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EMPREENDER

DEMITA
SEU CHEFE
E VÁ
INÁCIO FEITOSA

EMPREENDER
DEMITA
SEU CHEFE
E VÁ
Como mudar sua
atitude mental
para ser um
empresário
de sucesso
Copyright © 2019 Inácio Feitosa

Projeto gráfico, capa e diagramação: Ednaldo Muniz de Oliveira


ednaldomuniz48@gmail.com
Ilustrações: flaticon.com
Revisão: Talita Vasques

F311d Feitosa, Inácio


Demita seu chefe e vá empreender : como mudar sua atitude
mental para ser um empresário de sucesso / Inácio Feitosa ; prefácio
Lasaro do Carmo Jr. ; posfácio Ronnie Duarte. – Recife : Ed. do Autor,
2019.
199p. : il.

1. Empreendedorismo – Manuais, guias, etc. 2. Gestão


empresarial. 3. Autoconfiança. 4. Autorrealização.
5. Feitosa, Inácio – Atividades Profissionais. 6. Empreendedores
– Atividades profissionais. 7. Sucesso nos negócios. I. Carmo Jr.,
Lasaro do. II. Duarte, Ronnie. III. Título.

CDU 658
CDD 658

PeR – BPE 19-698

ISBN: 978-65-901922-0-2

Impresso no Brasil 2019


Foi feito o depósito legal
Parabéns por ter gostado do título do livro!
Algo acaba de despertar em sua mente.
Você foi atraído pelas vibrações empreendedoras.
A primeira semente foi lançada em sua vida.
Agradecimentos e registros

D eus, obrigado pela sua presença em minha vida.


Esta obra é dedicada a Bel, minha esposa, o amor da minha existên-
cia e a grande responsável por eu chegar até aqui.
Gratidão às minhas filhas Maria Fernanda e Camila, pelas lições de
coragem, sabedoria e amor que me dedicam todos os dias.
Grande amor aos meus pais, João e Bernadete.
Gratidão sempre a Dr. Meraldo Zisman, ao Prof. Luís Pereira de
Melo Júnior pela amizade fraterna, e à FIS, por acreditar sempre em
nossos projetos.
Agradecimentos especiais aos amigos Talita Vasques e Emanuel Sam-
paio, fundamentais para o sucesso desta obra.
O livro também é para você, que está farto da realidade de um País
nada amistoso com os empreendedores. Para você que tem seus pro-
jetos, seus sonhos, mas que (ainda) não tem coragem de investir neles.
Chegou a sua hora.
Sumário

PREFÁCIO.......................................................................................................13
INTRODUÇÃO................................................................................................15

CAPÍTULO 01 — SAIA DA ZONA DE (DES)CONFORTO...........................21

Plante a semente do empreendedorismo........................................................23


E por falar em queda... .............................................................................................27
O que é uma empresa?............................................................................................30
E os chefes, o que são?.............................................................................................32
O mundo corporativo... ...........................................................................................34
A inveja do chefe........................................................................................................34
O valor do profissional.............................................................................................35
O sonho dos outros...................................................................................................37
A hora certa de sair....................................................................................................40
Saber ouvir....................................................................................................................41
Resumo Mental...........................................................................................................46

CAPÍTULO 02 — CONTRATE-SE..................................................................49

Demita seu chefe se... ..............................................................................................51


Primeiros passos.........................................................................................................53
O fundo do poço........................................................................................................56
Como sair do poço?...................................................................................................57
E depois do fundo do poço?..................................................................................58
Quebre o retrovisor...................................................................................................60
Sonhe grande!.............................................................................................................62
Calvino estava certo!.................................................................................................64
Uma marca....................................................................................................................66
Invista em conhecimento........................................................................................68
Planeje tudo e não se esqueça do advogado e do contador.....................69
Quem são as partes interessadas no seu negócio?........................................70
Os perfis de seus colaboradores...........................................................................72
Não esqueça da cenoura!........................................................................................74
Resumo Mental...........................................................................................................80

CAPÍTULO 03 — PREFIRA APRENDER COM OS ACERTOS


(MAS NÃO MENOSPREZE A DIDÁTICA DOS ERROS)...............................83

Benchmarking: ame a concorrência....................................................................85


A Águia e o Falcão......................................................................................................87
A Bíblia...........................................................................................................................87
O zumbi e a qualidade..............................................................................................89
O pulo do puma (o do gato é para amadores)................................................91
Não contrate quem pode demitir você..............................................................92
É preciso inovar para sobreviver...........................................................................94
Já quebrou? Parabéns, você está quase pronto!.............................................97
Resumo Mental........................................................................................................ 100

CAPÍTULO 04 — FAÇA ACONTECER........................................................ 103

A autossabotagem poderá colocar tudo a perder...................................... 105


O sucesso é coletivo. Já o fracasso... ................................................................ 108
O que é sucesso?..................................................................................................... 110
Seja sua empresa..................................................................................................... 113
Não queira ser reitor............................................................................................... 115
Foco, foco e foco...................................................................................................... 119
A melhor reunião..................................................................................................... 120
Ganhe dinheiro em escala................................................................................... 121
Resumo Mental........................................................................................................ 125

CAPÍTULO 05 — A FORÇA QUE EXISTE EM NÓS.................................. 127

Escreva uma carta para você............................................................................... 129


Eu quero, eu posso, eu já consegui!.................................................................. 130
A família como meta.............................................................................................. 131
Pedi e recebereis, buscai e achareis... .............................................................. 132
Quem pensa cria, quem sente atrai e quem acredita realiza.................. 135
Quanto mais ajudo, mais recebo....................................................................... 136
Resumo Mental........................................................................................................ 141

CAPÍTULO 06 — DECIDA EMPREENDER................................................ 143

É melhor ser feliz do que ter razão.................................................................... 145


Faça seu cliente feliz............................................................................................... 148
Gastar menos e arrecadar mais.......................................................................... 151
A gratidão pela abundância recebida.............................................................. 157
Seja engenheiro do seu sonho........................................................................... 158
Por que empreender?............................................................................................ 159
A gestão dos processos......................................................................................... 161
O marketing.............................................................................................................. 162
Segurança da Informação.................................................................................... 163
Compliance............................................................................................................... 164
Resumo Mental........................................................................................................ 167

CAPÍTULO 07 — NÃO DIGA “SE DEUS QUISER”.


DEUS QUER. E VOCÊ?................................................................................ 169

A felicidade como meta........................................................................................ 171


Humildade sempre................................................................................................. 172
Deseje vencer........................................................................................................... 174
Eu, vendedor!............................................................................................................ 175
Abaixo as paredes................................................................................................... 177
Uma proposta irrecusável.................................................................................... 178
Quero ser empreendedor e ponto final!......................................................... 181
Resumo Mental........................................................................................................ 189

ORAÇÃO DO EMPREENDEDOR................................................................ 193


POSFÁCIO — O PODER DA AÇÃO!.......................................................... 195
PREFÁCIO

M uita gente pensa que “Empreender é para quem tem o dom”, “Nas-
ci para ser empregado”, “Não conseguiria gerir meu próprio negó-
cio”. Pare de acreditar nessas crenças medíocres, que nada mais são do
que pré-conceitos impostos por nossa cultura socialista, que valoriza a
estabilidade dos cargos públicos, do Estado provedor, ou simplesmen-
te de uma carteira assinada. Somos livres para chegar onde queremos,
de acordo com o potencial e a dedicação de cada um.  Cada um de nós
pode chegar no topo do Everest. O que nos diferencia é o tamanho do
Everest. Cada um pode ter o que seu esforço levar.
Ninguém nasce empreendedor por virtude divina. A capacidade de
criar, inovar, gerar negócios e riquezas é uma aptidão que precisa ser
desenvolvida. Claro que talento e paixão não se aprende na escola, mas
sangue suor, lágrimas e alegrias juntos te levam mais longe.
Nas páginas a seguir, o professor-empreendedor e amigo Inácio
Feitosa nos presenteia com um guia obrigatório para ajudar a você a
decidir trocar a CTPS por um CNPJ. Com um relato autobiográfico co-
rajoso, Inácio expõe as provações de sua jornada empreendedora, de
quem trocou um cargo alto executivo em um dos maiores grupos do
País pela aventura de investir em seu negócio, em deixar de sonhar o
sonho dos outros para despertar para seus próprios anseios. Poucas
horas de sono, muita dedicação e correr riscos com capital próprio!
Mas com grandes possibilidades e um topo ilimitado!
Em sua trajetória, desceu ao “fundo do poço” e fez dali um espaço
de meditação, de ressurreição. Após demitir seu chefe e abandonar a
estabilidade de uma carreira executiva, se viu com um saldo de R$ 7 mil
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em sua conta bancária e duas filhas para criar. Mas, segundo ele, com o
apoio incondicional de sua esposa, tirou o paletó, arregaçou as mangas
e foi aplicar na própria vida o que tão bem já exercia como “funcionário”:
planejar, inovar, gerar resultados. Só que agora no papel de dono do seu
próprio negócio. Correndo todos os riscos que só quem empreende no
Brasil sabe como é!
Se sua história de vida em si já traz importantes lições para quem
deseja tomar as rédeas de sua vida financeira, Inácio vai além. Com um
talento de um professor que dedicou a vida à educação, ele apresen-
ta de maneira didática o passo a passo para quem decidiu finalmente
empreender, abordando questões burocráticas para a abertura de uma
empresa e dicas de gestão e de planejamento estratégico.
Espero que gostem da leitura e, melhor ainda, que ela ajude a você a
dar o próximo passo rumo ao empreendedorismo.

Lasaro do Carmo Jr. *

* Lasaro do Carmo Jr. tem mais de 25 anos de experiência como executivo e empresário.
Foi presidente da Jequiti Cosméticos, Hydrogem Cosméticos e presidente para a Amé-
rica do Sul da Jafra International Cosmetics. Atualmente é presidente da Jeunesse no
Brasil e Argentina.
INTRODUÇÃO

A os 12 anos de idade aprendi que poderia ganhar dinheiro venden-


do picolé de saquinho para as crianças do meu condomínio nas fé-
rias. O famoso sacolé ou dudu, como é conhecido por essas bandas. Foi
quando ganhei dinheiro pela primeira vez.
Tinha inclusive uma americana que pagava em dólar. Até hoje guar-
do em minhas memórias essa lembrança de empreendedorismo juvenil,
que por muito tempo estava esquecida na minha vida adulta.
Do apurado com a venda dos picolés, recordo que emprestava uma
parte aos meus amigos, com um pequeno acréscimo na hora da devolu-
ção. Estava praticando as regras do mercado, mesmo sem ter tal conhe-
cimento técnico à época...
Eu não tinha nenhuma pretensão de ser o empresário do picolé. Não
quero construir aqui o enredo de um filho de classe média que começou
a trabalhar desde cedo para ajudar o orçamento de casa. Não é nada dis-
so o que acontecia. Era apenas a astúcia de um menino inquieto, como
assim minha irmã definia.
Outra lembrança que tenho nos arquivos da minha jornada em-
preendedora vem da época da faculdade de Direito. Naqueles tempos
de estudante, eu conseguia ganhar mais dinheiro do que nos meus
primeiros anos de advocacia.
A vida universitária era uma feira. Eu vendia de tudo, de tocas fitas
(pionner), a cursos, congressos, até objetos de colecionar, como uma
câmera rolleiflex que depois de restaurada passou a valer 10 vezes o
seu valor de compra. E achava comprador de imediato para tudo que
caía na minha mão.
16 | INÁCIO FEITOSA

Montei até um bloco carnavalesco para poder vender camisas (Os


Inimputáveis), onde consegui reunir mais de 600 estudantes de Direito.
Todas camisas produzidas e vendidas pelo autor deste livro. Quando vi,
estava sendo recebido pelo presidente Itamar Franco, que decidiu pas-
sar o Carnaval em Olinda e escolheu nossa troça para prestigiar.
Nessa época (anos 1990) conheci também vários professores que
tinham cursos, e não sabiam negociá-los. Passei a ser uma espécie de
marketplace. Recebia um percentual da receita das matrículas que eu
conquistava. Cheguei a ter “assistentes” para ajudar na divulgação. Eles
recebiam uma bela comissão para vender “meus cursos”. Assim, comecei
também a trabalhar com o conceito de meritocracia: quem vendesse
mais, ganhava mais. Ainda, por puro instinto.
Minha propensão para negócios despertou interesse em um dos meus
professores, também com vocação para “mercador”, de onde nasceu uma
parceria de décadas, que se transformou numa estrada de provas.
Foi aí que aprendi, com muita dor e sacrifícios, que chega uma hora
em que temos que romper todos os laços e acreditar em nosso poten-
cial. É quando os “tombos” da vida nos ensinam a demitir nosso chefe.
E depois, o que fazer?
Ao longo dos capítulos ficará claro a qual tipo de “chefe” o título se
refere, e com certeza não é aos bons. Falo dos autoritários, dos que
não sabem reconhecer a qualidade do próximo. E, esse “chefe” não é
necessariamente uma pessoa física, pode ser também uma empresa
moralmente doente.
Também quebrei, quando permiti que outros sonhassem por mim,
quando não acreditei que eu poderia ser minha empresa.
Hoje, analisando as reminiscências do passado, redescobri o dom
para negócios, para o empreendedorismo, e para aproveitar cada se-
gundo dessa magia chamada “viver”.
Acordei para empreender depois de muitas corridas de obstáculos,
mas esses tropeços que nos derrubam são os mesmos capazes de nos
empurrar a grandes vitórias.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 17

Com este livro desejo compartilhar com você as experiências, todas


as dores, todas as decepções e quedas livres que tive, que me levaram
ao fundo do poço.
Lá na escuridão só tinha duas opções: levantar, buscar ajuda e sair para
ver a luz; ou ali ficar, mergulhado em meus lamentos. Decidi transformar o
meu poço em um local de estudos, meditação, de reconfigurações men-
tais, planejamento, e iniciar uma grande transformação em minha vida.
No meio do caminho encontrei duas lanternas que foram essenciais
naquela escuridão. A primeira, a minha esposa Isabel. E a segunda, um
Judeu que conheci em um café, e que durante três anos, no mesmo lo-
cal, na mesma hora, tive oportunidade de aprender muitas lições. Esses
foram os dois anjos que Deus colocou em minha trajetória terrestre.
Com muita fé, consegui ler os segredos da vida, e entender a impor-
tância do empreendedorismo para a minha e para a sua caminhada,
como abordarei neste livro nos capítulos seguintes. E não me refiro só
à aplicação aos negócios. Empreender se aplica à capacidade de idea-
lizar e realizar, no plano profissional e pessoal.
Após muitas corridas, já é possível contemplar a paisagem. Construí
uma consultoria educacional e de projetos, promovo cursos in com-
pany e online em diversos segmentos, e, finalizo em breve, mais duas
outras empresas digitais, para estudantes do ensino médio e de cursos
profissionalizantes.
Nessa trajetória, criei, como consultor grupos empresariais de desta-
que nacional, empresas educacionais que cresceram além das expecta-
tivas dos seus donos, e que hoje ocupam cenários inimagináveis.
Ao trabalhar diuturnamente, consegui construir o sucesso dos
meus empreendimentos e, principalmente, dos meus clientes. Quero
compartilhar esse aprendizado com os brasileiros que ainda vivem os
sonhos dos outros. Pretendo ensiná-los a viverem seus próprios so-
nhos, assim como eu fiz.
Quem é levado a acreditar no “chefe”, na firma, muitas vezes não de-
dica tempo para si próprio e sua família. Isso é algo terrível. É preciso
levarmos uma queda para levantarmos com força, altivez e fé.
18 | INÁCIO FEITOSA

Ao reconfigurarmos nossa programação mental, nossas energias, e


focarmos na direção da luz, uma força universal escuta nossos pedidos,
nossas crenças, transformando nossos sonhos em realidade.
Temos que quebrar o retrovisor que nos mostra o passado. Olhar
para frente é ter foco, é acreditar no que ainda não se avista. Deus nos
ajuda a construir nossa história. Ele só pede que seja sem mágoas, sem
dores, e com uma consciência de que devemos devolver tudo aquilo
que aprendemos a outras pessoas.
Este livro tem o objetivo de ajudar você — que muitas vezes não co-
nhece o enorme potencial que está aí dentro —, para uma ação mágica,
a de despertar o empreendedor que existe dentro de cada um de nós.
Superação, aprendizagem, luta e fé são as palavras que norteiam
meus escritos e minha vida. Com elas aprendi a acordar para meu pró-
prio sonho e agora minha missão é ensinar como você pode fazer o
mesmo. Analise cada lição desse livro e coloque em prática a sua pró-
pria estratégia.
Que as forças do universo, representadas pelo Criador, possam ouvir
todos seus pedidos, transformá-los em realizações e em grandes práti-
cas inovadoras. Nosso País precisa muito de você como empreendedor,
empresário de sucesso, e como um bom “chefe”, ou melhor, um grande
líder. Do contrário, você será demitido por alguém que poderia ser um
grande parceiro do seu negócio, e até mesmo seu sócio.
Você pode ser uma empresa de sucesso, lucrativa e feliz. Basta co-
nhecer os caminhos que deve percorrer; escutar aquela voz chamada
intuição; e, acreditar, acreditar muito que seu sonho é possível.
Desejo uma excelente leitura, um excelente despertar para o em-
preendedorismo.
Domingo, 25/11/2018, em Recife/PE.

Inácio
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 19

Vamos começar a transformação


Mas, antes....
Aconselho a leitura do livro, capítulo por capítulo, na ordem que
apresentamos no sumário. A leitura aleatória dos capítulos pode-
rá alterar seu entendimento. Você verá que faço referências aos ter-
mos “serviços” e a “produtos”. Considere que ambos são válidos para
quaisquer situações. Por fim, espero receber um e-mail (inacio.feito-
sa@exitoeducacional.com.br) com suas observações. Quando demitir
seu chefe, não esqueça de registrar em suas redes sociais, utilizando a
hashtag #DemitaSeuChefe.
Lembre-se: você quer, você pode, VOCÊ JÁ CONSEGUIU!
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CAPÍTULO

1
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 21

SAIA DA ZONA DE
(DES)CONFORTO
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Plante a semente do empreendedorismo

O mundo pode ser dividido entre as pessoas empreendedoras e as


que não descobriram suas habilidades empreendedoras. As primei-
ras têm a capacidade de ter ideias inovadoras e exercitam a força mental
para enfrentar desafios e vão à luta para obter o sucesso.
Se você não se identificou com essas características, saiba que tam-
bém não está fadado a permanecer no segundo grupo. Não ter atitudes
empreendedoras não é uma condição imutável. Há uma semente do
empreendedorismo dentro de você. Eu estou afirmando isso. Caberá a
você querer desenvolver ou não.
Sabe como sei disso?
O simples fato de você ter sido atraído pelo título do livro é um sinal
inequívoco de que algo acaba de despertar dentro de sua mente. Você
acabou de atrair para si as vibrações empreendedoras.
Pode até resistir e continuar com sua vida passiva, mas a sementinha
irá sempre lhe dizer: “estou aqui, quando precisar é só me cultivar”.
Empreender é uma técnica que você pode dominar. Basta querer. De-
dique-se a um único objetivo: realizar seu sonho. Muitas vezes o empreen-
dedor só acorda para realidade quando sai da sua zona de conforto.
No entanto, as pessoas que acreditam não serem empreendedoras,
acreditam também que não podem mudar suas atitudes. Têm medo
de errar. Esquecem que o erro é uma tentativa de acerto. Quem tem
medo já perdeu o jogo.
24 | INÁCIO FEITOSA

Compreendo que errar para algumas pessoas pode ser tão perigoso
quanto saltar de paraquedas pela primeira vez. O erro seria então algo
irreparável, que poderia lhe ocasionar uma total paralisia.
Essa é a mentalidade limitante de não aceitar novos desafios, com
receio de não obter os resultados dos que tiveram coragem de ousar e
explorar o desconhecido.
Acredite que a sua coragem evolui a cada instante. Mesmo com aque-
le friozinho na barriga todos os dias, a pessoa sente confiança, sente que
está em processo de evolução. Dedica boa parte do seu tempo a leituras,
estudos e conversas com profissionais experientes. Consegue mesmo
sentir que alcançar o sucesso é questão de tempo. E é essa fé que o fará
ter a recompensa aos seus esforços.
A capacidade que o empreendedor tem de acreditar naquilo que “ain-
da não existe” é parte devida ao seu instinto, às suas experiências, e ao
querer fazer. Em algum momento deve-se decidir mudar a atitude peran-
te a vida, enfrentar as tormentas da maré, pois ali, ao final da noite de
tempestade, será recompensado com os raios de Sol com seu poder de
dispersar o mau tempo.
Saiba transformar suas experiências em práticas gerenciais que aju-
darão a superar as próximas intempéries. E assim, dia após dia, vencer
seus medos até chegar à terra firme.
Algumas pessoas estão tranquilas em sua zona de conforto, e se-
quer pensam em mudar o rumo da sua viagem, ou mesmo construir
uma segunda opção. Alterar as coisas, mudar seu direcionamento,
“poderá atrair o inexplorado”. Entende não haver necessidades de
mudanças.
Identificar-se com a atitude empreendedora é algo muito positi-
vo. Você estará aberto a desafios, a mudanças, a conquistar a realiza-
ção de seus sonhos e ajudar outras pessoas a passarem pela barreira
da inércia.
As pessoas que acreditam ter o perfil não-empreendedor podem rea-
lizar um trabalho de construção de habilidades e competências e sair
desse estágio de letargia.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 25

Mas essa decisão tem que vir de dentro para fora. As chances de ter-
ceiros determinarem essa mudança é zero. Você tem que querer, você
tem que dizer eu quero ser empreendedor, eu vou à luta.
Infelizmente não fomos criados desde crianças para sermos em-
preendedores. O mercado é visto como algo implacável, danoso e que
somente os timoneiros de sempre, velhos marujos experientes, são
“os donos do pedaço”.
Os empreendedores alcançaram essa condição ao aprenderem a su-
perar seus medos, suas frustrações. Sabem que é possível ampliar sua per-
severança, suas habilidades empreendedoras. A persistência é o que os
torna diferentes.
As próximas gerações serão forjadas em outra realidade, diferente da
nossa. As instabilidades políticas, econômicas, sociais de nosso País es-
tão realizando mudanças profundas em nossa sociedade.
A internet das coisas, a inteligência artificial, está fulminando cente-
nas ou até milhares de atividades antes exercidas por pessoas. É preciso
então cada vez mais empreender soluções que gerem trabalho e renda,
empreender novas necessidades.
Como se formam empreendedores?
Essa formação pode vir da escola, ou antes mesmo dessa etapa, em casa,
com ações que desenvolvam nas crianças sua capacidade de superação.
E, principalmente, dando-lhes a confiança de que elas têm direito a er-
rar, mas nunca devem desistir de irem em busca de seus sonhos. É nesse
momento de formação da personalidade de nossos filhos que devemos
forjar essa preparação empreendedora.
Todos nós, crianças e adultos, temos de romper o que nos é apre-
sentado como limitações. Estimular a inovação e o empreendedoris-
mo é caminho para o surgimento de uma sociedade equilibrada, mais
justa e fraterna.
Não é aceitável a repetição de padrões pré-estabelecidos que con-
denam o surgimento de empreendedores, sob uma falsa orientação
de complexo de Gabriela (“eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sem-
pre assim..”).
26 | INÁCIO FEITOSA

Michael Jordan, o melhor jogador de basquete de todos os tempos,


é um exemplo de perseverança e de luta para conquistar seus objetivos.
Suas frases celebres refletem isso:

• “Algumas pessoas gostariam que algo acontecesse. Algumas dese-


jam que aconteça. E outras fazem acontecer”.
• “Eu posso aceitar o fracasso. Todo mundo falha em alguma coisa.
Mas eu não posso aceitar não tentar”.
• “Eu jogo para vencer. Seja durante o treino ou em uma partida de
verdade. E não vou deixar nada entrar no meu caminho e no meu
entusiasmo competitivo para ganhar”.
• “Nunca diga nunca, pois os limites são como os medos: sempre são
apenas ilusão”.
• “Para aprender a ter sucesso, é preciso primeiro aprender a fra-
cassar”.
• “Quando eu piso na quadra, não tenho que pensar em mais nada.
Se tiver um problema fora dela, minha mente fica mais clara depois
para encontrar a melhor solução. É como uma terapia. Entrar em
quadra me relaxa e me permite resolver problemas”.
• “Sempre acreditei que os resultados vêm com o trabalho. Não
faço as coisas pela metade, pois daí só poderei esperar resultados
pela metade”.
• “Eu errei mais de 9.000 arremessos na minha carreira. Perdi quase
300 jogos. Em 26 oportunidades, confiaram em mim para fazer o
arremesso da vitória e eu errei. Eu falhei muitas e muitas vezes na
minha vida. E é por isso que tenho sucesso”.
• “Eu sei que o medo é um obstáculo para algumas pessoas, mas para
mim é uma ilusão. O fracasso sempre me faz tentar ainda mais da
próxima vez”.
• “Obstáculos não podem te parar. Se você topar com uma parede,
não vire e desista. Descubra como escalá-la, passe por ela, traba-
lhe nisso”.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 27

Os vencedores, em qualquer parte do mundo, têm o mesmo perfil,


os mesmos medos, e a mesma certeza de que empreender é o melhor
caminho para a realização do seu sonho.
O empreendedor se faz. É possível fazer o seu sonho tornar-se rea-
lidade. Só depende de uma pessoa: de você. E suas quedas podem ser
as grandes motivadoras para essa mudança. Não se envergonhe delas.

E por falar em queda...

O parnasiano Augusto dos Anjos já alertava: “a mão que afaga é a mes-


ma que apedreja”. E essa mão pode ser também aquela invisível, do mer-
cado, quando movimentada por chefes ruins e empresas doentes.
As histórias de estagiários que chegam ao alto escalão das empre-
sas são sempre valorizadas como trajetórias de sucesso. Mas conheço
uma em que o final não foi nada feliz. Uma escalada profissional per-
corrida por um Executivo, que chegou ao conselho de administração
de uma S.A. que não terminaria bem.
O universo corporativo muitas vezes não é fácil. Nosso Executivo aqui
citado terminaria seus dias numa sala distante da gestão administrativa,
na qual foi posto como uma manobra de outros executivos para forçar
seu pedido de demissão.
Pessoas competentes e sérias incomodam os que não possuem es-
ses adjetivos. O mundo corporativo nesse tipo de empresa funciona
dessa forma.
Ao chegar ao prédio que lhe foi determinado, verificou que se tratava
do almoxarifado da empresa. Era um prédio acinzentado, com cheiro de
mofo, desabitado, desumanizado. Sua estrutura remetia a sua origem
anterior, um depósito de uma repartição pública.
Na sala na qual teria que exercer atribuições não definidas, de um
projeto não existente, verificou que o espaço não tinha condição algu-
ma de ocupação. Não possuía sequer iluminação adequada.
28 | INÁCIO FEITOSA

A pouca luz refletida pela manhã era de uma janela na parede velha
e suja. Mesas de plásticos e cadeiras quebradas, com a parte acolchoada
rasgada. O que era insalubre tornou-se escatológico: havia fezes e pa-
péis higiênicos espalhados por todo local.
A maioria das pessoas em seu lugar teria desistido, assim como fez
sua secretária que ao ver aquela — e outras cenas não menos perturba-
doras nos dias seguintes —, pediu para ser demitida, pois não “conse-
guia suportar o grau de assédio a que estavam sendo submetidos”.
Todavia, ele sempre acreditava que dias melhores viriam e que de-
veria apostar na empresa. Era uma espécie de autossabotagem, mas ele
ainda não sabia que essa realidade estava acontecendo com ele.
Nosso Executivo pensou em diversas coisas e decidiu que aquela sala
seria seu Himalaia, seu refúgio, decidiu transformar o adverso em um
ponto de serenidade, de meditação. Decidiu focar em sua recolocação
profissional e planejar seu futuro. Lá no fundo ele sabia que era preciso
tomar uma decisão para por fim aquela situação constrangedora que só
aumentaria a cada dia.
Quantas pessoas passam por uma situação idêntica e tentam adiar a
decisão de sair da empresa?
Voltando a história de nosso Executivo, ele pensava: “Assim como
muitos fazem viagens sabáticas para tomar decisões, percorrem cami-
nhos como o de Santiago de Compostela para meditar, vou fazer o mes-
mo neste lugar distante em que me jogaram”.
E decidiu transformar excrementos em adubo. Planejou detalhada-
mente o que faria nos próximos 12 meses: empreender, concluir sua
pós-graduação e reagir, de forma calculada. Decidiu ficar invisível e
fora do radar.
Aquela sala era para ele o fundo do poço de um ciclo profissional de
dedicação, trabalho e empenho. O desafio era se adaptar rápido à nova
realidade, ao rebaixamento do seu cargo e de sua remuneração. E ele
começou a agir. A tomada dessa decisão foi um grande passo rumo à
mudança de vida e de hábitos.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 29

Era hora de esfriar a cabeça: nada melhor do que um café quente. O


ex-estagiário desenvolveu o hábito de, nos finais da tarde, frequentar
um coffee shop singular, que disponibilizava livros aos seus clientes.
O espaço vivia lotado. Na primeira vez que lá esteve, pediu licença a
um senhor com quase um século de vida, calvo, risonho, com um mar-
cante sotaque estrangeiro, para dividir por instantes a mesa, enquanto
degustava seu expresso. Foi quando conheceu o Judeu, que lhe fez a
primeira pergunta: quem é você?
A simples pergunta levou cerca de três anos para ser de fato respon-
dida pelo nosso personagem. Porém, naquele instante, limitou-se a di-
zer: “posso ser aquilo que seus olhos pensam enxergar”. De uma piada
também se ganha um amigo: estava iniciada a partir dali uma amizade
de conversas longas, perguntas intrigantes e respostas provocadoras.

PENSE
Para uma semente nascer ela tem de ser fincada no solo. Aparentemen-
te é um lugar escuro, mas é justamente neste ambiente que brota com
toda a força uma nova vida. Tenha outro olhar: o “quarto escuro” que
você se encontra hoje pode ser o local no qual uma semente está plan-
tada e vai produzir muita coisa boa. Pode ser o começo de uma grande
mudança. Basta apenas sua decisão.
Pense um pouco sobre quais são os quartos escuros em sua vida
profissional, familiar e social. Em seguida anote ao lado de cada quarto
escuro as boas sementes (boas atitudes, bons sentimentos, boas ideias,)
que podem ser plantadas e cultivadas para que você tenha uma nova
vida de liberdade e sucesso. Em seguida destaque e coloque em um lo-
cal visível demonstrando para você mesmo uma mudança de postura e
atitude positiva.
30 | INÁCIO FEITOSA

1. __________________________ → ____________________________

2. __________________________ → ____________________________

3. __________________________ → ____________________________

4. __________________________ → ____________________________

5. __________________________ → ____________________________

6. __________________________ → ____________________________

O que é uma empresa?


Esqueça as respostas prontas. Vamos deixar as definições para os di-
cionários e manuais. No mais, uma empresa é um organismo tão com-
plexo que não cabe em um verbete. Mais do que uma estrutura física
ou uma organização juridicamente constituída, para o empreendedor
uma empresa é um conjunto de ações e processos, que visam ao lu-
cro em uma determinada atividade, que requer uma equipe motivada
para o atingimento de metas planejadas.
Quem pretende criar uma empresa deve ter em mente que para ela
existir é preciso ter por trás uma dimensão sensorial. Uma empresa não
nasce do dia para noite. Ela é gestacionada por meses, e até mesmo por
anos. O medo de errar é o maior limitador. Mas, quem nunca errou? O
erro não seria uma tentativa de acerto?
Uma empresa é o fruto de um sonho de alguém. Que este sonho ago-
ra seja o seu. Quero ensinar você a sonhar o seu sonho, não o do negócio
de terceiros. Mas, o que é preciso ter para sonhar? Tempo!
Só é possível sonhar com seu próprio negócio quem tem tempo para
si. Se você perguntar a cem pessoas se ela tem tempo para si, a resposta
será negativa. Anote: tempo não se tem. Tempo se faz!
Planeje seu tempo. Organize sua agenda. Aprenda a formar equi-
pes, distribuir tarefas e monitorar os resultados. É assim que você fará
seu tempo se multiplicar. Do contrário, corre-se o risco de viver as aspi-
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 31

rações alheias. É quando passamos a ser um executivo, ou melhor, um


executor dos planos de terceiros.
Mas ser empregado dos outros é algo negativo? Depende. Se você
for reconhecido, receber comissões, participação nos lucros, e a possi-
bilidade de chegar ao nível estratégico, com participação acionária, pa-
rabéns, você está trabalhando em uma empresa sadia, que valoriza a
meritocracia, e a sua colheita de cenouras está da forma correta.
Mas, um alerta: “tudo passa”. A tristeza passa, e a felicidade também.
É o ciclo virtuoso da vida empresarial, esteja atento para não ter um cho-
que de realidade, ou uma situação que possa lhe causar um estresse. E
se tiver, transforme logo essa dor em um empreendimento de sucesso.

