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483-62 - HP17715126903977
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Renato H. Hirata
4a edição
Diagramação
Julio Portellada
Hirata, Renato H.
Os segredos da proposta irresistível : tudo o que você
não deveria saber / Renato H.
Hirata — 4. ed. — São Paulo : Hirata, 2016.
Bibliografia
ISBN 978-85-65237-00-0
13-07627 CDD-658.4052
Introdução.................................................................................................................7
O que este livro pode fazer por você?..................................................................11
Valores, ética e manipulação.................................................................................13
Hipnose: mitos e conceitos....................................................................................16
As leis da comunicação inconsciente...................................................................21
A lei da reciprocidade.................................................................................24
A lei do contraste........................................................................................28
A lei da escassez..........................................................................................34
A lei da coerência........................................................................................38
A lei do compromisso..................................................................................41
A lei da conformidade................................................................................45
A lei da autoridade.....................................................................................50
A ilusão da escolha.................................................................................................53
Ancoragem..............................................................................................................59
O ressignificado do significado – Reframing......................................................70
A linguagem da hipnose........................................................................................80
Introdução
T alvez nada se você não ler, mas talvez tudo se você pra-
ticar todas as técnicas contidas nele.
Imagine-se com todas essas ferramentas nas mãos. Como gostaria de
utilizá-las? O que faria para as pessoas que estão ao seu redor?
Você já parou para pensar que a competência em questão pode ser a
chave do sucesso dos grandes negociadores e de grandes líderes?
Se você guardasse isso em um cofre, trancado a sete chaves, entregaria
a alguém?
Dizem que segredos assim não se revelam, para que ninguém copie o
seu modelo de sucesso. Nunca tive medo de divulgar os meus segredos. Já
treinei muitos consultores e sempre fiz questão de oferecer o meu melhor.
Nunca me preocupei se algum dia essas pessoas poderiam se voltar contra
mim. Apenas desejo sempre que tenham o melhor proveito e sejam tão prós-
peros como eu.
Vivemos na era do conhecimento. Hoje, se você quiser, pode adquirir
qualquer conhecimento, alguns a custos ínfimos. Eu, como professor, enten-
do que conhecimentos existem para serem difundidos. E se for um conheci-
mento que agregue valor à vida das pessoas, mais ainda.
Este livro vai ensiná-lo a ser mais influente. Não importa se você é ven-
dedor, comprador, líder, empresário ou apenas alguém tentando passar valo-
res para os filhos. Ele é feito para você poder influenciar o mundo.
Uma vez perguntaram a Buda como ele fez para andar dois mil quilôme-
tros. Ele respondeu que bastou dar o primeiro passo. Os demais vieram a seguir,
um depois do outro...
Quer dar o troco? Este livro pode te ajudar a fazer o mesmo com os ou-
tros. Hipnose é isso! Muitas pessoas usam técnicas hipnóticas sem saber que
estão hipnotizando. Imagine se essas pessoas se aperfeiçoarem na técnica?
Mas, afinal, quem pode ser hipnotizado?
Teoricamente, todo mundo pode ser hipnotizado. Alguns acreditam que
isso só acontece com pessoas de mente pouco resistente, mas a verdade é que
a hipnose faz parte de nosso dia a dia. Entramos em transe espontaneamente
algumas ou até várias vezes num mesmo dia. Quem nunca experimentou ler
um livro tão interessante que se esqueceu do horário? Ou dirigiu tão preo-
cupado, com a cabeça cheia de problemas, que quando percebeu estava em
um lugar desconhecido? Ou tentou dar um telefonema mas se esqueceu para
onde ligava? E quem já não teve grandes ideias e soluções para os problemas
enquanto caminhava pelo parque? E os seus sonhos de consumo, como você
imagina que vai se comportar ao decidir concretizá-los?
O que você acredita que aconteceu nesses momentos? É simples! Você
estava em TRANSE. Ou seja, simplesmente estava com a mente altamente
focalizada e estabeleceu contato com o seu inconsciente, permitindo que to-
dos os recursos internos aflorassem. Fez, assim, todas as conexões possíveis
entre o seu desejo íntimo e a proposta externa. Você provavelmente abando-
nou todas as resistências internas e sabotou a mente racional.
A hipnose é um estado de atenção focalizada; é como se a mente absor-
vesse completamente a informação externa sem filtros de julgamento. Quan-
do este fenômeno ocorre, a mente consciente focaliza a atenção em alguma
coisa especial (percepção, pensamentos, imagens, histórias etc.) e se dissocia
da mente inconsciente. Ocorre um desligamento da atenção vigilante.
Isso faz com que a comunicação se processe apenas com o inconsciente.
A atenção se volta exclusivamente para o que é interno. Passa a valer
apenas a realidade interna que é criada pela pessoa através dos comandos
hipnóticos.
Ao contrário do que muitos pensam, a hipnose reabilita as energias vi-
tais, limpa a mente, e faz a pessoa sentir-se com mais recursos para lidar com
os desafios da vida.
E agora, ao saber que todos os recursos para solucionar a sua vida estão
no seu inconsciente, você certamente vai querer estudar hipnose com mais
profundidade!
QUADRO COMPARATIVO
mente consciente mente inconsciente
Processamento sequencial – monotarefa Processamento simultâneo – multitarefa
Filtra informação Absorve informação
Lógica e julgadora Intuitiva e associativa
Foca o problema Foca a solução
Estruturada Livre
Visão focada Visão periférica
Linear Cibernética
Movimento voluntário Movimento involuntário
Absorve, no máximo, sete peças de Absorve mais de 2 milhões de peças de
informação ao mesmo tempo informação ao mesmo tempo
Memória de curto prazo Memória de longo prazo
Lenta Veloz
Segue regras Cria regras
As leis da comunicação
inconsciente
Cialdini (2006) afirma em seu livro que essas normas são tão incons-
cientes que é praticamente impossível serem questionadas e, por isso mesmo,
têm o caráter de lei.
Para explicá-las melhor, responda a seguinte questão: Se alguém o jul-
gasse por alguma atitude sua, o que mais incomodaria você? Ser acusado de:
( ) Ingrato ou egoísta
( ) Indeciso ou sem opinião
( ) Limitado ou restrito
( ) Mentiroso ou sem credibilidade
( ) Descompromissado ou “não sério”
( ) Esquisito ou antissocial
( ) Estúpido ou alheio
Ao escolher algum destes atributos como o qual você não deseje ser
caracterizado, sua mente irá criar um atalho mental, e muitas escolhas serão
pilotadas automaticamente. Para evitar que alguém o rotule, você seguirá as
Leis da Comunicação Inconsciente. Analise a seguir:
1. Se você assinalou INGRATO ou EGOÍSTA, toda que vez que alguém
lhe fizer um favor, enquanto você não o devolver carregará uma pen-
dência mental. Esta é a lei da reciprocidade.
2. Se você assinalou INDECISO ou SEM OPINIÃO, sempre que alguém
lhe propor algo, automaticamente você irá buscar uma referência para
comparar, já que é preciso ter parâmetros para opinar ou decidir. Esta é
a lei do contraste.
3. Se você assinalou LIMITADO ou RESTRITO, toda vez que alguém lhe
intimidar, dizendo que é para “pegar ou largar”, você irá pegar. Esta é a
lei da escassez.
4. Se você assinalou MENTIROSO ou SEM CREDIBILIDADE, ao agir, irá
se perguntar se o seu comportamento está dentro do padrão que as pes-
soas estão acostumadas. Esta é a lei da coerência.
5. Se você assinalou DESCOMPROMISSADO ou “NÃO SÉRIO”, sempre
que fizer uma promessa a alguém irá cumprir, mesmo que isso lhe custe
caro. Esta é a lei do compromisso.
A lei da reciprocidade
A lei do contraste
Tente fazer uma pequena experiência antes que eu explique a lei do con-
traste: pegue três vasilhas em que caibam suas mãos. Em uma delas coloque
água quente, na outra água gelada, e na terceira água morna. Coloque a mão
esquerda na vasilha com água quente e, simultaneamente, coloque a mão di-
reita na vasilha com água gelada. Mantenha as duas assim por 30 segundos.
Depois, mergulhe ambas na vasilha de água morna.
Como está a temperatura da mão esquerda e a da direita? Se você é uma
pessoa normal, vai dizer que a mão esquerda está mais fria e a mão direita
mais quente. No entanto, se a água é a mesma, por que elas fornecem sensa-
ções diferentes? Esta é a lei do contraste.
Quando duas coisas, pessoas ou lugares relativamente diferentes entre si
são confrontadas, tende-se a estabelecer uma conexão e compará-las.
Para o ser humano, tudo é relativo. Qualquer pergunta que eu faça sobre
o seu estado atual você vai contrastar com algo do passado ou trazer uma
referência externa.
Por exemplo, se eu perguntar: “Você ganha bem?”. É claro que vai me
responder que sim! E ao responder que sim, estará contrastando com algo.
Pode ser uma comparação com a remuneração do ano passado, ou com a
remuneração do seu vizinho (pelo carro que ele tem), ou pode ser uma com-
paração com a média do mercado, ou uma comparação com o salário dos
seus pares. Não importa; quando você diz que ganha bem está usando uma
comparação para medir e concluir.
Agora, se quiser se decepcionar para o resto da vida, basta comparar sua
remuneração mensal com a do Bill Gates!
Um amigo, diretor de um grande time de futebol, me disse que depois
que entendeu a lei do contraste conseguiu compreender o comportamento
de alguns jogadores.
Por isso, a loja está oferecendo uma garantia extra de dois anos após o tér-
mino da garantia da fábrica por R$ 100,00.”
Você já caiu nesse tipo de abordagem?
Veja um outro contraste interessante. Em uma loja de roupas masculi-
nas, você se interessa por um terno de R$ 3.000,00. Solicita um vendedor e
pede para experimentar o terno.
Antes de prová-lo, o vendedor lhe oferece uma camisa, um cinto, um
sapato e uma gravata. Mas você diz: “Eu só vou levar o terno!”. E o vendedor
responde: “É só para ver como é que fica!”.
Você sabe o que vai acontecer, não é? Você vai acabar levando tudo!
E por um simples motivo: preço da camisa, R$ 270,00; preço do sapato,
R$ 490,00; preço da gravata, R$ 280,00; preço do cinto, R$ 230,00. Compa-
rando os acessórios com a peça principal, você dirá a si mesmo “um terno
assim, merece esses complementos!”. Como bom negociador, você ainda
tenta barganhar um preço especial pelo pacote todo. O vendedor, com muito
esforço, provavelmente responderá:
“Olha, esta grife dificilmente possibilita descontos, mas, em compensa-
ção, vamos lhe dar um par de meias com fio escocês para combinar com o
terno ‘elegantérrimo’ que o senhor está levando.” Que maravilha, não? De-
pois de gastar R$ 4.270,00, você merece um brinde!
Vamos analisar porque a lei do contraste cabe neste exemplo. Quando
você está prestes a desembolsar um valor, na sua mente, quanto menor o
desembolso, melhor. Isso dá uma sensação de ganho e de conforto. A regra
mental é: “quanto menos eu gasto, mais economia faço”.
Por isso é que o contraste para quem está na ponta do desembolso pre-
cisa iniciar com um alto valor e seguir na direção das sugestões de baixo
desembolso. Esta é a ordem mental.
Ou seja, se você entrasse na loja para comprar meias, o vendedor pro-
vavelmente não iria lhe oferecer um terno de R$ 3.000,00. Esta sequência é
contra a lei do contraste.
A ideia da lei do contraste é sempre finalizar com algo que dê conforto
para a pessoa. No caso de um desembolso, o contraste precisa terminar com
um valor menor do que o inicial.
Já no caso de corretagem imobiliária não se trata de desembolso mas
sim da característica que o cliente enfatiza — o tamanho dos quartos, a área
A lei da escassez
Geralmente aquilo que é mais difícil de possuir torna-se muito mais inte-
ressante do que o fácil de se ter. Essa equação mental vale desde a época em
que você era uma criança. Verifique com seus filhos se eles não reagem dessa
mesma maneira.
Dê brinquedos ao montes a uma criança e observe o valor que ela lhes
dará. Quando tudo é abundante, nada é importante. Agora, experimente di-
zer ao seu filho que você NÃO vai matriculá-lo na escolinha de futebol para
ver como ele reage. Ou, então, se ele for ainda bem pequeno, coloque-o no
chão e diga que NÃO vai pegá-lo no colo para ver o escândalo que ele vai fazer.
