobunal Co- lective, 0 jalgamento de ‘Hugo Miguel Pereira Dias Indcto,.. nascido Fssio, cetwlente... Amador, actualmente de Gongalo Jost da Cunba Guimaraes Costa Dias... nascido em 13 de Dezembro de 1968, . solteio, estudante, residente em .. Caxias, Ocits, actualmente detido; Sandra Antonieta Alves Gongalinko, ..solteira, nascida em 2 de Setembro de 1967, 10 Re 131 de Jancitm de 1974 ido Soltero, sem peo- ‘80 Unido, estudante, esidente em .. Lisboa, Joto Carlos News da Git6ria Tevet. wascido em 23 de Julho de 1971, resdente .. em Ales, Paulo Jorge Costa Dias, .. stcira, eralhcico evi, residents ems. Lisboa, Tiago Francisco Nunes ele Carvatlbo Lucena, .. solteiro, estucinte, resilente .. em S.Josia do Estoril, Lis Filipe dos Santos Wietra, ..casndo, sramicivo, residente em Lisbon; Jodo Antinio Carvalho Rebucho, .. soleiro, montulor de reclames luntinosos, ..reslente it Amador, Jorge Nelson Viana da Rocha, .. soltei, sem penfissio, residents cm Lishes; Helder Aunérico Ferraz de Azwedo, .. soleieo, enico de vendas, esidente em Corroios Guitberme de Jesus Almeida, .. nascido em 1 dé Fevercico de 1977, .. milar da Armas, ‘Nano Jost Lopes Lobo, .. ascida em 4 de Novembro de 1977, .. saltera, audance de me ‘inico de ho, .. em Corrains, Bruno Miguel Tawares Pedro, .. azscido em 18 de Junho de 1977, .. residente ...em Cor 0108; Prancisco Eduardo da Silva Duarte, .. nascido em 24 de Fevereieo de 196 tou. prospector de vendas, residente ent “Jato Nelson Coelbo Fernandes. asco em 11 de Abele 1975, rescore. em Odivelas, ‘Ao arguido Hugo Miguel Percia Dias Inicio imputada a peitica, como autor material & fem concurso real de infrucgies, de Sum crime de hemicidi, previsio © puniklo pelo art. 131, com referéncia a0-ar, 14, 9° 3, ambos do Cod, Penal; “am erime de detengio © uso de subseincias explosivas, previsto © punido pelo art 275, 1 Ido Cod. Penal, com releréncia uo art 3°, n° T al. g) do Decreto - Lei n® 207.N75, de 17.de Abe um crime de use de documento de identificagso alle, previo © pu ‘do Cod. Pers lo pelo an. 261 2 todos 06 eestantes arguidos, 6 imputada a pritica, como pectvamente, de Um crime de detensio, wo, aqusigio, distrbuigio e venda de substincias explesivas, pre: ‘isto © punide pelo art. 278, 9° Ido Cod, Penal, com referencia ao art. 3", 0° Lal) do De ‘ereto = Lei? 207-4775, de 17ide Abril ores materials, cada um, res ‘Consttuiu-se asistente nos auton, 2 fs, 617, Yruks Maria Duarte Perens Mendes, por sie at “qualidade de legal repretentante de seus filhos menores, Liliana Dusete Mendes ¢ Diogo Fi Tipe Duarte Coetho Mendes, x qual veio a ser admit 2 intervie mow. pelo despacho de Ms. 780. Posteriormente ao despach que recebeu a acusagio ¢ designou dia para julgamento, nie ‘ocorrerant excepgées, nulidades, ov quaisquer questbes privias que obstem ao conheci- tmenta do mierito Procedeu-se i audineia de julgamento com a ebservincia do formalism eal Discutida a causa, resultou provado que = (0 arguidos Hugo Miguel Pereira Dias inicio, Gongalo José da Cunha Guimaries Costa Dias, Sandra Antonieta Alves Gongalinho, Jao Carlos Neves da Gléea Teixeira, Paulo Jorge Costs Dias, Tiago Francisco Nunes de Carvalho Lucena, Ls Filipe dos Santos Vieirs, Jose Antonio Carvalho ebocho, Jorge Nelson Viana da Rocha, Helder Amérieo Ferruz de Azevedo, Gut therme de Jesus Almeida, Nuno José Lopes Lobo, Druno Miguel Tivares Pedro e Jalio Nelson Coelho Fernandes intcgravamse, com regularidade, durinte © ano de 1996, na clique de ‘nomiinada " No Name Boys", eriida por sociose simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica pa raacompanhar €apoiae as sus equipas, sobreaude ade futebol, aos jogos que dispuca mas varias competigoes desportivas © arguide Gongulo Joré da chofia'e representagio Ux clagi hs Guiniries Costa Dias, que jf anteriormente assum a "integrou of preparativos para © jogo da final da Taga dle sub judice / causas — 2 HOMICIDIO INVOLUNTARIO Disparou um very-light Luis Espirito Santo, Rel. Tribunal de Circulo de Ociras Acordao de 1998.02.13, 2° Juizo 1.A.composiese pitéenica aque se 4.0 n0- tne de verylight nao € uma sbstancs oy Plone ne temide do ar 2 do Codigo Pe- Bal, embors comtenba uma carga expaleora deuinada'alibertr umn pequene partgee devee defagnrs cage doninante 2. Age com negligtacia gromcira 0 agente ‘qve, durante wm ogo de futebol, langa um Very-light em direogae & bancada oposta de lum estddio, repleta de espectadores ~ 30 lservande a regra do seu langamento na vertical = conflando em que cate sobrevoa- faa bancada e nao a atingiric alo preven- do a possibilidade de, por crro de manobra, linglr efectivamente evsa bancada, matando ‘uma pessoa, como efectivamente sucedew, IRS. + Homicidi tnvoluntirio TNegligtociainconsciente Dal ental + Very light Satcher SCreig72, 275-1 SDL 207-078: oe 1998 as HOMICIDIO INVOLUNTARIO Fol assistir ao Benfica-Sporting, integrando a claque dos No Name Bry. Do ontre lado, flcavam as hancadas da juve Leo ‘Antes do inicio do jogo, langow wm prisnciro terylight, por cia da bancada da Juve Leo. Quando do primeiro yolo do Benfica, dis Parou oul verylight, no meio da exak fox era Mas o foguete fol contra a ban- cal, malando ai wan eapectaor, 50 1998 Portugal em futebot, que teve lugar no dia 18 de Maio de 1996, no Estilo Nacional do fax Na qualidade de represensante da claque dos“ No Name loys *, anguido Gongalo José da Cu. ‘tha Guimaries Cova Dns paricipou em reunites coma BS. a direcgio do stico do Janor ‘com outris cagues, designadamente " Os Diabos Vermelhos” ea" Juventude Leonina os diss que amtecederan a oye, destinadas a peeparsee orpanizara sua presenga seat acemtec. ‘mento €2 sensibliadas para a necessidade de que o mecsnin decomresee sem incidentes Os elementos afecws i claque des "No Name Boys”, reuntam-se, por vezes, nas insalagies sltuadas no interior do Estadio do Sport Lisboa e Benfica, que thes foram disponibilizadas pela clube, a