DESCUBRA
Existem vários tipos de empresas e portes de empresas. Até a sua própria
casa pode ser vista como uma empresa, que precisa ser bem administrada.
Ou seja, todos nós realizamos diariamente a gestão de alguma coisa, in-
clusive do nosso tempo com as pessoas da família, do trabalho os amigos.
Descubra como você está administrando as coisas que você possui,
não apenas as materiais, mas também a sua vida, a sua família, seus ami-
gos. Faça um breve resumo para cada uma destas descobertas.

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32 | INÁCIO FEITOSA

E os chefes, o que são?


O “chefe” geralmente não é um empreendedor. É alguém que cumpre
ordens do dono, um executador de sonhos alheios. Existem vários perfis
desses “profissionais”.
Já se você tem como chefe direto o dono é porque você está no nível
estratégico da empresa. Se a empresa for de maior porte, você deve ser
um profissional diferenciado. Espero que, além disso, seja reconhecido.
A maior predominância de empresas no Brasil é de micro e peque-
nos empreendimentos, principalmente os que têm como atividades-
fim o fornecimento de serviços. Faltam a elas, na maioria dos casos,
planejamento, conhecimento das regras do mercado e capital de giro.
Uma boa ideia não é suficiente para alavancar seu negócio, mas já é
um bom começo. Geralmente são empresas familiares, nas quais a fi-
gura do chefe não é bem definida.
O “chefe”, objeto deste livro, pode ser de forma genérica uma institui-
ção (pública ou privada); uma empresa; ou um conselho de administra-
ção; pois muitas vezes o empregado não conhece quem define as estra-
tégias acima do seu nível hierárquico.
Este chefe, digamos “a firma”, tem sentimentos, comporta-se como
uma pessoa física, e pode causar tantos desgastes a você quanto um
chefe de “carne e osso”.
Como também pode lhe prender durante anos com falsas promes-
sas, ou mesmo mudança de rumos devido às contingências do mercado.
É comum ouvirmos: fulaninho trabalha há tanto tempo naquela empre-
sa, ele é a cara do negócio. Isso é um péssimo sinal.
Na maior parte do livro, vou me referir ao chefe ruim, ao que Ma-
quiavel adjetiva em sua obra (O Príncipe) de aduladores. São terríveis,
desprezíveis e as “cortes” (empresas) estão repletas deles.
Esse chefe não está preocupado com o sucesso da empresa, estão
focados com sua cercania, com suas pastagens. Geralmente esse tipo
de chefe não começou na empresa ocupando cargos menores, não teve
crescimento por meritocracia.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 33

Ao pegar um atalho para o poder, não trilhou o caminho da empa-


tia, fazendo com que seus subordinados adoeçam com assédio moral
e outros comportamentos altamente contagiosos, mas com sintomas
silenciosos, como a indiferença, que consegue baixar a imunidade da
autoestima de qualquer profissional.
Essa estirpe de chefe é capaz de demitir um profissional por uma in-
justa causa: excesso de competência. Demita-o antes e use suas habili-
dades para empreender seu próprio negócio. Supere o seu medo!

CONECTE
Na sua vida familiar, social e profissional existem muitas pessoas com as
quais você se relaciona. E na sociedade atual você está conectado quase
em tempo integral com todas estas pessoas através das redes sociais.
E encontramos duas categorias de pessoas: as negativas, que apresen-
tam comportamento, atitude e valores considerados ruins, deturpados,
corruptos; e as positivas, as quais possuem bom caráter, bons valores,
crenças e comportamento que promovem a paz, a alegria e a felicidade.
Feche os olhos por 30 segundos e visualize as pessoas com as quais
você vem mantendo conexão. Em seguida escreva quem são estas pes-
soas e como é sua relação com elas. Estabeleça uma lista de pessoas
positivas que você deve manter uma conexão mais próxima.

1. __________________________ → ____________________________

2. __________________________ → ____________________________

3. __________________________ → ____________________________

4. __________________________ → ____________________________

5. __________________________ → ____________________________
34 | INÁCIO FEITOSA

O mundo corporativo...
A cultura corporativa que valoriza a idolatria ao chefe é um sintoma
importante de que algo vai mal na saúde da empresa. Os funcionários
refletem seu chefe. Líderes inspiradores conquistam liderados compro-
metidos com a governança e com resultados do empreendimento, uma
admiração que não pode ser impositiva.
Um amigo relatou recentemente uma cena na qual os colaboradores
de uma sociedade anônima no segmento farmacêutico eram obrigados
a ter em suas salas a foto do presidente da empresa, numa espécie de
altar onde seus executivos o saudavam como “deus”.
Essa empresa estava doente, à beira da morte. E seu corpo geren-
cial estava contaminado pelo vírus do narcisismo. São líderes como esse
“deus” que obrigam seus funcionários a votarem em seus candidatos a
presidência; que monitoram os que pensam em contrário; e que come-
tem as piores formas de assédio.
Os líderes são 70% do sucesso de uma empresa. Gente que faz a dife-
rença. E essa gente também demite seus empregadores, principalmente
se forem ateus.

A inveja do chefe
Tão danoso quanto a idolatria é a inveja. Compreenda o mundo corporati-
vo. Ele é selvagem, não é para amadores. Todos os reflexos de uma socie-
dade cansada e estressada refletem no trabalho. Não há vagas para todos
serem promovidos em uma empresa. Se sua empregadora valoriza a me-
ritocracia, valoriza-o pelo trabalho, sinta-se um privilegiado, pois essa es-
tratégia de recompensa por desempenho é prática ainda pouco comum.
O “chefe” que chega e encontra na empresa uma equipe montada
pensará imediatamente na sua sobrevivência. Dificilmente vai valorizar
o trabalho de um profissional do qual julgue ser melhor do que o ele.
Ao invés de se cercar dos competentes para atingir os melhores re-
sultados, se alia aos que têm sua imagem e semelhança, com pouca ra-
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 35

cionalidade. Se for excluído desse quadro, bom sinal: o futuro será posi-
tivo para você.
Tenho pena dos empreendedores que são alheios aos bastidores de
seus negócios, dessintonizados com as rádios-corredores, dependentes
exclusivamente dos seus executivos para se conectar com o organismo
chamado empresa, que, neste contexto, só tem um prognóstico: está
condenada à falência múltipla dos órgãos.

DECIDA
A inveja tem muitos sinônimos como cobiça, egoísmo, ganância e ape-
go. Certamente nenhum deles é algo que possamos desejar. Entretanto
devemos mirar em bons sentimentos como a generosidade, desapego,
isenção e modéstia. Medite sobre estas duas categorias de sentimento
em sua vida. E tome uma decisão de eliminar, todo o dia, a inveja da sua
vida. E lembre: não há inveja boa!
Escreva abaixo esta decisão. Depois copie e cole em um local visível.

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O valor do profissional
O fator salário certamente tem forte influência no clima organizacional,
apesar de não ser o único termômetro para diagnosticar a saúde do cor-
36 | INÁCIO FEITOSA

po de funcionários de uma empresa. Os “chefes” acreditam que pagando


menos, lucram mais, a aritmética da “mais valia”.
Soma-se à má remuneração a nossa cultural falta de planejamento
financeiro, que faz com que tenhamos mais despesas do que receitas.
As dívidas contraídas nos fazem reféns dos nossos empregadores, para-
lisados pelo medo de perder “o certo”, mesmo que este seja insuficiente.
Assim, somos privados de empreender, de buscar novas oportunidades.
Quem pretende ter um saldo bancário acima dos sete dígitos, realizar
luxuosas viagens, frequentar os melhores restaurantes, ter uma vida far-
ta para si e para sua família, dificilmente conquistará sendo celetista, a
famosa carteira assinada. Essa “vida boa” só será possível pelo empreen-
dedorismo, quando você for dono do seu próprio negócio.
A sua empresa paga pelo que você gera de lucro. Não pense que ela
tem medo de perder você. Nada disso, ela quer quem dá lucro ao negócio.
Os demais são demissíveis a qualquer momento, não importa qual seja o
seu momento. Para não ser surpreendido, prepare-se para empreender.
É certo: se você não for um profissional que gere lucro, que se pague,
não ficará na empresa.
No livro “Sonho Grande”, de Cristiane Correa, temos a narrativa da es-
tratégia da companhia GE, conhecida como 20-70-10, que Jorge Paulo
Leman e sua turma aplicaram em suas empresas. Consistia em avalia-
ções de desempenho e monitoramento de metas dos colaboradores,
onde, ao final, os chefes decidiam quem são os 20% dos profissionais
tão bons, que deveriam ser premiados.
Já os outros 70%, medianos, poderiam ser mantidos na empresa. To-
davia, 10% com pior performance, deveriam ser demitidos para que a
empresa seja oxigenada, e novos profissionais possam concorrer inter-
namente com os antigos, e fechar outro ciclo de avaliação. Isso se chama
meritocracia, recheada de cenouras, as bonificações.
Certo dia, um estagiário ligado ao meu setor pediu para sair e me deu
uma lição: “professor, não aguento ficar até tarde da noite na empresa
para cumprir metas, enquanto o dono, que deveria assumir o leme, está
na praia. Eu não consigo nem mais dormir com o pensamento só no
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 37

trabalho e nos prazos. Vou pular fora desse barco”.


E o que fazia eu permanecer, ao invés de abandonar a embarcação?
Meu compromisso com meu cargo, minha vocação para comandante,
ainda que não fosse o dono do navio.
Empreender não se resume a montar um negócio, empreender tam-
bém é uma atitude de planejar e executar determinado projeto. E o meu
naquele momento era ser o estaleiro para a construção de um dos maio-
res grupos empresariais do País.
Aquele estagiário estava certo. Quem trabalha muito e não é recom-
pensado, não tem paz para dormir. E quem não dorme não se permite
sonhar. Não repita o erro: tire a camisa da empresa, quando já estiver lhe
apertando, e vista o seu confortável pijama.
Mas esse “desabotoar” nem sempre é uma tarefa simples. Comigo,
por vezes tentei me livrar das roupas que não mais me cabiam, mas de-
sisti ao receber propostas para “alargar a vestimenta”. Aos 29 anos, quan-
do tomei a primeira decisão de demitir meu chefe, voltei atrás após re-
ceber uma gratificação que pagou 70% do meu primeiro apartamento.

O sonho dos outros


Como falei na apresentação do livro, na graduação eu era uma máquina
de fazer negócios, de vender cursos, de ganhar dinheiro. Via vários pro-
fessores oferecerem cursos excelentes, mas que não formaram turmas,
por um simples fato: sabiam dar aulas, dominavam o conteúdo, mas não
sabiam vender. Foi quando tive a ideia empreendedora de ofertar os cur-
sos deles mediante o pagamento de uma comissão de 10% sobre o valor
bruto das inscrições realizadas por mim (e meu grupo de assistentes).
Recordo que no primeiro marketplace de cursos presenciais cheguei
a realizar centenas de inscrições. Os valores ganhos permitiram que eu
desse o sinal para meu primeiro carro.
No dia da sua realização, eu cheguei cedo para ter certeza do sucesso
do curso. Encontrei as salas fechadas e o vigia dormindo. Não tive dúvi-
da. Abri a janela, pulei, acordei o segurança e garanti que meu parceiro
38 | INÁCIO FEITOSA

tivesse êxito. O sucesso do empreendimento geraria outros negócios e


o modelo de parceira seria repetido pelos anos seguintes.
Passados vários anos, o curso deu origem a uma empresa de concur-
sos, que por sua vez deu origem a outra empresa, que deu origem a uma
faculdade, que não parou de crescer.
Eu ficava envolvido 24 horas no negócio e não tinha tempo para
nada mais do que pensar e executar projetos. Como não tinha tempo
para mim, eu não sabia sonhar, e nem tampouco tinha me alertado que
eu era empreendedor.
Isso já aconteceu com você? Sonhar o sonho dos outros?
Para dirigir o grupo empresarial do porte que desejávamos, decidi
estudar e dominar tudo sobre direito e gestão educacional. Um dia li no
jornal um anúncio para seleção do mestrado.
Eram apenas oito vagas para o núcleo duro de gestão, planejamento
e políticas educacionais, era o único que me interessava. Eu acreditava
que uma dessas vagas seria minha.
Tinha apenas um mês para estudar tudo sobre educação e fazer
quatro avaliações. Eu começava a ter ali meu primeiro sonho. Mas, sem
apoio. Tinha que estudar depois do expediente e tão logo o sol raiava já
estava eu escrevendo resumos.
Quando saiu a publicação dos selecionados, vi meu nome aprova-
do em 2o lugar, no núcleo que eu queria, e 7o lugar geral. Passei a acre-
ditar que nada é impossível de conquistar quando temos foco, plane-
jamento e metas.
Começava aí outra etapa em minha vida, tendo que conciliar ativi-
dade profissional com um curso de pós-graduação. Mas, aprendi que
o futuro a gente resolve no futuro. Não adianta anteciparmos o que
ainda não existe. Tudo se encaixará. Se não se encaixar é porque ainda
não é o momento certo.
No meio da caminhada para concluir o mestrado em educação, no
ano 2004, descobri que meu amado pai desenvolveu uma grave doença,
devido a anos de diabetes, e que teria no máximo uma expectativa de
poucos meses de vida.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 39

Soube dessa desalentadora notícia na manhã de uma segunda-feira


de Carnaval. Tranquei meu mestrado e passei a dedicar mais tempo ao
meu pai, cada segundo a mais ao seu lado, proporcionando-lhe confor-
to afetivo, era só o que importava naquele momento.
Foi quando aprendi que muitas vezes temos que interromper nossos
sonhos, para poder seguir adiante. Retroceder jamais. Avançar sempre,
mesmo com paradas impostas pelas agruras da vida. No “devagar, de-
pressa dos tempos”, como escreveu Guimarães Rosa.
Em 2006, após dois anos do falecimento do meu querido pai, conse-
gui apresentar minha dissertação do mestrado, aprovada com distinção
pela banca avaliadora. Todo trabalho acadêmico, posteriormente trans-
formado em livro, foi escrito em 4 meses, no período seguinte ao meu
casamento com Isabel, a quem não sem motivo chamo de Vida, por toda
energia que sua presença traz para minha cruzada.

DECIDA
Muitas vezes temos correntes que nos prendem em locais nos quais não
desejamos estar. Pode ser o salário, os benefícios ou mesmo o status de
um cargo. Todavia, estas correntes impedem de sermos felizes.
Pare um instante e desvende as correntes que não deixam você me-
lhorar de vida. Anote-as abaixo e estabeleça um compromisso de rom-
per estas amarras.

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40 | INÁCIO FEITOSA

A hora certa de sair


Assisti na capital argentina, em 2010, a um depoimento de um judeu
sobrevivente do holocausto da 2ª Guerra Mundial. Com seus mais de
90 anos, ele narrou as experiências vividas em campos de concen-
tração. Mostrou como fugiu dos nazistas, e também a sua luta diária
para conseguir um pão ou uma batata, o mínimo que precisava para
sobreviver.
No mundo corporativo essa realidade, com as devidas proporções,
acontece com muitos executivos. Empresas doentes são destruíveis.
Muitos profissionais sujeitam-se a condições de trabalho insalubre, sofre
com o assédio moral, para buscar o alimento para si e para sua prole. O
medo da perda de uma carteira de trabalho não justifica a submissão a
esse tipo de situação.
Empreender não é um mal necessário, é a solução para uma vida.
Mas, é preciso preparo, coragem e uma boa agenda de telefones de pes-
soas que podem somar ao seu negócio.
É possível que um incêndio destrua sua empresa, mas se você sal-
var sua agenda será possível reconstruí-la tudo do zero. Em tempos de
informações nas nuvens, salve seus contatos e mantenha suas redes
sociais ativas.
Eu costumo uma vez por semana frequentar locais de grande fluxo só
para reencontrar antigos contatos e entregar meu cartão, com o nome
de minha empresa e meu cargo “Salesman”. Sim, pois sou o melhor ven-
dedor de minha empresa. Não esqueça de fazer o mesmo.
Perca o medo de perder os pães e as batatas. Você merece uma mesa
mais farta e nutritiva.
Um eletricista com seus ganhos mensais acredita que uma carteira de
trabalho assinada e o carnê do INSS pode trazer-lhe paz na velhice pode
estar enganado. Esse profissional com “bicos” de finais de semana passa a
ter uma renda extra. Quando é obra de maior vulto, ele cobra por “ponto”
de eletricidade valores bem consideráveis. A conta é bem simples: se ele
empreender e for dono do seu próprio negócio, no mínimo dobrará sua
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 41

remuneração. Mas, o medo de empreender e o desconhecimento de no-


ções básica faz ele acreditar que ser empregado lhe dará segurança.
O mesmo acontece com outras categorias de empregados, profes-
sores, vendedores e até mesmo profissionais liberais subordinados a
empresas.
O que faz com que tais empregados não empreendam? Resposta:
medo de errar.
Moral da história: na vida chega um momento em que você terá que
decidir se vai sujeitar-se aos desmandos do chefe, e continuar a busca
de migalhas. Ou, passar a ser o dono da padaria ou da sua horta.

Saber ouvir
Em quem devemos confiar na hora que decidimos compartilhar nossas
ideias empreendedoras? As decepções com aqueles a quem incumbi-
mos o título de amigos são mais difíceis de serem digeridas. É daí que
surge nosso primeiro embate com os percalços da natureza humano. No
mundo dos negócios esse confronto é ainda mais cruel. Nada que não
possa ser superado e que lhe sirva de lição.
Olhe agora para os dedos de sua mão direita (ou esquerda, para ser
politicamente isento). Eles são iguais? A resposta lógica será que não.
Com amigos a leitura é a mesma, cada um tem seu tamanho e sua
função. Cabe a você ter ciência e aprender a oferecer aos seus sempre
mais, e não esperar nenhum retorno deles. Compreendeu a lógica?
Aproveite o que cada um tem de melhor a lhe oferecer, siga em fren-
te e não se tranque para as decepções do mundo. Elas serão importan-
tes para seu amadurecimento, inclusive o profissional.
Do contrário, você correrá risco de ter um grande desgosto. Saiba
que todos têm seus limites e capacidades, inclusive você.
Fui com meu amigo Judeu a uma cafeteria as margens do Rio Capi-
baribe, no centro da capital pernambucana. Depois da segunda xícara
de cappuccino ele confidenciou a dificuldade que sempre teve de ter
bons e fiéis amigos.
42 | INÁCIO FEITOSA

Foi quando ele me apresentou pela primeira vez a Apolo. Seu amigo
de vários anos, sempre dócil, gentil e muito educado. Era um “Golden”
de cerca de 14 anos de idade, cansado pelo passar dos anos, mas sem-
pre disposto e interessado também nas histórias judaicas.
— Precisamos de amigos para sermos empreendedores? — disparou
o Judeu em minha direção aquela pergunta inquietante.
Respondi dessa vez após alguns segundos de pensamento:
— Muito difícil essa pergunta, não terias uma mais simples? (Risos...).
Em tese precisamos de amigos para tudo. Todavia, uma boa rede de rela-
cionamentos, de contatos facilita muito o começo de um negócio. Mas,
nem sempre será uma lista necessariamente de amigos.
— Como assim? — indaga-me o Judeu.
Explico:
— Os ingleses cunharam a expressão networking para designar a
capacidade de estabelecermos contatos, relacionamentos, conexões,
trocas de ideias, parcerias com amigos, colegas ou mesmo pessoas (que
não temos um vínculo próximo) com interesses comuns. Essa rede in-
visível é capaz de ajudar muito aqueles que desejam criar seu negócio.
Desde da simples indicação de uma empresa que produza determinado
produto, a um canal direto com a o presidente da mesma.
— Entendi, não necessariamente eu preciso dos amigos para receber
orientações, dicas, conselhos. Posso partilhar minhas ideias com pes-
soas que pensam iguais a mim, ou pelo menos tenham semelhança de
ideias. É isso? — questiona-me meu companheiro de café.
— Yes! — respondo.
A tarde passou rapidamente e Seu Mota, o motorista, chegou para
levar meu amigo até sua casa junto com Apolo.
No caminho para minha residência fiz algumas anotações sobre ami-
gos e redes de relacionamentos:

• Bons amigos são importantes, mas não devemos ter grandes ex-
pectativas, nem fazer algo esperando um retorno, porém podem
nos ajudar no nosso processo de criação;
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 43

• Uma boa rede de conexões pode ser útil para empreendermos nos-
sos projetos, pode conectar pessoas que em tese estão distantes,
mas com propósitos afins.

Gosto muito de interagir com pessoas mais velhas. Sou assim desde
criança. Passados vários anos, descobri, depois de muitas conversas e ca-
fés com o Judeu, o motivo: eu gosto de aprender com as vivências deles.
Já pensou quantas experiências foram vividas por um empresário
de 70 anos? Quanto ele tem para nos ensinar? Veja a quantidade de
exemplos que lhe cerca. Veja Jorge Paulo Leman, Silvio Santos, e mesmo
aquele empresário da sua região. Aprenda com ele. Modele sua gestão e
veja o que eles podem contribuir para seu empreendimento.
Aprendi que tenho poucos amigos, e cada um com sua função, as-
sim como a historinha dos dedos da mão. Com alguns, converso sobre
futebol, com outros sobre política, com outros sobre tecnologia. Al-
guns surgiram da conexão de outros amigos, ou mesmo dos colegas
de profissão.
A palavra mestra do mundo atualmente é conectar. Seja no mundo
real ou no virtual das redes sociais. Uma coisa é certa, ter amigos é algo
fundamental também para o sucesso da sua empresa. O restante você
sabe o que deverá fazer para podar os excessos.

O ex-catador de latinhas Damião Vicente da Silva, 48 anos,


é dono e proprietário de um posto de combustível construído
com as próprias mãos. A cidade de Curral Velho, na Paraíba, pa-
rou para ver a inauguração no último sábado (3). Dão, como é
mais conhecido, comprou o terreno do posto, às margens da Ro-
dovia PB-386, em 2009, mas a construção começou para valer
no dia 13 de maio de 2016. O nome do posto, Alta Maria, é uma
homenagem à mãe do agricultor.
Damião contou com a ajuda dos filhos e da esposa para cons-
truir o posto de combustível: foi pedreiro, serralheiro, eletricista
etc. Aliás, não é qualquer posto, mas o primeiro de Curral Velho.
44 | INÁCIO FEITOSA

Dão por muitos anos transportou combustível de cidades vizi-


nhas para Curral Velho em garrafas pet.
Sabendo das dificuldades que os conterrâneos tinham para
abastecer seus veículos, o sonho de ter o posto ganhava força.
Mas o que não faltavam eram pessoas que diziam que Damião era
louco, que jamais conseguiria ter o próprio posto de combustível.
Dos obstáculos que apareceram no caminho, esse foi o que
Damião precisou ter mais força para superar, colocando sua resi-
liência à prova. “A dificuldade maior foram as palavras desconstru-
tivas. Tentaram me derrubar e isso me entristecia”, disse Damião.

(Fonte: Razões para Acreditar. Via: @onlinegospel, em 25.11.2018)

FAÇA DIFERENTE
Escutar as pessoas, especialmente quando elas falam coisas que contra-
riam a nossa opinião e desejo, não é simples. Ficamos chateados, irritados
e nos achamos incompreendidos. Às vezes até deixamos de falar com es-
tas pessoas. Isto remete a atitudes e comportamentos que tínhamos quan-
do éramos crianças. Nesta fase nos achávamos o centro das atenções, o
centro do universo! E quando os pais repreendiam os nossos comporta-
mentos, atitudes, vinha a “birra”, a revolta, a cara feia. Alguns pais, perden-
do a paciência, partiam logo para o jogo “bruto”, em alguns casos com uso
da força. Mas há outra forma de aprender, através de um jogo com uso da
inteligência e emoção.
Pois bem, podemos aprender a empreender de outra forma, mais lúdi-
ca, divertida e interativa. Existem vários jogos, tanto físico como virtuais,
que ajudam a testar e desenvolver sua capacidade empreendedora.
Veja que interessante: o jogo de tabuleiro Monopoly (Banco Imobiliá-
rio), um dos mais vendidos do mundo, é um exemplo de virada de vida.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 45

O vendedor Charles Darrow ficou desempregado devido a grande re-


cessão de 1929, ocasionada com a bolsa de valores dos Estados Unidos.
Era um tempo extremamente difícil. Mas o vendedor desempregado fez
do quarto escuro um espaço para se transformar, mudar de vida e ainda
ensinar as gerações mais jovens a administrar os recursos1.
Havia um jogo criado por Elizabeth Magie e amigos da sua comunida-
de de Maryland, nos Estados Unidos, com nome de LandLord Game (algo
como Jogo dos Donos de Fazenda)2. O intuito era que este jogo fosse uma
ferramenta pedagógica para facilitar o ensino e aprendizagem de econo-
mia (mais especificamente a teoria de taxa simples de Henry George). Este
jogo foi patenteado em 1904 por sua inventora. O vendedor desemprega-
do, vendo o potencial do jogo, juntou suas economias e, em 1932, com-
prou a sua patente. E então se inicia a trajetória de venda, crescimento e
sucesso deste jogo.
Faça diferente:

1. Conecte-se mais com as pessoas que você selecionou. Agende com elas
para viver e aprender juntas;
2. Veja todas as situações ao seu redor. Selecione algumas opções para que
você possa aperfeiçoar e mudar de vida;
3. Corra, vá atrás, estude, analise. Há muito espaços para você crescer.

1 ÉPOCA. Campeonato mundial de Monopoly terá etapa brasileira. Disponível em:


<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI62855-15228,00.html
2 DODSON, Edward J. How Henry George’s Principles Were Corrupted Into the Game
Called  Monopoly. Dec, 211 Disponível em: <http://www.henrygeorge.org/dod-
son_on_monopoly.htm>
46 | INÁCIO FEITOSA

Resumo Mental

Não tenha medo de errar

Não seja submisso


Dedique-se ao Plante a semente do
seu sonho empreendedorismo
Capacite-se

Faça das frustrações a


motivação para a mudança Demita seu
chefe

Mantenha uma boa agenda


de contatos e tenha uma
vida social ativa

SAIA DA ZONA DE
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DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 47

EMPREENDER É UM
BEM NECESSÁRIO
48 | INÁCIO FEITOSA

CAPÍTULO

2
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 49

CONTRATE-SE
50 | INÁCIO FEITOSA
Demita seu chefe se...
• Você tentou de todas as formas possíveis, sem sucesso, crescer na
empresa em que trabalha;
• Passados vários anos, sente que não existe reconhecimento de
suas atividades, sem perspectivas de ganhos ou de crescimento
profissional;
• Testemunha outros profissionais crescerem na empresa, mesmo
sem ter as suas qualidades, que desenvolveu com base em esfor-
ços pessoais;
• Você enxerga estratégias para o negócio que seus superiores ig-
noram.

Você ficou maior do que a empresa em que você trabalha. O seu che-
fe não reconheceu (e nem irá reconhecer) suas qualidades depois de vá-
rios anos, por um simples motivo: ele tem medo de sua capacidade, tem
medo de que você tome o lugar dele.
Essa é a sua realidade, mas por diversos motivos não consegue en-
xergar. Acorde, ainda há tempo.
Evite empresas que não trabalham com meritocracia; que não pa-
gam comissionamento; participação nos lucros; não possibilitam os pro-
fissionais a terem cotas na sociedade.
Elas ficam pequenas com o passar dos anos para as pessoas de perfil
e qualidades empreendedoras. Você é muito melhor do que elas.
52 | INÁCIO FEITOSA

Um dia desses estava na belíssima Salvador, e, como faço sempre


com os motoristas de Uber, perguntei a história dele antes de ser asso-
ciado ao aplicativo de transporte.
Ouvi um relato interessante. Ele trabalhava em uma empresa de dis-
tribuição de energia na Bahia, quando certo dia o chefe disse: “emprega-
do que não trabalha nos finais de semana, não ajuda a empresa a cres-
cer”. De pronto ele respondeu ao chefe: “E empresa que não paga a PL
(participação dos lucros) aos empregados merece o quê?”
Perguntei se ele teria sido demitido. Ele disse que não, pois levanta-
ram a ficha de trabalho dele, verificaram que era um profissional acima
da média de produção dos demais colaboradores, e voltaram atrás. O
chefe deve ter engolido seco a resposta desaforada do meu condutor.
E complementou ainda: “Eu demiti o meu chefe meses depois, e ago-
ra estudo para concursos nas horas vagas e dirijo Uber para sustentar
minha família. Tenho três filhos para criar. Depois de passar em um con-
curso, quero montar minha empresa de conserto de celulares, pois te-
nho cursos na área e dá muito dinheiro. Todo mundo tem celular”.
Passei a viagem analisando aquela fala, e rabisquei no guardanapo
os seguintes pontos:

• Ao condicionar montar sua empresa de conserto de celulares, após


aprovação em concurso, ele quis sabotar sua veia empreendedora;
• Ele poderia muito bem conciliar a atividade de Uber com a de con-
sertos de celulares;
• No Brasil, ser funcionário público é um sonho para muitos. É o País
dos concursos, e da falsa promessa de estabilidade e de vacas gordas;
• Quem quer ganhar dinheiro deve esquecer a administração públi-
ca, deve montar seu negócio.

Pesquisas do segmento demonstram que apenas 8% dos concur-


seiros conseguem realizar esse projeto: a aprovação em um concurso.
Ser servidor público é muito bom para a doutrina Jesuíta, jamais para
os Calvinistas.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 53

A verdade é que a máquina estatal não suporta tantos gastos com


pessoal. Por isso, eu admiro tanto a doutrina de Calvino, na qual ganhar
dinheiro não é pecado. Pecado é fazer seu mau uso dele.
De imediato aconselhei o motorista do Uber:

• Realizar seu sonho de empreender;


• Sugeri como primeiro passo confeccionar 500 cartões de visita,
com seus contatos e WhatsApp;
• Elaborar uma lista de serviços de celulares e preços;
• Colocar a propaganda de seus serviços no vidro traseiro do carro,
com as informações do cartão de visita;
• E procurar o Sebrae.

Ele comprou a ideia. Agora seria a vez de ele distribuir para cada
passageiro o seu portfólio de serviços, e sair pela cidade divulgan-
do seu empreendimento. O carro para transportar passageiros seria
uma grande ferramenta para vender seus serviços em uma parte do
seu tempo.

Primeiros passos
Depois de tomada a decisão de demitir o chefe, o que fazer? Durante
uma palestra para estudantes de comunicação e contabilidade, fui pro-
vocado a contar um pouco como é empreender no Brasil. Poderia ter
respondido de forma direta com a seguinte afirmação: empreender é
nunca desistir. E, para isso, o primeiro passo é tentar.
A enorme burocracia para começar uma empresa é um pesadelo, e
ninguém ensina nos bancos das faculdades como montar “uma firma”.
De acordo com dados do Banco Mundial, o prazo para montar um negó-
cio no Brasil é de 107 dias.
O empreendedor deverá optar por iniciar as suas operações como
Sociedade Empresarial Limitada (LTDA), Empresa Individual de Respon-
sabilidade Limitada (EIRELI), Empresário Individual (EI) ou Micro Em-
54 | INÁCIO FEITOSA

preendedor Individual (MEI), e providenciar os seguintes documentos


e procedimentos:

• cópia autenticada de RG, CPF, certidão de casamento, se casado;


• comprovante de residência dos sócios;
• definir nome da empresa, registrar marca e domínio na internet;
• definir o capital social que deverá ser depositado em uma conta-
corrente em nome da empresa;
• definir o endereço da sede ou caixa postal;
• apresentar comprovante de endereço, carnê IPTU, contrato de lo-
cação, se for o caso;
• definir acordo entre os sócios para gestão do negócio;
• contratar uma excelente assessoria jurídica e contábil;
• elaborar o contrato social da empresa, com assinaturas dos sócios;
• protocolar pedido na junta comercial;
• dar entrada no pedido de CNPJ;
• providenciar cadastro junto a órgãos públicos, tais como Prefeitura
(ISS, CIM), Estado (ICMS), INSS e FGTS;
• obter os alvarás de funcionamento, Corpo de Bombeiros, e outras
específicas do seu negócio.

As empresas que conseguem sobreviver a toda essa burocratização


do estado estão próximas a iniciar suas atividades. Por isso, deve realizar
um plano estratégico da empresa, prever atividades que irão gerar re-
ceitas, e os gastos do negócio. Tudo deve ser planejado, o que não con-
seguir deve entrar em “despesas não previstas”, com um bom percentual
de investimento para não ter quaisquer surpresas desagradáveis.
Em que segmento você deve empreender? Você deve começar seu
negócio em uma área que você tem pleno domínio.
Em tese, suas chances de sucesso são maiores quando você já conhe-
ce o caminho que pretende trilhar. As chances de errar serão menores,
mas você deve ficar muito atento à sinalização do percurso, evitar atalhos
que prometem facilidades, acender os faróis, parar o carro no instante
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 55

de neblina, não cruzar o sinal vermelho, ligar o GPS, e apertar os cintos.


Planeje bem sua viagem: a estrada até seu destino pode ser longa.

