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IAA Segunda-feira, 29 de Margo ¢ 2010 A APA ‘intl DIARIO DA REPUBLICA ORGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE ANGOLA Prego deste mimero — Kz: 130,00 “Toda « correspondéncia, quer oficial, quer ‘ASSINATURAS ‘0 prego de cada linha publiada ns Dirios selativa a andncio € assinaturas do «Diério da Ano | de Replica |< 2.* sies éde Kz: 75.00 para a Asuds sien. Kx: 40027590 | 31 sie Ka: 95,00, acrescido do respective Repiblicars, deve ser drighda © Imprensa | AAMEESAES: + Te 0 | ronan ue, Seyenento «pubic da Nacional — B. P,,¢m Luanda, Caixa Postal 1306 | 4 2 série Kz: 123 500,00 | 3! série de depésito prévio a efectuar na Tesouraria — End, Teleg: «Imprensa> Adtsécie Kr: 95700090 | daTmpronsa Nacional — SUMARIO LEI DA PROBIDADE PUBLICA CAPITULO I Assemblela Nacional Disposigdes Gerais Laine a0: ARTIGO 1" Da Probidade Pablica, wee (Objecto) —— SSS A presente lei estabelece as bases ¢ o regime juridico relativos & moralidade piblica ¢ ao respeito pelo patriménio ASSEMBLEIA NACIONAL . publico, por parte do agente ptiblico. ~ —_ ARTIGO 2° Leln. 3/10 Gait de 29 de Margo O exercicio de fungdes na administragao do Estado, nas «« diversas formas de administragto piblica ¢ nos demais poderes piiblicos exige que sejam respeitados os deveres de lealdade, de impurcialidade, de probidade ¢ outros de natureza profissional e piblica, que estdio consagrados, de modo disperso, em diversos diplomas legais em vigor na Repablica de Angola; ‘Convindo acolher e sistematizar, em legislag&o especifica, ‘as normas que consagram os deveres, as responsabilidades © ‘as obrigagdes dos servidores publicos na sua prestagio ¢ assegurar a moralidade, a imparcialidade ¢ a probidade piiblicas; estes termos, ao abrigo das disposi¢Bes combinadas da alinea b) do artigo 161.° e da alinea d) do n° 2 do artigo 166. ambos da Constituigo da Repiiblica de Angola, a Assem- bleia Nacional aprova a seguinte: 1. A presente lei aplica-se a todas as actividades de natureza publica. 2, Integram, igualmente, o ambito material da presente lei as actividades de entidades nao piiblicas, singulares ou colectivas, circunstancialmente investidas de poderes pablicos. 3, Estio abrangidos pela presente lei todo o agente pal como tal definido pela presente lei. ARTIGO 3° (Principlos sobre oexercicio de fungdes psblicas) 0 agente piiblico deve, na sua actuago, pautar-se pelos seguintes principios: 4) principio da legalidade; ) principio da probidade ptiblica; . ©) principio da competéncia; 4) princfpio do respeito pelo patriménio pablico; 396 @) principio da imparcialidade; D) principio da prossecugto do interesse piblico; 4) prinefpio da responsabilidade e da responsal tayo du iitulan, do gesivr, do cespon funcionério ou trabalhador; +) prinefpio da urbanidade; {) prinefpio da reserva e da discrigao; ‘) prinefpio da parcimonia; 4) principio da lealdade &s instituigdes ¢ entidades piiblicas e aos superiores interesses do Estado. ARTIGO 4° (Principio da legalidade) © agente publico deve, na sua actuagdo, observarestrita- mente a Constinuigho e a lei ARTIGO 5° (Principio da probidade péblica) © agente piblico pauta-se pela observiincia de valores de ‘boa administragdo ¢ honestidade no desempenho da sua fungi, no podendy suticiia: ow aceitar, para si ow para terceiro, directa ou indirectamente, quaisquer presentes, empréstimos, facilidades ou quaisquer ofertas que possam Or em causa a liberdade da sua acg8o, a independéncia do seu jufzo e a credibilidade e autgridade da administragio publica, dos seus Grgos e servigos. ~ ARTIGO 6° (Prinefpio da competéncta) No exere(cio das suas fungGes 0 agente pablico e a enti- dade publica devem pautar-se ¢ assumir 0 mérito, o brio ¢ a eficiéncia como critérios mais elevados de profissionalismo public. ARTIGO 7° (Prinefplo do respelto pelo patriménto paleo) No exercicio das suas fungdes 0 agente puiblico deve abster-se da prética de actos que lesem o patriménio do Estado ou de actos susceptiveis de diminuir 0 seu valor, tais, como 0 desvio, a apropriagio, o esbanjamento ¢ a delapi- dagiio dos bens das entidades