convivend © prepariedo muteral de evcengifin 8 uiizae nos jogos, © referido grupo avanvinha rivalidade com claques apoiantes de clues adversiios, somes sdamente « do Sporting Clube de Portugal, verlhcando-se por veres escaramugas entse mem dros deseas dus claques Durante os jogos, elementos da claque denominada “ No Name Boys tilzavam, para lem das bandeiris, cacheobis, camisolas haxas de plisrco que os identificavam ¢ seviam para incentivar 4 equipa, material, como potes de funio © uchas, destinados a serem lanes ‘com o objective de’ assinalar ¢ empolae a sua presenga nestes eventos desportives. (© anguido Hugo Miguel Perciea Dias Inicio acompanhava coo eegubiridade x caque dot No Name Boys e era conhecido de outros elementos do grupo, No dia 18 de Maio de 1996, o arguido Hugo Inicio dirigiv-se ao Estadio Nacional, integra tna claque No Name Boys, para assists 6 jogo da final Taga de Portugal, em futebol, en {ce as equipas do Sport Lisboa e Benfica e do Sporting Clube de Portugal [No incerior do esto, w anguido Hugo Inieio ocupou as primeira fs do sector 14, do topo sul = proviamente destinado pela entcades ofials competentesdelague dos " No Name Boys Ew frente daquete sector, separadas pelo relvado, feavam 26 bancadne do topa norte, one Se situava, entre outros, o sector 17, destinado, pelas enticades oficinis competentes, 2 ser ‘ccupado por adeptos sportinguistas, mormente pela claque "uve Lea" Adi Antes do inicio do jogo, sensivelmente quando alguns paraquodistas, largidos de helicipe- fo, fnzian a sua aproxinagio a0 felvado) 0 arguido Fug) Indeto, dagicte Kuga, lingou um ogucte denominado * verylight, que tinha om seu poder, Para el, 0 arguido Hugo Inicio segurou o foguete* verylight™ com a sia mao esque i clinow-o em posigio obliqus, part cima e ligeiramente para a frente no sentido morte, rete wecer 3 patlia e empurrou esta de todo a activar cia entre estas duas baneadas é, em linha recta, da ordem dos duzentos metros. Fou a proteesio de borach qu f s respectiva propulkin very light" desereveu uma traject6ria em arco, ido eae prs Kem das bancadis do topo norte do estédio, em cina de ums devotes junto 40s balneiios Tendo provoeade um pexicne incendio news, © arguido Hugo Inicio proviea que 0 foguete assim disparido sobjerassse a hancada do to po none do Esticio Nacional, reservacn aos adepins sportinguistas © ve fd a altuea se en contrins repleta de pessoas, Fedo de modo a que o mesmo foste projectado de haixo part cima, em utco, de modo a sobrcvear a bancada que avistra A sua lreate tos depois do inicio do jogo, imediatamente a seguir ao primeiro goio do Benfica, © arguido Hugo Inicio, aquando dos festejos por este geno, da segunda fis do ja relerido. sector 14, langou uns segundo foguete " very-light Verifcava-se, nesea mesm altura, uma grande aginsso no grape de especadores, € pat coularments nos elementos afectos 20s " No Name Boys", que. rodcavam 0 arguilo Hugg Inscio, havendio abragos, empurrbes, saltos, ritos © ouiras exileasoes de grande regozio. Tambéim desta vez, 0 arguido Hugo Indcio segurou o foguete * very Hight * com a mio ex yuerda, colocow-o obliquamente para cima e inclinady para a frente, ao sentido norte, retirou a proteesio de borracha que Use aparecer a patil, Em virtue do seu proprio esuco de euforiac da permunente agitagio das-pessous que 4¢ ‘encontravam junto asi, envolvendo-o, 0 arguida Hlgo Inacio, no momento em que empur. rou a patil que acciona a respects propulsfo,inclinow mais 0 faguete do que havia fe to aquanclo de prinire langamento, © instrumento assim disparado seguiu uma teajetirin tensa © quase em linha rect, sobre vou os jogadores, percorreu toa a distincia entre as dune bancadas © foi coe ‘corpo de lui Anténio Perens Coetho Mendes, que assstia 20 jogo 1 Sector 7, do topo nor. edo estidio, penctrand na regio do pelt, de frente para tras, sa exguerda para a civela « ligeiramente, de haiee para eine, Este embate provocou em Rui Mendes uma ferida perfiro-contundente na regiio parses emia esquerds,situada catorze ceatincts absixo do plano horizontal que passa pelos om bros, tenul © orificio uni diimetro de sete centimctros, oan eixu maidr horizontal, com os bordos queimados © cm visualise de teeids moles no interior ‘Causoushe laceragio da triqueds,crossa da aoe € lbs pulmonares direitos, queimades © ‘com pélvarn aderente ; hemorragias subvendocialicas ; Heragia dos areos posteriores 2 — sub judice / causas 6, 7 © & custelas diritas € da espessuira da musculatuca intercostal ;congestio meningo- ‘encefilica, quucimmudura da suutculaturn peitoral divita © asfiia por intaxicagio par mo. oxido de earhono, lesbes que, por si s-0u associadus, foram causa da morte de Rul ANG rio Pereira Goelho Mendes, ocorrda pelas 16 horas € 35 minutos desse dia 0 arguido Hugo Inicio apercebeu-se, pouces momentos apés, do impacto deste foguete " verylight ” 9a bancada de ateptor sportinguista, onde se alelu unta eieeia Ao efectuar este segundo langanento do foguete “very light", previu 0 arguido Hugo ind cio que tl nena se diigisse na divcerdo norte, sendo sua imtengie que 0 mesmo so brevoassea hancada de espectuores, conflando que sequisse una tajectéxinidéntien 20 pr Contetia o mado de activagtio, poten € alcance do foguete "very light" bem sabendo {que He a meno, na sua trajectrin,viesse a embiter-em alguGm the poderia causne a morte Sabia que 0 modo correcto de langar tal foguete & na vertical Tinha, ainda, conecimento que 0 fogucte ~ very light” percorre em linha reeta una distin ia superior a 200 ( duzentos ) metros, em poucos segundos. No instante do disparo, no previu o arguido Hugo Inco que logo que accionado o meci- nismo de propulsio naquells circunstineis © urteFicto sUsse, como efectivamente salu, ‘em linha recta, na direcgdo da bancada em frente de sie que fosse atiagir qualquer es- pectidor,ferindo-o ou macindo-. Proximo do intervao, ouviu dizer