PENSE
Há uma tendência natural das pessoas a buscar segurança. Um emprego
com bom salário e estabilidade permanente é o sonho, o desejo alme-
jado por todos. Mas, o mundo do trabalho está mudando rapidamente.
Veja o setor bancário. No século passado este era um setor altamente
cobiçado, sendo os concursos para bancos públicos, federais ou esta-
duais, disputadíssimos, em virtude dos altos salários e pretensa estabili-
dade. No século atual, de moedas virtuais e agências online, as oportu-
nidades são para aqueles que desejam criar, empreender, criar empresas
que ofereçam novas soluções financeiras.
Agora, pense como era a sua atividade profissional 30 anos atrás. E
como está hoje? O que mudou? E como será esta atividade na próxi-
ma década? Faça anotações sobre esta trajetória e pense o que você
deve fazer:

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56 | INÁCIO FEITOSA

O fundo do poço
A rota inicial que trilhei no meu caminho, em cujo percurso ainda estou,
não foram bem passos... foi uma escalada, para sair do fundo do poço onde
me encontrava. Um lugar profundo dentro das minhas dores mais íntimas.
É o local no qual até conseguimos sentir o cheiro da umidade, do
mofo e da escuridão dos nossos pensamentos, quando estamos com
gasto de energias acima da média, por alguma situação que nos causou
estresse. Nesses momentos precisamos encontrar uma luz, mesmo que
seja um feixe, para podermos seguir adiante.
Um dia que nunca vou esquecer aconteceu quando minha esposa,
com os olhos cheios de lágrimas, revelou que minha segunda filha esta-
va a caminho. Chorava, compulsivamente, não de emoção apenas. Mui-
tas das lágrimas eram também da preocupação com a nossa situação
financeira naquele momento, vivido em 2013.
Com um sorriso imenso no rosto, respondi: “este é um sinal de Deus
de que dias melhores virão”. Lógico que eu comecei a ficar pensando
no futuro, nas responsabilidades que viriam em breve. Entretanto, eu
acreditava naquilo que eu falava, na força das palavras. Sabia que dias
melhores viriam, porque eu acreditava, tinha fé e saúde para correr atrás
dos meus sonhos.
Aprendi que tudo na vida passa, desde que façamos o dever de casa.
E o primeiro deles é não reclamar. Temos que ter gratidão, não falo pelos
bens materiais, mas, sobretudo, pela saúde, pela possibilidade de fazer
desde as coisas mais básicas da existência, como olhar a natureza e seu
esplendor, até a capacidade de criar, de inovar, qualquer que seja a área
em que atuamos.
Aprendi que temos que nos adaptar logo a novas realidades que o
destino joga em nossas vidas. É preciso respirar fundo e pedir a Deus
inspiração. Daí vem o motivo pelo qual se fala tanto na importância de
saber respirar. Aprendi que pelo pulmão nossa capacidade diminui, já
pelo diafragma multiplica. Quem sabe respirar, consegue oxigenar o cé-
rebro de uma forma mais direcionada e relaxante.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 57

Nós somos divinos, somos inteligentes, somos capazes de construir


nosso destino, por isso não devemos gastar energias com pensamen-
tos negativos.
Nossa travessia por essa vida deve ser de cabeça erguida, sem trair
nossos princípios, sem trair a nós mesmos. Quando você respeita a si
próprio, os demais ao redor também o farão. Digo sempre, empreender
não é tão somente montar uma empresa, empreender é antes de tudo
uma atitude positiva diante do Universo.
A caminhada é longa, escolha bem suas companhias, amanhã você
poderá descobrir que seu chefe queria apenas se aproveitar do seu ta-
lento, do seu trabalho e de sua inteligência. Evite traumas futuros, invis-
ta em você, no seu negócio, e tudo irá conspirar a seu favor.

Como sair do poço?


Eu que estive nesse lugar, desejo que ninguém precise chegar até tão
fundo para ser impulsionado. Certo dia quando senti que lá estava, vi
uma lanterna chegar próxima a mim, e convidar-me a subir, a ver a luz
que existia lá fora. Era uma voz doce, forte, preocupada, era a voz de
Isabel, minha esposa, meu grande amor.
Quantas vozes ouvimos sem suavidade quando estamos na tormen-
ta de pensamentos. Parece que o futuro é o centro de incertezas. Pas-
samos a desenvolver ansiedades, pensamentos sombrios, preocupamo-
nos tanto com o futuro, que nos esquecemos do presente. E todas as
decepções surgem nesses momentos.
Lembro-me das pessoas que eu ajudei profissionalmente na em-
presa ao longo dos anos e depois passavam por mim e não me cum-
primentavam mais.
Recordo de um desses, que certa vez entrou desesperado na minha
sala (quando eu ocupava cargo executivo), pois tinha sido demitido
de uma grande empresa: perdera o cargo de auditor de qualidade em
uma indústria.
Gostei do sujeito. Fiquei preocupado com o pai de família, de meia
58 | INÁCIO FEITOSA

idade e desempregado. De imediato criei um cargo para ele, no qual


passei seis meses ensinando tudo o que eu sabia sobre educação, para
que pudesse ocupar a função de auditor acadêmico.
Cheguei a escrever um artigo para justificar a criação da função inédita
nas universidades brasileiras, que foi anos depois de grande importância
para captação de recursos (mais de 30 milhões de dólares) junto ao braço
privado do banco estrangeiro, para a empresa a qual prestava serviços.
Este foi um dos primeiros que, anos depois de ter demitido meu che-
fe, passou por mim e mudou de calçada. Eu sabia que não seria o último.
Eu teria logo que aprender que cada um oferece o que tem no coração.
Preferi oferecer orações e perdão, isso me fazia muito bem.
Essa é a síndrome dos medíocres, que trocam sua dignidade por car-
gos. Não sabem eles que se matam, um pouco a cada dia, quando não
têm orgulho de si próprios.
Alguns preferem ser as rêmoras dos tubarões. Eu tinha que seguir
adiante, sem lamentos. Eu tinha decisões a tomar, eu queria ser em-
preendedor, dono do meu negócio. Estava decidido.
A decisão é algo importante nos momentos difíceis. Eu decidi vencer
e sair do poço. Descobri que meu coração e minha alma são empreen-
dedoras. Decidi transformar o fundo do poço em uma sala de estudos
para aprender a fazer o que eu mais queria: ser dono do meu negócio.
Por coincidência, anos depois criei a sede de minha empresa no Poço,
no charmoso bairro do Poço da Panela, um dos locais mais tradicionais
e disputados da cidade do Recife. De lá se avista o Capibaribe, a mansão
onde morou Ariano Suassuna e um belo céu azul iluminando meus sonhos.

E depois do fundo do poço?


Eu estava tão viciado em café, que a temperatura de 35° daquele dia
ensolarado na Veneza brasileira não inibia a pedir um expresso ao gar-
çom Ceará.
Meu amigo judeu terminava de contar uma história de seu pai — e
sua saga quando desembarcou no Brasil e foi vender panelas de alumí-
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 59

nio fiado, nos morros da cidade. E foi logo pedindo para eu falar o que
tem depois do fundo do poço.
Eu queria aprender com ele e suas histórias, mas logo que ele con-
tava uma, pedia para eu falar como estava, o que tinha feito na semana
anterior. Ele parecia mais um jornalista, de tantas perguntas que fazia
sempre. Para mim era uma oportunidade de aprender sobre o povo ju-
deu e sua veia comercial.
Eu não tinha muito o que dizer, pois quando você chega lá embaixo,
é impossível cair mais. Ou você junta tudo o que o levou à queda, e re-
configura sua programação, ou você vai ficar maluco.
Olhar para o alto e ver aquele lindo céu azul é o que nos inspira a subir.
Não adianta baixar a cabeça, nós temos obrigação de nos adaptarmos à
nova situação, focar no que queremos, planejar bem e ir empreender.
No meu caso eu decidi que quem mandaria no meu destino era eu.
Sabia o que queria, pedia (e peço) todos os dias a Deus para concreti-
zar meus sonhos, meus pedidos. Tenho meus objetivos bem anotados
no meu computador, e em meu quadro de desejos no celular. É algo
tão real que consigo até visualizar sua realização. Rezo sempre, todos os
dias, em caminhadas, em intervalos de ócio, busco conectar meus pen-
samentos à gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas.

— E, então o que há lá, depois do fundo do poço? — perguntou nova-


mente meu amigo judeu.
— Lá tem tudo o que queremos ter, a saída dele. Mas, são tantas coisas
boas que temos que focar no nosso objetivo, e não se distrair um
segundo para não sair da rota. É a partir daí que transformamos
nossos sonhos em realizações — respondi, agora de forma mais di-
reta para ver se ele dava sossego.

Cada queda, cada dor, cada decepção, deve ser usada como uma es-
cada, degrau por degrau, até chegarmos à saída. Para isso, precisamos de
coragem para sabermos a hora de demitir o chefe, que, como defini no iní-
cio, pode ser uma pessoa física, uma pessoa jurídica, ou até mesmo você.
60 | INÁCIO FEITOSA

Sim, nós também podemos ser o chefe de nós mesmos. Nós muitas
vezes praticamos a autossabotagem, e nesse momento temos que ter a
lucidez de que o chefe a ser demitido é o nosso medo.
A vida é o resultado da superação de nossos medos. Se vencermos,
teremos a possibilidade de lograrmos êxito e realizarmos nossos so-
nhos. Se deixarmos o medo nos dominar, sempre seremos perdedores,
por um único motivo: não daremos a nós mesmos a chance de sonhar.

Quebre o retrovisor
Por vezes temos relembramentos, como diria Graciliano Ramos, de
fatos e pessoas adversas a construção de nossos objetivos. É nesse
momento que sentimentos sem qualquer nobreza pairam em nossa
mente. O que fazer com eles?
Deixe para trás o fundo do poço, seus traumas, seu passado doloroso,
suas chateações. Costumo dizer que a vida também tem retrovisores. Ele
é um recurso de segurança no automóvel, ajuda a tomar decisões so-
bre manobras importantes. Mas na vida é para frente que se deve olhar
quando se deseja chegar a algum destino.
O retrovisor da vida mostra-nos o que ficou para trás, no passado. De-
pois da queda, de uma grande dor, é comum termos mágoas, rancores, e
até ódio. Por isso, digo: esses sentimentos devem ser perdoados, porém
não esquecidos, para que os erros não se repitam.
Quando perdoamos alguém de algum mal que nos fez, estamos per-
doando a nós mesmos, estamos permitindo a nossa evolução. Nossos
pensamentos empreendedores não podem ficar sufocados pelas má-
goas que guardamos de outros.
Isso nos atrapalha em relação à nossa produção e atingimento de
nossas metas, como também em relação às nossas vibrações. Nós atraí-
mos aquilo que pensamos.
Não podemos esquecer, por um motivo simples: temos que ter
amor próprio. Respeitar a nossa história é não permitir que o passado
doloroso se repita.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 61

Lembre-se de que você tem um objetivo principal: ser um empreen-


dedor de sucesso. Precisa ter foco, não pode perder suas energias com
pensamentos e sentimentos desgastantes. Precisará de cada segundo
para se dedicar ao seu sonho, ao seu projeto, a sua empresa.
E quer saber mais? Ninguém que não compreende sua forma de pen-
sar, suas estratégias e seus objetivos merece que você gaste seu precio-
so tempo com elas. Aprendi que toda nossa energia deve ser focada na
busca de resultados satisfatórios para sua empresa.

CONHEÇA
Há uma expressão popular que diz o seguinte: quem vive de passado é
museu. Mas veja que interessante. Até mesmo os museus estão ganhan-
do roupagem nova. Não pode ser aquela coisa estática, imóvel, triste. Os
museus ganham movimento, interação, dinamismo através de imagens,
sons e cores que mexem como todos os sentidos. Ora, se até os museus
estão se transformando, porque não definir objetivos e estratégias para
também se adequar aos novos tempos? Aproveite e determine objeti-
vos e estratégias para o dia de hoje, esta semana e este mês. Este exercí-
cio ajuda a olhar para frente.

Dia de Hoje Esta Semana Este Mês


62 | INÁCIO FEITOSA

Sonhe grande!
Sonhar pequeno dá o mesmo trabalho do que sonhar grande. Essa frase
é atribuída a diversos autores com análises diferentes para cada caso.
Neste específico quero mostrar que em determinados negócios, entre
eles o de serviços, eu pude comprovar essa assertiva. Todavia, para que
possamos multiplicar o crescimento não devemos esquecer da impor-
tância de termos outros empreendedores ao nosso lado, não necessa-
riamente na condição de empresários, mas também de colaboradores.
Quando criamos a primeira empresa de cursos preparatórios para
concursos, na década 1990, trabalhávamos pelo menos 14 horas por dia.
Tínhamos no seu auge cerca de 1 mil alunos presenciais, que não deixa-
vam uma receita perene, mas garantiam três meses de mensalidades,
chegando a seis em alguns casos.
Com o passar dos anos decidimos ter outras receitas e de preferência
com números maiores. Daí surgiu a ideia de criarmos congressos jurídi-
cos de três dias, era a época do turismo de eventos.
Trazer pessoas de todo o País para estudar com os maiores nomes
nacionais e estrangeiros do Direito, e despertar neles o apelo turístico
da cidade. O projeto deu tão certo que foi levado para Portugal e para
a Espanha.
Colocar 10 mil pessoas em um congresso gerava a receita de vários
meses de cursos preparatórios, o que era um excelente negócio. Conti-
nuava trabalhando o mesmo quantitativo de horas, com um acréscimo
temporário na equipe, mas uma mesma estrutura gerava duas receitas.
O apelo turístico era importante para atrair inscritos, mas a qualidade
e excelência na prestação de serviços foram fundamentais para gerar o
buzz positivo, o poderoso marketing do “boca a boca”.
Chegamos a visitar a maior parte das faculdades de Direito do Nor-
deste, Sul e algumas do Sudeste quando cuidava da divulgação dos con-
gressos jurídicos, realizada por meio de cartazes e panfletos nas paredes
de salas de aula. Uma campanha off, diferente das diversas possibilida-
des digitais de hoje.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 63

Eu colava tantos cartazes com fita crepe, que quando grudavam nos
meus lábios levavam consigo um pedaço dele, e um pouco de minhas
hemácias. Mas pouco importava, fortaleciam meu sangue empreendedor
em busca de resultados (mesmo naquela época em empresas dos outros).
A necessidade de conseguir a perenidade financeira dos serviços
comercializados continuava. Era hora de criar uma faculdade, para as
receitas deixarem de ser mensais, e passarem a ser anuais, se possível
com cursos de quatro ou cinco anos, como Direito. Eram os anos 2000,
novas tecnologias, novas oportunidades. Chegada a hora de seguir
adiante com projetos na área educacional. O déficit de brasileiros na
educação superior era um grande atrativo para empreendedores, jo-
vens, ousados e destemidos.
A Educação Superior era um mercado diferente, do ponto de vista das
oportunidades, dos poucos concorrentes (e de sua acomodação) e forte
regulação do MEC. Por isso, fui levado ao mestrado na área de educação
para aprender tudo que poderia ser importante junto à minha formação
jurídica. Só não imaginava o emaranhado de normas educacionais que
teria que dominar. Mas era o único caminho a seguir: tornar-me um dos
grandes especialistas no assunto. E graças a Deus deu certo.
Sempre disse aos conhecidos que prefiro dirigir 100 turmas de gra-
duação, a uma turma de preparatório de concurso com edital publicado.
Imagine um povo estressado. Foi na Educação Superior, posso confiden-
ciar aqui, que me encontrei. Com o passar dos anos as dificuldades re-
gulatórias foram dominadas e era possível inovar onde os concorrentes
ficavam “deitados em berço esplêndido”. Eles estavam na zona de con-
forto, não sabiam que seria breve...
Com a ascensão da internet, a lógica de crescimento não é mais a
aritmética, e sim uma grande progressão geométrica. A maioria das
faculdades daquela época foram dizimadas. Outras estão no caminho,
e nem sabem da triste realidade que lhe aguardam. Tudo isso por mio-
pia empresarial.
Faculdades, centros universitários e universidades de todo país estão
aderindo ao Ensino a Distância (EaD). Estima-se que nos próximos cinco
64 | INÁCIO FEITOSA

anos cerca de 50% dos universitários brasileiros estejam matriculados


nessa categoria de ensino. Hoje temos mais de 15 mil polos de EaD es-
palhados por todo país.
Invista em e-commerce, seja qual for o seu negócio. Oriento meus
clientes da área educacional (e minhas empresas todas são online) a en-
trarem nesse maravilhoso mundo digital. Por vários motivos:

• Nosso público de educação mudou, ele é digital, entende que a


tecnologia é um aliado no aprendizado;
• Crianças nascem com o dedinho indicador pronto para manusear
telas touch screen;
• A questão da falta de segurança de nossas cidades desestimula o
interesse por cursos presenciais;
• O MEC possibilita que uma graduação no Brasil possa ter 40% de
suas disciplinas online;
• O caos do trânsito das grandes metrópoles;
• Bons professores de todo País presentes em milhares de locais pe-
los smartphones;
• O custo menor dos serviços digitais na educação em relação aos
presenciais. É um caminho sem volta.

Projetos de grande envergadura vão requerer que você gaste mais


tempo elaborando seus processos, todavia com maiores chances de re-
torno financeiro.

Calvino estava certo!


O conceito de segurança atrelado à “carteira assinada” também pode ser
sinônimo de limitação. Mas apesar das possibilidades de crescimento
e retorno financeiro, por que tantos resistem em empreender? Essa foi
mais uma pergunta trazida pelo velho Judeu após nossa caminhada até
a cafeteria, dessa vez sem seu fiel companheiro Apolo.
Quando respondi:
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 65

— Montar seu negócio e ir empreender não é fácil. Não é algo que


aprendemos nas escolas, nem tão pouco na maioria dos lares brasilei-
ros. Não é fácil mudarmos nossas crenças, trazidas de geração em ge-
ração, para nos arriscarmos no mundo do empreendedorismo. Quem
pensa diferente está enganado. Mas, nem por isso devemos desistir
de domar o “boi bravo”, ao contrário, temos que aprender a vencer
mais esse desafio.
Aquela pergunta trouxe-me reflexões...
A verdade é que precisamos urgentemente criar nas escolas e na
sociedade a cultura do empreendedorismo. Fomos educados (e colo-
nizados) a burocratizar o estado para que os cidadãos dependam dele
para tudo. E, com isso, sejam necessários muitos órgãos públicos, muitas
secretarias, muitos ministérios, muitas empresas públicas, muitos con-
cursos, muitos comissionados, muitos terceirizados.
Tudo isso representa mais impostos, mais taxas, mais tributos, sem a
devida contraprestação ao contribuinte. Um amigo levou quatro anos
para ter a reforma do seu posto de combustível autorizada. E mais um
ano para um burocrata liberar o alvará de funcionamento depois da re-
forma liberada pelo município.
Seu negócio precisa que o Estado não o atrapalhe, já que não aju-
da. Muita dificuldade para gerar facilidades e toda venda de facilidades
oferecidas aos empresários pela administração pública tem um nome,
chama-se corrupção.
As reformas trabalhistas que estão sendo realizadas em nosso País
não irão fomentar o surgimento de novas vagas de emprego. Irão, sim,
fazer surgir — pela necessidade —, novos CNPJs, novos empreendedo-
res. Que necessitarão de apoio de entidades como o Sebrae para que
seus negócios prosperem.
Para os empreendedores ficam os riscos do negócio. Esses serão
compensados com o lucro da operação. No setor privado a estabilidade
do profissional é medida pela sua competência.

— Você conhece a doutrina de Calvino? — provocou o Judeu.


66 | INÁCIO FEITOSA

— Sim, e admiro muito, ela diz em linhas gerais que “ganhar dinhei-
ro não é pecado. Pecado é fazer mau uso.” — respondi.
— Isso. O indivíduo não deve esperar pela mediação da Igreja para
obter o favor de Deus. Deve suar a camisa, acreditar em seu po-
tencial e persistir. — disse o Judeu.

Quem disse que não se aprende com um cafezinho e uma excelente


companhia?
Aprendi que somente na atividade profissional, no cumprimento da
nossa vocação, é possível alcançarmos o sucesso empresarial. Seria uma
das maneiras distintas de se identificar o nosso propósito. Esse é enten-
dimento de Max Weber (Em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalis-
mo), na qual acredito fielmente. Basta analisarmos a cultura empreende-
dora dos americanos, do Norte...

Uma marca
Iniciar um negócio começa na escolha de uma marca. A minha nasceu
antes mesmo da decisão de demitir meu chefe. Um dia quando era cele-
tista, e já tinha vários chefes, fui “convidado” a ser “pejotizado”. Isso acon-
teceu na semana do meu casamento, em 2006. Foi quando o contador
ligou e disse: “Só falta o nome da empresa”. Tive que criar em cinco mi-
nutos uma marca nominal que sintetizasse o foco que iria atuar: consul-
toria educacional.
Esse ato de criar uma marca requer muito estudo, e não aconselho
ninguém a fazer uma “criação-minuto”. No meu caso deu certo, e tinha
que ser naquela hora, naquele dia. Era o dia do meu casamento, e eu só
voltaria semanas depois.
Eu queria que o nome da minha marca expressasse qualidade, efi-
ciência e, logicamente, trouxesse resultados imediatos. A prática de uma
empresa é diferente. Antes mesmo de criar uma marca é preciso plane-
jar. E antes, de qualquer plano estratégico, o empreendedor tem que ter
a capacidade de sonhar com seu negócio.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 67

Escolher o nome do seu negócio talvez seja a coisa mais difícil. Você
pode até acreditar que será fácil, mas se ela não tiver o domínio livre
para registro do seu site, lamento dizer: não servirá. Antes de qualquer
decisão sugiro pesquisar o registro.br e verificar se o domínio com o final
“.com.br” está livre.
Hoje vivemos a época da “sopa de letras”, uma enorme quantidade
de siglas que na maioria das vezes é excelente para o dono da marca,
mas o cliente final não entende o que ela se propõe a oferecer. Se ele
não compreende, não compra.
Faltando um minuto, depois de muitos devaneios, fiz as seguintes
indagações com meu contador: o que é importante para meu público?;
o que instituições de ensino esperam de seus consultores?; qual a neces-
sidade imediata do segmento educacional?
E a resposta foi simples, todos querem ter: Êxito Educacional.
Eis a minha primeira marca. E você já decidiu o nome da sua em-
presa?

DESENVOLVA
O seu nome é sua primeira marca, e olhe que marca! E tem até um nú-
mero associado que vincula a tudo o que você faz durante a sua vida.
Muitas vezes até há um esforço para construir esta marca no meio aca-
dêmico ou profissional, mas quando vamos olhar nas redes sociais, por
exemplo, nos espantamos com palavrões, xingamentos, brigas e você
então diz : PÔXA !!! Esta pessoa disse isso! Fez aquilo! Nunca imaginei!
“Pisou na bola”, “Queimou o filme”, “Escorregou na maionese”...
Desenvolva um plano diário para gestão de sua primeira marca, o
seu nome. Enumere ações de gestão de marca nos espaços de traba-
lho, familiar e social:
68 | INÁCIO FEITOSA

Trabalho Família / Social Redes Sociais

Invista em conhecimento
A preparação é um outro ingrediente importante para quem deseja ini-
ciar seu negócio. O cenário das escolas de pós-graduação comprova que
os profissionais estão atentos a isso.
Não podemos esquecer que a crise econômica enfrentada pelo Brasil
tem como um de seus fatores determinantes o quadro político do País.
Especialistas dizem que as pendências políticas precisam ser superadas
para que haja uma recuperação econômica plena, inclusive para fomentar
novos negócios. Ou seja, além de tudo estamos suscetíveis à variação de
humor da política.
Ao Valor Econômico, a professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
Virene Matesco, ressaltou os fatores que podem fazer a economia bra-
sileira voltar a girar. “A recuperação da economia depende fundamen-
talmente de dois fatores: a superação da crise política e a aprovação de
medidas que sinalizem algum compromisso do governo com as contas
públicas”, explica a docente.
Este efeito é sentido nos cursos de MBA das grandes escolas nacio-
nais, onde a crise parece não ter chegado; e nas escolas internacionais,
o número de candidatos brasileiros aumenta de forma constante, sobre-
tudo em Portugal e nos Estados Unidos.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 69

De acordo com o estudo “Panorama do Treinamento no Brasil”, realiza-


do com mais de 500 empresas nacionais e multinacionais pela Associação
Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e pela Integração
Escola de Negócios, a média de investimento anual em T&D (Treinamento
e Desenvolvimento) por colaborador cresceu 24% na comparação entre
2016 e 2015. A carga horária média de treinamento por colaborador tam-
bém teve alta: passou de 16,6 horas em 2015, para 22 horas em 2016.
As instituições de ensino executivo estão recebendo mais profissio-
nais interessados em atualizar seu currículo para ganhar visibilidade no
mercado, e também empreender. Entretanto é possível desenvolver seu
conhecimento por meio de livros, vídeos e cursos. A internet oferece di-
versos cursos gratuitos, muitos deles de universidades estrangeiras de
grande renome, como por exemplo através do veduca.org

Planeje tudo e não se esqueça do advogado e do contador


Já está capacitado, tem uma marca com potencial, mas não esqueça
desses dois “detalhes” no seu negócio: o advogado e o contador. Não há
empresa que não necessite desses dois profissionais. Aconselho sempre
aos meus clientes a contratar os melhores, e que possuem sua confiança
e disponibilidade.
Um bom advogado vai assessorar preventivamente o empreendedor,
como em casos de litígios judiciais. Para quem começa um negócio mui-
tas vezes não é fácil contar com esse profissional, mas a orientação legal
se fará necessária. Evite aventureiros, peça indicações a outros empreen-
dedores e busque referências sobre o profissional na OAB de sua região.
Já o contador deve ser contratado antes do ato de criação da em-
presa. Existe uma burocracia da saga arrecadadora de diversos órgãos
públicos para a qual você deve ficar alerta.
A criação de um CNPJ é um pequeno passo em relação à vida con-
tábil, alvarás e as certidões negativas que a empresa necessitará. Não
esqueça de verificar a idoneidade e o registro desse profissional no Con-
selho Regional de Contabilidade.
70 | INÁCIO FEITOSA

CONECTE
A velocidade de geração de novos conhecimentos é muito grande ! As-
sim, temos que aprender a aprender. E não há somente uma forma de
aprender. Os livros e os artigos científicos são fontes de conhecimento
válidas e relevantes. Mas, as experiências das pessoas, os seus erros e
acertos também são fonte de conhecimento.
Selecione ao menos três pessoas de áreas diferentes da sua para que
elas possam ajudar a você a ampliar seu saber. E trace a estratégia de
como será o seu contato com elas:

1. _________________________________________________________

2. _________________________________________________________

3. _________________________________________________________

Em seguida selecione três livros que você deverá ler nos próximos
meses. E justifique a importância desta sua escolha

1. _________________________________________________________

2. _________________________________________________________

3. _________________________________________________________

Quem são as partes interessadas no seu negócio?


Parabéns, você já avançou na ideia de criar a sua empresa, vai finalmen-
te empreender seu sonho. Agora, chegou a hora de ter uma visão do
negócio em 360o graus. Adianto que deverá dar especial atenção aos
stakeholders para conseguir obter o êxito esperado.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 71

Essa palavra inglesa, em uma tradução livre, significa justamente o


tema deste ponto: são as “partes interessadas”, indivíduos e organiza-
ções envolvidas no seu projeto, e também outros a quem interessar o
resultado dele.
Podemos destacar alguns:

• O cliente;
• O financiador do Projeto, também chamado tecnicamente de pa-
trocinador, que poderá ser uma pessoa física ou jurídica;
• A gerente do Projeto, a depender do tamanho de sua empresa,
um profissional que irá liderar os atores envolvidos no atingimen-
to dos objetivos;
• A equipe do Projeto, alinhados e motivados com seus objetivos, es-
timulados pelas cenouras;
• A organização, os fornecedores, a população afetada, entre outros
personagens.

Nunca despreze a importância das partes interessadas, pois cada


uma delas merece atenção diferenciada e influenciarão (de forma deci-
siva) o seu sucesso empresarial, ou seu fracasso.
Vamos pensar agora em seu negócio:

• Quais são as partes interessadas em seu negócio?


• O que eles desejam?
• Como você irá gerir essas demandas?

O cliente muitas vezes deseja a qualidade do serviço, e um preço jus-


to, mas você precisa surpreendê-lo com mais, encantá-lo. Já o fornece-
dor irá buscar lucrar às suas custas, mas poderá ser também um grande
parceiro, se mostrar-lhe que junto a você ele poderá ter ganhos de cre-
dibilidade no mercado.
Seu executivo poderá buscar visibilidade, mas também deverá bus-
car a redução de custos, e um melhor desempenho de sua empresa. Os
72 | INÁCIO FEITOSA

gerentes por sua vez devem cumprir metas, porém sempre esperam
menos estresse e pressão no trabalho. Acreditam que uma empresa é
um pedaço do céu. Ledo engano.
Monitore seus stakeholders, pois o sucesso deles pode representar o
seu. Um empreendimento é feito por pessoas. A empresa pode até ser
100% digital, mas sempre haverá um cliente, interno ou externo, que
não poderá ser desprezado por você.

Os perfis de seus colaboradores


A equipe que você irá formar para participar do seu negócio é algo tão
importante quanto o próprio ato de criar seu CNPJ. Forma um público
que deve merecer especial atenção. A diversidades de perfis e condutas
pessoais é algo impactante.
Foi William Moulton Marston, um doutor em psicologia de Harvard,
que pesquisou e compilou informações de estudiosos do comporta-
mento humano, de todas as épocas, e apresentou seu método de com-
preensão dos padrões de comportamento, temperamento e personali-
dade, explicando as respostas emocionais das pessoas.
Segundo ele, todos nós apresentamos traços e padrões de compor-
tamento que se relacionam com quatro estilos básicos de perfil, repre-
sentados no acrônico DISC:

• “D” — DOMINANCE (Dominante, pessoas Alto “D” são ambiciosas e


competitivas e lutam agressivamente para atingir seus resultados);
• “I” — INFLUENCE (Influência, pessoas Alto “I” são radiantes, amigáveis
e extrovertidas, calorosas, abertas com outras pessoas e sociáveis);
• “S”— STEADINESS (Estabilidade, pessoas Alto “S” são bons ouvintes,
demonstrando interesse nos sentimentos dos outros);
• e “C” — CONSCIENTIOUS (Conformidade — Pessoas Alto “C” apre-
sentam altos níveis de precisão e são relutantes em revelar informa-
ções sobre si).
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 73

Conhecer o comportamento do seu colaborador poderá ajudá-lo a


ter mais eficiência nos processos para o alcance de metas, e consequen-
temente crescer. Bem como evitar atritos, caso no mesmo setor você te-
nha, por exemplo, profissionais com o perfil dominante.
Uma lição que aprendi ao estudar esse tema é que o exagero em
qualquer desses perfis, em suas qualidades passa a ser algo negativo.
Daí a importância de conhecermos nosso perfil comportamental, e bus-
carmos sempre o equilíbrio em nossas características.
Bem como é verdade que ao decifrarmos o perfil de outras pessoas
podemos influenciá-las, gerar conexões poderosas e resultados extraor-
dinários. Essa é a tese central do espetacular livro de Paulo Vieira e Deib-
son Silva (Decifre e Influencie Pessoas, Editora Gente).

DECIDA
A tecnologia proporciona ferramentas para avaliação comportamental
de modo rápido e assertivo. É importante conhecer o nosso perfil com-
portamental. É mais que um exercício de autoconhecimento. Permite
a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades humanas,
bem como das pessoas com as quais você trabalha e convite. O soft-
ware CIS ASSESSMENT seleciona e avaliar o desempenho humano, ma-
peia a personalidade, mede o clima organizacional e ainda proporcio-
na planos de carreira.

Acesse o cisassessment.com e saiba qual o seu perfil. Faça isto também com
os seus colegas, familiares e pessoas com os quais você se relaciona.
Anote aqui as suas conclusões:

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74 | INÁCIO FEITOSA

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Não esqueça da cenoura!


Faço diversas referências à cenoura durante todo o texto, agora vou
explicar. Na década de 1980 assistia a desenhos animados com o coe-
lho Pernalonga. Ele fazia tudo com agilidade, perspicácia e estratégia,
e sempre degustando essa nutritiva raiz, apreciada desde a época dos
gregos e romanos.
Os mais velhos contam que sonhar com cenoura ou servindo-a é si-
nal de dinheiro próximo. Sonhar com o seu preparo, ou comendo-a, é
mudança profissional. Já plantar ou colher cenoura em sonho é certeza
de progresso social.
Quero associar a cenoura ao incentivo que o profissional deve rece-
ber em sua empresa como incremento à sua produtividade. A cenoura é
sinal não só de fartura, mas, sobretudo, uma forma de despertar interes-
se em progredir na empresa.
São cenouras para mim: as bonificações; o pagamento de comissão
sobre vendas efetuadas (geralmente 3,5 %); participação nos lucros da
empresa (PL); 14o salário; e participação acionária.
Segundo Vicente Falconi, as participações acionárias por exemplo
são distintas: um sócio pode chegar até 1,2% da empresa; sócios-dire-
tores, 3%; e o sócio-presidente, 7,5%. Os sócios compram a participação
pelo valor de caixa da empresa, quem sair deverá vender sua parte na
empresa. Tudo isso definido contratualmente.
Pesquisas de mercado (Towers Watson Global Workforce Study) asse-
veram que, no Brasil, 44% dos funcionários consideram oportunidades
de crescimento como um dos motivos para se manterem nas organiza-
ções. Eu acredito que esses números são ainda maiores, pelo simples
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 75

fato: quanto tempo você conseguiria ficar na mesma função sem quais-
quer perspectivas de crescimento? Fiz essa pergunta a 10 executivos e
todos foram unânimes, sem perspectivas de crescimento não há interes-
se em permanecerem no negócio dos outros.
Quem merece as cenouras?

