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Anuário da Produção A ESTRUTURA TEXTUAL I1

Acadêmica Docente
Vol. III, Nº. 6, Ano 2009

RESUMO
Guilherme A. de Lima Nicésio
Faculdade Anhanguera de Campinas Esse artigo apresenta como tema principal, em continuidade do conteúdo já
unidade 3 apresentado em artigos anteriores do módulo “Técnicas de Comunicação
guilherme.nicesio@gmail.com
Docente”, o texto como instrumento essencial do labor acadêmico e
pedagógico. Primeiramente, há a exposição de definição básica e orientativa
do texto e de suas características estruturais; em um segundo momento do
artigo, expõem-se tanto os elementos estruturantes do texto (frase, oração,
período), como os problemas decorrentes do uso inadequados desses
componentes que são, na verdade, considerados desvios na norma culta da
língua, em ocorrência de frases lacunas, estruturas tópico-comentário. Por
fim, o componente do texto a ser tratado é o parágrafo, como recurso coesivo
de um texto, suas características e sua aplicação. O objetivo do artigo é
instrumentalizar os alunos do curso de Capacitação Docente para a
produção de textos acadêmicos adequados, de acordo com as exigências das
condições de trabalho em cursos de ensino superior.

Palavras-Chave: prática docente; ensino superior; instrumentalização.

ABSTRACT

This article presents as its main theme, in continuation of the content already
presented in previous articles of the module “Teaching Communication
Skills” the text as an essential instrument of academic work and teaching.
First, there is the basic definition and explanatory text for guidance and its
structural features, in a second moment of the article sets out both the
structural elements of the text (phrase, sentence, period), as the problems
arising from inappropriate use of these components that are actually
considered deviant in the cultural norms of language, gaps in the occurrence
of phrases, topic-comment structures. Finally, the text component to be
treated is the paragraph, as use of a cohesive text, its characteristics and
application. The purpose of this article is orchestrate the students of Teacher
Training for the production of academic texts adequate in accordance with
the requirements of the working conditions in higher education courses.

Keywords: teaching practice; higher education; instrumentation.

Anhanguera Educacional S.A.


Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 1Material da 3ª aula da Disciplina Técnicas de Comunicação Docente, ministrada
Desenvolvimento Educacional - IPADE
no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino
Informe Técnico Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP:
Recebido em: 1/8/2009 Anhanguera Educacional, 2009.
Avaliado em: 24/1/2010
Publicação: 9 de agosto de 2010
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170 A estrutura textual I

SOBRE A NOÇÃO DE TEXTO: A TEXTUALIDADE

Leia o texto da Figura 1, uma charge do famoso cartunista Angeli.

Fonte: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/angeli/?imagem=335&total=335>.


Acesso em: 24 jul. 2009.
Figura 1 – Charge sobre Brasília.

Na charge da Figura 1, há um evidente efeito provocado pelo contraste de


escalas, por meio da representação de um grampo de cabelo em escala ampliada em
relação aos turistas que observam e fotografam o monumento. Como o título refere-se aos
edifícios que formam a região central de Brasília, o grampo gigante seria mais um
monumento componente do conjunto arquitetônico da capital brasileira, em grande parte
projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (Diz-se de Brasília, porque, ao fundo, observa-se
a Praça dos Três Poderes, com todos os seus edifícios característicos: o Palácio do Planalto;
o Congresso Nacional; a Catedral de Brasília; o Obelisco a JK; a Esplanada dos
Ministérios), em comparação com os turistas. Além disso, sabemos que são turistas, pois,
além de sua caracterização peculiar (vestimenta, câmeras fotográficas à mão) todos
observam o suposto monumento devido à presença da palavra TOUR (do francês, viagem
ou passeio), escrita na lateral do ônibus.

Há também o uso de sentidos denotativo e conotativo, com o emprego de


significados possíveis da palavra grampo no Brasil (prendedor de cabelo feito de arame
recurvado; escuta clandestina ou secreta por meio de aparelhagem eletrônica – Dic. Eletrônico
Houaiss. São Paulo: Ed. Objetiva, 2001). Também é importante comentar tanto o título (o
grampo como elemento ou prática comum no ambiente político) como o diálogo do
turista (ao mesmo tempo, uma escultura e uma alusão ao grampo telefônico clandestino

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como prática ilegal, que fere a privacidade individual e ameaça as instituições públicas
que necessitam de sigilo para gerir assuntos de Estado).