piiblicas de que tenha a guarda, em virtude do cargo, do mandato, da fungo, da actividade ou do emprego. ARTIGO 8° (Principio da imparcalidade) © agente piiblico deve tratar de forma imparcial os ccidadios com os quais entra em relago, devendo merecer 0 ‘mesmo tratamento no atendimento, no encaminhamento e na resolugo das suas pretensdes ou interesses legitimos, obser- -vando, sempre, com justeza, ponderagio e respeito o prinet- pio da igualdade juridica de todos os cidadaos perante a Constituigao e a tei. DIARIO DA REPUBLICA ARTIGO 9° . (Principio da ptossecugto do tnteresse piblico) (© agente puiblico deve exercer as suas fungdes exclusi- vamente a0 servigo do interesse piblico, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadaos. ARTIGO 102 (Princfplo da responsahilidade e da responsabilizagio) No exercicio das suas fungdes 0 agente publico pugna pela lealdade e pela transparéncia funcionais e é responsével pelo sucesso, pelo insucesso, pela legalidade ¢ pela ilegali- dade da actividade a seu cargo e compromete-se em servi-la para bem dos interesses gerais da comunidade. ARTIGO 11" (Principio da urbanidade) ‘No exercicio das suas fungdes 0 agente piiblico deve actuar com urbanidade, nas suas relagdes com os cidadios. Principio da reserva e da dscrigio) No exerefcio das suas fungdes 0 agente pablico deve usar da maior réserva e discrigo, de modo a evitar a divulgagdo dos factos ¢ das informagées de que tenha conhecimento, sendo-Ihe vedado 0 uso dessas informagdes em proveito pré- prio ou de terceiro, ARTIGO 13.° (Principio da parciménin) ~ Noexercfcio das suas fungBes o agente publico deve agir n equilfbrio, ponderayao, moderagdo, vautela ¢ precaugio na utilizago dos recursos postos & sua disposigo. ARTIGO 14° (Principio da lealdade) No exercicio das suas fungdes 0 agente publico deve desempenhar, com lealdade, as actividades ¢ as misses definidas superiormente, no respeito escrupuloso a lei e as ordens legitimas dos seus superiores hierdrquicos. CAPITULO 1 Sujeltos e Servigos ARTIGO 154 (Agente piblico) 1, Considera-se agente piblico @ pessoa que exerce ‘mandato, cargo, emprego ou fungao em entidade publica, em virtude de eleigdo, de nomeag%o, de contratagio ou de qual: quer outra forma de investidura ou vinculo, ainda que de modo transit6rio ou sem remuneragao. LSERIE —N. 57 — DE 29 DE MARCO DE 2010 2. Para efeitos da presente lei so agentes publicos, nomeadamente,as seguintes entidades me Free! +b) os Deputados & Assembleia Nacional; trados judiciais ¢ do Ministério Piiblico de todos os tribunais, sem excepgdo; <4) 0s membros da Administragio Central do Estado; @) 0s membros dos governos provinciais, das adminis- ‘tragdes municipais ¢ comunais; ‘) 0s gestores, responsaveis e funciondrios ou traba- Ihadores da administragao piblica central ¢ local do Estado; +g) 08 gestores, responsdiveise funcionérios dos tribunais ¢ da Procuradoria Geral da Repiblica; 1h) 08 gestores de patriménio piblico afectos as Forgas Armadas Angolanas e 4 Polfcia Nacional, inde- pendentemente da sua qualidade; 1) 08 gestores, responsdveis e funciondrios ou traba- Thadores dos institutos pablicos, dos fundos ou das fundagées piblicas, das empresas piiblicas ¢ das empresas participadas pelo Estado; ‘j) 0s titulares, respons4veis e funcionarios ou traba- Ihadores das autarquias locais, das associagées pablicas e das entidades que recebam subvengio de érgao ptiblico; . ‘b) 0s titulares, respons4veis e fimciondrios ou traba- Thadores das instituigdes de utilidade pili 1) 08 gestores, responsdveis e trabalhadores de empre~ sas privadas investidas de fungdes publicas mediante concessio, licenga, contrato ou outros vinculos contratuais; 1m) 08 funciondrios pablicos, agentes administrativos ¢ trabalhadores dos sectores piblico-administrativo ‘c empresarial, integrados na administragio directa ‘ou indirecta do Estado, bem como na admi tragiio auténoma ou independente. ARTIGO 16° (Direitos do agente péblico) O agente piiblico, dependendo da fungdo que exerca, goza cumulativa ou parcialmente dos seguintes direitos: 4) imunidades, nos termos da lei respectiva; +b) notificago antecipada da cessagio do cargo; ) audiéncia prévia, no caso de procedimento disci- plinar; 4) direito a progressto ou promogio na carreira, nos termos da lei. ARTIGO 17° ‘Deveres do agente pibica) 1 Aconsciéncia e a postura de bem servir, com eficiéncia € rigor, devem constituir uma referéncia obrigatéria na actividade do agente paiblico, quer perante os cidadios quer perante entidades piblicas ou privadas. 