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DETERMINAÇÃO DO ÂNGULO DE ATRITO E COESÃO DE SOLOS PARA SOLOS

GRANULARES E COESIVOS.

CHRISTIAN ANTONIO DOS SANTOS¹ GUILHERME GEHELEN²


¹Graduando em Engenharia Civil pela Universidade do Contestado, Campus Concórdia, chris-g-
12@hotmail.com; ²Graduando em Engenharia Civil pela Universidade do Contestado, Campus Concórdia
Guilherme.gehelen@gmail.com
Palavras-chave: ângulo de atrito, coesão, ensaios.
1. RESUMO
Esta pesquisa tem por finalidade descrever o ângulo de atrito interno dos solos,
característica principal dos solos granulares, descrevendo os ensaios de laboratório,
amostragem de campo e obtenção de valores a partir de cálculos, sua importância. Os solos
granulares, quando seu teor de material fino for muito pequeno, são classificados como não
coesivos, ou seja, não apresentam a possibilidade de se moldar. A resistência das areias, a partir
dos ensaios de cisalhamento, é geralmente representada pelo ângulo de atrito interno, fator que
permite classificar uma. O ângulo de atrito interno é importante na medida em que estabelece
um ângulo limite do deslizamento entre as partículas de solo.

2. INTRODUÇÃO
Aprender os métodos de determinação e ensaios que possam determinar o peso
especifico de um solo e também indicadores de resistência para solos granulares e coesivos,
tais como ângulo de atrito interno e coesão, são importantes para qualquer engenheiro civil, que
realiza trabalhos em fundações, contenções, além de outras obras complexas de engenharia,
essa pesquisa buscará trazer os principais métodos de ensaios e, os cálculos que são utilizados
para essas determinações. Umas das principais características dos solos é suportar cargas, o
que depende diretamente da resistência ao cisalhamento do solo, todo o maciço de solo, se
fratura e/ou rompe quando essa resistência é excedida, seja por carregamentos, ou ações
externas que condicionam a subtração da resistência ao cisalhamento que o solo já possuía. Por
essas razoes a determinação da resistência ao cisalhamento dos solos são um dos assuntos
mais complexos abordados em mecânica dos solos.

3. PESO ESPECÍFICO REAL DOS GRÃOS 4. ÂNGULO DE REPOUSO

Em um solo, só parte do seu volume total é Em 1717, um engenheiro real francês, Henri Gautier
composta pelas partículas sólidas, o restante é (1660-1737), estudou as inclinações naturais de
composto por vazios preenchidos por uma mistura de solos quando se inclinaram em um monte para
ar e água, sendo considerado um sistema trifásico, formular os procedimentos de desenvolvimento dos
pois se divide em três frações: sólida (minerais e muros de arrimo. A inclinação natural é o que agora
matéria orgânica), líquida (água) e gasosa chamamos ângulo de repouso. De acordo com esse
(ar).Independente de ter pouca ou muita matéria estudo, a inclinação natural de areia limpa e seca e
orgânica e mineral, e independente do tipo de de terra comum foram 31° e 45°, respectivamente.
minerais, todos os solos apresentam proporções Além disso, o peso unitario da areia seca e limpa e
variáveis de fração sólida, liquida e gasosa. A massa do solo comum foi recomendado para ser 18,1 kN/m3
especifica do solo é a relação entre a sua massa total e 13,4 kN/m3, respectivamente. Exemplo catastrófico
e o seu volume total, incluindo-se aí o peso da água desse fenômeno foi a ruptura parcial da barragem de
existente em seus vazios e o volume de vazios do Fort Peck, nos EUA, em 1938. A barragem, com 100
solo. A massa especifica é um dado necessário para milhões de metros cúbicos de aterro hidráulico,
a determinação do índice de vazios e outros índices encontrava-se em final de construção quando parte
físicos do solo e também para o ensaio de do seu talude de montante sofreu um súbito
sedimentação. A massa específica do solo possui escorregamento, compreendendo um volume de
definição semelhante à definição de peso específico, aproximadamente 6,5 milhões de metros cúbicos. A
considerando-se a sua massa ao invés do peso, na esse efeito se deve, também, a maior parte dos
fórmula. O ensaio para determinação do Peso danos causados pelo terremoto de Niigata, no Japão.
Específico Real dos Grãos é padronizado no Brasil Para uma areia solta, o ângulo de atrito interno (ϕ) é
pela norma ABNT NBR 6508/84. O método consiste igual ao ângulo de repouso (α), definido como ângulo
basicamente em determinar o peso seco de uma entre a horizontal e o talude produzido mediante o
amostra por simples pesagem e em seguida derramamento de areia seca de uma pequena altura.
determinar seu volume baseando-se no princípio de
Arquimedes.
5. COESÃO E ÂNGULO DE ATRITO