Ao realizar essas considerações, é inevitável tratarmos o objeto analisado em


questão como um texto, que é a noção que pretendemos tratar aqui. E o que é, de fato, um
texto? Esse termo é usado amplamente por todos aqueles que trabalham com a linguagem
(professores, jornalistas, escritores, estudantes etc.). No entanto, se questionarmos a nós
mesmos, profissionais docentes que somos, o que é um texto, teremos geralmente
dificuldade para definir exatamente o conceito veiculado por essa palavra. O texto
anteriormente apresentado é exemplar para demonstrar dois dados na leitura de um
texto:

a) Em um texto, o significado de uma parte não é autônomo, mas depende


das outras com que se relaciona. Tanto é verdade que, no caso da charge,
devemos considerar ambos os sentidos que a palavra grampo possui
naquele contexto.
b) O significado global de um texto não é o resultado somente da soma de
suas partes componentes, mas também de uma combinação geradora de
sentidos. Não fosse esse fator, a leitura da charge poderia ser destituída
tanto de sua intenção humorística como provocar uma leitura bizarra, sem
sentido.
Para explicar o que é um texto, é necessário apresentar suas propriedades.

1ª propriedade:

Um texto possui coerência de sentido, o que significa que ele não é um amontoado de
frases. Ao contrário, é um todo organizado de sentido. A palavra texto vem de uma das
formas do verbo latino texo, que quer dizer “tecer”. O texto é um tecido, não um
aglomerado desconexo de fios. Nele, o sentido de suas partes constituintes é dado pelo
todo. Logo, por extensão, o significado de uma frase do texto será devidamente
compreendido se mantivermos sempre em vista a totalidade do texto original, do qual a
frase faz parte (e que define seu contexto); também podemos depreender a seguinte
conclusão: a mesma frase utilizada em um contexto diferente poderá apresentar outros
sentidos.

O contexto é uma unidade linguística maior em que se insere uma unidade


menor: a oração serve de contexto para a palavra; o período, para a oração; o texto
integral de um romance, para cada capítulo. O contexto pode ser explícito, quando não
está expresso linguisticamente, ou implícito, quando não precisa ser verbalizado, porque
pode ser depreendido da situação. Em outras palavras, o contexto é o conhecimento de
mundo pressuposto por uma unidade linguística. Vejamos quatro exemplos que
demonstram um texto determinado pelo contexto:

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172 A estrutura textual I

a) Acabou a água lá em casa. Não sabíamos a que se devia o fato. Pensamos que fosse
um corte de abastecimento não anunciado pela Sabesp, mas, quando fomos ver, era
a bomba.
b) Um telefonema foi recebido por nós, avisando que uma bomba tinha sido colocada
no prédio. Notificamos a polícia, que mandou evacuar o edifício e passou a
procurar algum objeto suspeito, até que, em um dos banheiros, localizou um
pequeno embrulho: era a bomba.
c) O porta-voz do Banco Central anunciou uma máxi-desvalorização do real. Era a
bomba que, segundo insistentes boatos, o governo lançaria sobre o mercado.
d) Apesar de ter estudado bastante, Pedro não tinha ido bem no vestibular. O que
temia não era a bomba, mas ter que recomeçar o cursinho.

O seguimento linguístico era a bomba tem sentidos distintos, compreensíveis em


cada um dos contextos acima. Esta mesma característica está presente na charge de
Angeli, com o uso da palavra grampo. E, em ambos os exemplos, pressupõe-se um
conhecimento de mundo para a devida compreensão de sentido desses textos. Assim, se
um texto é um todo organizado de sentido, quais são os fatores que tornam o texto o que
ele é e não um simples amontoado de frases? Há vários, mas citaremos aqui dois desses
fatores, que serão tratados posteriormente na próxima aula de maneira pormenorizada: a
coerência e a coesão.

2ª propriedade:

O texto é delimitado por dois brancos, isto é, por dois espaços de não sentido. Se a
primeira característica de um texto é ser um todo organizado de sentido, um texto não
precisa ser necessariamente verbal: um filme, um livro, um quadro, uma telenovela, uma
história em quadrinhos, um gesto, uma peça musical são textos. Independentemente de
sua forma de manifestação (visual, sonora, verbal, etc.), o texto tem um início e um fim.
Antes do começo e após o término, há dois espaços de não sentido (dois brancos, dois
momentos de silêncio) que delimitam o texto.

