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Universidade do Estado de Mato Grosso

Campus Sinop
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas

GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE


ENERGIA DE ELÉTRICA
ROGÉRIO LÚCIO LIMA

Sinop – Outubro de 2016


Geração de Energia Elétrica

Turbinas hidráulicas: classificações

As TH são classificadas como máquinas de fluxo, motoras e hidráulicas. Elas podem também
ser classificadas segundo a direção do escoamento à entrada do rotor, como máquinas
radiais, diagonais, axiais ou tangenciais.

1ª Classificação: quanto à parcela de energia transformada pelo rotor

• TH de jato livre – são acionadas por um jato de água livre, não restrito, em contato direto
com a atmosfera.
Exemplo: turbina Pelton.

• TH de jato forçado (ou de reação) – todas as outras fabricadas em série atualmente.


Nelas, a energia cinética de pressão são transformadas em trabalho mecânico na
passagem da água pelo rotor.
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Turbinas hidráulicas: classificações


Turbina Pelton

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2ª Classificação: quanto a disposição do eixo


• Horizontal
• Vertical
• inclinado

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Turbinas hidráulicas: classificações

3ª Classificação: quanto ao número de rotores conectados ao mesmo eixo.


• Simples – turbinas em que apenas um rotor é conectado ao eixo;
• Múltipla – é o tipo de turbina em que há dois ou mais rotores por eixo. Os conjuntos de
duas turbinas montadas no mesmo eixo são denominadas turbinas gêmeas, geminadas
ou duplas.

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Turbinas hidráulicas: classificações

4ª Classificação: quanto a rotação específica


• Turbinas lentas: 𝑛𝑠 ≤ 100 𝑟𝑝𝑚
• Turbinas normais: 100 ≤ 𝑛𝑠 ≤ 200 𝑟𝑝𝑚
• Turbinas rápidas: 200 ≤ 𝑛𝑠 ≤ 400 𝑟𝑝𝑚
• Turbinas extra-rápidas: 400 ≤ 𝑛𝑠 𝑟𝑝𝑚

A rotação específica é uma variável característica do funcionamento das máquinas de fluxo,


definida por:
5/4
𝑛𝑠 = 0.858 𝑛 𝑁𝑛 /𝐻𝑛

n – é a rotação em rpm
𝐻𝑛 - é a queda nominal em m
𝑁𝑛 - potência nominal em kW.
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Turbinas Pelton

As turbinas Pelton (TP) são máquinas tangenciais, de jato livre e velocidade específica lenta.
As pás do rotor tem a forma de conchas com uma espécie de gume no meio. Este gume
divide a água incidente para os lados, em partes iguais, eliminando os esforços axiais.

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Turbinas Pelton
Válvula de agulha (agulha de regularização)

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Turbinas Pelton
Defletor de jato

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Turbinas Pelton
• Empregadas para rotações específicas variando entre 18 e 90 rpm e para quedas
maiores que 100 m;

• A empresa VA Tech Hydro anuncia modelos para até 1800 m de queda, há uma TP
instalada numa queda de 1765,3 m, na central Austríaca de Reisseck-Kreuzeck;

• São de fabricação, instalação e regulagem muito simples;

• Pequeno contato entre a água e o rotor, limitando desgastes por erosão em cursos
d’agua com alto conteúdo sólidos em suspensão;

• É impossível o uso do tubo de sucção, com consequente perda da parcela de energia


relativa à (pequena) diferença de altura entre a parte inferior do rotor e o canal de
fuga.
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Turbinas Francis

São máquinas radiais ou diagonais, de jato forçado e de velocidade específica variando de


lenta a extra-rápida. Elas tem o sistema diretor sempre dotado de pás orientáveis, para
proporcionar um direcionamento ideal da água à entrada do rotor de cada regime de
operação.

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Turbinas Francis

Nas TFs médias e grandes existe um pré-distribuidor de pás fixas, para melhorar o
direcionamento da água.

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Turbinas Francis

Nas TFs é usual o emprego de uma caixa em forma de caracol, localizada em torno do
sistema diretor, chamada caixa espiral, responsável por conduzir a água da saída da
tubulação de adução até o sistema diretor.

As TFs são as mais flexíveis TH no que diz respeito a quedas de potências de operação. Elas
podem ser empregadas em rotações especificas variando entre 55 e 450 rpm e em quedas
de 15 a 700 m.

O escoamento predominantemente radial e a possibilidade de uso de um sistema diretor e


de um pré-distribuidor permitem uma eficiente conversão de energia, que se traduz por um
rendimento hidráulico.

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Turbinas Kaplan

As turbinas Kaplan (TK) são máquinas axiais, de jato forçado e velocidade específica alta,
variando entre rápida e extra-rápida. Nas TKs, à medida que aumenta a rotação específica,
diminui o número de pás da hélice. Fabricam-se TK com rotores de 3 a 8 pás e com até 10 m
de diâmetro.