O ângulo de atrito interno é a amplitude do


ângulo de deslocamento dos solos. Pode variar com
a natureza do solo ou com condições adversas,
como a umidade e forma dos grãos. É representada
pela letra ᶲ. É um “subproduto” dos ensaios que
determinam a resistência ao cisalhamento, junto
com a coesão (GOLÇALVES, 2007).
Segundo Caputo (2008), o atrito interno pode
não só apenas ser “físico”, mas também “atrito
fictício”, pelo entrosamento de suas partículas.
Segundo a equação de Coulomb: τr = c + σ tg
φ, a resistência ao cisalhamento de um solo se
compõe, basicamente, de duas componentes: a
“coesão” e o “atrito” entre as partículas. À coesão,
distinguem-se a “coesão aparente” e a “coesão
verdadeira”. A primeira é resultante da pressão
capilar da água contida nos solos e age como se
fosse uma pressão externa. A segunda é devida às
forças eletroquímicas de atração das partículas de
argila; ela depende de vários fatores, e seu estudo
envolve à física dos solos e à química coloidal.
Levando em conta que somente as pressões
efetivas mobilizam resistência ao cisalhamento, a
equação de Coulomb passa a se escrever: τr = c +
(σ – u) tg φ, que é sua forma modificada, com u
como a pressão neutra na água. O valor de u
depende não só das condições de carregamento
como da velocidade de sua aplicação. A valiosa
contribuição científica é a de Hvorslev, segundo a
qual a coesão das argilas saturadas é função do seu
teor de umidade h. Assim: τr = f(h) + (σ – u) tg φ. É
de se observar que os parâmetros c e φ de um solo
não são “constantes” de um material, como admitia
a equação de Coulomb em sua forma clássica. Na
determinação experimental da resistência ao
cisalhamento dos solos, há, pois, em cada caso, que
se reproduzir, tanto quanto possível, as condições a
que ele ficará submetido na prática, pela obra que
se esteja estudando. A equação de Coulomb pode
igualmente se escrever:

ou,

em que φu é o ângulo de atrito interno aparente. Em


um solo saturado e pouco permeável, u = σ, donde
φu = 0°. Quando u é totalmente dissipada: u = 0,
donde φu = φ, com φ como o ângulo de atrito interno
verdadeiro ou efetivo.

Fonte: Mecânica dos solos- Vol.1.


Valores de ângulos de atrito para areias e siltes enquadra na envoltória de ruptura), a ruptura por
cisalhamento ocorrerá ao longo do plano. Não pode
existir um estado de tensão em um plano
representado pelo ponto C, pois ele é representado
graficamente acima da envoltória de ruptura e a
ruptura por cisalhamento já teria ocorrido.
Conforme declarado no critério de ruptura de Mohr-
Coulomb, a ruptura por cisalhamento ocorrerá
quando a tensão ao cisalhamento no plano alcançar
o valor indicado. Para determinar a inclinação do
plano de ruptura em relação ao plano principal
maior, onde s1¢ e s3¢ representam,
respectivamente, as tensões efetivas principais
maior e menor. O plano de ruptura EF forma um
ângulo q com o plano principal maior. Para
determinar o angulo que a relação entre s1¢ e s3¢,
Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição- , que é uma representação gráfica do círculo de
cap. 12 Mohr para o estado de tensão, fgh é a envoltória de
ruptura definida pela relação tf =c¢+s¢tgf¢.A linha
Critério de ruptura de Mohr-Coulomb.- A radial ab define a planta principal maior e a linha
radial ad define um plano de ruptura. Pode-se
mostrar que bad = 2q = 90 + f¢, ou q = 45 + f¢ / 2.