3ª propriedade:

Um texto é produzido por um sujeito em um dado tempo e em um determinado espaço.


Todo o texto assimila as idéias da sociedade e da época em que foi produzido. Esse fato,
contudo, não significa que os textos narram fatos históricos de um país ou cultura, mas,
além disso, revelam os ideais, as concepções, os anseios e os temores de um povo numa
determinada época. Cabe lembrar também que uma sociedade não produz uma única
forma de ver a realidade. Como ela é dividida pelos interesses antagônicos dos diferentes
grupos sociais, produz frequentemente idéias contrárias entre si. Assim, para

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compreender um discurso apresentado por um texto, é preciso também conhecer


devidamente pontos de vista antagônicos a ele.

Podemos, a partir da depreensão dessas propriedades, extrair uma definição:

UM TEXTO É UM TODO ORGANIZADO DE SENTIDO, DELIMITADO POR


DOIS BRANCOS, QUE MANIFESTA UM PONTO DE VISTA SOCIAL SOBRE UMA
DADA QUESTÃO.

Dessa definição, por sua vez, conclui-se que:

a) Uma boa leitura nunca pode se basear em fragmentos isolados do texto, já


que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro
do qual se encaixam; logo, produzir um texto não é amontoar frases sem
qualquer relação entre elas.
b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento
contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar
posição frente a uma questão qualquer (apoiando-a ou opondo-se a ela);
por conseguinte, produzir um texto é adotar uma posição sobre um dado
assunto e argumentar em favor dela.

ASPECTOS MICRO-ESTRUTURAIS: A SINTAXE

Para iniciar devidamente nosso trabalho, é necessário retomar elementos fundamentais à


compreensão global das estruturas do texto. Como vimos, o texto é um todo composto de
partes menores: frases, orações, períodos e parágrafos compõem a chamada macro-
estrutura do texto. Logo, para compreendê-la, é preciso conhecer também o
funcionamento dessas micro-estruturas.

Para facilitar esse exercício de entendimento amplo do funcionamento do texto e


de suas partes, é necessário retomar alguns aspectos das aulas anteriores, principalmente
o que diz respeito às relações entre a linguagem oral e a linguagem escrita:

a) Escrevemos (ou tentamos escrever) a variedade padrão da língua,


variedade essa cujas formas linguísticas nem sempre são as nossas; como
já visto nas aulas anteriores, há diferenças sensíveis entre umas e outras.
b) Apesar de utilizarmos na fala recursos próximos à língua padrão, teríamos
de adequar, ao escrever, nossa fala à escrita, que tem regras próprias;
muitos recursos são eficientes na fala, como a redundância, mas são
péssimos se usados na linguagem escrita; dedos apontados e outros gestos
manuais, que em uma conversa não deixam espaço para ambiguidade,
transformam-se na escrita em palavras usadas para nos referirmos
adequadamente a um objeto ou ser (como os pronomes pessoais do caso
oblíquo: -los, -na, -o(a); -lhe etc.).
c) A linguagem oral dispõe de um número quase infinito de recursos
expressivos (entonação, gestos, expressão facial), que são reduzidos na
escrita a um número limitado de sinais gráficos de pontuação. Assim, o

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174 A estrutura textual I

domínio da pontuação é um dos indícios de domínio da estrutura da frase


escrita, para que as entonações (e outras possibilidades de pronúncia e de
interpretação das frases) sejam compreensíveis ao leitor.

FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO

Em uma produção de texto, o domínio do conceito de frase e de sua estrutura é


considerado fundamental para definir as características e o estilo do texto. Não se pode
prescindir de uma elaboração adequada de frases e orações, em termos de estrutura
sintática e sua correlação lógica com o estilo, sem que o contexto apresente clareza de
sentido, concisão e estruturas harmônicas.