Quando isso acontece, geralmente dizemos que eles estão na “fase do
contra”.
No caso dos homens, procure se lembrar daquela garota que disse que
não queria sair com você. E, então, “gostosão” do jeito que era, você achou
estranho e pensou: “Eu consigo sair com qualquer garota. Quem essa meni-
na pensa que é?”. E quanto mais nãos você recebia dela, mais desafiadora se
tornava a conquista. Com isso, sua mente tornou-se escrava desse objetivo.
A questão não era mais se você gostava ou não da menina. A questão é que
ela era difícil! Para comprovar, basta verificar o seu sentimento depois que
conseguiu conquistá-la.
Se algo é raro ou está se tornando escasso, passa a valer mais em nossa
mente.
A ideia da perda em potencial desempenha um papel importante na
tomada de decisão humana. De fato, as pessoas parecem mais motivadas
pelo pensamento de perder algo do que pelo pensamento de ganhar algo,
mesmo que esse “algo” seja equivalente (veja o capítulo “Ancoragem”). Então,
à medida que as oportunidades vão faltando ou se tornando indisponíveis,
perde-se a liberdade de escolha, e o ser humano detesta perder a liberdade
que tem.
Reflita agora, quantas vezes você já foi impulsionado por estas frases?
Mas não se preocupe, você é uma pessoa normal!
Vamos entender outra lei poderosa...
A lei da coerência
Para entender por que a coerência é uma lei, considere como a incoerência
é vista pelas pessoas. Um indivíduo cujas crenças, palavras e atos não con-
dizem entre si é visto como indeciso, confuso, falso ou até mesmo mental-
mente incapaz.
Por outro lado, um alto nível de coerência é normalmente associado à
força pessoal e intelectual. A coerência está no cerne da lógica, da raciona-
lidade, da estabilidade e da honestidade e é, sem dúvida nenhuma, uma das
melhores ferramentas para influenciar pessoas.
Quando se tem coerência, as escolhas da vida são alicerçadas nesse fun-
damento. Com ela não há surpresas no relacionamento interpessoal. Pessoas
coerentes têm um senso de justiça muito refinado e transmitem segurança,
pois sabemos claramente quando podemos ou não contar com elas.
Sem coerência a vida torna-se difícil, sem rumo e sem sentido.
Faça um pequeno exercício agora. Liste os seus cinco principais valores
de vida.
1.
2.
3.
4.
5.
Pense no seu relacionamento conjugal. Por que você convive com essa
pessoa? Verifique de novo os valores.
Você vai perceber que tudo o que faz com coerência está vinculado a
estes valores, sem que haja um questionamento para saber se está certo ou
errado. Se estiver coerente, está tudo certo!
Será?
Como a coerência é estabelecida de acordo com os próprios interesses,
muitas vezes ela pode ser desastrosa em algumas situações, principalmente
quando certas decisões são tomadas por impulso.
Assim como a maioria das leis da comunicação inconsciente, a lei da
coerência também oferece um atalho para simplificar a complexidade da
vida moderna. Depois das decisões tomadas, um processo mental extre-
mamente confortável é conduzido pela coerência: não é mais necessário
pensar com afinco sobre aquela questão. Cessa a tempestade de informa-
ções para identificar fatos relevantes. Nenhuma decisão se tornará difícil
quando se trabalha em função da coerência.
Ao se confrontar com um problema é preciso ativar um programa men-
tal para saber exatamente o que dizer, fazer ou em que acreditar, ou seja, para
saber o que é coerente através das decisões instaladas em nosso inconsciente.
Esse programa mental fornece um método conveniente, eficaz e relati-
vamente fácil de lidar com as complexas situações diárias que exigem muita
energia e capacidade mental de discernimento. Ele oferece um meio de fugir
dos rigores do pensamento contínuo.
Por isso fica fácil entender por que a coerência automática é uma reação
difícil de controlar. Quando esse programa é instalado na mente, os proces-
sos cognitivos ficam inibidos e deixam de funcionar.
Se você compreendeu o que é um transe, este é um tipo de comando
instalado na mente pela própria pessoa através de um processo contínuo de
repetições.
Agora, se por um lado esses programas mentais facilitam a vida, por
outro a coerência mecânica pode também trazer grandes armadilhas da in-
fluência.
Um dos problemas da coerência é a sua “blindagem” contra o pensa-
mento cognitivo.
A lei do compromisso
Ao compreender que isso foi o que gerou todos os problemas de sua vida,
é coerente agora, não sair da igreja, pois é nela que você encontra soluções
para eles. E se os seus problemas são resolvidos, o que custa se comprometer
com as ações da igreja?
Algumas seitas religiosas pregam o apego aos bens materiais como uma
das causas do sofrimento humano.
Ao absorver essa informação sob estado de transe, inicia-se a pressão
interna de incoerência com a seguinte reflexão: “Quanto mais eu me des-
prender da matéria, mais perto do Divino eu fico.”
Você acabou de criar uma equação de coerência extremante poderosa!
Depois dessa reflexão, você expõe para o público as suas posses...
Bem, o resto você já sabe...
Ao ler estas estratégias, o que aconteceu com sua pressão interna de que-
rer saber mais sobre hipnose?
Você já imaginou o poder que você tem nas mãos e o bem que você pode
fazer pelas pessoas pelo simples fato de libertá-las destes tiranos mentais?
Sentiu essa vontade? Então prossiga com a leitura!
A lei da conformidade
rece que estou certo. Se tantas pessoas conseguiram resolver seus problemas
com uma doação, devo fazer o mesmo para resolver os meus!” Simples não?
No mercado de ações, uma decisão deve se basear em fundamentos e
não em especulações. Vamos supor que você tenha na sua carteira algumas
ações de uma grande empresa e que notasse um volume muito grande de
venda dessa ação. O que você faria? Se tomar decisões baseadas em especu-
lações, você estará sob o comando da lei da conformidade e estará nas mãos
dos especuladores do mercado que estimulam transações, ganhando, assim,
muito dinheiro.
Suponha que você vai ao shopping comprar um aparelho celular. Olha
em duas lojas, uma vazia e outra com uma fila de espera para ser atendido.
Se você não gosta de filas, sei que vai querer passar longe delas, porém, gran-
de parte das pessoas vai decidir ficar na loja com fila. Sabe por quê? Por cau-
sa da lei da conformidade. A resposta é óbvia. As pessoas pensam: “Se existe
uma vantagem nessa loja, eu também a quero. Não importa o que seja!”
Se ainda não entendeu essa lei, responda: Por que você, que é homem,
não usa calças “boca de sino” e você, mulher, não usa calças “ana-ruga”?
Bem, tomara que esses estilos de moda não voltem tão rapidamente para que
minha pergunta não fique sem sentido.
Você não usa esse tipo de calças, por mais que goste, para não ser ridi-
cularizado pelas pessoas.
Veja o poder que algumas pessoas conseguem inspirar nas outras: uma
nova forma de se vestir, de viver, de trabalhar... Elas conseguem usar de
forma sutil a lei da conformidade sem que os outros percebam o processo
de manipulação. Conseguem criar necessidades na mente humana e fazem
ofertas que se baseiam nesse novo conceito criado.
Entendeu a profundidade? É impossível resistir a uma proposta irre-
sistível! Existe uma corrente contra a sua forma de pensar, e é melhor não
tentar combater, apenas aceitar, comprar, usar e falar para as outras pessoas
também comprarem.
Como foi dito anteriormente, essa ferramenta pode causar uma mu-
dança no mundo para o nosso bem, mas também pode causar uma guerra
desenfreada que nos leve a um desastre social.
Na lei da conformidade existem duas condições de ação: a INCERTEZA
e a SEMELHANÇA.
Condições de incerteza
Em geral, quando há uma insegurança em relação a si mesmo, quando a si-
tuação é ambígua e a incerteza reina, a tendência é ver e aceitar as ações dos
outros como corretas e, muitas vezes, um fato sutil, mas importante, passa
despercebido: elas também estão analisando as conformidades sociais. Essa
tendência de ver o que os outros estão fazendo pode acarretar um fenômeno
fascinante chamado “ignorância pluralista”.
Você sabe por que um banco “quebra”? Se você for um formador de opi-
nião sobre investimentos, experimente falar dos possíveis riscos que algum
investidor teria se aplicasse o seu dinheiro em determinado banco. Se a sua
credibilidade for alta, haverá uma “corrida” de clientes nas agências para
sacar todo o dinheiro de um dia para outro. E nenhum banco tem liquidez
suficiente para suportar um grande volume de saques simultaneamente.
Em momentos de incerteza, a tendência natural das pessoas é observar
as ações dos outros para buscar pistas de como agir. Elas preferem acreditar
no princípio de que “onde há fumaça, há fogo”, sem questionar a origem
daquela fumaça.
Se pensar bem, em que ambiente você pode afirmar que não corre risco
de morte? Não é possível garantir que amanhã estaremos vivos, mas pode-
mos decidir qual ambiente desejamos ou não frequentar.
Vivemos em um mundo de incertezas, e os grandes influenciadores po-
dem exacerbar essas incertezas em nossas mentes simplesmente dizendo
“isso pode acontecer com você também!”. É impossível contradizer esta frase,
pois em um mundo de incertezas tudo pode acontecer, até mesmo o que
você esteja imaginando.
Então, quanto mais problemas você tiver em sua vida, mais incertezas
surgirão. É assim que se cria uma nova necessidade, e é por isso que as pes-
soas desejam ardentemente a palavra “solução”.
No mundo corporativo é fácil observar o “poder da fofoca”. Uma fofo-
ca é uma informação inserida em um ambiente para criar uma expectativa
positiva ou negativa. A rapidez com que a informação circula na corporação
é impressionante. Geralmente as fofocas têm uma conotação negativa e o
ambiente fica contaminado com a incerteza pairando no “ar”.
Existem líderes que têm a capacidade de fomentar uma fofoca, gerando
um ambiente de incertezas para, assim, poderem manipular a massa. É só
Condições de semelhança
A lei da conformidade funciona com mais força observando a conduta de
certas pessoas que são exatamente como nós. Essa conduta determina o
nosso comportamento, portanto, é mais provável seguir a liderança de um
indivíduo semelhante do que a de um indivíduo diferente.
Por isso há tantos depoimentos de pessoas comuns na televisão hoje em
dia. Você acredita na mensagem.
Os publicitários sabem que essa é uma maneira eficaz de vender um
produto para espectadores comuns (formadores do maior mercado em po-
tencial). Basta mostrar alguém elogiando aquele produto, seja uma marca de
sabão em pó, uma caneta ou uma fórmula para emagrecer, para você fazer
uma correlação rápida e fácil: “Se alguém como eu diz que é bom, então eu
também preciso ter isso!”
Sob a lei da conformidade, as ações dos outros determinam o nosso
próprio comportamento, especialmente se consideramos as outras pessoas
semelhantes a nós.
Darei alguns exemplos do cotidiano. Vamos imaginar que você tem um
filho adolescente. Qual a probabilidade de ele seguir o comportamento dos
amigos adolescentes? O que vai acontecer com ele se o seu grupinho de ami-
gos começar a fumar, beber ou se drogar?
Bem, você sabe o poder que o grupo tem sobre o seu filho. Essa é a lei da
conformidade dentro das condições de semelhança. O pensamento é sim-
ples: “Quero fazer parte da turma e, para isso, preciso ser como eles. Em que
eles são diferentes de mim? Já entendi...”
Mesmo que o filho seja rebelde em casa, ele vai ser submisso ao grupo,
pois se houver qualquer diferença no comportamento, o grupo pode excluí-
lo com facilidade.
Você acha que isso só ocorre com adolescentes? Sempre que você desejar
fazer parte de um grupo social, fará a mesma coisa. As mães, por exemplo,
A lei da autoridade
O que é um placebo?
A palavra placebo vem do latim e foi cunhada da Bíblia cristã, após vários
erros de tradução, diz o dr. Ben Z. Krentzman. O termo apareceu em primeiro lugar
no salmo 116 e foi adquirindo uma conotação científica nos dicionários ao longo
do tempo.
Hoje, o placebo é definido, em primeiro lugar, como uma substância inerte
ou inativa, a que se atribui certas propriedades (como as de cura de uma doença)
e que, se ingerida, pode produzir um efeito que suas propriedades não possuem.
Muitas pessoas que ingerem, por exemplo, uma pílula contendo nada mais que
amido com açúcar, ou um destes dois componentes, revelam melhoras de uma
doença, imaginando ter tomado um remédio feito especialmente para essa doença.