Inclinação do plano de ruptura no solo em relação ao


plano principal maior.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12
Critério de ruptura de Mohr-Coulomb- B

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12
Círculo de Mohr e envoltória de ruptura.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição- cap. 12
cap. 12

ao longo do plano. Se a tensão normal efetiva e a


tensão de cisalhamento no plano ab forem
representadas graficamente como o ponto B (que se
corpos de prova de solo no laboratório. São eles: •
6. ENSAIOS DE LABORATÓRIO PARA A Ensaio de cisalhamento direto • Ensaio triaxial •
DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS Ensaio de cisalhamento simples • Ensaio triaxial de
DE RESISTÊNCIA AO deformação plana • Ensaio de cisalhamento anular
CISALHAMENTO. ou ring shear O ensaio de cisalhamento direto e o
ensaio triaxial são as duas técnicas normalmente
utilizadas para a determinação dos parâmetros da
Existem diversos métodos de laboratório disponíveis resistência ao cisalhamento.
para a determinação dos parâmetros de resistência
ao cisalhamento (isto é, c, f, c¢, f¢) para vários

5.1.1 Ensaios de Campo

A retirada de amostras sem alterações de campo não é um trabalho muito simples e, por isso, procura-se
realizar os ensaios in situ (MARANGON, 2013). Os ensaios não são tão precisos quantos os de laboratório.

Ensaios de campo para determinação de resistência ao cisalhamento.

Fonte: Maragon (2013)

5.1.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO corpo de prova de solo é colocado. Esses corpos


DIRETO podem ter formatos quadrados ou circulares.
O tamanho dos corpos de prova geralmente
Como descreve Craig (2013, p. 77) o ensaio: utilizado é de aproximadamente 51 mm ́ 51 mm ou
102 mm ́ 102 mm e aproximadamente 25 mm de
“O corpo de prova é confinado em uma caixa altura. A caixa é dividida horizontalmente em duas
metálica (chamada também caixa de metades.
cisalhamento ou, em inglês, shearbox) de seção A força normal no corpo de prova é aplicada
transversal quadrada ou circular, partida a partir do topo da caixa de cisalhamento. A tensão
horizontalmente a sua meia-altura, mantida uma normal nos corpos de provas pode ser de até 1.050
pequena folga entre as duas partes da caixa. São kN/m2. A força de cisalhamento é aplicada ao mover
colocadas placas porosas abaixo e em cima do uma metade da caixa sobre a outra para provocar a
corpo de prova se ele estiver completo ou ruptura no corpo de prova de solo.
parcialmente saturado, a fim de permitir que a
drenagem ocorra livremente: se o corpo de prova
estiver seco, podem ser usadas placas de metal.”

O ensaio de cisalhamento direto é a forma


mais simples de arranjo para o ensaio de
cisalhamento. O equipamento de ensaio consiste
em uma caixa metálica de cisalhamento, no qual o
Diagrama do arranjo para ensaio de cisalhamento direto.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição- cap. 12