Uma definição de frase adequada aos nossos propósitos poderia ser a seguinte:

Construção que encerra um sentido completo, podendo ser formada por uma ou
mais palavras, com verbo ou sem ele, ou por uma ou mais orações; pode ser
afirmativa, negativa, interrogativa, exclamativa ou imperativa, o que, na fala, é
expresso por entonação típica e, na escrita, pelos sinais de pontuação. (cf.
HOUAISS, 2002)

Outro conceito, presente na definição acima, é o termo oração: frase, ou membro de


frase, que contém um verbo. E o período pode também ser depreendido dali: frase que contém
uma ou mais orações. Temos, assim, estruturas como:

Que calor!
Contramão.
Ótimo!
“Muito riso, pouco siso”. (provérbio popular)
Tomara que vocês sejam felizes!
Penso; logo, existo. (Descartes)

A frase e a oração são elementos constituintes da linguagem cujo


desconhecimento pode representar problemas para o professor que assinale, em forma de
nota ou conceito, um texto com problemas de escrita (portanto, de compreensão parcial
ou totalmente comprometida). Frases e orações mal formuladas são comuns em textos
produzidos pelos alunos. Parte dessas dificuldades com a escrita decorre da contaminação
do texto escrito com a linguagem oral, problema este que se manifesta com evidência em
atividades de produção textual.

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A ESTRUTURA FRASAL

Frase: A Estrutura Básica

No padrão formal escrito, as orações possuem essencialmente a seguinte estrutura:

Sujeito Predicado (Verbo + Complemento do Verbo + Circunstâncias)

Mesmo que as palavras exerçam a função de sujeito sejam de diferentes classes


morfológicas e estruturas, ou ainda, que haja ausência de algum desses termos, a
estrutura da oração, com a presença de um verbo, será sempre constante:

A aluna sentia vontade de rir sem parar.


Eles parecem loucos, fora de si mesmos.
Viver é lutar.
É evidente que as pessoas não são tão indiferentes assim.
Roubaram um banco em pleno centro da cidade. (sujeito indeterminado)
Dançavam-se muito os ritmos de salão no nosso tempo. (sujeito de oração em voz passiva)
Houve poucas reprovações no curso desse semestre. (oração sem sujeito)

Informação Básica e Complementar

É importante, contudo, destacar que, mesmo que não dominemos esses conceitos, ou
lancemos mão deles em momentos de produção de texto (como esquemas de aula,
inventários, textos complementares, gabaritos e expectativas de resposta para questões),
sempre notamos a presença de elementos constituintes para a compreensão da frase.
Observe a primeira oração, exposta acima, e sua decomposição a seguir:

a) A respeito de quem estamos falando?


Da aluna.
b) O que é dito a respeito dessa aluna?
Diz-se que ela sentia vontade de rir sem parar.

Ou seja: aquilo de que estamos falando (o sujeito) e aquilo que dizemos a respeito
do sujeito (o predicado) constituem o que denominamos informação básica, cuja
estrutura pode ser aplicável a quase todas as orações, já que uma oração bem escrita deve
contar, no mínimo, com essas duas partes.

Há ainda a ser considerado o caso das orações complexas, pois é preciso


classificar outras orações e estruturas que poderiam se associar à informação básica. Nesse
caso, como proceder? Tomemos uma das informações como a mais importante (o fato
considerado o de maior interesse, a informação básica) e transformamos as demais em

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informações complementares. Ou, em outras palavras, tomamos uma informação como o


foco da notícia e as demais como subordinadas a ele (as circunstâncias da notícia).

Veja o seguinte exemplo e o esquema sintático correspondente:

Naquele dia, quando menos esperava, Flávia recebeu uma nova proposta de emprego.

Circunstância 1 Circunstância 2 Sujeito Verbo Complemento Verbal Complemento nominal


Informação Complementar Informação Básica

Note que, no caso do exemplo anterior, as circunstâncias são formadas por uma
locução adverbial (“naquele dia”) e por uma oração adverbial temporal (“quando menos
esperava”). Outros tipos de oração e de locução podem desempenhar a função de
informação complementar:

Apesar de ninguém esperar, choveu.


Informação Complementar Informação Básica

O operário caiu, quebrando a perna.


Informação básica Informação Complementar

Tendo estudado bastante, os estudantes obtiveram boas notas, vendo então seu esforço recompensado.
Informação Complementar Informação Básica Informação Complementar

As informações complementares – da maneira como estão articuladas no período –


não podem ocorrer como orações independentes, já que – como o próprio nome diz –
complementam o sentido da informação básica e não têm, portanto, autonomia sintática:

Apesar de ninguém esperar.


Quebrando a perna.
Tendo estudado bastante, vendo assim o esforço recompensado.