Mas o uso do placebo não está restrito à área científica ou à área das te-
rapias alternativas. Nossas avós conheciam muito bem os seus efeitos, quando
aplicavam suas “poções mágicas”, e usavam até mesmo suas histórias na hora
de dormir para curar as dores de seus filhos, um ensinamento popular que é
passado de geração em geração, sem questionamentos.
E, por fim, os próprios remédios, mesmo sendo fabricados com uma fórmula
capaz de combater determinadas doenças, podem, por qualquer erro de fórmula,
não curar tais doenças, mas se tomados para esse fim, podem ainda assim agir
como placebo.
texto retirado de 2004 Bibliomed, Inc.
A ilusão da escolha
dirigir. Hoje, você simplesmente dirige. Você confia na sua heurística, confia
que o seu processo decisório é seguro e infalível.
Vamos pensar juntos agora. Esse processo é 100% seguro? É impossível
para você causar um acidente? É impossível atropelar alguém? É claro que
não há como garantir isso, mas essa é a única forma de dirigir, principal-
mente em uma grande metrópole. Você que dirige na cidade de São Paulo, já
lhe disseram que quem consegue dirigir em São Paulo consegue dirigir em
qualquer lugar? Consegue porque nesta cidade estamos mais acostumados a
lidar com muitas variáveis no trânsito do que numa cidade pequena.
Pesquisadores que estudaram as várias heurísticas identificaram uma
série de deficiências na maneira de pensar ao tomarmos decisões. Algumas,
como a heurística no discernimento de objetos, são percepções sensoriais
errôneas; outras assumem a forma de preconceitos e outras aparecem sim-
plesmente como anomalias irracionais em nossa forma de pensar. O que
torna todas essas armadilhas tão perigosas é sua invisibilidade. Por estarem
instaladas em nosso processo de pensar, não conseguimos reconhecê-las —
mesmo quando somos apanhados diretamente por elas.
Neste capítulo, apresentarei alguns truques psicológicos possíveis de
utilizar na Proposta Irresistível. Você vai notar como é simples entender as
heurísticas do ser humano, fazer proposições e obter respostas com muita
rapidez. Mas é importante saber que, da mesma forma que você vai apren-
der a usar essas ferramentas, outras pessoas podem também utilizá-las para
fazer propostas irresistíveis a você. Assim como as pessoas não percebem
nenhum efeito manipulador ao responderem a sua proposta, elas também
podem lhe devolver de forma muito sutil na mesma moeda, sem que você
note qualquer efeito.
Segundo John Hammond, Ralph Keeney e Howard Raiffa, autores do
livro Decisões Inteligentes, existem algumas armadilhas psicológicas muito
comuns em nosso cotidiano, aplicadas frequentemente por aqueles que co-
nhecem a Proposta Irresistível. Vamos conhecê-las uma a uma, aprender a
aplicá-las e saber como prevenir-se contra elas.
Antes de explorarmos as armadilhas psicológicas, vamos fazer um pe-
queno diagnóstico para você entender a sua direção de escolhas e, possivel-
mente, a essência do seu processo decisório.
Coluna 1 Coluna 2
( ) Buscar ( ) Evitar
( ) Ousar ( ) Prevenir
( ) Lutar ( ) Defender
( ) Arriscar ( ) Manter
( ) Mudar ( ) Conservar
( ) Ganhar ( ) Não perder
( ) Mutável ( ) Imutável
( ) Alavancar ( ) Assegurar
( ) Aumentar ( ) Garantir
( ) Total coluna 1 ( ) Total coluna 2
Talvez você não aprecie esses tipos de frase. Provavelmente porque pre-
fere se aproximar do PRAZER. Veja outras formas de dizer as mesmas frases:
“Isto é para sair do prejuízo!”
“Busque a sua chance!”
“O produto oferece quais benefícios?”
“Você se arrisca a ganhar ou para agora?”
“Se você faz o que sempre fez, conseguirá o que sempre conseguiu!”
“A felicidade é feita de pequenos prazeres!”
Todas as armadilhas psicológicas contêm as direções de busca do
PRAZER ou do afastamento da DOR.
Para trazermos na mente da pessoa estes dois tipos de sensações, va-
mos abordar duas técnicas muito utilizadas no nosso dia a dia. Elas são tão
comuns que passam despercebidas. No entanto, são técnicas profundas de
hipnose se você souber utilizá-las com maestria.
Vamos falar de ancoragem e reframing.
Antes que você leia os próximos capítulos, vá descansar um pouco, não
continue a leitura, pois você pode querer ler sem parar... Não abra a próxima
página, pois o que vem em seguida não é o que você imagina.
Então, vamos para o próximo capítulo.
Ancoragem
“para
Um bom acordo é aquele que propicia ganhos
as pessoas. Faça as pessoas ganharem e
a sua proposta sempre será irresistível!
”
Você deve estar pensando: “Fazer a outra pessoa ganhar é fácil, o difícil é
fazer os dois lados ganharem!”. Este pensamento norteia todo um programa
de negociação eficaz. Adiante, em “As ferramentas da Proposta Irresistível”,
falaremos sobre como utilizar a ancoragem nos processos de negociação.
Em outro exercício, vamos supor que eu passe a você uma informação
ou alguns dados. Vamos ver como você concluiria o processo.
Você vai a uma loja de roupas masculinas e, ao entrar, olha os preços:
1. TERNO = R$ 3.000,00
2. SAPATO = R$ 450,00
3. CAMISA = R$ 300,00
4. GRAVATA= R$ 120,00
5. CINTO = R$ 30,00
1. CINTO = R$ 30,00
2. GRAVATA= R$ 120,00
3. CAMISA = R$ 300,00
4. SAPATO = R$ 450,00
5. TERNO = R$ 3.000,00
Dica
Quando for apresentar preços de produtos, apresente na ordem de-
crescente. Quando desejar enfatizar uma característica ou benefí-
cio de um produto, deixe para o final da apresentação.
Dica
Quando for comprar algo, inicie por uma condição mínima de ofer-
ta ou contraoferta. A evolução dessa condição mínima até a sua
condição máxima faz o vendedor ter a sensação de ganho.
âncora
compra âncora
zopa
âncora venda
reserva
Dica
Quando você determinar a sua manga e o acordo chegar nesse in-
tervalo, conclua que este é um bom acordo! Eu vou aceitar!!! Você
atingiu o seu objetivo, independentemente do tempo que isso le-
vou. Olhe apenas para você e o seu problema.
Dica
Quando tiver vários componentes para serem negociados, veja o
que você pode dar de desconto no todo e, depois, dê o desconto
baseado no menor valor da composição.
Dica
Assumir um pequeno prejuízo rapidamente pode fazer com que
você não o torne ainda maior!
Se você tem inclinações para a decisão, vai obter evidências que confir-
mem a decisão preestabelecida.
Não é assim quando o marido é traído pela mulher? Por que o marido
é sempre o último a saber? (Meninas, o inverso também é válido!). Porque
o marido (ou esposa) não quer enxergar! As evidências são ignoradas pela
mente, pois a conclusão é preestabelecida. Se enxergar tem que decidir, e
decidir dá trabalho.
Nesse tipo de âncora, percebemos claramente quando uma compra é
feita de forma impulsiva e emocional: as pessoas vão encontrar uma forma
de justificar a decisão de forma racional. Nós, homens, sempre conseguimos
justificar a compra do nosso almejado carro, não?
Veja outros exemplos disso:
• O sítio onde você vai todo fim de semana... Seus amigos reclamam
que você não os convida mais!
• O barco que você sempre usa... Os marinheiros dizem que não estão
trabalhando!
• A casa de praia que você curte assim que o sol aparece... Tem muita
coisa enferrujando!
Dica
Quando você tem um desejo de compra, lembre-se de que todo pra-
zer tem um custo!
O ressignificado do
significado – Reframing
Este é o caso das sandálias Havaianas. Você notou que não há alterações
significativas no produto em si, mas sim uma mudança de conceito?
Vamos pegar um exemplo de enquadramento de produtos:
Uma caixa de bombons da Kopenhagen e uma caixa de bombons de
uma marca qualquer. Se o frame é bombom, é caro ou não comprar um
Kopenhagen? Neste frame, estão todos os tipos de bombons. Sua decisão
está enquadrada em bombons.
Mudemos o frame agora. Hoje é Dia das Mães. Que caixa de bombons
você vai dar para sua mãe? A não ser que você esteja “duro”, uma boa opção
seriam os chocolates da Kopenhagen. No frame presentes, os bombons da
Kopenhagen poderiam ser comparados com roupas, bijuterias finas ou bol-
sas... O que aconteceu é que você escolheu um presente e não bombons, e
deve ter pensado “Ela merece!”.
Essa técnica faz os vendedores tirarem da mente do consumidor a obje-
ção por desvantagem com muita rapidez.
Você pode utilizar a técnica do reenquadramento (reframing) em várias
situações:
• Em resolução de conflitos, quando você deseja refazer a percepção do
conflito;
• Em mudança organizacional, quando você precisa alterar o rumo da
organização;
• Em desenvolvimento de produtos, quando você precisa inovar a sua
linha de produtos;
• Em vendas, quando você precisa dizer que o seu produto é o mais
caro do mercado;
• Em solução de problemas, quando não existirem caminhos lógicos;
• No coaching, quando você precisa ressignificar recursos e potenciais
latentes e não reconhecidos pelo seu coachee;
• Na vida, quando você se desespera por uma perda, seja de um ente
querido, seja de dinheiro, poder, status ou simplesmente um emprego.
A mudança de frame faz as pessoas olharem a vida sob outra perspec-
tiva. Algumas coisas serão altamente valorizadas e outras perderão o valor
instantaneamente.
A técnica da segmentação
Os grandes negociadores conseguem conduzir a navegação de frames com
muita sutileza e elegância. A técnica de navegação de frames é denominada
segmentação. A segmentação tem como objetivos primordiais:
• Criar contextos altamente atrativos para o interlocutor.
• Aprofundar nas insatisfações e problemas do interlocutor.
• Fazer mudanças de significados dos frames do interlocutor.
• Manter a conversação sob controle, se aprofundando no momento
certo, generalizando quando houver impasses e ressignificando quan-
do houver necessidade da mudança de percepção.
O grande atrativo de uma proposta irresistível é o impacto que ela gera
em termos de solução humana. Por isso é importante sabermos o que é uma
palavra “mágica”. A palavra é mágica porque ela é um estereótipo de busca
humana incessante, ou seja, são atributos vinculados às necessidades huma-
nas (Pirâmide de Maslow). E são eternos, enquanto duram! Isto é, até que os
frames de felicidade e sucesso se alterem na sociedade onde vivemos.
Nesse nível, a conversa precisa atingir patamares bem genéricos. Nes-
se segmento, é preciso que o contexto seja o da pessoa, no entanto, de um
modo bem amplo, para que em seguida você dirija a conversação para o
seu objetivo. Nessa condução, o frame deverá estar abaixo do inicial. Você o
segmentou para baixo.
No primeiro nível de segmentação, o contexto é sobre a economia, o
mercados e seus setores, os impactos socioeconômicos, o clima organizacio-
nal, a matriz mundial, a família...
A condução para o nível desejado precisa de um link com algo maior que
o problema da discussão. Isso tanto pode demorar alguns segundos como
pode demorar horas, mas é importante sempre iniciar por uma segmenta-
ção maior, para que você vá desarmando as estruturas de proteção da pessoa.
Falar em amplos universos de informação significa falar de maneira
mais global e genérica. Quanto mais global for o segmento, maior é a chance
de entrar em conexão com o interlocutor. Todo orador de massas fala no
segmento amplo, pois assim ele atinge as grandes necessidades. Preste aten-
ção num discurso político, numa pregação evangélica ou mesmo em um
palestrante motivacional. Quanto mais amplo for o discurso, mais hipnótico
ele deve ser. A linguagem deve ser tão genérica a ponto de não oferecer re-
sistência nenhuma à plateia.
Falar em universos de informação menores significa ser mais específico.
Nesse segmento, estaríamos já tratando dos pontos diferenciais da negocia-
ção ou descrevendo os pormenores de um contrato.
Falar no mesmo universo, exemplificando com assuntos correlatos, sig-
nifica dar mais riqueza à questão.
Os grandes negociadores além de saberem as estratégias, sabem como
navegar nos frames; subindo quando ocorrer discordância, descendo quan-
do houver acordos e lateralizando para gerar outras formas de enxergar o
mesmo conteúdo.