Dependendo do equipamento, o ensaio de Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cisalhamento pode ser de tensão controlada ou de cap. 12
deformação controlada. Nos ensaios de tensão
controlada, a força de cisalhamento é aplicada em A vantagem dos ensaios de deformação controlada
incrementos iguais até que o corpo de prova sofra é que, no caso de areia compacta, a resistência ao
ruptura. A ruptura ocorre ao longo do plano de cisalhamento de pico (ou seja, na ruptura), assim
divisão da caixa de cisalhamento. Após a aplicação como a resistência ao cisalhamento residual (ou
de cada incremento de carga, o deslocamento do seja, no ponto pós-ruptura, chamado resistência
cisalhamento da metade superior da caixa é medido final), pode ser observada e colocada em um gráfico.
por um extensômetro horizontal. A variação na altura Nos ensaios de tensão controlada, somente a
do corpo de prova (e, portanto, a variação do volume resistência de pico ao cisalhamento pode ser
do corpo de prova) durante o ensaio pode ser obtida observada e traçada no gráfico. Observe que a
das leituras do extensômetro que mede o resistência ao cisalhamento de pico nos ensaios de
movimento vertical da placa de carregamento tensão controlada somente pode ser aproximada,
superior. Nos ensaios controlados por deformação, porque a ruptura ocorre em um nível de tensão em
é aplicada uma taxa constante de deslocamento algum ponto entre o aumento de carga de pré-
cisalhante em uma metade da caixa por um motor ruptura e o aumento de carga de ruptura. Contudo,
que funciona por meio de engrenagens. A taxa comparados com os ensaios de deformação
constante de deslocamento cisalhante é medida por controlada, os ensaios de tensão controlada
um extensômetro horizontal. A força resistente de provavelmente retratam melhor as situações reais
cisalhamento do solo correspondente a qualquer de campo.
deslocamento cisalhante pode ser medida por um
anel dinamométrico horizontal ou por uma célula de Tensão normal = (Forca normal) /
carga. A variação de volume do corpo de prova (Área transversal seccional do corpo de prova)
durante o ensaio é obtida de maneira similar àquela
dos ensaios de tensão controlada.
A tensão resistente de cisalhamento para qualquer
Equipamento de cisalhamento direto com deformação deslocamento cisalhante pode ser calculada como:
controlada.
Tensão de cisalhamento = (Resistencia da força
de cisalhamento) / (Área transversal seccional
do corpo de prova).

Considerações:

1- Na areia fofa, a tensão resistente ao


cisalhamento aumenta com o deslocamento
cisalhante até que seja alcançada uma
tensão de cisalhamento de ruptura de tf .
Depois, a resistência ao cisalhamento
permanece aproximadamente constante
para qualquer aumento adicional no
deslocamento cisalhante. Natureza da variação do índice de vazios com deslocamento
cisalhante
2- . Na areia compacta, a tensão resistente ao
cisalhamento aumenta com o deslocamento
cisalhante até que alcance uma tensão de
ruptura de tf . Essa tensão tf é chamada
resistência ao cisalhamento de pico. Após a
tensão de rup- tura ser alcançada, a tensão
resistente de cisalhamento diminui
gradualmente enquanto o deslocamento
cisalhante aumenta até que finalmente
alcance um valor constante chamado
resistência residual ao cisalhamento.
Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-
Uma vez que a altura do corpo de provas varia cap. 12
durante a aplicação da força de cisalhamento, torna- Determinação dos parâmetros de resistência ao
se óbvio que o índice de vazios da areia também cisalhamento para areia seca utilizando os resultados dos
varia (pelo menos nas vizinhanças da separação da ensaios de cisalhamento direto.
caixa de cisalhamento). A natureza da variação do
índice de vazios para areias fofa e densa com
deslocamento do cisalhamento. Com grandes
deslocamentos de cisalhamento, os índices de
vazios de areias fofas e densas são pratica- mente
idênticos entre si e isso é chamado índice de vazio
crítico. É importante notar que, em areia seca,
σ = σ’ e c’=0
Os ensaios de cisalhamento direto são repetidos em
corpos de prova similares em várias tensões
normais. Essas tensões e os valores
correspondentes de tf obtidos apartir de um número
de ensaios são traçados em um gráfico a partir dos
quais são determinados os parâmetros da
resistência ao cisalhamento.
τf = σ’ tg θ’
Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-
́ importante notar que as areias cimentadas in situ cap. 12
podem mostrar um intercepto c’.
Se a variação da resistência residual ao
Gráfico da tensão de cisalhamento e da variação da altura do
corpo de prova em função do deslocamento cisalhante para
cisalhamento (τ ult) com a tensão normal for
a areia seca, fofa, compacta ( ensaio de cisalhamento direto). conhecida, é possível traçar um gráfico como o
mostrado acima. Uma reta média pode ser expressa

como: .