397 2. No exercicio das suas-fungdes, o agente puiblico deve observar os seguintes deveres: 4) qualidade na prestagao do servigo publico; +) isengdo e imparcialidade; )cortesia ¢ informagao; 4) dedicagio, elo, autoformagio, aperfeicoamento € actualizag e) reserva e discrigio; ‘P)parciménia; '8) solidariedade e cooperagao; hi) lealdade. 3. O agente piiblico deve recusar qualquer tratamento de favor ou de situago que implique privilégio ou vantagem injustificada a cidadaos ou entidades colectivas puiblicas ou privadas. 4. Na sua relag&io com os demais servidores pablicos, 0 agente piblico deve acatar as ordens dos seus legitimos superiores, com disciplina e respeitar os seus subordinados. ARTIGO 18° \Gkecebimento de ofertas) 1. agente piblico nao deve, pelo exercfcio das suas fungées, beneficiar, directamente ou por interposta pessoa, de ofertas por parte de entidades singulares ou colectivas, de direito angolano ou estrangeiro. 2. Sao inclufdos na proibigfo.estabelecida no nimero anterior todos os méveis, iméveis e servigos que, pela sua natureza e valor, possam, de algum modo, afectar ou vir a afectar a integridade ¢ a postura de exemplar isengdo do agente piblico no desempenho das suas fungdes, nomea- damente: 4) dinheiro, em moeda nacional ou estrangeira, inde- pendentemente do valor; b) iméveis ou quaisquer trabalhos de reparacio, ‘manuteng&o ou beneficiagio destes; 6) viaturas, embareagdes e outros meios de transporte; d) mobiliérios, electeodomésticos e demais apetrechos do lar; e) abastecimento regular ou inter alimentares; P) férias pagas; 28) as ofertas que, pela sua natureza e valor pecunidrio, sejam susceptiveis de comprometer o exercicio das suas fungdes com a lisura requerida ¢ sejam lesivas & boa imagem do Estado. jitente de bens 3. E permitido, ao agente public, o recebimento de ofertas nas seguintes situagbes: 4a) bens que. pela sua natureza, podem ser imediata- ‘mente integrados no patriménio do Estado & demais pessoas colectivas piblicas ou encami- nhado, pelo agente piiblico, para beneficio das colectividades; ) ofertas que se enquadram na prética protocolar e no sejam lesivas A boa imagem do Estado demais pessoas colectivas piblic: 1) presentas por aracian de datas festivac, namenda. ‘mente aniversério, casamento, dia da familia e ano novo, desde que adequados, no seu valor € natureza, a respectiva data. 4, Em circunstancia alguma os presentes ou as ofertas referidos no némero anterior devem abranger as ofertas previstas no n.° 2 do presente artigo. ARTIGO 19° (Servigos de Interesse pico) 1. 0 agente piblico exerce as suas fungdes ao servigo do Estado ¢ prossegue, sempre, a satisfagdo dos interesses gerais dos cidadios. 2. A actuagio do agente piiblico deve fundar-se em consi- deragdes objectivas, orientadas para o interesse comum, & margem de qualquer outro factor que exprima ou favorega posigdes pessoais, familiares, corporativas ou quaisquer ARTIGO 20 (ENeiBncta dos servigos) 1.0 agente pablico deve exergor as respectivas compe- t8ncias, tarefas e misses com vista &eficincia dos servigos. 2. O agente pablico deve evitar 0 descuido, a negligencia ‘ comportamentos que prejudiquem o cumprimento das suas tarefas. . ARTIGO 21° (Uitlizago dos meios adstritos a0 servo pico) 1.0 agente puiblico deve proteger e conservar os bens piiblicos, devendo abster-se de utilizar instalagées, vefculos, e servigos em beneficio particular. 2. Os recursos, os meios técnicos ¢ o material gastével devem ser utilizados para o desempenho das tarefas da instituigto. 