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Morfologia e Sintaxe (conceitos)

A Sintaxe é a área da Linguística que tem a frase como objecto de estudo. Ela estuda a
forma como as palavras se combinam para formar frases.
A Morfologia é a área da Linguística que tem a palavra como objecto de estudo. Ela estuda e
analisa as formas das palavras e os processos de formação de palavras.

Frase e período
Frase (conceitos)
Todo enunciado capaz de transmitir a quem ouve ou lê o que pensamos,
queremos ou sentimos.
Todo enunciado com sentido completo, ordenado segundo determinadas
regras.
Uma frase pode ser constituída por uma só oração (Frase simples) ou por mais de uma
oração (Frase complexa).

1. É constituíd a por uma só oração quando:


a) Apresenta uma só forma verbal (sintética), clara ou oculta.
Ex. Portugal é independente desde 1147.
Grécia, sede dos jogos olímpicos.
b) Apresenta duas ou mais formas verbais integrantes de uma locução verbal.
Ex. El Ayai deve ter mais de mil anos como Universidade.
A SIDA terá ultrapassado a fama da lepra como pandemia.
2. É constituída por mais de uma oração quando contem mais de um verbo (seja na
forma simples, seja na forma de locução verbal) claro ou oculto.
Ex. Luís Vaz de Camões nasceu em Portugal e publicou os Lusíadas em 1572.
Deve ser triste parecer se o que não se é.
Angola, sede do CAN de 2010, voltará a organizar o CHAN em 2012.

Tipos de frase
Ao enunciar uma frase, o falante afirma, pergunta, jura, acusa, pede, etc. Em cada frase
estará a evidenciar um certo número de actos linguísticos. A situação de enunciação e o contexto
tornam compreensível qual o acto entendido pelo falante. Os diferentes actos linguísticos têm um
reflexo na estrutura frásica, mais concretamente, no facto de existirem vários tipos de frases. Um
estudo das relações entre os actos linguísticos e os tipos de frases, revela que a classificação
tradicional das frases em 4 tipos (declarativa, exclamativa, interrogativa e imperativa) é insuficiente
e inadequada para explicar a multiplicidade dos actos linguísticos.

Tipo optativo – exprime uma opção, um desejo. Tem o verbo, geralmente no conjuntivo.
Ex. Que assim seja.
Tipo imprecativo – encerra sempre uma injúria, uma mágoa, uma imprecação.
Ex. Maldito sejas

Tipo indicativo – resume um pensamento entendido totalmente pela força do contexto.


Ex. Cuidado com os cães.

Tipos obrigatórios.
Tipo Declarativo: exprime uma asserção. Emite-se um juízo sobre alguém ou alguma coisa.
Ex. William Shakespear escreveu Romeu e Julieta.
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Tipo interrogativo: na comunicação entre emissor e receptor há sempre uma dúvida. É a
expressão de um pedido de informação ou de acção.
Ex. Quem é o autor da primeira obra de um angolano?

Tipo Imperativo: a comunicação manifesta sempre a vontade do emissor que pode ser a
expressão de um desejo, conselho, pedido ou ordem.
Ex. Não pises a relva.

Tipo Exclamativo: revela admiração, surpresa, desanimo, repulsa, irritação, desprezo, mágoa,
frustração, etc.
Ex. Tens um carro liindo!

Formas de frase
Forma afirmativa: identifica-se pela ausência de marcação de frase de forma negativa.
Forma Negativa: atribui-se um valor negativo a uma proposição (oração), pela presença de
elementos negativos (não, nem, sem, ninguém, nada, nunca ou nenhum).
Forma Activa: o sujeito pratica a acção.
Forma Passiva: o sujeito sofre a acção.
Forma Enfática: realça-se a enunciação.
Forma Neutra: ausência de ênfase.

Uma frase só pode ter um tipo mas pode combinar várias formas.
A frase do tipo declarativo que combina dentro de si as formas afirmativa, activa e neutra
denomina-se frase nuclear. Todas as outras frases de um outro tipo que combine em si qualquer
outra forma são as frases derivadas.

Combinação entre tipos e formas de frase.

Tipos de frase Forma Forma negativa Forma enfática


afirmativa/neutra
Declarativo O Nilo tem origem no O Nilo não tem origem no O Nilo tem mesmo a sua
Ruanda Ruanda origem no Ruanda
Interrogativo
Exclamativo
Imperativo

Tipos de frase Forma Activa Forma Passiva Forma Enfática


Declarativo Camões escreveu os Os Lusíadas foi escrito Foi mesmo Camões quem
Lusíadas. por Camões escreveu os Lusíadas.
Interrogativo
Exclamativo
Imperativo

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Verbos

 São as palavras que exprimem a acção, as qualidades, ou os estados


situando-os no tempo.