que morreu uma pessoa atingida pelo foguete, tendo con- luido que essa pestou fora mortamence atingida pelo” very light" por sitangado, Nessa noite, so ver as images na televisio em compankia do seu amigo Ricardo Filipe Mici Palnia Rava, o arguido [Huge Inicio Geow emocionado x ehocado, no contendo 6 ineésno 6 que as mesina The caussvam. Momentos antes do intervalo de jog, velo 0 argue Jorge Nelson Viana da Hoch a ser ie tercepado e detido por syentes policais, que entreanto se haviam introduzido no interior 449 sector 14, da tope sul, di Extidio Nacional, em poder de un faguete very light NNesst mesma ocistio preendeu 0 arguido Jorge Nelson Roche langar tl areficto para © chio, de modo a evitar ser relacionado com o langamento que, algun tempo antes, havia atingido um adepto sporsinguista na bunesda em frente. © anguido Jonge Nelson. Rocha havin transportado esse very light para o interior do estidio pds haver beneficiado de uma. oleia na ford Transicpertencente ao arguldo Luts Filipe dos Stntos Vieira conduzido ni alturs por Nuno Gago, que ostentava uns livre trnsto, ¢ de tl instrument ihe ter side entregue por individua nie identieado. Vierum os agentes policais, nessa mesma altura, a aprcender, junto dt primeira fita do sce- tor {4, do topo sal, onde s¢ enconerava claque dos” No Name Toys ~ una eaixa de ears eoatendo 40 ( quarents ) potes de metal contendo fume sinalizador, Je marea " Comet om 0 peso de $75 gramas cick ; 6 ( seis ) toch da seca ~ Comet” com armngio metal fer unis toch da hare” Polar MKS ", com armuagie aetica; 1 (unna )cocha sem mires omg cabo en madeira; una” very lige" ca marea ” Comet” de eoe heanes, com 0 peso Je ‘eins tim” very light” ea area” Pain Wessex ~ de cores amarela e verre to da sua dcteng ‘ocorrida em 6 de Julho de 1996, operada por agentes da Policia Judiciria,o arguido Hugo Inicio tint em seu poder 0 passe social combinado Rodovidria dde Lisboa / Caminhos de Ferro Portagueres a!" 027184 c com a senha n® O17567, de mcs 4 ‘de 1995, emitido em nome de Ricardo Palmeiro, que Ihe foi de imwdiato apreendico. Gs foguetes clenominados * very lights“ anterlormente referidos altars da ordem dos 300 ( trezentos ) 400 (q¥atrocenios wetros © ards fea luminosa durante 40 (quairenea )/5D (cinqueata ) seguaclos ea queda paraequedse Possuem «és tipos de cargas 4 1, propulsora, destinad a fazer subir o conjunto através da cexplosio lena nio desintegratva da respects substincis, «2%, expultons, destinads a ca fr uma explosion desintegrativa que linerta 0 conjunta do paes-quedue dellagea 3%, pe & 2 carga duminante que ocasiona a uminagio, objecivo para que © aparelho € conecbido. Consta das instrugées impressas no invétuero do foguete” very igh ~ que © mesmo deve sempre ter langado na vertical, aise arsinalando, strives de exemplos figurativos, fora ome deve rer utilzade e a forms como nao deve ser lingade. No dia 31 de Maio de 1996, oarguiclo Luis Filipe dos Santos Vieira tina em seu poder € en Luegou a agentes da PolichaJudiesirin uma caits de cartio contend tints seis rockets Je cor branca da mares" Comet"; dois amarclos da quarca” Paint Wessex "un vermmelho di area" Useos Era entendimento das entidades policiis que aeruavam junto das elaques de Futebol, que a simples detencio, por elementos destas, de wochas ou foguetes "very light" deveri dar he: far 40 levantamento de autor de contra-orsenagio, Em nenhunst dessas ocasioes teve lugie a detengio e posteriori mie aos possuidores desse nsteral, dado que as entihudes pol sidleravany que e384 prt rauragio de processo ex ais iervenientes nio con- ‘pudesse consticuir um fiero tpifcado na lei como el, sub judice / causas — 2 HOMICIDIO INVOLUNTARIO Esperava que 0 fogucte sabrevoasse a ban- cada, no que, por erro do disparo, s<- [guisce quase em linha recia, atingindo esse ‘spectator. 0s foguetes sio usados para sinalizagio Iu- sminosa das embarcayses. 1998 st HOMICIDIO INVOLUNTARIO Antecedentes criminais do argu, ‘A itestio das reais intengoes do arguido 20 langar 0 foguete. A pasicao do Supreme Tr: Donal de Just 52 1998 No imbita do inquérto levado a cabo dos presentes autos, 0 arguide Hugo Indio mosteon se colahorante com as autoridades judictiias e polis, dixpondo-te a cooperar em toss 8 ciligenciss reazadas com vist 20 toal e completo esclaecimento dos acon tecimentor, © sarguido Huge Inicio jé sofreu as seguintes condenagics, ransitadas em julgado, cons tances do seu centifiado do resto criatinal —No processo n° 401/93, do Tribunal Judicial da Comaea de Tavira, pela priica, em 19 de Maio de 1992, de um crime dle furio qualificado, previsto e punido pelo art. 296, 297, n°2, eat d) © h), do. Cod, Penal de 1982, pena de 15 ( quinze ) meses de prisio, cuja exec ‘glo foi dectarada suspensa pelo periodo de dois anos. (deeiso datada de U6 de Janciro de 1995). ete Ml, 1599 1 1603, — No processo n? 158/94, da 2* Sessio da 10* Vara Criminal de Lishea, pela pritica, em 25 ‘de Jancine de 1993, de um eflme de farto qualibeado, prevista © punido pelo art, 296, 297, 1° 2, alinens c,d) €h), do Cod. Penal de 1982, pena de 2 ( dais ) anos e 6 (seis) meses de pris, endo side perdoade 1 Cin ) ano de prisia, ans termes do art. RY 91, lined, 4), ta Let n” 1594, de 11 de Maio, € subsieuiéo 0 remanescente da pena de pristo por mek fa (decisio daeadi de 1 de Junho de 1994 ). — cfr ly. 1625 a 1630. = No procesto n° 1130/93.9 PASNT, do 2° Juizo do Tribunal de Cireulo de Sinera, por ace. io datado de 24 de Abril de 1997, ‘transitado em julgado em 12 de Maio de 1997, pela pet ‘ica, na noite de 8 pari 9 de Setembro de 1993, dc um crime de furto, previsto © puride Ar, 203, n° 1,€204, a 1, alinea b), do Céd. Fenal de 1995, na pena de? (dois ) anos © 6 (seis ) meses de pris: [Nos teemos do ar. 8°, 1, alinea d) € art. 1, da Lei n° 15,94, de 11 de Maio forany deck. rads perdoados nessi pena 12 ( doze ) meses de prisio, sob condigio de ndo pratcar 0 aF- sudo infrucsio dolosa de nacureza criminal nus trés anon subsequentes 4 12 de Maio de 1994, Feando assis tal pena redurida 1 (unt }anere 6 (seis ) meses de pris, ( actnd sata he 24 ce Abril de 1997 ). — cles. 1451 4 1458. ‘© arguido Hugo Inicio tem como habilitagbesliteririas a 4°. classe. Tem experiéncias labor ris em actividades indiferenciadas NNenhum destes arguidos tem antecedentes criminais registdos. Nao se provou que Fundamentacao (© ‘Tribunal formou a sua conviesio com base no conjunte das di dss nos autor © eximinudas cn sudigneia de eriteamente ‘Mende, fundamentalmente, 29s elementos probatérios que se enunciam inf, respeitin: {ess seguintes questies fulerus colocadas 26 Tribunal em sede de aprectagio © fixagao da materi de facto provadia © no provid, 1.