3. O agente ptiblico deve fazer uma racional utilizago dos bens que lhe so facultados, evitar desperdicios e nfo Permitir que qualquer outra pessoa deles se aproveite, & margem do fim que lhes foi destinado, no cumprimento da missio publica. ARTIGO 22° (Tempo de decisto) 1. agente piiblico deve tomar a decisio no tempo requerido para a sua adequada realizagdo, com respeito aos prazos legais. 2. Na prossecugdo do interesse piblico 0 agente piblico deve tratar os assuntos com diligéncia, evitando demoras e atrasos injustificados na decisfo, na resposta ou na comuni- cago da petigo, solicitago ou requerimento. DIARIO DA REPUBLICA falta grave, passtvel de responsabilidade disciplinar e civil do agente publico: ‘actos em condigdes normalmente exigidas; +b) revelar factos relacionados com procedimentos ou Processos em apreciago, salvo nos casos de cumprimento do prinefpio do arquivo aberto; ©) recusar ou retardar a divulgagio de actos piiblicos susceptiveis de publicidade. CAPITULO Il ‘Actos de Improbidade ARTIGO 23.° (Improbidade pabtics) ‘Sao actos de improbidade piblica as acces ou as omis- s8es do agente pablico contrérias a moralidade administrativa € a0 respeito pelo patriménio piblico. ARTIGO 24.° (Actos contra os principlos da Administragio Pabica) Considera-se acto de improbidade piblica atentatério dos prinefpios da Administragao Publica qualquer ac¢4o ou omis- sto que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade ou lealdade &s instituigtes, nomeadamente: 4@) praticar acto com vista a um fim proibido por lei ou «por regulamento; by retardar ou deixar de praticar acto indevidamente; )revelar facto ou circunstancia de que tenha conheci- mento em razdo das competéncias ou tarefas € ‘que deva permanecer em segredo; ) negar publicidade a actos oficiais, ) frustrar a licitude de concurso piblico; J) deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazé-lo; 4) revelar ou permitir que chegue a0 conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgacio oficial, teor de medida politica ou econémica capaz de afectar 0 prego de mercadoria, de bem ou de servigo ou de ter repercussées de cardcter politico ou social. w ARTIGO 252 ‘(Actos que conduzem 20 enriquecimente iifcto) 1. Constitui acto de improbidade piibtica conducente a0 enriquecimento ilfcito obter qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida, em virtude do cargo, do mandato, da fungdo, da actividade ou do emprego do agente puiblico. Para efeitos do mimero anterior consideram-se de impro- bidade pablica, nomeadamente, os seguintes actos: 42) receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem ‘mével ou imével, ou qualquer outra vantagem econémica, directa ou indirecta, a titulo de ‘comissdo, percemtagem, gratficaglo ou de presemte de quem tenha interesse, directo ou indirecto, que possa ser atingido ou amparado por acco ou” omissio decorrente das atribuigdes do agente piblico; SERIE —N. 57 — DE 29 DE MARCO DE 2010 5) obter vantagem econdmica, directa ou indirecta, para facilitar a aquisigao, a permuta ou a locagio de bem mével ou imével, ov a contratagao de ao valor de mercado; ©) obter vantagem econdmica, directa ou indirecta, para facilitar a alienago, a permuta ou a locagio de bem paiblico ou o fornecimento de servigo pela entldade pUblica por prego inferior ao valor do mercado; d) utilizar, em obra ou servico particular, veiculos, méquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou & disposigao de enti- dade publica, bem como o trabalho de servidores, piiblicos, empregados ou terceiros contratados por entidade pablica; ©) obter vantagem econémica de qualquer natureza, directa ou indirecta, para tolerar a exploragdo ou «a pritica de jogos de azar, de lenocinio, de narco- tréfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra actividade ilfcita ou aceitar promessa de tal vantagem; f) obter vantagem econémica de qualquer natureza, directa ou indirecta, para fazer declaragio falsa sobre medigo ou avaliag%o em obras piiblicas ou qualquer outto servigo ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou caracteristica de merca- dorias ou bens fornecidgs a qualquer entidade piiblica; wt #) adquirir, para si ou para outrem, no exere(cio de ‘mandato, cargo, emprego ou funcdo piblica, bens de qualquer natureza cujo valor