Quando você encontrar resistências no nível de segmentação desejado,
você precisa utilizar as técnicas de reframing vistas anteriormente.
Veja um trecho de segmentação:
A: “A economia brasileira este ano está em franco desenvolvimento.”
B: “Nos setores têxteis, podemos dizer que o nível de emprego aumen-
tou em razão da alta demanda para o Mercado Europeu.”
A: “E falando em mercados, qual o posicionamento de vocês no merca-
do norte-americano?”
B: “Especificamente no mercado norte-americano, estamos esperando
algumas respostas de propostas do náilon XYZ.”
A seguir, outro exemplo de segmentação de assuntos:
ou um café
Primeiro a vendedora não tinha nenhum vestido preto. Mas não falou isso
para a cliente. Por quê? Porque ela queria investigar as necessidades em primei-
ro lugar. Ela foi buscar o problema e, em seguida, entendeu a necessidade. O
problema era que a cliente precisava de algo que fosse elegante e formal. E para
solucioná-lo, a cliente gostaria de um vestido preto. O vestido preto é uma das
formas de solucionar o problema. Mas, será que é a única?
Para verificar isso, a vendedora utilizou perguntas bem dirigidas, es-
clarecendo o problema da cliente. Em seguida, fez um reframing do proble-
ma utilizando a segmentação lateral, e só então a vendedora pôde oferecer
outros produtos que solucionariam o problema de elegância e formalidade
descartando a necessidade preestabelecida de um vestido preto.
Verifique abaixo o poder de algumas palavras:
A linguagem da hipnose
merados. Uma coisa é certa — e os estudiosos sobre liderança não têm mais
dúvidas disso —, a maior competência dos grandes líderes é sua capacidade
de mobilizar pessoas. Isto só se faz através de técnicas profundas de comuni-
cação que até hoje foram pouco exploradas sob o ponto de vista da hipnose.
A linguagem afeta a forma da mente processar internamente um pensa-
mento, o que por sua vez afeta a forma de se comportar e se emocionar. Ao
falar, você orienta os processos internos e a atenção do ouvinte.
Quando você influencia alguém, está alterando os níveis de percepção e
de julgamento dessa pessoa. O que talvez você não saiba é que essa alteração
na mente é mútua! Ou seja, para conseguir fazer isso, você também altera o
seu estado mental.
O propósito deste livro é fazer com que você tenha consciência o tempo
todo — independentemente de estar ou não influenciando pessoas. Se você
deseja aprender uma técnica, precisa estar consciente do resultado; não cul-
pe os outros se não conseguir atingir o fim desejado, assuma a responsabili-
dade pelo resultado. Nada é acidental, o foco deve estar sempre no resultado
final. Quanto mais pudermos aprender no processo, mais “craques” ficare-
mos na arte de influenciar pessoas.
Você vai notar que ao utilizar a hipnose, você está vendendo alguma coi-
sa. Um conhecido mestre de vendas disse que nada acontece neste mundo
até que alguém vende alguma coisa a alguém. Seja oferecendo produtos ou
serviços, promovendo uma ideia, candidatando-se a um cargo ou tentando
persuadir os filhos a fazer a lição de casa, você está sempre envolvido em um
processo de venda.
Existe uma metodologia nos treinamentos de vendas que segue um es-
quema denominado AIDA:
AIDA
Atração: Em vendas, este é o primeiro componente do processo. Atração
é a capacidade de transformar o invisível em visível. Em vendas, é preciso
desbalancear a equação de poder, é preciso despertar o querer do compra-
dor. Para isso, é preciso prender a sua atenção. Tornar algo visível significa
trabalhar no design e não no conteúdo. A pergunta que devemos fazer é:
como obter a atenção do comprador?
razões — e isso é incrível, pois geralmente não são. O mais absurdo é con-
cluir que as razões não são produtos de uma escolha consciente.
Uma frase que sempre utilizo em meus treinamentos de Gerenciamento
de Conflitos é:
“Astomar
pessoas sempre têm suas razões para agir e
decisões. Mas podem estar erradas!
”
Uma questão muito importante quando você está discutindo com al-
guém é entender como é o nosso processo de conclusão. Toda conclusão
sempre tem um fundamento e, geralmente, quando discutimos não aceita-
mos os fundamentos dos outros, por isso divergimos.
Ao falar de razão estamos também falando de lógica e ao falar de lógica
estamos falando de racionalidade. Então o que é lógica? Lógica é tanto ver-
dade como ficção. Realidade e ilusão. Mágica e mistério. Então, o que parece
lógico para mim pode não parecer lógico para você.
A lógica não existe no abstrato, mas existe nos olhos dos lógicos.
Nunca julgue a lógica de alguém. As lógicas são os fundamentos que
fazem alguém agir. As lógicas são as hipóteses que direcionam a tese de
uma ação.
Agora chegamos à parte onde estão concentradas as “técnicas da Pro-
posta Irresistível”. Você vai conhecer as ferramentas disponíveis que pode-
rão ser utilizadas em vários momentos da sua vida como negociador.
AS FERRAMENTAS
da Proposta Irresistível
“Emuma
qualquer interação, sempre que se identifica
resistência, é sinal de falta de rapport.
”
O grande objetivo do rapport é eliminar qualquer tipo de ameaça na
mente do interlocutor para que possamos fazer perguntas e entender os seus
mapas mentais e, assim, fazer uma proposta que esteja sempre adequada ao
seu processo decisório.
Para estabelecer o rapport com alguém é necessário dois comportamen-
tos essenciais; primeiro, ter uma intensa curiosidade pelo mapa mental da
outra pessoa e, segundo, querer estar conectado com a sua mente.
Para ter essa curiosidade é importante que estejamos ativos na conversa.
É importante estar predispostos a ouvir e querer entender com profundida-
de o mapa mental da pessoa.
Para estabelecer conexões com o interlocutor é necessário sair da nossa
posição e ficar na posição da pessoa. Isso exige abandonar “temporariamen-
te” as nossas crenças, valores e pensamentos.
Vamos então primeiro entender como ficar atento às mensagens que o
interlocutor está pretendendo nos passar. Esta é a técnica da escuta ativa.
deixar a pessoa manifestar esta necessidade. Isto não é óbvio? Mas parece
que para alguns vendedores isto ainda não está fixado em suas mentes. Al-
guns vendedores ainda acham que falar mais do que o cliente é uma boa
tática de vendas.
Estes vendedores pensam que aquele que fala é percebido como quem
está conduzindo a conversa. Na verdade, é exatamente o oposto. Se você
sabe ouvir, vai ter muita influência na conversa. Ouvir bem dá trabalho. É
uma atividade mais mental do que física.
O vendedor inteligente ouve as emoções, não os fatos.
Infelizmente, a maioria de nós não ouve. Ficamos falando e falando até
o ponto em que realmente extrapolamos. Isso é um problema porque, na
maior parte das vezes, ultrapassamos o ponto em que o cliente está disposto
a comprar. Falando demais, acabamos comprando o produto de volta.
Ouvir não é fácil. Pensamos (isto é, ouvimos) 10 a 12 vezes mais rápido
do que falamos. Concentrar-se no que uma pessoa está nos dizendo, em vez
de tirar conclusões precipitadas ou pensar em alguma coisa, exige esforço.
Faça um pequeno teste para saber se você é um bom ouvinte:
Ouça a história de um amigo. Perceba como se sente ficando quieto.
Que reações percebe em quem está falando? Quanto tempo consegue conti-
nuar ouvindo antes de ter alguma coisa para falar?
Se você não suporta um pequeno silêncio, não pode perceber outras
coisas além das palavras da pessoa e não consegue ficar quieto sem dar a sua
opinião ou feedback, me desculpe, mas você é um péssimo ouvinte.
Vamos então lhe dar algumas recomendações que podem ajudá-lo a se
tornar um ouvinte melhor. São oito comportamentos que têm como objeti-
vos fazer a outra pessoa se abrir com mais facilidade, contar suas histórias
sem se sentir julgado e também se expressar na forma mais espontânea pos-
sível. Os comportamentos são:
1. Valorize e tenha interesse pela pessoa e pelo conteúdo que está sendo
falado. Lembre-se que o seu objetivo é fazer-lhe uma proposta irresistí-
vel. Conforme a lei da reciprocidade, descrita no capítulo “As leis da co-
municação inconsciente”, é preciso fornecer algo para que o interlocutor
lhe retribua. É disto que estamos falando ao mencionar que é preciso ter
interesse no interlocutor. Se desejamos que ele tenha interesse em nós é
preciso primeiro que tenhamos interesse nele.
Eu sei que no início de uma interação é difícil não julgar, mas experi-
mente filtrar o seu processo de julgamento e apenas observar o conteúdo
e a forma; segure o seu julgamento o máximo que puder. Basta lembrar-
se de uma coisa importante: é você que deseja influenciar, então é você
que precisa conquistar a confiança.
2. Ouça além do que está sendo dito. Um dos segredos dos negociadores
de sucesso é a sua capacidade de “ouvir as entrelinhas”. Isso significa que,
para alguém expressar um pensamento, é necessário uma congruência
entre as palavras, o tom da voz e toda a expressão corporal. Quando essa
equação não está coerente, o conteúdo das palavras pode significar tudo,
menos aquilo que a pessoa está tentando dizer. Descobrir isso exige uma
atenção total ao interlocutor.
3. Procure ouvir a verdade. Quando dizemos que estamos prontos para
ouvir, devemos estar disponíveis para a mensagem que virá do interlocu-
tor. Se nos colocarmos numa posição de defesa, não estaremos prontos
para receber a mensagem. Precisamos acreditar que a mensagem recebi-
da é sempre verdadeira do ponto de vista do interlocutor, pois a sua per-
cepção, seus valores e suas crenças tornaram essa mensagem verdadeira
para ele. Não entender esse ponto significa que não estamos prontos para
ouvir, mas sim para contra-argumentar.
Às vezes, as pessoas em situações conflitantes ficam emocionalmente
abaladas ao tentar falar suas verdades, colocando-as de uma forma tão
agressiva que nos fazem querer devolver da mesma forma que as rece-
bemos. Quando isso ocorre, a imagem de vítima e vilão fica visível na
mente da pessoa. O que recomendo é não tentar alterar rapidamente a
figura de vilão e sim dar vazão para o que ela está dizendo. Após essa
vazão, é possível fazer uma dissociação da figura do vilão, tornando-o
mais humano, com sentimentos tão intensos quanto os dela. Se conseguir
fazer isso, perceberá que é fácil perdoar o que foi dito para, então, poder
conversar sobre a história criada pela pessoa.
4. Limite o tempo em que você fala. Segundo pesquisas sobre retenção de
atenção, a capacidade de atenção de clientes potenciais é, em média, de
30 segundos. Mas parece que este número está ficando cada vez menor.
Observe uma propaganda na TV e verifique o seu tempo total.
Parafraseando conteúdos
Segundo o dicionário Aurélio, parafrasear significa interpretar um texto
com as próprias palavras, mantendo o pensamento do original.
Conforme você pode perceber nos textos acima, a paráfrase é uma ati-
vidade de reformulação de partes ou da totalidade de um texto. É um me-
canismo sintático para criar alternativas de expressão de um mesmo conte-
údo. Há várias maneiras de elaborar paráfrases e transformar um enunciado
“A” em um enunciado “B”. Observe os exemplos a seguir:
Exemplo 5: Um cliente com uma objeção: “Este preço não está compatível
com o que fizemos no ano passado.”
Paráfrase: “Sim, este preço não está compatível com o que trouxemos de
receita para você no ano passado.”
Explicação: Leva o cliente a repensar na alavancagem de receitas e não no
custo.
Escuta compartilhada
Você já foi alvo de milhões de perguntas feitas por um vendedor? A sen-
sação é de estar diante de uma metralhadora. Ninguém gosta de comprar
sentindo-se pressionado. No capítulo “As perguntas são as respostas”, vere-
mos que as perguntas bem feitas são imprescindíveis para se fazer uma pro-
posta irresistível. No entanto, é preciso saber o momento certo de fazer tais
perguntas, ou seja, quando o interlocutor estiver à vontade com você sem se
sentir pressionado para tomar alguma decisão. Nesse ambiente, desfrutando
de uma boa conversa, certamente ele perceberá que não tem nada a perder
ao expor suas reais necessidades.