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Também o aposto – termo que "traduz" um substantivo ou pronome com uma


qualidade ou característica inerente – é uma informação complementar. Observe o
exemplo:

O réu, parente de senador, conseguiu, pela segunda vez, adiar o seu julgamento.
aposto circunstância
Inf. Básica Inf. Complementar Inf. Básica Inf.Complementar Informação Básica

Pelo que se pode notar nos exemplos anteriores, as informações complementares


são normalmente separadas das informações básicas por um sinal de pontuação: vírgulas,
travessões ou parênteses (sinais que não terminam um período, caso do ponto final).

Essa nova maneira de se abordar as chamadas micro-estruturas do texto pode


facilitar o trabalho de análise minuciosa de textos de alunos e professores.

Problemas mais frequentes da Estrutura Frasal

Frases Lacunares

Nos exemplos anteriores, não há ausência desses elementos constituintes da


frase. Já na fala, frequentemente as frases apresentam lacunas, que o(s) interlocutor(es)
preenchem por dados presentes no contexto. Veja:

- Vocês, caros alunos, trouxeram o livro-texto hoje, conforme o combinado?


- Trouxemos.

Nessa situação de fala, não se observa a necessidade de utilização, na resposta,


da expressão “livro-texto” ou do pronome equivalente “Trouxemo-lo”. O complemento do
verbo não está preenchido. Trata-se, portanto, de um vazio na estrutura sintática da frase,
que pressupõe, nesse caso, um verbo e um complemento verbal.

Já em um contexto escrito formal, tal situação, no entanto, não é adequada. Se


uma determinada palavra exigir um complemento, não se pode escrever ignorando tal
comportamento linguístico. Podemos afirmar, portanto, que muitas categorias sintáticas
que são lacunares na fala devem ser preenchidas na modalidade escrita da língua, na
qual, na maioria das vezes, não devem existir categorias vazias, subentendidas.

Podemos pensar no seguinte esquema sintático:

Sujeito Verbo Complemento do Verbo Circunstâncias

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Esse esquema seria aquele de um período simples, escrito em ordem direta,


formado por um verbo transitivo (isto é, verbo que necessita de complemento). Como o
do período abaixo:

Eu encontrei meu tio na padaria.

Conforme situações específicas, algumas categorias podem não estar preenchidas


(como a do sujeito ou a das circunstâncias); a do complemento do verbo, no entanto, deve
estar preenchida no caso de verbos transitivos diretos e indiretos, para que não ocorra
inadequação:

Verbo Complemento do Verbo + Complemento Nominal (de alunos) Circunstâncias

Há alunos excelentes nesse ano.

Além dos verbos transitivos, alguns nomes precisam de um complemento (são


nomes que possuem também transitividade). Veja o seguinte esquema sintático:

Sujeito Complemento Nominal (de temor) Verbo Complemento Verbal

O temor da guerra aterroriza muitas pessoas.

O nome que pede um complemento pode estar no sujeito, nos complementos


verbais ou nas circunstâncias (de tempo, lugar, modo, causa etc.), quando essas funções
sintáticas forem exercidas por um nome que necessite de um complemento; nesse caso,
teríamos o seguinte esquema:

a. Eles têm muita necessidade de comunicação.

Sujeito Verbo Complemento Verbal Complemento Nominal

b. O concorrente não compareceu à entrevista por falta de meio de transporte.

Sujeito Verbo Complemento Verbal Circunstância (causa) Complemento Nominal

ESTRUTURA TÓPICO/COMENTÁRIO

Outro aspecto que evidencia as diferenças bastante marcadas entre a modalidade oral da
língua e a modalidade escrita, além das frases com lacunas, diz respeito à construção
sintática dos enunciados. É bastante comum na língua falada a chamada estrutura
tópico/comentário, que pode ser assim exemplificada:

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As vagas do concurso, ele não pode participar do processo de preenchimento.

A característica mais marcante do tópico é o fato de que ele estabelece a


referência para o que vai ser dito a seguir.

Observemos o enunciado acima: o falante inicia a frase com o termo “as vagas”,
que expõe o assunto sobre o qual vai tecer comentários. Trata-se do tópico. O que vem a
seguir na sentença é um comentário feito por uma oração completa “ele não pode participar
do processo de preenchimento”. Há evidente relação temática entre o tópico e o comentário,
mas o tópico não se articula sintaticamente com o restante da oração. Ele acaba por
"sobrar" na estrutura sujeito/verbo.

A escrita quase nunca admite essas rupturas sintáticas na sua modalidade formal
(a não ser em contextos especiais, por exemplo, em textos poéticos em que a ruptura é
intencional, visa a um propósito artístico). Na modalidade escrita, seria conveniente
estabelecer também a conexão sintática e a frase resultante seria: ele não pode participar do
processo de preenchimento das vagas do concurso.