seja des- proporcional & evolugio do patriménio ou & renda do agente piblico; 1h) aceitar emprego ou exercer actividade de consul- toria para pessoa fisica ou juridica que tenha interesse susceptivel de ser atingido ou amparado por acco ou por omissio decorrente das atribui- ‘Gbes do agente pablico, durante a actividade; ‘i obter vantagem econémica de qualquer natureza, directa ou indirectamente, para omitir acto de oficio, providéncia ou declaragdo a que esteja ‘obrigado; ‘D integrar, no seu patriménio, de forma ilfcita, bens, rendas, verbas ou valores pertencentes ao acervo patrimonial de entidade publica; ‘6 usar, em proveito prbprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial de entidade publica; 1) obter vantagem econémica para intermediar a disponibilizagao ou a aplicagto de verba péblica de qualquer natureza. ARTIGO 26° ‘Actos que cansam prejutzo ao patriméalo pablico) 3. Constitui acto de improbidade publica, que preudica 0 patriménio pablico, a acgGo ou a omissdo negligente ou cculposa que provoque perda patrimonial, desvio, apropriagdo, esbanjamento ou delapidagao dos bens das entidades, piblicas.. 399 2. Para efeitos do ndmero anterior consideram-se de improbidade pablica, nomeadamente, os seguintes actos: 4) facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a {ntegrago no patrim6nio particular de pessoa fisica ou juridica, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial de entidade pabl 'b) permitir ou concorrer para que pessoa fisica ou juridica privada utilize bens, rendas, verbas ou Valores integrantes do acervo patrimonial de entidade piblica, sem a observancia das forma- lidades legais ou regulamentares aplicdveis; ©) permitir ou facilitar a aquisigZo, a permuta ou a ocagio de bem ou servigo por prego superior 20 do mercado; ) permitir ou facilitar a alienagdo, a permuta ou a locagao de bem integrante do patrimonio de entidade piblica ou, ainda, a prestagto de servigo por esta, por prego inferior ao do mercado; e) realizar operaco financeira sem a observancia as normas legais ov regulamentares ou aceitar ¢garantia insuficiente ou inadmissivel, A conceder beneficio administrativo ou fiscal sem a observancia das formalidades legais ou regula- mentares aplicdveis, ‘8) violar as regras legais sobre concursos em matéria de contratago publica; +h) ordenar ou permitir a realizagdo de despesas néo ‘autorizadas por lei ou regulamento; 2 permitic que se utilize, em obra ou servigo particular, vefculos, méquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou & dispo- sigo de qualquer entidade ptblica; {J permitir que se recorra, em obra ou servigo parti- cular, a0 trabalho de servidor pablico, empregado ‘0 terceiro contratado por entidade piiblica; ‘) permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro ‘enriquega ilicitamente; 1D disponibilizar verba pablica sem a observancia das normas em vigor ou influir, de qualquer forma, para a sua aplicago indevida ou ilegal. CAPITULO IV Garantias de Probidade e Sangées ARTIGO 27° (eclarasho de bens) 1. O exercicio de fungées piblicas esté sujeito a decla- ago dos direitos, rendimentos, tftilos, acgtes on de qualquer outra espécie de bens e valores, localizados no Pafs ou no estrangeiro, conforme modelo anexo, que constituem o patriménio privado das seguintes entidades: 4) titulares de cargos politicos providos por eleigao ou por nomeagto; ») magistrados judiciais e do Ministério Publico, sem excepea0; ) gestores ¢ responsdveis da Administragdo Central e Local do Estado; 4) gestores de patriménio piblico afecto as Forgas ‘Armadas Angolanas e & Policia Nacional, inde- pendentemente da sua qualidade; @) gestores e responsaveis das institutas ptblicas. das fundos ou fundagdes piblicas e das empresas piiblicas; ‘A titulares dos érglos executivos e delibe quicos. ivos autar- 2. A declaragdio de bens deve ser actualizada a cada dois anos, 3. As falsas declaragdes por dolo ou negligéncia, as omissdes ¢ a falta de declaragdo de bens equivalem a falsas declaragdes perante autoridade piblica, susceptiveis de responsabilizagao politica, disciplinar e criminal. 