- Quanto ligagio dos arguidos A claque dox " No Name ays“. Suns activi. dades no scio da claque, Peeparasao para 0 jogo da Gal da Taga de Portugal em futebol. [io restaram elvidas a9 Tribunal que todos os arguidos, & excepsto de Francisco Eduardo dla Silva Duarte, tinhan ligagio, A data da pritica das fuctos em aprogo, enqtsinto seus men bros, 3 elaque dos “ No Name Boys * requentando-a com maior ou menor regularidade. ‘al ligacio Veioa ser confirmads em audiencia pelos diversas depoimentos de testemunbas que feferirim pertencer, na mesma ocasiio, 2 Gagque e que recomhecerum neles essa quall- sade. igéncins de prova reali. iscussin « julgamento, analisadas conjuyada 2 « Actuagio do arguido Hugo Miguel Pereira Dias Inacio no que concerne aos dois alegados langamentos dos foguctes denominados por“ very-lights * no Esta: ‘dic Nacional, no dia 18 de Maio de 1996. Suas motivagdes, modo de agir ¢ conse- ‘quéncias, (© arguido Hugo tn‘cio, invocando nxzbes de ordem psicoldgica, entendew por bem nio prestir em audiéncia de julgamento quaisquer declaragocs. ‘A conviegio do Tribunal relaivamente A identificagio do autor do disparo que vitimow Kut Mendes, an modo ds sua actuigio, circunstincia © motivaghes, alicergou-se fundamental: mente no sequin + 44 no que respelta ao apuramenco das reais imeengies do. arguid 20 realizar este segundo Langamento, compre saienttr o referide no- dourto scbelo der Supemio Tabunal de Justia dell 1340 1371. Aise disse: > Certo € que 08 elementos subjectivos de um crime, revistam eles a tonalidade de dolo ow 0 cart de negligéncia, pertencem i vida inti € interior do agente, assumindo wma snaturcza subjectiva, insusceptivel de presciéneia ou apreensso directs. Contude & possivel-e sendo possivel, havent que avangarse a undo nessa possibilidade 2 — sub judice / causas HOMICIDIO INVOLUNT: eo Homicinio rvotuntii’ ~capeira sua existéncia através e mediante facealidade material que os possa inferior ou [permitir divisu, ainda que por via de presungécsligadas ao principio da normilidade om As regras da experiéneia conum, ruzdo porque entendemies que pertence np Aabite da imatéria de faeto 0 apuramento das inengbes ea Meagio dos elementos subjectivos doe Aiciton” Neste mesmo sentido, ¢salientado no acédio do Supremo Tribunal de Jusiga de 1 de Abel de 1993, publicado in BM) n° 426, pag. 161 € 162, oque, peta sa particular pertincneta, se passa a reproducie * De resto, bem pode aflenscse que 4 muito excepcionalmente & prova directa nos tra: © conhecimente dos factos de natureza psiquics, em que 0 dolo se plasans na repre sentagio mental do evento tipkes, intencio de 0 realizar, iguracao subjects desse even to como consequéncia necessaria ou possivel de determina conduta,conformagi lo ‘Agente com a sua realizagio, £ elucidativo, sobre este tems, o sco vata Can 20 de Janciro de 1987 no processo n° 341/86 do Tribunal ds Relagin le Evora. "A representa ‘380 mental do resuladdo © a conformidade com este pertencem a0 foro interno do agen {fe ; mas 0 julgidor pode e deve captar a existénels de dolo evenatal partinda de actos consumads, Daf que quanto maior foro geau de probabilade de weicagao do evento, ‘objectivaniente considerado, mais (ell te toruars 4 propensiy pars a acciengao do rel do peefigurado pelo agente, previsivel pars cade hanvem normal © segundo 4 expe ‘No campo dourrinirio, pronuncta-se 0 Prof, Cavalete Ferreira quanto a esta matéra, n “ Lie $65 de Direito Penal, Vol. 1, pag. 185, nos seguintes termos +" Os actos psiquicos sto de Aifcil comprovagio por terceiros; nie se eonyprowimn em si mesmos, mas meant lagben Daia tendéncia, muitas vezes, na histirte do direit, para comprewar medlante 9 recurso 4 certexa ov probabildade efectiva de produgio Jo erento © fd nis a0 juan do agente salve essa certeza ou probabilidade. As dificuldades de uplicagio de quaisgucr eiterios, ta prt i so ineRaveis, € $0 a casivdencia e bom scndiy de julgacloe penkerd destind tas no cases Na singin em aprego, o Tribunal atendu, esseneialmente, aos seguintes elementos objec tivos donde ¢ postive! inferie que o arguido Hugo Inicio nio teve a intengin, nen previ ‘Que 0 artefaco por si langado ira auingir qualquer pesson situadh na banca frontal {a onde se encomtrava, encontrandons2 38 ‘fo ou areitagio de tl resultado lsivo. Em primeiro lugar, tal instrument € laigado precisamente ups a mavcagéo de um golo por parte do clube de que o arguido era adepeo, inculeanc a ideta de que se trtaia de Umma se {to inserdo num contexto de celebragio festiva desse acontceimente. ‘Tal Iangamento ten assim unna explicagio, uma eausa préxima € espontinea, surgindo nue ontexto de euroria colectiva que o arguide Huge Indcio comunggava com toWlos 09 Outre clementos da clique dos ~ No Name loys Nio € feito fri, premeditadamente out cont Isives de ealculismo. © anguido no fez de forma gratuita e sem um contexto especiico, alo existindo, aparen femente, naquele momento, qunisquer mouvos suscepeives We ncieatar a rvaidade club. ‘2 que mantinha com a claque da equipa opasitorn dit sua Por outro lo, este segundo langamento € preeedido, com um