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Parques Lineares
Parques Lineares
PARQUES LINEARES
6.
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 16
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 16
Esse intenso processo de urbanização que se deu de forma pouco planejada, trouxe problemas econômicos,
territoriais e principalmente ambientais. Nos centros urbanos, os principais problemas ambientais estão
relacionados com a ocupação de áreas de mananciais e de fragilidade ambiental, ocupação do fundo de vales e
a alta impermeabilização do solo.
A ocupação de áreas mananciais e de fragilidade ambiental, se da, na maioria dos casos por ocupações ilegais
de moradia e é uma conseqüência do déficit de habitação. Essa ocupação, além de causar problemas para a
administração pública que não pode abastecer a área com serviços por se tratar de uma área inadequada para
habitação, deixa muitos habitantes em área de risco e dificulta a recuperação de mananciais, prejudicando
muito a qualidade da água dos mesmos.
A ocupação de fundo de vales, foi feita principalmente pela construção de vias que impermeabilizaram as
várzeas do rio. Essa região é a mais afetada por enchentes nos períodos de cheia e por serem ocupadas por
vias que, em sua maioria, ganharam importância no sistema de circulação urbana, as cheias acabam
impedindo a circulação e causando grandes transtornos urbanos.
A alta impermeabilização do solo causa um aumento de escoamento superficial das águas e o assoreamento
de rios, levando ao aumento da vazão natural e a diminuição da capacidade das bacias. Esses fatores somados
aumentam as chances de enchentes por aumentarem o pico de vazão em relação ao pico natural das bacias.
Na cidade de São Paulo, existem duas ferramentas que foram criadas para tentar minimizar os impactos dos
problemas citados acima e tornar o ambiente urbano menos vulnerável às chuvas intensas: O Planos Diretor
de Drenagem Urbana e o Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais. Ambos devem funcionar de
forma integrada com outros planos diretores e regionais de urbanização, drenagem e saneamento.
O Plano de Manejo de Águas Pluviais é composto por programas associados a sub-bacias hidrográficas,
definidas ao longo do processo de planejamento. Em são Paulo, o PMAP-SP tem o objetivo de buscar
soluções inovadoras e sustentáveis para os problemas de inundação urbana, através da redução de risco, da
gestão sustentável do sistema de águas pluviais, e da articulação da drenagem com o planejamento territorial.
O município deve realizar obras que visam o amortecimento de cheias o que inclui um conjunto de parques
lineares para o aumento da permeabilidade do solo.
Como instrumento de manejo de águas pluviais, parques lineares podem atuar no aumento da área de várzea
dos rios, através do aumento de zonas de inundação e da desaceleração da vazão da água e também para
evitar a ocupação humana irregular em áreas de proteção ambiental. Além disso, podem haver outros
interesses envolvidos na criação de um parque linear, que podem ser classificados nas seguintes categorias1 :
Um parque linear pode contribuir para a melhoria do microclima urbano, em termos de qualidade do ar,
balanço da umidade e captura de poeira e gases. Podem também constituir zonas de tampão, com potencial
para melhorar o ambiente urbano em áreas industriais ou altamente urbanizadas e servir como zona de
atividades recreativas e culturais, ainda com foco na conservação e preservação da natureza. Sua implantação,
entretanto, pode enfrentar alguns desafios, como a necessidade de fazer desapropriações e realocações, que
podem encarecer seu custo. Além disso, por se tratar de um equipamento público de lazer, ele depende de
serviços de gestão e manutenção periódica para garantir seu pleno e seguro funcionamento, sendo também de
extrema importância a aceitação e o envolvimento da população para que se evitem depredações. Outros
aspectos de projeto como acessibilidade, segurança e iluminação devem ser considerados.
Apesar dos projetos de parques lineares serem baseados em características socioambientais específicas da
áreas em que serão implantados, é possível destacar alguns de seus elementos que são frequentes, como:
• Rede de drenagem;
• Reservatório de controle de cheias;
• Canaletas para drenagem das águas pluviais;
• Dissipadores de energia para altas declividades;
• Canalização;
1
Categorias
sugeridas
pelo
Projeto
Técnico
elaborado
pelo
programa
Solução
para
Cidades
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• Valas gramadas;
• Acesso para as ruas de ligação;
• Caminho para pedestres;
• Ciclovias;
• Pontes de acesso e travessia;
• Quadras poliesportivas;
• Bancos;
• Arborização paisagística;
• Iluminação pública.