• Quem bates metas;


• Quem traz lucro para empresa;
• Quem reduz custos;
• Quem traz eficiências aos processos;
• Quem é tão bom, que merece ser sócio da empresa.

Pesquisei os tipos de empresas existentes no Brasil para auxi-


liar você na tomada de sua decisão. São etapas de crescimento de
acordo com o projeto empresarial. Para você criar sua empresa
terá que decidir por uma das opções a seguir, cada uma com um
breve resumo para lhe auxiliar:

a) Empresário Individual: Exerce em nome próprio uma atividade em-


presarial. Atua individualmente, sem sociedade. Sua responsabilidade
é ilimitada (responde com seus bens pessoais pelas obrigações assu-
midas com a atividade empresarial). O empresário pode exercer ativi-
dade industrial, comercial ou prestação de serviços, exceto serviços de
profissão intelectual.

Esses profissionais poderão ser empresários, caso o exercício da pro-


fissão intelectual tenha elemento de empresa. Elemento de empre-
sa: exercício profissional de uma atividade econômica organizada
(organização dos fatores de produção = capital, trabalho, natureza
e tecnologia). Trata-se de empresa entregando produtos e serviços,
diferentemente do serviço pessoal intelectual. Exemplos: Médico =
Hospital, Engenheiro = Construtora, etc.
76 | INÁCIO FEITOSA

b) MEI — Microempreendedor Individual: MEI — Microempreende-


dor Individual — é o empresário individual com receita bruta anual
até R$ 60.000,00, e a partir de 2018, R$ 81.000,00, optante pelo Sim-
ples Nacional e SIMEI.

O Simples Nacional estabelece valores fixos mensais para o MEI,


que não seja sócio, titular ou administrador de outra empresa, que
possua no máximo 01 (um) empregado que receba exclusivamente
o piso da categoria profissional, não tenha mais de um estabeleci-
mento (não ter filial), entre outros requisitos. Ver artigo 18-A da Lei
Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006.

O MEI paga os seus tributos na forma do SIMEI por valores fixos


mensais (5% de um salário mínimo, relativo ao INSS do Empresário
+ R$ 1,00 relativo ao ICMS (indústria, comércio ou serviço de trans-
porte intermunicipal ou interestadual) + R$ 5,00 relativos ao ISS
(prestação de serviços). Está dispensado de escrituração contábil e
é segurado da Previdência social — Contribuinte Individual (tem
direito a alguns benefícios previdenciários, entre eles, a aposenta-
doria por idade).

O registro do MEI é gratuito e pode ser efetuado pela Internet através


do site www.portaldoempreendedor.gov.br, onde é possível verificar
as atividades permitidas e obter maiores informações. Vale lembrar
que no caso de início de atividades no próprio ano-calendário, o limite
de receita bruta acima mencionado será proporcional ao número de
meses de atividade.

c) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada — EIRELI:


Atuação individual — sem sócios. Responsabilidade do empresá-
rio é limitada ao capital social (valor do investimento, em dinhei-
ro ou bens). Obrigatoriedade de capital social integralizado de no
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 77

mínimo 100 salários mínimos. A EIRELI possibilita a atuação indi-


vidual — sem sócios — porém, com responsabilidade limitada.
Protege o patrimônio pessoal do empresário através da separação
patrimonial. A EIRELI é uma pessoa jurídica, com patrimônio pró-
prio, não se confundindo com a pessoa física do empreendedor e
seu respectivo patrimônio.

O empresário titular da EIRELI poderá responder com seu patrimô-


nio pessoal por obrigações da empresa nas mesmas hipóteses pre-
vistas para as Sociedades Limitadas.

d) Sociedade Empresária: Neste tipo de empresa é possível a atua-


ção coletiva entre dois ou mais sócios, sendo sua responsabilidade
limitada ao capital social. Deverá adotar uma das espécies de so-
ciedade existentes (S/A, Sociedade Limitada — LTDA, etc.). A espé-
cie de sociedade empresária mais adotada no Brasil é a Sociedade
Limitada (LTDA.), por ser mais simples e pela proteção ao patrimô-
nio pessoal dos sócios.

Sociedade para o exercício da atividade própria de empresário (pro-


dução, circulação de bens e prestação de serviços, exceto profissão
intelectual de natureza científica, literária ou artística). A Responsabili-
dade dos sócios é limitada ao capital social (os sócios não respondem
com seus bens pessoais pelas obrigações da empresa após a integrali-
zação do capital social).

A Sociedade Empresária Limitada é pessoa jurídica que possui pa-


trimônio próprio, não se confundindo com a pessoa física dos só-
cios e seus respectivos patrimônios.

Os sócios podem responder com seus bens pessoais nos casos de


comprovação de má-fé, sonegação fiscal, confusão patrimonial, es-
78 | INÁCIO FEITOSA

telionato, fraude contra credores, etc. Dívidas trabalhistas: A Justiça


do Trabalho, recorrentemente, condena os sócios ao pagamento da
dívida trabalhista com o patrimônio pessoal, no caso de os bens da
empresa não serem suficientes.

e) Sociedade Simples: Empresa com atuação Coletiva, ou seja, 02


(dois) ou mais sócios. A responsabilidade dos sócios é ilimitada. Po-
rém, poderá adotar a espécie societária de Sociedade Limitada —
Sociedade Simples Ltda., passando a responsabilidade dos sócios a
ser limitada ao capital social, não respondendo com seus bens pes-
soais pelas obrigações da sociedade, exceto nas hipóteses mencio-
nadas no item anterior (sociedade empresária limitada).

A Sociedade Simples é uma pessoa jurídica para a prestação de ser-


viços de profissão intelectual, de natureza científica, artística ou lite-
rária, sem elemento de empresa (ex. médicos, dentistas, engenhei-
ros, arquitetos, etc.).

FONTE:
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/conteudo_uf/quais-sao-
-os-tipos-de-empresas,af3db28a582a0610VgnVCM1000004c00210aRCRD
(em 02/12/2018).

FAÇA DIFERENTE
Queda tem muitos significados. Pode representar ato de cair, tombo,
perda de prestígio, decadência ou diminuição.
Ao longo da nossa vida foram muitas situações de quedas — físicas,
emocionais, financeiras —, com diversas intensidades de “dores”. Algu-
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 79

mas deixaram marcas ainda presentes, outras foram esquecidas.


Todavia, após a queda tem outra etapa. Para sair do quarto escuro
temos que realizar:

 escalada  enriquecimento
 adiantamento  erguimento
 ascensão  evolução
 aumento  fortalecimento
 avanço  incremento
 crescimento  melhoramento
 desenvolvimento  progresso
 elevação

1. Pense em uma situação em que você conseguiu superar uma queda;


2. Escolha três palavras acima que melhor representam esta sua história
de superação;
3. Escreva, de forma resumida, sua história de superação;
4. Ao final compartilhe sua experiência através do nosso Instagram ou
site, enviando foto ou texto.

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80 | INÁCIO FEITOSA

Resumo Mental

Invista em uma área em que


você tenha pleno domínio

Não desperdice
Formalize seu Dê os primeiros passos suas energias com
negócio mágoas e rancores

Atraímos aquilo
que pensamos:
seja positivo!
Faça um planejamento
estratégico Libere o
perdão

Respeite suas histórias e


não permita que o passado
de erros se repita

CONTRATE-SE

Ofereça aos seus


colaboradores remuneração
Crie uma variável por desempenho
marca forte

Meritocracia Incentive a
Organize-se: tenha inovação
advogados e Sonhe grande
contadores por perto

Valorize seus
talentos
Mapeie seus públicos
de interesse
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 81

CERTAS COISAS
NÃO TEM PREÇO,
UMA DELAS É
PODER DEMITIR
O CHEFE!
82 | INÁCIO FEITOSA

CAPÍTULO

3
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 83

PREFIRA APRENDER
COM OS ACERTOS
(MAS NÃO
MENOSPREZE A
DIDÁTICA DOS
ERROS)
84 | INÁCIO FEITOSA
Benchmarking: ame a concorrência

S empre amei meus concorrentes, desde a época de executivo, até


hoje como empreendedor. Quando era dirigente de uma S.A., eu
tinha mais informações de outras instituições do que os próprios dire-
tores delas. Fazia parte do planejamento, conhecer os concorrentes me-
lhor do que a nós mesmos.
Construí uma lista com cada concorrente do segmento educa-
cional; com seus cursos; quantidade de alunos por sala; relação de
professores que se destacavam (para contratá-los) e dos ruins (para
mantê-los distantes).
Conhecer as estratégias dos concorrentes, processo denominado de
Benchmarking, é extremamente importante para a busca das melhores
(e piores) práticas de mercado, principalmente saber de suas ações de
marketing; o que falam deles nas redes sociais; como calculam seus pre-
ços; e qual será o próximo passo.
Para montar meu próprio negócio no segmento de consultoria eu
reconheci que precisava desbravar novos mares. Seria uma espécie de
estágio profissional. Foi quando decidi aceitar alguns convites para vi-
venciar novas aprendizagens, já que toda minha trajetória tinha sido
construída na universidade privada.
Passei dois anos como diretor de uma entidade de qualificação pro-
fissional para conhecer e aprender tudo sobre o seguimento. Atingi as
metas e inovei, implantando cursos de pós-graduação voltados para in-
86 | INÁCIO FEITOSA

dústria. Algo que nunca tinha sido feito desde a criação da instituição.
Foi um período de muito aprendizado.
Transitei também na administração pública, para a qual criei uma
proposta de Prouni (bolsas de estudos em universidades privadas) na
esfera municipal. Ocupei ainda um cargo de interventor em uma au-
tarquia de Ensino Superior para colocar em ordem a entidade. Ativida-
des trabalhosas, mas que me proporcionaram grandes experiências e
excelentes resultados.
Analisei mais de duzentos sites educacionais para conhecer seus
acertos e suas fragilidades, para diminuir os meus. Dizem que aprender
com os próprios tropeços é algo muito saudável. Eu discordo dessa má-
xima. Prefiro aprender com os dos concorrentes.
Não conheço nenhuma empresa que cresceu no mercado, que teve
sucesso, sem ter um bom concorrente. Sem disputar no mercado cada
espaço. É um jogo que deve ser jogado, mas sem “chute na canela”.
Seu concorrente de hoje pode ser um parceiro amanhã. Jogar lim-
po, de forma clara, com limites éticos respeitados, é fundamental. Um
concorrente astuto, estratégico e desafiador é de grande importância
para nosso crescimento.
Como empreendedor, você nunca, nunca mesmo, deve subestimar
seu concorrente, mas esteja sempre pelo menos um dia à frente das de-
cisões, principalmente as inovadoras.
Conta-se que Steven Jobs certa feita dormiu no ponto, quando a
Apple desenvolveu o iMac original, melhor em edição de fotos e ví-
deos, mas ultrapassado na questão de lidar com música, pois os pro-
prietários de PCs baixavam e permutavam canções, gravando seus
próprios CDs.
Em vez de querer alcançar o concorrente, Jobs deu um pulo alto, re-
solveu criar o Itunes, da Itunes Store e o Ipod, que permitiam o usuário
comprar, compartilhar, administrar, armazenar e tocar músicas. Com-
preendeu a diferença?
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 87

A Águia e o Falcão
Seu concorrente pode ser mais íntimo do que você imagina: reza a lenda
que o final da sociedade de mais de 40 anos entre os renomadíssimos
consultores Vicente Falconi e José Godoy, no Instituto de Desenvolvi-
mento Gerencial (INDG), chegou ao fim devido a divergências sobre uso
de uma sala de reunião, que teve sua destinação alterada.
Muitas vezes a empresa imita a vida. Pequenas divergências não
saneadas; aquele mal-estar do passado não resolvido; o desconheci-
mento do perfil do sócio escolhido; uma série de acúmulos ao longo
dos anos transformam-se em algo de grandes proporções. Bastará,
portanto, uma faísca, ou um “pingo no copo cheio” para tudo ir pelos
ares. Experiência própria.
O fim da sociedade não representou o término das discórdias, ao
contrário. A nova empresa criada por Godoy, o Instituto Aquila, trazia
em si uma grande provocação ao agora concorrente. Aquila remete à
águia, e Falconi a falcão, sendo a primeira ave conhecida pelo seu agu-
çado senso estratégico e perspicácia.
Práticas de governança, normas de convívio, regras éticas claras e
“jogo aberto” entre as partes interessadas (Stakeholders) são os melhores
remédios contra terremotos.
O tempo pode fazer fissuras nas relações dos sócios de uma empresa,
e uma vez não tratadas podem se transformar em uma Cordilheira.

A Bíblia
Outro obstáculo no seu negócio pode ser a implantação de normas
e processos engessados, anacrônicos com sua realidade. Fui contra-
tado para ser consultor de uma empresa de educação profissional
que necessitava de resultados gerenciais a curtíssimo prazo. Todos os
processos administrativos, chamados nos bastidores de “a bíblia”, esta-
vam modelados, bem escritos, com belos gráficos e rotinas complexas,
pouco elucidativas.
88 | INÁCIO FEITOSA

Toda vez que as dúvidas surgiam para aplicação de um determinado


processo, a guardiã do “documento sagrado” fazia questão de citar a pá-
gina, o capítulo, e o inciso, sem equacionar a dúvida do querelante. Ela
entendia que de tão competente, seus poderes de interpretação da bí-
blia não deveriam ser questionados pelos “pecadores”, e eu seria incluso
nesse rol em brevíssimo tempo.
Depois de vários dias mergulhado na operação da empresa, decidi
começar pelo básico, pela ordem e limpeza no ambiente de trabalho,
com a aplicação dos cinco “sensos” (conhecido como 5S). No idioma
japonês, de sua origem, os sensos começam com a letra “S”: o de utili-
zação; de arrumação; de limpeza; de saúde e higiene; e o último o de
autodisciplina. Ajudaram a estabelecer uma rotina de trabalho mais
produtiva, cujos resultados foram imediatos.
E a bíblia? De tão pesada ela derrubou sua criadora. Novos proces-
sos foram escritos e reduzidos a um “canvas” (tela), com a participação
legitimadora das partes interessadas. Todas as metas foram batidas e a
participação pelo lucro alcançado fora paga aos fiéis. Amém!

CONHEÇA
Os Fariseus eram um grupo de judeus devotos ao Torá (cinco primeiros
livros da bíblia), surgidos no século II a.C, opositores aos Saduceus, cria-
dores de um conjunto de Leis. Na Bíblia há diversas citações de Jesus
questionando as práticas dos Fariseus. Foram tantas leis e normas cria-
das pelo grupo que tais regulações foram se tornando um fardo.
Quais são as “leis” e “normas” existentes na sua vida que impedem
você de ser feliz, alegre e solidário? Faça um resumo revogando, abolin-
do estas leis e normas que estão atrasando a sua vida:
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 89

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O zumbi e a qualidade
Uma empresa é retrato fiel de seus fundadores, como disse no início do
livro. Se eles são empreendedores, a tendência é que o negócio também
seja. Se são criativos, inovadores ou tecnológicos, o comportamento será
refletido nos líderes que farão parte da equipe no nível tático, que por sua
vez refletirá na contratação de seus subordinados do nível operacional.
Renovo que selecionar a equipe é um dos passos mais importantes
para o sucesso do seu empreendimento. Uma empresa é feita de pessoas,
e as competentes, sobretudo, são seu maior ativo, não se esqueça disso.
Por mais tecnologia que possua, há sempre — por trás de todos os
códigos binários, algoritmos e programas — um ser pulsante de ener-
gia, que é responsável pela realização do seu sonho.
Ninguém faz nada sozinho. Por isso não esqueça nunca de valorizar
quem está ao seu lado e auxilie-o a dirigir o seu negócio. Lembre-se:
seres humanos precisam de seres humanos, precisam de afeto, de ca-
rinho, de atenção e também de “cenouras”. Eles são responsáveis pela
qualidade do seu projeto.
E de onde vem o Zumbi desse escrito? Vem de uma consulta que re-
cebi de um empresário carioca. Ele decidiu mudar radicalmente a estru-
tura física de sua empresa, o posicionamento da marca, seus objetivos,
missão, visão e valores. Ou seja, decidiu criar uma nova empresa dentro
da que já existia.
Para isso realizou um investimento de mais de 10 milhões de reais na
compra de projetos, tecnologia, sistemas de gestão, processos de ino-
90 | INÁCIO FEITOSA

vação e de caríssimas inserções em horários nobres em todas as mídias,


para promover sua “nova” instituição.
Viajou para o Vale do Silício, Nova York, Londres e Moscou. Na vol-
ta decidiu mudar o posicionamento de sua faculdade, que atuava há
anos no mercado.
Alterou o nome da instituição de ensino, pediu extinção de cursos,
solicitou autorização de cursos novos na área de tecnologia. Enfim, fez
mudanças bruscas para construir um novo posicionamento da marca.
Os alunos que estudavam lá foram convidados a pedir transferên-
cia para outras instituições, motivados por um pacote de vantagens
financeiras.
No entendimento do mantenedor, os alunos com mensalidades
populares não eram mais interessantes, queria capturar discentes dis-
postos a pagar valores da classe A, em mensalidades altas. Entendia
que com a nova roupagem, novos cursos, nova marca e nova proposta
metodológica, a famosa aprendizagem baseada por problemas teria
chances de inovar com sucesso.
Renomadas empresas promoveram em suas redes sociais a nova em-
presa, com sua nova marca, cores e logotipagem. Saudaram a decisão
do proprietário em inovar, em levar um novo conceito educacional para
sua faculdade. Lógico que tais elogios foram estimulados por generosos
contratos em dólares. Como sabemos não existe “almoço grátis”, muito
menos com empresas do Tio Sam.
Quando fui questionado pelo empresário sobre sua decisão, falei
apenas o que ele gostaria de ouvir, afinal, você já viu médico analisar
o tratamento de outro colega? Eu não era o responsável pelo projeto,
entendi que não caberia a mim desanimá-lo.
A responsabilidade daquele paciente não era minha, não caberia dar
palpites na casa dos outros, até porque eu discordava de muita coisa.
Deixei uma mensagem subliminar ao final da ligação para reflexão do
empresário: “Se sua equipe conseguir entender esse novo projeto e assi-
milar em curto espaço de tempo tão grande mudança, não tenho dúvi-
das que será um sucesso”.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 91

Por que eu disse isso? Eu tinha informações que internamente a em-


presa estava com um clima organizacional péssimo. Que as rupturas
realizadas não foram assimiladas pela equipe tática, operacional e prin-
cipalmente pelos professores (todos mantidos no novo projeto).
Todos estavam transtornados pela forma abrupta de mudança do
posicionamento da faculdade, e pela transferência dos alunos da forma
que aconteceu. Sentiram-se sem identidade institucional, desampara-
dos, desmotivados.
A “roupa nova”, literalmente colocada na equipe, não daria certo. Eles
foram alçados a uma nova condição, a uma nova proposta, estando ainda
com a mentalidade da antiga marca. Isso devido à falta de sensibilidade
com os colaboradores, da realização de ajustes internos, mas principalmen-
te da soberba em realizar tão grande transformação sem ouvir sua equipe.
Nada funciona em uma empresa se os líderes não estiverem motiva-
dos, se eles não comprarem a sua luta. Transformam-se em zumbis com
“roupas novas”, mas com mentalidade antiga. A chance de um projeto
como esse dar certo é proporcional à satisfação da equipe.

O pulo do puma (o do gato é para amadores)


Empreender com eficiência é fazer mais com (muito) pouco para a maio-
ria dos brasileiros. O início de qualquer negócio não é fácil, sobretudo
para quem tem apenas uma ideia na maleta.
Fazer um planejamento estratégico é importante, mas nem sempre
é possível. Uma dica infalível para planejar o básico: seja otimista nas
despesas e pessimista na receita.
Há alguns anos um cliente meu de São Paulo, que atuava com cur-
sos para concursos, decidiu montar uma faculdade. Em preparatórios
ele era um fenômeno de vendas, já na Educação Superior não sabia
nem o que era MEC.
Queria a todo custo saber como poderia dar “o pulo do gato”. Resulta-
do? Contratou consultores famosos de marketing digital. Por desconhe-
cer a realidade do mercado local, os valiosos colegas não tiveram êxito
92 | INÁCIO FEITOSA

com o negócio do cliente.


Quando cheguei para prestar auxílio, o orçamento dele estava pró-
ximo a zero. E o que faz um consultor nesse caso? Celebrei um contrato
pelo êxito alcançado na recuperação das matrículas. Sugiro que seus
contratos de consultoria tenham sempre essa cláusula. Algo bom para
todos e mais uma cenoura pelo sucesso da meta atingida.
Minha primeira orientação foi simples: repita a receita de sucesso do
preparatório nas campanhas de divulgação da faculdade. Recursos tais
como panfletagem, visitas a empresas, cartazes, porta-porta nas escolas,
notas em blogs e associar a marca do curso ao grupo tiveram um resul-
tado surpreendente.
Meses depois as metas definidas para captação de novos alunos fo-
ram todas alcançadas. E qual foi a grande sacada? Conhecer a realidade
da empresa, seus pontos fortes, suas fragilidades, e focar nas estratégias
de sucesso do cursinho. Teve êxito sem precisar de felinos de fora, ape-
nas repetiu a receita que conhecia melhor do que ninguém. Isto sim é
um salto digno de um Puma.

Não contrate quem pode demitir você


Quando for formar sua equipe, tenha como principal critério de contra-
tação a conduta ética. Competência é possível de ser desenvolvida. Uma
empresária confidenciou-me a quantidade de ações trabalhistas que re-
cebeu nos últimos anos, muitas delas de “parentes” e “amigos”, a quem
tinha dado oportunidades de crescimento profissional em sua empresa.
Ela desabafou: “não contrate quem você não pode demitir”. Ponderei
por alguns segundos e verifiquei que esse não era o caso, e disparei:
“não contrate quem pode demitir você”.
Empresas não suportam indulgências. Se o dono do negócio maltra-
ta a gestão, não poderá esperar colher bons frutos. Uma contratação er-
rada pode demitir você. Muitos executivos, de coração grande, põem a
caridade à frente da empresa. Mas esquecem que não irão poder ajudar
a ninguém se não tiverem lucro em seus negócios.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 93

Sempre gostei de cercar-me por pessoas competentes. Nunca tive


medo de trabalhar com profissionais com mais habilidades do que as
minhas. Ter uma boa equipe é a garantia de uma boa colheita.
Se estes profissionais que você selecionou com critérios de merito-
cracia o decepcionarem, você não terá responsabilidade alguma. Cer-
tamente a falta de caráter, algo intrínseco em alguns seres humanos, só
se revelaria com o passar dos anos. Não há avaliações e entrevistas que
consigam evitar a praga na lavoura.
O mundo dos negócios não é para os ingênuos. O erro da empresá-
ria causou não só sua demissão do conselho de administração, mas o
fechamento da instituição anos depois, deixando ela e seus parentes
sem “emprego”.

DECIDA
Imagine que você está montando um time de futebol para competir no
campeonato do seu bairro, cidade ou estado. Tem um jogador muito bom
que pode ajudar o seu time a ser mais competitivo. Todavia, você resolveu
chamar um grande amigo seu para o lugar, mas que é um jogador mediano.
Certamente a probabilidade é que o seu time seja eliminado logo no início.
Escolha bem o seu time. Forme a sua equipe com os melhores. Assim
você terá mais condições de ser competitivo. Decida !!!
Então, liste agora as pessoas que você considera competente e de-
vem fazer parte da sua empresa, do seu time de trabalho:

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94 | INÁCIO FEITOSA

É preciso inovar para sobreviver


Inovação é a criatividade com valor agregado. Se todos pensam dentro
da caixa, quem consegue pensar fora, e inovar, tem um valor incalculá-
vel. O que seria da humanidade sem os inovadores?
Olhe ao seu redor. Eu, por exemplo, no instante que escrevo, vejo
muitas inovações que já não consigo me imaginar sem elas: um controle
remoto do ar-condicionado; um computador que liga automaticamen-
te; uma copiadora Wifi; o WhatsApp; um aplicativo para pedir refeições;
outro para pedir transporte.

• Quanto vale uma patente dessas?


• Já pensou que em sua frente pode existir uma necessidade, algo a
ser desenvolvido, e você pode ganhar com isso?
• Você já inovou em algum momento de sua vida?
• Conhece alguém com essa habilidade?

Inovar não é criar algo que nunca existiu. Quando algo é criado do
zero não é inovação, é criação. Esse é um processo de vontade do ser hu-
mano: eu quero criar algo que até ser criado era impossível. Para isso é
necessário conhecimento, técnica, planejamento, pesquisa, experimen-
tação, até chegar ao produto final da criação.
Já a inovação vai em cima do que existe, do que é criação de alguém.
Modificando costumes, crenças, regulações, processos e situações afins
que tragam algo novo. No contexto empresarial ela representa a possi-
bilidade de fazer diferente do que vinha sendo praticado.
Em 2014, a Apple criou o Apple Watch, um relógio inteligente conec-
tado à internet. Mas, não foi ela quem criou o relógio de pulso. Ela ino-
vou a ideia de Santos Dummont (de 1904) de adaptar o então relógio
de bolso para ficar em seu pulso, para poder ver as horas mantendo as
mãos nos comandos em pleno voo.
E também não foi o brasileiro o criador do relógio de bolso. É o pro-
cesso evolutivo de inovação que nos garante compartilhamos novas
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 95

soluções para novas demandas de nossas vidas.


Você sabia que as empresas americanas Google e o Facebook (con-
troladora também do Instagram e WhatsApp) não atuam no mercado
chinês, pois para isso teriam que disponibilizar os dados de seus usuá-
rios ao governo da República Popular da China?
E sabe qual foi o resultado?
Os chineses inovaram criando suas próprias empresas de tecnologia.
A WeChat é um serviço multiplataforma de mensagens instantâneas de-
senvolvidos pela Tencent.
E o Baidu, semelhante ao Google, é um dos maiores sistemas de bus-
cas do mundo, ultrapassando o Google e o Yahoo. Inclusive, com uma
versão brasileira que poucas pessoas conhecem, o Baidu Busca. É dá Chi-
na também o Alibaba, segundo maior e-commerce do mundo.
Inovar no momento econômico atual é quase uma obrigação para
que as empresas possam sobreviver. Os empreendedores chineses vi-
ram uma oportunidade no seu fechadíssimo mercado e desenvolve-
ram seu próprio negócio que futuramente será capaz de derrubar a
turma do Silício americano.
Até aqui falei sobre como a inovação é relevante para o sucesso do
seu negócio. Agora quero falar como ela poderá ajudar você a decidir
empreender. Você pode também inovar em outro sentido, na sua for-
mação profissional.
Sabe como?
No aspecto profissional você pode (e deve) turbinar suas habilidades
e competências com a realização de cursos. Seja com a realização de um
curso livre, técnico, de graduação, MBA, mestrado ou doutorado, em um
segmento que você domina, ou mesmo um simples curso de aperfei-
çoamento rápido online.
Imagine o profissional que tem o dom artístico, gosta de criar marcas
e ilustrações, com um curso de web designer ele pode levar sua técnica
ao mundo da tecnologia e superar seus ganhos financeiros. É a inovação
em sua carreira, em suas habilidades profissionais, que amanhã serão
úteis na hora em que você decidir ser dono do seu negócio.
96 | INÁCIO FEITOSA

O conhecimento é a porta para você crescer e não depender de um


chefe. Quanto mais conhecimento, mais são suas chances de ter sucesso
na realização dos seus sonhos.
Sabe por que falo tanto que você deve empreender seu negócio? E
deve estar preparado para empreender?
Porque, além de tudo que falei até aqui, uma pesquisa americana
realizada pelo professor Jeffrey Pfeffer, da Universidade Stanford, afirma
que os locais de trabalho representam a quinta maior causa mortis nos
Estados Unidos, levando a óbito cerca de 120 mil trabalhadores por ano.
Isso mesmo, trabalhadores em todo mundo estão morrendo devido a
doenças adquiridas no ambiente de trabalho.
No Brasil não existem pesquisas desse tipo, mas a revista Você RH,
edição 60, de 2019, relata que os números da Previdência Social indicam
que em 2018 houve um aumento de 12% na “quantidade de licenças
concedidas por transtornos mentais e comportamentos adquiridos no
serviço em relação ao mesmo período de 2017. Já o afastamento por
depressão e ansiedade aumentou quase cinco pontos percentuais.”
Parte considerável das empresas está doente. Para a maioria delas
os trabalhadores são “commodities”, ou seja, mercadorias que podem
ser substituídas. Para comprovar isso, basta pesquisar em sua empre-
sa, escutar relatos de amigos. Você verá que essa realidade não está
tão distante. Torço de coração para que você não esteja vivenciando
essa triste realidade.

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO
Um estudo da Gallup com 7.500 funcionários americanos, em
2018, mostrou que dois terços deles passam por Burnout, a sín-
drome do esgotamento físico e mental no trabalho, pelo menos
uma vez na carreira. Quem enfrenta esse problema tem:

• 63% mais propensão a faltar no trabalho por doença;


• 23% mais riscos de parar no pronto-socorro;
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 97

• Três vezes mais chances de procurar ativamente um novo


emprego;
• 13% confiança no próprio emprego.

Fonte: Você RH, edição 60, de 2019, pág. 25.

Já quebrou? Parabéns, você está quase pronto!


Muitos podem recuar em empreender alegando que já tentaram e
não tiveram sucesso. Um certo dia um cientista de T.I. (Tecnologia da
Informação) revelou, em uma reunião da qual eu participava, que só
contratava para trabalhar em suas empresas quem já tivesse falido
pelo menos duas vezes. Inclusive, com esse critério, sua última con-
tratação tinha acontecido dias antes, com o candidato selecionado na
fila de um banco.
Todos os que estavam presentes ficaram sem entender. Contratar al-
guém que não deu certo? Alguém que faliu? Eu fui um desses que não
conseguiu entender qual seria a moral daquela história. Todos pergun-
taram: por quê?
Com seu jeito de professor universitário, foi logo contatando uma
historinha para depois mostrar o enredo. Sua estratégia convenceu to-
dos que ali prestavam atenção em seu processo seletivo de vencedores.
Ele havia se encontrado com um ex-aluno que estava procurando
financiamento um desses bancos públicos, e o questionou sobre qual
era o seu projeto: “depois de criar duas empresas físicas que não deram
certo, criei um aplicativo para registrar as reclamações dos cidadãos nos
municípios”. Algo inovador até aquela data, mas que daquele instante
em diante mudaria de rumo.
Nosso cientista, dono de diversas startups, um mega empreendedor
de tecnologia, convidou imediatamente o resiliente para juntos em-
preenderem esse projeto na condição de sócios. E, ainda, ganhou um
grande parceiro para gerenciar suas empresas e incubadoras.
98 | INÁCIO FEITOSA

Sabe por que ele se associou ao jovem que quebrou duas vezes?

• Ele possuía um perfil empreendedor;


• Ele teve negócios e faliu duas vezes, e mesmo assim, insistia na ter-
ceira empresa, provando-se resiliente;
• Ele estava muito perto de acertar;
• Ele não iria mais cometer os erros do passado;
• Ele aprendeu a ser mais humilde;
• Ele não estava na zona de conforto;
• Ele estava pronto para dar certo, seria questão de tempo!

Na sua jornada de empreendedor você irá cansar muitas vezes, irá de-
sistir e até mesmo quebrar. Precisa ser cauteloso para evitar um prejuízo fi-
nanceiro, mas persistente para saber que cada queda lhe fará um vencedor.
Portanto, nunca desista de seus sonhos. Você pode estar a um passo
de acertar a jazida de ouro.