iatervalo de cerca de dez mi futos, de outro efectuado pelo mesnio arguide, que sobrorao a hancada do topo novte, E pois perfeitamente razcivel concluinse que 0 arguide previsse que este segundo diagno viesse a seguir sensivelmente a traject6ria do primeira © que, nin abstante a perigosidade ue esta sus acgio sempre envolvia, nin provocasse qualsquer anos de natureza pessoa fio 05 canfigurande sequen Mais se provou que o arguido $6 préiximo do interalo ein a saben, dos sua volta, que havin mortido algaém na bancakla opasts st, tingide poe ue Rogue Nao obstante se haver apercebido, poucos momentos aps 0 kangamento, do emibate do en: {Reno da hancada sportinguis,o arguido nio teve logo conhecimiento ov se convenceu das onsequéncias trigieas decorrentes da aga que impulsionou. Ete elemento de facto, revelador de algunta surpresa por parte do lancador quanto a efei- tos aleangados pela tajectorin do foguete, milta no sentido de que, efectivamente, 0 ari. 40 Hugo inicio no prefigurou, no momento em propiciow a wa largada, a possiiiade da ‘erileagio do resuleado que infelamente Veio a acorrer Digaise, finalmente, que mio subsistem davis — sendo um facto do conhetimento de to- dos quanto assistirim, em directo ow pela televisio an encontro — de que, ma bancida Mi, ‘depois do primeiro golo do Benfica, o ambiente ets de delrin ger © de ineontnolivel agi ‘aio 9 mole humana que compactamente compunha aquele sector ‘Assim sendo, nada mais natural do que a cireunstincl do atguide haver sido efectivamente ondicinnado pelo movimentasio que se gerava 8 sua volte pelo seu estado de espirito eu Kiico © efusive, Menos provivel se apresenta, em termos de experiéneis comum, a hipstese de anguido, na- quote momento de explonio de agra, ter prefigurado 4 possibiidadk” de, em ver te apenas dar lngas a0 seu entusiaemo, provocar também ¢ dolosimente wma mycrte na bancada oposa. sub judice / causas — 2 © arguido io teve a intengio nem previn que foroe atingie qualquer pexsoa da hanca- 1998 53 io se provou que os foguetes tivestenn si do adquirides come iastrumento de dofess fon agreasio contra 1 clagque da Juse Lao. © arguide apenas pretends festejar © golo De resto,» pnd eajcenra tensa © quise ent linha recta seguida pelo foguete indicin por si; no 46 algam inabilidade no teu langumento, como as deficientes condighes de que dis: [puna o langador pars 0 efectine em termos de controlar 0 respectivo percurso. Saliente-e, ainda, que no se provaram em julgamento fuetos-alegados pela acusagio - sus ‘ceptiveis de militirem fivor ds hipGtese do arguido ter didigido propositidamente o langa mento do" very light” para © sector 17, do topo norte do estidio e aceite provacar 0 cit do evente Lesivo, Com efeito, nio se provou que os foguetes “ very light" tvessens sido adquieidos pela ela fgue dos" No Name Lays come instrumento de defesa v agressio contra claque di J ve Leo", vista come nu seg io se privou que se tvesse registado qualquer incidents geave entre aiembeos das dus Claques rivals, que susctasve entte 9 geupe em que ec integrava o rguido Hugo ledcio vane particular animosidade em celagio agucies, explicanda o lingament Fealizido come tnt Nerdadeira acto de intimidagio ou vinganga, Nenhum circunstancilismo ffctico apurado — em termos de prova produzida em julga- mento — concorre no sentido do Tribunal poder, com um minimo de seguranga e fund mento, inferir que este anguid previ a hipétese, no memento de langamento do foguete, esse arefacto vir a aingir a bancada em frente de $i Pelo que, nio obstante ser Sbvio 0 cardeter profundamente censurivel da actuagio do ar guido, rio reuniw o Tribunal elementos objectivos suficientes para, face As regras da expe: Fléncia comum ¢ a0 peine/pio da normaldade, airmar, com a sequranga exigivel a uma €on- ‘nag penal a este titulo, que o arguido Hugo Inacio, quando langou o foguets” very light sabia que este se drigira para a bancada de adeptos sporinguistas, podenulo atingie ak “desses espectadores © prewocirihe a more, resulude que, nesse easo, accitara 8 [Nacla nas autos, ens termus de elementos probatitios produzidos e analisados em audineia de julgamento, repitise, habits, com rigor, 4 extra tal eonclusio, endo ao inves 0 Thu ‘al fleado convencido que oarguido pretendeu sim fesujar um golo clo seu clube com o lane ‘Gimento do dito fogucte, 0 que fez, digu-se desde ji sem os mais elementares cuidados de [eguranga que the erm absclutamente exigi 4 Detengdo, transporte © ut taados * very-lights *, bem cv teristicas destes objectos. tzagdo por todos ox arguidos de foguetes denomi- inho ou dissimulacao. Carae- Relativamente 20 angio Jorge Nelson Viana da Racha, 0 proprio eonfessou, em audiéncia de jalgancrto, ter traneportado contigo wm fogucte "tery light" para o interior do Estidio ‘Nacional. ‘Teve o Tribunal em acengio o respective auco de apreensio de Ms. 35, No que cenceme ao material spreendide ao arguido Luis Filipe dos Santos Vieim, atendew ‘oibunal ae auto de apreensia de lz 216, atsinado por ett arguido, que‘em nenhurn mo: ‘meno proceesuil © colocou em causa, bem enmo as Fespectivasfotogralias juntas a Us. 219. Relatvamente 3 apreensio de material que se encontrava dentro de uma eaixa de cartio na primeira flu do topo sul, sector 14, arcndeu o Tribunal ao auto de apreensio de fs. 34, 4 [Buia de entrege dee, 36'¢ 3x expectivas fotografie «ls. 37 46. Neste particular, atendeu (6 Tribunal, ainda, as fotografias de ls 178 & 402, [No que conceme As caracterstcas proprias destesartefictds,atendeu o Tibunal ao teor dos ‘examct realizado pelo Laboratorio de Policia Cientea da Policia Judiciia © cujs rela Flos estio juntos 4 Ms, 251 a 255 ; 419 0 420 ; 421 a 423 & 425 a $27, Foi, anda, da particular importineia nesta materia, 0 carissimo € detalhado depoimento prestado em audiéneta pelo Ext Sf. Perito, Prof. Doutor José Leandro Lima de Andrade Campos, quc esclareceu com) profundidade