Estes elementos são combinados de forma a tentar garantir que os objetivos do parque linear sejam
atendidos. São eles:
Nessa lógica, prioriza-se a implantação de espaços de forma que os caminhos verdes e a cobertura vegetal
sejam contínuos ao longo do curso hídrico, associando espaços para a zona equipada, que podem ter uma
área maior, e espaços onde a faixa verde é mais estreita e restrita às áreas de preservação. Essa continuidade
da paisagem é importante não só para a recuperação ambiental, mas também para valorizar e dar destaque aos
cursos d'água, que devem ser compreendidos como elementos estruturais.
Figuras 2.1 - Exemplos de elementos de um Parque Linear
Para a implantação dos parques lineares deve ser compreendido o conjunto formado pelas seguintes áreas:
1) Faixa de 15 metros ao longo de cada uma das margens dos cursos d’água e fundos de vale, como área
non aedificandi;
2) Planície aluvial com prazos de recorrência de chuvas de pelo menos 20 (vinte) anos e as áreas de
vegetação significativa ao longo dos fundos de vale do Município que juntamente com a área non
aedificandi formarão os parques lineares;
3) Contidas na faixa envoltória de até 200 (duzentos) metros de largura, destinadas à implantação de
empreendimentos residenciais e não residenciais, a serem executados pela iniciativa privada, com
possibilidade de utilização da transferência do direito de construir originado nos lotes das áreas
destinadas ao parque linear ou por outorga onerosa.
Assim, na definição de um fundo de vale como área onde pode ser implantado um parque linear, é necessário
considerar os seguintes aspectos:
• Uso e ocupação na Planície Aluvial: Definição da situação de uso e ocupação do solo. Nesse caso,
como mencionado, a prioridade pode ser definida em função das planícies aluviais que possuem ainda áreas
verdes ou áreas livres permeáveis, que devem ser preservadas, priorizando aquelas que sofrem pressão da
ocupação irregular, ou áreas com entorno mais densamente ocupado, com carência de áreas de lazer e de
espaços verdes. Em situações onde há ocupação irregular da planície aluvial e margem de córregos, há
exigência de mais recursos e ações para a recuperação do local, dessa forma, é necessário identificar os locais
com maior necessidade dando prioridade a ações que favoreçam essas regiões.
• Propriedade fundiária: casos em que a propriedade pública é mais interessante, viável e mais
desejável, favorecem a implantação de um Parque Linear em um espaço público. Já no caso de ser uma
propriedade privada, deve ser avaliado se mantém essa condição tendo em vista limitações para aquisição da
área. De qualquer maneira, devem ser identificadas as áreas de propriedade privada prioritárias para serem
adquiridas pelo município, a curto, médio e longo prazo.
• Uso público: a recuperação do fundo de vale não esta somente ligada a finalidade de uso público. Em
todas as situações possíveis, deve-se buscar privilegiar sempre o uso público, tendo em vista a carência de
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espações, equipamentos de uso público, áreas de lazer e sociabilidade na maioria dos municípios. Apesar
disso, deve ser considerada a viabilidade de implantação dos projetos tendo em vista as reais características
atuais de isso e ocupação dos espaços;
• Gestão pública: Deve-se considerar a capacidade do poder público executivo em equipar e manter
Parques Lineares. Dependendo da função do Parque e do seu alcance, ele pode ser implantado e estar sob
gestão de órgãos locais (Subprefeituras) ou mais central (Secretaria do Verde e Meio Ambiente), ou até
mesmo de uma combinação dos órgãos. Na maioria das vezes o parque está associado à rede hídrica, e dessa
forma, envolve também o Comitê de Bacia da região na sua gestão.
Após a segunda metade do século XX os parques lineares ganharam mais espaço no mundo com o objetivo
de melhorar a vida nas cidades.
Figuras 4.2: Fotos do Parque Cheonggyecheon, Coréia do Sul
A existência do parque é uma forma de ajudar na preservação e conservação do leito do córrego, além de
garantir uma faixa segura de ajardinamento e arborização entre o córrego e as vias urbanas.
A vegetação do parque é composta por áreas ajardinadas, gramados, bosques heterogêneos e arborização
esparsa. Foram registradas, aproximadamente, 102 espécies de vegetação, incluindo o pau-brasil que está
ameaçado de extinção.
Além disso, já foram observadas cerca de 20 espécies de aves no local e também animais de pequeno porte.