5.1.3 ENSAIO DE CISALHAMENTO


DIRETO DRENADO EM AREIA E ARGILA
SATURADA.

No arranjo do ensaio de cisalhamento direto, a caixa


que contém o corpo de prova do solo geralmente é
mantida no interior de um recipiente que pode ser
preenchido com água para saturar o corpo de prova.
O ensaio drenado é realizado em um corpo de prova
de solo saturado, mantendo a taxa de carregamento
lenta o suficiente para que o excesso de poropres-
são gerado no solo seja dissipado completamente
Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição- pela drenagem. A água nos poros do corpo de prova
cap. 12 é drenada por meio de duas pedras porosas. Como
a condutividade hidráulica da areia é alta, o excesso
de poropressão gerado pelo carregamento (normal
e de cisalhamento) é dissipado rapidamente.
Portanto, para uma taxa de carregamento comum,
essencialmente existem as condições para
drenagem total. O ângulo de atrito, Ø’, obtido a partir Geralmente, o ângulo de atrito drenado, f¢,
do ensaio de cisalhamento direto e drenado de areia de argilas normalmente adensadas diminui com o
saturada, será o mesmo que aquele para um corpo índice de plasticidade do solo. Apesar de os dados
de prova similar de areia seca. A condutividade estarem consideravelmente dispersos, o padrão
hidráulica da argila é muito pequena comparada geral aparentemente é mantido.
com a da areia. Quando uma carga normal for
aplicada a um corpo de prova de solo de argila, deve Variação do sen Ø’ em função do índice de plasticidade para
transcorrer um intervalo de tempo suficiente para vários solos. (Segundo Kenney, 1959. Com permissão da
obtenção do adensamento pleno ou seja, para a ASCE.)
dissipação do excesso de poropressão. Em razão
disso, a carga de cisalhamento deve ser aplicada
muito lentamente. O ensaio pode durar de dois a
cinco dias.

Resultados de um ensaio de cisalhamento direto drenado


em argila sobreadensada.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12

Skempton (1964) forneceu os resultados da


variação do ângulo de atrito residual, Ø’r, para vários
tipos de solos argilosos com presença de uma
fração de argila (≤2 µm).

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica


8ªedição-página 363

Envoltória de ruptura para argila obtida dos ensaios de


cisalhamento direto drenados.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12

5.2 ANALISE CISALHAMENTO


DIRETO

O ensaio de cisalhamento direto é simples de


ser realizado, mas apresenta algumas deficiências
inerentes ao processo. A confiabilidade dos
Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica resultados pode ser questionada porque não é
8ªedição-página 363
permitido que o solo se rompa ao longo do plano A carga axial aplicada pela haste de carregamento
mais fraco, já que ele é forçado a romper ao longo correspondente a dada deformação axial é medida
do plano de separação da caixa de cisalhamento. por um anel dinamométrico ou célula de carga fixada
Além disso, a distribuição da resistência ao à haste.
cisalhamento sobre a superfície de cisalhamento do
corpo de prova não é uniforme. Apesar dessas defi- Diagrama do equipamento de ensaio triaxial. (De acordo
com Bishop e Bjerrum, 1960. Com permissão da ASCE).
ciências, o ensaio de cisalhamento direto é o mais
simples e econômico para um solo arenoso seco ou
saturado.

5.3 ENSAIO GERAL DE


CISALHAMENTO TRIAXIAL

Este ensaio, conforme Caputo (2008, p. 112) é


o mais utilizado e o que melhor se adéqua aos tipos
de solo, sendo melhor do que o de cisalhamento
direto. Ele descreve o ensaio:

“São realizados em aparelhos (...), constituídos por


uma câmara cilíndrica, de parede transparente, no
interior da qual se coloca a amostra, envolvido por
uma membrana de borracha muito delgada. A base
superior do cilindro é atravessada por um pistão, que
por intermédio de uma placa rígida, aplica uma
pressão à amostra. A câmara cilíndrica é cheia com
um líquido, geralmente água, que se pode submeter
a uma pressão θ3, que evidentemente atua também
sobre a base da amostra.”