Na escuta compartilhada, a pessoa percebe que não há uma relação en-
tre comandante e comandado. Ao contrário, existe uma troca de informação
Você já se perguntou por que não consegue fazer com que as pessoas respon-
dam às suas perguntas? Pode ser por duas razões: ou você não fez a pergunta
correta ou você a fez num momento inadequado.
Fazer boas perguntas não significa apenas saber qual é a pergunta corre-
ta, mas também qual é o momento certo de iniciar o processo de investiga-
ção. Você já sabe que, em negociação, quem faz as perguntas tem mais poder.
Quando o ambiente é de competição ou de desconfiança, fornecer informa-
ção parece ser um péssimo negócio. É por isso que descobrir as “agendas
ocultas” é uma boa estratégia quando você estiver negociando com pessoas.
Geralmente as pessoas têm medo de dar informação porque se sentem
frágeis perante o interlocutor. E é exatamente esse tipo de comportamento
que cria um impasse de negociação.
Pergunte qualquer coisa a alguém e a pessoa ficará em estado de alerta
caso a preocupação subjacente à sua pergunta a envolva pessoalmente. A
pressão psicológica gerada pela indagação, em geral, faz a pessoa sentir que
alguém está tentando controlar sua vida, principalmente quando você faz a
pergunta Por quê? Esse é o tipo de pergunta direta para saber o motivo do
argumento ou de uma ação. Mas o motivo de uma ação muitas vezes não
pode ser revelado numa negociação.
As pessoas que sabem fazer perguntas sabem que precisam ter cuidado:
uma pergunta mordaz pode colocar a conversa inteira a perder. A arte do
questionamento está em respeitar, ao mesmo tempo, o que e quem se inspe-
ciona. Isso deve ser feito de tal forma que as suas indagações não intimidem
nem manipulem a pessoa.
Ao buscar informações, você pode gerar situações que podem mexer
com o ego das pessoas.
Quem tem habilidade para negociar sabe que precisa criar um ambiente
de alta cooperação para iniciar o processo de investigação. O interlocutor
precisa ter certeza de que a informação passada será revertida para ele pró-
prio. Qualquer iniciativa contrária vai gerar desconfiança, e a informação
não emerge para que se criem soluções para o fechamento da negociação.
No capítulo “Como desarmar pessoas sem usar armas”, abordo com
mais detalhes os aspectos comportamentais que podem desativar todos
os mecanismos de defesa, proporcionando um ambiente de alta confiança,
sem o qual é impossível levar a pessoa a um transe para abrir as “agendas
ocultas” do interlocutor.
Para todas as técnicas apresentadas em seguida, lembre-se de que elas só
funcionarão se você já tiver conquistado esse ambiente de confiança.
Os tipos de perguntas
Existem várias formas de se fazer uma pergunta, mas não existe nenhuma
separação entre elas capaz de dizer que uma é melhor do que a outra. Tudo
depende do grau de liberdade que você quer conseguir com a resposta.
Por exemplo, considere as seguintes questões:
1. “Conte-me sobre o carro.”
2. “Conte-me sobre a cor do carro.”
3. “Diga-me se o carro era vermelho.”
Perguntas fechadas
As perguntas fechadas são questões que selecionam o assunto ou limitam o
âmbito de uma resposta. Elas buscam dados específicos. Por exemplo:
1. “Qual braço está doendo?”
2. “Qual era a velocidade do carro azul?”
3. “Quantos empregados estão propensos a paralisar caso você mude a
fábrica para um novo local?”
No entanto, para outras pessoas esse tipo de pergunta pode criar alguns
embaraços. Talvez elas não saibam se explicar ou, então, podem realmente
não saber dar a resposta. Isso pode causar um constrangimento.
Pessoas assim podem achar as perguntas fechadas “mais fáceis” de res-
ponder. Com a pergunta fechada é mais fácil identificar o que se deseja e o
contexto é facilmente perceptível. A pessoa limita-se a uma quantidade res-
trita de informações para responder. Portanto, para algumas pessoas, as per-
guntas fechadas podem proporcionar uma maior motivação para a resposta.
3. As perguntas fechadas podem proporcionar uma maior motivação do
que as abertas. Quando os contextos forem nebulosos, ou quando o clima da
conversa não for amistoso, você pode utilizar perguntas fechadas para adiar
a discussão sobre assuntos sensíveis.
4. As perguntas fechadas permitem “pôr os pés” dentro de temas sensí-
veis ou desconfortáveis. Quando você sabe ou suspeita que a pessoa se recu-
sa a discutir um tema específico, utilize as perguntas fechadas para procurar
o tópico de início da conversa para, depois, explorar as respostas apresenta-
das pelas perguntas abertas.
Perguntas estratégicas
As perguntas são as respostas quando sabemos o que queremos saber.
Aqui você vai descobrir como fazer perguntas de forma a extrair infor-
mações estratégicas. Uma proposta se torna irresistível quando você oferece
uma solução na forma em que a pessoa está acostumada a decidir.
Saber fazer boas perguntas simplifica o caminho para a proposta irre-
sistível.
Perguntas indutivas
As perguntas indutivas levam a pessoa a dizer aquilo que você quer que elas
digam. O propósito é conduzir a pessoa para um caminho predeterminado
com poucas opções de respostas.
Perguntas indutivas devem ser utilizadas quando o rapport é intenso.
Como são indutivas, podem gerar resistência com muita facilidade. Portan-
to, é recomendável que o clima seja propício. Se não houver rapport, não faça
esse tipo de pergunta!
Vamos analisar algumas formas de perguntas indutivas:
a. Com carregamento de informação.
b. Com polarização de direção.
c. Com negativação da afirmação.
d. Usando afirmações como perguntas.
e. Com antecipação de respostas.
f. Com pressuposições ocultas.
a) Carregamento de informação
É quando você começa uma pergunta com uma carga de afirmação para
influenciar a resposta, acompanhada de um frame de alto impacto para a
pessoa. Aqui a criação de um frame estabelece um estímulo mental para, em
seguida, inserir a pessoa dentro desse frame. Veja os exemplos a seguir:
“Tendo em vista o grande aumento de assaltos a residências nessa área,
qual sua opinião sobre os alarmes domésticos contra roubos?”
“Nossos clientes tiveram dificuldades com X... O mesmo aconteceu com
você?”
Outra variação é a pergunta baseada em números:
“Em uma recente pesquisa, constatou-se que 90% das pessoas estão insatis-
feitas com sua atual mobília. Qual é a sua opinião a respeito?”
“As pesquisas dentro do setor indicam que mais de 80% das indústrias
apresentaram problemas com Z... E vocês, como estão resolvendo esse tipo de
problema?”
b) Polarização de direção
É uma pergunta fechada que força uma resposta direcionada: sim ou não. A
resposta é usada como aceitação de uma condição não expressa.
Por exemplo:
c) Negativação da afirmação
São perguntas formuladas na forma negativa com o propósito de desafiar
uma contradição. Utiliza-se aqui a lei da coerência. A estrutura da pergunta
predispõe a pessoa a responder SIM, apesar da negativa. Por exemplo:
“Você não concorda com esse ponto?”, ou
“Não é verdade que você gostaria de...?”
Se a pessoa discordar, corre o risco de parecer tola, pois a pergunta su-
gere uma opinião universal contrária.
e) Antecipação de respostas
Acontece quando quem faz a pergunta deseja uma resposta específica ou
conseguiu a informação antecipadamente e quer parecer bem informado.
Nesse tipo de pergunta é importante ter, de antemão, alguns parâmetros
para não correr o risco de receber como resposta um NÃO.
“Quantas pessoas você emprega, cerca de quinhentas ou mais?”
“Quando você compra um carro, o importante é a segurança, certo?”
f) Pressuposições ocultas
É quando você faz uma pergunta, mas o cliente precisa aceitar uma condição
oculta para responder.
A pressuposição oculta é muito utilizada para induzir ao transe. A per-
gunta é um comando oculto travestido. Qualquer escolha que você fizer o
direcionará para o objetivo do hipnotizador.
Essa estrutura é muito eficaz, pois o hipnotizado tem a percepção de que
ele tem escolhas e, portanto, tem o poder de recusar uma das alternativas.
Chamamos esse tipo de questão de a “ilusão da escolha”.
A articulação mental utilizada aqui é o OU.
Veja alguns exemplos de uma indução de transe:
“Você prefere entrar em transe nesta cadeira ou naquela poltrona?” (Você
vai entrar em transe...)
“Eu fico curioso para saber qual será o momento em que você vai relaxar
e permitir que toda a sua visão se torne cada vez mais embaçada.” (Você vai
relaxar...)
“O importante é você se manter no controle, até o ponto em que possa na-
vegar na sua velocidade e quando quiser. Pode, agora, se acomodar, relaxando
todos os seus músculos.” (Você vai relaxar...)
Perguntas-chave
Com frequência, a má comunicação ou alguns conflitos são resultado de
uma mesma palavra, significando coisas diferentes para pessoas diferentes.
Quando lhe disserem que alguma coisa “precisa” ou “deve” ser feita,
você pode explorar as consequências, pois elas podem não ser tão desastro-
sas quanto se imagina.
“O que aconteceria se não fosse...?” ou
“O que aconteceria se fosse...?”
Se “precisar” é uma simples cerca de madeira, então, “não poder” é uma
parede de tijolos. Ela indica uma regra muito mais forte. “Não posso decidir
ainda” ou “Não podemos fazer o pedido agora” soam definitivas.
Quando então lhe disserem “não posso”, pergunte sobre possíveis obs-
táculos e problemas:
“O que o impede de fechar o negócio?”
A pergunta “o que o impede?” leva a pessoa a dizer diretamente o obs-
táculo ao acordo. Quando essa resposta é dada na mesa de negociação, os
negociadores criam um ambiente de alta sinergia, pois conseguem agora es-
tabelecer o inimigo em comum. Estabelecido o inimigo em comum, o am-
biente se transforma em alta colaboração.
Como já dissemos no início do capítulo, fazer perguntas é essencial para
a Proposta Irresistível, mas muitas vezes fazemos a pergunta que deve ser
feita e a resposta não é suficiente para fazer uma boa proposta. Então, o que
falta? A resposta é simples: é a forma e não o conteúdo que fará a pessoa res-
ponder o que você deseja. Para isso, apresentarei duas formas interessantes
de fazer perguntas que não geram nenhuma ameaça para o interlocutor: as
perguntas de acompanhamento e a suavização das perguntas.
Perguntas de acompanhamento
São utilizadas para abrir possibilidades, resumir pequenos acordos, enfatizar
as soluções das objeções e conduzir a negociação.
As perguntas de acompanhamento também são perguntas disfarçadas,
pois a resposta do interlocutor sempre será SIM, a não ser que você esteja
fazendo uma pergunta fechada.
Elas são importantes para que o interlocutor inicie o processo de dizer
SIM para você. Além disso, elas incluem:
1. Acompanhamento de experiências sensoriais. Comente coisas que
acontecem à sua volta.
“Me parece que você gosta de esportes, não?” (você notou alguma
coisa no ambiente para falar isso).
2. Obviedades e afirmações sobre FATOS: com frequência usados para
recapitulação antes da condução para uma nova ideia.
“É lógico que você não deseja perder estes R$ 2 milhões, não é ver-
dade?”
“A operação financeira é muito simples....”
3. Construção do SIM REPETIDO ou um conjunto de pequenas con-
cordâncias.
O sim repetido é uma indução poderosíssima, chamado de YES SET.
O YES SET é um conjunto de três afirmações seguidas de um fecha-
mento conclusivo com a palavra ENTÃO AGORA...
A palavra ENTÃO tem o poder de concluir um processo. Ela fecha a
equação deixada no inconsciente. Quando você abre questões para o incons-
ciente é necessário que haja uma conclusão. E quando a conversa está nesse
nível, o inconsciente absorve a equação e fica aguardando o seu fechamento.
A palavra que fecha é ENTÃO...
A palavra AGORA define uma ação imediata. Ela separa o antes do de-
pois e é decisiva para que a ação aconteça nesse momento.
Observe um exemplo de indução de transe rápido depois do rapport:
“Você pode perceber como vão ficando seus pés...”
(A resposta são os pés mexendo)
“E vai observando também todos os sons do ambiente...”
(A resposta é o movimento da cabeça capturando sons)
“E verifica que os olhos conseguem ver tudo que está a sua volta...”
(A resposta são os olhos percebendo a informação)
“ENTÃO, AGORA você pode ir fechando os seus olhos e, quando se sen-
tir pronto, pode, no seu tempo, ir descendo cada vez mais para o que você
entende como profundo...”