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Turbinas Kaplan
O sistema diretor das TKs mantém o aspecto que tem nas TF mas a distância que o separa da
entrada do rotor é bem maior. Assim como nas TFs, as pás são ajustáveis para permitir um
direcionamento da água compatível com a potência demandada pela rede. O controle é
realizado pelo regulador automático de velocidade.

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Turbinas Kaplan

O uso de TH axiais mostrou que a eficiência diminui muito em vazões diferentes da nominal.
Uma maneira de resolver o problema foi tornar as pás do rotor orientáveis, isto é, com passo
variável, proposta apresentada pelo engenheiro Vitor Kaplan 1912.

O mecanismo que permite variar o ângulo das pás encontra-se alojado na peça ogival
localizada no centro da hélice e seu comando também é realizado pelo regulador automático
de velocidade.

O tubo de sucção e a caixa espiral também estão presentes nas TKs. Eles são idênticos ao
das TFs e têm os mesmos objetivos.

As TKs podem se utilizadas em rotações especificas acima de 250 rpm e quedas abaixo de 80
m.
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Turbinas Deriáz

As turbinas Deriáz são máquinas diagonais, de jato forçado e velocidade específica rápida. As
pás do rotor das TD são ajustáveis, como as da TK, mantendo seu alto rendimento sob
amplas variações de vazão. Neste sentido, as TD estão para as TF assim como as TK estão
para as turbinas hélices.

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Turbinas Deriáz

O formato de seu rotor permite que sejam utilizadas em centrais de acumulação, onde
funcionam ora como turbina, ora como bomba. Em praticamente todos os detalhes
construtivos, as TD são idênticas às TF. Possuem sistema diretor dotado de pás ajustáveis,
tudo de sucção e caixa espiral. Seu campo de utilização são as velocidades específicas entre
200 e 300 rpm e as quedas de 25 a 170 m.

Vantagens: eficiência mais constante e à reversibilidade do funcionamento.

Desvantagem: alto custo inicial e necessidade de manutenção do mecanismo de ajuste das


pás do rotor.

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Turbinas Tubular, Bulbo e Straflo


Estas turbinas foram concebidas para aproveitar quedas com reservatórios de captação (a fio
d’agua) ou marémotrizes. Todas elas pertencem a uma categoria mais ampla, a das turbinas
hélice, que inclui também TK.
São máquinas axiais, de pás fixas ou móveis, jato forçado e velocidade rápida ou extra-rápida.
As turbinas Tubular, Bulbo, e Straflo tem tamanho relativamente reduzido e, em
consequência, baixo custo das obras civis.

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Turbinas Tubular, Bulbo e Straflo


As turbinas Bulbo são praticamente idênticas às Tubulares, mas o gerador situa-se num
compartimento em forma de bulbo localizado dentro da tubulação de adução a montante do
rotor.

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Turbinas Tubular, Bulbo e Straflo


O diâmetro do bulbo nas turbinas deste tipo é semelhante ao do rotor, que tem pás
ajustáveis e a regulagem da vazão é feita por uma válvula de borboleta. Algumas turbinas
Bulbo são diagonais, nas turbinas mais antigas, o bulbo apenas acomoda a transmissão,
ficando o gerador do lado de fora como nas turbinas tubulares.

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Turbinas Tubular, Bulbo e Straflo


A turbina Straflo (straight flow) também é bastante semelhante à Turbina Tubular. Neste tipo,
o indutor do gerador é colocado na periferia do rotor para reduzir ainda mais o tamanho do
conjunto.

O indutor forma um anel articulado nas pontas das pás da hélice, que podem ser de passo
variável como nas TK. O estator fica localizado nas paredes do tubo dentro do qual a turbina
encontra-se instalada.
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Turbinas Tubular, Bulbo e Straflo


Uma vantagem da turbinas Straflo sobre o Bulbo é que sua construção dispensa o bulbo e
seus problemas de refrigeração associados. É o mais compacto dos três tipos.

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Turbinas Tubular, Bulbo e Straflo

O campo de aplicação das turbinas Tubulares, Bulbo e Straflo é basicamente o mesmo das
TK, no que diz respeito à velocidade específica. As quedas aproveitáveis, entretanto, são
significativamente menores, variando entre 2 a 40 m.

As maiores vantagens das turbinas Tubulares, Bulbo e Straflo são, conforme mencionado, o
seu reduzido tamanho e o fato de poderem ser instaladas em baixíssimas quedas. Isto implica
que rios de planície podem ser aproveitados para a geração de energia elétrica sem inundar
grandes áreas ao redor.

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EL-SHARKAWI, M. A. Electric Energy – An Introduction. Third Edition, CRC Press, 2013.

Sistema de energia elétrica: análise e operação/ editado por Antonio Gómez-Espósito,


Antônio J. Conejo, Cláudio Cañizares; tradução e revisão técnica Antônio Padilha Feltrin, José
Roberto Sanches Mantovani, Rubén Romero. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

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