Ex. Angola organizou o encontro da SADC de 2010.

O ISCED é uma linda instituição.

O ensino em Angola anda debilitado.

 Ele é o núcleo do SN que forma o predicado da frase. Ex. O José reprovou.

A Páscoa surge sempre depois do carnaval.

 É a palavra mais flexionavel da Língua Portuguesa, podendo variar em modo, tempo,


pessoa, número, aspecto e voz.

Um processo verbal pode ser indicado por mais de um verbo. Quando dois ou mais verbos se
juntam para expressar um único processo verbal, temos uma locução verbal. Esta, em geral, é
formada por um verbo principal em uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio) mais
um verbo principal flexionado em tempo, modo, número e pessoa.

Ao conjunto organizado de todas as formas de um verbo dá-se o nome de conjugação.


Conjugar um verbo, é pois, enunciá-lo numa determinada ordem, em todos os tempos, modos,
pessoas, números e vozes.

Estrutura do verbo.

Radical é a parte da estrutura de um verbo que contém seu significado básico. Obtém-se
retirando as terminações –ar, -er, -ir. Do infinitivo. Ex. cantar (cant); comer (com); partir (part).

Vogal temática, indica a conjugação a qual o verbo pertence. Ela sucede o radical
constituindo o tema ao qual se juntam as desinências verbais. São elas a, e, i, para indicar a 1ª, 2ª
e 3ª conjugações, respectivamente, e na forma do infinitivo impessoal elas são seguidas da
desinência r. Ex. amar, escrever mentir.

As desinências verbais são sufixos flexionais que indicam pessoa, número, tempo, e modo,
podendo inclusive determinar se o verbo está em uma das formas nominais. Ex. bebi, oramos,
sorriram, beber, orando, sorrido.

Pessoas gramaticais.

São três as pessoas gramaticais em que se conjugam os verbos:

Primeira pessoa referente ao pronome eu e nós, singular e plural respectivamente, indica


quem fala. Ex. Amei (eu), amamos (nós).

Segunda pessoa referente ao pronome tu e vós, singular e plural, indica com quem se fala.
Ex. Amaste (tu), amastes (vós).

Terceira pessoa referente ao pronome ele e eles, também, singular e plural, indica a pessoa
de quem se fala. Ex. Amou (ele), amaram (eles).

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Como ficou exposto, as três pessoas apresentam duas variações em número: singular e
plural.

Modos verbais

O modo apresenta a atitude e a opinião dos falantes. Tais como certeza, dúvida, suposição,
ordem, obrigação, etc.

Em português é possível distinguir formas verbais finitas e não finitas. As formas verbais
finitas podem ocorrer como forma verbal única na frase, admitem ser flexionadas em pessoa,
número, tempo e modo. Corresponde aos modos indicativo, conjuntivo, condicional, e o imperativo.

As formas verbais não finitas, normalmente não ocorrem na frase como formas verbais
únicas, não variam em tempo e corresponde aos modos infinitivo, gerúndio e o particípio.

O indicativo apresenta o enunciado como real, certa e categórica. É o modo fundamental nas
frases simples.

Ex. Entrarei na faculdade.

O conjuntivo ou subjuntivo apresenta o enunciado com uma incerteza, como uma


possibilidade, uma eventualidade, podendo indicar volição ou desejo nas frases optativas. Muito
utilizado em frases exortativas ou mágicas.

Ex. Que você morra!

Condicional indica que a realização da acção depende de certas condições ou está sujeita a
elas, as quais, muitas vezes, não vêm expressas.

Ex. Iria à Paris se tivesse se tivesse que me casar.

Imperativo apresenta o enunciado como uma ordem, pedido, ou proibição. Pode ser ainda
ser usada para transmitir informações, instruções, conselhos, convites, súplicas, etc. É pontual,
situando a acção no exacto momento da enunciação.

Ex. Amai-vos. Levanta-te e trabalha.

Obs: O condicional é considerado por alguns linguistas de futuro do pretérito por indicar uma
possibilidade circunstancial, uma ideia ou teoria ainda sem comprovação, uma hipótese ou uma
conjectura, a partir de uma condição.

Ex. Se pudéssemos viver sem paixão, talvez conheceríamos um pouco de paz, mas
seriamos vazios. Quartos vazios fechados e húmidos. Sem paixão estaríamos verdadeiramente
mortos.

Infinitivo quando usado na forma invariável (Infinitivo impessoal) não exprime nem tempo
nem modo. O Infinitivo exibe, assim, o processo verbal em potência de forma vaga. O modo
Infinitivo admite flexão em número e pessoa – Infinitivo impessoal – quando tem sujeito próprio.