4. pnnide com pena de demissia on destituigin, sem prejufzo de outras sangGes previstas por lei, o agente piblico que se recuse a prestar declarago de bens, no prazo deter- minado por lei 5.A declaragéo de bens é apresentada em envelope fechado e lacrado, até 30 dias ap6s a tomada de posse, junto déncia ou de tutela, que a remete, no prazo de oito dias tes, a0 Procurador Geral da Republica. 6.0 Procurador Geral da Repliblica 60 fiel depositério da declarago de bens, & qual apenas é permitido acesso, por ‘mandato judicial, sempre que, no Ambito de um processo crime e/ou disciplinar ¢ adt istrativo ou outras razOes, de fortes indicios de ilfcitos criminais e/ou administrativos 0 justifiquem. 7. As informagdes e os dados contidos na declaragio de bens, bem como em dentincia por acto de improbidade, so considerados elementos sob segredo de justica,estando o seu desrespeito, por qualquer forma, sujeito 4 correspondente processo criminal e disciplinar. ARTIGO 28: ‘impediments do agente pablo) 1.0 agente piblico esté impedido de intervir na prepa- ragdo, na decisdo e na execug4o dos actos ¢ contratos, nos seguintes casos: 42) quando tenha interesse directo ou como represen- tante de outra pessoa; +) quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse seu cOnjuge ou parente na linha recta ou até ao segundo grau da linha colateral, bem como com quem viva em comunhio de mesa e habitacdo; ©) quando exerga actividades privadas, incluindo de cardcter profissional ou associativo, que se telacionem directamente com érgio ou entidade 0 qual prestem servigo; <4) quando, por si ou por interposta pessoa singular ou colectiva, exerga uma actividade profissional de assessoria sob a dependéncia de servigos de entidades privadas ou particulares, em assuntos DIARIO DA REPUBLICA ‘em que deva intervir ou haja intervido por razdo da sua qualidade de agente piblico; €) quando, em qualquer tipo de contrato, assuntos, preparar ou facilitar qualquer forma de participagio, directa ou por interposta pessoa, 2. violagdo das normas sobre impedimento, por acgio ‘ou omissio negligente ou dolosa, dé lugar & responsabi- lizago politica, disciplinar e criminal. ARTIGO 29° ‘(Escusa ¢ arguicho de impedimento) 1, Sempre que se verifique causa de impedimento em relagdo a qualquer agente pilblico, este € obrigado a comu- nicar imediatamente 0 facto. 2. Qualquer interessado pode requerer a declaragiio de ‘impedimento, enquanto no for proferida a decisio definitiva, raticado 0 acto ou celebrado 0 contrato. ARTIGO 30 (Obrigagoes ao eessarrungoes) 1. Apés cessar fungdes 0 agente piiblico deve estar dispontvel para a passagem de pastas. 2. 0 agente piblico deve, no prazo méximo de 60 dias, proceder a restituigdo do material, dos equipamentos ¢ dos meios da instituigo que, por forca da funcdo, estiveram a0 seu dispor. “ ARTIGO 31° (Reintegrasto patrimoniale sancées) 1. Sem prejutzo das correspondentes sangSes penais ou de outra natureza prevista na lei, 0 responsével pelo acto de improbidade sujeita-se as seguintes cominagdes: 4) para a hipStese do artigo 24.°, ressarcimento inte- agtal do dano, se houver, perda da fungto publica, suspensdo dos direitos politicos de trés a cinco anos, pagamento de multa de até 100 vezes 0 valor da remuneragio percebida pelo agente proibigdo de contratar com entidades piblicas ou de receber beneficios ou incentivos fiscais ou crediticios, directa ou indirectamente, ainda que por intermédio de pessoa colectiva da qual seja s6cio maioritério, pelo prazo de trés anos; 5) para a hipétese prevista no artigo 25.°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente a0 sew patriménio, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da fungio piblica, pagamento de multa de até trés vezes 0 valor do actéscimo patrimonialilicito e proibigto de contratar com entidades pablicas ou receber incentives ou bene- ficios fiscais ou credit(cios, directa ou indirec- tamente, ainda que por intermédio de pessoa colectiva da qual seja s6cio maioritério, pelo razo de 10 anos; SERIE —N. 57 — DE 29 DE MARCO DE 2010 6) para a hipétese do artigo 26., ressarcimento inte- gral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente a0 patriméni so dos direitos politicos de cinco a oito anos, pagamento de multa de até duas vezes 0 valor do dano ¢ proibigdo de contratar com entidades piiblicas ou de receber beneficios ou incentivos fiscais Gu crediticios, directa ou indirectamente, ainda que por intermédio de pessoa jurfdica da qual seja s6cio maioritério, pelo prazo de ccinco anos. 2. Para efeitos das alineas a) e 6), na determinagao dos valores ilicitamente acrescidos ao patriménio, deve atender- -se aos bens titulados pelo agente por interposta pessoa. 