FAÇA DIFERENTE

Na Alemanha, após a I Guerra Mundial, as pessoas não tinham mui-


to dinheiro. E alguns produtos eram difíceis de serem adquiridos. Sa-
patos e botas de couro eram caros. Então, dois jovens irmãos, Adolf
(apelido Adi) e Rudolf (apelido Rudi) Dassler, viram uma oportunida-
de: fabricar sapatos de pano. Eram produtos mais acessíveis a grande
parte da população.
Surgiu então no ano de 1924 a Fábrica de calçados Gebrüder Dass-
ler(Gebrüder Dassler Schuhfabrik). Os negócios prosperaram e come-
çaram também a fazer sapatos para atletas. Nas Olimpíadas de Berlim,
em 1936, o atleta Jesse Owens começou a mostrar o trabalho dos ir-
mãos alemães ao mundo.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 99

Mas, após a II Guerra Mundial, no ano de 1948, os irmãos romperam a


sociedade. O Adi Dassler fundou a Adidas. E Rudolf criou a Puma Fábrica
de Sapatos Rudolf Dassler.
A Puma fez grande sucesso nas Copas do Mundo das décadas de
1960 e 1970, sendo a fornecedora das chuteiras de Pelé. Mas no início
da década de 1990 a Puma enfrentou uma grave crise: teve de demitir
quase metade dos funcionários. E qual o motivo: se acomodou e não
acompanhou as novas tendências. E perdeu mercado para a Adidas
e para a Nike.
Todavia, no final da década de 1990, depois de muitas mudanças, in-
clusive com a entrada de um novo sócio americano (Monarchy Regency
Enterprises) a empresa deu uma guinada. Passou ser fornecedora para
os esportes mais populares dos Estados Unidos:  Futebol Americano e o
basquete. E depois de conquistar a América, mirou o mercado Africano,
apoiando as equipes de futebol.
No mundo atual as classes C, D e E são as que apresentam a maior
quantidade de pessoas, mas não têm um grande poder aquisitivo. En-
tão, você já pensou em oferecer um produto diferente e com qualidade
para este público? Analise essa possibilidade. Escreva suas conclusões:

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100 | INÁCIO FEITOSA

Resumo Mental

Conheça as estratégias
dos concorrentes

Faça diferente do
Identifique os erros Invista em que vem sendo
e acertos Benchmarking praticado

Transforme seu
problema em
oportunidade
Jogue limpo: seu concorrente de
hoje pode ser seu parceiro INOVE
de amanhã

Turbine suas habilidades

PREFIRA APRENDER
COM OS ACERTOS
(MAS NÃO MENOSPREZE A
DIDÁTICA DOS ERROS)

Pense fora da caixa

Demonstre
humildade

Quebre Avalie suas normas


Revele persistência paradigmas e processos
Não tenha medo
do fracasso

Adeque-se às
novas demandas
tecnológicas
Comprove resiliência
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 101

TROQUEI MINHA
CTPS POR UM
CNPJ, E FUI
EMPREENDER!
102 | INÁCIO FEITOSA

CAPÍTULO

4
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 103

FAÇA ACONTECER
COLOCAR ALGUMAS FRASES
104 | INÁCIO FEITOSA
A autossabotagem poderá colocar tudo a perder

L evei anos para decidir empreender. Acredito que durante esse pe-
ríodo eu sabotei minha vocação diversas vezes. A primeira quando
conclui o curso de Direito, e pensava em ser delegado da Polícia Federal.
Depois, quando sonhei um sonho que não era meu, a dedicar-me por
anos a projetos de terceiros. E, por fim, em não acreditar que eu poderia
ser uma empresa, como falarei adiante.
Há diversas formas de autossabotagem:

• Acomodação: “vou aguardar uma proposta ideal para decidir”;


• Aversão ao trabalho: “prefiro ficar quieto até minha aposentadoria
chegar”;
• Lentidão nas decisões: “no próximo ano irei decidir o que fazer”;
• Arrogância: “tenho ótima situação financeira, não preciso de mais
nada”;
• Soberba: “sou tão bom que não preciso de nada”;
• Orgulho: “nunca me vejo começando do zero”;
• Vaidade: “o que os outros vão pensar de mim”;
• Medo: “e se não der certo, o que os outros vão achar”;
• Ansiedade: “quero ter resultados na nova empresa em seis meses”;
• Concurseiro: “depois que eu passar no concurso, resolvo o resto”;
• Negativismo: “não acredito em nada disso”.
106 | INÁCIO FEITOSA

Durante muito tempo eu não quis sair de minha zona de conforto.


Acreditava que um salário bom, um cargo de direção, duas assisten-
tes, um telefone corporativo e viagens semanais para várias cidades
diferentes era confortável, trazia felicidade e sossego. Como eu estava
enganado...
Recentemente ouvi de um executivo que havia deixado a direção de
uma grande empresa de logística dos EUA com sede no Brasil a seguinte
frase: “só descobri que eu não tinha uma linha de telefone minha, que eu
não sabia fazer planilha de Excel, e que eu não tinha um carro em meu
nome depois que deixei a empresa. A empresa fazia tudo por mim”.
Há perguntas que você deve responder:

• Você quer ser empreendedor?


• Já realizou alguma atividade empreendedora?
• Quer ter seu negócio, mas adia sempre essa decisão?
• Acredito que pode ter sucesso com sua empresa?

A autossabotagem em relação ao empreendedorismo consiste em


primeiro lugar em não acreditarmos em nosso potencial empreende-
dor. Ser empreendedor não será algo fácil, nem impossível. Depois de
sua decisão tomada você necessitará ao mesmo tempo estar capacitado
(cursos, vídeos, livros etc) e maduro para seguir em frente com sua deci-
são. Como diz o nome de um programa: custe o que custar.
Nosso inconsciente acomoda-se com a nossa rotina, tentamos adiar
nossos projetos, jogamos para frente qualquer plano que represente sair
da zona de conforto. Adiamos sempre nosso projeto por medo de errar.
Vamos refletir:

• Quantas promessas você fez no início do ano e quantas você boi-


cotou?
• Quer apostar que você irá renovar suas promessas para o próxi-
mo ano?
• Se você não acreditar em você, quem vai acreditar?
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 107

Existem pessoas que realizam centenas de cursos sobre negócios,


marketing digital, empreendedorismo, mas não tem coragem de que-
brar com a redoma que os envolve, por medo de errar. Eles estão super
preparados do ponto de vista do domínio dos conteúdos. O que lhes
faz ter medo de empreender?
Acredito seriamente que essas pessoas tem bloqueios internos que
não foram rompidos. A consciência dessa realidade só virá após episó-
dios de rupturas extremas, de dores, de perdas.
A dor muitas vezes faz surgir a coragem para empreender.
Erre se for preciso, mas pare de se machucar. Se você decidiu que
quer ser dono do seu negócio, por que continuar a fuga do seu so-
nho? O que lhe falta?
Respeite você mesmo. Quebre essa redoma que é invisível, mas que
lhe causa um mal tangível.
A prova que você consegue está no depoimento de pessoas pró-
ximas que lhe perguntam todos os dias por que você não abre a sua
empresa. Concorda?
Isso aconteceu comigo, como narrei desde a apresentação deste li-
vro. Sempre tive um perfil empreendedor, mas nunca parei para investir
nele. Eu me sabotei várias vezes. Foi preciso romper com minhas bar-
reiras para eu poder crescer e ir empreender. Eu não teria conseguido
chegar até aqui se não rompesse com “a firma”.
Como iniciei?
Fora do ambiente da empresa era hora de ensaiar meus primeiros
passos. Após diversas tentativas de criar negócios, percebi que sempre
era consultado para resolver questões de empresas educacionais, e até
em outras atividades de gestão.
Certa vez cobrei vários salários mínimos para fazer um parecer ju-
rídico sobre um caso específico de uma universidade. O caso era bas-
tante complexo, exigia domínio jurídico, de conceitos educacionais e
da rotina da gestão. Para minha surpresa o cliente aceitou os honorá-
rios sem se quer oferecer uma contraproposta. A partir daí passamos
a nutrir também uma amizade.
108 | INÁCIO FEITOSA

Passei várias noites trabalhando no estudo, pelo retorno financeiro,


claro, que ajudaria a colocar em ordem meu orçamento, mas mais ainda
por encontrar em mim o meu próprio negócio. Foi quando descobri que
eu era consultor, eu era uma empresa. Você não imagina a emoção que
senti quando eu me redescobri.
Desse dia em diante passei a cobrar por cada consulta recebida, pas-
sei a ser remunerado, tomei gosto e me preparei para expandir meu
portfólio. Era hora de pensar em ministrar cursos, pois além da receita
abriria as portas para contratos de consultoria.
Na primeira turma fechei todas as inscrições. O sucesso foi tanto que
levei para Fortaleza e Salvador. Descobri que além de Consultor as pessoas
queriam me pagar para eu falar sobre gestão e legislação educacional.
Dos meus cursos, criei o de outros professores (voltei a minha origem
na Faculdade de Direito, como falei na introdução), e agora todos online
(exitoeducacional.com.br).
E você pratica a autossabotagem?
Tenha certeza que sim. Somente o tempo mostrará a você isso. Eu
fiquei curado, agora quero ajudar você a passar por essa fase e ser um
empreendedor de muito sucesso e feliz.

O sucesso é coletivo. Já o fracasso...


Uma vez um promissor publicitário, no início de minhas atividades de
executivo, disse-me: “por que você não monta seu próprio negócio?
Você é que carrega essa empresa nas costas. Amanhã ela vai crescer, e
você terá decepções”. Ele não era só um criativo, ele era também um
médium vidente...
Quando a profecia se cumpriu, acordei para o empreendedorismo,
um cromossomo adormecido dentro de nossa cadeia de DNA. Como
não foi estimulado pela nossa formação, ele fica inerte aguardando ser
provocado para despertar em nós.
As pessoas têm medo de errar. Preocupam-se demasiadamente
com o que outros vão pensar. Isso é o principal agravante para a falta
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 109

de empreendedores de nosso País em relação a outras nações. Errar faz


parte do aprendizado.
Siga em frente, e se cair, fortaleça-se para evitar o segundo tombo.
Não tema as críticas do seu entorno.
No empreendedorismo, muitas vezes você tem que fechar os olhos
e descer a montanha russa, e deixar o frio na barriga passar. Depois virá
a grande subida.
Tenha coragem de vencer seus medos e vá empreender. Seja dono
do seu próprio negócio. Empreender é um dom para alguns, mas uma
técnica para vários. Já ouviu falar que o poeta nasce, e o orador se faz?
Você precisa aprender a mecânica, o funcionamento, as estratégias.
Poderá até fracassar, mas sua capacidade de reerguer-se será um dife-
rencial. Isso se chama resiliência.
Para ser um empreendedor de sucesso você precisará ter sua própria
história, suas lutas, suas batalhas, seus acertos, e seus fracassos. Todas
essas etapas serão somente suas.
Serão também seu diferencial quando você chegar ao mercado com
sua empresa. Suas dores abreviarão os caminhos de sua longa trajetória
rumo ao sucesso. Tenha certeza que suas lágrimas transformar-se-ão em
combustível para vitória.
Você tem esse cromossomo do empreendedorismo latente?

• Quantas vezes suas atividades geraram excelentes resultados para


a empresa em que você trabalha?
• Quantas conquistas você gerou para seu chefe?
• Quantas vezes não foi reconhecido?

O seu sucesso é coletivo, sempre será da empresa, do seu chefe, as-


sim como seu erro “será individualizado” e terá o seu CPF.
Para seu chefe você tem que se pagar, do contrário estará fora da
empresa. Se você produzir mais do que todos da empresa e não for re-
conhecido há alguma coisa errada. Não em você, mas na empresa, que
só pensa em lucro pelo lucro, a curtíssimo prazo, não se preocupando
110 | INÁCIO FEITOSA

com solidez, apenas com resultados imediatos.


Nesse caso, você representa apenas mais um contracheque ao final
do mês, e terá grandes frustrações.
Pondere:
• Será que o tempo de empreender seu sonho não chegou?
• Você está pronto para planejar seu negócio?
• Se você faz o sucesso dos outros, por que não faria para seu negócio?
O Brasil precisa de empreendedores, precisa de empresas que produ-
zam resultados para nossa sociedade, que promovam o bem comum, e
que gerem riquezas.

• Você precisa despertar o empreendedor que está dentro de você;


• Precisa acreditar que é possível vencer;
• Precisa sentir seu sonho realizado;
• Atraia o que você quer, quem foca alcança;
• Até quando você vai aguentar o seu chefe?

O que é sucesso?
Este tal sucesso está na capacidade que temos de acreditar em nós.
Acreditar em si requer muito autoconhecimento, e um pouco de orgu-
lho, dosado. Quem não acredita em si próprio nunca terá sucesso.
Conheço várias pessoas que têm tudo para serem brilhantes, mas
carregam o peso de outras pessoas nas costas (da família, dos amigos,
dos colegas da empresa). Não acreditam em si, não acreditam em seu
potencial, na possibilidade de superação de seus limites.
Ensinei minha filha a andar de bicicleta, e a cada barreira vencida ela
se tornava mais audaciosa. Com a retirada das rodinhas de apoio ela viu
que superado o medo da queda era possível passear em outras ruas. Só
depois de muitos tombos ela viu que poderia superar suas barreiras.
Sucesso não é sinônimo de ser milionário. Cansei de ver pessoas
bem sucedidas financeiramente, e infelizes na vida. A felicidade e o
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 111

sucesso andam em vagões separados. Só se aproximam quando des-


cobrimos que para sermos felizes precisamos de tão pouco. É nesse
momento que temos a realização plena.
Lógico que ter dinheiro, viajar sem preocupação com a fatura do car-
tão de crédito e poder realizar sonhos de consumo deve ser maravilho-
so. Todavia, precisamos ser apresentados ao nosso espelho, ao ser que
habita dentro de nós.

• Você se conhece?
• Tem certeza?
• Já se olhou no espelho hoje?
• Quais são seus limites?

A vida tem seu espelho próprio. Você pode conhecê-lo por sua livre
vontade, ou ser apresentado a ele pela dor. Comigo foi a segunda alter-
nativa, e de forma bem intensificada. A dor faz parte do nosso aprendi-
zado, do nosso amadurecimento, da nossa vida.
No auge da dor, não reconhecemos seu papel evolutivo em nossa
vida. Até porque ela nos apresenta de forma tão forte, que muitas vezes
precisamos de ajuda para não sucumbirmos, e dar a volta por cima.
Reconhecer o seu momento de fragilidade, de vulnerabilidade
emocional, é de fundamental importância para sua recuperação dian-
te de uma queda.
Enumero a seguir atitudes que julgo importantes, para dar a volta
por cima:

• Acreditar em você;
• Coragem de lutar para reagir contra uma situação adversa;
• Sentir a presença de Deus em nossa vida;
• Ter apoio da família;
• Garra para querer acertar;
• Superar as decepções com falsos amigos;
• Acreditar em suas intuições;
112 | INÁCIO FEITOSA

• Respeitar sua história;


• Ler bons livros, fazer cursos e assistir vídeos;
• Planejar e cumprir metas;
• Ter FOCO.

O sucesso é um conjunto de coisas que alcançamos quando nos co-


nhecemos, nos respeitamos e queremos conquistá-lo.
Sucesso independe de sua conta-corrente, da marca do seu paletó,
ou do seu carro. Tudo isso muda do dia para a noite, fácil assim. Só fica
o que é a sua essência, que você carrega dentro do seu peito. Essa é so-
mente sua, é o que lhe faz ser um sucesso.
Para ter sucesso, acredito que você deve ter atitudes empreendedo-
ras para si, para os outros e diante da vida, que começa com o raiar de
sol de cada dia.
Essa altivez é o caminho para realizar seu sonho, seja ele qual for. Bas-
ta você querer, acreditar em sua realização e suar a camisa.

PENSE
Nas últimas três páginas certamente você foi lendo e muita coisa esteve
passando rapidamente no seu pensamento. Mas é preciso parar e refle-
tir. Existem várias perguntas. Isto ajuda a entender quem somos, o que
desejamos. Reveja 10 perguntas, pense e responda:

• Você se conhece? ________________________________________


_______________________________________________________
• Já se olhou no espelho hoje? _______________________________
_______________________________________________________
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 113

• Quais são seus limites? ____________________________________


_______________________________________________________
• Quantas promessas você fez no início do ano e quantas você boico-
tou? ___________________________________________________
_______________________________________________________
• Quer apostar que você irá renovar suas promessas para o próximo ano?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
• Se você faz o sucesso dos outros, por que não faria para seu negócio?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
• Quantas vezes suas atividades geraram excelentes resultados para a
empresa em que você trabalha? ______________________________
_______________________________________________________
• Se você não acreditar em você, quem vai acreditar?_______________
_______________________________________________________
• Será que o tempo de empreender seu sonho não chegou?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
• Você está pronto para planejar seu negócio? ___________________
_______________________________________________________

Seja sua empresa


Na busca pelo sucesso, durante alguns anos busquei respostas para
minha vida na rua. Observava o que as pessoas faziam para serem
bem sucedidas e até acreditava que aquela receita poderia servir para
mim. Engano.
114 | INÁCIO FEITOSA

Todos os profissionais do Direito são sempre levados para o mundo


em busca da estabilidade ofertada pelos concursos para ingresso na
administração pública, no judiciário, nas carreiras policiais, ou em tan-
tas outras oportunidades.
A pressão para o estudante da área é enorme. Ele é cobrado no pri-
meiro ano da faculdade a “advogar” e resolver todos os casos da família.
Depois é cobrado para ser aprovado no Exame de Ordem. Quando con-
segue vêm as pressões do concurso público, e assim por diante.
Eu sempre soube que não queria ser funcionário público, por um
simples motivo: minha visão de mundo não proporcionaria sucesso
em uma estrutura fechada, conservadora, e muitas vezes tão politizada
quanto em ambientes influenciados por partidos políticos.
Sempre gostei da iniciativa privada, sempre gostei de desafios, de
metas, de dormir tarde e acordar cedo, de produzir. Agora precisava
encontrar o local ideal para desenvolver meus projetos e minhas ha-
bilidades.
A luta para chegar a ser empreendedor foi árdua. Eu sempre con-
seguia desculpa para tudo, sempre sabotava meus sonhos. Um certo
dia descobri que minha formação, junto com anos de gestão de em-
presas educacionais, era um ativo que eu tinha dentro de mim para
oferecer ao mercado.
Foi quando descobri que as experiências que acumulei durante anos,
com acertos e erros, eram valiosas para muitas empresas. Descobri que
o negócio que eu procurava tanto estava dentro de mim.
Descobri que eu poderia ganhar dinheiro sendo consultor, pareceris-
ta, ou mesmo “mentor” para formação de gestores. E a partir daí poderia
organizar-me financeiramente para montar no futuro uma empresa de
consultoria e qualificação.
A empresa de sucesso que você busca tanto pode estar dentro de
você. Hoje, no dia em que estava escrevendo essa parte do livro, uma
amiga jornalista ligou para mim e pediu para distribuir o currículo do es-
poso que estava desempregado. Havia sido desligado de uma empresa
de jornal impresso.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 115

De logo respondi: não perca tempo. Se ele conseguir algo, será algo
provisório. Pensem em montar um negócio, pensem em empreender.
Ela indagou-se: o mercado de fotografia está saturado, investir em quê?
Passei alguns segundos pensando enquanto esperava o elevador. Foi
quando vi uma vizinha de sala que é fotógrafa de recém-nascidos. E veio
a intuição para o novo negócio de sucesso.
Disse a ela, anota aí: primeiro ele deve focar na profissão dele, fazer
algo inovador, e que possua como cliente um segmento promissor. O
negócio para o marido de minha amiga seria um Designer Pet, ou ou-
tro nome que falasse por si. Uma empresa para fazer fotos especiais
para pets (cães, gatos e afins).
Preste atenção ao seu redor, veja a quantidade de casais que não têm
filhos, mas possuem animais de estimação. Observe casais com filhos, e
querem ter cães ou gatos, e mesmo pessoas solteiras e seus pets.
Observe a quantidade de lojas desse segmento. É um mercado enor-
me, e existem poucos fotógrafos especializados neste player. Fotografia
em um nicho de mercado é algo inovador, de baixo custo e quem sair na
frente conquistará uma boa fatia.
A estrutura do negócio, equipamentos fotográficos, ele já possuía,
agora era registrar a marca, o domínio, abrir um Instagram, fazer parce-
rias com lojas especializadas e condomínios, e ir à luta.
O negócio do seu futuro está mais perto de você do que pode imagi-
nar. A sua empresa está dentro de você: acredite, foque e planeje.

Não queira ser reitor


Depois que demiti meu Chefe, decisão que levei vários anos para tomar,
ainda não havia descoberto que tinha uma empresa dentro de mim, e
estava disponível para o mercado. Os concorrentes da empresa que eu
trabalhava tinham sensações distintas: uns queriam minha experiência
aliada ao negócio deles; outros, tinham receio de que eu tivesse uma
recaída durante a quarentena. Hoje analiso esses instantes com humor,
mas naquela época não tinha nada de engraçado...
116 | INÁCIO FEITOSA

A primeira proposta surgiu dois dias após eu demitir meu Chefe. Foi
quando recebi um convite de uma das maiores empresas de TI (que eu
havia ajudado em seu início), propondo pagar o que eu ganhava na ou-
tra, e mais uma sociedade em um novo negócio na área da saúde. Fui
surpreendido com a rapidez da minha recolocação e vibrei muito.
Participei de um almoço com um sócio e outro colaborador de con-
fiança. Estava tudo acertado, começaria após o feriado das festas juni-
nas, em uma nova e promissora empresa. Mas, quando fechei a porta do
meu carro, senti uma energia diferente, o almoço entre eles ainda teria
um cafezinho, e eu seria o assunto principal.
Um domingo à tarde, véspera de assumir minhas novas funções e
meu novo negócio, recebi uma mensagem de celular com o destrato
do convite. Com palavras cordiais, escrevia mais uma decepção em mi-
nha história.
Imagine um balde de água gelada na sua cabeça, após um banho
bem quentinho. Foi minha sensação. Mostrei a minha esposa, vi no rosto
dela um desalento, e aquela mensagem positiva (mas, que você sabe
que é da boca para fora): “o que é seu está guardado”. Eu só não sabia
onde estava guardado.
Chegou a hora de responder à mensagem. Queria responder e falar
tudo que você está também pensando, mas eu não ganharia nada. Sabe
o que respondi?
— TUDO BEM. SAÚDE E PAZ!
Apesar de ter muita gente achando que a terra é plana, comprovei na-
quele instante o que Isaac Newton já havia provado: o mundo é redondo
e dá muitas voltas. Eu não deveria comprar brigas, meu desabafo não tra-
ria nenhum ganho para mim. Ao contrário, o que era meu “estava guar-
dado”. Mas, principalmente, eu tinha que respeitar a decisão das pessoas.
Só meses depois, descobri que o que era meu “estava guardado” sim,
dentro de mim. Meus sonhos, meus projetos, dependiam de uma única
pessoa para dar certo: eu mesmo.
Outra história interessante aconteceu poucos anos depois. Já esta-
va com minha empresa de cursos e consultoria funcionando, ofertando
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 117

alguns treinamentos presenciais. Em uma passagem por Brasília, almo-


cei com um casal de amigos consultores e relatei um fato: havia sido
selecionado nacionalmente para dirigir uma instituição de ensino, sem
precisar fechar minha empresa, e sem ter que sair do Recife.
Foi quando a esposa de meu amigo disse: “Vou te revelar. Nós man-
damos seu currículo para essa mesma universidade quando você ‘ficou
disponível para o mercado’, e eles não te quiseram, pois diziam que você
era a cara do teu ex-chefe”.
Respirei fundo, guardei essa informação e segui para casa. Dias de-
pois a universidade mandou-me um e-mail com um contrato anexo,
o salário era interessante, mas tudo que acertamos em relação a eu
poder continuar minha empresa (mas, sem expandir suas ações) não
constava no documento, diferente do que havíamos combinado pes-
soalmente com os mantenedores.
E mais, pela leitura do documento, eu estava proibido de fazer pales-
tras, de ter consultoria, de respirar e de pensar.
O chefe do RH, um rapaz muito simpático, ao receber minha ligação
na qual eu agradecia o convite, mas que naquele momento declinava,
piorou a situação quando disse: “É um contrato pró-forma, não se preo-
cupe. Temos ciência e se quiser eu retiro esses pontos”.
Aquele fato mostrou-me que as práticas da instituição iriam se repe-
tir com o passar dos anos, e isso não seria bom. A luz vermelha acendeu.
Parei por alguns instantes, pensei na fala de minha amiga de Brasília,
pensei no meu negócio que estava em pleno funcionamento, refleti sobre
o acordo que teria sido firmado, e decidi não aceitar o cargo de reitor.
Sabe por quê?
Ser reitor, ter um bom salário, seria ótimo. Mas, eu não seria o reitor
de minha universidade, eu voltaria a sonhar pelos outros. E, isso, não era
um bom sinal. Talvez fosse até verdade que eu tivesse o cheiro do meu
ex-chefe. Nada que um banho de sal grosso e alfazema não resolvesse.
A diferença agora é que eu queria cuidar dos meus sonhos, minhas
empresas, e produzir a minha própria essência. Foi quando aprendi que
eu não poderia sabotar a mim mesmo.
118 | INÁCIO FEITOSA

Quando contei esse caso ao meu amigo Judeu em um de nossos en-


contros, ele disse:
— Você acaba de aprender a vencer um de seus medos, você renun-
ciou a uma estabilidade fictícia em favor de sua empresa.
Troquei o cargo de reitor pelo de empreendedor, e acertei no alvo. Nun-
ca fui tão feliz com as broncas do dia a dia. Sabe o motivo? Todas são mi-
nhas, todas fazem parte do meu sonho, todas trazem enorme felicidade.

DECIDA
Levar uma ideia, um projeto, um empreendimento adiante envolve
muita decisão, persistência e força de vontade. Mas é preciso enxergar
e mirar aonde se quer chegar. É preciso ver com um telescópio aonde se
quer chegar.
Veja que Isaac Newton foi um grande cientista que inventou o te-
lescópio. Ele precisou estudar muito matemática e física (disciplinas
que para muitos são um “terror”). Mas ao final valeu a pena. Viu que
há muita coisa no universo. Mas antes ele teve de focar, caso contrário
tudo ficava embaçado.

1. O que fazer para melhorar a visão do seu universo (futuro)?

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2. O que precisa fazer para ter mais foco?

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Foco, foco e foco


Você não terá sucesso se não focar no seu negócio. Ensino às minhas
filhas sempre que possível que foco é fazer uma coisa de cada vez e es-
quecer ao que foge ao objetivo traçado.
Crianças não conseguem estudar e brincar ao mesmo tempo. Adultos
não conseguirão ter êxito em seus negócios se não souberem em que seg-
mento desejam atuar, como vão oferecer seus produtos, e quem são seus
concorrentes. Só amador não tem foco, e não delimita sua área de atuação.
No mundo dos negócios “foco” é uma palavra pequena que define
o pragmatismo na gestão. Se você tiver qualquer distração não acer-
tará o alvo.
Não basta mirar, é preciso direcionar sua perspicácia, sua energia (e a
de seus colaboradores) para o objetivo escolhido.
Foco é executar fielmente o que foi estudado, planejado, e estabele-
cido para o atingimento das metas. É esquecer o improviso, a distração.
É saber cortar o que não é prioridade.
Sabe qual tipo de pessoa mais prejudica o seu foco?

• Os prolixos, pois vão consumir seu tempo e desviar atenção, e ao


final não deixaram nenhuma contribuição, pois nem eles sabem o
que desejam. Perdem-se em suas próprias ideias;
120 | INÁCIO FEITOSA

• Os falsos amigos, pois vão querer sugar suas energias e invejar suas
conquistas. Espero que você descubra antes da decepção que eles
lhe causarão;
• Os bajuladores, pois vão falar sempre o que acham que você quer
ouvir, vão querer passar a perna em você na primeira oportunida-
de, e vão sempre falar mal de você por trás.

Dica: livre-se de todos!

A melhor reunião
Não existe coisa mais chata do que uma reunião longa, sem lideran-
ça, sem pauta, e para fechar, com a presença de uma pessoa prolixa.
Ninguém merece passar mais do que 60 minutos, no máximo 90, em
uma tertúlia.
Reuniões longas transformam-se em disputas dos Narcisos, ou em
conversas de compadres para fechar a agenda do final de semana. E
qual o melhor tipo de reunião para um empreendedor? A que for direta-
mente oposta ao parágrafo anterior.
Poucas são as reuniões que a pauta levada será definida pelo nível
operacional. Reuniões convocadas pelos chefes, nível tático, chegam
com as decisões prontas.
Quem convoca reunião para pedir orientação são os assessores da
alta direção. O empreendedor que está no nível estratégico já decidiu
tudo o que precisa e entende ser feito. Agora ele quer resultados.
Quando seu chefe convoca uma reunião é para dar “porrada”. As reu-
niões para tomada de decisão vão ser realizadas quando você receber o
convite para o cafezinho.
Decida quando você vai assumir o papel de estrategista de sua em-
presa. Caso contrário, vai continuar a executar as ordens que chegam
prontas, nas quais você não tem nenhuma voz, na maioria das vezes.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 121

Ganhe dinheiro em escala


Agora que você reconheceu seu espírito empreendedor, chegou a
hora de pensar no seu negócio e na forma de aumentar a rentabilida-
de, seja produzindo coxinhas e outros salgados para vender em sua
própria lanchonete ou com uma cozinha industrial para vender para
os lojistas.
Ganhar dinheiro é uma coisa, ficar rico é outra. Só enriquece quem
consegue criar um produto que seja escalonável, que possa ser ofertado
ao mercado em larga escala.
Quem tem uma escola de classe média, em um bairro populoso de
uma capital, poderá ter sucesso com seu negócio, caso atenda pelo me-
nos à premissa básica da gestão: gastar menos, arrecadar mais.
Todavia deverá ter um bom planejamento estratégico, excelentes lí-
deres e capital de giro para os momentos difíceis, até que o negócio co-
mece a se pagar. Fazendo esse mínimo dever de casa poderá ter sucesso
e até qualidade de vida.
Crescer e ganhar o mundo com fartura é uma opção. A maioria dos
pequenos e médios empresários não fazem contas. Muitos deles ven-
dem “o almoço para pagar o jantar”, como diz o jargão popular.
Ganhar dinheiro é obrigação da empresa. Do contrário não honrará
compromissos e quebrará, comprometendo a vida de diversas pessoas
envolvidas direta ou indiretamente no seu negócio.
Recentemente ouvi uma conversa de um empresário do ramo da
educação e outro da engenharia. O papo estava tão chato que fiquei
sem dar uma palavra. Quem me conhece sabe que essa não é uma situa-
ção comum para mim.
Ambos empresários, bem-sucedidos, diziam aconselhar seus filhos
a primeiro fazer o que quiserem, o que lhes dessem prazer, para depois
pensarem em ganhar dinheiro com sua empresa. Era uma conversa de
quem queria colocar as crianças para dormirem. E eu me sentia como se
a criança fosse eu...
Lógico que não acreditei naquela história.
122 | INÁCIO FEITOSA

O foco dos empresários deve ser criar um negócio que tenha sucesso
financeiro, que traga ganhos, riquezas, para todos que nela atuam. Se
o empreendedor pensar em fazer apenas o que gosta, ele vai quebrar.
Se fosse para eu fazer apenas o que gosto, sem foco na lucratividade,
eu iria ser pescador, nunca empreendedor.
Não é todo empreendedor que sabe ganhar dinheiro. Por isso muitos
pedem recuperação judicial. Ou por não serem ousados, ou por darem
passos maiores que as pernas.
Por isso a importância de serem bem assessorados, com consultores
de verdade. Não com profissionais que nunca passaram noites sem dor-
mir para cuidar de sua empresa.
Para ganhar dinheiro de verdade o empreendedor deverá transfor-
mar seu negócio em algo maior. Criar uma marca forte, que represente
qualidade para seu público é algo fundamental.
Imagine que essa escola de bairro queira ser a melhor, a que mais
aprova nos vestibulares mais concorridos, expandir para outras cida-
des e até mesmo transformar-se em um player nacional. Ela terá que
criar um sistema de ensino testado e reconhecido pelos seus resulta-
dos em avaliações oficiais do MEC, como o Enem, ou de escolas como
o ITA, IME, etc.
Estes bons resultados serão a prova de que seu sistema de ensino
funciona, e que poderá ser replicado por outras escolas no País. Será ob-
jeto de desejo de centenas delas.
A criação de um sistema de ensino será a forma mais rápida para
conquistar fatias gordas do mercado educacional. É o que chamo de
ganho em escala.
Se a gestão da escola decidir montar unidades físicas próprias terá que
ter pessoal preparado com a filosofia da empresa na “ponta do lápis”, além
de ter todos os processos de gestão desenhados e de fácil execução. E ain-
da, desembolsar um montante financeiro muito maior para construção de
prédios, contratação de excelentes professores, marketing, etc.
Um sistema de ensino exigirá um esforço para sua criação, porém
será menos complexo em relação à expansão física com sócios, ou mes-
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 123

mo pelo sistema de franquias. As chances de dar certo, a um custo bem


menor, será muito maior em relação à opção anterior.
Dessa forma o empreendedor poderá conquistar riquezas. Do con-
trário terá uma boa fonte de renda para uma vida confortável, se fizer
bem feito o dever de casa. Qual você escolhe?

FAÇA DIFERENTE
A Apple é uma das empresas mais valiosas do mundo. Um de seus fun-
dadores, Steve Jobs (1955-2011), desenvolveu uma técnica para evitar
reuniões enfadonhas, longas e improdutivos.
Para Jobs o tempo de todos era valioso. Assim, para fazer reuniões e
tomar decisões em grupo para discutir resultados e traçar estratégias,
havia algumas regras como:

1. As reuniões com Jobs somente deveriam acontecer com pessoas ex-


tremamente capazes, de curta duração e bastante objetivas;
2. Embora Jobs estivesse em uma companhia líder em tecnologia, as
reuniões deveriam ser sempre presenciais. Reuniões mais simples
deveriam ocorrer com grupos pequenos, em encontros presenciais;
3. As reuniões NÃO podiam usar Power point. O intuito era que as pes-
soas falassem, pensassem, imaginassem.

Como são as suas reuniões e encontros de negócios presenciais? São


importantes?

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124 | INÁCIO FEITOSA

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O que pode ser feito para torná-las mais produtiva e eficiente?