Segundo Craig (2013), o ensaio tem a vantagem de


se controlar as condições de drenagem, sendo
possível que solos saturados de baixa Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-
permeabilidade sejam adensados, caso necessário, cap. 12
como parte do procedimento do ensaio, e que
possam ser realizadas medidas de poropressão. 5.4.1 ENSAIO TRIAXIAL ADENSADO
DRENADO
Nesse ensaio, geralmente é utilizado um corpo de
prova de solo de aproximadamente 36 mm de No ensaio CD, o corpo de prova saturado é
diâmetro e 76 mm (3 pol.) de comprimento. O corpo submetido primeiramente a uma pressão de
de prova é envolvido por uma fina membrana de confinamento em toda a sua volta, pela compressão
borracha e colocado dentro de uma câmara do fluido da câmara. À medida que a pressão de
cilíndrica normalmente preenchida com água ou confinamento é aplicada, a poropressão do corpo de
glicerina. O corpo de prova é submetido a uma prova aumenta para µc (se a drenagem for
pressão de confinamento por compressão do fluido impedida). Esse aumento na poropressão pode ser
na câmara. (Observação: O ar é utilizado algumas expresso como um parâmetro adimensional na
vezes como meio de compressão.) Para causar uma forma :
ruptura de cisalhamento no corpo de prova, deve-se
aplicar a tensão axial (às vezes chamada tensão
desviadora) pela haste de carregamento vertical. .
Essa tensão pode ser aplicada de duas formas:
Onde B = parâmetro de poropressão de
1. Aplicação de pesos ou pressão hidráulica Skempton (Skempton, 1954). Para solos fofos
em incrementos iguais até que o corpo de prova saturados, B é aproximadamente igual a 1; no
rompa. (A deformação axial do corpo de prova entanto, para solos rígidos e saturados, a magnitude
resultante da carga aplicada por meio da haste é de B pode ser menor que 1. Black e Lee (1973)
medida por um extensômetro.) proporcionaram os valores teóricos de B para
2. Aplicação da deformação axial a uma taxa diversos solos em saturação completa.
constante por meio de uma prensa de carregamento
mecânica ou hidráulica. Esse também é um ensaio Porém, se a conexão para drenagem estiver aberta,
de deformação controlada. ocorrerá a dissipação do excesso de poropressão e,
consequentemente, o adensamento. Com tempo, µc
se tornará igual a 0. Em um solo saturado, a Ensaio triaxial adensado drenado: (a) mudança no volume de
variação no volume do corpo de prova (DVc) que corpo de prova causada pela pressão de confinamento da
câmara; (b) gráfico de tensão desviadora em função da
ocorre durante o adensamento pode ser obtida pelo deformação na direção vertical para areia fofa e argila
valor do volume drenado da água dos poros. normalmente adensada; (c) gráfico de tensão desviadora em
função da deformação na direção vertical para areia fofa e
Ensaio triaxial adensado drenado: (a) corpo de prova sob argila sobreadensada; (d) mudança de volume na areia fofa e
pressão de confinamento da câmara; (b) aplicação da tensão argila normalmente adensada durante a aplicação de tensão
desviadora. desviadora; (e) mudança de volume em areia fofa e argila
sobreadensada durante a aplicação de tensão desviadora.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12

Em um ensaio triaxial, σ’ é a tensão efetiva


principal maior na ruptura e σ ‘3 é a tensão efetiva
principal menor na ruptura. Vários ensaios em
corpos de prova similares podem ser realizados por
variação da pressão de confinamento. Com as
tensões principais maior e menor na ruptura para
cada ensaio, os círculos de Mohr podem ser
desenhados e as envoltórias de ruptura podem ser
obtidas.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12
Envoltória de ruptura da tensão efetiva obtida dos ensaios Envoltória de ruptura da tensão total para solos
drenados em areia e argila normalmente adensada. coesivos não saturados.

Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição-


cap. 12

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE


RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

A determinação dos parâmetros da resistência


ao cisalhamento de solos coesivos parece ser
razoavelmente simples. Entretanto, a escolha
correta desses parâmetros para o projeto e as
verificações de estabilidade de várias estruturas de
Fonte: Fundamentos de engenharia geotécnica 8ªedição- terra, contenção de terra e as estruturas suportadas
cap. 12
por terra, na prática, é muito difícil, requer
experiência e conhecimento teórico adequado sobre
Em areia e argila normalmente adensada. As engenharia geotécnica. Os parâmetros de
coordenadas do ponto de tangência da envoltória de resistência adensada drenada podem ser utilizados
ruptura com um círculo de Mohr (ou seja, ponto A) para a determinação da estabilidade de estru- turas
fornecem as tensões (normal e de cisalhamento) no a longo prazo, tais como taludes de aterros e taludes
plano de ruptura daquele corpo de prova. de cortes. Os parâmetros de resistência ao
cisalhamento aden- sado e não drenado podem ser
5.4.2 RESISTENCIA AO CISLHAMENTO utilizados para estudo com problemas de
DE SOLOS COESIVOS NÃO estabilidade relativos a casos no qual o solo, de
SATURADOS modo inicial, é totalmente adensado e então ocorre
rápido carregamento. Um excelente exemplo disso
A equação que relaciona a tensão total, a tensão é a estabilidade de taludes de barragens de terra
efetiva e a poropressão para solos não saturados após rápido esvaziamento do reservatório. A
pode ser expressa como: resistência ao cisalhamento não adensado e não
drenado de argilas pode ser utilizada para avaliar a
estabilidade ao fim da construção de solos coesivos
A variação das envoltórias de tensão total com saturados, com a hipótese de que a carga imposta
a variação do grau inicial de saturação obtido em pela construção foi aplicada rapidamente e houve
ensaios não drenados em argila inorgânica. pouco tempo para a drenagem ocorrer. A resistência
Observe que, para esses ensaios, os corpos de das fundações em argilas moles saturadas e a
prova foram preparados com aproximadamente o estabilidade da base dos aterros sobre argilas moles
mesmo peso específico seco inicial de 16,7 kN/m3. são exemplos desta condição.
Para dada tensão normal total, a tensão de
cisalhamento necessária para produzir a ruptura
diminui conforme o grau de saturação aumenta.
Quando esse grau atinge 100%, a envoltória de
ruptura da tensão total torna-se uma linha horizontal,
que é o mesmo que acontece com o conceito de Ø=
0.
7. REFERÊNCIAS

Das, Braja M., Khaled Sobhan. Fundamentos de


engenharia geotécnica - Tradução da 8ª edição
norte-americana ¹

CAPUTO, Homero Pinto, CAPUTO, Armando


Negreiros, RODRIGUES, J. Martinho A. Mecânica
dos Solos e suas Aplicações - Fundamentos -
Vol. 1, 7ª edição.

CAPUTO, H. P. Mecânica dos Solos e Suas


Aplicações. Volume 1, 6ª edição. Rio de Janeiro,
LTC, 2008.

CRAIG, R. F. Mecânica dos Solos. 7ª edição. Rio


de Janeiro, LTC, 2013.

http://www.torresgeotecnia.com.br/portfolio-
view/massa-especifica-real-dos-graos/ < acessando
em 15/05/2019>

DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia


Geotécnica. 6ª edição. São Paulo, Thomson
Learning, 2007.

MARANGON, M. Mecânica dos Solos II –. Volume


1. Juiz de Fora, 2013.

COULOMB, C. A. Essai sur une application des


regles de Maximums et Minimis á quelques
Problèmes de Statique, relatifs á l’Architecture,
Memoires de Mathematique et de Physique,
Présentés, á l’Academie Royale des Sciences,
Paris, v. p. 3, 38, 1776.

SKEMPTON, A. W. Long-Term Stability of Clay


Slopes, Geotechnique, v. 14, p. 77, 1964. –
Tradução norte americana¹

CHANDLER, R. J. The in situ Measurement of the


Undrained Shear Strength of Clays Using the Field
Vane, STP 1014, Vane Shear Strength Testing in
Soils: Field and Laboratory Studies, ASTM, p. 13-44,
1988. – Tradução norte americana¹

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