Vejamos outro exemplo:

Os estudantes que fizeram a prova substitutiva, não sabemos se o professor aprovou


todos.

Nesse caso, há uma redundância: uma mesma idéia aparece duas vezes. O
enunciado é iniciado pelo termo “Os estudantes que fizeram a prova substitutiva”. Esse
termo é o tópico. No entanto, o tópico não se articula sintaticamente com o restante da
oração, uma vez que a palavra "todos" substitui o tópico como complemento do verbo
"aprovou" (ou seja, os termos “todos” e “os estudantes que fizeram a prova substitutiva”
tem a mesma função sintática: são complementos verbais).

Observe que a estrutura tópico/comentário tem a função de enfatizar o assunto


sobre o qual queremos fazer alguma afirmação. A posição do tópico corresponde
justamente ao lugar da ênfase. Compare as orações abaixo:

A ata da reunião, Silvia já a deixou pronta.


Silvia já deixou pronta a ata da reunião.

Nesse caso, para adequar a primeira oração acima citada para o padrão escrito
formal, utilizamos estruturas como:

Quanto à, Silvia já a deixou pronta.


A respeito dos problemas da semana anterior, o gerente já os solucionou.

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180 A estrutura textual I

Em/Com relação aos estudantes que fizeram a prova substitutiva, não sabemos se o
professor aprovou todos.

A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO

Pode-se dizer que, composto de um ou mais períodos, o parágrafo é uma unidade de


composição de um texto que subdivide o assunto de um texto em diferentes aspectos, por
meio de separações espaciais. Cada parágrafo constrói-se em torno de uma idéia central e
apresenta um estágio da exposição do raciocínio do autor; logo, a cada novo enfoque, a
cada nova abordagem, haverá novo parágrafo.

Cabe lembrar que, por ser uma unidade de composição do texto de caráter
intuitivo, não existe correspondência sempre direta entre as divisões realizadas pelo autor
e o plano de estruturação do texto. Além disso, a paragrafação dependerá da intenção, do
destinatário e do assunto do texto. O bom domínio do parágrafo não é simplesmente uma
questão técnica de escrita: a noção de parágrafo depende, de certo modo, da percepção
mais ou menos intuitiva que temos de uma hierarquia de ideias e de fatos, de uma
organização de mundo que não se reduz a somente a um macete ou a uma regra fixa.

Ainda sim, podemos falar da estruturação de um parágrafo padrão, no sentido


de que ele é o tipo mais comum nas diferentes espécies de texto. Alunos frequentemente
dizem que não conseguem escrever a resposta a uma questão dissertativa por não
encontrarem maneira de iniciá-la e estruturá-la. Para orientá-los, a solução seria
apresentarmos modelos de resposta em forma de parágrafo-padrão, em momentos-chave
de nossas aulas e materiais de apoio.

Esse procedimento visa evitar dois tipos básicos de problemas com relação à
produção de um parágrafo, que afetam sensivelmente a macro-estrutura do texto:

a) ausência completa de paragrafação do texto: o texto é um bloco maciço de


linhas, que emprega um único período, sem qualquer subdivisão gráfica.
Essa ocorrência muitas vezes demonstra falta de compreensão global do
contexto e do assunto a ser avaliado na tarefa, ou pode demonstrar uma
execução descompromissada e, assim, suscetível a equívocos, da tarefa;
b) paragrafação total do texto, frase a frase: cada oração do texto forma um
parágrafo gráfico. Nesse caso, estamos diante de um subterfúgio – nada
benéfico, por sinal – que os alunos frequentemente utilizam: ao fazer mais
parágrafos, frase a frase, seus textos alcançam mais rapidamente o limite
de linhas e/ou de palavras frequentemente estipulado pelo professor para
a execução da tarefa.

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Parágrafo Padrão: Tópico Frasal + Desenvolvimento

O parágrafo padrão contém uma introdução, em forma de uma frase, que é a exposição,
de maneira sucinta, da ideia central do parágrafo (chamada de tópico frasal); um
desenvolvimento do tópico e, muito raramente, uma conclusão. Como unidade textual
menor, o parágrafo reproduz a estrutura básica de um texto.