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DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 125

Resumo Mental

Acredite no seu
potencial empreendedor

Busque o
Não boicote Sabote a autoconhecimento
seus sonhos autossabotagem
Autoestima é
tudo!
Respeite-se
O caminho
do sucesso

Faça da dor um sintoma


de aprendizado

FAÇA ACONTECER

Trace um objetivo

Suas habilidades são


seus maiores ativos

Tenha foco Defina as etapas


Analise o cenário do
seu segmento Você é a sua
empresa

Faça uma coisa


de cada vez
Avalie os recursos
necessários para
iniciar seu negócio
126 | INÁCIO FEITOSA

CAPÍTULO

5
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 127

A FORÇA QUE
COLOCAR ALGUMAS FRASES

EXISTE EM NÓS
128 | INÁCIO FEITOSA
Escreva uma carta para você

C ontam que o médium Chico Xavier tinha ao lado de sua cama, na


cabeceira, a seguinte frase escrita em um pedaço de papel, que ele
lia após momentos de grande felicidade ou de tristeza: isso vai passar!
Era uma forma que o espírita encontrou para controlar sua ansieda-
de, lúcido de que tais extremos fazem parte do jogo da vida. A felicidade
e a tristeza são comuns às pessoas que estão sentadas na arquibanca-
da, e estão presentes com mais ênfase na jornada dos empreendedores,
partidas nada amistosas, onde se tem que driblar as adversidades na
vida privada e de suas empresas.
Uma das maneiras que encontrei para superar as minhas preocupa-
ções após deixar a vida de celetista e passar a empreender foi escrever
cartas nos momentos de felicidade, nas quais narrava todas as conquis-
tas e as perspectivas de sucesso, para serem lidas por mim nos momen-
tos de maior preocupação, ou mesmo de tristeza.
Aprendi que precisava escrever essas correspondências, que seriam
abertas apenas no futuro, em um momento difícil. Era uma espécie de
aconselhamento. No final dos escritos eu sempre concluía com a seguin-
te frase: “fique tranquilo, isso também vai passar!”
É algo indescritível a sensação de você poder aconselhar-se com seu
melhor amigo, que tenha vivido antes momentos inspiradores para su-
perar as crises. É preciso experimentar. Posso lhe garantir que você terá
uma grande surpresa.
130 | INÁCIO FEITOSA

Os passos são os seguintes:

• O remetente será você. No endereço você coloca o local no qual


estava, a data, mês e ano;
• No campo destinatário insira: “Para ser lida por (insira seu nome),
nos momentos difíceis no futuro”;
• Comece a carta escrevendo sobre você, sua luta, seus sonhos. Des-
taque suas qualidades, suas superações e seus projetos;
• Em seguida, apresente possíveis soluções para contingências que
possam aparecer para você no futuro;
• Aconselhe você a não desistir diante das dificuldades, mostre as
pessoas que dependem de você, como seus filhos, sua esposa,
seus pais etc;
• E não esqueça de concluir com “FIQUE TRANQUILO, ISSO TAMBÉM
VAI PASSAR!”

Você verá como fortalecerá sua trajetória, como impulsionará sua au-
toestima e como você encontrará a resposta que precisava ouvir do seu
melhor amigo: você mesmo.

Eu quero, eu posso, eu já consegui!


Gosto de reinventar conceitos. A variação que fiz no tradicional “eu quero,
eu posso, eu consigo!” para o “já consegui!”, tem a ver com a energia ne-
cessária que empreendedor deve ter para chegar ao ápice do seu projeto.
Depois de tudo que você passou — da tomada de decisão para de-
mitir o chefe, até montar seu negócio —, nada poderá deter você, a não
ser seu pessimismo. Para empreender é necessário acreditar, perseverar,
resistir, focar, ter fé e, sobretudo, acreditar em seu sonho.
Ser empreendedor é estar aberto a desafios, medos, oscilações do
mercado, concorrentes, mas principalmente ser diferente. Só cresce no
mundo dos negócios aquele que é forte o suficiente para apostar no que
ainda não existe.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 131

Você escolheu deixar a arquibancada e ser protagonista do seu jogo.


Por isso, você é diferente das pessoas não empreendedoras. Você sabe
que terá um preço a pagar até fazer o seu gol de placa. Portanto, você
conseguiu sair da velocidade um (V1) e seu destino agora está em suas
mãos. Você já conseguiu, acredite, saia da inércia.
Você deverá enxergar o que outros não conseguem ver. Quantas ve-
zes você viajou à noite, na escuridão das estradas brasileiras, acreditan-
do que aquele caminho com pouca luminosidade era o correto para le-
var você ao seu destino? Pois bem, meu amigo, empreender é acreditar
naquilo que não se vê.
Toda vez que uma onda pessimista pensar em bater a sua porta, lem-
bre-se de onde você veio, o que você fez até aqui e repita o mantra: eu
quero, eu posso, eu já consegui!

A família como meta


E tudo que eu quero, eu só posso e tenho a certeza de conseguir se eu
tiver uma meta. Nada que faço é para mim, tudo que sou tem destino
certo. E esse destino é a minha base, o meu coração, a minha vida. Falo da
minha família.
Ela é o combustível que me faz olhar para o céu, agradecer a Deus
pelas bênçãos recebidas, pelas provas superadas ou em processo, e,
sobretudo, pela família que tenho. Não há riqueza para o homem que
tem uma família esfacelada.
É pela família que aprendemos a dividir, a renunciar, a querer ven-
cer, apesar de tudo. Não conheço nada que se compare à reciproci-
dade do amor da pessoa que se ama, ao sorriso de uma criança após
o final do expediente, e ao carinho recebido dos pais. Isso que me
inspira a criar, inovar, empreender e acreditar que meus sonhos serão
realizados.
Uma família nem sempre é um soneto harmônico, mas a sua sonori-
dade sempre será a melhor música para nossos ouvidos quando temos
esse amor dentro de nós.
132 | INÁCIO FEITOSA

Pedi e recebereis, buscai e achareis...


“Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo
aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será
aberta” (Mateus 7: 7).
Aprendi depois de muitas quedas a orar com fé e resignação, na mes-
ma intensidade em que descobri que precisamos sonhar, planejar o que
queremos, definir metas e objetivos e perseverar sempre.
Renovo a cada seis meses meus pedidos a Deus. Tenho ainda o cos-
tume, nos dias que almoço em casa, olhar para o alto, levantar o braço
direito com o dedo indicador e agradecer pelo dia até aquele instante, e
pedir a realização dos meus projetos.
Sinto que quando acreditamos em algo, quando praticamos o bem,
sempre recebemos dádivas. É nesse instante também que não devemos
permitir que pensamentos negativos nos acometam.
Quando tais pensamentos chegam, eu cuido logo de rezar ou repe-
tir um de meus mantras (eu quero, eu posso, eu já consegui!) e sempre
pensar em coisas positivas.
Certo dia estava precisando fechar um contrato para finalizar as
despesas do mês. Parece incrível, mas no instante em que pedia ajuda
em meus pensamentos, uma ligação de um cliente inesperado surgiu
e um contrato foi fechado.
Nos momentos de maior expectativa econômica, fins de contratos,
entregas aos clientes, sempre vejo outras portas sendo abertas. Daí a im-
portância também de diversificarmos as nossas fontes de receitas, não
deixando todos os ovos em uma única cesta.
Outra vez, depois de várias tentativas em trazer uma boa parceria
para minha empresa de consultoria, recebi a recomendação de uma
amiga professora sobre um profissional do Paraná que estava no Reci-
fe e tinha a experiência na área de projetos e processos que eu tanto
buscava.
Uma conversa rápida, reconhecemos nossas afinidades, pensamen-
tos, métodos de trabalho, e há anos estamos juntos construindo vários
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 133

projetos, com grande afinidade e respeito mútuos. E foi dele que ouvi a
história que transcrevo a seguir:

Conta-se que um estudante perguntou ao seu professor: “Por que tantas


orações ficam sem resposta? Não entendo. A Bíblia diz: ‘Pedi, e dar-se-vos-á;
buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á’. Mas me parece que muitos batem e
não são recebidos”.
O professor questionou o aflito aprendiz: “Você alguma vez já não es-
teve sentado junto à lareira, numa noite escura, e ouviu uma batida à
porta? Ao abri-la, e olhar para as trevas lá fora, já não aconteceu de não
haver ninguém, e de ter ouvido só os passos apressados de algum garoto
travesso que bateu, mas não tinha intenção de entrar e por isso saiu cor-
rendo? Assim acontece frequentemente conosco. Pedimos bênçãos, mas
não as esperamos realmente; batemos, porém não pretendemos entrar;
tememos que Jesus não nos ouça, não cumpra suas promessas, não nos
receba; e assim vamos embora”.
“Ah, entendi!”, exclamou o jovem, com olhos brilhantes diante da nova
compreensão. “Não se pode esperar que Jesus atenda batidas de alguém
que sai correndo”.
E o professor completou: “Ele nunca prometeu isso. Devo continuar ba-
tendo, batendo, até que não lhe reste outra alternativa senão abrir a porta!
Se a resposta a alguma oração não chega, procure descobrir a razão, mas
saiba: Deus sabe o que é melhor, mesmo que não entendamos sua resposta
agora. Jesus se importa com você. Então, continue batendo”.

PENSE
No cotidiano da nossa família, no trabalho, na igreja, estamos nos re-
lacionando constantemente com as pessoas. E pedimos. Na hora das
refeições, em nossa casa, pedimos para passar o talher, o prato, o copo.
134 | INÁCIO FEITOSA

No trabalho, pedimos material de expediente, aumento de salário, pro-


moção. Ou seja, passamos o dia pedindo.
Mas, você já reparou como você pede as coisas aos outros? Qual o
seu tom de voz, o seu olhar, os seus gestos?
Pense, reflita como você tem pedido as coisas simples aos outros. Em
seguida, anote o que você pode fazer para melhorar ainda mais esta sua
forma de pedir.
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Pense também sobre como você atende às pessoas. E depois anote o que
pode fazer para melhorar ainda mais esta forma de atender aos outros.

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DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 135

Quem pensa cria, quem sente atrai e quem acredita realiza


“A lei da mente é implacável. O que você pensa, você cria; O que você sente,
você atrai. O que você acredita, torna-se realidade” (Buda).
Esse é o segredo da lei da atração tão falado nos últimos anos. Essa
frase atribuída a Buda possui uma grande verdade para aqueles que co-
meçam a ter resultados em seus projetos empreendedores.
O pensamento positivo sem nenhuma dúvida realiza transformações
em nossas vidas. Só conseguimos atrair aquilo que entrou no nosso ex-
pecto mental, daí surgem as sintonias. Por isso, é nossa obrigação não
dar espaço para projeções negativas. Experimente escrever no Facebook
palavras de gratidão, de amor, de ensinamentos do bem. As respostas
positivas chegam de imediato.
Agora escreva lá algo negativo. Verás que uma nuvem cinza vai lhe
acompanhar durante boa parte do seu dia, atraindo outros comentários
e postagens negativas. No ambiente digital, dá-se o nome de algorit-
mos. Na vida real, eu chamaria de vibrações energéticas.
Elenco alguns pensamentos de Buda que se encaixam perfeitamente
no que estamos apresentando em nosso livro:

• “O segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar pelo


passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos proble-
mas, mas viver sabia e seriamente o presente”;
• “O Eu é o mestre do eu. Que outro mestre poderia existir? Tudo existe é
um dos extremos. Nada existe é o outro extremo. Devemos sempre nos
manter afastados desses dois extremos, e seguir o Caminho do Meio”;
• “Tudo o que somos é resultado do que pensamos”;
• “Toda grande caminhada começa com um simples passo”;
• “O que somos hoje vem de nossos pensamentos de ontem, e nossos
pensamentos presentes erguem a nossa vida de amanhã; nossa vida é
criação de nossa mente”;
• “Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felici-
dade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim”;
136 | INÁCIO FEITOSA

• “A felicidade não depende do que você tem ou quem você é. Só depen-


de do que você pensa”;
• “A vida não é uma pergunta a ser respondida. É um mistério a ser
vivido.”
• “Jamais permita que os impasses da vida o perturbem. Afinal, nin-
guém pode escapar dos problemas, nem mesmo santos ou sábios.
Sofra o que tiver que sofrer. Desfrute o que existe para ser desfrutado.
Considere tanto o sofrimento, como a alegria, como fatos da vida”;
• “Liberte-se do apego para compartilhar a felicidade. Buscar a felicida-
de nos sentidos. O sábio domina. Palavra, corpo e mente. Nós somos
o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos.
Com nossos pensamentos fazemos o nosso mundo”;
• “A família é o lugar onde as mentes entram em contato entre si. Se es-
sas mentes amam umas as outras, o lar será tão bonito quanto um
jardim florido. Mas se essas mentes entrarem em desarmonia umas
com as outras, será como uma tempestade que destrói o jardim”;
• “Ninguém nos salva, a não ser nós mesmos. Ninguém pode e ninguém
vai. Nós mesmos devemos percorrer o caminho”;
• “Cada um é senhor de si mesmo, deve depender de si próprio; deve,
portanto, controlar a si próprio”;
• “Não permita que os outros tirem a sua paz. A paz vem de dentro de
você mesmo. Não procure à sua volta”.

Quanto mais ajudo, mais recebo


A base da maioria das religiões cristãs é a caridade. Esse ato de ajudar ao
próximo com bens materiais e, principalmente, com palavras de amor, de
carinho e de conforto realiza verdadeiras transformações ao nosso redor,
em nossa vida.
A caridade tem o poder de transformar nossas vidas, nossos pensa-
mentos e nossas atitudes. É o melhor antídoto para o bom combate da
doença de nosso século, falo da vaidade humana, contra a qual todos
nós temos que nos vigiar bastante.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 137

Quem prática o amor ao próximo cerca-se de muitas energias positi-


vas, pois o universo conspira a favor das pessoas que exercitam o bem.
Quem faz o bem ao próximo, mentaliza coisas boas e atrai positividade.
Ouvi de um grande empresário, um dos maiores estrategistas políti-
cos do País, com programas de entrevista em rede nacional, a seguinte
afirmativa: “eu pago caro para ninguém brigar comigo”.
Depois de muitas analises sobre esse depoimento passei a adotar o
mesmo mantra. Mesmo sabendo que o desafio é grande para quem tem
o sangue curtido pelas agruras dos espertalhões.
Sabe por que ele pensa e cultiva a paz em suas relações empresariais?
Porque ele não quer ninguém desejando seu mal. Só a prática do
bem constrói e edifica nossa história. Só o bem deixa nossos pensamen-
tos leves, felizes e soltos. Observe se quando você está feliz sua noite de
sono não é profunda e relaxante.
Toda vez que tenho um aborrecimento, busco imediatamente respi-
rar fundo e trazer à mente imagens de crianças, ou de minha infância.
Busco imediatamente associar estes pensamentos para combater os
pensamentos negativos.
Garanto a você, nós atraímos aquilo que pensamos. E ajudar o próxi-
mo é uma grande experiência. Nos traz paz, sobretudo.
Vou dar um exemplo com um fato real que marcou minha história
pessoal.
Certo dia andava pelo bairro onde resido para comprar o jornal im-
presso. Estava com uns trocados no bolso da bermuda suficientes ape-
nas para adquirir o periódico. Na calçada da banca de revista, vi uma
triste realidade, que me sensibilizou demais. Ela não estava estampada
da capa do jornal, estava ali, diante dos meus olhos: uma mãe e duas
crianças sem comer, pedindo auxílio.
Deixei o dinheiro do jornal com o vendedor e voltei para casa. Sabia
que tinha algo a fazer algo pelo menos para amenizar aquela situação
por um instante.
Pedi ajuda a minha esposa para prepararmos rapidamente sanduí-
ches e sucos para aquelas pessoas. Levei os alimentos, pois quem tem
138 | INÁCIO FEITOSA

fome, tem pressa. O sorriso das crianças alimentou a minha alma, en-
cheu meu coração de paz. Esqueci até mesmo de pegar o jornal do
sábado.
No dia seguinte, ao sair para levar minhas filhas à praia, o rapaz da ban-
ca entregou-me o jornal daquele dia, pois o do sábado tinha esgotado.
Ao abrir o caderno de classificados li a seguinte nota: “Contrata-se di-
retor para faculdade”. Mandei o meu currículo para a vaga, pois acreditei
que de alguma forma aquele anúncio foi direcionado para mim.
Naquela época eu não tinha empresa, não tinha portfólio, mas tinha
currículo. Fiz o teste e paguei para ver o que aconteceria. Achei que era
um fato pelo menos curioso, não ter comprado o jornal mas o ter recebi-
do, pelo esquecimento em função do ocorrido no dia anterior.
E o resultado final foi que passei 12 meses prestando consultoria para
essa faculdade, meu primeiro contrato fixo de consultor, e de empreen-
dedor. Com parte da remuneração por consultoria eu comprei o creden-
ciamento de uma escola técnica por “X” mil reais, e a vendi por 10 vezes
mais para um empresário do setor de educação.
Lógico que o produto adquirido estava bruto, sem finalidade para
seu vendedor, ao contrário era naquele instante uma dor de cabeça
para seus antigos proprietários. Mas, para o adquirente caía como uma
luva para sua necessidade de diversificar seus serviços e aproveitar a
oportunidade trazida pelo MEC, pelo Pronatec, um programa de bol-
sas de estudos para jovens carentes do Governo federal que financiava
o setor privado. Ele ganhou muitas vezes mais com o investimento que
lhe apresentei. Foi um verdadeiro gol de placa para todos.
Comecei ali a escrever a minha história de consultor, logo outros con-
vites surgiriam. Em tempo, esclareço que aquele anúncio só foi publi-
cado uma única vez, naquele domingo. Acredito que a oração de São
Francisco traduz esse fato narrado “(...) é dando que se recebe”. Essa é
uma lei divina, faça o bem e seja recompensado.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 139

FAÇA DIFERENTE
O empresário Tom Monaghan é mais conhecido como o fundador da
Domino’s Pizza. Ele fundou a empresa quando tinha 23 anos, em 1960,
e depois de 20 anos, em 1980 chegou a crescer tanto que abria três lo-
jas por dia. Ele se tornou um magnata, bilionário, dono de iates, aviões,
helicópteros e mansões. E também passou a apoiar diversas obras de
caridade católicas.
Em 1998 ele tomou uma decisão: vendeu 93% da rede de pizzaria por
1 bilhão de dólares e resolveu se dedicar a outros causas e negócios. Pas-
sou a apoiar empreendimentos econômicos católicos que pudessem,
além de gerar receita, ajudar também as outras pessoas.
E qual a razão desta mudança?
Tom Monaghan na sua infância perdeu o pai aos 4 anos e foi abando-
nado pela mãe com 6 anos em um orfanato católico chamado Casa de
São José, dirigido pela Congregação das Irmãs de São Félix de Cantalice
— Terceira Ordem Regular de São Francisco. Neste local Tom Monaghan
aprendeu a ter fé, acreditar que tudo pode ser mudado.
Quando cresceu entrou no seminário, para ser padre. Mas não deu
certo. Depois se alistou na Marinha. E quando saiu do serviço obri-
gatório, foi para universidade, querendo ser arquiteto. Na faculdade,
junto com seu irmão, pediram U$ 900,00 emprestado e compraram a
primeira pizzaria.
Ou seja, a vida dele foi dura e ele quis retribuir. Proporcionar a opor-
tunidade aos outros, fundando inclusive uma universidade: a Univer-
sidade Ave Maria. Em torno da universidade, deu início a uma cidade
planejada também chamada de Ave Maria.
Muita gente pensa só em acumular, acumular, acumular, sem nada
doar. Todos têm alguma coisa que pode ser doada. O seu tempo, por
exemplo. O quão precioso ele é.
140 | INÁCIO FEITOSA

Então, você consegue doar parte do tempo para sua família, seus
amigos, as pessoas mais próximas?

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Os frutos do seu negócio são apenas para você ou para serem com-
partilhados? Com quem?

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DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 141

Resumo Mental

Seja seu principal


conselheiro

Eu quero!
Valorize sua Escreva uma
trajetória carta para você
Eu posso!

Entenda que tudo é transitório


Seja otimista

Eu já consegui!

A FORÇA QUE
EXISTE EM NÓS

Exerça a caridade

Agradeça sempre

Acredite na lei Exercite a


Honre sua família do retorno empatia
Equilibre a fé
e a resignação

Pratique
o amor
Faça o bem
142 | INÁCIO FEITOSA

CAPÍTULO

6
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 143

DECIDA
COLOCAR ALGUMAS FRASES

EMPREENDER
144 | INÁCIO FEITOSA
É melhor ser feliz do que ter razão

E ssa frase popular geralmente é associada às questões sentimentais


de casais que terminam, por vezes, nos tribunais. Trazendo para o
mundo dos negócios, esse pensamento deve ajudar você na tomada de
decisões durante a sua trajetória empreendedora.
Quem quer ter sucesso em seus projetos tem que ter foco, saber qual
é o seu objetivo e nunca desistir de alcançar o sucesso. Para isso, você
terá — mesmo com a razão ao seu lado –, em muitos casos, de renunciar
a um direito que é seu.
Em certo momento de minha vida fui procurado por um amigo in-
vestidor que gostaria de ter uma startup educacional, pois acreditava
que minha experiência no setor, associada a seus recursos financei-
ros, iriam proporcionar ganhos imediatos. Mesmo sendo alertado por
mim de que nenhum negócio nasce pronto, ele decidiu investir na
nova empresa.
Parei todas as minhas atividades durante seis meses e coloquei em
ação o que estava no projeto. Tudo foi seguindo o roteiro traçado: sele-
ção de equipe, reformas estruturais para montagem de estúdios, com-
pra de equipamentos, professores renomados, treinamentos, parcerias
com sites e blogs, criação da marca, jingles, plataforma e-learning, enfim
tudo que era necessário para a empresa funcionar.
O trabalho realizado, a gestão do negócio administrativo e educa-
cional justificaria meu percentual da empresa. Já ao investidor caberia
146 | INÁCIO FEITOSA

o aporte financeiro e sua gestão, que lhe garantiria a outra metade


das cotas da empresa.
O planejamento realizado mostrava que a empresa, após começar a
ofertar a venda de cursos online, pagaria seu investimento no 12o mês, e
que a partir daí o lucro começaria a surgir nos meses seguintes. Todavia
os esforços para divulgar o negócio, equipe, investimentos em marke-
ting seriam necessários durante toda vida da empresa.
Na montagem da empresa adverti o investidor que correríamos ris-
cos de ficar sem capital de giro se todas as compras de equipamentos
continuassem sendo feitas à vista. Mas por opção, ele acreditava que
parcelar os investimentos não seria interessante.
Como a gestão financeira no acordo de sócios não era minha, nada
pude fazer. Sentia que isso poderia ser uma dor de cabeça no futuro,
mas em sociedade os sócios ou se entendem ou a empresa para.
No decorrer do processo surgiu um grupo de docentes que se com-
prometeram com aulas presenciais. Essa nova ação presencial ajudaria
na receita do nosso negócio digital. Para isso, fiquei motivado, pois o
investimento em uma sala de aula presencial seria pequeno em razão da
receita que proporcionaria.
Depois de uma sala alugada e montada com equipamentos, os do-
centes não colocaram seus cursos para rodarem em nossa base, fato
que gerou contrariedades, — e aí chegamos à conclusão de que mes-
mo a razão (por contrato) estando ao nosso lado, não seria interes-
sante ter um desgaste judicial com aqueles professores. O gasto de
energia atrapalharia nosso negócio principal. Tínhamos que engolir
aquele sapo.
Este foi um erro que cometemos em não focar no nosso projeto onli-
ne, em detrimento de promessas de terceiros em cursos presenciais. Nós
nos distraímos em nosso objetivo. Tenho que admitir que o investidor,
tão motivado quanto eu, foi bastante sensato em fazer pouca questão
de tal situação. Aprendi mais essa lição.
Meses depois nossa plataforma oferecia seus primeiros cursos, e
em apenas cinco dias conseguimos vender mais de 100 cursos em
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 147

nosso site. Era uma sensação excelente, o primeiro curso rodava com
sucesso. Era o 7o mês desde a criação do CNPJ, e o primeiro de oferta
dos cursos.
Para minha surpresa o investidor no 8º mês informou que não inves-
tiria mais na empresa, que teríamos que demitir funcionários, reduzir os
quadros, sob a alegação de que não teria como continuar a investir em
uma empresa que ainda não se pagava.
Foi quando mostrei as projeções do planejamento estratégico, e lem-
brei que nenhum negócio era sustentável no 2o mês de funcionamento
efetivo de vendas.
Decidi executar tudo que foi solicitado, rever os contratos, e fazer
parcerias com um programa de empresas afiliadas para compensar os
cortes realizados no marketing. E até mesmo buscar outro investidor
para que novos recursos impulsionassem a empresa. Abriria até mesmo
parte de minhas cotas para o negócio seguir em frente.
Anote aí: nenhuma empresa consegue vender seus produtos se não
tiver bons líderes, boas estratégias, e, sobretudo, um marketing forte. A
propaganda é realmente a alma do negócio, é a velha história do “ovo
da pata e o da galinha”. A patinha consegue produzir ovos muito mais
nutritivos, mas quem sabe vender é a galinha.
O ovo da pata é:

— maior até três vezes do que os das galinhas;


— cerca de 129 Cal por ovo x 78 Cal dos ovos da galinha;
— é rico em claras gelatinosas, valorizadas para bolos e sobremesas;
— mais nutritivos e saborosos;
— mais refinados.

E a galinha?

— acorda mais cedo para trabalhar;


— tem ciência de que seu ovo é menor e menos nutritivo;
— mas, aprendeu a cacareja com mais força;
148 | INÁCIO FEITOSA

— e faz uma festa quando põe o ovo;


— faz a propaganda do seu produto com muito mais eficiência.

Agora a nossa empresa estava no 9o mês, e depois de todas as tentati-


vas, minhas e do investidor — porém eu já tinha aberto mão de 10% das
minhas cotas para que a empresa não parasse de funcionar —, decidi
tomar uma decisão.
Convoquei uma reunião com o investidor, fizemos um balanço dos
erros e dos acertos, e pedi a ele uma moeda de 1 real. Quanto ele me
entregou, eu falei: prefiro ser feliz a ter razão!
Com essa moeda você acaba de comprar minha parte na empresa,
não farei questão até mesmo do equipamento de filmagem adquirido,
nem da marca que criei, nem do tempo que dediquei, e nem de nada
mais. Irei continuar meu sonho de ser um empreendedor de sucesso,
mesmo que para isso eu tenha que suspendê-lo temporariamente.
Estava certo de que no momento oportuno retornaria o projeto, com
mais amadurecimento, sozinho e para fazer do meu jeito.
A partir desse dia fui em busca de novas receitas, pois estava há 9
meses gastando minhas economias. Hoje estou aqui escrevendo esse
livro, com minha empresa operando, sem sócios, sem investidores, feliz
e com uma amizade preservada.
Moral da história: você poder ter a maior razão do mundo, mas mui-
tas vezes é hora de esfriar a cabeça, não desviar do seu foco, e até mes-
mo perder para ganhar adiante. Isso chama-se maturidade, e é essencial
a ajudar você a ter desenvolver a resiliência.

Faça seu cliente feliz


O cliente quer preço, facilidade para pagamento, bom atendimento,
mas principalmente busca qualidade. Ninguém quer consumir o que
não tem qualidade. Seja em qual for a classe social, sempre desejará
possuir o melhor produto.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 149

Certa vez ao ler o livro “A Riqueza na Base da Pirâmide”, do autor C.K.


Prahalad, um professor de Administração de Empresas, Estratégia Em-
presarial e Negócios Internacionais da University of Michigan Business
School, coautor do bestseller de negócios Competindo pelo Futuro, fi-
quei impressionado com as pesquisas realizadas para identificar o perfil
das necessidades de consumo da base da pirâmide social (BP).
Foi apresentado um caso relativo a um “creme dental”, que para o con-
sumidor do topo da pirâmide era cobrado um valor, sendo impossível
esse mesmo preço ser levado para trabalhadores de baixa renda, da base.
O autor apresentava a solução para atender esse consumidor sem
poder de compra, de forma inovadora, criativa e com inteligência de
mercado. A resposta dada pela empresa foi oferecer uma versão em sa-
chês, suficientes para as escovações diárias. Todavia, preservando a sua
qualidade e sentimento de poder adquirir algo de valor.
Para isso, foram retirados custos com embalagens, tampas e aces-
sórios da pasta dental. Então, foi percebido na pesquisa de mercado
que este consumidor ficou feliz pela proposta dentro de sua realidade
financeira, com a preservação do mesmo padrão de qualidade, pagan-
do centavos pelo produto.
Eu levei essa ideia para Educação Superior. Tínhamos duas marcas,
uma com o padrão focado nas classes A e B; e a segunda, para um pú-
blico da BP.
Ambos consumidores queriam professores diferenciados, seguran-
ça, laboratórios, localização acessível, entre outros pontos. Mas, as clas-
ses A e B, queriam estacionamento para seus carros. Já o público das
classes C e D, queria estudar próximo ao trabalho, e ter facilidade de
locomoção por transporte público, com paradas de ônibus ou uma es-
tação de metrô próximos.
Essas variáveis devem ser vistas em seu negócio. Indague-se:

• Quem é seu cliente?


• O que é qualidade para ele?
• O que ele deseja consumir?
150 | INÁCIO FEITOSA

• Quanto ele está disposto a pagar?


• Como ele pode pagar?
• Como chegar até ele?

Em todos os segmentos, a qualidade, produtos inovadores e atenção


ao cliente devem ser o foco do negócio.
O consumidor gosta do atendimento personalizado. Gosta de sentir-
se único e, quando satisfeito, poderá tornar-se o melhor vendedor de
sua empresa, com o poder do marketing de boca a boca, a estratégia
mais poderosa de sucesso, principalmente para essa geração conecta-
da, que compartilha suas experiências em tempo real, nas redes sociais.
Coloque a qualidade dos seus produtos à frente dos lucros!

PENSE
Você já experimentou muitos produtos. Alguns surpreenderam positi-
vamente. Outros você não deseja nem lembrar. Como cliente, tente lem-
brar uma situação em que você teve suas expectativas superadas em
relação ao produto ou serviço que adquiriu. Anote a seguir:

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DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 151

O que você pode fazer para fazer o seu cliente feliz?