3..Na fixagao da indemnizagaio c sanydes previstas no 1° 1 do presente artigo, o juiz deve ter em consideragSo a extenstio do dano causado ¢ o proveito patrimonial obtido pelo agente. ARTIGO 32° (Aspectos processuais) 1. Qualquer pessoa. singular ou colectiva, pode participar, ao Mi i0 Puiblico ou a entidade administrativa, factos {que revelem improbidade, para que seja instaurada a respec- tiva investigacdo, apés 6 apuramento de indicios da eventual veracidade dos factos. 2.A participagao deve ser escrita ou reduzida a termo, assinada e conter: 4) a identificago do participante; ‘yas informagdes sobre 0 facto e sua presumivel autoria; 6) a indicagio das provas de que tenha conhecimento. 3. O Ministério Piiblico pode, vir a conhecer, oficinsa- mente, dos actos de improbidade, ainda que a participagao no sirva para promover qualquer investigagao por falta dos elementos previstos no ntimero anterior. 4. Tendo sido instaurada a investigago para apuramento ‘de actos de improbidade, o Ministério Publico pode dar conhecimento, ao Tribunal de Contas, da existéncia do correspondente proceso, podendo 0 Tribunal de Contas indicar representante para o acompanhar junto do Ministério Piblico. 5. Havendo fundados indicios de responsabilidade por actos de improbidade pode o Ministério Publico requerer a0 ‘Tribunal competente, nos termos da lei civil, o decretamento do arresto dos bens, incluindo 0 congelamento de contas bancérias do provavel agente ou de terceiro que tenha cenriquecido ilicitamente ou causado dano ao patriménio pablico. 6.0 Tribunal deve proferir decisdo sobre o requerimento do Ministério Piblico, nos termos do niimero anterior, no prazo mAximo de 20 dias, devendo 0 Ministério Publico promover, de forma célere, a investigagZo, propondo a acco principal no prazo maximo de 60 dias, sob pena de caducar a providéncia cautelar. 401 CAPITULO V Crimes Cometidos por Agente Piblico ARTIGO 33° Erevarcesio O agente piblico que, contra o que esteja legalmente ‘estatuido, conduza ou decida um processo em que intervenha, no exerefcio das suas fung6es, com a intengo de prejudicar ou beneficiar alguém, é punido com priséo maior de dois a oito anos. ARTIGO 342 (Denegasio do poder disciplinar) O agente pubblico que, no exercicio das suas fungdes, se recuse a exercer o poder disciplinar que Ihe caiba, nos termos das suas competéncias, é punido com prisdo e multa corres- pondente. ARTIGO 35.° (Oo acatamento ou reeusa de execugHo de deco judicial) CO agente piblico que, no exercicio das suas fungdes, n8o cate ou se oponha d execucto de decisto judicial transitada ‘em julgado, que Ihe caiba por dever de cargo, ¢ punido com pristo e multa correspondente. ARTIGO 362 (Wiolagio de normas de execusto do plano ¢ orgamento) ‘agente piblico a quem, por dever do seu cargo, incumba © cumprimento de normas de execugdo do plano ou do orgamento e, Voluntariamente, as viole é punido com prisio, quando: 4) contraia encargos nfo petmitidos por lei; +) autorize ou promova operagées de tesouraria ou alteragSes orgamentais proibidas por lei; ©) 48, 20 dinheiro piblico, um destino diferente daquele 4 que esteja legalmente afectado. ARTIGO 37° ‘Gnriquecimento sem ease) agente piblico que, no exercicio das suas fungdes, aproveitando-se de erro de outrem, receba, para si ov para terceiro, taxas, emolumentos ou outros valores no devidos ‘ou superiores aos devidos, é punido de acordo com o valor indevidamente recebido, nos termos do artigo 473.