O tópico frasal consiste em uma declaração, uma opinião, uma definição, um


julgamento que apresenta a idéia central em torno da qual se desenvolve o parágrafo. É
usualmente constituído de apenas um período e aparece no início do parágrafo. E o
desenvolvimento são informações, dados, fatos, exemplos que esclarecem, comprovam,
defendem, expandem a idéia central introduzida pelo tópico frasal.

Exemplo:

Diversos grupos de pesquisadores da Universidade de Harvard, em Boston, publicaram


estudos ontem no site na revista "Nature Medicine", revelando o resultado de
experimentos feitos com camundongos que relacionam obesidade e diabetes. Segundo as
pesquisas, a obesidade pode causar o diabetes tipo 2 (resistência à insulina), induzindo uma pane no
sistema de defesa do corpo. Além disso, uma descoberta simultânea de quatro grupos de pesquisa
indica que drogas antialérgicas podem prevenir e tratar a doença em indivíduos acima do peso.
(Folha Online. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u600774.shtml>. Acesso em: 27 jul.
2009 – Adaptado)

TIPOS DE PARÁGRAFOS E SEUS DESENVOLVIMENTOS

Há três tipos parágrafos mais frequentes, conforme o tópico frasal:

1. Generalização – consiste em uma declaração afirmativa (ou negativa) de uma idéia cuja
justificação ou fundamentação será feita no desenvolvimento, por meio de exemplos,
exposição de razões, comparações, analogias, confrontos de posicionamentos, etc.

Exemplo:

Muitos são os que desconhecem o fato de que a previsão do tempo já é vista como uma
ferramenta estratégica de negócios para grandes empresas dos mais diferentes segmentos
da economia, como energia, petróleo, varejo, bebidas e até agências de publicidade. Por
isso, muitas empresas estão com suas atenções voltadas para a cidade de Cachoeira Paulista (SP),
onde está localizada a sede do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC),
responsável por definir se o El Niño vai estar oficialmente presente entre nós na temporada
2009/2010. O motivo desse acompanhamento por parte das empresas seria a tentativa de amortizar
ou até mesmo evitar possíveis prejuízos, devido aos efeitos do fenômeno fruto da elevação atípica da
temperatura das águas do Pacífico que provoca alterações climáticas em diversas partes do mundo.
No Brasil, o El Niño é sinônimo de temperaturas mais elevadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste
(até 2° C acima das temperaturas habituais), chuvas acima da média no Sul e abaixo do padrão no
Norte e Nordeste.

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182 A estrutura textual I

(“Lucro das empresas e clima andam juntos” in: Portal Exame. Seção exame/negócios. 28
jul. 2009. Disponível em: <http://portalexame.abril.com.br/negocios/lucro-empresas-
clima-andam-juntos-487658.html>. Acesso em: 28 jul. 2009 – Adaptado)

No exemplo acima, os dados apresentados são usados para introduzir o assunto


(o uso de dados meteorológicos como recurso de gestão estratégica) por meio da
generalização; o desenvolvimento serve para expor evidências desse crescente interesse
de empresas de diversas áreas em dados do clima.

2. Definição – conforme o próprio nome indica, apresenta a definição de um conceito


qualquer, que será discutido no desenvolvimento do parágrafo. É comum que o
desenvolvimento desse tipo de tópico frasal seja uma exemplificação ou um comentário a
respeito do conceito apresentado.

O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de


encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso,
anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos
fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação
humana. (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de
Filosofia. São Paulo, Moderna, 1992, p. 62)
El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do
Oceano Pacífico Equatorial, assim definiu o pesquisador do Inpe, Gilvan Sampaio, em
seu livro o “El Niño e Você – o fenômeno climático”. A palavra El Niño é derivada do
espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru
na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais
quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Na atualidade, as
anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña
representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem
consequências no tempo e no clima em todo o planeta. Nesta definição, considera-se não somente a
presença das águas quentes da Corriente El Niño, mas também as mudanças na atmosfera próxima
à superfície do oceano, como o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste)
na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos,
começam a ser observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos,
determinando mudanças nos padrões de transporte de umidade e, portanto, de variações na
distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do
globo também são observados aumento ou queda de temperatura. (Site oficial do CPTEC – Centro
de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos. Disponível em:
<http://www.cptec.inpe.br/glossario/>. Acesso em: 28 jul. 2009)

Em ambos os parágrafos, redigidos a partir de apresentação de conceitos nos


tópicos frasais, seus respectivos desenvolvimentos distinguem nuanças dessas definições
ou mesmo as relativizam.