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Gastar menos e arrecadar mais


Até mesmo o setor público aprendeu essa lição. Sua empresa não
pode viver sem fazer contas, sem dar prioridade no aspecto geral ao
objetivo do empreendedor, mas também internamente sem focar no
controle dos gastos. Dizem por aí que gastos são iguais às unhas, te-
mos que cortar sempre.
Em 2014, a convite de um amigo, assumi o cargo de secretário Exe-
cutivo de Juventude e Qualificação de Recife. Logo eu, um cara forjado
a vida toda no setor privado, agora teria que conhecer a administração
pública e no primeiro escalão.
Desafio dado, missão a ser cumprida em uma pasta com 17 escolas
profissionalizantes, agências do trabalhador, e a tarefa principal de es-
crever um programa universitário de bolsas de estudos em universida-
des privadas, em contrapartida da compensação do ISS com o setor.
Meu primeiro ato foi vestir uma calça jeans, um tênis e uma camiseta
e ir visitar as escolas antes de saberem que eu seria o chefe deles. Fui em
cerca de 50% delas em dois dias.
Chegava nas unidades educacionais, pedia informações, verificava
as instalações, algumas vezes era recebido por professores, ou pelos
coordenadores. Observava também alguns que não estavam traba-
lhando em pleno horário de funcionamento, anotava tudo e ficava
152 | INÁCIO FEITOSA

quieto, pedindo informações como se fosse um pai de aluno interes-


sado em matricular seu filho.
Depois de conhecer um pouco das escolas, era hora de montar a
equipe de trabalho. Decidi de comum acordo com o secretário titular,
um amigo de longas datas, e um grande e decente político, a só no-
mear pessoas com um currículo invejável e que não fosse da máquina
pública.
Apenas um deles permaneceu, era o gestor financeiro que atuava na
pasta, mas para isso levantei a ficha dele, estudei seu currículo, agendei
um café, e fiz a ele uma única pergunta:
— O senhor é honesto?
Para minha surpresa ele começou a gaguejar, e respondeu depois de
muito sacrifício que sim. Fiquei preocupado pelo nervosismo do candi-
dato. E disparei a segunda pergunta:
— Se o Senhor gaguejou é porque deve algo?
Ele com a face rubra respondeu:
— doutor, doutor, doutor, é por que sou gago.
Não aguentei e comecei a rir. A partir dali surgiu uma excelente rela-
ção profissional, e para minha sorte eu tinha acertado na escolha.
O primeiro comando dado ao novo gestor financeiro foi levantar o
orçamento da Secretaria, mostrar onde deveríamos cortar despesas e
preparar uma auditoria nos contratos existentes, além de levantar as
necessidades das escolas.
De repente o telefone tocou. Era do gabinete do prefeito informando
que os 17 diretores das escolas de nossa Secretaria estavam no 9o andar,
sede do gabinete do chefe municipal, querendo uma audiência e amea-
çando paralisar as atividades nas escolas.
Vi logo que teria muito trabalho pela frente, mas que faria de tudo
para resolver. O próximo passo seria encontrar uma sede para a Secre-
taria que “funcionava” em uma sala de 16 metros quadrados em um
dos andares da prefeitura.
Foi quando lembrei que na primeira escola que havia visitado tinha
um espaço muito bom que serviria para sediar nosso órgão. Só não
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 153

tinha energia, internet, e vigilância, mas precisávamos de um teto. Era


o lugar perfeito...
Após convocar uma reunião com os diretores, avisei à equipe que
iríamos dar 10 minutos para que cada diretor falasse, e ao final da expla-
nação deles eu apresentaria a equipe e fecharia a reunião.
Mesmo a convocação sendo apenas para os diretores das escolas,
que, junto com minha equipe de mais 10 pessoas, daria 27 pessoas, na
hora da reunião só de vice-diretores e assistentes chegávamos fácil a
mais de 30 gestores. Muitos dos presentes ficaram surpresos em me ver
sem camiseta, calça jeans e tênis, mas de paletó, gravatá e sapato social.
Durante mais de duas horas, ouvi calado todas as reclamações, ano-
tamos tudo, apresentamos a equipe, e ao final pedi uma trégua de 60
dias para mostrar nosso trabalho.
Renunciei ao carro com motorista, gabinete fechado e a salas separa-
das por divisórias. Era hora de colocar toda equipe junta para trabalhar e
correr com as metas do secretário e do prefeito.
Em 30 dias convoquei uma nova reunião, apresentei as medidas ini-
ciais para reestruturar as escolas, a criação de um site para seleções de
novos alunos, compra de equipamentos (computadores, materiais para
laboratórios, fardas etc), novas gerências criadas e um programa para
combater a evasão dos alunos.
Em seis meses revertemos a situação das escolas, da Agência do
Trabalhador — que estava com uma unidade em processo de desati-
vação —, criamos a primeira agência universitária de emprego, traba-
lho e renda do País em parceria com uma universidade particular, en-
tregamos à cidade o Prouni Recife, primeiro programa de uma capital
a oferecer bolsas de estudos aos alunos pobres, negros, índios e aos
professores da rede pública da cidade. E, principalmente, deixamos
dinheiro em caixa.
Todas essas ações só foram possíveis graças ao uso consciente e ra-
cional do dinheiro público, da definição de metas claras e objetivas e,
sobretudo, a uma equipe selecionada por meritocracia, que conseguiu
envolver toda comunidade escolar em nosso projeto.
154 | INÁCIO FEITOSA

Missão cumprida, era hora de partir. Agora iria passar uma tempora-
da no Senai. Um grande desafio que durou dois anos, na condição de
diretor/ consultor de uma das maiores escolas de Pernambuco, dentro
do polo industrial de Suape. Era uma entidade privada, mas tinha todo
sistema de auditorias públicas por receber recursos do Governo federal.
Aceitei o enorme desafio pela questão financeira, — era hora de re-
forçar meu caixa —, pelas possibilidades de aprendizagem de uma área
da educação que eu não dominava, mas uma coisa eu sabia; não desisti-
ria de ser empreendedor, dono do meu sonho e do meu negócio.
Em agosto de 2015, decidi de fato e de direito criar um novo CNPJ, a
Êxito Educacional — Consultoria & Qualificação, para atender os primei-
ros clientes que começavam a surgir. Como meu tempo estava quase
todo comprometido, usava as noites e os finais de semana para fazer os
projetos e pareceres, em minha casa.
O Senai foi uma escola de organização, de métodos e de processos.
Mas, também uma lição de como não devemos misturar política e ne-
gócios. O Sistema “S” sofria críticas por ter em seus quadros indicações
partidárias, seguindo a linha do Governo federal da época.
Eu tinha sido o primeiro diretor selecionado por uma empresa pri-
vada especializada, com divulgação da vaga amplamente em jornais
de grande circulação, mediante análise de currículo e entrevistas com
a alta cúpula no estado.
Era uma oportunidade de conhecer a educação profissional, catego-
ria que ainda faltava no meu currículo. Conhecer a indústria, o mundo
do trabalho e a realidade de centenas de estudantes que tinham a pos-
sibilidade de sonhar com um futuro graças ao Senai.
As escolas do sistema sofriam com os custos elevados da Direção
Regional (DR), fato que não dava a elas competitividade aos serviços
educacionais pagos na hora de formular seus preços. Posto que, parte
considerável da estrutura de custos era para bancar o custeio da sede.
Era impossível carregar um elefante nas costas e correr uma marato-
na com a obrigação de chegar em primeiro lugar. Mais uma vez a máxi-
ma estava presente: “você não pode gastar mais do que arrecada”.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 155

Passei dois anos na entidade, instituí a mesma metodologia de tra-


balho que criei na Prefeitura de Recife e decidi comprar algumas brigas
saudáveis. Sabia que mais tarde essa conta iria chegar, mas eu tinha que
fazer minha escola ter novas receitas. Não poderia ficar na inércia.
Em longos quatro meses de debates, consegui convencer a dire-
ção da entidade a criar, depois de 72 anos de existência, seu primeiro
curso de pós-graduação Lato Sensu, uma especialização em logística
empresarial.
Sem apoio dos setores conservadores, tive que fazer parceiras para
formar a primeira turma. Meu nome estava em jogo e eu tinha que fe-
char aquela turma de todo jeito, para projetar a minha escola.
Graças a Deus e ao esforço dedicado, deu tudo certo. O curso foi
aberto com 50 alunos, com uma excelente parceria com as empresas
locais de logística.
Agora era vez de sugerir o fortalecimento de novos cursos da facul-
dade na Capital, e o destravamento do marketing da instituição, que se-
quer tinha um sistema de vendas de cursos no site da entidade, ações de
varejo, marketing digital, dentre outras situações.
Fatos que prejudicavam a gestão das escolas, a minha gestão e a pró-
pria entidade. Novas arestas iriam surgir, mas não conseguiria ficar iner-
te àquela situação e simplesmente calar. A omissão não é meu ponto
forte como gestor.
Diferente do Senac, o sistema de que eu participava achava que não
era necessário marketing para vender seus cursos não gratuitos. Resulta-
do, a chegada da crise econômica de 2015 atingiu o Pronatec, principal
sustentáculo financeiro da entidade, que por sua vez ocasionou a neces-
sidade de redução dos orçamentos das escolas, que por sua vez trouxe
centenas de demissões.
Sobrou a conta para quem? Para os professores e servidores admi-
nistrativos que foram demitidos em massa por pura falta de gestão
dos responsáveis.
Minhas ações gerenciais ecoavam nos corredores, assim como mi-
nhas críticas à gestão. A minha partida estava próxima, por isso meu pla-
156 | INÁCIO FEITOSA

no B estava em funcionamento, tocado por um amigo que executava


meus direcionamentos.
O sucesso dos resultados obtidos na administração pública ren-
deram-me vários convites. Aceitei um para ser presidente de uma
autarquia de Ensino Superior, com promessas do gestor municipal
que, após seis meses de minha intervenção, ficaria como consultor
do município.
Ali tive um dos maiores desafios de minha vida profissional. Assumi
uma entidade quebrada, sem caixa, com mais de R$ 2 milhões de dí-
vidas, servidores viciados — sem receberem há dois meses —, e uma
estrutura de trabalho inexistente.
Montei meu sistema de gestão, criei uma nova equipe, na qual tra-
balhávamos 24 horas por dia, só resolvendo problemas deixados pelos
gestores anteriores.
Ao final de seis meses, como tinha me comprometido com o ges-
tor municipal, entreguei o cargo, tendo realizado as seguintes ações:
saneamento financeiro da autarquia; pagamento das duas folhas
atrasadas no primeiro mês de gestão; encerrei um sistema “estranho”
de bolsas de estudos; dei entrada em cinco novos cursos de gradua-
ção; realizei seleção de novos professores; abri auditoria e processos
administrativos para corrigir atos falhos de gestão; prestei contas ao
Ministério Público e ao TCE; e realizei o principal ato de minha vida
pública, prometi a mim que nunca mais seria gestor público. Era hora
de empreender.
Estava decidido que não iria mais perder meu tempo em projetos
que desviassem meu foco. Era hora de dar atenção total ao que era meu.
Poderia ser difícil, mas estava calejado suficiente para errar menos.
Chegou a hora de ser dono do meu próprio negócio. Eu sabia que a
receita tinha que ser maior do que as despesas, teria que focar no que
era meu.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 157

A gratidão pela abundância recebida


Em 2012, lancei meu terceiro livro que falava sobre Direito, Trabalho e
Educação, minhas três paixões. Antes de mandar para a editora decidi
colocar uma citação que encontrei em um livro antigo, atribuída a Mao-
mé: “Gratidão pela abundância que você recebeu é a melhor garantia de
que a abundância continuará (570-632 a.c.)”.
Achei aquelas palavras de uma grandiosidade imensurável. Não só
uma lição de educação, pois devemos sempre ser gratos por tudo que
recebemos, mas principalmente o que aprendi na noite de lançamento
daquele livro, e que tinha tudo a ver com o ensinamento da frase.
Apesar de não ser meu primeiro livro, aquele tinha uma simbologia
especial, pois mostrava que eu estava vivo e produzindo após demitir
meu chefe há poucos meses. A sensação de liberdade da “firma” era algo
a ser comemorado, mas a insegurança sobre meu futuro dava calafrio.
Naquela noite recebi a surpresa: um dos chefes que tinham me jo-
gado no poço apareceu no lançamento do meu livro. Estou certo de
que essa não foi a motivação de sua presença, mas sim por eu ter sido
testemunha a seu favor em um inquérito administrativo de um órgão
de fiscalização. Tanto que me agradeceu pelo depoimento a seu favor,
quando pediu um autógrafo em seu livro. Ele jamais iria ao lançamento
de um livro de quem o demitiu, sem ter interesse em algo. Preferi usar a
seda como resposta.
Apesar de todo meu rancor, mágoa, tristeza, àquela época, pelo mal
a mim feito (pois, só demiti meu chefe quando todas minhas forças de
autossabotagem esgotaram-se, derrotando minha capacidade de acre-
ditar na empresa), decidi não retribuir na mesma moeda para não ficar
nivelado por baixo. Eu era diferente dos “meus chefes”, tanto que ao au-
tografar o livro escrevi: gratidão pelos ensinamentos, siga com sorte!
E o que aprendi naquela noite, ao escrever essa dedicatória?
Aprendi que devemos fechar os ciclos e ter gratidão até pelo mal
que nos fazem, pois é deles que surgem em nós a capacidade de supe-
ração, de crescimento, de aprendermos o que não devemos fazer para
158 | INÁCIO FEITOSA

com os outros. É nesse instante quando aprendemos a perdoar, para


estarmos livres para sonharmos.
Sentimentos negativos atrapalham você a chegar aonde quer che-
gar, gastam suas energias e desviam você do seu foco.

Seja engenheiro do seu sonho


Se você leu até aqui e ainda tem dúvidas se deve empreender ou ficar sem-
pre adiando seus projetos de vida, quero lhe contar uma breve história. Era
uma vez uma moça que realizava todos os pedidos da sua chefe em uma
empresa de construção civil. Seu sonho era ser engenheira da empresa e
galgar outros cargos diferentes das funções administrativas que exercia.
Assinava documentos, participava de debates, audiências públicas.
A empresa fazia ela se sentir dona daquele negócio. Certa vez, pediram
para deixá-la na sociedade até que fosse feita a conclusão de um outro
negócio, ainda confidencial nas odes da construtora.
Em muitos dias nossa personagem não se sentia compensada finan-
ceiramente, nem reconhecida pelos superiores, mas como perante os
demais colaboradores da empresa era vista com o determinado status,
ela achava que com o tempo as coisas melhorariam.
Dedicou-se tanto aos projetos da empresa, que decidiu cursar en-
genharia civil, concluiu o curso, mas continuava com atribuições de
secretária executiva. Em 2018 nossa amiga já era uma senhora de 60
anos, e um dia descobriu que a empresa em que trabalhava deu um
calote no mercado ao vender imóveis na planta, e não entregar a obra
aos compradores.
Às 6h da manhã foi surpreendida com a Polícia Federal fazendo sua
condução coercitiva para prestar esclarecimentos com a acusação de
organização criminosa, pois em toda documentação da empresa nos-
sa amiga aparecia como sócia administradora. Ao prestar depoimento,
descobriu que seus superiores estavam foragidos e a mesma era con-
siderada a responsável pelos crimes produzidos, pois a assinatura dela
estava em todas as fraudes cometidas pela empresa.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 159

Esse caso foi real, narrado por um colega advogado. Agora lhe pergun-
to: até quando você vai esperar para ser o engenheiro dos seus sonhos?

Por que empreender?


Estamos vivendo época de enormes transformações no sistema político
vigente, com exemplos mais emblemáticos a eleição de Donald Trump,
nos EUA, e de Jair Bolsonaro, em nosso País. Afora as personalidades po-
lêmicas, o que une todos esses presidentes eleitos é o entendimento
ideológico de matriz liberal, que prega a não intervenção do estado na
economia, bem como a valorização da iniciativa privada.
Sem entrar no mérito do pensamento político atual, a verdade é que
temos que estar preparados para a teoria do “Estado mínimo”, e para o
fortalecimento do mercado.
Passaremos a conviver daqui para frente com políticas que defende-
rão a privatização de empresas públicas, de estradas, portos, aeroportos,
das parcerias público-privadas, da flexibilização dos direitos trabalhistas,
da Reforma da Previdência, do sistema tributário nacional, da terceiriza-
ção das atividades laborais na administração pública, e, consequente-
mente, a redução drástica dos concursos públicos, afetando o sonho de
nove em cada dez brasileiros. Onde alguns veem dificuldades, eu vejo
oportunidades. Explicarei adiante.
Há algum tempo deixei de assistir aos primeiros jornais televisivos
do dia, nacionais e locais; deixei de comprar jornais impressos durante
a semana, e passei a selecionar sites de conteúdos sobre economia, em-
preendedorismo, cultura e política nas redes sociais.
Com o uso do Google e do Twitter passei a ter meu conteúdo jor-
nalístico diário personalizado. Fui transformado em editor daquilo
que quero ler, e ainda sobrou tempo para voltar para a academia e
cuidar da balança.
Fiz isso para fugir da carga diária de notícias negativas, de apresenta-
dores de agendas negativas, mas principalmente para sintonizar minhas
energias com as vibrações certas e formar a minha própria opinião sem
160 | INÁCIO FEITOSA

estar contaminado com agendas globais de poucos.


Os dias atuais requerem uma visão empreendedora. É aquela histori-
nha do meio copo d’água na mão, para uns estará meio vazio, para ou-
tros, meio cheio. Ou, daquela outra do vendedor de sapatos que chega
em uma cidade que ninguém usa sapatos. Um vê enormes possibilida-
des, o outros diz logo “aqui não terei sucesso, eles não usam sapatos”.
Eu penso que infelizmente não haverá emprego nos próximos anos
para recolocar 14 milhões de desempregados atualmente existentes
no Brasil. É preciso uma grande mobilização nacional em favor de
uma educação que desperte em nossa nação a cultura do empreen-
dedorismo.
Acredito que a criação de novos CNPJs será a saída para nosso País.
Quantas micro e pequenas empresas podem ser geradas com incremen-
to do setor privado:

• Comércio varejista para construção civil, vestuário, alimentação e


indústria;
• Pousadas, hospedagem e alojamentos;
• Manutenção de equipamentos industriais, veículos automotores,
reboques, carrocerias;
• Serviços reprográficos;
• Reparação de equipamentos de informática e comércio de supri-
mentos;
• Empresas de transporte;
• Escritórios de contabilidade, advocacia e auditoria.

Sem contar, as atividades mais especializadas que envolvem o de-


senvolvimento de tecnologias. Portanto, empreender é sem dúvida a
melhor opção que se apresenta ao trabalhador nos dias atuais, para que
possa ter trabalho e renda, de forma individual ou associativa, como por
exemplo com a criação de cooperativas.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 161

DECIDA
Tomar uma decisão de abrir um negócio é desafiador. E ainda mais de-
safiador é fazer com que ele sobreviva, prospere e traga felicidade para
você e aqueles ao seu redor. Mas antes de decidir analise, observe, pes-
quise, faça uma visita como cliente oculto em alguma loja ou serviço
similar. Mas não faça isto somente uma vez. E demore, olhe, pergunte.
Esta experiência não tem preço. Em seguida anote suas conclusões:

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A gestão dos processos


Empreender requer método de trabalho para conseguir chegar ao su-
cesso. A maioria das empresas fecham suas portas por não definirem
desde o início seus sistemas de gestão dos processos internos.
É necessário que o empreendedor, após colocar a empresa para fun-
cionar, esteja presente na formação de sua equipe, e que esta seja trei-
nada desde o início com a filosofia e valores da empresa. Por isso, a im-
portância de serem desenhados os processos de trabalho de cada setor.
É normal na rotina do dia a dia de um novo negócio a equipe ser
surpreendida pela necessidade da tomada de decisão em um instante
de ausência do líder. Por isso, desde cedo, o empreendedor, agora com
162 | INÁCIO FEITOSA

funções de gestão, deve selecionar muito bem seus colaboradores, para


que se estabeleça uma relação de confiança e delegação planejada.
Vejamos exemplos que requerem a definição de seus processos:

• Como será o atendimento de sua empresa? Por telefone? Pelo site?


Pelo WhatsApp? E quando houver uma demanda específica ainda
não tratada pelos líderes, como deverá proceder a atendente?
• Uma vez realizada a venda do produto em seu comércio como será
realizado o pagamento? Em cartão de crédito? Poderá ser parcela-
do? Poderá ser em boleto? Como será a entrega do produto? E da
nota fiscal?
• Uma universidade tem cursos de graduação e especializações.
Como será a seleção dos ingressantes? Assinarão um contrato de
prestação de serviços? Terão aulas presenciais ou a distância?

Observe que gerir o processo nada mais é do que desenhar as etapas


para cada caso vivenciado dentro do setor de uma empresa. Busca-se
assim diminuir as chances de erro para se oferecer aos clientes respostas
rápidas para casos identificados como possíveis demandas da empresa.
Para isso há técnicas e profissionais especializados em gestão de proces-
sos e de projetos, além de ferramentas como o Bizagi, um sistema digital
de automatização de processos.

O marketing
Você decidiu empreender, passou por todas as fases anteriores, acre-
ditou que o instante mais difícil tinha passado. Só o que você fez até
aqui foi arar o terreno. Agora é hora de escolher as estratégias certas
para colher seus frutos.
Nenhuma empresa consegue sobreviver sem ter um excelente setor
de marketing, que, de tão importante, este deveria ficar ao lado do gestor
principal da empresa. Marketing para mim é estratégia de planejamento
para aumentar os lucros de uma empresa, seja no mundo digital ou físico.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 163

Quem não se preocupa com marketing não terá sucesso. Seu produ-
to tem que chegar às mãos do seu consumidor onde ele estiver. Para isso
pesquisas, estratégias e técnicas serão indispensáveis.
Cada negócio requer um plano de marketing específico, você tem
essas respostas?

• Qual seu produto?


• Qual público você quer atingir?
• Quem são meus concorrentes e o que eles oferecem?
• Qual (is) seu (s) diferencial (is)?
• Quais seus custos? Qual seu preço?
• Como irá impactar seu cliente? Online? Meios físicos?
• Quanto você está disposto a investir em marketing?

De um modo geral, respeitando as especificidades de cada segmen-


to, o marketing digital conseguirá atingir de modo mais eficaz o seu pú-
blico e será mais barato em relação ao tradicional modelo físico (panfle-
tagem, outdoor, jornais).
Entretanto, ele é muito dinâmico, sobretudo quando falamos de re-
des sociais como Facebook e Instagram, devido às constantes mudanças
que essas empresas realizam em seus algoritmos.

Segurança da Informação
Para garantir a confidencialidade de suas decisões corporativas, tran-
sações comerciais, projetos desenvolvidos, muitas empresas investem
altas cifras em modernos softwares de proteção contra hackers, e ne-
gligencia em outros cuidados básicos com a segurança da informação.
Quem sabe tudo que acontece em uma organização não é seu pre-
sidente, nem seu conselho de administração. A informação estratégica
muitas vezes é disparada para diversos setores pela moça do “cafezi-
nho”, pelo rapaz da limpeza e outros profissionais que transitam em
todos os setores.
164 | INÁCIO FEITOSA

É comum em uma reunião termos a “hora do café”. Nesse instante, as-


suntos privilegiados continuam sendo discutidos, pois os profissionais
não são preparados para silenciar diante de pessoas externas ao assun-
to, principalmente quando os debates estão ácidos e essas pessoas não
são tão desconhecidas da rotina de trabalho.
E o resultado? Dias ou semanas de planejamento estão expostas, vão
parar na famosa rádio-corredor.
Recordo de uma lista de demissões que estava com um colega de
trabalho. Essa lista era sigilosa, só seria divulgada no último dia do mês.
Por um lapso ele deixou em cima de sua mesa, em tese protegida.
Após investigações sobre o vazamento, foi descoberto que a moça
da limpeza era a propagadora do documento, ao enviar uma foto com
os nomes pelo Whatsapp para uma colega.
Uma das primeiras lições do chefe aos seus subordinados vem de
um antigo provérbio atribuído aos chineses: “Deus deu ao homem
dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas
vezes mais do que falamos”.

Compliance
Em tempos de “Lava Jato”, exposição de políticos, transição presiden-
cial, a corrupção envolvendo entes públicos atrai a atenção da mídia e
gera acalorados debates nas redes sociais, mas essa chaga social tam-
bém afeta o setor privado.
Favorecimento ilícito e desvios de conduta são práticas comuns en-
tre as empresas e os chefes doentes. No ambiente corporativo, recebem
um nome de conflito de interesses, um eufemismo para suavizar a triste
realidade cultural do nosso País.
Toda vez que o chefe do setor de compras pede vantagem a um for-
necedor, isso é corrupção. Toda vez que o diretor promove a moça da
telefonia, devido às suas qualidades físicas, isso também é corrupção
(mesmo que nesse caso a vantagem não seja pecuniária).
Toda vez que o professor dá um presente à moça que cuida “do pon-
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 165

to” para abonar sua ausência em aula, isso é corrupção. Toda vez que
um funcionário ajustar com outro para superfaturar notas de compra de
computadores, isso é corrupção. Toda vez que os segredos da empresa
são vendidos ao concorrente, isso também é corrupção.
E o pior, sabe quando você terá ciência de que o rapaz das compras,
que a moça da telefonia, que o professor, que o funcionário e outros
personagens cometeram essa conduta criminosa? Resposta: nunca, pois
olhamos a trave que existe na administração pública (e com razão), mas
não observamos o “cisco” que está em nossa frente.
Por isso, ao abrir uma empresa, devemos estar empenhados na im-
plantação de um sistema de Compliance, para fazer cumprir as normas
legais e regulamentamentos internos, estabelecendo diretrizes para
guiar a condução do negócio. Inclua esse compromisso com a ética em
seus contratos e em seus valores.

FAÇA DIFERENTE
No ano de 1864 um jovem inglês, chamado John Lewis, anos realizou
um sonho: montar sua própria empresa. Ele trabalhava como vendedor
em uma loja de tecidos, sendo promovido depois a comprador de sede.
O seu patrão vendo a sua garra resolveu oferecer uma sociedade. Mas
ele recusou e foi abrir a sua própria empresa. Sua filosofia era comprar
produtos de boa qualidade e vender a preços acessíveis a maioria da po-
pulação. A loja cresceu ele casou e teve filhos. E os filhos começaram a
trabalhar com ele na loja. O filho mais velho, John Spedan Lewis, teve um
acidente. E enquanto permanecia acamado, longe da empresa, percebeu
que ele, seu irmão e seu pai ganhavam mais que todos os empregados. E
foi ai que nasceu uma visão inovadora para um negócio de sucesso.
Para John Spedan Lewis os negócios deveriam promover a “A felici-
dade de quem trabalha e o bom atendimento à comunidade em geral”.
166 | INÁCIO FEITOSA

E ele começou a implementar muitas mudanças. Mas isto assustou seu


pai, que resolveu deixar este filho visionário com uma loja que dava
prejuízo. Em um curto período, graças a sua capacidade empreende-
dora ele implementou as reformas buscando a felicidade dos funcio-
nários e o bom atendimento à comunidade. E então os negócios não
pararam de crescer. E os funcionários passaram a ser coproprietários,
com direito a parte do lucro, sendo esta uma forma de incentivar e
desenvolver a capacidade empreendedora e inovadora em cada um
deles. Atualmente a empresa possui diversos negócios ligados a lojas
de varejo bastante promissoras na Inglaterra. E ainda adota os mesmos
princípios do seu fundador: “a felicidade de quem trabalha e o bom
atendimento à comunidade em geral”.

Como você poderia promover a felicidade para quem trabalha como você?

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E como prestar um bom atendimento à comunidade em geral?

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DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 167

Resumo Mental

Forme bons líderes

Coloque seu
Defina sua Inicie seu produto/serviço à
estratégia negócio frente dos seus lucros

Dedique-se ao
seu cliente
Tenha um marketing forte
Ofereça
qualidade

Inove e surpreenda

DECIDA
EMPREENDER

Poder dos dados

Tenha claro sua


filosofia e valores

Nunca Segurança da
Crie seu modelo de negligencie... informação
processos internos Priorize a
boa gestão

Conduta
Ética
Valorize a confiança e a
delegação planejada
168 | INÁCIO FEITOSA

CAPÍTULO

7
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 169

NÃO DIGA
“SE DEUS QUISER”.
DEUS QUER.
E VOCÊ?
170 | INÁCIO FEITOSA
A felicidade como meta

A felicidade, de tão importante, deveria ser a meta zero de qualquer


organização. Até porque ninguém produz com tristeza, melancolia
ou depressão. O índice de felicidade dos profissionais repercute direta-
mente na capacidade de conquistar resultados.
O rei do Butão, pequeno País asiático, sabia disso, ao afirmar, nos anos
1970, que a Felicidade Interna Bruta é mais importante que o Produto
Interno Bruto, promovendo, a partir daí, uma política que valorizava o
desenvolvimento sustentável.
Sobre influência dessa nação encravada na Cordilheira do Himalaia,
o PNUD/ONU (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento),
desde 2011, decidiu pesquisar até que ponto a felicidade de um povo
tem conexão com as riquezas econômicas produzidas pelos países. Ser
rico é ser feliz?
O Relatório Mundial da Felicidade (World Happiness Report), revelou,
com base em respostas de pessoas em todo o mundo, que a renda por si
só não é suficiente para garantir o bem-estar dos cidadãos.
O estresse econômico, político e social foram os principais responsá-
veis pelas dez maiores quedas nas avaliações médias de qualidade de
vida. Nesse caso, Grécia, Itália e Espanha são exemplos citados pelo re-
latório, por terem sido duramente atingidos pela crise na Zona do Euro.
Por outro lado, países com forte espírito comunitário se mostraram
mais capazes de enfrentar grandes crises, com consequências mais po-
sitivas no ranking da felicidade, a exemplo de Irlanda e Islândia.
172 | INÁCIO FEITOSA

Uma pesquisa da London School of Economics, no Reino Unido, com


uma amostra de 200 mil pessoas de diversos países, comprovou que
conviver com amigos, gozar de boa saúde e manter um relacionamento
amoroso estável é tão importante para os entrevistados quanto ganhar
altos salários.
A “verdadeira felicidade” depende muito mais do capital social —
que significa confiança generalizada, boa governança e o apoio mútuo
entre indivíduos dentro da sociedade e nas corporações — do que do
capital financeiro, tão somente.

Humildade sempre
Uma das coisas mais difíceis para qualquer ser humano é ser humilde. A
lógica do mundo em que vivemos é a valorização exacerbada do consu-
mo. Tudo nos leva à busca incessante pelo prazer, pelo reconhecimento,
pela aquisição de bens e acabamos por esquecer que para sermos feli-
zes nada disso é necessário, como falei antes.
Em determinada fase de minha vida eu passava mais tempo em pon-
tes aéreas do que com minha primeira filha, Maria Fernanda. Chegava ao
ponto de minha esposa ir com ela ao aeroporto para que no intervalo de
uma viagem e outra eu pudesse vê-la.
Eu estava na roda viva do mundo dos executivos, e não me dava con-
ta de que aos poucos o “meu chefe” estava consumindo minha vida, mi-
nha família e a mim mesmo.
Um caso curioso, que representa bem o que é uma empresa doen-
te, aconteceu em um sábado do mês de outubro, quando minha filha,
com pouco mais de 2 anos pediu para levá-la a uma exposição de ani-
mais, uma espécie de “fazendinha” com bois, caprinos, cavalos e muita
diversão. Durante o passeio, recebi uma ligação “do chefe”, cujo diálogo
recordo como se fosse hoje:

— Estás onde? — disparou com seu tom inquisitório.


— Passeando com minha filha, numa feira de animais — respondi.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 173

— Isso não é lugar para meus executivos estarem — atacou.


— Como é? — questionei entre risos, pois custava a acreditar na bestei-
ra que estava ouvindo.
— Hoje vou jantar com o advogado da empresa. As esposas vão tam-
bém. Quero você por lá — sentenciou, justificando o motivo da ligação.

Quando contei para minha esposa o teor da ligação começamos a rir,


de tanta bobagem que poderia passar na cabeça de quem decide ser o
centro das atenções e, no caso, das decisões de lazer de outra pessoa.
Minha esposa, uma das pessoas de mais alto astral que conheço, e
muito simples, que odeia festas “sociais”, e muito menos de empresas,
disse logo: “pode ir sozinho, eu não tenho nenhum interesse nesse tipo
de evento”.
De logo respondi: “você fez um juramento (“na alegria e na tristeza”)
no altar esqueceu?”
O resultado: fomos “livres e espontaneamente” para o restaurante,
uma casa italiana, com massas, vinhos e até aconchegante. Mas as com-
panhias causavam-nos desconforto. Fato que confirmava para mim que
a hora de partida da “firma” estava próxima.
Decidimos chegar ao jantar depois da hora combinada para passar-
mos menos tempo, naquela conversa da qual cada um sacava suas via-
gens, seus hobbies e seus ensinamentos de “degustação” de vinhos.
Era algo que machucava muito minha esposa, que fazia um enorme
esforço — além de outros motivos, ela possui uma alimentação 100%
natural, sem massas, sem carnes e sem bebidas alcoólicas. Já comigo, o
que vier à mesa está valendo.
Aquela realidade não era a minha, eu preferia estar com minha filha
contando histórias, e assistindo a filmes até o sol raiar. Minha segunda fi-
lha, Camila, só chegaria alguns anos adiante, em uma das fases mais difí-
ceis, porém de muitas superações e aprendizados que mudariam minha
vida para sempre.
No mundo dos negócios você é levado a conviver com novas pes-
soas, novos ambientes, novos costumes e novos desafios. Saiba que
174 | INÁCIO FEITOSA

tudo aquilo que desejamos e trabalhamos com muita perseverança, nós


iremos alcançar. Mas, não esqueça que junto com a realização de nossos
sonhos, virão também enormes responsabilidades.
Você só não pode é “vender sua alma” ao diabo, como parte de uma
estratégia de negócio. Isso é o que acontece com muitos executivos: tro-
cam sua liberdade, sua família, sua vida, por salários. Erro terrível.
Quem troca sua família pela agenda do chefe vai pagar caro. A conta
irá chegar mais cedo ou mais tarde. E eu sentia que isso já estava aconte-
cendo comigo, podendo comprometer até meu casamento.
Eu sabia que era preciso assumir de uma vez o controle de minha
vida. Só não sabia por onde começar. Infelizmente não li nenhum livro
que me ensinasse a demitir o chefe.
A vaidade e o egoísmo causam a miopia empresarial, um sintoma
que antecede a queda de milhares de empresas em todo o planeta,
como relata meu amigo Lasaro do Carmo Jr., em suas inspiradoras pa-
lestras sobre inovação.

Deseje vencer
Vencer é um desejo consciente do que se busca, direcionando todas
energias para este fim. Para ter uma empresa de sucesso é preciso muito
foco, trabalho, disposição, planejamento e execução fiel das estratégias,
para atingimento das metas. Ter sucesso dá muito trabalho. Do contrário
qualquer um seria um vencedor.
Os desafios são tantos que você precisa estar preparado para a mon-
tanha russa do mundo empresarial. Um dia terá uma grande subida, no
outro uma queda livre, mas que servirá para impulsionar a subida na
próxima curva. São muitas as emoções no dia a dia da gestão de uma
empresa. Para isso você deve ter certeza para onde quer ir, e mais ainda
desejar ser vencedor.
Todos os dias, temos que acordar e estarmos prontos para jogarmos
“as sementes” do nosso trabalho. Algumas vezes encontraremos um
solo adequado para nossos projetos. Em outras a aridez da terra se fará
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 175

presente e não conseguiremos colher bons frutos naquele instante. O


importante é não desistir nunca.
Chamo de sementes o portfólio de serviços ou de produtos da sua
empresa. É aquilo que você tem a oferecer ao mercado. É aquilo que
você sabe fazer de melhor. É aquilo que lhe dará lucro.
Não acredite que terá uma farta safra com um único plantio de se-
mentes. E mesmo quando começar a colher, saiba que para manter seu
negócio com pleno resultado deverá sempre inovar, monitorar suas me-
tas, analisar as mudanças do mercado e estar atento para não cair na
miopia do mercado.
A quantidade de “nãos” que você conseguir suportar, será diretamen-
te proporcional ao sucesso de sua empresa.
Aprendi isso com Greg S. Reid: “ter sucesso em qualquer coisa em
que decidir é proporcional a quantos ‘nãos’ que você conseguirá supor-
tar, sem perder o entusiasmo durante todo o processo. O número de
‘nãos’ que está disposto a enfrentar para atingir o resultado desejado é
que determinará seu sucesso ou fracasso.” O “não” faz parte do sucesso
dos vencedores.