Ex. Viver para o trabalho. Antes de saíres fecha a porta.

Gerúndio apresenta a acção designada pelo verbo no decorrer do seu desenvolvimento. É


usado para dar conta da acção que se desenrola continuamente ou com o valor de uma acção
principal. Não apresenta nenhuma flexão.

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Ex. Estavam todos rindo como loucos.

Particípio apresenta o resultado da acção. As formas do particípio são frequentemente


usadas com valor de adjectivo, podendo flexionar-se como tal ou como constituinte dos tempos
verbais compostos (em género e número).

Ex. Tenho visto muitos estrangeiros.

NB. As formas não finitas podem assumir outras funções, como substantivo ou adjectivo, por
isso são chamadas também de formas nominais dos verbos. Na maioria das vezes aparecem na
estruturação das orações reduzidas, em locuções verbais e nos tempos compostos. As formas
nominais adquirem significado somente no contexto.

Tempos verbais

Os tempos verbais são recortes que indicam a duração relativa ou o momento em que ocorre
a acção. Há três tempos para definir o período do evento: presente, passado (subdividido em três)
e futuro. Eles se configuram em simples e compostos.

Tempos simples: São constituídos por um só elemento verbal. Forma-se pela junção do
radical com a vogal temática, e a desinência de tempo, modo, aspecto, pessoa e número. São eles:

Presente (indicativo e conjuntivo): indica o momento em que se enuncia o facto.

Ex. Realizo. Que comece o espectáculo.

Pretérito perfeito (Indicativo): a acção decorre num momento anterior ao momento da


enunciação, sendo concluído ou seja enuncia um facto acabado.

Ex. Realizei.

Pretérito imperfeito (Indicativo e Conjuntivo):a acção decorre num momento anterior ao


momento de enunciação de forma contínua.

Ex. Realizava. Seriamos ricos caso se respeitasse a democracia.

Pretérito mais que perfeito (Indicativo): a acção passada é anterior a uma outra acção
também já passada, relativamente ao momento em que se fala.

Ex. Realizara.

Futuro (Indicativo e Conjuntivo): A acção decorre num momento posterior ao momento da


enunciação.

Ex. Realizarei.

Tempos compostos: São constituídos por duas formas verbais: um verbo auxiliar (ter ou
haver) e um verbo principal no particípio passado.

Pretérito perfeito. Ex. Tem/há amado. Ex. Tenha/haja amado.

Pretérito mais que perfeito. Ex. Tinha/havia amado. Ex. Tivesse/ houvesse amado.

Futuro do presente. Ex. Terá/há amado. Tiver/houver amado.

Futuro do pretérito. Ex. Teria/havia amado.


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Vozes

O facto expresso pelo verbo pode ser representado de três formas: activa, passiva e reflexa.

Na voz activa o acontecimento ou situação expressa pelo verbo é praticada pelo sujeito.
Portanto o sujeito é agente.

Ex. O vento derrubou as árvores.

Na voz passiva o acontecimento ou situação expressa pelo verbo é sofrida pelo sujeito.
Portanto, o sujeito é paciente.

Ex. As árvores foram derrubadas pelo vento.

Exprime-se a voz passiva:

a) Com um verbo auxiliar e o particípio do verbo que se quer conjugar. Ex. O José
foi ferido pela Mia.
b) Com o pronome apassivador se e uma terceira forma verbal, singular ou plural,
em concordância com o sujeito. Ex. Não se vê (= é vista) uma rosa neste jardim.

Nas formas da voz passiva o particípio concorda em género e número com o sujeito.

Ex. Os homens já estavam tocados pela fé.

Exprime-se a voz reflexiva juntando-se às formas verbais da voz activa os pronomes


oblíquos me, te, se nos e vos.

Ex. Eu feri-me. (= a mim mesmo).

Tu feriste-te. (= a ti mesmo)

Ele feriu-se. (= a si mesmo).