as caracteristicas inerentes a0 instrumemto de nado” very light, 08 ritrios legais de base em que assentaram 3s diferentes legit jes quanto a regulamentgio do fornecimenta, trasparte, cedéncia, detengio e armen mento de prodatos cxplesivos © a0 pripria conceita de" engenho ou substincia explosia Neste mesmo sentido foi anaisado 0 waballi junto a fs. 1543 4 1353, elaborado por ese: mesmo conceituao perito, Quanto ao convencimento por parte das entidades policis de que a simples detengio de ‘Un " verylight "nab eonsubstaneiava a pritica de qualquer crime, endeu 0 Tribunal xo de- ppoimeno da testcamnha Luis Alberto Serreira Pebre Percine pac © alirmou em audiznet, hom comp an depoimento des eestintcs testemunhas quc assumniam a qualidede de agentes de autoridade e que se pronunciaram sobre esta mater, “Teve 0 Tribunal em consklerasio o Visionamenta da cistete video realizado em audinca anica © fa 5 - Condigio pessoal, sécio-et ide cada um dos arguidos © seus percursos de vida. Arendeu o Tribunal se conteddo das reltdrios socias juntos aoe autos Cumpre, agora, ef or pruvadi » juriico da materia de facto assente 1. Quanto a0 crime de homicidio, a titulo de dolo eventual, do Huge Inicio. Segundo o dowto requerimento acusatério, arguide Hugo Inseio teria langado um fogie te" very light" propositidamence na direegio da baneada do topo norte do estidio, onde se “encontravam o# adeptos sportinguistas, qe 4 enchiam compacta ¢ completamente, imputado ao arguic Feo, segundo 0 digno acusador, para os assustar € intimidar, preligurande a possbilidade de tal instruments, na sua eajcetdria, vie a embterealguns espectador. Sabia que, se al sucedesse, 0 impacto do foguete era susceptivel de prochizr a morte do es pectadne atingido, CConcluiu o requerimento acusatério que o arguide Hugo Inicio, clente destesfactos, ade sia essa mesma possibilidade, conformando-se com a sua eventual verfeagio. A provarsse em auditacia de julgamento esta versio dos acontecimentos, encontrar nos-ia mos efectivamente perante o cometimento por este arguido, como auor material, de um er ime de homicidio, praicado a titulo de dolo eventual Com efeto, dispée 0 art 131, do Cod. Penal "Quem rate exits pesso puinido com pens de prisio de 8 a 16 anos * Eselarece, por seu turn6, o art. 14, n° 1, do Cod, Penal que “age com dolo quem, representanda Umm ficto que prcenche ues tipe de eHime, actunr | art, 14.3 de Céaigu Penal. A férmula post com a intengio de o realiene tiva de Fruik para 0 dolo eventual Acrescents on? 3, deste mesmo preccita legal “Quando reaizacio de um facto que preache um tipo de erie for epresentada com cone scqutnca possvel da condut, hi Jolo 4 o agente actuar conformandosse com aqucl re magi © Cédigo Penal portugués acahou por peefithar, nesta muarcria, a formula posiiva de Frank segundo a qual se 0 agente no momento da realzagio do facto, € nio obstante a sua prev ‘io conto possivel, quer sctuar, « acontega o que acontecer, seja qual for o resultado da sta sctuagio, nfo rentncia 8 sua setUngio, tert responssvel a telo de dolo pelo facto previstn. (O agente pretende, pois, realizar um facto mas, em via subsidida, acita enum 9 ealiza lo de out que aguele se encontra ligudo. (vide, Prof, Cavaleio Rereir, in Diceto Penal Portugués, Parte Geral tomo by pag. 482 € 4483 ; Prof, Edaardo Correia, in Direito Criminal, Volume I, pag. 378 4 386, Claus Roxin, Derecho Renal, Pate General, imo 1, Fundamentos, Li Esteuctura De La Teoria Del Del pag. 438, Santiggo Mir Puig" Derecho Penal , pags. 261 a 264, Hans-feinrich Jescieck, in “Tratado de Derecho Penal“, Parte Ger, ag, 269 4 274, entre outros) Na jurisprudéncia veisse, entre multor owtms, xcSréios de Supeemo Tribunal de Justia de G de Junho de 1984, de 18 de Junho de I9K6, de 4 de Fevereita de 1993 € de 1 de Abal de 1993; in BM) ns 338 ¢ 358, 424 € 426, pags, 307, 248, 376 € 154, respectivamente Assim, 4 confimarse aquela versio dos acontecimentns, © arguslo Huga Inicio, ao querer, faquande do momento do seu disparo, que foguete ” very light "se encaminhasse a reecio dima bnneada cheis de petsoas, € sahendo da potenciahidade fetal de ta insteumven- fo quando na sua tnjectirtt embate com qualquer obsticulo humane, € Sbvio que 36 po- dria mesmo perance as regras ds experiéncin eonmm ¢ do principio da normalidade -ace: tar a vealiaagio de tl resuledo, que tinha admitide previamente come muito provivel Colocado perante 4 possibile de feriealguém do Inca sa frente - que previa nguido, no ciecunstincialismo fictico deseeto na acusigie, mio teria renunciado A sua ‘uagio. 'S6 que na situngio sub judice a preva produtida em audiéncia Vein a eontraviar, nos seus as pecios essenciais, a versio susteneads pela acusagio, quanto x0 ¢piadra factual sobre © qual ‘eve incidir © competente enquadramento juridieo, ‘Com efeite, nfo se provou que 0 arguido tenba alguma vex prefiguridlo a possibildade de sir atingie com 0 foguete ~ very lights buncads frontal sua, bude se encontravam os adep. tor sportinguist [Nao se provow outrossim que o arguico tenha langado tal artefact proposizadamente nad rexgio dessa baneida, querende pois ou accitando que o mesial fesse parat. Felo contririo, provou-re sim que arguido pretendeu langar 0 dito foguete, na direesio nore, de baixo par cima, em arco, confandlo em que o mesmo viesse a sobmevene a Dan- ‘cada oposts do esti ( © mio, olviamente 2 ating). Tendo reswada pravado que o arguide Hugo Inieio no previu que © langamento do xe: | Camo o arguide no previu o facto, esti spundo foguete" very light "pudesse atingir qualquer dos espectadores, est 4 partida afis- | afastada a hipstese de dolo, mesmo na for- fda a pritica de um homicidio doloso, sma de dolo eventual. Com efeio, 0 tipo subjectiva das crimes dolosor comporta necessartamente unm clement intelectual ( conhecer, saber, prever os elementos objectivos do tipo ) € um elemento coy nitive ( querer