Este é um exemplo clássico de hipnose que, se você praticar, induz rapi-
damente a pessoa a um transe rápido, exatamente como está descrito acima.
Agora, veja um exemplo de conclusão de uma negociação:
Reflexão + q
uestão
PACING LEADING
Como conduzir
qualquer diálogo
Articulações mentais
Uma forma elegante de fazer o Pacing & Leading é utilizando as articulações
mentais. As articulações servem para fazer a “passagem de níveis” de modo
que haja compreensão lógica na exposição dos conteúdos e frames.
Para exemplificar as articulações verbais, vamos analisar uma dança de
salão. Suponha que você seja o homem na dupla, o condutor da sua parceira.
Se a sua parceira não sentir segurança na sua condução, ela não vai fazer o
movimento esperado.
Os grandes dançarinos de salão sabem iniciar uma valsa e podem finali-
zar a dança com um samba, sem a parceira notar o momento da mudança do
ritmo. Para isso, é necessário a parceira abandonar uma regra de estilo para
entrar em outra regra de estilo de dança. Se isso não ocorrer, o dançarino
não vai conseguir conduzi-la para o samba.
Essa é a ideia da articulação. As articulações servem para fazer mudan-
ças de direção mental — ou, mudanças de drive mental. O objetivo é fazer
o leading com uma suavidade tão elegante que a pessoa nem percebe quem
está no pacing e quem está no leading. Esta é a sensação captada pelo incons-
ciente: não existe ameaça ao seguir uma nova direção.
É a mesma sensação de uma criança dando a mão para os pais ao atra-
vessar uma rua; a segurança é tanta que ela permite que os pais a guiem.
O segredo da transição não é apenas utilizar as palavras de articulação,
mas também fazer mudanças na expressão corporal e no tom de voz.
No quadro a seguir, há uma quantidade de articulações que você pode
utilizar ao falar e, também, ao escrever. Note que você precisa saber qual a
direção desejada para utilizar a articulação correta.
Leading
1 2 3
INÍCIO MEIO FINALIZAÇÃO
(E, OU...) (COMO, ENQUANTO, À (FAZER, CAUSAR
MEDIDA QUE, QUANDO, FORÇAR,
DURANTE) REQUERER)
GR: “Sr. José, tenho notado que o senhor vem sempre na agência com muita
pressa. Como estão os negócios?”
CL: “Sim, é verdade. Eu não tenho tido tempo para nada. Os negócios me ab-
sorvem demais... Estou sempre na correria.”
GR: “Aqui na agência também está a mesma correria de sempre. E as corridas
matinais, o senhor parou?”
CL: “Pois é... Isso está me deixando de mal humor, estou sem tempo para cui-
dar de mim. A corrida matinal me dá energia para lidar com o dia a dia
turbulento que nós vivemos. Mas eu vou voltar.”
GR: “Sr. José, o senhor precisa cuidar da saúde. Sem saúde nada funciona di-
reito. Não é verdade?
CL: “Sim. Eu sei disso.”
GR: “Sr. José, enquanto a gente pode ter o controle da nossa saúde é bom sem-
pre tomar as rédeas de nossa vida. No entanto, existem momentos em
que o fator surpresa pode nos pegar de calças curtas, não é verdade?
CL: “É, vira e mexe eu sou pego de calças curtas no meu negócio”.
GR: “Sr. José, pensando com mais amplitude na sua vida, é importante que o
senhor também proteja a sua família de qualquer eventualidade. Existem
coisas que controlamos e outras coisas que não dependem de nós. Não é
verdade?”
CL: “Sim, é verdade. E o que você tem para proteção familiar?”
GR: “Eu tenho algo que realmente vai deixar o senhor bem tranquilo quanto
a sua família. E mais que isso: é um investimento mensal que não vai
impactar em nada no seu fluxo de caixa.”
CL: “Mesmo? Me fale um pouco mais!”
A articulação MAS
No quadro das articulações, existe um bloco com objetivos de CONTRAS-
TE e OPOSIÇÃO.
As articulações de OPOSIÇÃO têm o poder de eliminar mentalmente
a primeira estrutura da frase, deixando bem clara a sua posição. No caso de
uma conversa conflituosa, quando você utiliza a articulação MAS, a tensão
pode aumentar, dependendo da ordem da primeira frase.
Por exemplo, se numa conversa alguém disser:
“Você é um cara legal, mas precisa se concentrar mais”, o cara legal fica
apagado na mente da pessoa. Essa informação é irrelevante para o resto da
frase.
Você já deve ter ouvido alguns líderes iniciarem seus feedbacks assim:
“Eu sei que você é um excelente negociador, mas...”, ou então, “Você fez um
excelente trabalho, mas...” e o resto da conversação fica por conta daquilo
que você não sabe ou não conseguiu fazer.
Tudo o que vem antes do MAS é apagado na mente do ouvinte. A per-
cepção de quem recebe o MAS é de que algo desconfortável virá depois.
No entanto, também é possível gerar o MAS positivamente se eu trou-
xer uma informação desconfortável antes e finalizar com uma informação
positiva.
“Eu sei que você não está bem hoje, mas amanhã eu tenho certeza de que
você vai vender o dobro do que sempre vendeu.”
Ao utilizar os recursos positivos da pessoa antes do MAS, minimizan-
do o que vem em seguida, você maximiza a informação negativa. Então, se
você deseja fazer o leading positivo, inicie a interação com a informação des-
confortável primeiro, conecte com uma oposição e, depois, conduza para o
frame positivo.
Vejamos o exemplo de um leading positivo após uma reunião de nego-
ciação:
“O resultado da reunião não foi o que esperávamos, MAS eu sinto que, se
trabalharmos incessantemente naqueles pontos desejados, poderemos con-
cluir a negociação antes do tempo previsto.”
Ao utilizar o MAS nesse caso, o resultado negativo foi apagado da mente
e o que ficou no inconsciente foi uma ação positiva para trabalhar nos pon-
tos desejados.
Em uma discussão, a palavra MAS surge nos momentos em que há uma
oposição à mensagem recebida, criando um ambiente de disputa. Fica claro
que haverá um vencedor e um perdedor. Se quiser gerenciar conflitos, essa é
uma péssima ideia, pois quando um ambiente de disputa é estabelecido, as
pessoas iniciam o processo de ataque/defesa, explorando informações para
mostrar falhas ou incongruências no processo lógico do outro. Como nin-
guém gosta do sentimento de perda nem de ser rotulado como sem perso-
nalidade, será impossível a criação de uma área de convergência. Conclusão?
Impasse negocial!
No Curso de Gerenciamento de Conflitos, dizemos que é primordial
separar as pessoas do problema. O desafio é fazer as pessoas entenderem os
problemas mútuos sem que haja confronto.
Colaborador: “Antônio, tenho tanta certeza disso, que já montei uma planilha
para você levar na próxima reunião com o departamento de
crédito, porque sei que o resultado será cobrado. Talvez tenha-
mos passado informações distorcidas sobre a saúde financeira
dos clientes ou então o processo de análise não tenha sido tão
criterioso como sempre foi aqui na companhia. Enfim, temos
informações para agir e resolver o problema.”
Gestor: “José, fico feliz por você ter antecipado tudo isto. Esse compor-
tamento também pode ajudá-lo a trabalhar em sua ansiedade
para o fechamento dos negócios. Se você consegue antecipar
com tanta precisão essas questões dos nossos clientes, o que o
impede de decidir com mais calma as políticas comerciais para
cada um deles? Eu agradeço as informações e gostaria também
de poder montar com você um plano de desenvolvimento pro-
fissional para que haja realmente um compromisso de ambas as
partes em resolver!
Você é um dos melhores executivos da equipe! Sua experiên-
cia no exterior trouxe muita aprendizagem para a equipe como
um todo!
Você tem uma formação analítica que lhe dá suporte para en-
trar em qualquer complexidade de negócios.
Então, é possível que você, agora, vá reconhecendo as causas
desta ansiedade, pode estar comigo, pode estar em alguma insa-
tisfação pessoal...eu não sei....mas você sabe. Tanto que eu quero
que você me dê algumas dicas para a reunião de segunda...”
Vendedor 2: “Sim, o laptop é caro! Quando você compara uma Ferrari com um
Gol, realmente a Ferrari é muito cara. Tudo depende do problema:
se o problema é velocidade, e perder tempo nos negócios pode
custar muito dinheiro, a solução mais barata seria comprar a
Ferrari, pois fica claro que a Ferrari neste caso é um investimento
para você. Agora se você tem todo o tempo disponível para esperar
pelas respostas que um outro computador tem para lhe dar, talvez
a melhor opção seja comprar um Gol...”
A articulação PORQUE
Leia o diálogo abaixo e verifique se você já passou por uma situação assim:
“Devo estar imaginando por que a sua mente não mente para a sua mente...”
“Talvez porque ela precise de informações para obter o poder de não poder
relaxar...”
“Portanto, você pode agooooora... relaxar e permitir que tudo o que deseja
saber, você saberá...”
Sempre que você aciona o POR QUÊ?, estabelece um motivo para que a
ação que você deseja aconteça na pessoa.
Os grandes líderes, ao motivar sua equipe, sempre explicam PORQUE
ela deve alcançar a meta desejada. Se o motivo for apenas corporativo, a ação
terá pouco impacto. Mas se o líder conseguir juntar o motivo corporativo
com o motivo pessoal, o resultado será de alta performance.
Veja agora uma solicitação:
A. “Posso utilizar a sua impressora?”
B. “Posso utilizar a sua impressora? A minha quebrou.”
C. “Posso utilizar a sua impressora para fazer cópias do relatório da reu-
nião?”
Qual a diferença entre as três?
Em A, a pessoa não explica o motivo e, a não ser que o proprietário
estivesse usando a impressora, ele permitiria que fosse utilizada naquele mo-
mento.
No item B existe um motivo, mas se o proprietário da impressora não
gostar da pessoa, ele pode responder com um “e daí?”.
Metáforas
Você pode não ter gostado do comentário que o nosso ex-presidente fez
sobre o efeito da crise mundial na economia do nosso país, mas com certeza
a MAROLINHA nunca mais saiu do seu inconsciente.
O uso das metáforas é observado no decorrer da história humana. Os
homens das cavernas deixavam suas expressões através de símbolos e de-
senhos que, metaforicamente, representavam sua linguagem. A metáfora é
uma linguagem que perdura na história humana.
Para Aristóteles, “A metáfora consiste em dar à coisa um nome que per-
tence a outra coisa qualquer. A transferência pode ser feita em gênero e espécie
ou de espécie para espécie ou como analogia.”
Na definição do dicionário Aurélio, metáfora é “Tropo que consiste na
transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não é o do objeto
que ele designa, e que se fundamenta numa relação de semelhança subentendi-
da entre o sentido próprio e o figurado.”
Já a palavra analogia, ainda segundo o dicionário Aurélio, é o “Ponto de
semelhança entre coisas diferentes. Semelhança, similitude, parecença”.
Toda metáfora é uma analogia, mas nem toda analogia é uma metáfora.
Por definição, metáforas e histórias são intervenções indiretas que nu-
trem a mente criativa do cliente. Qualquer poesia é uma metáfora.
O propósito das histórias e das metáforas é permitir que o cliente faça
uma conexão entre suas necessidades intrínsecas e os objetivos que você de-
seja alcançar. Com uma história bem contada, você pode modificar a forma
de pensar e de sentir do cliente. A mente dele pode se expandir a ponto de
melhorar a sua autoestima, sentindo que é possível alcançar os seus desejos
mais intrínsecos. Quando o cliente está imerso na metáfora, ele passa a ter
mais opções disponíveis.
Geralmente utilizamos a metáfora para fazer mudanças de significado
(veja capítulo “O ressignificado do significado – Reframing”). O objetivo é
apresentar de forma positiva uma nova maneira de ver o mesmo conteúdo.
Do ponto de vista da psicanálise, a metáfora ajuda a pessoa a explorar e
elaborar uma representação de um sentimento, de uma questão ou proble-
ma através de uma imagem mais próxima do inconsciente.