Aspecto nas formas verbais

Classificação do verbo

1. Quanto à flexão, pode ser regular, irregular, defectivo e abundante.


São regulares aqueles verbos que mantêm regularidade no radical, seguindo as desinências
paradigmáticas. Ex. Amar, beber, partir.
São irregulares os verbos que sofrem alguma modificação no radical durante a conjugação
ou diferem do paradigma desinência. Ex. fazer, ser ir.
São Defectivos os verbos que não possuem a conjugação completa, por terem formas
inexistentes.
Ex. Abolir, banir, precaver.
As formas lacunares dos verbos defectivos são suprimidas pelo emprego de formas verbais
ou perífrases equivalentes.
Ex. Verbo falir no presente do Indicativo pode ser substituído por abro falência; o verbo banir
por expulso.
Uso dos verbos defectivos
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a) Só se usa nas formas em que conserva o –i do tema, os verbos abolir, banir, falir, colorir,
empedernir, demolir, extorquir, florir, remir, retorquir, etc.
Ex. Eu--/ tu--/ ele--/ nós - abolimos;/ vós – abolis / eles —
b) Só se usam na forma em que se conserva o i do tema ou em que este se muda para e os
verbos emergir, fulgir, fremir, punir, submergir, etc.
Ex. Eu--/ tu – fremes/ ele – freme/ nós – fremimos/ vós – fremis/ eles - fremem
c) Para o verbo adequar só se usa nas formas em que o acento tónico não recai no u.
Ex. Eu--/ tu--/ ele --/ nós – adequamos/ vós – adequais/ eles - /
d) O verbo reaver só é usado nas formas em que aparece o v no verbo haver.
Ex. Eu--/ tu --/ ele --/ nós – reavemos/ vós – reaveis/ eles –

Fazem parte deste grupo os verbos:


a) Impessoais, cuja ideia expressa não se pode aplicar a pessoas, conjugando-se
apenas na 3ª pessoa do singular. É o caso dos verbos que exprimem fenómenos da natureza, o
verbo haver quando significa existir, e o verbo fazer quando significa tempo decorrido.
Ex. Houve aulas hoje. Faz tempo que não te vejo.
b) Unipessoais, cuja ideia expressa não se pode aplicar a pessoas, conjugando-se
apenas na 3ª pessoa do singular e do plural. É o caso de verbos que indicam acções de animais e
verbos que indicam conveniência ou necessidade, sendo o sujeito uma oração substantiva.
Ex. Agrada-nos que venhas. Convém irmos embora.
São verbos abundantes os que apresentam mais de uma forma para a mesma pessoa. De
regra, essa abundância ocorre no particípio.
Ex. Aceitar: aceite e aceitado. Matar: matado e morto.
2. Quanto á função pode ser principal ou auxiliar.

Os conjuntos formados de um verbo auxiliar com um principal chamam-se locuções verbais.


Nas locuções verbais conjuga-se apenas o auxiliar, pois o verbo principal vem sempre numa das
formas nominais: no particípio, no gerúndio, ou no infinitivo impessoal e são usados na formação
de tempos compostos e na formação da voz passiva. Os de uso frequente são o verbo ser, estar,
haver e ter.
Ex. Tenho estudado muito.
Estava ouvindo música.
O carro está para chegar às 16h00.
Tem sido uma semana cansativa.

Aspectos verbais
O aspecto verbal exprime o ponto de vista sob o qual o locutor vê o realizar da acção
expressa pelo verbo. Esta categoria está intimamente ligada ao tempo.
Aspecto perfectivo (acção realizada acabada): tanto o pretérito perfeito como o presente do
indicativo na forma negativa + advérbio (ex. já não vou) exprimem esta acção.
Ex. Estudei a lição.
Já não vou concorrer para os serviços públicos.

Aspecto Imperfectivo (acção inacabada): é característico no pretérito perfeito composto e o


imperfeito + advérbio ainda.
Ex. Tenho melhorado nas notas.
O ano passado ainda vivia com medo da Matemática.
Aspecto pontual: refere acções curtas cuja duração é a do momento. Subdivide-se em:

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Aspecto pontual Incoativo (passagem de um estado à outro)
Ex. O teu professor tornou-se impertinente.
Anoitecera.
Aspecto pontual Inceptivo (acção no principio)
Ex. o Embaixador partiu de Cairo.
Inicia-se agora a nova turma de teatro.
Aspecto pontual Cessativo (acção no final)
Ex. Eles deixaram de apoiar o partido.
Já não estou interessado na Nela.

Aspecto Durativo: descreve estado ou processos. É característico do pretérito imperfeito e


do pretérito perfeito composto que descreve situações que não são (ou não foram) realizadas num
momento mas sim se realizam, (ou realizaram) ao longo do tempo.
Ex. O artista pintava a casa.
O aluno tem andado distraído.
Subdivide-se em:

Aspecto Durativo Iterativo (ocorre com certa regularidade).


Ex. A bola saltitou na minha frente.
Andas a chegar atrasado.
Aspecto Durativo Frequentativo (ocorre com frequência)
Ex. Vou muitas vezes ao estádio.
Ela estuda frequentemente.
Aspecto Durativo Habitual (estado de coisas habituais ou costumeiros).
Ex. Todos os serões leio um capítulo do romance.
Era costume irmos à praia todos os Domingos.

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