Eu, vendedor!
Você pode ser empreendedor e não ser um empresário. Ambos têm
competências e papéis distintos. Mas, todo bom empreendedor é um
bom vendedor. A primeira coisa que ele deve saber ofertar são os
seus sonhos.
Ser empreendedor para mim é ser visionário, inovador e arrojado.
É aquela pessoa que acredita em seus sonhos, e quando identifica
uma oportunidade no mercado foca toda sua energia em transfor-
má-la em uma atividade lucrativa, mediante o atingimento de metas
bem planejadas.
Já ser empresário é outra coisa. É saber administrar a empresa na
busca incessante para perpetuar o negócio. Todo bom gestor aprende a
administrar conflitos todos os dias.
176 | INÁCIO FEITOSA

Um empresário tem a responsabilidade de executar vários atos de


gestão. Se ele vai passar para terceiros parte da responsabilidade de ge-
rir seu negócio é outro assunto, mas em tese ele deve ser o primeiro
gestor da empresa. Pois a tomada de decisão das questões estratégicas
é de sua inteira responsabilidade.
Um empreendedor pode ser um excelente empresário, mas nem
sempre é fácil a assertiva contrária.
Um empresário pode ter em seu comando vários colaboradores com
perfis de empreendedor, o que é muito saudável. Reunir ambos os perfis
em uma só pessoa é muito difícil. Assim, como saber vender a empresa
e seus produtos exige habilidades especificas que podem (e devem) ser
desenvolvidas na equipe.
O vendedor, ou o responsável pelo setor comercial, ou ainda o res-
ponsável que cuidará do marketing (e do MKT digital), tem que saber
farejar onde seu cliente está, e saber vender seu produto.
Vender é uma arte. Poucos nascem com esse dom, mas como disse:
pode ser desenvolvido. O principal cargo em uma empresa não é o do
presidente, mas sim o de vendedor.
Ser vendedor é algo tão importante que deve estar escrito nos car-
tões de visita, nos crachás e, sobretudo, na mente de todos que vão fazer
parte do seu “player”.
Vender é responsabilidade de todos, mas para isso requer desejo,
perseverança, estratégia e treinamento.
Todos devem saber vender a empresa, a começar pelo seu diretor,
pelos colaboradores, e se estender a todas as partes interessadas.
Costumo dizer que um cliente que comprou um de nossos cursos
deve ser estimulado com benefícios a fazer outro curso. Mais ainda
porque ele se transforma em um de nossos principais vendedores
quando é bem tratado.
Uma empresa tem que estimular o aumento do número de pessoas
felizes com sua marca. Pessoas satisfeitas falam bem de você, geram a
reputação do seu negócio e o ajudam a vender seu produto.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 177

DECIDA

Existe algumas perguntas a serem melhor analisadas para que você pos-
sa vencer. Decida:

• O que sua empresa a oferece ao mercado?


• Quais são as suas entregas?
• O que está incluso?
• O que não está incluso?
• Forma de pagamento?

Abaixo as paredes
Não acredito em sistemas de gestão complexos com diversos níveis
hierárquicos, pelos quais a decisão se perde no meio da burocracia, de
Conselhos, de Departamentos e de um emaranhado de normas espar-
sas. A gestão dos processos administrativos de uma empresa deve ser
construída desde o seu primeiro dia de funcionamento.
Quem gosta desse perfil de empresa (burocrática) é a velha adminis-
tração pública. A moderna, com base no gerencialismo, ou gestão por
resultados, abomina essa estratificação.
Quando trabalhei na gestão pública, decidi trocar meu gabinete, por
uma sala ampla com todos os gestores e assessores. Lá estávamos foca-
dos em cumprir as metas, tomar decisões ágeis e atender os diretores
de escolas de qualificação, sem burocracias, sem estrelismos e com o
melhor, dando o exemplo.
Recordo que quando assumi a gestão de uma empresa de educação
profissional privada, mas com responsabilidades públicas, havia tantas
salas, com tantas paredes, que era difícil localizar os funcionários. Muitos
utilizavam a estrutura física dispersa para fazer “bicos” para terceiros, em
178 | INÁCIO FEITOSA

pleno expediente de trabalho.


Em uma outra experiência na administração pública, quando ocupei
por um semestre o cargo de interventor, pude conhecer de perto o que
é a malversação do dinheiro público.
Encontrei em uma instituição de educação superior pública home-
nagens ao Deus do desperdício. Várias casas eram alugadas para pro-
jetos inexistentes, com dispersão dos servidores para o atendimento
ao público.
Cada líder trabalhava desconectado com a chefia imediata, dividida
hierarquicamente em um organograma complexo, repleto de órgãos
colegiados, e um regimento que favorecia a permanência, por décadas,
de grupos políticos na gestão da entidade.
Não preciso dizer que nas duas situações fiz questão de reunir todos
os colaboradores em um único espaço de trabalho, sem divisórias, com
regras claras de monitoração das metas definidas para serem atingidas
no menor prazo possível.
Com a união das equipes, o distrato de locação de casas fez redu-
zir as despesas de custeio (água, luz, energia, IPTU etc), e aumentar
a eficiência dos serviços públicos prestados. Engana-se quem pensa
que a administração pública não deve visar o “lucro”. Este deve estar
presente na condição de oferta de excelentes serviços para seu clien-
te: o contribuinte.

Uma proposta irrecusável


Quando decidi demitir o meu “chefe”, eu acabara de comprar um imó-
vel, de fazer sua reforma e de mobiliar. Ou seja, estava sem reservas.
Para não dizer que não estava zerado, na minha conta corrente tinha
R$ 7 mil. Como era assalariado, esperava fechar o mês para organizar
as finanças. Estava tão acostumado com a zona de conforto, que não
me preocupara com o mês seguinte.
E, como contei até aqui, aprendi que dinheiro faz dinheiro, mas para
isso você precisa ter foco, estratégia e ser criativo. Você deve encontrar
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 179

o que vender para quem busca comprar, mas não sabe muitas vezes
do que precisa.
Se você recebe um dinheiro que não estava previsto, por premia-
ção, por ação judicial, ou por doação. O que deve fazer? Para mim a ló-
gica é clara: investir para multiplicar e realizar com os dividendos seus
projetos maiores.
Todos os cargos que tive em minha vida foram criados por mim.
Para isso tive que criar empresas para os outros e criar minhas fun-
ções. Onde errei, eu já falei aqui no início do livro. Errei em sonhar o
sonho dos outros.
Aprendi literalmente que o sucesso e o fracasso são separados por
uma linha tênue. No meu caso, estava na organização de um congresso
mundial de Direito, com 10 mil pessoas esperando o sinal simultâneo
para cinco auditórios, e uma falha no cabeamento de transmissão derru-
bou a conexão de todos os auditórios na hora exata da conferência mais
importante do evento.
Para corrigir o erro era preciso encontrar onde o cabo havia quebra-
do. Ao passar a mão em mais de 2 mil metros de fiação, quem encontras-
se a quebra seria premiado com uma pequena descarga elétrica. Imagi-
ne quem foi o felizardo? Isso mesmo, eu.
O conclave jurídico foi considerado por revistas especializadas da
época como o maior e mais bem organizado evento da década de 1990,
pois estavam presentes palestrantes e congressistas dos cinco continen-
tes. Se não fosse resolvido em tempo, alguém tem dúvida do caos que
aconteceria, e da quantidade de ações que teríamos?
O sucesso no mundo dos negócios requer trabalho árduo. Não basta
fazer o melhor plano de negócios, contratar os melhores consultores, criar
a melhor marca, definir o melhor plano de marketing; se você não arrega-
çar as mangas da camisa e ir para a linha de frente nada acontecerá.
E onde está o 1 milhão?
Logo após lançar nossos cursos online da exitoeducacional.com.br,
recebi a ligação de um amigo empresário de São Paulo, que de passa-
gem por Recife foi visitar a empresa.
180 | INÁCIO FEITOSA

Ele chegou até a mim pela primeira vez em 2012 com uma enorme
dificuldade em sua universidade junto ao MEC, que graças a um parecer
e orientações realizadas conseguimos reverter uma dificílima situação
que poderia ter culminado com o encerramento de sua empresa.
Mesmo a distância, sempre alimentamos nossa amizade e nutrimos res-
peito mútuo. Ele sabia dos meus projetos e toda minha trajetória narrada
até aqui no livro. Encontrávamo-nos pelo menos uma vez por ano, quando
nossas agendas combinavam. E sempre trocávamos mensagens, ligações
e ideias. Era uma boa relação de amizade que ficou após a fase contratual.
Depois no cafezinho próximo à empresa, ele foi direto e sacou logo
uma proposta, pois já estava na hora de voltar para Sampa:

— Quero diversificar meus investimentos, e agora que o MEC autori-


zou os cursos presenciais de graduação a ofertarem até 40% das
aulas a distância, e conhecendo quem é você e sua trajetória, quero
oferecer na sua empresa 1 milhão de reais.

Fui pego de surpresa e a seco. A proposta era tentadora. Como al-


guém poderia oferecer tanto dinheiro em um negócio com meses de
criação. Fiquei tenso e cheio de dúvidas. Mas, precisava ouvir mais o que
o empresário queria. E fiz logo uma outra pergunta:

— Por que vou vender meu sonho?

E a resposta foi na mesma linha:

— Eu pago este valor, e ainda vou manter sua equipe, e para você ser
meu executivo pagarei um bom salário de mercado, para dar conti-
nuidade à realização do seu sonho. Mas terá que ser exclusivo.

Parei por alguns instantes, refleti profundamente tudo que tinha pas-
sado, todas as etapas, todas as lutas e realmente aquela proposta apre-
sentada era magnifica.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 181

Eu teria uma excelente grana, poderia dar uma relaxada e continuar a


tocar o projeto ajustando a nova demanda de produzir conteúdos para
a universidade dele. Ou, seja ele passaria a ser meu chefe. Como era gen-
te boa demais seria mais fácil essa questão. Era hora de refletir.
Pedi logo outra rodada de café expresso, água e porção de pão de
queijo. Tanta novidade deu em mim nervosismo, mas também fome. E
ele degustou logo o primeiro pãozinho, e perguntou:

— Posso mandar fazer o contrato?


— Não! — respondi de forma bem sonora e enfática.
— Como assim? — questionou-me surpreso.
— Não me leve a mal, mas minha empresa será a maior empresa de
treinamentos online do País, e valerá muito mais do que a sua pro-
posta. E, tem outra coisa: não quero nunca mais sonhar os sonhos
dos outros — expliquei-lhe.
— Mas por quê? — ele insistia.
— Simples, eu demiti meu chefe e agora sou empreendedor — enfatizei.

Quero ser empreendedor e ponto final!


Sabe aquele dia em que você acorda e tem conhecimento que será
diferente?
Era um dia ensolarado de 2015, com um céu tão azul que inspirava
decisões empreendedoras. Quando entrei no café, naquela quarta-feira,
15h, disse ao meu amigo judeu:

— Decidi tudo!
— Decidiu o quê, meu amigo? — questionou-se surpreso meu com-
panheiro de café.
— Decidi que vou para “o tudo ou nada”, vou empreender e vou ga-
nhar dinheiro e ser feliz do meu jeito. Não quero mais trabalhar
para ninguém. Quero trabalhar para vários clientes. Quero ser meu
chefe, criar minha empresa com meu DNA e ser feliz — expliquei-
182 | INÁCIO FEITOSA

lhe, como se pretendesse também explicar a mim próprio.


— E vai fazer como? Uma empresa não é fácil... — alertou-me.
— Agora que passei por todas as etapas para cancelar meu processo
de autossabotagem, chegou a hora de ir para a execução. A em-
presa será de consultoria e qualificação, para tanto criarei outro
CNPJ, e cancelarei o anterior criado para outros fins na época de
celetista — detalhei.
— Já pensou o nome? — indagando-me.
— Sim, será o mesmo “Êxito Educacional — Consultoria & Qualificação”.
No primeiro ano irei realizar os cursos presenciais, mas a meta será no
segundo ano o ganho em escala com cursos online — expliquei.
— Então pronto, vamos fazer um brinde e aproveitar que o café che-
gou — celebrou, sorrindo.

E assim, passei a elaborar planilhas, fazer previsões, definir gastos


(sempre de forma otimista), e formar um portfólio de serviços para pre-
ver uma possível receita (sempre de forma pessimista).
As premissas eram simples: começar a empresa no segmento de edu-
cação, oferecendo consultoria para criação de escolas técnicas, faculda-
des e todo seu processo de regulação junto ao MEC.
Bem como oferecer cursos e qualificação, nessa primeira fase presen-
ciais, meus e de professores contratados (ou parceiros), versando sobre
temas pouco explorados e de grande demanda nas áreas educacional,
jurídica e na administração pública.
O local escolhido tinha que ser perto de minha casa, pois estava can-
sado após os quase 30 meses que passei me deslocando mais de 80 qui-
lômetros por dia para prestar serviços diariamente.
O meu espaço teria que ser de alto astral, e se possível com bastante
verde. Depois de pesquisar vários locais, consegui encontrar um do jeito
que queria, dentro do orçamento e com a vista para a casa onde viveu o
mestre Ariano Suassuna (autor, entre outras obras, do “Auto da Compa-
decida”) e para o Rio Capibaribe. O endereço não poderia ser melhor, o
bucólico bairro do Poço da Panela, na Zona Norte do Recife.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 183

Foram 12 meses rodando com projetos de consultoria, cursos presen-


ciais, cursos in company, palestras, treinamento e, sobretudo, parcerias.
Para minha sorte, o Ministério da Educação criou um novo marco
regulatório da Educação Superior no Brasil, e as faculdades, centros
universitários e universidades precisavam ser treinadas para se ade-
quar às novas regras.
Inspirado na reforma trabalhista, que promoveu mudanças profun-
das no exercício das atividades dos advogados trabalhistas, e a necessi-
dade que os mesmos teriam de reconfigurarem suas atividades, decidi
inovar no formato dos cursos.
Senti a necessidade de oferecer cursos rápidos, com perfil emi-
nentemente prático, com aprendizagem baseada em casos reais, para
profissionais liberais aprenderem algo que os ajudasse no exercício de
sua profissão, e que trouxesse ganhos, principalmente financeiros, no
menor espaço de tempo possível.
Os desafios de empreender seu negócio são maiores que julgamos. O
foco na atividade, nas metas, na criação da empresa, da marca, no aten-
dimento de questões administrativas, como a formação de equipes, são
atividades extremamente prazerosas, para quem sabe aonde quer chegar.
Um empreendedor não tem outro caminho além de visualizar o que
projeta para sua empresa. É preciso ter certeza que os momentos difíceis
vão passar e por mais sacrifício que exijam, tudo será sempre diferente,
por um único motivo: você agora é dono do seu próprio negócio.
A palavra que define bem esse estágio é perseverança. É você acredi-
tar que seu sonho será realidade e nunca deixar de persistir. O empreen-
dedor acredita no que ninguém vê, no que ninguém pensou em fazer.
Ele sabe que é questão de tempo para acertar o gol.
Quando parei para analisar o que estava fazendo, vi meu crescimento
pessoal e profissional. Eu não era mais empreendedor, agora era tam-
bém empresário e gestor. Todas habilidades reconhecidas e talhadas em
mim não só pelos livros, mas pelas minhas vivências.
Mesmo plenamente feliz em ser dono do meu próprio negócio, eu
sabia que minha cabeça não poderia ter espaço para dúvidas. Do con-
184 | INÁCIO FEITOSA

trário eu poderia tombar. Quem sabe aonde quer chegar não pode pa-
rar no acostamento.
A decisão de colocar “os ovos em duas cestas” estava correta. Havia
momentos em que os cursos presenciais não respondiam, sobretudo
devido a questões de deslocamento nas grandes cidades, e também
por fatos infungíveis, com feriados, festas, greves, Copa do Mundo,
eleições, etc.
Era quando a consultoria respondia e ajudava bastante no orçamen-
to da empresa. As despesas são sempre fixas e crescentes, mas as recei-
tas são variáveis. Daí a importância de diversificar o portfólio, inclusive
ampliando para a área da gestão de projetos e processos.
Sabia que para poder ter ganho em escala eu precisava ir para o
mundo online. Mas meu orçamento não permitia erros. Não era hora de
trazer despesas com tecnologia para uma etapa ainda presencial de cur-
sos. Eu também precisava treinar a equipe para que compreendessem
minha forma de agir, de pensar e sobretudo, de vender.
Tudo que passa no meu raio de visão é analisado sob o foco do “busi-
ness”, nada passava despercebido. E agora eu tinha uma nova meta, um
novo desafio: ir o mais rápido possível com meus cursos para a internet,
e separar de vez a minha consultoria, deixando-a mais abrangente.
Nunca rezei tanto em minha vida, nunca pedi tanta inspiração e
oportunidades a Deus, ao Universo, e ao mundo invisível (pelo menos
para os meus olhos). Eu realmente acredito no ensinamento de Buda:
“quem pensa cria; quem sente atrai; e quem acredita realiza”.
Aprendi com o passar dos anos, talvez fruto do amadurecimento pe-
las agruras da vida empreendedora, a valorizar as coisas mais simples da
vida e sempre ser grato. Eu sempre fui grato por tudo, mas depois que
você passa por experiências tão fortes, você valoriza muito mais suas
conquistas. E a gratidão pelas bênçãos recebidas realmente é a certeza
de que elas continuarão, como disse Maomé.
Eu queria lançar meu site de cursos online, pois sabia que era preciso
logo ocupar meu espaço nesse mercado. Visitei sem nenhum exagero
mais 200 sites de cursos, dos quais 90% eram lixo digital.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 185

Adquiri o costume de olhar para o céu, levantar a mão direita e er-


guer o dedo indicador e falar: — Deus, obrigado por tudo, eu sei o que
quero, o que posso, e sei que consigo!
Neste momento é como se o Universo, no seu imenso cosmo, pudes-
se se conectar comigo. E eu pensava: eu quero meu site. Eu quero meus
cursos online. Eu quero crescer!
Foi quando decidi que escreveria o meu próprio livro para auxiliar
pessoas comuns, como eu, a não ter medo de empreender. A desafiar a
vida comum dos “jesuítas”, a demitir o seu chefe e ir empreender.
Acordei no meio de uma noite de profundo sono, intencionado a escre-
ver um livro, cujo título estava na cabeça: “Demita seu chefe e vá empreen-
der”. Como aprendi a ser focado, escrevi todos os capítulos, o enredo de
cada um e principalmente a linha editorial que queria seguir, transformar as
minhas dores em aprendizados, para auxiliar outras pessoas a sofrerem me-
nos do que eu. Falo “menos”, pois — infelizmente — somente a dor nos tira
de nossa zona de conforto, nos chama a escrever a nossa própria história.
Sempre mantive minhas redes sociais ativas, para estar conectado a
pessoas de várias matrizes. De todas as plataformas existentes, eu tenho
especial apreço pelo Linkedin, uma rede que reúne profissionais de di-
versos segmentos.
Sou ativo no Instagram, que tem grande potencial para vendas, mes-
mo para publicações orgânicas (não pagas). Já em relação ao Facebook,
considero (ainda) necessário como um espaço para divulgação comer-
cial, especialmente para publicações patrocinadas que tenham como
público-alvo a base da pirâmide.
Foi pela eficácia da presença e dos contatos estabelecidos nessas re-
des que certo dia recebi uma mensagem de um dos maiores empreen-
dedores de cursos online para concursos do País, perguntando como
estavam meus negócios, meus projetos.
Respondi que estariam melhores depois que ele fosse meu mentor.
Dito, e feito. Passados 15 dias, ele retorna de São Paulo, almoçamos, re-
novamos os vasos sanguíneos de nossa antiga amizade e passamos a
nos encontrar com mais rotina.
186 | INÁCIO FEITOSA

Ele havia desenvolvido uma plataforma digital de cursos online e


precisava aumentar sua interlocução com universidades. De outro lado,
eu precisava a todo custo iniciar meus cursos online.
Uniu a sede à vontade de beber. No dia seguinte, coloquei-o em co-
nexão com dois dirigentes de universidades, que somados tinha uma
rede de mais de 200 mil alunos, com instituições associadas. Aprendi a
construir pontes. Sabia que eu também iria ser beneficiado por reunir
todos em favor do EaD de qualidade.
Quem pensa atrai, lembra?
Não tenho nenhuma dúvida que consegui magnetizar o meu projeto
de cursos online.
Poucos meses após o almoço eu já estava adquirindo os equipamen-
tos para gravar os cursos, desenhando o escopo do site e recebendo
uma plataforma gratuita pelos primeiros meses até meu negócio deco-
lar. O bem gera o bem.
Ganhei não só um mentor para o EaD, mas também renovamos nos-
sa amizade, e passei a prestar consultoria para sua faculdade. Está curio-
so em saber o nome do meu amigo?
Trata-se do professor Renato Saraiva, presidente do cers.com.br, o
maior site de cursos para concursos do País, com um faturamento em
2018 de alguns milhões de reais.
Quando ele iniciou seu negócio em 2008, eu o ajudei um pouqui-
nho, com a indicação de alguns professores, um convênio de pós-gra-
duação e da compra de cursos para a universidade a qual eu dirigia. A
lei do retorno é implacável.
Agora eu estava com mais uma etapa do meu sonho realizado: a Êxi-
to Educacional — Cursos Online. Precisava planejar esse novo produto.
E assim foi feito quando definimos:
Missão: oferecer cursos, com conteúdos diferenciados, aprendiza-
gem rápida, gerando ganhos para seus clientes, por meio do uso de
tecnologia.
Visão: ser a maior empresa de cursos e treinamentos online do País
até 2025, com serviços prestados aos seus clientes que agreguem a
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 187

aprendizagem, o empreendedorismo e a geração de renda.


Valores:
Comprometimento — buscar credibilidade, engajando-se no ofere-
cimento de serviços de qualidade e alto valor agregado.
Inovação — desenvolver soluções diferenciadas, através do pen-
samento disruptivo, com o uso permanente da criatividade e da tec-
nologia.
Respeito — atuar seguindo princípios éticos, com respeito às pes-
soas, à Constituição e aos valores fundamentais da sociedade.
Empreendedorismo — estimular a ascensão humana e social com a
defesa da livre iniciativa.

FAÇA DIFERENTE

Na escola, uma das primeiras experiências científicas que eu vivenciei,


e certamente a maioria dos alunos, foi colocar uma semente (geral-
mente de feijão) em um algodão umedecido e observar o seu cresci-
mento. Este processo não é uma mágica, envolve uma grande transfor-
mação e leva um tempo.
Ora, também ser empreendedor é um processo que não acontece
em um passo de mágica. Tem de criar raízes e depois abrir as folhas, cres-
cer para então dar frutos.
Assim, proponho a você plantar e regar uma semente. Para cada dia
nós propomos que você observe, reflita e faça uma anotação. E também
vá refletindo sobre sua vida, seus sonhos, mas também sobre as ações
que você deve realizar para conseguir o que deseja.
Lembre-se a semente do empreendedorismo tem que ser planta-
da, regada e cultivada para dar frutos. Tem que ter cuidado para que
as formigas, as lagartas, as pragas não a destruam. É preciso persis-
tência. Há momentos em que pode parecer que nada acontece, mas
188 | INÁCIO FEITOSA

lembre-se: o crescimento vem de dentro. E no final vem a colheita!

1º dia. _____________________________________________________

2º dia. _____________________________________________________

3º dia. _____________________________________________________

4º dia. _____________________________________________________

5º dia. _____________________________________________________

6º dia. _____________________________________________________

7º dia. _____________________________________________________

8º dia. _____________________________________________________

9º dia. _____________________________________________________

10º dia. ____________________________________________________

11º dia. ____________________________________________________

12º dia. ____________________________________________________

13º dia. ____________________________________________________

14º dia. ____________________________________________________

15º dia. ____________________________________________________

16º dia. ____________________________________________________

Dica!

Utilize uma semente. Mas não esqueça: terra boa e água são fundamentais.
Compartilhe sua experiência utilizando a hashtag #DemitaSeuChefe,
enviando foto ou texto, e uma mensagem inspiradora para nossos leitores!
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 189

Resumo Mental

Valorize o
desenvolvimento
sustentável

Preserve, mesmo
Estimule o espírito Busque a diante de “nãos”
comunitário felicidade
Seja um vendedor
de sonhos
Priorize relacionamento
saudáveis Deseje vencer

Tenha como meta a


satisfação dos seus clientes

NÃO DIGA “SE DEUS QUISER”


DEUS QUER E VOCÊ?

Estabeleça
periodicamente
Invista em gestão desafios
de resultados

Reinvente-se Diversifique seu


Troque a hierarquia portfólio
por liderança Menos burocracia,
mais transparência

Não tenha
medo de sonhar
Seja exemplo:
arregace as mangas
190 | INÁCIO FEITOSA
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 191

FIM DO LIVRO E O COMEÇO


DA SUA NOVA HISTÓRIA!
192 | INÁCIO FEITOSA

Essa oração foi escrita próxima ao término do livro.


Ela resume bem as etapas do dia a dia de quem
deseja empreender no Brasil.
ORAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Meu bom Deus...

Não quero mais sonhar o sonho dos outros.


Quero demitir meu chefe e ir empreender.
Trocarei minha CTPS por um CNPJ.

Enfrentarei burocratas, tributos e leis trabalhistas.


Irei errar, mas jamais desistirei do meu sonho.
Deus permita que o Estado não me atrapalhe muito.

Se cair mil vezes, levantarei outras milhares.


Permita que eu ame meus concorrentes.
E sobre eles recaia minha vitória!

Peço inspiração para ter uma marca forte.


Um bom registro de domínio na web.
Colaboradores inovadores, dedicados e bem recompensados.

Trocarei o carnê do INSS por ações na Bovespa.


Décimo terceiro por dividendos.
Bancos de horas por viagens.

Prometo que a gratidão será meu lema.


A meritocracia minha bandeira.
E o empreendedorismo minha escola.

Deus, quero ser empreendedor!

Amém!
Inácio Feitosa
194 | INÁCIO FEITOSA
POSFÁCIO — O PODER DA AÇÃO!

T erminei de escrever este livro às 5h da manhã de um chuvoso sá-


bado de março. De imediato liberei-o para a editora realizar as pri-
meiras correções. Quando, de repente, um fato novo, surpreendente
e divino aconteceu.
Pensei até em não inserir essa nova história, por vários motivos. Não
queria atrasar a publicação do livro. Eu estava no sentido positivo da pa-
lavra “ansioso”, querendo dar agilidade aos passos seguintes do processo
de publicação.
Escrever um livro é semelhante a pintar um quadro. Você escolhe o
tema, separa as tintas, os pincéis, a tela, faz o desenho a lápis e começa a
pintura. Quando pensa que terminou a obra, chega a hora dos retoques
finais. E aí, você tem que definir um prazo para concluir, do contrário a
entrega será procrastinada. E isso, também do ponto de vista da gestão,
não é algo positivo.
Recebi uma mensagem de um cliente na segunda-feira imediata ao
término do livro, por volta das 20h, informando que um amigo dele ne-
cessitava de um gestor para sua faculdade e perguntou se eu poderia
indicar alguém.
Respondi que não gostava de fazer indicações, pois o mercado de
gestores educacionais é um segmento que exige profissionais com uma
preparação diferenciada.
Aconselhei capacitar a equipe da instituição e a partir dela indicar um
para ser o gestor. Ele perguntou qual seria o custo para eu passar uma
semana de imersão no negócio, fora do meu estado. Foi quando informei:
“se é seu amigo, eu vou lá, faço o diagnóstico da instituição e vamos aju-
dá-lo. Diga que mande a passagem. Irei passar uma semana treinando a
196 | INÁCIO FEITOSA

equipe sem nenhum custo. Vamos apagar o incêndio e identificar o ges-


tor”. Ligação finalizada, eu deveria então esperar por um novo contato.
No dia seguinte, decidi caminhar de minha casa para o Poço, mas cal-
ma, não é o poço que falei lá nos primeiros capítulos. É o bairro da minha
empresa, o charmoso bairro do Poço da Panela.
No trajeto fiz orações e agradecimentos, mas também pedidos de
orientação sobre os negócios, sobre minhas escolhas, entre eles um pe-
dido especial a Deus: “um sinal que eu estava no caminho certo como
empreendedor”.
A vida de empreendedor não é fácil, não é nem um paraíso na terra,
ao contrário. Não pense que demitir seu chefe ruim e montar sua em-
presa será sinônimo de tranquilidade. Relembre os capítulos anteriores.
O pedido fora feito. Havia chegado à empresa, distante de minha
casa cerca de 800 metros, pontualmente às 8h. Era hora de reunir a equi-
pe, fazer a agenda do dia, a semanal e executar o planejado.
Exatamente às 10h daquele dia maravilhoso recebi uma mensagem
do professor Paulo Vieira, o criador do Método CIS e do Coaching Inte-
gral Sistêmico, Master Coach com mais de 20 anos de experiência na
área de consultoria, além de 10.800 horas de sessões individuais de coa-
ching, e presidente da FEBRACIS, autor de livros que sempre alcançam
as primeiras posições em vendas, entre ele “O Poder da Ação”. Que emo-
ção, ele era o cliente!
Esse era o sinal que eu tinha pedido a Deus!
Depois de algumas trocas de mensagens, na semana seguinte estava
em Fortaleza, na sede nacional da Febracis. Ao chegar no local, lá estava
ele ainda com roupa de academia (“não quis ir em casa para não atrasar
nossa reunião”), e o encontro previsto para 30 minutos durou cerca de 3
horas de conversa.
Sempre sorridente, ele me levou para conhecer todos os setores de
sua empresa, apresentou-me seus projetos, suas ideias para sua facul-
dade, sua esposa Camila Saraiva, sua formar de pensar e de agir, e o que
espera de seus consultores. Sim, eu fui convidado para ser o consultor
de sua faculdade.
DEMITA SEU CHEFE E VÁ EMPREENDER | 197

Sua história fantástica serviu para mim como um grande fator de mo-
tivação. Na parede próxima a sua sala estava escrito:
“Tem poder quem age, tem mais poder quem age certo, e tem super-
poderes quem age certo na hora certa!”.
Aquela mensagem passou a ser mais um mantra, e o sinal que eu es-
tava no rumo certo. Voltei para o Recife com uma sensação diferente. Vi
de perto uma história de superação e fui abençoado por Deus com mais
esse presente em minha vida.
Três semanas depois fui novamente ao seu encontro, durante um de
seus cursos no centro de eventos da capital cearense, novas sintonias,
contrato fechado, e de repente em seu Camarim, na presença de seus as-
sessores, após dar-lhe uma “extraordinária entrega” (como ele sempre se
refere ao padrão de qualidade que busca oferecer aos clientes), lançou
uma pergunta para mim enfaticamente:

— Inácio, está sabendo? (Tomei um susto)


— Inácio, está sabendo?! (Repetiu novamente)

Comecei a rir e disse:

— Sim, estou! (Respondi brincando)

Ele disparou novamente:

— você está sabendo?!


— Quero você aqui em Fortaleza junto comigo!

E aí começa uma nova história que só poderei contar para vocês no


futuro quando viver cada momento. Só posso adiantar uma coisa: vem
muitas novidades por aí. Como é bom ser empreendedor! Vamos nessa?
198 | INÁCIO FEITOSA
“I nácio Feitosa é um empreendedor nato. Alguém com uma visão
privilegiada dos ambientes de negócios, sobretudo no segmento
educacional. É, definitivamente, um sujeito com enorme capacidade de
realização. Uma figura “energizada” que parece ligado à alta voltagem.
Conheci-o há mais de uma década, quando, juntos, desenvolvemos
alguns projetos, dentre os quais o programa de inclusão educacional
da OAB/PE. A iniciativa já beneficiou quase 7 mil pessoas que tiveram
a oportunidade de realizar um sonho e cursar uma pós-graduação de
alta qualidade a baixo custo, em inúmeros polos na capital e no interior
de Pernambuco. Inácio é, ainda, um grande conhecedor do Direito da
Educação, fruto dos muitos anos dedicados à temática. Estou certo de
que a obra agora lançada, que reflete em alguma medida a trajetória do
autor, será de grande utilidade àqueles que buscam o necessário incen-
tivo para se lançar ao mercado, empreendendo”.

Ronnie Duarte

Presidente da Escola Nacional de Advocacia e ex-presidente da Ordem


dos Advogados do Brasil, seccional Pernambuco.
O texto deste livro foi composto em Myriad Pro, corpo 11/15.
O papel utilizado para o miolo é Off-set 90g/m2
e para a capa é Supremo 250g/m2.
Impresso na Companhia Editora de Pernambuco.
Dezembro de 2019.

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