O uso da metáfora é essencial para a comunicação humana. Histórias e
casos são usados há muito tempo para comunicar e expressar mensagens, e
são fáceis de aplicar nas interações humanas. A metáfora é a fala dos afetos e
3. Crie a história
Quanto mais você conseguir ajustar sua metáfora aos mapas mentais do
cliente, mais eficaz ela será. Muitas vezes o cliente lhe dá pistas metafóricas
quando está avaliando alguma coisa. Quando Erickson queria se aprofundar
na dor de um paciente, ele perguntava: “Se você pudesse fazer alguma ana-
logia, essa dor se pareceria com o quê especificamente?” As respostas eram
das mais variadas: “Parece uma alfinetada...”, “um embrulho...”, “alguma coisa
que me puxa...”, “uma martelada...” etc. Após essa informação, Erickson uti-
lizava a metáfora do paciente para conduzir o processo de cura. Algo como
“Experimente virar o alfinete de ponta cabeça...” ou “O que acontece se você
desembrulhar...” ou “Como seria se, ao invés de puxar, você empurrasse?...”
ou “E se o martelo fosse de plástico?...”
Na abordagem com clientes, é importante utilizar a experiência viven-
cial do cliente para criar a sua metáfora, não importa o que você vai oferecer.
Sua oferta baseada na história do cliente sempre terá sentido... para ele!
Veja alguns exemplos de metáforas:
Para um cliente que fabrica tapetes: “Creio que a diferença entre o meu
produto e o do concorrente é que o meu produto se parece com este tapete
persa e o do concorrente, com este nacional”.
Uma palestra oferecida para quem adora carros: “A diferença entre mim
e outros oradores motivacionais é como a diferença entre uma BMW–X6 V8
e um Fiat Uno: um faz você apreciar a viagem, o outro simplesmente o leva
até lá”.
Um seguro de vida para alguém no momento da notícia de um Tsunami
no Japão: “Este seguro é para garantir que nenhum Tsunami da vida venha
destruir tudo o que você conseguiu conquistar até agora”.
4. Faça a apresentação
A melhor maneira de contar uma metáfora é você mesmo entrar em transe.
Isso convida o cliente a segui-lo para esse lugar tão agradável, confortável e,
por que não dizer, irresistível.
Esta é a parte mais importante de uma metáfora: A história pode ser
magnífica, mas se você não conseguir evocar emoções na pessoa, não conse-
guirá conduzi-la ao transe.
O seu objetivo é fazer a pessoa entrar na história de forma que ela saia
do contexto racional e entre em um contexto vivencial e emocional. Por isso,
ao contar a história, vá prestando atenção às pistas de transe não verbais.
Adapte-se ao cliente, alterando a velocidade da fala, as marcações das pala-
vras, o tom de voz e os comandos verbais que você deseja que aconteça.
Você precisa entrar no enredo, explorando as várias facetas da história
ou vivenciando os atores da cena. Aqui, todo recurso de dramatização se
torna imprescindível. O seu envolvimento na história deve ser completo.
Na seção sobre comandos ocultos do capítulo “Como deixar mensagens
gravadas no inconsciente”, você vai aprender a negritar com a sua voz as
palavras-chave que farão a diferença na hora de contar a história ou a me-
táfora. O seu tom de voz, a sua expressão corporal e o seu ritmo serão parte
fundamental para criar a congruência da metáfora.
Líderes congruentes no discurso conseguem gerar um impacto de ação
na audiência. A congruência entre as palavras e a expressão é tão sintoniza-
da que a mente consciente não tem poder nenhum para julgar e decidir o
que é certo ou errado. A informação é absorvida diretamente pelo incons-
ciente, criando um estímulo de ação imediata nas pessoas.
Se puder, assista a alguns vídeos sobre os grandes líderes sem julgar o
conteúdo. Prenda-se apenas na forma como o conteúdo é apresentado. As-
sista Hitler, Kennedy, Martin Luther King, Mandela, Lula e alguns líderes
religiosos.
A xícara
Conta-se que, uma vez, um aluno de ciências humanas foi buscar supervi-
são com um mestre do conhecimento. O mestre o escutou atentamente enquanto
fazia a análise da demanda do aluno. Após um tempo, disse: — Você parece
cansado, teve um dia longo de trabalho, veio de um lugar distante, deixe-me pri-
meiro servir-lhe um chá.
O mestre trouxe a chaleira, e começou a despejar o líquido na xícara, até
transbordá-la. Sem parar, ele continuou despejando o chá, e o pires também
começou a se encher. Bastava uma gota a mais para que o chá começasse a
escorrer pelo chão.
O aluno, chocado, o interrompeu: — Pare, o que você está fazendo? Não vê
que a xícara e o pires já estão cheios?
O mestre calmamente respondeu: — Esta é exatamente a situação em que
você se encontra. Sua mente está tão cheia que, mesmo que eu pudesse responder
às suas perguntas, você não as escutaria. Para que o que eu tenho a lhe dizer
produza um efeito, você primeiro deve esvaziar a sua mente. Crie um espaço
dentro de você. Com uma postura arrogante, nada do que eu disser florescerá.
Os truques da
confusão mental
1. Gap mental
Procure entender a sequência. Nunca utilize esta técnica à toa, pois ela pode
quebrar o rapport com facilidade. Se a negociação é pontual ou spot, a téc-
nica é extremamente válida, caso contrário, use o rapport para conquistar a
pessoa.
2. Entremear de palavras
Utilize palavras com pronúncias semelhantes mas com conteúdos completa-
mente diferentes, como por exemplo, “é a mente que mente e quando mente
para a mente não há mente que resista”. Ou então, use os jargões da empresa
com os nomes dos produtos: “é seguro fazer seguro e eu lhe asseguro de que
é o nome do seguro que vai lhe trazer segurança”.
3. Tom de voz
Altere significativamente o tom de voz gerando um impacto na pessoa. Algo
inesperado. Pessoas que mudam repentinamente o tom de voz criam surpre-
sas nas pessoas, porém, o ser humano só gosta de surpresas controláveis, ou
seja, surpresas em que o risco é zero. Quando o risco é alto, as pessoas não
sabem o que fazer.
4. Tempos verbais
Utilize os tempos verbais de forma incongruente. Use o passado para falar
do futuro ou o futuro para falar do presente ou o presente para falar do pas-
sado. Amanhã eu estava fazendo o que você não espere o que não esperaria
o que ontem eu falarei.
Desculpe-me, mas creio que isso é o máximo que eu posso lhe ensinar
sobre CONFUSÃO MENTAL, meu inconsciente me censurou...
2. Necessidades de segurança
Surgem quando estão satisfeitas as necessidades fisiológicas e representam
as necessidades de estabilidade e segurança no emprego e de proteção contra
privações, perigos e ameaças.
3. Necessidades sociais
Incluem as necessidades de participação, de dar e receber afeto, amizade e
amor. Surgem após a satisfação das necessidades primárias e a sua não satis-
fação pode levar à falta de adaptação e exclusão social.
4. Necessidades de autoestima
Correspondem às necessidades de respeito próprio (autoconfiança, aprova-
ção e consideração social, prestígio profissional, dependência e autonomia).
A não satisfação destas necessidades pode conduzir a sentimentos de infe-
rioridade e ao desânimo.
5. Necessidades de autorrealização
Surgem após a satisfação de todas as demais necessidades, representando
as necessidades humanas mais elevadas, como, por exemplo, conseguir o
desenvolvimento pessoal através da utilização de todas as suas capacidades
e potencialidades.
Baseado na hierarquia de necessidades de Maslow, fica fácil entender os
desejos das pessoas em qualquer lugar do mundo. Se você puder deixar clara
a mensagem da proposta nos termos das necessidades abaixo, as pessoas
irão estabelecer um grau de importância para a sua proposta, pois trata-se
das insatisfações da vida!
As pessoas comprariam a sua ideia, produto ou serviço se, com isso, elas
pudessem:
• Ganhar dinheiro;
• Economizar dinheiro;
• Economizar tempo;
• Evitar esforço;
• Obter mais conforto;
• Conseguir mais limpeza;
• Atingir a saúde plena;
• Escapar da dor física;
• Ganhar elogios;
• Ser popular;
• Atrair o sexo oposto;
• Conservar bens;
• Aumentar a diversão;
• Satisfazer a curiosidade;
• Proteger a família;
• Viver em grande estilo;
• Ter ou manter posses;
• Satisfazer o apetite;
• Imitar os ídolos;
• Evitar problemas;
• Evitar críticas;
• Ser único;
• Proteger sua reputação;
• Aproveitar as oportunidades;
• Ter segurança;
• Tornar o trabalho mais fácil.
Necessidade implica dizer que temos uma insatisfação. Isso significa que
o ser humano é um ser em busca da satisfação permanente. Essa busca é
orientada pelo ciclo de vida das pessoas. O ciclo de vida faz com as pessoas
hierarquizem o que é importante. O fato de não possuirmos o que hierarqui-
zamos como importante, faz com que entendamos que temos um problema
que precisa ser resolvido. Esse problema cria uma tensão mental. E essa ten-
são agora vai direcionar a mente para buscar uma solução que a satisfaça.
A Proposta Irresistível é a solução que vai atingir exatamente esse ponto!
Pense em qualquer produto. Me diga se existe algum produto que não
tenha como objetivo final atingir o ser humano? Se você pensou em ração
para pets, você precisa lembrar que antes da ração existiu a necessidade de
ter um pet, e quem cuida do pet?
As palavras mágicas estão conectadas com essas necessidades. Se sou-
bermos em qual escala de necessidades a pessoa ou o produto se encaixa, é
só utilizar as palavras apropriadas para conseguir a atratividade rapidamente.
Antes de entendermos as palavras, vamos entender a diferença entre um
verbo e um substantivo. Um verbo é uma ação, e uma ação implica em ter
um sujeito que pratica a ação ou um receptor que recebe a ação. Para a men-
te consciente, é preciso que o verbo expresse claramente quem praticou e
quem recebeu a ação.
Quando estamos falando hipnoticamente, é necessário transformar a
ação em substantivo. É preciso mudar a ação para informação. Essa infor-
mação é plantada na mente inconsciente para dar o sentido e o significado
que a pessoa tem da palavra. É por isso que não há resistência em absorver a
palavra, e por isso ela é mágica.
Por exemplo:
— Como foi a festa ontem?
— Eu me diverti.
Note que fica faltando completar o processo. Me diverti como, com
quem, onde? Diferente se eu dissesse:
— Foi muito divertida.
A diferença é que divertida, na sua mente, pode ser muito diferente da
pessoa que está falando. A pessoa entende que você se divertiu e é isso que
importa.
Então, no quadro de palavras mágicas, você terá todas as palavras na
forma substantivada. Ao utilizar o verbo na forma substantivada, hipnotica-
mente você fornece uma semente mental capaz de gerar uma história ou um
significado especial para a pessoa. Em hipnose, quanto mais vagas forem as
palavras, mais intenso será o transe. As pessoas querem se divertir com as
suas próprias histórias mentais.
Por exemplo, ao utilizar o verbo negociar, é preciso saber o que negociar,
onde negociar e com quem negociar. Com o verbo substantivado como ne-
gociação, você faz as suas associações e cria a sua história.
OBJETIVO PALAVRAS
Adição, aquisição, aumento, complemento, desconto,
Gerar
elevação, ganho, grátis, incremento, investimento, lucro,
AUMENTO
posse, soma, superação, vantagem, benefício.
Gerar Desvantagem, diminuição, perda, prejuízo, redução,
REDUÇÃO subtração.
Agradável, alegria, alívio, colaboração, confortável, cura,
Gerar descoberta, divertido, escolha, excitante, felicidade,
PRAZER interessante, merecimento, poder, prazer, relaxamento,
satisfação, saúde, solução, sucesso.
Gerar Aprendizagem, estímulo, inovação, mudança, novo caminho,
MUDANÇA redesenho, renovação, transformação.
Credibilidade, confiança, confiável, declaração, efetivo,
eficácia, eficiência, especialista, garantido, honestidade,
Gerar
importante, original, pesquisa, profundidade, promessa,
CREDIBILIDADE
provado, realidade, recomendável, seguro, valorizado,
verdadeiro.
Atenção, crise, decisão, desconforto, dificuldade, estagnação,
Gerar
necessidade, oculto, paralisação, perda, preocupação,
TENSÃO
problema, receio, risco, segredo, tensão, urgente.
Apenas, avançado, diferenciado, especial, exclusividade,
Gerar
oportunidade, primeiro, procurado, reservado, somente, top,
ESCASSEZ
último, único.
Campeão, clássico, competência, elegante, encantado,
energizado, excepcional, extraordinário, fresco,
inacreditável, incomparável, incrível, indispensável,
Gerar
instantâneo, irresistível, livre, luxo, mágico, magnetizado,
QUALIFICAÇÃO
milagroso, natural, perfeito, poderoso, popular, qualificado,
requinte, revolucionário, saudável, sensacional, status,
superior, surpreendente, tradicional.