3. Divisão – apresenta a distinção ou discriminação de idéias a serem desenvolvidas.

Exemplo:

Duas iniciativas diferentes prometem incentivar a leitura e um hábito estranho: o de


esquecer um livro. Um deles (uma delas) é a campanha Livro Livre da Companhia Paulista de

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Guilherme Alves de Lima Nicésio 183

Trens Metropolitanos (CPTM, que disponibilizará cerca de 5 mil títulos e 15 mil exemplares para
doação em 27 estações de trem da Grande São Paulo. Essa campanha tem como única exigência que,
terminada a leitura, o livro seja colocado em algum lugar público para que outro leitor possa
recolhê-lo. Outro projeto com o mesmo objetivo ( outro projeto de incentivo à leitura) é o Livre para
Voar, da Ale Combustíveis, que distribuirá mais de 6,7 mil exemplares de 20 títulos em postos de
gasolina em todo o Brasil. O projeto dessa campanha exige que os leitores registrem na Internet um
comentário sobre o que leram, abandonem o exemplar lido em um local público e indiquem o último
lugar em que o livro foi visto. Segundo o coordenador do Projeto Livro para Voar, essa exigência
possibilita que as obras sejam encontradas mais facilmente por leitores interessados.
(“Pegue, leia e deixe o livro em um local público” in O Estado de S. Paulo. 28 out. 2008.
Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=99971>.
Acesso em: 28 jul. 2009)

Ao dizer que há dois projetos distintos, fica logo clara a direção que o parágrafo
seguirá: no desenvolvimento, as características peculiares das iniciativas deverão ser
expostas, para que o leitor compreenda minimamente a similitude e as diferenças entre
ambas. Já exemplo a seguir demonstra que o tópico frasal por divisão também pode ser
formulado em forma de uma oração interrogativa:

Somos ou não um país racista? O Brasil pode ser considerado um país racista, se por racismo
entendermos a disseminação no nosso cotidiano de práticas de discriminação e de atitudes
preconceituosas que atingem prioritariamente os pardos, os mestiços e os pretos. Práticas que
diminuem as oportunidades dos negros de competir em condições de igualdade com pessoas mais
claras em quase todos os âmbitos da vida social que resultam em poder e riqueza. Por outro lado, há
décadas, o debate sobre "raças" para muitos intelectuais e instituições ficou para trás, substituído
pelo das culturas, como conjunto de comportamentos e valores comuns, o que gera outra leitura:
não somos racistas, mas sim fazedores de preconceitos. Houve um duplo movimento: a afirmação da
importância do fator cultural como fonte de diferença e conflito e a desconstrução da noção de
cultura como algo coerente, inalterado pelo tempo. Aparentemente contraditórias, essas afirmações
introduziram questões muito distantes de "se há racismos ou não". Elas perguntam em que medida
defender minorias ajuda a perpetuar uma diferença que não está longe da idéia de raça, dando
suporte ao etnocentrismo. Ou questionam se o reconhecimento de identidades culturais é
compatível com os princípios de igualdade e liberdade, que são os das modernas democracias.

REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Retórica (Tradução e notas de Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse
Alberto e Abel do Nascimento Pena). Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1998.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários.
16.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
FARACO, Carlos Alberto; MARUXO JR., José Hamilton; MOURA, Francisco M. Gramática. 20.ed.
São Paulo: Ática, 2007. (PLT – Vol. 100)
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. 3ª ed. São Paulo:
Ática, 1998.
GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
2006.
HOUAISS, Antônio et al. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Objetiva, 2001. [CD-ROM].

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184 A estrutura textual I

MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português Instrumental: de acordo com as
atuais normas da ABNT. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

Guilherme Alves de Lima Nicésio


Especialista Lato Sensu em Teoria e
Crítica Literária pela Universidade
Estadual de Campinas (2008), é graduado
em Bacharelado e Licenciatura em Letras
pela Universidade Estadual de Campinas
(2001). Atualmente é assessor acadêmico
da Anhanguera Educacional S.A., e
professor assistente do curso de Letras da Faculdade
Anhanguera de Campinas - unidade 3. Tem experiência
na área de Letras, com ênfase em Literatura Comparada,
com ênfase nos seguintes temas: literatura comparada,
literatura brasileira, estudo de religiões, produção e
revisão de textos e de material didático.

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