° do Cédigo Civil. ARTIGO 38° (Emprego de forga paca contra al) O titular de cargo de responsabilidade que, sendo compe- tente em razn das suas fung&es para requisitar ou ordenar 0 emprego de forga piblica, requisitar ou ordenar esse emprego para impedir a execugo de alguria lei, mandado regular de justica ou de ordem de avtoridade publica é punido com pena de pristio maior de dois a oito anos. ARTIGO 39° ‘Abaso de poder) O titular de cargo de responsabilidade que, abusando dos ppoderes que a lei Ihe confere ou violando os deveres inerentes, {is fungdes ou por qualquer fraude, obtenha, para si ou para terceiro, um beneficio ilegitimo ou cause prejuizo aentidade 402 _ paiblica ou privada é punido com prisfo e multa correspon- dente, se pena mais grave nfo couber por forca de outra disposigo legal (@endnciacalunoss) Havendo participagio ou dentincia que se verifique ter sido feita com o conhecimento da falsidade dos factos participados com a intengtio de comprometer ou de lesar a consideragdo ¢ 0 bom-nome do denunciado ou, com negli= géncia,o denunciante & punido com prislo de trés a 18 meses € suspensio dos direitos politicos, sem prejutzo de in- demnizar 0 denunciado pelos danos materiais, morais ou & imagem que haja provocado. ARTIGO 41.° ‘esponsabilidade civil) 1, 0 Estado ¢ as demais pessoas colectivas pablicas, através dos seus érgdos ou servigos a que esteja vinculado 0 agente pablico, respondem solidariamente com este pelas perdas e danos causados a terceiras, 2. As pessoas colectivas piblicas gozam do direito de nos termos do ntimero anterior. 3. A absolvigdo, pélo tribunal criminal, nfo extingue 0 dever de indemnizagio, que pode ser pedida em tribunal cfvel. . ARTIGO 422 >" (Exclusto da responsabilidade diseiplinar) 1. E excluida a responsabilidade disciplinar do agente pablico que actue no cumprimento de ordens ou de instrugdes emanadas de legitimo superior hierdrquico em matéria de servigo se delas tenha reclamado ou exigido a sua trans- io ou confirmagio. 2. Considerando ilegal a ordem recebida, o agente puiblico faz mengdo desse facto ao reclamar ou ao pedir a sua trans- ‘missfo ou confirmagio, 7 DIARIO DA REPUBLICA 3. Quando a ordem-seja dada com mengio de cum-" primento imediato a comunicagio do agente piblico efectuada apés a execugio da ordem. 4, Cessa o dever de obed senipre que 0 cu primento das ordens ou instrugdes implique a pritica de crime. CAPITULO VI Disposigées Finais ARTIGO 43 ‘(evogacio de lesslacéo) Fica revogada a Lei n.° 22/90, de 22 de Dezembro (Lei Sobre a Disciptina Estatal), a Lei n. 13/96, de 31 de Maio (Lei Orginica que Estabelece o Regime Juridico e 0 Estatuto ‘Remuneratério dos Membros do Gove), o Decreto n° 23/90, de 6 de Outubro (Sobre as Regalias Patrimoniais dos Diri- -gentes) e 0 Decreto n.” 24/90, de 6 de Outubro (que Regula- menta o Recebimento de Pequenas Ofertas a Membros do Governo) e demais legislagio que contrarie 0 disposto na presente lei. ARTIGO 44° (Diividas e omissées) ‘As diividas e as omissdes resultantes da interpretacio e aplicagas da presente fei sie iesolvidas pela Asseu Nacional. ARTIGO 482 (Entrada em vigor) A presente lei entra em vigor 90 dias apés a data da sua publicagao, Vista ¢ aptovada pela Assemnbleia Nacional, em Luanda, 0s 5 de Margo de 2010, © Presidente da Assembleia Nacional, Anténio Paulo ~ Kassoma. Promulgada em 25 de Margo de 2010. Publique-se. © Presidente da Repsblica, José Epuarpo pos Santos. ANEXO ‘Modelo de declaragio de bens a que se refere 0 artigo 27.° da Lei da Probidade Publica Eu, (nome, estado civil, profissio ou fungdo, residéncia, titular do Bilhete de Identidade n°... , tendo sido nomeado para o exercfcio das fungdes de .emitido . declaro, por minha honra e para os efeitos do disposto no artigo 27.° da Lei da Probidade Publica, que sou proprietirio do seguinte: 1. Bens iméveis A) No Pals 3, Bens semoventes A) No Pats 2. Bens méveis A)No Pass B)Noestrangeiro BY Noestrangeiro ——_B) No estrangeiro Local e data 5. Thulos A) No Pals 4, Dinheiro A)No Pats 6 Aces A) No Pais B)Nocstrangeiro —-B) Noestrangeiro.——_B) Noestrangeiro Agsinatura legfvel do declarante CET = 357 = 00 ek. — LN-EP = 2010

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