Você está na página 1de 2

A DITADURA DA TOGA

Ontem, presenciamos uma das maiores atrocidades jurídicas já vistas na história deste país. O
ministro do STF, Alexandre de Moraes, em um ato arbitrário e inconstitucional, suspendeu a
nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal (Alexandre Ramagem), escolhido pelo
Presidente da República. Acontece que nomear o diretor-geral da PF é uma competência do
presidente e, em respeito ao princípio da separação dos poderes consagrado no art. 2 da nossa
Carta Magna, não cabe ao Judiciário interferir na escolha do Executivo sem possuir respaldo
para tal, simplesmente por mero capricho ou vontade, baseado em uma fala irresponsável e
totalmente vazia de provas do ex-ministro da justiça, Sergio Moro.

Não é de hoje que os ministros do STF agem de forma arbitrária. Em 2018, o advogado Cristiano
Caiado de Acioli foi detido no interior de um avião e levado à delegacia para prestar
esclarecimentos, após exercer sua liberdade de expressão e dizer ao ministro Lewandowski: “o
Supremo é uma vergonha, viu? Eu tenho vergonha de ser brasileiro quando eu vejo vocês", ao
passo que o ministro, de forma autoritária, respondeu: "vem cá, você quer ser preso?” e chamou
a Polícia Federal.

Em 2019, contrariando o anseio por justiça do povo brasileiro, o STF anulou a prisão após
condenação em segunda instância, em uma decisão que colocou diversos presos novamente nas
ruas, inclusive corruptos de colarinho branco, a exemplo do ex-presidente da república Luiz
Inácio Lula da Silva. Uma vitória para a bandidagem, assinada com a poderosa caneta do
Supremo Tribunal Federal.

Ainda no ano passado, o ministro Dias Toffoli determinou que o Banco Central lhe entregasse
relatórios com dados bancários sigilosos de 600 mil pessoas e empresas, sem qualquer
justificativa plausível para isso.

Agora, em 2020, o jornalista conservador Allan dos Santos, do Portal Terça Livre, foi intimado
pelo STF para um interrogatório, em inquérito sigiloso. Allan não foi informado sequer se estava
arrolado como investigado ou testemunha do desconhecido fato investigado. Um caso descarado
de abuso de autoridade.

Isso, para não citar as mais diversas interferências do STF no governo Bolsonaro,
constantemente derrubando decretos que, sem dúvida, melhorariam as condições de vida do povo
e aumentando, assim, a insatisfação popular com o órgão.

O fato é que, provavelmente, a decisão do ministro Alexandre de Moraes ontem seja o estopim
para problemas muito maiores. A nomeação do delegado geral da PF é uma atribuição que cabe
ao Chefe do Executivo, assegurada por lei. O presidente foi eleito pelo povo, assim como aqueles
que legislam e asseguraram a ele o direito de escolher o comandante da Polícia Federal. Permitir
que o ativismo judicial do STF, através de uma decisão proferida por um único magistrado
(monocrática) seja maior do que a força democrática é caminhar para um abismo do qual, talvez,
não possamos mais sair.

Se o Supremo Tribunal Federal, encarnando o termo “supremo” e sentindo-se deus acima de


tudo e todos na nação, desrespeita os poderes legitimamente eleitos e aclamados pelo povo, logo,
o povo já não fará a menor diferença no debate público. Se assistirmos a isso passivos e inertes,
aqueles que não foram escolhidos por nós, em breve, determinarão o que nós podemos ou não
fazer. Não haverá Tripartição de Poderes a ser respeitada, pois o STF será os três poderes em um
só. Legislador, juiz e executor. Não nos caberá o direito de protestar, muito menos teremos a
quem recorrer, afinal, é como profetizou Rui Barbosa há muitos anos: “A pior ditadura é a
ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.”

Aqueles que deveriam ser os guardiões da Constituição são os mesmos que a ultrajam todos os
dias, sem pudor. Os ditadores da nação vestem toga preta. Ou o povo brasileiro se ergue agora
contra eles, ou não haverá mais volta.

Você também pode gostar