Para a população, o parque oferece atrativos como quadras poliesportivas, campos de futebol, pistas de
Cooper, caminhada, ciclismo e skate, áreas de convivência e anfiteatro aberto. Na infraestrutura de serviço,
encontram−se quiosques cobertos com mesas e bancos, sanitários e bebedouros, porém não há serviços de
alimentação no local.
Figuras 5.1: Parque Linear Tiquatira, São Paulo
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5.2. PARQUE LINEAR DO SAPÉ | SÃO PAULO
O Parque Linear do Sapé foi projetado ao longo do córrego
Sapé, na Zona Oeste de São Paulo, na bacia do ribeirão do
Jaguaré. O parque se estende desde a rodovia Raposo Tavares até
a Avenida Escola Politécnica, onde o córrego desemboca no
Ribeirão do Jaguaré.
O projeto de urbanização do Sapé criou melhorias viárias, como a construção de vias de passagem para
conexões com o bairro em ambos os lados da favela. Antes de sua implantação, havia um grande problema de
acessibilidade no local, no qual cruzar o Sapé de um extremo ao outro só era viável se o indivíduo desse a
volta em todo perímetro da favela em um trecho de 1,5 km. Essa desconexão dificultava também diversos
serviços básicos na região, como por exemplo, a coleta de lixo.
As obras de urbanização abriram vias para veículos permitindo o assentamento transversal do local, além de
melhorias das vielas para pedestres. As obras favoreceram, dessa forma, uma melhoria na condução de águas
pluviais com o redesenho das esquinas.
A infraestrutura do local conta com estares, ponte para pedestres, quadras poliesportivas, pista de skate,
minicampo de futebol e pista de caminhada. Possui vegetação composta por arborização esparsa, gramados e
áreas ajardinadas. Além disso, na área ocorrem espécies de aves comuns de áreas abertas da cidade, a
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exemplo, quero-quero, bem-te-vi, beija-flor, entre outros.
Figuras 5.4: Parque Linear do Sapé, Zona Oeste de São Paulo
Figura 5.5: Córrego 1º de Maio antes das intervenções
Figura 5.6 Córrego 1º de Maio depois das intervenções do projeto DRENURBS
Dentre os resultados do projeto destacam-se a melhoria efetiva do índice de qualidade das águas do córrego,
a redução dos riscos de inundações, a melhoria das condições ambientais e sanitárias da região, a melhoria da
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acessibilidade e a retirada das famílias ocupantes de áreas de risco. A implantação do projeto ainda
proporcionou meios de lazer e recreação para a população local, que carecia de equipamentos urbanos com
estas finalidades.
6. CONCLUSÃO
Como pode ser observado através dos exemplos mostrados acima, a criação de parques lineares é uma
intervenção urbanística eficiente para a recuperação de áreas verdes associadas a rede hídrica. O parque
aumenta a permeabilidade do solo e leva a um escoamento menos brusco das águas pluviais. Alem disso, gera
ganhos para o ambiente urbano quando pensado de forma integrada, associando a gestão de drenagem com o
planejamento de transportes e uso e ocupação do solo. O parque linear consegue conciliar diversos interesses
e ser um ganho com o aumento da disponibilidade de espaços públicos. Alem disso, a apropriação adequada
do parque público pela população, propõe um tipo de fiscalização e preservação vindo da própria população
que é eficiente para manter os recursos naturais em ambientes urbanizados.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILHO, Kamel Zahed; MARTINS, José Rodolfo Scarati; PORTO, Mônica Ferreira do Amaral. Fascículo 6: Planos
Diretores de Drenagem Urbana.Coleção Águas Urbanas. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo,
2013
FAU USP, 2012. Parques Lineares na cidade de São Paulo. Revista Labverde. Ed 04. Disponível em:
<http://www.fau.usp.br/depprojeto/revistalabverde/edicoes/ed04.pdf>
Pesquisa e análise de aplicação de instrumentos em planejamento urbano ambiental no município de São Paulo: Estudo
de viabilidade de Parques. São Paulo: Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (FAUUSP), 2006b.
Disponível em:
<http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/biblioteca/produtos/pesquisa_analise_viabparques02.pdf>
Projeto técnico: parques lineares como medidas de manejo de águas pluviais. São Paulo: Associação Brasileira de
Cimento Portland - Programa Soluções para Cidades e FCTH, 2013. Disponível em:
<http://www.solucoesparacidades.com.br/wp-content/uploads/2013/10/AF_Parques%20 Lineares_Web.pdf>