Adaptabilidade, capilaridade, completo, concentrado,
Gerar econômico, facilidade, flexibilidade, ilimitado, leveza,
VALOR liquidez, multiuso, praticidade, resistência, resultados,
simplicidade, solidez, tradição, velocidade, amor.
Marcação
Assim como a pontuação dá ênfase e clareza ao que escrevemos, as pistas
verbais pontuam o que falamos. O ritmo dos discursos é diminuído ao fazer
uma pausa antes e depois de uma palavra com sentido específico. O tom
de voz, aumentando ou diminuindo verbalmente o som da palavra é o que
chamamos de marcação.
Aprender a distinguir palavras marcadas e usá-las também com seu clien-
te oferece um meio ainda mais sutil de reforçar o rapport. Eis um exemplo:
Você já deve ter ouvido algo assim muitas vezes, mas preste atenção na
resposta do cliente. Ao marcar a palavra CERTEZA ou MELHOR, você foi
ineficaz, pois o cliente lhe deu uma resposta estruturada, criando uma ob-
jeção. Agora você precisa provar o que está dizendo. Se você continuar a
Comandos ocultos
Não sei se você vai ler sobre esta técnica, pois ela não é nova e não vai te
trazer nenhum benefício, porque tem segredos sobre hipnose os quais você
não precisa mais saber. Pule este capítulo e não leia agora; leia depois que
encerrar os outros capítulos.
“Você não sabe ainda, mas neste capítulo vai aprender a escrever e falar
coisas que vão permitir o comando de alguém, para fazer alguma coisa —
qualquer coisa — e essa pessoa irá fazê-lo, sem dúvida! Leia se você puder.”
Você vai ler ou vai parar?
A linguagem hipnótica tem o poder de despertar na pessoa a vonta-
de implícita na frase. Com esse efeito, conseguimos estabelecer um contato
com a mente inconsciente instalando um comando mental. O mais surpre-
endente é a pessoa ter a impressão de que a ação partiu dela e não perceber
nenhum comando!
Leia atentamente estas questões:
• Você pode fechar a porta?
• O telefone está tocando?
• Você tem o controle remoto?
• Você sabia que precisava disso?
O que essas questões têm em comum? São perguntas inocentes com
comandos disfarçados de respostas simples: sim ou não.
Normalmente, as pessoas vão responder a esses comandos sem nunca
questionar.
O que isso significa para você? Significa que existem formas de dar co-
mandos às pessoas sem que você tenha consciência de ter enviado um co-
mando. Normalmente, as pessoas vão obedecer ao seu comando, sem qual-
quer resistência.
Lembre-se do velho adágio: “Cuidado com o que você pede, você só
poderá obtê-lo!” Com a arte de persuasão, esse adágio passa a ter um signi-
ficado totalmente novo. Se você quer que alguém faça alguma coisa, tudo o
que você tem a fazer é dar o comando. Imagine se for com as palavras certas.
“Eu me pergunto o quão rápido você irá comprar este produto”.
Parece uma declaração inofensiva, mas você sabe realmente o seu im-
pacto? Ao ler essa declaração, a pessoa pode, conscientemente, achar que é
um simples comentário. Mas assista de perto e observe a frase de comando:
“Você irá comprar este produto.”
Essa frase define claramente o que você deseja que a pessoa faça. É efe-
tivamente o comando que você quer usar. A pessoa vai responder à frase
como um impulso interno, e agirá sem perceber, conscientemente, que foi
um comando.
Comandos embutidos são formas de linguagem que sugerem e ordenam
algo em especial, de maneira indireta, embutidas em um questionamento ou
numa afirmação. Ao escrever, você pode negritar os seus comandos para en-
fatizar as palavras mágicas na mente do leitor. Quando estiver verbalizando,
você pode marcar as palavras mágicas ou o comando embutido utilizando
um tom de voz diferente, com pausas, volume e gesticulação diferenciados
das outras palavras.
Agora você entende por que, ao falar para o seu filho não pôr o dedo na
tomada, ele põe? Primeiro porque você o fez focalizar a tomada (às vezes ele
nem estava prestando atenção nela!) e depois você utilizou a palavra NÃO.
A mente inconsciente é absorvente, ela precisa saber a direção a ser tomada.
Já a palavra, não. Ela não direciona: ela paralisa. O que a mente inconscien-
te resolve fazer? Direcionar para o foco de atenção. Seria diferente se você
falasse: “Filho, não ponha o dedo na tomada. Venha brincar aqui!” Dessa
forma, você direciona a ação para “venha brincar aqui” com a marcação das
palavras.
O mesmo acontece com os líderes ao dizerem para suas equipes o que
eles não querem que aconteça! A linguagem hipnótica é diretiva. É preciso
que haja comandos de ação que direcionem a mente para o que você quer
que aconteça, SEMPRE!
Como escrever de
forma irresistível
V ocê ainda não sabe, mas o que vai aprender neste capítu-
lo é como fazer Propostas Irresistíveis utilizando recurso
da escrita. Com os comandos apresentados, você conseguirá qualquer coisa
da pessoa, sem que ela perceba que a ideia é sua. Além disso, com essa téc-
nica você poderá apresentar sua proposta de forma irresistível seja por carta,
e-mail ou no seu website.
Vamos nos lembrar da estrutura da Proposta Irresistível, percorrendo o
ciclo do AIDA:
Atração, Interesse, Desejo e Ação.
Para criar ATRAÇÃO é preciso um layout gostoso de ler. O pouco tem-
po que temos nos faz selecionar o que queremos ler. Quanto mais chamativo
for o texto, mais despertará no leitor a vontade de querer ler.
Nesse mundo cada vez mais complexo e com alta disponibilidade de
informação, encontrar roteiros que nos façam ganhar velocidade, simplici-
dade e solução para os nossos problemas é imprescindível.
O corpo da proposta
a. Título
Um bom título pode motivar ou desmotivar um leitor a investir o seu tempo
na leitura. Um bom título contém uma palavra mágica para atrair a atenção
do leitor. O título hipnótico transmite um benefício a seu público-alvo.
Você pode usar as palavras mágicas da lista descrita anteriormente ou
adicionar estas abaixo:
“Anunciamos, surpreendente, enfim, emocionante, exclusiva, fantástico,
fascinante, em primeiro lugar, livre, garantido, incrível, inicial, de amor, me-
lhor, oferta limitada, poderoso, fenomenal, revelando, revolucionário, espe-
ciais, inovação, bem-sucedida, super, sensíveis ao tempo, original, urgente,
segredos, maravilhoso, você, que introduz, novos e como.”
O conteúdo
a. Faça a oferta
O que você está propondo? Que tipo de problema você resolve? Depois de
captar a atenção de leitor, é necessário mantê-lo sob estado de tensão men-
tal, para que exista a conexão entre o problema e a solução. Quanto maior
o nível de tensão criado na descrição do problema, mais rápido o leitor vai
querer saber a solução.
c. Enfatize os benefícios
Seus clientes potenciais podem estar interessados tanto nas características
quanto nos benefícios de seu produto ou serviço. Mas uma coisa é certa:
ao enfatizar os benefícios, você estará sempre no caminho certo, mesmo
falando muito pouco das características. Se estiver visando um público leigo,
aborde os benefícios de forma mais intensa, mencionando, principalmente,
as características para convencer o cliente de que o produto pode, de fato,
oferecer os benefícios prometidos. Para um público especialista, fale apenas
dos produtos e suas características vinculadas a um benefício para o cliente.
Além de saber qual é o produto e o que ele faz, os compradores querem sa-
ber de que forma os produtos podem beneficiá-los: como poupar ou ganhar
dinheiro, como poupar tempo ou como ser mais feliz.
No caso de produtos técnicos, se a característica é bem explicada, fica
mais fácil acreditar no benefício. Não basta dizer que um produto tem maior
capacidade, é preciso explicar qual característica do produto permite esse
aumento de capacidade.
d. Diferencie-se da concorrência
Com tanta variedade de produtos e serviços no mercado, o cliente tem mais
opções de escolha. Por exemplo, num supermercado, o cliente pode escolher
entre várias marcas diferentes de cereais, de xampu e entre diferentes sabo-
res e marcas de refrigerantes. Para que o seu produto se destaque na mente
do comprador, você deve diferenciá-lo dos demais em seu texto.
O leitor
a. Enfoque as preocupações do leitor
É sempre bom lembrar que você não está escrevendo para si mesmo e, sim,
para o leitor. Nunca perca esse foco. Quanto mais você usar a palavra mágica
“Você”, mais o leitor vai gostar. Basta lembrar o número de vezes que você
usa essa palavra em suas propostas de vendas. O leitor vai se sentir exclusivo.
Por isso este livro é dedicado apenas a você!
Os benefícios do produto e suas características são de importância se-
cundária para o leitor. Ele está interessado apenas em si mesmo, em seus
objetivos, seus problemas, suas necessidades, esperanças, medos, sonhos e
aspirações. O seu produto ou serviço só terá alguma importância para ele se
você conseguir abordar seus desejos ou se conseguir resolver um dos seus
problemas, apresentando uma solução para as suas necessidades.
Não tenha medo de mostrar a sua personalidade. Sua proposta deve ser
lida como se você estivesse escrevendo apenas para mim!
c. Dê presentes
Quem não gosta de ganhar presentes? Não importa o que seja, quando re-
cebemos um presente, sentimos vontade de retribuir de alguma forma, nem
que seja com um “muito obrigado”. Essa é uma das leis da influência: a lei da
reciprocidade. Gosto de falar que um presente é um “suborno” ético para en-
corajar uma ação. A sensação de receber algo em troca da sua predisposição
em comprar, encoraja a ação final. A palavra GRÁTIS sempre será mágica!
Use-a sempre que puder.
As provas
a. Estabeleça credibilidade
O leitor já conheceu os benefícios, os produtos, os serviços e os resultados
que você tem alcançado. Mas ainda não sabe quem é você. Além de entender
que você pode suprir as suas necessidades, ele quer saber com quem está se
relacionando. Ele precisa ter a certeza de sua capacidade de entrega e saber
o seu histórico de sucesso.
b. Construa valor
Ter um grande produto ou um serviço de qualidade superior não é suficiente
para convencer o leitor. Você também deve mostrar-lhe que o valor de sua
oferta excede em muito o preço que estão pedindo.
“De que forma um produto mais barato pode custar mais caro?”
Para construir uma curva de valor na mente do leitor, é preciso contex-
tualizar os problemas solucionados pelo nosso produto. Quando o leitor não
entende uma diferença estratégica, o processo decisório restringe-se apenas
ao preço final.
Para sair dessa armadilha é preciso enfatizar os riscos e os possíveis im-
pactos financeiros decorrentes. Se foi possível mensurar os impactos finan-
ceiros é possível agora construir a curva de valor. O valor de uma proposta
deve estar ancorado com esse impacto financeiro. Se você conseguir estabe-
lecer a ligação entre o impacto e o seu produto, a palavra preço é alterada
para investimento.
c. Insira comprovações
Ao inserir provas em seu texto, comprovando a sua promessa, você elimina
as ameaças quanto à veracidade da informação. Uma prova pode ser obtida
com depoimentos ou de pessoas influentes ou de pessoas que o leitor conhe-
ce. Em um texto de vendas, além das citações de clientes anteriores, assumir
todos os riscos é uma garantia poderosa. Você precisa convencer o leitor de
que sua promessa é legítima. Se você acredita no seu produto ou serviço, por
que não dar uma garantia forte? Mostre confiança na sua oferta. Mas não se
esqueça: em um texto de vendas para um possível cliente (prospect), você
ainda é um estranho para ele!
Conclusão
a. Crie dinamismo
A aparência do seu texto de vendas deve ser de emoção. Ele precisa demons-
trar uma dinâmica de movimentos que faça o leitor criar imagens mentais
de como utilizar o produto. Quando você cria essas imagens mentais, está
criando uma história de sucesso na mente do leitor. Para essa história acon-
tecer, será necessário o leitor se movimentar para uma decisão.
Essa parte da história depende exclusivamente do leitor.
A sua parte você já fez, agora é preciso que o leitor faça a dele. Você con-
seguiu uma parceria. Agora só responda à pergunta que o leitor irá fazer: “E
agora, como faço para obter isso?”
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A chave do mundo