direct ou necestariamente a8 elementor do tipo objective ox conforma se ‘com tua verficagio ) ‘sub judice / causa: -2 1998 55 objective © subjective das crimes regligentes. O dever especial de cuidado, . Se tive obwervada 0 euidade minimo ex ido, aunea teria atingido # vt Hiouve negligtnela inconsciente: mio pre- viu, mas poderia ter previsto o acidente, 36 1998 ‘Assim sendo, mesmo na fornia de dolo eventual, exige-se, sempre e primeiro, a verificagi. do elemento intclectual, qual consist, no easo em aprega c nos termor Ua acUsigan ( hhomiciio com dolo eventual ) em que o anguido Huge Inicio teste prevsto ou tvesse Dido que a sua conduta concreta poderia ating alguen dos eapectadorce e, que 4 tl acon recesse, poderia provacirhe 4 morte. Na medida em que iso nio aconteceu, tomase desneccssisio aferir do elemento voitve da tipo tubjectvo doloso, ume vez que & elementar que este tem por pressuposto mila o elemento ineclectual- singuém pode querer ou conformarse com aquila que nse prevé, nao sabe oa nao conhece, ortanto, a factulidade apurads, a integrar a prtica de um erime de homicidia, 6 poder ser relutiviniente 40 ipo negligent 2+ Convolagéo para o crime de homicidio praticado a titulo de negligtncia, divi a impossitilidade, nu presente stuagio © face 4 factalidade assente por inp "titulo doloso, 0 mesmo ado se po \derd dizer quando fal imputacio se esuibelece a titulo de negligéncia Prevé 0 art 15, do Cod, Penal ~ Age com nepligtnela quem, por no proceder com 0 cuidudo a que, segundo as «i ccunstincias, est abrigado e de que 6 capa: 2 Reoresona como pose a malzagio de um fro que preenche um ipo de cies ‘tua sem se conformar com etsa realizagio | OM by Nao chega sequer a representar 1 postbilidade de realizagio do facto ‘Atendendo a que os crimes negligentes nse io umn” minut * dos crimes doloso, Uilerent Assim. 0 tipo objective dos erimes negligentes de resultado (visto que & isso que interessa ) ‘compreende necessariamente « sempre, a violugio de um dever dbjectivo de euidado emergent da lel. ou mes: ‘mw di experiéneis comuns, por acgio ott omnissdo da acgko devida 5 2 proxtugdo de um resuleado spice 5 —a verifcagia de um nexo de imputagio objectiva derse resultado 8 conte viladora do ever abjectivo de evidado, © qual se preeache com um nexo de eatalidade natoralistico. ‘entre esta iltima e o evento tipiea, se extefoste evtivel (pelo menos diminuida 0 isco dda su producio ) pelo comportamento ico alternative. © tipo subjective dos crimes negligentes — para quem entenda que o comportam — prec cche-te com o facto de 0 agente querer a acgio violadars de dever objective cuidado, pre- vendo 0 resultido mis alo se conformando com a sua verficagio (negligéncia conscientc) ‘u, aint que ndo 0 prevende, desde que ele fosse previsivel para v homem médio do tipo social do agente sitwido no conereto circunstancialisma deste (negligencia inconsciente) [Na situagio sub judice, cumpre sefere + Considerando que se apurow que agente conhecia 4 perigosidace do fogucte ‘very light us poténcia ¢ a circunstineia de, aingindo alguém, ser adequado a provocarthe fe mientos ou mesmo a morte — estara obrigado a usilo com especial culdado, © que cine preendii, no minim, a abservincia da regra do seu langament na vertical, Portanio, pelo simples facto deo ter disparado em posigio obliqua de baixo pura cima e com ‘uma inclinagio para a frente, tendo 2 sua frente unma bancada repleta Ue espectadores, vi lou clementires deveres objectivos de cuidado, quc um honvem de diigencia media, sitar do naquele circunstancalismo conereto, nil teria deieado de observa, ‘Assim, mostrando-se preenchido © primero dos elementos do tipo objectivo de hamicisio negli «8 conduts viokidora do dever objetivo de cuidado (n0 caso por xe540) — re. stlta evidence que a restunce EicuaTidade preenche of demais elementos objectinos do Gp do crime negligente ‘Com efi, seyundo foguete "very light" langado pelo arguido Hugo tniclo nos terms ana lisados chocou com 0 cotpo de Rui Mendes, penetrov-o © prowocowrine estes que ihe deter ‘minaram a more, sendo cero que se tvesse observado o dever minimo de cuidado nauela sk twagio concret (por cautela misina, munca 6 teria disparido num esto repleto de pessons) ‘ou Sejt Uspanlo na vertical (0 que constava do prépeio inwélucro do very ight", podennos firma, com ume seguranga préwima da cerczs, qu 0 foguete rao teria aingido ning Logo, 0 comportamento licito alcrnativo teva, efectivaments, evita 0 resultado. Encontranse, deste modo, veriicados os restantes elementos abjettivas do crime de hom cidio negligente, ou sei 0 resultado (qorte) ea imputigao abjectiva da evento tpico & con ‘due do agente. Na medida em que o arguido Hugo Inicio no previu que pudesse atingir ¢ consequente- mente, suatir qualquer dos expectadores, agiu necessariamente com negligencia incon iente (a0 previa, mas poderia ter previsto} 2 — sub judice / causas HOMICIDIO INVOLUNTARIO Ensina a este propésito, Cus Roxin, in ob. cit. supra, pag, 1019, que a disingio entre a ne- | Distingéo entre negligéneia consciente € sligencia consciente e a inconsciente no comporta grande relevincia, una vex que olexis- | negligencia inconeciente, {ador nao the fix corresponder, deforma vinculatva, dierentes consequénctis juridicas. NiO existe uma verdadeira relagio de grandeza em tenmon de grav dle censurabilidade entre 48 suas miodatiades, uma vez que a falta de alengio cque conch 4 nn previsso do evento le sivo poxlerd pesar amis, neste sentido, do que a confianga na nin pradugiv desse mesmo r- suleade tipicn, Neste mesmo sentido se pronuncian, em termos expressos, Stntenwerth, in "Manual de Di reito Penal”, pag, 326, nota 1104, Teresa Belews, in “Direto Pena, I volume, pag, 592, Gon alo Quintero Olivares e outros em "Comentirios al Nuevo Céviga Penal", fy anotagio ao an. 142, do Cod, Penal Espankol, (onde se preva punigie do homicide iiprudente com ‘metido com imprudéncia grave, com pena de 15 anos de prisio), pag. 693 694, Thins: Heinrich Jescheck, in “Tratado de Derecho Penal” Parte Geral, pg: 516, aqui se wansere- vendo as palavris deste ditimo autor 1 “Tie pouco existe entre ests dss orodalidades de negligéncia una relagio de grinders, dado que tude de quem nem sequer previs 0 perigo pode ser mais reprovivel que a despreocupacio, na iniprudénela consciente, de quem sobrestina as suas priprins (orgs. A importineia pritica da distingto entre 4 negli _géncin consciente & incontciente consiste sobretudo em que deste mado Re trap i ca Tinha de separagio com a dole eventual” 3 - Da qualificaglo da negligéncia como grosscira, nes termos do art. 137, n° 2, ‘do Cod. Penal. ‘A negligoncia grosseica — comrespondente ns nits Figura da culpa temeriria (vide, a este propisio, o Prof. Cavaleiro Ferreira, in “Ligdes de Diecito Renal, Parte Geral pag. 234 ) — ‘consubstancia se numa violagko grave dos dleveres geris de eatcla que incuaiems a0 ag ‘te, atendendo 20 circunstancialismo conercio que envolve e emt ite tu, Esta negligéncia qualfcada tno pode ecorrer em ituogivt de negligincia consciente eo imo inconsciente, tl como fsa, Santiago Mie Puig, in "Derecho Penal’, Pare Geral, pag. 291, ‘onde se pode ler: “Pode constituir ‘imprudéncit temenira tanto culpa consciente como a inconseiente, sendo por vezes mais imprudente o emprecnder” de dereeminada concut sem a preacupasio de prover os riaeos que esta evidentemente spi". Refere, a este proipésito, José Luts Serrano Gonzdlex de Murillo in “Teoria del dette imp dente ( Doctrina keneral y Regulation lege eral 3 jurispruden- cia espanhola estabelece a responsabilidade « Gtulo de “impeudeness temeriria” nos casos fem que mio tenfam sido observadas as mais clementares regras de cuidado, aquelis pelt dais aué a pessoa ens descuidada teria gid sa cone. (ve, anda, a este resp Cuello Can, ia “Derecho Renal, tome pas. 474). Ora, na sieaagio sub udice, o arguido actuo com wu auscncia dos cuidlos minimos que se | Houve negligéncia grosecira exigit a qualquer perso colocada no seu lugar, anda que muito deskixata cu imprevidente, Com efcito, ¢ retativamente 20 very Ponderar em que ghe que velo ating © infer Roi Mendes, havens que —ourguido Hugs Inicio procedou ao lansamiento dum foguecte que sabia aleangae em linha recta, € em poucos segundos, us de dutzentos metros. = Ro, sem ser no sentido verses, come impium as respectivas regs de segura que © arguide conhecia. —actuou envolvide numa mole humans imensa ¢ om frenética agtagio, o qus, com nko po dia deveir de saber. Ihe prejudicariaa concentnigio ea lbertde de mevimentas indispeneh- | vels para efectuar 0 langumento em condicoes de: poder controki a respectiva trjectonsn; — dle priprio se encontrar, na altura, euftrico © efusivo, sem a serenidade © tranqullida: des exipiveis a quem maneja este tipo de abjectos naqucle eircunstancalien. ‘Todos estes clementos de fcto enim do conhecimento do arguido Hugo indo, que mesmo. assim decidiu empreender uma conduits objectivamiente perigost Em contripartda, nenhum empenho colocad da sua parte no sentido de se power asp ‘ur mininnimente que, dessa sua acgio ado viessens 4 resultar nenhiins dase, mormente scos, para terceiros Encontramonos, pois, perante uma gravisima violugao dos deveres de cuihido que se int Dunham ao agente na situagio concrete que alo pode deixar de considerarse, no conten {legal supra enunciado, como grosseira. 4 Da qualificagio do fagucte “ very light " come engenho ou substincia explo- siva, nos termos ¢ para os efeitos dos arts. 3° n°.1 al. g) de Dee.Lei u* 2074475 de 17 de Abril, ¢ 275, n® 1, do Cod. Penal. No entendimento da doura acusigio, cds wm dos arguides ter prticado, como nator mitei, lum erin de uso €detengin de engenhos e substincas expvasivs, em connie com 0 is: owto no art. as. 3°1°.Lal.g) Uo Dee Le n° 207.75 de 17 de Abele 275, do Cod. Pera Esubelece o act, 278, 0° 1, do Cod, Henal: * Quem imporur, fabricar, guar, comprar, vender, ceder ou adquitie a qualquer titulo, transport, dstibuir detves, war ou trouxer eonsigo engenho ou suhstincia explosiva ‘ov capa de prociir expiosio nuclear, radioactive ow propria para x bricagio de gases sub judice / causas — 2 1998 57 © foguete very light seri uma -substancia cexplosiva para a lei penal? (© Regulamento sobre a Seguranga de Pro: dutos Explosivas inclui af 08 artifieios pir. tecnicos. No entanto, as composigées pirotéenic no detonam, $6 deflagram. 38 1988 téxieos ou asfxiantes, fora das condigGes legais ou em contrivio das prescrgies da autor Fidude competente, € punido com pena de prisSo até 3 anor ou com pena de nul (sublinhade nosso ) Disp, por seu turn, 0 ar. 3°, 0 1, linea g), do Dec Lei n* 207-N75 de 17 de Abel F proibida, sao aos casos previstos nette diploma, a detengin, uso « porte dat se _uintes armas, engenhos ow mavérias explosivas (8) Granada de milo € outros articles explosivas ou incendirios providos de dis rd inftansigio priprio." (Ory, a questio que primeiramente se coloca é a de saber se 0 foguete denominado “very light" 6 suseeprivel de ve enquadrar no conceito de “engenho, substincia ow arifeio explo ‘0, insito nas disposigoes legaa supra transcritas. ‘Compre, assim, atentar nas caracteristicasespeeificas € peculiares deste object. Conforme resulto dos eximes realizados nos autos, 0 mesmo possi tréstipos de carga 4 F, propulsors, destinada a ae subir © conjunto através da explosdo lents no desince- inte: luminante que ‘cisions ilumimagie, objective para que 0 aparciho € concebido, E fandamentalmente usado pars sinalzagio luminoss de embareagées, sendo langado’ ra fo alturas da Ordem das 300 ( trezentos ) 400 ( quatrocentos ) metros ear. dendo entio a mistura tuminosa durante 40 ( quarenta ) / $0 (cinguenta } segundos em. ‘queda amortecida por para

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